domingo, 31 de outubro de 2021

COP-26 E A CIÊNCIA BRASILEIRA

 

Por
Guilherme de Carvalho – Gazeta do Povo

Gustavo Assi, professor da Universidade de São Paulo que estará em um evento paralelo à COP-26.| Foto: Gabriel Penna

Estamos a poucos dias da COP-26, a conferência global do clima que ocorrerá de 31 de outubro a 12 de novembro, e os olhos do mundo estão voltados para Glasgow, no que foi descrito como uma “corrida contra a mudança climática”. As questões mais prementes são a manutenção da meta de limitar o aquecimento global a 1,5ºC até 2050, estabelecida pelo Acordo de Paris; o apoio político, técnico e financeiro aos países em desenvolvimento; o risco de retrocesso em relação ao Acordo de Paris; e o desafio das mudanças efetivamente transformadoras por parte de países e empresas.

Muito embora o governo Bolsonaro tenha sido até pouco tempo notoriamente omisso, tirando o país de seu histórico protagonismo ambiental, uma surpreendente reviravolta política parece estar em curso. Bolsonaro disse anteontem que não estará presente na cúpula, mencionando vagamente algo sobre “estratégia”, o que foi interpretado por muitos como sinal de descompromisso, mas tenho outro palpite: sua presença não teria mesmo grande potencial de transformar a percepção internacional sobre essa reviravolta política – o homem está queimado demais. Mas, se os olhares se voltarem para o ministro Joaquim Leite e ele tiver sucesso em projetar uma nova imagem de protagonismo ambiental brasileiro, e o Brasil realmente assinar o Forest Deal, o acordo sobre proteção de florestas, segundo anunciado pelo embaixador Carvalho Neto em entrevista à BBC, poderíamos dizer que a política ambiental brasileira voltou para os trilhos.

Se o Brasil tomar esse rumo, um ponto fortíssimo da equação ambiental brasileira poderá ganhar grande visibilidade: a capacidade estrutural e tecnológica para negativar as emissões de gases de efeito-estufa (GEE). Essa é a bandeira de Gustavo Assi e de um time de cientistas ligado à USP que já estão a caminho de Glasgow, para participar do International Technology Centres Summit & Research Study. Segundo o press release da iniciativa, “o evento paralelo à Conferência do Clima (COP-26) tem o objetivo de facilitar projetos científicos internacionais e auxiliar a comunidade científica e empresarial global a engajar cientistas e institutos de excelência”.

“Finalmente parece que temos boa tecnologia desenvolvida, e um futuro claro pela frente, capaz de mitigar o efeito da ação humana no clima.”

Gustavo Assi, professor da Escola Politécnica da USP
Na coluna de hoje entrevistamos Gustavo Assi para falar sobre a sua missão científica na COP-26 e sua perspectiva sobre o desafio ambiental brasileiro. Assi é professor associado do Departamento de Engenharia Naval e Oceânica da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, atua como diretor de Inovação e Transferência de Tecnologia do Research Centre for Greenhouse Gas Innovation (RCGI) e é também membro da Associação Brasileira de Cristãos na Ciência (ABC2).

Com um ano de adiamento, devido à pandemia, o relatório científico de ponta do IPCC, divulgado em agosto, e o ruído dos eventos climáticos extremos testemunhado nos últimos meses, a expectativa pela COP-26 subiu às alturas. Como você vê isso nos círculos acadêmicos brasileiros? Há mais desânimo ou algum entusiasmo?

Eu diria que há um pouco de cada. Certamente há entusiasmo para quem estuda esse assunto, especialmente para os que estão desenvolvendo tecnologia para ser empregada na transição energética e no combate à mudança climática. O relatório do IPCC veio cristalizar o que estávamos percebendo: não há mais dúvidas de que as mudanças climáticas se devem à ação humana no planeta. Mas o entusiasmo se deve ao nosso momento tecnológico. Finalmente parece que temos boa tecnologia desenvolvida, e um futuro claro pela frente, capaz de mitigar esse efeito. Por muito tempo ficamos procurando o que a humanidade poderia fazer. Agora temos uma boa perspectiva que deve nortear ações nos próximos anos. A tecnologia não está tão distante assim.

Contudo, pelo outro lado, há certo grau de desânimo – e digo isto principalmente como um pesquisador brasileiro. Ao mesmo tempo que o Brasil tem grande potencial e histórico de contribuição nesse tema, temos sofrido com o abandono da pauta e experimentado um certo descaso com as ações que podem trazer algum proveito. A comunidade acadêmica tem uma inércia maior que os ciclos de governo. Portanto, seu papel de sentinela deve perdurar. Minha opinião é que esperamos tempos melhores nas políticas públicas. Portanto, devemos estar cientifica e tecnologicamente prontos para quando eles chegarem, ao mesmo tempo que devemos contribuir para antecipar seu retorno.


Há poucas semanas, quando conversamos a respeito, nosso assunto era a preocupação com o silêncio do Itamaraty sobre a participação brasileira; mas parece que o dever de casa vinha sendo feito, não? O governo criou o Comitê Interministerial sobre Mudança do Clima e Crescimento Verde e lançou na última segunda-feira, dia 25, o Programa Nacional de Crescimento Verde. Em cima da hora, mas saiu! O que pensa sobre essa proposta do governo?

Não tive tempo de analisar adequadamente esse programa. Estive muito atarefado com os preparativos para a viagem. De modo geral, é bom ver alguma mobilização do governo brasileiro no tema. Sei que há corpo técnico nos ministérios de Minas e Energia, da Ciência e Tecnologia e até no de Relações Exteriores que se preocupa seriamente com o assunto e com a atuação do Brasil nessa pauta. Mas ações neste tema dependem de uma articulação muito mais ampla e declarada, uma ação genuinamente de governo. Não bastam discussões e intenções técnicas, precisamos de políticas públicas sólidas que transpassem mandatos (mas este é o caso de tantas outras áreas no Brasil, não é? Sempre lamentamos dizendo que precisamos de mais políticas de Estado do que de governo…).

Uma coisa é certa, infelizmente: na nossa percepção, o Brasil deixou de lado a pauta climática e perdeu protagonismo no tema nos últimos anos. Esperamos que haja um retorno na forma de ações de governo diretamente focadas no combate ao aquecimento global, principalmente focando no controle de emissões de gases de efeito estufa (GEE). Mas, no momento, o que temos visto são ações secundárias e pontuais. Falta-nos integração e continuidade. Movimentos “em cima da hora”, às vésperas da principal reunião de cúpula do tema, têm pouco impacto e apenas revelam o abandono do tema.

Uma reclamação entre jornalistas – esse ponto foi até mencionado pelo Bernardo Esteves na Piauí – é que o projeto omitiu o compromisso de zerar o desmatamento da Amazônia até 2030 e de alcançar “neutralidade climática” até 2050 (“emissões líquidas” de gases de efeito estufa igual a zero). No seu julgamento, esses compromissos explícitos são essenciais ou os cursos de ação adotados importam mais?

O Brasil, assim como todas as nações, deve trabalhar com metas bastante específicas. Esta é a maneira técnica de se aferir o avanço das políticas e medidas práticas no tema; não podemos viver de “boas intenções” e “rumos gerais”. Quando empresas, governos e outros setores declaram que vão buscar neutralidade nas emissões num certo período, é importante explicitarem os métodos de obtenção e monitoramento dessas marcas. A equação climática brasileira é bastante interessante. Obviamente, reduzir e reverter o desmatamento faz parte dela. Quando analisamos os parâmetros brasileiros, percebemos que eliminar o desmatamento tem muito impacto, tomando posição prioritária entre as principais medidas para mitigação das emissões de GEE. Se o Brasil vai levar a sério suas metas de neutralidade nas emissões, eliminar o desmatamento tem preponderância urgente.

“O Brasil deixou de lado a pauta climática e perdeu protagonismo no tema nos últimos anos. Esperamos que haja um retorno na forma de ações de governo diretamente focadas no combate ao aquecimento global.”

Gustavo Assi
Você poderia resumir para nós o impacto dos gases de efeito estufa no planeta e por que as metas do Acordo de Paris são importantes?

Gosto de falar disso como que falando aos meus alunos de graduação em Engenharia: O planeta passa por ciclos climáticos naturais. Conseguimos avaliar que, ao longo de muito tempo, muito antes de os humanos surgirem, a temperatura média na Terra oscilou entre períodos mais quentes e eras glaciais. Contudo, em nenhum desses períodos a temperatura média da Terra subiu tanto e tão rapidamente quanto na época em que a ação humana começou a ter impacto significativo. A Revolução Industrial é o nosso marco histórico. Desde essa época a população humana no planeta cresce exponencialmente, e todos queremos consumir produtos e energia em maior quantidade e menor preço. Esse efeito fez com que as emissões de gases de efeito estufa do século 19 para cá (sendo o dióxido de carbono o principal deles) amplificassem o efeito de acúmulo de calor na atmosfera terrestre.

Hoje entendemos, “sem dúvidas” (como diz o relatório do IPCC), que a atividade humana teve e tem efeito sobre o clima, aquecendo a temperatura média do planeta acima de qualquer registro do passado, por meio das emissões de GEE. O Acordo de Paris é uma tentativa de controlar esse aquecimento, mantendo a temperatura média da Terra poucos graus acima daquela estimada antes de esse efeito antropogênico ter impactado o planeta. Como o aquecimento está diretamente relacionado às emissões, o Acordo estabelece uma meta de temperatura que requer ações dos povos para conter ou reverter tais emissões danosas. Desculpe a expressão, mas, em resumo, o Acordo de Paris é um chamado nos dizendo que a vaca está indo pro brejo e requerendo ações concretas para reverter seu caminho.

Falando em gases de efeito estufa: esse assunto diz respeito diretamente à missão da qual você está participando, não é? O que é o RCGI e que evento paralelo é esse que ocorrerá em Glasgow?

Sim, esse assunto é a essência do que pesquisamos no Research Centre for Greenhouse Gas Innovation. Compomos um centro de pesquisas baseado na Universidade de São Paulo, com mais de 400 pesquisadores, que busca o conhecimento científico e o desenvolvimento de tecnologia para a mitigação das mudanças climáticas num contexto de transição energética. O centro conta com financiamento da Shell e da Fapesp, principalmente, dentre outras empresas que se juntaram posteriormente. No RCGI juntamos o melhor da ciência brasileira com a motivação da indústria de energia que opera no globo. Nossos projetos têm apresentado soluções interessantes que se aplicam não apenas ao cenário brasileiro, mas também no mundo. Por isso participaremos da COP-26, a Conferência do Clima da ONU, em Glasgow, nesta semana.


De modo geral, a COP-26 tem um evento central, a tal reunião de cúpula com os líderes das nações, que discutirá as metas e compromissos dos povos. Essa parte deve receber forte cobertura da mídia; vale a pena ficar atento aos movimentos nas próximas semanas. Quem leva o assunto com seriedade estará lá. Mas também há os eventos e reuniões técnicas que acontecem em paralelo. Participaremos desses outros eventos, que reúnem a comunidade técnica, científica e acadêmica. Normalmente, as discussões técnicas desenvolvidas numa conferência alimentarão as discussões políticas da conferência seguinte. Nossa missão nestes encontros é apresentar e discutir sobre o potencial e a capacidade brasileira no tema.

Segundo o press release do RCGI, a missão brasileira pretende apresentar algo não apenas inovador, mas bastante ousado: não apenas zerar, mas negativar as emissões de carbono brasileiras. Entendo que o ponto não seja tanto político, mas tecnológico: o Brasil teria a capacidade para fazer isso. Você pode nos dizer algo sobre essa capacidade técnica?

De fato, trataremos desse assunto. Mas o ponto é mais político do que possa parecer. O Acordo de Paris apresentou metas para a redução das emissões de GEE para alcançarmos a redução da temperatura num período. Isso foi há alguns anos. De lá para cá, a humanidade não cumpriu com o que prometeu. O último relatório do IPCC nos indica que estamos atrasados. Antes, falávamos de redução das emissões, depois passamos a falar de neutralizá-las… agora, falamos da real necessidade de torná-las negativas. A percepção atual é que precisamos não apenas nos tornarmos neutros, mas sim rapidamente negativos nas emissões de gases GEE se ainda tivermos algum compromisso com o Acordo de Paris.

O interessante é que descobrimos que há soluções técnicas possíveis e viáveis: existem maneiras de capturar carbono da atmosfera, armazenando-o de forma segura e permanente. A solução técnica é desafiadora, sem dúvidas, mas é factível. Contudo, a implementação dessas tecnologias é fortemente dependente de ações políticas de grande escala. Começando pela escala regional, mas alcançando, necessariamente, a escala continental. Lembre-se, mitigação de GEE nunca é um problema local, de uma ou outra empresa ou de um único país, mas é um problema global que deve ser encarado em escala global. A vantagem brasileira é que nosso país pode ser um grande ator “na escala global” dado o tamanho do nosso território, população, indústria, etc.

A neutralidade das emissões de GEE, quiçá o alcance das emissões negativas, passa necessariamente pela integração de diversos setores industriais no Brasil. Além de tecnologia, isso requer regulamentação e políticas públicas consistentes, abrangentes e duradouras. Tecnicamente, o Brasil tem vantagens que outros países na vanguarda nem sonham em ter: a qualidade de nossa matriz energética, setores industriais, fontes de novas energias, capacidade de armazenamento de carbono, posição geográfica, tamanho da costa, recursos naturais… tudo coopera para que nossa “equação climática” seja bem mais favorável que a de outros países já comprometidos com ações positivas. Posso dizer que a solução técnica está avançando. É necessário que a solução política avance no mesmo passo visando uma implementação bem-sucedida no futuro próximo.

“Precisamos não apenas nos tornarmos neutros, mas sim rapidamente negativos nas emissões de gases GEE se ainda tivermos algum compromisso com o Acordo de Paris.”

Gustavo Assi
A captura de carbono já disperso na atmosfera é certamente muito mais difícil do que capturar na fonte, mas isso exige compromisso econômico e político do agronegócio e da indústria de base, não é? E como vocês pretendem articular isso politicamente? Há uma estrutura de advocacy e articulação política para isso?

Correto, a captura do carbono já disperso na atmosfera é mais difícil que capturá-lo na fonte dos processos industriais emissores. De modo geral, podemos pensar em processos naturais de captura, como a fotossíntese nas plantas, por exemplo, e processos artificiais, como sistemas de captura instalados nas plantas industriais. O Brasil deve reconhecer a necessidade de melhorar sua captura natural. Nossa agropecuária é gigante, a silvicultura também é; aumentando-se a eficiência das lavouras e pastagens, e eliminando-se o desmatamento, obviamente podemos alcançar índices de captura muito favoráveis no Brasil. Do outro lado, também devemos lembrar que temos grandes setores industriais de impacto. Se conseguirmos capturar carbono das indústrias de etanol, celulose, cimento, aço, mineração, fertilizantes, produtos químicos, transportes etc., teremos mais um ponto a nosso favor.

Mas o que faremos com todo este carbono capturado? Considerando que temos a capacidade de armazenar grande quantidade de carbono em reservatórios geológicos (tanto em terra quando no pré-sal oceânico), podemos nos tornar um sorvedouro de CO2 para o mundo (produzindo créditos de carbono). Some tudo isto à nossa matriz energética que é bastante limpa, além do grande potencial de exploração de novas fontes de energia renovável em terra e no oceano. Pronto, a equação brasileira é de dar inveja em muitas nações que se preocupam com o assunto há mais décadas que nós. Perceba como a equação climática passa por vários parâmetros e setores industriais e energéticos. O mais interessante é que o Brasil é abençoado em todos estes aspectos! Por isso o RCGI tem um forte programa de advocacy. Além dos cinco programas que buscam soluções técnicas para o problema, entendemos a importância de articular em nível nacional as políticas necessárias para nossa equação climática sair do papel.

A coisa passa pelo fim do desmatamento, também. Esse me parece um dos pontos cegos mais incrivelmente cegos da atual administração, rendendo inclusive choques do governo com especialistas em meio ambiente. Mas, aparentemente, os maus resultados do marketing governamental nesse campo estão levando a uma moderação. Como está hoje o diálogo entre a academia e o governo na questão ambiental?

Tenho pouco a contribuir aqui. Sei que a academia tem cumprido seu papel de mostrar que o fim do desmatamento é fundamental para nossa equação de emissões. Na verdade, nossas pesquisas mostram que reduzir o desmatamento é a maneira mais rápida e barata de impactar positivamente o balanço de GEE do Brasil. Algumas vezes essa afirmação foi negligenciada, considerada alarmista ou entendida como contrária ao desenvolvimento. Mas minha percepção é de que isto está mudando. Já estamos entendendo que há maneiras mais eficientes de desenvolver a agropecuária, por exemplo, sem aumentar o desmatamento. O desmatamento ilegal que dá lugar às atividades pouco eficientes deve ser rigidamente combatido. Mas o desenvolvimento econômico e social fruto da agropecuária equilibrada deve ser incentivado. Requeremos outro paradigma para equacionar exploração com desenvolvimento.

“Já estamos entendendo que há maneiras mais eficientes de desenvolver a agropecuária sem aumentar o desmatamento. O desmatamento ilegal que dá lugar às atividades pouco eficientes deve ser rigidamente combatido. Mas o desenvolvimento econômico e social fruto da agropecuária equilibrada deve ser incentivado.”

Gustavo Assi
Foi uma surpresa para mim, particularmente, ler as palavras “Mudança de Clima” no título do novo comitê governamental. O relatório do IPCC está pesando na consciência do governo ou é só conversa para inglês ver? Você vê indícios de mudança substancial nesse campo?

Espero que o relatório do IPCC esteja pesando na consciência de todos nós. Até que isto tenha impacto nas ações de governos, normalmente, leva mais tempo. Se o trem desacelerou, leva um tempo até que ele retome a velocidade. Portanto, acho que é cedo para fazer essa avaliação. Mas, sinceramente, espero que o Brasil reconheça logo seu papel como ator global nesse tema, assuma seu protagonismo, pelo menos em escala regional, e descubra o potencial que tem para contribuir na pauta climática. Não sei se a consciência do governo está mudando, mas a ausência do termo na boca do governo por tanto tempo nos fez grande falta.

Energias renováveis são outra área quente, e do seu interesse pessoal, se não estou enganado. Você concorda com cientistas que vêm retomando o caminho da energia nuclear como alternativa limpa ou pensa que o Brasil teria alternativas melhores?

De fato, energias renováveis são parte importante da equação climática. Percebeu que uso demais esse termo “equação”? Deve ser vício de professor de Cálculo. Mas acho que ele representa bem a ideia de um balanço necessário entre muitas variáveis. Como disse, nossa matriz energética é bastante limpa. Tanto a energia hidrelétrica quanto o etanol têm participação para que a geração de energia brasileira seja das mais limpas do mundo. Todavia, nossos recursos hídricos já foram explorados ao limite e não suprirão o crescimento da demanda. Nossas fontes convencionais também trazem problemas. Ainda que venhamos a usar o gás do pré-sal para alimentar nossas termelétricas, sua queima contribuirá negativamente para as emissões. Portanto, a busca por outras fontes de energia limpa é uma necessidade para o Brasil – de fato, para o mundo –, se quisermos manter essa variável da equação com baixos índices de emissão. Com o avanço da tecnologia, as energias fotovoltaica e eólica despontam promissoras, especialmente num país com grande extensão territorial e uma das maiores taxas de insolação do mundo.

Mas a solução energética não se resume a uma única fonte; a integração de diversas fontes renováveis é fundamental para equilibrar a sazonalidade e capacidade dos sistemas geradores. A biomassa, bastante associada à agricultura, também tem papel preponderante. Mas não podemos nos esquecer do oceano: energia renovável eólica offshore, de correntezas marinhas e de ondas também tem seu papel complementar. Pessoalmente, como engenheiro naval e oceânico, tenho trabalhado na exploração de energia renovável do oceano.

“Nossos recursos hídricos já foram explorados ao limite e não suprirão o crescimento da demanda. Com o avanço da tecnologia, as energias fotovoltaica e eólica despontam promissoras, especialmente num país com grande extensão territorial e uma das maiores taxas de insolação do mundo.”

Gustavo Assi
Mas entendo que a transição energética para uma matriz limpa e sustentável requererá diversas fontes em cooperação. Neste cenário, não podemos simplesmente descartar a energia nuclear (por sinal, a Escola Politécnica da USP acaba de abrir um curso de graduação em Engenharia Nuclear). Seja como energia de transição ou permanente, ela tem um papel importante, especialmente quando o país tem recursos naturais e detém a tecnologia necessária. O cenário tecnológico atual é bem diferente daquele que nos assustou com os acidentes de décadas atrás. As caraterísticas geológicas do Brasil também são bem mais seguras que aquelas do Japão. Havendo rigoroso controle do rejeito nuclear, pode, sim, ser uma fonte de energia interessante durante um processo de transição energética.

Por fim, entendo que há boas alternativas definitivas no horizonte. Ainda exploraremos óleo e gás (de maneira cada vez mais limpa), etanol, urânio… até que tenhamos tecnologia para uma matriz energética totalmente limpa. Até lá, precisamos implementar soluções mais eficientes e menos emitentes para as fontes de energia que temos disponíveis. Isto, somado à captura, armazenamento e utilização de carbono (CCUS), dará ao Brasil uma posição estratégica no processo de transição energética.

Mudando nosso papo para um tema mais explicitamente ideológico: como muitos na área, imagino que você se incomode bastante com os discursos que negam que a atual mudança climática tenha causa humana, ou antropogênica, e até mesmo que ela esteja realmente acontecendo. Esse tipo de discurso tornou-se popular em círculos conservadores. Você tem alguma pista sobre como confrontar essas ideias negacionistas?

Infelizmente temos visto muita informação sem fundamento científico neste tema. O trabalho de limpeza parece que não acaba nunca; ouvimos muita bobagem sobre o assunto. Em se tratando de mudanças climáticas, devemos ouvir a opinião da comunidade cientifica especializada. Novamente, a equação tem muitas variáveis, a maioria desconhecida do público em geral. Às vezes ouvimos alguém dizer que “não está sentindo nenhuma diferença na temperatura, como pode haver mudança climática?”. Outros dizem que “o ser humano se acha muito importante pensando que pode mudar a dinâmica do planeta”, ou mesmo afirmam que “esse é mais um ciclo da Terra”. Essas opiniões infundadas fazem muito mal quando contaminam as próximas gerações.

Mas entendo que, muitas vezes, a opinião “negacionista” não se deve a uma má compreensão da ciência, mas à necessidade de justificar uma agenda pessoal. Nestes casos, não será mais informação científica que fará a diferença e provocará convencimento. É preciso, de alguma forma, trabalhar no cerne no problema: o convencimento de que a ciência nos informa adequadamente do funcionamento do mundo natural (ou, pelo menos, é o melhor caminho). Creio que devamos investir na formação dos nossos alunos de graduação, jovens e adolescentes para que entendam o poder e os limites das descobertas científicas. Trata-se de uma questão epistemológica. Erramos ao querer tratar dela com mais informação científica, por mais qualificada que seja, sem fazer uso de uma boa instrução filosófica. Talvez os círculos mais conservadores tenham mais dificuldade de reconhecer que o conhecimento científico tem a capacidade de nos revelar verdades maravilhosas do mundo natural. De certo modo, devem se render à ciência quando ela tiver genuinamente autoridade para falar.

“Se os humanos têm a responsabilidade de zelar pelo ambiente em que vivem pelo menos por respeito às próximas gerações da sua espécie, o cristão tem responsabilidade dobrada diante dos homens e do Criador.”

Gustavo Assi

E quanto à fé? Além de cientista, você também é cristão. O que os cristãos podem fazer diante das grandes questões ambientais do momento?

Sim, sou um cristão evangélico reformado. Permita-me dizer que, como um cristão que atua no campo científico, entendo que este empreendimento humano de se conhecer o funcionamento do mundo natural (ao qual chamamos “ciência”) seja uma dádiva de Deus para a humanidade. O cristão reconhece que, quando a ciência nos revela as entranhas do funcionamento do mundo, está nos revelando verdades do próprio Criador.

Agora, sobre mudanças climáticas… Entendo existirem razões de sobra para qualquer pessoa, cristã ou não, reconhecer a necessidade de ações contra o aquecimento global. Essas razoes vêm do campo científico e nos informam adequadamente sobre quando e o que devemos fazer. Mas, além dessas razões científicas, entendo que o cristão tem uma razão de ordem moral para zelar pelo cosmos. O cristão entende que tudo o que existe é criação de Deus. Como se não bastasse o compromisso com a humanidade, o cristão tem um compromisso com o próprio Criador. Quando a ciência nos revela que estamos estragando o mundo que Deus nos deu para “cultivar e guardar”, o cristão deve ouvir e agir.

Em poucas palavras: se os humanos têm a responsabilidade de zelar pelo ambiente em que vivem pelo menos por respeito às próximas gerações da sua espécie, o cristão tem responsabilidade dobrada diante dos homens e do Criador. Entendo que os cristãos devam participar ativamente dessa agenda de mudanças climáticas porque devem contas ao Criador.

”Todos fomos impactados pela pandemia da Covid-19; tivemos nossas vidas radicalmente mudadas. Podemos usar a mesma analogia para pensar como as próximas gerações serão impactadas por uma ‘pandemia climática’. Só que esta segunda não durará dois anos nem terá vacina.”

Gustavo Assi

Uma pergunta sobre o futuro: equacionando desejos e realismo, o que você espera da COP-26?

Vamos equacionar mais uma vez… Por um lado, lamento que o Brasil pareça não estar assumindo seu papel nestas discussões e ações. Com tanto potencial e protagonismo histórico, esperávamos ações mais visíveis e significativas do nosso país nas reuniões de cúpula. É verdade que haverá alguma representação brasileira nas reuniões das Partes. Sabemos de uma ou outra representação técnica dos ministérios. Por exemplo, na minha percepção, o governo paulista tem assumido uma postura mais ousada e significativa que o governo federal. Mas a ausência de governantes na principal reunião de cúpula sobre o principal problema da nossa geração é um sinal trágico.

Por outro lado, sinceramente espero que a COP-26 venha esclarecer algumas questões técnicas “sem deixar dúvidas”, auxiliando a articulação internacional de ações no combate ao aquecimento global. É impressionante como nosso conhecimento científico do assunto evoluiu desde a Rio-92, a primeira Conferência do Clima. Cada vez mais, pontos cruciais são esclarecidos, norteando políticas dos países realmente comprometidos.

Acho que o momento de pandemia colabora para nossa percepção dos resultados desta conferência. De certo modo, estamos todos mais sensíveis à vulnerabilidade da espécie humana e do nosso habitáculo. Se temos dificuldades para enxergar a perda de habitat de outras espécies que já sofreram e sofrem com o aquecimento global, acho que a pandemia escancarou a nossa fragilidade. Todos fomos impactados pela pandemia da Covid-19; tivemos nossas vidas radicalmente mudadas. Podemos usar a mesma analogia para pensar como as próximas gerações serão impactadas por uma “pandemia climática”. Só que esta segunda não durará dois anos nem terá vacina. Portanto, espero que a COP-26 venha jogar mais luz sobre o assunto e promover ações concretas. Neste espelho veremos a imagem do Brasil.


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COMO VIVER O SONHO AMERICANO

 

Arleth Bandera, especialista em intercâmbio e processos migratórios, explica como viver o sonho americano.

Nos últimos meses, muitos brasileiros optaram por investir as verbas rescisórias impostas pelas demissões da pandemia em programas de intercâmbio, seja para aprimorar a fluência em outro idioma ou como porta de entrada para um emprego, em dólar. Afinal, essa busca pelo “sonho americano”, que inclui bons salários e melhor qualidade de vida nunca esteve tão em alta.

Mas, cada opção requer uma autorização diferente e o brasileiro precisa estar atento a elas para não se tornar um ilegal. “O visto de trabalho temporário é o H, para consegui-lo é preciso uma petição de trabalho (Form I- 129) submetida pelo empregador dos EUA, que deve ser aprovado pelo serviço de Cidadania e Imigração dos Estados Unidos. E além do visto H, existem outros, como o visto H-1B (ocupação de especialista); visto H-2B (trabalho qualificado e não qualificado) e visto H-3 (estagiários)”, explica Arleth Bandera, especialista em processos imigratórios.

Recentemente o Ministério das Relações Exteriores levantou dados mostrando que há 4,2 milhões de brasileiros vivendo longe do país, se comparado com 2018, houve um aumento de quase 20%. Os dados ficam ainda mais impressionantes se considerarmos que a pesquisa não computa, com exatidão, quem saiu do país e se encontra de forma ilegal. Estimativas falam em até 50% a mais de pessoas nessa condição, dessa forma, o número chegaria a 6 milhões.

“Chega a ser um problema de perspectiva, a conta simplesmente não fecha! Senti essa diferença quando me mudei para os Estados Unidos. O salário no Brasil acaba sendo mais baixo e o custo de vida, muito alto. E por isso, como eu, há vários brasileiros buscando outras oportunidades”, explica a CEO da Eagle que se mudou para os EUA em 2016.

É cada vez maior o número de famílias com integrantes com pelo menos um integrante com diploma superior indo embora, e sem intenção de voltar. Os problemas econômicos do país, a qualidade de vida e o quesito “ganhar em dólar” são os principais motivos dessa “diáspora”.

Enquanto o brasil registra 14,4 milhões de desempregos e uma taxa de desemprego de 14,1%, no segundo trimestre. Nos Estados Unidos, esse nível era de 7,8% há um ano, e agora está em 5,2%, em julho, o país tinha quase 11 milhões de vagas abertas, de acordo com a secretária de estatísticas de trabalho do país.

” Aqui na Eagle, somos uma agência de intercâmbio com cursos de idiomas e cursos em universidade e também, especialistas em processos migratórios( alteração do status do visto, Green Card), contamos com uma equipe super competência que cuida desses casos. E nos últimos meses sentimos um grande aumento na procura por esses processos. As pessoas estão atrás do “sonho americano”, e posso dizer que com o aumento da vacinação, retorno da economia, está sobrando emprego aqui. Profissionais da área de saúde, aviação, tecnologia e logística estão em alta.”, explica Arleth.

Se você quiser saber mais sobre intercâmbio, programas/ cursos, alteração de visto, Green Card, acesse: www.eagleintercambio.com

Sobre: A Eagle intercâmbio é uma startup localizada no Vale do Silício (Califórnia), sendo a primeira agência de intercâmbio feita totalmente por brasileiros na região. Com clientes oriundos de diferentes localidades, a presença física da equipe da Eagle nos Estados Unidos, único destino atendido pela agência, permite com que a empresa dê suporte em tempo real, aos seus alunos, entendendo e identificando as necessidades de cada um deles. Dessa forma, a startup faz parte de um seleto grupo de agências, com um dos maiores índices de aprovação de vistos para alunos brasileiros, carregando em sua trajetória até hoje mais de 1000 alunos brasileiros formados pela Eagle. Para saber mais acesse: www.eagleintercambio.com

REFORMA PROTESTANTE DE LUTERO

Por Ashley Ashcraft

Neste mês, no dia 31, hoje, há 504 anos, um monge alemão chamado Martinho Lutero publicou uma lista de queixas contra a Igreja Católica. Ele pregou essa lista – que mais tarde veio a ser chamada de 95 Teses – na porta da capela da Universidade de Wittenberg, e isso deu início a um movimento. Toda a Europa, e eventualmente o mundo inteiro, sentiria os efeitos de Lutero cravar os pregos em sua lista.

Muitos de nós podemos não apreciar totalmente a importância da Reforma, ou entender do que se trata. Mas foi um evento verdadeiramente revolucionário — este monge solitário levantando-se contra os poderes constituídos para clamar por uma reforma e a verdade.

Por esse motivo, não devemos deixar o 31 de outubro passar sem nos lembrarmos da obra que Deus fez em Seu corpo — a Igreja — durante aquele período importante. Aqui estão 4 ideias para nos ajudar a celebrar esta importante data, a Reforma Protestante.

1. Obtenha uma cópia física da Bíblia e leia — começando com Romanos!

Quando Lutero traduziu o Novo Testamento para o alemão, foi um movimento revolucionário: as pessoas não precisavam mais depender daqueles que liam em latim para traduzir para eles, mas podiam ler por si mesmas.

Numa época em que temos Bíblias em todos os lugares, literalmente ao alcance de nossos dedos em nossos telefones, pode ser fácil esquecer as pessoas que dedicaram suas vidas para garantir que pudéssemos ler as Escrituras em nosso próprio idioma. Eu o incentivo a pegar uma cópia física da Bíblia, folhear as páginas e lê-la. Faça isso com coração agradecido, e perceba que ter sua própria cópia em um idioma que você possa ler é um presente monumental.

Se você está se perguntando por onde começar, que tal começar com o livro de Romanos, uma carta de Paulo que influenciou bastante e foi transformadora para Lutero. A passagem de Romanos 1:17 mudou a vida de Lutero: “O justo viverá pela fé.”

2. Reúna seus amigos para uma festa e exiba o filme Lutero

Se você nunca assistiu esse filme, eu o recomendo fortemente! Feito em 2003, Lutero é um excelente retrato dos eventos da Reforma. Embora alguns detalhes sejam destacados ou adicionados à narrativa, eles nos contam a maior parte da história. E, melhor ainda, é cativante. Eu mostro este filme para meus alunos todos os anos, e eles adoram. Eles batem palmas em algumas partes; choram em outras. E não querem que acabe quando chega ao fim. Essa é uma boa recomendação!

Este filme não é recomendado para menores de 13 anos, então coloque os pequeninos na cama esta noite, faça um pouco de pipoca e busque a melhor plataforma para conseguir assistir. Você ficará feliz por ter feito isso!

3. Reflita sobre o que Deus fez por meio de Seu povo — e como você pode fazer o mesmo!

O dia 31 de outubro é uma boa oportunidade para erguemos um monumento (1 Samuel 7) ou memorial (Josué 4) e dedicarmos algum tempo significativo para lembrar o que Deus fez entre Seu povo por meio de Lutero e daqueles que estiveram com ele.

O que tínhamos então era uma igreja sofrendo por anos de corrupção; vimos pessoas buscando união, mas não à custa da verdade. Tínhamos um homem disposto a enfrentar essa corrupção e vimos um punhado de apoiadores se unindo por trás desse ousado líder. O que isso significa para nós hoje? Aqui estão algumas perguntas para pensar e discutir com seus entes queridos esta noite:

Como devemos buscar ativamente a unidade e a verdade nas comunidades de nossa igreja local?

Quando é certo enfrentar a autoridade?

O que a obediência parece para você agora?

Quem é o seu grupo que vai encorajá-lo e defender a sua vocação

4. Separe um tempo para aprender mais sobre a Reforma Protestante

Uma última maneira de celebrar a Reforma seria passar um pouco de tempo aprendendo sobre os acontecimentos e os personagens importantes da época.

Comece procurando as 95 Teses. Em seguida, examine as questões que dominaram a Reforma, como indulgências, purgatório, o poder do papa e as cinco solas. Confira pessoas importantes como o Papa Leão X, Johann Tetzel, o Príncipe Frederico e Catarina de Bora. Todas essas pessoas desempenharam papéis importantes na vida de Lutero e na Reforma Protestante. Quem sabe até adicione algumas curiosidades da Reforma à sua noite! Conhecer essa história nos ajudará a apreciar o que aconteceu, e também a saber como os eventos da Reforma afetam nossas igrejas hoje.

Originalmente publicado no @ymi_today, que faz parte de Ministérios Pão Diário, em inglês. Traduzido e republicado com permissão.

SOBRE PÃO DIÁRIO

Por mais de 83 anos, somos um ministério cristão com a missão de fazer a palavra transformadora da Bíblia compreensível e acessível a todos por meio de recursos bíblicos. Contamos com 38 escritórios em todos os continentes e estamos presente em 150 países, com materiais traduzidos para 58 idiomas. Mais que um devocional, nós somos uma missão.

 

LENDA DO SACI-PERERÊ

 

  1. Cultura 

Ele é um dos personagens da série ‘Cidade Invisível’, que resgata lendas do folclore para discutir temas atuais

Leandro Karnal, O Estado de S.Paulo

Toda família que teve ancestrais morando em cidades do interior (na roça, como se dizia) conhece histórias. Cavalos que acordam com as crinas trançadas. Cozinhas que dormitaram imaculadas amanhecem reviradas. Roupas desaparecem do varal. Assobios são ouvidos na mata e ninguém consegue localizar sua origem. Porteiras que o proprietário tinha certeza de ter fechado aparecem abertas. Crianças apavoradas acordam aos berros de um sono tranquilo. Chapéus voam da cabeça de seus donos em dias sem vento. Lamparinas apagam do nada. Já ouviu uma dessas, estimado leitor e querida leitora? Conhece outras similares? Você certamente sabe de quem estou falando e conhece o autor de todas essas travessuras: o Saci-Pererê.

A lenda é antiga demais para sabermos sua origem. Remonta ao sul do Brasil em tempos do fim do período colonial, com relatos escritos no século 19. O grande folclorista Câmara Cascudo via na saltitante personagem de uma perna só uma ode à mestiçagem que nos formou. A mestiçagem é um mito brasileiro muito poderoso, cheio de problemas. Tende a adocicar o passado, esvaziar os preconceitos do presente e deixar invisíveis outras origens que não as do tripé Indígenas, Europa e África como constitutivos de nossa origem como nação. A ideia comporta críticas por um lado, mas, por outro lado, é também inegável que um violento processo que misturou tradições de múltiplos continentes ocorreu em nosso território. O Saci é produto dela. Tem nome indígena tupi-guarani e está ligado a “olho doente”. Pererê tem o mesmo radical de perereca: saltar. Um louquinho saltitante seria uma tradução com liberdade literária. 

Cascudo fala-nos de o gorro vermelho, inconfundível, ter origem europeia. O caráter brincalhão também. Criaturas do norte de Portugal, como os trasgos, usavam um tipo de píleo vermelho que lhes dava poderes mágicos. Seria lusa também sua capacidade de se camuflar ou se transportar em redemoinhos. Desde o início da Modernidade, pelo menos, seres maléficos, diabólicos, podiam domar a esfera do ar e usá-la em seu benefício. Sim, nosso simpático herói é retratado, por vezes, não como um menino travesso, mas como um ente malvado.PUBLICIDADE

Na versão pesquisada e imortalizada por Monteiro Lobato, o Saci conta a Pedrinho, perdido na escuridão da noite, o caso do “menino do pastoreio”, um escravo extremamente bondoso e diligente que, nas mãos de um senhor violento e explorador, conheceu a tortura e a morte. Juntos, os meninos exploram outros mitos do folclore nacional e presenciam uma reunião de muitos sacis, alguns minúsculos, que brotavam na mata como trêfegos pirilampos. Pedrinho não havia conquistado a amizade do Saci de maneira gratuita. Pelo contrário, tinha-lhe armado uma arapuca e surrupiado seu gorro. Quem domina o barrete de um saci transforma-o em escravo de suas vontades: espécie de gênio da lâmpada, o Pererê teria que servir a quem o capturasse em uma garrafa arrolhada de forma especial. Daí vem a maior herança da lenda do Saci: as relações perversas da memória da escravidão, da sujeição dos negros à vontade de proprietários brancos. Atos de rebeldia à ordem estabelecida tornam-se malandragem, pilantragem, malvadezas ou travessuras. 

Marco Pigossi em cena da série
Marco Pigossi em cena da série ‘Cidade Invisível’ Foto: Netflix/Divulgação

Recentemente, um seriado fez enorme sucesso em nosso país, amealhando espectadores mundo afora: Cidade Invisível de Carlos Saldanha. A trama explora a vida de um detetive da polícia florestal que, tragicamente, perde a esposa e se vê envolto em mistérios que não consegue explicar. Descobre, incrédulo, que lendas que ouvira quando criança, como a do boto, da Cuca, do Curupira e tantas outras, desfilam diante de seus olhos e são reais. Não foi a primeira vez que a TV levou nosso rico folclore ao vídeo, mas fazia tempo que ele andava na geladeira, no fundo da sacola de inspirações de roteiristas por aqui. A repercussão da série foi tamanha que uma segunda temporada foi rapidamente confirmada. Pedidos de norte-americanos e da crítica europeia, para que extras fossem produzidos explicando os contextos e que fornecessem mais informações sobre aquelas criaturas míticas, mostram o potencial do ramo. Pererê apareceu nos capítulos de Cidade Invisível como um jovem pobre e periférico, com prótese de perna. Um dos grandes trunfos da série foi criar uma alegoria com base folclórica para questões bastante atuais e controversas: qual o custo da vida moderna? Pode haver crescimento sustentável? O quanto a natureza é impactada pela pegada humana? Podem as comunidades tradicionais conviver (ou até mesmo sobreviver) com o avanço inescrupuloso de nosso meio de vida urbano e descartável? Para fazer essas perguntas, o seriado colige lendas brasileiras associadas à vida rural tradicional, bucólica, com pouca luz elétrica, comunidades ribeirinhas e quilombolas, aldeias indígenas ao assalto das grandes cidades que as engolem. As personagens saem das matas e passam a naufragar no mundo urbano. E o Saci foi vítima do processo. Pode enriquecer… se a ideia continuar a fazer sucesso, mas pode sucumbir ao enredo que o deixa num beco sem saídas. Há esperança para o Saci?

 *Leandro Karnal é historiador, escritor, membro da Academia Paulista de Letras, autor de A Coragem da Esperança, entre outros

LÍDERES PODEM PROPORCIONAR LOCAIS FELIZES DE TRABALHO

 

Simoni Choin

Todos nós temos um desejo de estar em bons ambientes, mais colaborativos, cooperativos de forma que faça com que tenhamos a possibilidade de performar da melhor maneira e obtermos resultados incríveis, não é mesmo?

Ambientes mais leves, onde há confiança e liberdade de expressão, onde podemos utilizar nossas habilidades e competências, onde possamos trocar com os pares, gestores e obter um resultado favorável.

Para tudo isso acontecer, podemos citar alguns pontos importantes que impactam significativamente a felicidade no trabalho:

• Propósito: Este vai muito mais além de um salário atrativo. Profissionais que buscam um trabalho com propósito e significado, sentem a necessidade de compreender a importância das funções e ter razões para melhorar seu desempenho dia após dia.

• Equilíbrio entre carreira e vida pessoal: Sabemos que é um desafio, porém é impossível alcançar a felicidade sem tempo adequado para o descanso, relações pessoais (familiares) e principalmente o lazer.

• Valores: Os colaboradores precisam se identificar com os valores da empresa, o famoso Fit Cultural. Quando eles têm orgulho em fazer parte da Cia onde atuam, eles acreditam na empresa e isso fará todo sentido para alcançar a felicidade no trabalho.

• Reconhecimento e Apreciação: Esses não menos importantes são fatores fundamentais. O colaborador precisa se sentir reconhecido e valorizado e o líder tem papel importante nesta ação, seja com uma meritocracia interna, campanhas de incentivo, plano de carreira…

É fato que empresas que ofereçam excelentes ambientes proporcionam excelentes resultados e dessa forma, o líder tem papel fundamental e importante na criação do ambiente em uma organização.

E como tornar um ambiente amistoso? 

A liderança é peça fundamental em uma organização, mas não é peça única, pois na posição de liderança apoiamos, gerimos, coordenamos enquanto que a execução é feita normalmente pela equipe. Para tornar um clima organizacional amistoso, você, como líder, deve possibilitar um clima positivo, ou seja, tornar um ambiente positivo, criando a possibilidade de as pessoas se sentirem mais confortáveis no seu ambiente de trabalho, se sentirem acolhidas, em um ambiente justo.

Ser Humano é se importar com seu colaborador, se preocupar genuinamente com as pessoas ao seu redor, ser empático (não só falar, mas agir com empatia), é sentir que verdadeiramente as pessoas são acolhidas, é pensar como você pode tornar aquele ambiente um local onde as pessoas queiram estar, um ambiente diferenciado, de cooperação e colaboração.

Um líder precisa dar um significado, um sentido para o que o colaborador faz, analisar problemas, fazer escolhas e assumir a responsabilidade por cada liderado.

O líder precisa pensar: “como está a energia que estou levando para o meu liderado? O meu estado emocional? Como estou vai de encontro a forma de nos relacionar? Temos que ter uma autoanálise nossa como líderes e não apenas avaliarmos a equipe.

E como a comunicação com minha equipe está sendo feita? Este é um fator primordial, isso impacta positivamente ou negativamente no ambiente de trabalho, precisamos ter uma percepção de cada colaborador (equipe), seus sentimentos, suas percepções em relação a área em que atua e o que ele pode contribuir para melhor andamento da mesma.

Uma gestão humanista se faz pela qualidade de comunicação que valoriza as relações humanas, antecipa as possibilidades. A comunicação do líder não precisa ser impositiva, ela precisa entender, perguntar e mapear a equipe para criar essa conexão. O que está sendo transmitido para sua equipe? A boa comunicação entre o líder e seus liderados também faz parte da Liderança Positiva.

A liderança positiva é fazer com que as pessoas tenham um desempenho acima do esperado, dar a cada pessoa um sentido, um significado da importância daquilo que é feito pelo seu liderado, independente do cargo que ocupa, é fazer com que o outro sinta-se parte integrante da engrenagem e fazer com que a pessoa entenda sua importância para todos alcançarem um único objetivo dentro da organização.

Seja um líder inspirador, capaz de transformar o seu ambiente de trabalho, fazer com os seus colaboradores se envolvam com os processos e com as tarefas, ou seja, equipes engajadas. Falhas todos nós teremos, não existe essa possibilidade de nunca falharmos, mas como lideres podemos fazer diferente, características de envolvimento, tentar manter essa vivacidade. Manter uma equipe engajada, motivada para seguir, mesmo diante das dificuldades.

O objetivo final é que a felicidade no trabalho seja reconhecida e valorizada pelo mundo empresarial e vista como um fator crítico de sucesso para qualquer organização. É isso que entendemos ser o melhor para todos.

VOCÊ CONHECE A ValeOn?

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A Valeon é uma caixinha de possibilidades. Você pode moldar ela em torno do negócio. O que é muito importante. O nosso é colocar o consumidor no centro e entender o que ele precisa. A ValeOn possibilita que você empresário consiga oferecer, especificamente para o seu consumidor, a melhor experiência. A ValeOn já é tradicional e reconhecida no mercado, onde você empresário pode contar com a experiência e funcionalidades de uma tecnologia corporativa que atende as principais operações robustas do mundo essencial e fundamental. A ValeOn além de trazer mais segurança e credibilidade para o seu negócio, também resulta em muita troca de conhecimento e ótimos resultados para ambos os lados, como toda boa parceria entre empresas deve ser. Lembrem-se que a ValeOn é uma Startup Marketplace de Ipatinga-MG que tem a responsabilidade de levar o cliente até à sua empresa e que temos potencial para transformar mercados, impactar consumidores e revirar empresas e indústrias onde nossos produtos e serviços têm capacidade de escala e de atrair os investimentos corretos para o nosso crescimento.

QUEM SOMOS

A Plataforma Comercial da Startup ValeOn é uma empresa nacional, desenvolvedora de soluções de Tecnologia da informação com foco em divulgação empresarial. Atua no mercado corporativo desde 2019 atendendo as necessidades das empresas que demandam serviços de alta qualidade, ganhos comerciais e que precisam da Tecnologia da informação como vantagem competitiva.

Nosso principal produto é a Plataforma Comercial Valeon um marketplace concebido para revolucionar o sistema de divulgação das empresas da região e alavancar as suas vendas.

A Plataforma Comercial ValeOn veio para suprir as demandas da região no que tange à divulgação dos produtos/serviços de suas empresas com uma proposta diferenciada nos seus serviços para a conquista cada vez maior de mais clientes e públicos.

Diferenciais

  • Eficiência: A ValeOn inova, resolvendo as necessidades dos seus clientes de forma simples e direta, tendo como base a alta tecnologia dos seus serviços e graças à sua equipe técnica altamente capacitada.
  • Acessibilidade: A ValeOn foi concebida para ser utilizada de forma simples e fácil para todos os usuários que acessam a sua Plataforma Comercial , demonstrando o nosso modelo de comunicação que tem como princípio o fácil acesso à comunicação direta com uma estrutura ágil de serviços.
  • Abrangência: A ValeOn atenderá a todos os nichos de mercado da região e especialmente aos pequenos e microempresários da região que não conseguem entrar no comércio eletrônico para usufruir dos benefícios que ele proporciona.
  • Comprometimento: A ValeOn é altamente comprometida com os seus clientes no atendimento das suas demandas e prazos. O nosso objetivo será atingir os 766 mil habitantes do Vale do Aço e poder divulgar para eles os produtos/serviços das empresas das diversas cidades que compõem a micro região do Vale do Aço e obter dos consumidores e usuários a sua audiência.

Apresentamos o nosso site que é uma Plataforma Comercial Marketplace que tem um Product Market Fit adequado ao mercado do Vale do Aço, agregando o mercado e seus consumidores em torno de uma proposta diferenciada de fazer Publicidade e Propaganda online, de forma atrativa e lúdica a inclusão de informações úteis e necessárias aos consumidores como:

sábado, 30 de outubro de 2021

LIBERDADE DE CRENÇA E OPINIÃO

 

Por
Thiago Rafael Vieira – Gazeta do Povo
e

Por
Jean Marques Regina – Gazeta do Povo

Diante da repercussão do caso, Maurício Souza ganhou mais de um milhão de seguidores em seu Instagram.| Foto: Reprodução Facebook

É, gente. Será que, definitivamente, “foi-se o boi com as cordas” aqui no Brasil? Este episódio lamentável do jogador Maurício Souza, linchado em sua imagem com uma surra em bits e bytes dada por seus detratores – com apoio incondicional de duas grandes empresas, a Fiat e a Gerdau, que forçaram seu clube, o Minas Tênis Clube, a rescindir seu contrato –, está dando o que falar.

A sociedade digital está discutindo o tema sob vários ângulos. Estamos vivendo os primeiros desdobramentos nas liberdades civis fundamentais da crise que a chamada Quarta Revolução Industrial está impondo. Hoje não apenas temos no Estado o olhar preocupado de cidadãos querendo manter liberdades civis fundamentais garantidas com o sangue de milhões de pessoas em toda a história: também temos de olhar para como a revolução sexual leva seus tentáculos ao Poder Econômico, através de iniciativas como o conceito de ESG (Environment, Social, Governance), uma espécie de patrulhamento do politicamente correto no ambiente corporativo.

“Aonde vamos parar” foi a frase que reputaram criminosa ao atleta. Conhecido por ser um conservador na política e movido por convicções religiosas, Maurício já está acostumado ao ambiente hostil por boa parte dos torcedores do esporte, dos jornalistas, de estações de televisão. Tinha pouco menos de 200 mil seguidores no Instagram até o início da semana. Agora, demitido do clube, banido da seleção brasileira (conforme declaração do técnico Renan dal Zotto) e execrado pela esmagadora maioria da mídia – com a honrosa exceção da Gazeta do Povo –, viu seu perfil explodir na plataforma da rede social, ultrapassando 1 milhão de seguidores em dois dias.

Temos de olhar para como a revolução sexual leva seus tentáculos ao Poder Econômico, através de iniciativas como o conceito de ESG, uma espécie de patrulhamento do politicamente correto no ambiente corporativo

Quando do vídeo de explicação feito pelo jogador, ele usou duas palavras importantes para defender seus posts. O primeiro foi “crença”. Ele falou movido pelo que crê. O segundo foi “opinião”, que, no fim das contas, é um sinônimo quando o primeiro pilar usado é a crença. E aí vamos ter pano pra discussão.

Os ânimos no país andam muito exacerbados e todos sabemos disso. Qualquer coisa meio “fora do prumo” é motivo para soltarmos nossos instintos mais primitivos, fazendo uma espécie de catarse ao vermos alguém caindo em desgraça por uma frase que desagrada uma minoria, por exemplo. O patrulhamento digital não perdoa mais quem tente usar a crença como excludente para expressar seu imperativo de consciência. Se está fora da cartilha, deve estar fora do mundo, deve ser linchado, apedrejado, como se os linchadores fossem perfeitos, sem pecados.

Porém devemos lembrar que o Ocidente ainda não ruiu por completo. Pelo que nos consta, não estamos vivendo uma distopia com um governo único, moeda única, uma certa marca na testa ou na mão direita sem a qual ninguém pode comprar ou vender (entendedores entenderão). Vivemos, sim, dentro de um ordenamento da sociedade que se uniu para promulgar uma Carta política que orienta os valores principais desta sociedade em busca do bom, do belo e do verdadeiro. E, nesta Carta, alguns elementos foram considerados tão especiais que resolveram gravá-los na pedra – tornando-os cláusulas pétreas.


O artigo 5.º, VI da Constituição esclarece que a consciência e crença são bens invioláveis. E que a expressão da crença está garantida. Não há crença no vácuo: cremos a partir de uma espécie de chassi, de eixo, que é um código moral ou dogma, revestido da sacralidade quando ligado a um texto sagrado ou um conjunto de parecenças de família para o estabelecimento da base religiosa dos postulados defendidos.

Ao se colocar contra a mistura de mulheres trans e mulheres biológicas em competições esportivas, Maurício se une a um movimento global de atletas que veem o que é ilógico: a ideologia criando distorções e injustiças com as mulheres. Mas até aí é uma opinião motivada por argumentos puros da razão – e os méritos destes argumentos são também jungidos ao tempo e ao espaço.

Porém, quando se coloca contrário à adoção da ideologia no ambiente que afeta crianças, como o caso dos quadrinhos da DC Comics do Superman, expressa um conjunto de valores que transcende o argumento público. Fala a partir de um compromisso de consciência inalienável: a sua fé – e a visão por ela emanada, que ilumina sua razão e traz o argumento. Usou de certa ironia, OK. Mas a ironia é um recurso retórico válido em todos os campos (é só olhar as ironias do comentarista Andreoli, do Globo Esporte, que o atacou veementemente e tem um histórico de comentários jocosos em seu perfil no Twitter com insinuações a respeito de sexualidade).

A decisão do STF estipulou claramente que o discurso somente poderá ser considerado homofóbico se, apenas e tão somente se, for discriminatório e incitar a violência. Nada mais, nada menos

O que antes era um assunto velado agora deverá ser enfrentado em campo aberto. E já falamos aqui umas mil vezes, mas temos que repetir. A ADO 26, julgamento que formou consenso no STF para a equiparação da homofotransfobia ao crime de racismo, ainda não transitou em julgado, e excepcionou a liberdade religiosa como possibilidade de opinião/crença em contrário à prática homossexual, por pressupostos de fé. A decisão do STF estipulou claramente (pelo menos por enquanto, até o julgamento dos embargos de declaração da AGU) que o discurso somente poderá ser considerado homofóbico se, apenas e tão somente se, for discriminatório e incitar a violência. Nada mais, nada menos.

É importante lembrar que a ampla maioria da cristandade, excluindo os adeptos da teologia liberal (resultado do método hermenêutico histórico-crítico), acredita, a partir de seus dogmas e valores morais, resultantes da exegese extraída das escrituras sagradas, que o ato homossexual é um pecado. E tal exegese pode ser consultada em confissões de fé, catecismos, livros teológicos, artigos e milhares de outros textos, que desde o primeiro século formam o corpo doutrinário das mais diversas tradições cristãs sobre o tema.

Com pequenas variações, os principais valores morais da cristandade continuam intactos. Sobreviveram aos egípcios, babilônicos, persas, romanos, vikings, mulçumanos, ao comunismo e ao nazismo, e sobreviverá à atual patrulha do pensamento. A história é a grande mãe da verdade: quem viver verá.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/cronicas-de-um-estado-laico/a-perseguicao-a-mauricio-souza-e-sua-liberdade-de-crenca/
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