segunda-feira, 2 de agosto de 2021

FATORES QUE PREJUDICAM O SONO E DICAS PARA COMBATER O PROBLEMA

 

  1. Cultura 

Fatores como pandemia, trabalho, celular e até a Olimpíada de Tóquio podem estar prejudicando sua noite; veja dicas para combater o problema

Gilberto Amendola, O Estado de S.Paulo

O Brasil não quer que você durma. Ou, pelo menos, tem dificultado nossas noites de sono. Como se não bastasse a pandemia, ainda embrulhamos nosso pacote de ansiedades com crise política, problemas econômicos e uma Olimpíada realizada em um fuso horário que nos faz acordar no meio da madrugada. 

“Eu sempre tive um sono pesado, mas, do ano passado para cá, tudo virou do avesso. A pandemia fez com que eu trocasse a noite pelo dia. Não consigo dormir, desperto com ansiedade à flor da pele. Tive até burnout (distúrbio psíquico causado pela exaustão extrema, sempre relacionada ao trabalho)”, contou a confeiteira Tatiana Branco, de 38 anos.

Uma pesquisa divulgada recentemente pelo Instituto do Sono revelou que a dificuldade de dormir afeta 66,8% dos brasileiros na pandemia. O levantamento ouviu 1.600 pessoas de 24 Estados no Brasil, que responderam a um questionário virtual. Além disso, 59,4% das pessoas acordam mais vezes durante a noite.

Ultimamente, a Olimpíada no Japão também reflete nos problemas de sono da confeiteira Tatiana Branco. “Deixei a TV ligada para ver um pouco do futebol feminino. Daí o Brasil ganhou de 5 a 0 da China. A cada gol eu despertava um pouco. Não consegui mais pegar no sono depois”, lembrou.

Sono
Funcionário do Instituto do Sono observa paulistana com sonambulismo em monitor Foto: Daniel Teixeira/Estadão

O médico e pesquisador do Instituto do Sono Sergio Brasil Tufik explica a diferença entre sofrer de insônia ou ter apenas uma noite mal dormida: “Para ser considerado que a pessoa sofre de insônia, ela precisa ter três noites por semana com dificuldade para dormir, por pelo menos três meses, mesmo com condições propícias para o sono”. 

Tufik elencou os fatores que podem tirar o sono dos brasileiros no momento. “Primeiro, claro, a preocupação com a própria saúde e a dos familiares; depois, a gente ainda tem as questões econômicas e a conjuntura política. Esses fatores geram preocupações que compõem riscos para a insônia”, afirmou.

Para o coordenador do Departamento do Sono do Hospital Santa Paula, Luiz Fernando Lobo, a insegurança em relação ao futuro está tirando o sono do brasileiro. “A preocupação com a pandemia, o emprego, as contas a pagar. Tudo isso gera insegurança. O que nos apavora é o desconhecido”, disse. Para Lobo, o básico para tentar se livrar deste acúmulo de estresse é falar. “Toda emoção que se vive tem que ser verbalizada, precisamos falar sobre o que estamos vivendo.”

Sobre os Jogos Olímpicos, Tufik apontou a mudança na rotina como o principal fator de alteração do sono. “Acordar de madrugada para ver os jogos mexe com a nossa rotina – e isso altera o nosso sono. Se a pessoa não tiver alguma forma de compensar ao longo do dia, dormindo em outro horário, essa privação pode causar problemas”, disse.

Outra insone, Tatiana Santos Veríssimo de Lima, de 35 anos, coordenadora de habitação da subprefeitura de Freguesia/Brasilândia, conta que sempre teve olheiras de insônia. “Eu tento não mexer no celular na hora de dormir, mas acabo pesquisando coisas do trabalho e não consigo mais pegar no sono. Já tentei de tudo.”

Sono
Tatiana Branco, confeiteira, dormia bem antes da pandemia; durante o período de isolamento, teve mudança no sono e não consegue pregar o olho Foto: Fernanda Luz/Estadão

Aquela “olhadinha” no celular antes de dormir ou simplesmente dormir com o celular ao lado da cama é um fator de risco para quem quer dormir direito. “As pessoas recebem muitos estímulos. Antes era só a TV, mas agora com celulares e computadores são estímulos que pedem mais interatividade e exigem atenção”, comentou Tufik.

Lobo afirmou que o “bombardeamento de informações com pouco processamento destas informações” é um dos fatores que provocam dificuldade em dormir. “A gente vive em um sistema binário. Não processamos informações. Você está conversando com alguém e esse alguém já corre para o Google. É um ‘chega e responde’ (de informação), sem reflexão. Em uma cidade como São Paulo isso fica até opressor.” 

Oito horas

Muita gente reclama de não conseguir dormir as tais 8 horas por dia. Mas será que elas são realmente necessárias? De acordo com Laura Castro, psicóloga do sono e diretora de psicologia dos Vigilantes do Sono, cada corpo reage de uma forma e nem todas as pessoas precisam das 8 horas. “Não é todo mundo que responde à meditação, aos exercícios físicos. Cada caso é uma história diferente e precisa de um acompanhamento individualizado.” 

Tufik explica que existem “curtos dormidores”. “São pessoas que dormem apensas 5 horas e estão bem. Por outros lado, tem gente que precisa de 10 ou 11 horas de sono. Esse período necessário de sono também vai variando de acordo com a idade.” 

Sonambulismo

Alguns casos de insônia desenvolvem-se de forma muito grave, como o de Selma Aguilera, de 60 anos, técnica em eletrocardiograma. Do início da pandemia para cá, a insônia dela piorou bastante. “Existe uma ansiedade que não me permite sequer ficar deitada. Eu tomo remédios para dormir. E eles já não ajudam. Só de imaginar que vou deitar e não vou conseguir pegar no sono já fico nervosa”, contou. O pior é que, quando adormece, ela faz coisas dormindo e não se lembra. 

Sono
Selma Aguilera, 60, coloca eletrodos para captação de atividade cerebral durante exame no Instituto do Sono; ela sofre de sonambulismo há 16 anos e chega ao ponto de cozinhar, escrever mensagens e fazer compras online sem se lembrar na manhã seguinte Foto: Daniel Teixeira/Estadão

“Quando dou por mim, tem caixas de Bis, pipoca e sucos na cama. Coisas que não lembro de pegar na cozinha. Pior, faço compras pela internet. No dia seguinte, preciso correr e ligar para o banco e tentar cancelar as operações”, disse. Selma iniciou uma série de exames no Instituto do Sono para descobrir uma forma de tratar sua insônia e seu provável sonambulismo.

Como ter uma boa noite de sono?*

– Evite energéticos ou cafeína antes de dormir

– Exercícios físicos próximos à hora de dormir podem provocar insônia

– Não leve o celular para cama

– Faça do quarto um local de descanso – nada de levar trabalho para a cama. Luzes apagadas e silêncio ajudam.

– Mantenha uma rotina diária, respeitando horários de jantar e de ir para cama. 

– Meditação pode ajudar, mas não é solução para todo mundo

– Prefira uma alimentação mais leve e espaçada 

– Evite o consumo de álcool antes de dormir

– Se o quadro for constante, procure ajuda profissional. Não se medique por conta própria

* Informações de Sergio Brasil Tufik (médico e pesquisador do Instituto do Sono), Luiz Fernando Lobo (coordenador do Departamento do Sono do Hospital Santa Paula) e Laura Castro (psicóloga do sono e diretora de psicologia dos Vigilantes do Sono)

A PANDEMIA É RESPONSÁVEL PELA MUDANÇA BRUSCA NO COMPORTAMENTO DAS PESSOAS

 

UOL EdTech

A pandemia foi responsável por muitas mudanças bruscas no comportamento das pessoas, na forma de se trabalhar e na aceleração digital das organizações. Teve quem se sentiu mais livre de trabalhar de casa, quem se sentiu mais angustiado, quem manteve o mesmo rítmo mas percebeu outras mudanças de humor e de comportamento, principalmente nos hábitos de alimentação, sono e consumo.

A tentativa de manter controle sobre a produtividade e o bem-estar profissional fez com que alguns transtornos como o revenge bed time procastination (procastinação vingativa da hora de dormir em tradução livre), o revenge spending (consumo por vingança, também em tradução livre), o binge eating (compulsão alimentar periódica) e o binge scrolling (uso mecânico de redes sociais) aumentassem.

Todos esses transtornos têm uma mesma raiz: a sensação de falta de controle e autonomia no dia a dia. E as consequências disso são: menor estabilidade cansaço, irritabilidade, menos disposição física e mental, dívidas e daí em diante.

Existem formas de lidar com essas válvulas de escape antes que elas se tornem ofensores: educação e gestão financeira para evitar o consumo impulsivo (e o compulsivo também); busca por hobbies que não tenham a ver com tela, adoção de uma rotina de alimentação, sono e exercícios físicos mais regrada, acompanhamento médico e profissional quando e se necessário.

A principal forma, porém, de lidar com qualquer tipo de procastinação é autoconhecimento. Entender o que nos leva a adiar uma tarefa e quais efeitos positivos imediatos – como a sensação de alívio – ou efeitos negativos de médio ou longo prazo essa procastinação pode ter. Também é importante conhecer as próprias motivações e perceber quais outros fatores externos podem estar influenciando sua vontade de fazer ou não o que precisa ser feito.

Essa procrastinação não afetou a Startup ValeOn em nenhum momento, continuamos com o nosso trabalho de desenvolvimento e aprendizado durante todo esse tempo da pandemia, sempre em busca do melhor e da excelência para atender às empresas, serviços, profissionais liberais e consumidores da grande região do Vale do Aço.

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INVESTIMENTO BRASILEIRO EM CUBA E NA VENEZUELA NOS GOVERNOS LULA E DILMA

 

Dinheiro do pagador de impostos

Por
Tiago Cordeiro – Gazeta do Povo

Província de Artemisa (Cuba) – Presidenta Dilma Rousseff e o presidente de Cuba, Raúl Castro, durante inauguração do Porto de Mariel (Roberto Stuckert Filho/Presidência da República)

Província de Artemisa (Cuba) – A então presidente Dilma Rousseff e o então ditador de Cuba, Raúl Castro, durante inauguração do Porto de Mariel| Foto: Roberto Stuckert Filho/Presidência da República

É comum empresas estatais fazerem investimentos em obras de outros países, principalmente quando eles geram emprego e renda para corporações da nação de origem. Mas, como todo investimento, este costuma considerar os riscos envolvidos.

Durante os governos do Partido dos Trabalhadores (PT), o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) pareceu não levar em consideração as chances de sofrer calotes. Uma série de operações financeiras favoreceu construtoras brasileiras em países aliados ao PT. Elas geraram dívidas que ainda estão sendo pagas. Algumas com atraso, outras viraram calote.

O banco mantém também uma página em que informa valores liberados, saldos devedores e saldos em aberto por país. Entre 1998 e março de 2021, Cuba recebeu US$ 656 milhões em desembolsos. Tem US$ 447 milhões em saldo devedor a vencer. As prestações em atraso a serem indenizadas são 13, a outras 140 já foram indenizadas – ou seja, não foram pagas nem mesmo depois de tentativas de acordo.

Companheiros venezuelanos
Um desses investimentos gerou um elefante branco em Moçambique: o aeroporto de Nacala, reformado para receber 500 mil passageiros por ano em uma cidade com 220 mil habitantes, foi construído a partir de 2010 e inaugurado em 2014, mas recebe tão poucos voos que espaços vazios são alugados para eventos.

O crédito que o BNDES concedeu virou calote em 2017, e o banco acabou acionando o seguro do Fundo de Garantia à Exportação (FGE), um instrumento do Ministério da Fazenda para cobrir calotes em operações de empresas nacionais fora do país. Foi ressarcido pelo Tesouro nacional em US$ 37 milhões. Segundo o próprio banco, Moçambique foi alvo de US$ 188 milhões em desembolsos, US$ 55 milhões a vencer e 122 prestações em atraso já indenizadas.

Nos últimos anos, os empréstimos concedidos à Venezuela deram origem a outra escalada de pagamentos do FGE para o BNDES – em outras palavras, dinheiro público vem sendo utilizado para cobrir financiamentos de alto risco realizados pelo banco no passado.

No país de Hugo Chávez e Nicolás Maduro, empresas brasileiras contaram com subsídio governamental para vender de carne a aviões e realizar obras em uma siderúrgica e em estações de metrô. Em crise política e financeira, o país não tem cumprido as parcelas de seus empréstimos. A Venezuela recebeu US$ 1,506 bilhão, deve US$ 235 milhões, tem 42 parcelas em atraso e outras 510 não foram pagas.

Aliás, segundo o próprio BNDES, entre os 15 principais destinos de investimento do banco, apenas os três países, Moçambique, Cuba e Venezuela, geraram parcelas em aberto que não foram pagas e obrigaram a instituição a recorrer ao FGE.

Companheiros cubanos
Cuba também recebeu verba do BNDES, principalmente para a Companhia de Obras e Infraestrutura, subsidiária da Odebrecht que contratou a reforma do Porto Mariel, que fica a 40 quilômetros de Havana e foi destino de US$ 682 milhões, financiados até 2034.

Em setembro de 2018, já sob nova gestão no Palácio do Planalto, o então presidente do BNDES Dyogo Oliveira declarou, a respeito das operações de crédito a Cuba e à Venezuela: “Há uma crítica a esses empréstimos e até diria que, olhando hoje, que fica claro que eles não tinham condição de pagar. Provavelmente não deveriam ter sido feitos e agora temos que ir atrás do dinheiro para receber”.

Na medida em que o FGE fica sobrecarregado por empréstimos malsucedidos, os encargos para o erário aumentam. Em 2019, o orçamento federal incluiu uma previsão e R$ 1,4 bilhão para cobrir calotes ao fundo. Durante as investigações da Operação Lava Jato, a empreiteira Andrade Gutierrez admitiu que pagou propinas tanto na Venezuela quanto em Moçambique.

Explicações
Em seu site oficial, o BNDES mantém uma página com explicações sobre os investimentos no exterior. “O BNDES não financia todo o empreendimento, mas apenas a parte de bens e serviços brasileiros que são exportados para uso naquela obra”, alega.

“Essas operações funcionam da seguinte maneira: o BNDES desembolsa recursos no Brasil, em Reais, à empresa brasileira exportadora à medida que as exportações são realizadas e comprovadas. Quem paga o financiamento ao BNDES, com juros, em dólar ou euro, é o país ou empresa que importa os bens e serviços do Brasil”. O banco informa que financia exportações de empresas brasileiras para mais de 40 países. “Ao contrário do que comumente é noticiado, o maior destino dessas operações são os Estados Unidos (US$ 17 bilhões de 1998 a 2017). Em seguida, vêm Argentina (US$ 3,5 bilhões), Angola (US$ 3,4 bilhões), Venezuela (US$ 2,2 bi) e Holanda (US$ 1,5 bi)”. Angola e Venezuela se destacam precisamente pela proximidade ideológica com o PT.


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CRESCIMENTO SUSTENTÁVEL E REDUÇÃO DOS NÍVEIS DE POBREZA E MISÉRIA

 

Editorial
Por
Gazeta do Povo

| Foto: Musse Jereissati/Pixabay

Duas palavras utilizadas com frequência nas análises econômicas e sociais são “crescimento” e “desenvolvimento”. Em linhas gerais, o crescimento sempre se refere ao tamanho da produção nacional, cujo conceito mais utilizado é o de Produto Interno Bruto (PIB). O PIB é a soma dos bens e serviços finais produzidos dentro do território nacional (por isso é interno) sem descontar o desgaste do capital físico ocorrido durante o processo produtivo (por isso é bruto). Em síntese, é o conjunto total dos bens materiais e dos serviços produzidos durante um ano e colocados à disposição da população para fins de consumo ou investimento. A variação de um ano para outro pode apresentar crescimento ou redução do PIB. Assim, quando se fala em “crescimento”, o termo diz respeito apenas ao aumento do PIB em relação a períodos anteriores.

No caso do desenvolvimento, trata-se de algo mais que mero aumento do PIB, pois inclui um componente social: como esse produto da nação é distribuído, consumido e investido. As medidas usadas para mensurar esses aspectos são várias, com destaque para a distribuição do produto entre as pessoas que habitam o país. Os economistas costumam analisar essa distribuição olhando a população classificada em dez grupos, para obter o valor do PIB por pessoa dentro de cada grupo e, com isso, medir e entender as diferenças entre os grupos em termos de apropriação do produto feito por toda a nação. Essa conta é a famosa distribuição da renda, já que produto e renda são os dois lados da mesma moeda, pela qual se localizam as desigualdades entre as classes, as causas dessas desigualdades e que medidas de política econômica podem ser tomadas para reduzir as diferenças.

Por que e como algumas nações conseguiram crescer e se desenvolver enquanto outras, às vezes até com mais abundância de recursos naturais (é o caso do Brasil), têm um baixo produto por habitante e elevado número de pobres e miseráveis?

Assim, o primeiro indicador de desenvolvimento de um país é o tamanho da desigualdade e o quanto, por causa dela, resulta em pobreza e miséria. A desigualdade em si sempre existiu, sempre existirá e nem é objetivo que todos tenham exatamente a mesma fatia do bolo (o PIB). Ou seja, não se trata de desejar que todos tenham exatamente a mesma renda. O objetivo é reduzir a desigualdade em tal dimensão que todas as classes tenham um padrão de vida digno, que não haja miséria, pobreza e carências sociais não atendidas. Porém, de saída é preciso entender um ponto: em um país cujo produto por habitante, em sentido total, é muito baixo, esse produto pode ser insuficiente para propiciar um padrão de vida digno a toda a população, ainda que a distribuição seja a mais igualitária possível. Isso ocorre quando o bolo é tão pequeno que não consegue matar a fome de todos os comensais.

Nos países desenvolvidos, em que o produto por habitante é considerado alto na comparação mundial, as classes sociais mais pobres desfrutam de um padrão de alimentação, moradia, saneamento, educação e saúde que permite um nível considerado digno; logo, não há que falar em pobreza nos termos existentes nos países atrasados, por exemplo, da África e da América Latina. Pois no Brasil há dois fatores problemáticos. O primeiro é o pequeno tamanho do PIB quando dividido pela população total, que resulta num PIB per capita baixo na comparação com os países adiantados, insuficiente para colocar o país no clube dos desenvolvidos. Pela metodologia mais comumente usada no mundo, o PIB per capita brasileiro não superou os US$ 11 mil/ano, quando os países adiantados têm essa variável igual ou superior a US$ 30 mil/ano, lembrando sempre que “renda per capita” e “produto per capita” são a mesma medida, logo têm o mesmo valor.

O segundo problema brasileiro é a distribuição bastante desigual do PIB (ou da renda) por grupo de pessoas, resultando que os grupos mais pobres da população tenham tantas carências não atendidas a ponto de, dos 213 milhões de habitantes, haver 54 milhões de pobres e 14 milhões de miseráveis, segundo a régua de medida baseada nos parâmetros do Banco Mundial. Independentemente das estatísticas, que podem variar de um período a outro (e devem ter aumentado muito neste ano e meio de pandemia), a miséria e a pobreza no Brasil podem ser identificadas a olho nu, bastando para isso percorrer o país e observar as pessoas, as famílias, suas residências, suas rendas e a insuficiência de alimentação, saúde e educação.

Por que e como algumas nações conseguiram crescer e se desenvolver enquanto outras, às vezes até com mais abundância de recursos naturais (é o caso do Brasil), têm um baixo produto por habitante e elevado número de pobres e miseráveis? Essa pergunta está entre as que mais incomodam os economistas e as teorias econômicas. Dar respostas razoáveis a essa questão não é tarefa apenas da economia, mas também da sociologia, da ciência política, da filosofia, da psicologia, porquanto não há um fator único capaz de dar explicação para o fenômeno. Mesmo tendo sido vitimado por uma recessão pesada nos anos de 2015 e 2016 – recessão essa causada principalmente por erros e desacertos da política econômica nacional, apesar de alguma contribuição da situação econômica internacional –, o Brasil, antes da pandemia, ensaiava algumas reformas e entrada em círculo virtuoso capaz de elevar a renda por habitante, reduzir a taxa de desemprego e reduzir a pobreza e a miséria.

Porém, o ano de 2020 e o primeiro semestre de 2021 foram tempos dedicados a enfrentar a Covid-19 e o conjunto de efeitos socialmente deletérios, especialmente o isolamento social, e danosos para o crescimento econômico como se viu pela grave recessão de 2020, quando o PIB caiu 4,1%. Se não houver novas ondas e variantes assassinas do coronavírus, o ano de 2022 pode significar a volta à normalidade na vida econômica e social, o PIB poderá crescer, o emprego deverá aumentar, mas o Brasil não pode se furtar de tratar da questão de longo prazo sobre como manter o crescimento sustentado por vários anos e reduzir os níveis de pobreza e miséria. Esse é o grande desafio da sociedade e do governo.


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POVO NA RUA MOSTROU QUE QUER O VOTO IMPRESSO

 

Manifestações

Por
Alexandre Garcia – Gazeta do Povo

AME6463. RÍO DE JANEIRO (BRASIL), 01/08/2021.- Fotografía tomada con un dron que muestra la masiva manifestación de simpatizantes del presidente de Brasil, Jair Bolsonaro, a favor del voto impreso y para demostrar su apoyo al mandatario, hoy, en Río de Janeiro (Brasil). Partidarios de Bolsonaro se tomaron este domingo las calles de varias ciudades del país en apoyo a su discurso de que las máquinas de votación electrónica son “fraudulentas”. EFE/ André Coelho

Manifestantes saíram às ruas em todo o país a favor do voto impresso neste domingo (1º). Na imagem, ato no Rio de Janeiro. Foto: EFE/André Coelho| Foto: EFE / André Coelho

Ontem houve manifestações pelo Brasil inteiro pedindo o óbvio. É muito estranho que o país tenha que pedir o óbvio, que é a garantia do voto. É como dizer que vou botar uma tranca na porta da minha casa. Não vou trocar de casa e nem de porta, apenas botar uma tranca. Se alguém me disser que não pode, é porque está com alguma má intenção, querem arrombar minha casa. Todo mundo quis, desde 2001, foram aprovadas três leis neste sentido. A última lei, do então deputado Bolsonaro, foi aprovada por 433 votos a 7. E, agora, por que não querem? É porque antes era de um deputado do baixo clero, agora é de alguém que pode ser obstáculo para voltarem ao poder. Esse poder que deu tanto dinheiro para tanta gente.

O Supremo, que está contra, infelizmente, não tem condições de sair para a rua. Se saíssem, os ministros iam ouvir o povo, mas eles estão distantes, estão numa redoma, protegidos do povo e assim, não sentem. Mas eles nem precisam sentir, eles têm que fazer cumprir a Constituição e a Lei. Quem tem que sentir o povo é o Congresso Nacional, os deputados e senadores, que estão tendo a oportunidade de sentir o povo, basta olhar pela janela para ver o povo nas ruas, o povo que saiu sem botar fogo e estátua, sem quebrar agência bancária.

Águia de Roma
Voltou de Roma, onde esteve na reunião do G20 de cultura, meio ambiente e turismo, o nosso ministro do Turismo, Gilson Machado, que é conhecido por não levar desaforo para casa. E foi isso que ele fez lá em Roma, porque é mania da Europa ouvir dissidentes (vamos chamar de dissidentes, porque é isso que faz o sujeito que vai para lá para falar mal do Brasil, ele é contra o país, não contra o governo). Aí ele perguntou para os outros 19 presentes se algum dos países deles preserva mais de 60% do seu território, se algum país, com apenas 7% a 8% do território ocupado pela agricultura tem capacidade de produzir alimento para 1,6 bilhão de bocas. Ficou tomo mundo em silêncio lá. É o nosso Gilson águia de Roma

Não entendo o que a CPI está experimentando
E lá na CPI, que está voltando nesta semana, Renan Calheiros e Humberto Costa, MDB e PT se juntaram para pedir quebra de sigilo bancário de sites jornalísticos que não são de esquerda e da rede Jovem Pan, que existe desde 1944. Não obedeceram a liberdade de imprensa, prenderam jornalista; não obedeceram a inviolabilidade do mandato, prenderam o Daniel Silveira e, agora, imagina se revoga o sigilo bancário de toda a mídia. Não sei se é desespero, se é provocação, se é pra mostrar que lei não deve ser cumprida, se é um teste para implantar um regime não democrático. Eu não entendo, mas estão experimentando.


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PERSEGUIÇÃO IDEOLÓGICA DE ALGUNS MEMBROS DA CPI À RÁDIO JOVEM PAN E SITES DE DIREITA

 

Mafarro

Por
Paulo Polzonoff Jr. – Gazeta do Povo

Perseguição de Renan Calheiro à rádio Jovem Pan e sites de direita contou com o inacreditável apoio de idiotas úteis que se dizem “conservadores”.| Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

Sou incumbido de escrever sobre os impulsos ditatoriais dos senadores Renan Calheiros, esse Quixote infernal, e seu fiel escudeiro, Humberto Costa, um Sancho Pança assim meio vampiresco. Ambos assinam um requerimento pedindo a quebra de sigilo da rádio Jovem Pan e de outros veículos que, julgam eles, cometem o imperdoável pecado de serem “de direita”. Me sento diante do computador. E, à medida que vão chegando tuítes de apoio (sim, apoio!) ao autoritarismo do bem de Calheiros & Costa, tuítes esses escritos por quem até ontem estufava o peito para se dizer conservador, sinto cócegas na ponta dos dedos para escrever uma única palavra: canalhas.

A única dúvida é se coloco ou não um ponto de exclamação depois de “canalhas!”. É, assim fica melhor mesmo. Só um “canalhas!” gritado a plenos pulmões dá conta de expressar o que sinto ao ver quem se dizia conservador de alta estirpe apoiando uma medida que nada mais é do que perseguição ideológica e intimidação da imprensa. Houve até quem comparasse o senador do “rezistro” e “pra mim fazê” a Carlos Lacerda.

Expresso à Editora Severa™ minha preocupação. Não sei se sou capaz de escrever um texto sobre o assunto sem cair na vulgaridade. Porque, como já registrei neste espaço, um dos poderes de Renan Calheiros é despertar o que há de pior nas pessoas. É batata: você vê aquele rostinho de cartorário do sertão, com os oclinhos finos de cafajeste daltontrevisaniano, e toda uma seção do Dicionário de Insultos lhe vem à mente.

Não é uma sensação agradável, essa. Me leva a questionar se sou capaz de ter um olhar misericordioso sobre o mundo. Evidentemente não sou. Penso, então, em desistir. Melhor deixar passar as 72 horas regulamentares. Melhor dar uma volta no quarteirão. Melhor bater com o dedinho do pé na quina da cama. Diante do que a Editora Severa™ sabiamente me sugere escrever primeiro um texto virulento, sem filtros, só para desopilar, e depois escrever o texto sério, oficial, ponderado, calmo, misericordioso e caridoso.

No caso, o texto que você lê neste momento.

Desespero
É quando me ocorre que essa disputa aí, disfarçada de disputa política e do livre e vergonhoso exercício de submissão intelectual, nada mais é do que a velha e boa disputa pelo coração dos homens. O meu e o seu. Calheiros & Costa e seus inocentes úteis desejam justamente instaurar o caos para que possam posar, daqui a alguns anos, de salvadores. E quem triunfa no caos a gente sabe quem é. Não sabe? Uma dica: Guimarães Rosa usa sei-lá-quantos sinônimos para se referir a ele em “Grande Sertão: Veredas”.

Se me rendo, pois, à sentença rápida e óbvia (“canalhas!”) é porque permito, momentaneamente, que o cramulhão vença a batalha. Nesse intervalo de tempo (que, reconheço, se prolongou muito mais do que deveria), vislumbrei cem mil cenários, todos apocalípticos, nos quais ora era calado, ora passava fome e ora era simplesmente aniquilado num desses expurgos tão ao gosto dos (aqui não tem como fugir da palavra) canalhas.

Dessa fantasia sombria, sorrateiramente sussurrada em meu ouvido pelo tinhoso alagoano e seus tuiteiros amestrados, nasce o medo, quando não o desespero. Acontece comigo. Acontece com muitos dos meus leitores (menos os que consideram a aliança com o djãnho maquiavelicamente necessária). Acontece com milhões de pessoas que, intuitiva ou racionalmente, veem nesse recorte histórico um prenúncio da tragédia que sempre é uma tirania.

E o desespero, sabe todo mundo que já leu a Bíblia, C. S. Lewis ou simplesmente já provou desse pão amassado pelo dito-cujo, é um dos instrumentos preferidos do tisnado. É no desespero que palavras como “canalhas!” se impõem. No desespero, não há espaço para a compreensão ou reflexão e todos ao redor agem apenas preocupados em garantir o dinheiro de uma mamata qualquer. No desespero, de repente até o ato mais sórdido de censura é visto como virtude, porque promete uma saída ilusória de um túnel escuro (daí o desespero) igualmente ilusório. Ou melhor, ardilosamente ilusório.

União virtuosa
Ao longo da semana, muito se falará sobre a artimanha do Danador & Azinhavre para intimidar a imprensa e o trabalho de gente que simplesmente enxerga o mundo por um outro prisma. E o desespero, prevejo, ditará o tom das discussões. Não sem um tiquinho de razão, usarão palavras como “canalha” e mencionarão Venezuela e Argentina e a possibilidade (a meu ver, muito real) de estarmos passando por um golpe cozido em banho-maria. Ou seria banho-Barroso?

Mas talvez valha a pena respirar fundo, engolir em seco, conter o grito de “canalhas!” e resistir ao sedutor desespero. Porque se o joio tomou conta do trigal e a perseguição ideológica já é uma realidade, e me parece que é, ela não será vencida pelo insulto prazeroso, mas inútil. Mais do que nunca, é preciso que os bons se unam em torno do objetivo virtuoso de impedir que o desespero de hoje se transforme no inferno de amanhã.


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PRESIDENTE DA CÂMARA NÃO QUER O VOTO IMPRESSO

 

Por
Guilherme Fiuza – Gazeta do Povo

Lira conversa com Fux: ele “acha” que o projeto do voto auditável não passa na comissão especial.| Foto: Luis Macedo/ Câmara dos Deputados

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, resolveu dizer que “acha” que o projeto do voto auditável não passa na comissão especial. Ele tirou essa profecia da cartola numa live onde estava também Gilmar Mendes, o ministro do STF que faz política diuturna contra o governo federal. Quem dissesse qualquer coisa contra o presidente da República nessa live, direta ou indiretamente, estaria em casa. Você sabe como funciona a resistência cenográfica. E o que o presidente da Câmara estava fazendo nesse videogame?

A proposta de emenda à Constituição que institui o sistema de auditagem das eleições através da impressão dos votos registrados foi aprovada na Comissão de Constituição e Justiça. Seguiu para a comissão especial e, após uma sequência de audiências técnicas sobre as vulnerabilidades do sistema atual e o aumento da segurança com o sistema proposto, formou maioria pela aprovação da emenda. Aí os ministros do STF Luis Roberto Barroso (que preside o Tribunal Superior Eleitoral) e Alexandre de Moraes entraram em campo.

A dupla de representantes do Poder Judiciário reuniu mais de uma dezena de líderes partidários para dizer o que o Poder Legislativo deveria fazer – e deu-se o milagre: os partidos substituíram vários de seus representantes na comissão especial e inverteram a maioria pela reprovação da emenda.

Traduzindo para quem ainda não entendeu: o STF/TSE operaram a comissão da Câmara – e não se sabe qual foi o bisturi usado, só que ele era muito bom. Essa intromissão ostensiva dos emissários do STF na Câmara dos Deputados se deu nas barbas do presidente dessa mesma Câmara dos Deputados – e o que ele tem a dizer sobre isso? Que “acha” que a emenda “não passa” na Comissão…

Tem muita coisa estranha acontecendo, mas essa aí não tem nada de estranho. Se o deputado Arthur Lira não disser que se enganou, ou que não foi isso que quis dizer, ou que desistiu de ser deputado e virou analista político, ou vidente, ele está aliado aos cirurgiões de toga para barrar o aprimoramento da segurança das eleições no Brasil – um anseio de expressiva parcela da população, como ele já deve ter visto por todos os lados. Só não viu se tiver resolvido adotar o modo avestruz de Rodrigo Maia – um burocrata com alergia a povo cuja gestão desastrosa na presidência da Câmara foi criticada pelo próprio Arthur Lira no momento em que o substituiu no cargo. Mas as pessoas mudam. Vamos observar.

O deputado Arthur Lira disse que existe no Senado uma emenda para instituição do voto auditável e que seria melhor discuti-la do que gastar tempo na Câmara. É um distraído. Ele sabe que o projeto em torno do qual o país está mobilizado e cujos proponentes tiveram o expediente de esmiuçar em audiências técnicas está na Câmara. Ele sabe que a liderança, portanto, para levar adiante essa transformação está na Câmara. E disse que é melhor discutir a emenda que está no Senado. Esperteza demais engole o dono – e distração também.

O presidente da Câmara sabe que a comissão especial foi operada e que o país está gritando contra esse escândalo. Sabe que a maioria na comissão pode ser refeita a partir das pressões legítimas da população, que é quem manda no parlamento. E resolveu se antecipar com um “prognóstico” sobre o enterro deste anseio? Qualquer idiota sabe que esse “prognóstico” é tão natural quanto um elefante de asas.

Deputado Arthur Lira, fica aqui uma sugestão de coragem e transparência: deixe de lado essa conversa coreográfica com Gilmar Mendes & cia e assuma sua posição sobre o assunto. Diga que é contra o voto auditável. Diga isso de peito aberto ao povo brasileiro. E explique de viva voz suas razões. Quais são elas? Seja bastante claro nesse ponto. Porque se não for, o senhor irá automaticamente para o lugar da desconfiança com que todos os brasileiros de boa fé hoje veem a movimentação febril, quase desesperada, dos representantes do STF contra essa matéria – sem conseguir explicar por que passaram a se opor quase religiosamente a essa medida de segurança eleitoral.

Não tenha dúvidas, deputado Arthur Lira: todos os que estão nessa trincheira cega contra o voto auditável são hoje, aos olhos dos brasileiros, suspeitos. Até porque os entrincheirados de toga são os mesmos que, em outra manobra de arrepiar, reabilitaram o criminoso Lula da Silva para disputar essa mesma eleição que eles não querem que seja auditada de jeito nenhum. Deu para entender o enredo, não deu?

Ninguém de boa fé e um mínimo de discernimento no Brasil hoje tem dúvidas sobre esse enredo. Ou seja: todo mundo sabe que a democracia brasileira está numa encruzilhada. Escolha o seu lado, Arthur Lira.


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