terça-feira, 29 de junho de 2021

GOVERNO DESMENTE ACUSAÇÕES DE FRAUDE NA COMPRA DAS VACINAS

 

Compra de vacina sob suspeita
O Planalto contra-ataca: as estratégias do governo para reagir às acusações do caso Covaxin

Por
Rodolfo Costa – Gazeta do Povo
Brasília

Bolsonaro e seu núcleo de ministros e assessores mais próximos: reação às denúncias dos irmãos Miranda.| Foto: Marcos Correa/PR

A desqualificação da imagem do deputado Luis Miranda (DEM-DF) e a abertura de investigação contra o parlamentar são as apostas do governo para reduzir o desgaste político que vem sofrendo no caso Covaxin. Durante e após o depoimento de Miranda na última sessão da CPI da Covid, na sexta-feira (25), senadores governistas deixaram claras as estratégias do Palácio do Planalto para reagir às supostas irregularidades no processo de compra do imunizante.

Uma delas é manter as investigações sobre Miranda e seu irmão, Luis Ricardo Miranda, servidor de carreira do Ministério da Saúde. Na última quarta-feira (28), o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Onyx Lorenzoni, afirmou que o governo enviou ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, a solicitação de abertura de inquérito na Polícia Federal.

O governo acredita que uma investigação sobre os irmãos Miranda possa dar subsídios que apontem ilicitudes ou incoerências das acusações feitas pelos depoentes. “É muito importante entender o que levou o servidor a retirar um documento do SEI [Sistema Eletrônico de Informações] para apresentar ao irmão e ao presidente [Jair Bolsonaro] se ele mesmo já sabia que o documento tinha sido corrigido”, diz um interlocutor do Planalto à Gazeta do Povo.

Tão logo o erro do invoice (documento semelhante a uma nota fiscal que detalha aspectos de um contrato de importação) foi identificado, interlocutores do governo afirmam que o setor ao qual o servidor Luís Ricardo está lotado pediu a alteração.

“Por que hoje, três meses depois, com o documento corrigido, ele insiste em levar à imprensa o documento que já foi substituído? Qual o interesse dele em levar adiante uma narrativa que ele sabe ser inverídica”, pondera um segundo interlocutor palaciano ao defender as investigações sobre os irmãos Miranda.

O servidor da Saúde disse ter estranhado a pressão para autorizar a importação das doses da Covaxin em meio a inconsistências do invoice com o contrato. O documento previa a importação de 300 mil doses, enquanto o contrato previa 4 milhões. Já o pagamento, previsto para ser efetuado após a entrega, pelo invoice deveria ser feito de forma antecipada.

Governo foca em desqualificação da imagem de Luis Miranda
Outra estratégia do governo é desqualificar a imagem do deputado Luis Miranda e, consequentemente, colocar em xeque as denúncias apresentadas pelos irmãos na última sessão da CPI da Covid.

O primeiro a dar o tom da estratégia foi o senador Marcos do Val (Podemos-ES), ainda na CPI da Covid, com a tentativa frustrada em mostrar um vídeo de uma reportagem do programa Fantástico, da TV Globo, sobre Miranda ter praticado supostos golpes nos Estados Unidos. A transmissão foi interrompida por não ter relação com o depoimento. Os dois discutiram no intervalo da sessão e o senador chegou a empurrar o deputado durante a discussão.

Em entrevista à rádio Jovem Pan, Marcos do Val voltou a colocar Miranda sob suspeita. “É um cara que a gente tem que dar limites, se não, a gente avança e é capaz de dizer o que nunca foi dito”, disse em um primeiro momento. “Quem conhece o deputado federal, percebe que é um cara que fala demais e é pouco conteúdo”, avaliou, em outro comentário.

No sábado (26), pelas redes sociais, o senador Ciro Nogueira (PP-PI), presidente nacional do partido, procurou desqualificar Miranda. “Parece que muitos já esqueceram quem é, na verdade, o deputado Luís Miranda, que se colocou ontem como paladino da justiça durante a CPI da Covid”, comenta.

O senador Jorginho Mello (PL-SC), vice-líder do partido, foi outro a questionar a credibilidade das denúncias apresentadas por Miranda. “A pergunta do dia: você compraria um carro usado do deputado Luis Miranda?”, disse, pelas redes sociais, na sexta-feira. Durante o depoimento, ele também entrou em rota de colisão com Miranda e os dois discutiram durante a sessão.

“Erros formais” e pagamento não concluído da Covaxin: as outras defesas
O presidente Jair Bolsonaro adotou uma estratégia própria para tirar qualquer responsabilidade sobre as suspeitas envolvendo a vacina da Covaxin. “Não tenho como saber o que acontece nos ministérios, vou na confiança em cima de ministro, e nada fizemos de errado”, disse nesta segunda-feira (28) ao citar que são 22 ministérios. “Agora, os caras botam a narrativa ‘a vacina fissura o governo Bolsonaro no tocante à corrupção'”, disse.

Outra estratégia usada pelo governo junto à base governista no Senado é a de tratar as incongruências sobre os invoice como “erros formais” e sustentar que nenhum centavo foi desembolsado pela compra das 4 milhões de doses contratadas da Covaxin.

É o que dizem interlocutores do Planalto, ao citar os apontamentos feitos pelo senador Marcos Rogério (DEM-RO), líder do partido, em seus questionamentos e em entrevistas à imprensa. “Tudo que a oposição tem para apurar são meros erros formais em um processo administrativo de compra de vacinas onde não se pagou um centavo sequer deste contrato”, declarou, em entrevista à CNN Brasil.

A leitura feita no governo é que o parlamentar tem sido um dos mais enfáticos defensores nessa linha de estratégia definida pelo governo. Como afirmou o próprio Marcos Rogério, ele e outros senadores estiveram em duas ocasiões com o governo para conhecer o processo e as informações das acusações dos irmãos Miranda.

Segundo o senador, evitar dar palanque para a oposição foi um dos motivos de Bolsonaro não ter levado as suspeitas à Polícia Federal. “Caso o presidente Bolsonaro tivesse feito o que a oposição, hoje, denuncia que seria a obrigação dele, hoje a acusação da oposição seria outra, de que o presidente agiu sem a devida cautela, acusando o presidente de obstruir a compra de uma vacina, simples assim”, disse.

Outra argumentação usada pelo governo é de que, ao contrário do que argumentam os senadores do chamado G7 — os independentes e de oposição ao governo —, Bolsonaro não prevaricou ao tomar conhecimento das informações. “O presidente agiu como deveria agir, chamou o [ex-]ministro [da Saúde, Eduardo Pazuello]”, afirmou Marcos Rogério. O ex-ministro, por sua vez, teria ordenado que a pasta continuasse observando e monitorando o processo.


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ACUSAM O GOVERNO DE CORRUPÇÃO NA COMPRA DE VACINAS SEM PROVAS

 

Caso Covaxin

Por
J.R. Guzzo – Gazeta do Povo

Em depoimento à CPI da Covid, o deputado Luis Miranda (DEM-DF) disse que o presidente Jair Bolsonaro citou Ricardo Barros como o responsável por um suposto esquema na compra da vacina Covaxin.| Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senad

A primeira denúncia de corrupção no alto da administração Bolsonaro, após dois anos e meio de governo, começou mais ou menos ao contrário do roteiro normalmente seguido neste tipo de novela.

Denúncia de ladroagem, pelo modelo clássico, começa com a apresentação de fitas gravadas, um vídeo, uma foto, ou algo assim, mostrando que alguém cometeu alguma safadeza — ou que é altamente suspeito de ter cometido.

Pode haver também a divulgação de documentos, assinaturas, contratos ou notas fiscais. Às vezes há testemunhas de conversas ou de encontros — podem não ter sido gravadas ou filmados, mas alguém estava lá, viu e ouviu o que aconteceu. Pode haver, até mesmo, delação — premiada ou grátis.

Enfim: sempre, na denúncia de roubalheira, começa-se com as provas, ou com aquilo que o acusador diz que são provas. Depois, é claro, essas provas podem se revelar fracas, mal apresentadas ou falsas — mas é por aí que se começa sempre, pelas provas.

No caso da denúncia sobre a compra da Covaxin, episódio que por enquanto teve sua vida limitada ao ecossistema da “CPI” de Renan Calheiros e da mídia, está acontecendo exatamente o contrário. Primeiro apareceu o acusador, em meio à gritaria do circo armado dentro do Senado — mas provas mesmo, que é o que interessa, o homem diz que vai apresentar depois, se for “necessário”.

Como assim “se for necessário”? A prova é tudo o que realmente interessa numa denúncia de corrupção; não pode ser um detalhe, para se ver mais tarde. O deputado que veio com a denúncia diz que, se for “obrigado”, terá “como provar” o que está dizendo. Que história é essa? Ele acha que prova é algo opcional, que o sujeito mostra ou não — e todo mundo no comando da “CPI” leva a coisa perfeitamente a sério.

O pior é que o acusador fica ameaçando detonar todo mundo, na base do “me segura, se não eu vou ter de brigar”. Tira, põe, deixa ficar — e o que se tem de concreto até agora, após uma semana inteira de fim do mundo, é três vezes zero.

A “CPI” da Covid nasceu morta, porque nasceu mal intencionada. Fez questão, desde o primeiro minuto, de não investigar a verdadeira corrupção na administração da epidemia — a que foi praticada pelas “autoridades locais”, com a benção e permissão do Supremo Tribunal Federal. Em vez disso, dedicou-se de corpo e alma ao seu objetivo de fazer guerrilha política ao governo, na eterna esperança de virar a mesa que tem marcado cada passo e cada ato da oposição.

O governo é acusado, ao mesmo tempo, de retardar e de apressar a compra das vacinas. A denúncia de corrupção é uma falsificação grosseira. A histeria, a ignorância, a desonestidade e a falta de educação dos inquisidores só serviram, até agora, para converter os que já foram convertidos. É um balanço triste.


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FACTÓIDES POLÍTICOS COM A MORTE DE ASSASSINO

Redes Sociais
Já estão chorando a morte de Lázaro e xingando a políciaPolíticos aproveitam para engajar com a hashtag CPF cancelado e formadores de opinião caem na provocação, para variar.

Por
Madeleine Lacsko – Gazeta do Povo

Lázaro Barbosa foi capturado e morto na manhã de hoje em operação da polícia de Goiás.| Foto: Divulgação/Polícia Civil-DF

Alguns momentos são decisivos para a conexão entre o público e a imprensa. O desfecho do caso Lázaro é um deles. Vivemos uma situação de caos completo, uma pandemia cuja gravidade é inédita na história da humanidade, polarização política, luto, perdas financeiras, angústias e incertezas. A história do assassino Lázaro Barbosa à solta e da busca cinematográfica foi mais um elemento para abalar a saúde mental do país inteiro.

Na manhã de hoje, o governador Ronaldo Caiado anuncia o fim da perseguição com a frase “aqui não é Disneylândia de bandido”. Depois, soube-se que Lázaro está morto. Obviamente o povo comemorou, goste você ou não, a maioria das pessoas comemora morte de bandido. Daí, como polarização e ficar bem na própria bolha são mais importantes que o vínculo com o público, começa a defesa de Lázaro entre influencers e jornalistas brasileiros. Se cobrir vira circo, se cercar vira hospício.

É impressionante ver a pujança do negacionismo e das posturas anticientíficas justificadas por um bem maior. Entre formadores de opinião, qualquer crença maluca, fantasia ou clichê passa à categoria de realidade se for por boa intenção. A ideia de falar nesse momento sobre assassinato deliberado é terraplanismo do bem ou falta de vergonha na cara.

Estamos viciados num fluxo constante de informações e conclusões, mas não tem como acelerar o tempo dos fatos. Neste momento, qualquer afirmação sobre o ocorrido é fantasia, terraplanismo ou má-fé. Apenas quem estava ali sabe o que aconteceu, nós não. Ainda não há como saber, só como imaginar e optar por acreditar ou não em declarações de autoridades.

A cultura policial brasileira é violenta? Sim. É possível que, depois da novela toda de Lázaro, algum policial tenha atirado para matar deliberadamente? Sim. E também é possível que ele tenha aberto fogo contra os policiais. Estamos falando de uma pessoa capaz de insanidades que escapam à nossa capacidade de raciocínio. Vi pessoas afirmando com certeza o que ocorreu ali. É puro delírio, ainda não temos como saber.

Políticos oportunistas obviamente passarão o dia todo colhendo os frutos da expressão anticristã “CPF cancelado”. Muita gente aproveitará essa oportunidade de catarse das inúmeras dores e lutos que temos vivido. Dizer “CPF cancelado” para um assassino cruel, apesar de ser anticristão e ajudar a apodrecer a alma, parece muito libertador num primeiro momento. Vivemos a era da permissividade e indulgência, é difícil resistir às tentações da lama moral.

Enquanto houver otário, malandro não morre de fome. Se eu ainda trabalhasse com políticos, provavelmente orientaria a equipe a entrar na onda do “CPF cancelado” se ele não fosse cristão. É garantia de ir parar no noticiário, já que tudo quanto é jornalista vai repostar com muita indignação e, se o político tiver sorte mesmo, vai sair até matéria comentando que ele fez um post.

Vivemos a apoteose da superficialidade, essas coisas funcionam. Quando os jornalistas ficarem indignados com o político porque comemorou um assassinato, o público sente-se traído. Afinal, ele também comemorou efusivamente. Não sei, na verdade, se as pessoas realmente comemoram o assassinato em si ou o fim da incerteza, sei que comemoram. Cria-se, por meio da catarse coletiva, um vínculo entre o político e o público, de forma direta. Uma máquina de populismo.

Um dos principais desafios da imprensa brasileira é o combate à desinformação. No episódio Lázaro vemos como as decisões emocionais no cotidiano nos colocam na mão oposta. Os políticos que dizem “CPF cancelado” sustentam a versão fantasiosa de que foi um assassinato deliberado, o ideal de justiçamento que o público deles pede. Imediatamente, os jornalistas assumem essa versão e fazem o julgamento de valor oposto, de que é inaceitável. Tanto faz, é desinformação. Não se sabe ainda o que ocorreu, imagina-se.

A investigação do caso fica obviamente prejudicada com a morte de Lázaro. Morto não fala, não delata, não entrega documento. Há cúmplices dele presos. Essa história toda, fosse ficção, a gente diria que é exagero. Obviamente o melhor para a investigação é conseguir capturar o criminoso vivo, mas também é desinformação dizer à população que a prisão seria a forma mais eficiente de punição.

Eu discordo pessoalmente das soluções mais populares para endurecimento do sistema penal – como pena de morte, prisão em segunda instância e assemelhados – pela ineficiência na prática. São medidas demagógicas como a Lei de Crimes Hediondos e a nova Lei de Estupro. Mas a população tem todos os motivos do universo para reclamar da leniência do nosso sistema penal.

A necessidade de fazer oposição sistemática às ações da polícia e aos políticos que usam a expressão “CPF cancelado” levará a outra desinformação, a de que temos leis eficientes para casos como o de Lázaro. Não temos. Pedrinho Matador já anda dando entrevistas em podcasts por aí. No início dos anos 2000, fiz uma entrevista com ele. Dizia pedir para não ser solto nas audiências de custódia porque sabe que tem potencial para matar de novo. Está aí, solto. Todos lembramos o desfecho inacreditável do caso do Bandido da Luz Vermelha.

Nossas leis não preveem como lidar com casos que são exceções absolutas. Numericamente, os criminosos cinematográficos não são importantes. No entanto, eles têm um impacto grande sobre a forma como o cidadão avalia o sistema de Justiça. A avaliação é tão ruim que muita gente já acha melhor alguém decidir, à revelia da lei, dar um tiro no sujeito e acabar com a história.

Vi, nas redes sociais, muitos formadores de opinião argumentando que a população não enxerga como essa lógica da vingança termina contra ela própria. Se é lícito, neste caso, desobedecer a lei para acabar com a história na bala, por que não seria em outro? Vai que o cidadão que hoje posta “CPF cancelado” entra na fila do cancelamento. Pior que é verdade.

Da mesma forma é verdade que a reação emocional de jornalistas também não enxerga como toda a imprensa tradicional sai prejudicada nestes momentos. O bom jornalismo nunca foi tão necessário quanto nesses tempos em que a tecnologia turbina a desinformação. Engatar em ondas de desinformação para opor a desinformação de políticos ou influencers coloca o jornalismo em que lugar na visão do público?

Cheguei a ver argumentos do tipo “pela forma como carregaram o corpo, conclui-se que os policiais queriam matar”. É a chave de uma mensagem que circula por grupos de Whatsapp dizendo que não devemos comemorar assassinatos cometidos pela polícia. Eu comemorei a ciência finalmente ter reconhecido o valor da intuição e das práticas divinatórias. Ou é isso ou telepatia para adivinhar o ocorrido com base na forma como se carregou o cadáver.

E aí temos mais uma vez a apoteose da superficialidade. Pergunte a quem trabalha na área de segurança pública e a quem já vivenciou essas situações se há algo de irregular na condução do corpo. Não há. É chocante para quem tem a bênção de não estar acostumado. Concluir a partir do choque com uma cena dessas é direito, o direito de fantasiar com base em sentimentos fortes.

As redes sociais tornaram todos nós – público, jornalistas e influenciadores – viciados num fluxo frenético de informações e opiniões. O caso Lázaro é daqueles em que a realidade se impõe. Não é possível ter opinião porque ainda não sabemos os fatos. Tudo o que se está falando é sensação ou fantasia. Há momentos em que simplesmente não sabemos, o mundo sempre foi assim e não vai colapsar por isso.

Ah, mas você está feliz ou triste com a morte do Lázaro? Tem alguma coisa envolvendo a vida desse homem que não seja uma tragédia completa e um rastro de destruição? É um alívio que pare, mas eu não consigo deixar de pensar na dor que ele causou a um número enorme de pessoas, nas vidas que ele marcou para sempre com a crueldade. Feliz eu ficaria se ele jamais tivesse feito isso. Não dá para ficar feliz com nada que venha dele.

Vi outro dia uma entrevista da mãe do Lázaro. Eu sou mãe, chorei junto com ela. A gente sempre pensa que o pior pesadelo na vida de uma mãe é perder um filho, mas agora eu fiquei em dúvida. Imagina cuidar desde pequeno e depois aquele filho virar uma usina de desgraça e você não ter o que fazer. Se alguém causa uma dor dessas na própria mãe, eu avalio o que não faz com desconhecidos. E tinha comparsas e amigos. São coisas que a gente sabe que existem, mas não entende. Eu não entendo.

Vítimas de crimes têm um longo caminho para superar o trauma e a sensação de impotência e injustiça. Muitas acabam tendo toda uma vida roubada pelo criminoso, passam a definir a própria identidade pelo momento do crime. É como se o mal continuasse agindo mesmo depois de cessar. Eu desejo sinceramente que todas as vítimas, familiares e amigos consigam superar o Lázaro.

Neste momento, não temos como saber o que ocorreu. Confesso que, depois de viver tantos lutos na pandemia, não tenho mais paciência com quem não valoriza a vida. Sinceramente, quando soube da operação policial, pensei nas vítimas. Bom ou ruim, foi o desfecho para elas, suas famílias e amigos. Que consigam prosseguir.


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VACINAS QUE PRODUZEM LONGA IMUNIZAÇÃO

 

  1. Saúde 

Sugere estudo

As células imunológicas continuam se organizando para combater o coronavírus meses após a inoculação, relataram os cientistas

Apoorva Mandavilli, The New York Times

As vacinas feitas pela Pfizer-BioNTech e Moderna desencadeiam uma reação imunológica persistente no corpo e podem proteger contra o coronavírus por anos, relataram cientistas na segunda-feira.

As descobertas aumentam as evidências de que a maioria das pessoas imunizadas com as vacinas de RNA mensageiro talvez não precisem de reforços, desde que o vírus e suas variantes não evoluam muito além de suas formas atuais – o que não é garantido. As pessoas que se recuperaram da covid-19 antes de serem vacinadas talvez não precisem de reforços, mesmo que o vírus passe por uma transformação significativa.

“É um bom sinal de como nossa imunidade com esta vacina é durável”, disse Ali Ellebedy, imunologista da Universidade de Washington em St. Louis que liderou o estudo, o qual foi publicado na revista Nature.

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Placa mostra locais de aplicação de vacinas na Califórnia, Estados Unidos Foto: REUTERS/Mike Blake

O estudo não considerou a vacina contra o coronavírus feita pela Johnson & Johnson, mas Ellebedy disse esperar que a resposta imunológica seja menos durável do que a produzida pelas vacinas de RNA mensageiro.

No mês passado, Ellebedy e seus colegas relataram que, em pessoas que sobreviveram à covid-19, as células imunológicas que reconhecem o vírus permanecem quiescentes na medula óssea por pelo menos oito meses após a infecção. Um estudo realizado por outra equipe indicou que as chamadas células de memória, ou células B, continuam amadurecendo e se fortalecendo por pelo menos um ano após a infecção.

Com base nessas descobertas, os pesquisadores sugeriram que a imunidade pode durar anos, possivelmente a vida inteira, em pessoas que foram infectadas com o coronavírus e posteriormente vacinadas. Mas não estava claro se a vacinação por si só poderia ter um efeito similar de longa duração.

A equipe de Ellebedy tentou resolver essa questão olhando para a origem das células de memória: os nódulos linfáticos, onde as células imunológicas são treinadas para reconhecer e combater o vírus.

Após uma infecção ou vacinação, forma-se nos nódulos linfáticos uma estrutura especializada chamada centro germinativo. Essa estrutura é uma espécie de escola de elite para células B – um campo de treinamento onde elas ficam cada vez mais sofisticadas e aprendem a reconhecer um conjunto diversificado de sequências genéticas virais.

Quanto mais amplo for o alcance e quanto mais tempo essas células tiverem de treino, maior será a probabilidade de serem capazes de impedir as variantes do vírus que possam surgir.

“Todo mundo sempre se concentra na evolução do vírus – isso mostra que as células B estão fazendo a mesma coisa”, disse Marion Pepper, imunologista da Universidade de Washington em Seattle. “E isso vai proteger contra a evolução contínua do vírus, o que é realmente animador”.

Após a infecção pelo coronavírus, o centro germinativo se forma nos pulmões. Mas, após a vacinação, a educação das células ocorre nos gânglios linfáticos das axilas, ao alcance dos pesquisadores.

Ellebedy e seus colegas recrutaram 41 pessoas – entre elas oito com histórico de infecção pelo vírus – que foram imunizadas com duas doses da vacina Pfizer-BioNTech. A equipe extraiu amostras dos gânglios linfáticos de 14 dessas pessoas três, quatro, cinco, sete e quinze semanas após a primeira dose.

Esse trabalho meticuloso faz com que este seja um “estudo heroico”, disse Akiko Iwasaki, imunologista de Yale. “É muito difícil fazer esse tipo de análise cuidadosa em humanos ao longo do tempo”.

A equipe de Ellebedy descobriu que, quinze semanas após a primeira dose da vacina, o centro germinativo ainda estava altamente ativo em todos os 14 participantes e que o número de células de memória que reconheceram o coronavírus não tinha diminuído.

“O fato de as reações terem continuado por quase quatro meses após a vacinação é um sinal muito, muito bom”, disse Ellebedy. Os centros germinativos geralmente atingem o pico uma a duas semanas após a imunização e, em seguida, diminuem.

“Normalmente, em quatro a seis semanas, não sobra muita coisa”, disse Deepta Bhattacharya, imunologista da Universidade do Arizona. Mas os centros germinativos estimulados pelas vacinas de RNA mensageiro “ainda estão ativos meses depois e não diminuem muito na maioria das pessoas”.

Bhattacharya observou que a maior parte do que os cientistas sabem sobre a persistência dos centros germinativos se baseia em pesquisas com animais. O novo estudo é o primeiro a mostrar o que acontece em humanos após a vacinação.

Os resultados sugerem que a grande maioria das pessoas vacinadas estará protegida a longo prazo – pelo menos contra as variantes existentes do coronavírus. Mas adultos mais velhos, pessoas com sistema imunológico fraco e aqueles que tomam medicamentos que suprimem a imunidade podem precisar de reforços; pessoas que sobreviveram à covid-19 e foram posteriormente imunizadas talvez nunca precisem de doses de reforço.

É difícil prever exatamente quanto tempo durará a proteção das vacinas de RNA mensageiro. Na ausência de variantes que driblem a imunidade, em teoria a imunidade pode durar a vida toda, dizem os especialistas. Mas o vírus está claramente evoluindo.

“Qualquer coisa que realmente exigisse um reforço viria de uma variante, não de uma redução da imunidade”, disse Bhattacharya. “Eu simplesmente não vejo isso acontecendo”. /Tradução de Renato Prelorentzou

segunda-feira, 28 de junho de 2021

DJ ALOK FAZ DOCUMENTÁRIO COM ÍNDIOS

‘Parei de pensar como parte de uma indústria’, diz Alok, que filma documentário com indígenas


Sonia Racy – Jornal Estadão

O DJ Alok. Foto:Mila Petrillo

Alok costuma brincar que teve três filhos no ano passado: os bebês Ravi, em janeiro, e Raika, em dezembro, e o instituto de filantropia que leva o seu nome. A empreitada, comandada pelo tio do artista, recebeu inicialmente do DJ sobrinho investimento de R$ 27 milhões. Desde que começou a trabalhar no terceiro setor, na construção de uma escola no Malawi, em 2015, Alok maneja a bem sucedida carreira com o envolvimento em causas humanitárias. No momento, ele filma um documentário sobre musicalidade e cultura indígena. E atribui a mudança na maneira como cria sua música ao primeiro contato que teve com a etnia Yawanawá, do Acre. “Lá, eu vi que eles usam a música como cura. Enxerguei o instrumento que eu tinha e parei de pensar só como parte de uma indústria”, disse o  brasileiro mais ouvido no exterior  pela plataforma de streaming Spotify à repórter Marcela Paes. Leia abaixo a entrevista:

Como surgiu seu interesse no tema da cultura indígena?

Desde muito novo eu tive um certo contato com a cultura indígena. Meu pai, que também é DJ (e criador do longevo festival Universo Paralello), sempre abria os shows dele com uma música guarani. Eles sempre estiveram ali comigo, mas nunca de uma forma profunda. Mais ou menos há seis anos, ouvi uma música da etnia Yawanawá e me empolguei para conhecer a cultura de quem tinha feito aquilo. Essa música mexeu muito comigo. Parei tudo e fui para lá, para uma aldeia no Acre. 

Como foi a experiência na aldeia?

Chegar lá já foi uma coisa. Peguei um voo, depois seis horas de carro. Só que quando eu cheguei na estrada dei de cara com um protesto de indígenas. Carreguei minhas coisas e fui andando, depois peguei carona com um caminhoneiro. Até que chegamos no rio e foram nove horas subindo contra a correnteza em um barquinho. Estávamos quase chegando e começa a desabar a maior chuva. Eu só pensei: o que eu estou fazendo aqui? (risos). Mas assim que eu pisei lá tive a sensação de que já tinha visto aquele lugar.

Como assim?

Eu fui para captar o som deles, mas o que era para ser uma experiência profissional acabou sendo algo muito mais profundo, de alma. Passei a entender muito mais sobre a cultura indígena, e a partir do momento que você entende, você passa a respeitar sem prejulgamento. Participei de todas as cerimônias, de todos os rituais, tomei o veneno do sapo, fiz tudo. Foi muito forte, foi realmente uma limpeza. 

Mudou algo na maneira como você pensava?

Sim. Eu ressignifiquei a maneira como eu criava. Eu fazia música seguindo uma fórmula, era pensado para funcionar nas rádios. Por mais diferente que eu tentasse ser, sempre caía naquela forma. Lá, eu vi que eles usam a música como cura, não só fisiológica, mas emocional também. Enxerguei o instrumento que eu tinha e parei de pensar só como parte de uma indústria. Passei a fazer coisas com sentimento, algo que fosse mais genuíno. E minha carreira se transformou. Meus maiores sucessos vieram depois disso.

Esse documentário vai por esse sentido, não?

Sim. Fiz um trabalho de ayahuasca (chá alucinógeno, feito de uma mistura de ervas amazônicas) e tive uma mensagem muito forte que dizia: Alok, não importa se você é o número um, o que importa é que você faça a diferença. Quando tomei de novo, este ano, me perguntei o que seria o futuro e a resposta foi que o futuro é ancestral. Aí caiu a ficha que eu precisava me reconectar novamente com os indígenas. Parei toda a minha vida para isso.

Na semana passada tivemos protestos de indígenas contra o PL490/2007, que dificulta a demarcação de terras indígenas. Acha que a cultura dos índios é valorizada no País?

Não, de forma alguma. Até o que aprendemos na escola é errado do começo ao fim. Toda narrativa é contada pelo olhar do colonizador. Tento ressignificar isso nessa série documental. Me posiciono totalmente contra esse projeto.

Você tem números de streaming expressivos no exterior. A carreira internacional foi algo que você sempre quis? 

Sempre tive um olhar mais internacional. Antes, sentia que no Brasil a música eletrônica não tinha reconhecimento. Temos uma cultura musical muito singular aqui. O nosso top 50 do Spotify destoa totalmente do resto do mundo. Fui morar em Londres justamente por isso. E o fato de eu fazer músicas em inglês e de ser eletrônica me ajuda a ecoar fora do País.

Mas você também tem um alcance grande dentro do Brasil.

É. Ok, eu sou o brasileiro mais ouvido no mundo. É muito legal. Mas eu ser o sexto brasileiro mais ouvido no País é o que me chama a atenção. Para um DJ, sabe? 

Hoje há mais aceitação para a música eletrônica brasileira?

A eletrônica vive o que vive hoje no Brasil porque em certo momento o dólar disparou e os produtores não conseguiam mais trazer gringos para tocar aqui com tanta facilidade. Passamos a ocupar esse lugar. Antes a influência vinha de fora, mas depois passamos a fazer o Brazilian Bass e esse som foi dominando, passou a ser o nosso referencial. Esse estilo se tornou o que, no exterior, chamam de Slap House, e é o que mais toca hoje no mundo. Brinco que os gringos vieram aqui, pegaram o açaí e jogaram um leite condensado por cima (risos). 

Seus pais são DJ’s e seu irmão também. Seguir por esse caminho foi incentivado na sua família?

Por mais que você fale, seus filhos não vão fazer nada do que você fala. Eles vão querer fazer o que você faz. No início, meus pais falaram para eu não ser DJ, queriam que eu focasse nos estudos, que eu me formasse, mas eu insisti. Teve uma época em que eu fiquei em dúvida porque estava difícil a carreira, eu tive alguns prejuízos organizando festas, mas aí meu pai me disse: ‘Olha, se eu tivesse o talento que você tem, eu já estaria voando, viajando!’.

No ano passado você criou o Instituto Alok, com uma doação inicial de R$ 27 milhões, além de ter doado cilindros de oxigênio para hospitais. Qual o papel da filantropia na sua vida? 

Hoje é uma das razões da minha vida. Não faria sentido viver o que eu estou vivendo e não poder fazer essas transformações. Tive três filhos em 2020: o Ravi nasceu em janeiro e a Raika e o instituto, em dezembro. O Instituto me ajuda a fazer o que eu já vinha fazendo de uma forma mais organizada. Trouxe meu tio, Bhaskar, para tocar o projeto. É legal porque o principal ativo do instituto não são os R$ 27 milhões, mas a presença das pessoas.

Você acha que a cultura da doação ainda é escassa no Brasil?

Tenho duas percepções. Há um tempo eu quase joguei a toalha, sabe? Nessa época, em 2015, eu estava levantando o projeto da escola na África e pedia ajuda para amigos e conhecidos, mas as coisas não vinham. Só que depois eu comecei a me conectar com as pessoas certas e isso me deu esperança. Mas está longe de ser o suficiente. Às vezes as pessoas falam: vou dar dinheiro para as crianças, mas para os pais, não. E quem cuida das crianças? 

 Você acha que a pandemia mudou a cabeça das pessoas com relação a isso?

Em um primeiro momento, sim. Fiquei feliz de ver as pessoas fazendo lives para arrecadar fundos. Mas hoje não temos mais tantas. O País está numa condição pior de desemprego, então isso teria que estar maior.  

 Recentemente você virou o rosto de uma plataforma de investimentos. Como você escolhe o tipo de publicidade que faz?

Não faço mais campanhas publicitárias que não tenham um sentido maior pra mim. Quero parcerias para criar junto. No caso da TC, eu fiz por uma vontade de levar conhecimento financeiro para as pessoas. Depois que eu comecei a aprender sobre isso, eu vi como o leque se abriu. Não é só uma questão de investir na bolsa, mas de educação, de gerenciamento do próprio dinheiro.

Li que seu tio Bhaskar mantém um retiro de meditação na Chapada dos Veadeiros. 

Há muito tempo meu tio largou tudo para ir atrás dessa espiritualidade. Ele foi discípulo do Osho, até aparece na série Wild Wild Country. Aí, no meio da pandemia, eu ligo pra ele e pergunto: tudo bem aí no retiro? Porque agora você vai ter que colocar sua meditação em prática (risos). Ele é a melhor pessoa para tocar o instituto.

Você citou experiências com Ayahuasca e sua família tem uma conexão com meditação. A busca espiritual é algo importante para você? 

Sim. Eu tenho uma dificuldade enorme de silêncio, o meu silêncio. É muito louco. Mas toda vez que eu medito com alguém, meditação guiada, é muito lindo pra mim. Com relação à Ayahuasca, eu acho que a Ayahuasca é pra todos, mas nem todos são para o Ayahuasca, sabe? Em muitos lugares não é utilizado da forma correta, quem usa medicação tarja preta não pode tomar. Eu tomei para intensificar a conexão comigo. Mas sendo bem sincero, acho que não precisamos buscar nada externo para nos conectarmos com o divino, com a espiritualidade. Está tudo dentro da gente.

 

ELETROBRAS INVESTE POUCO

 

  1. Economia 

Após obter sinal verde para a privatização, estatal tem desafio de elevar investimentos; desde 2017, a média foi de R$ 1,9 bilhão ao ano

Renée Pereira, O Estado de S.Paulo

Eletrobrás passou os últimos quatro anos arrumando a casa para ser privatizada e atrair investidores. Nesse período, a estatal reduziu o quadro de funcionários, cortou despesas e vendeu algumas subsidiárias. Como resultado, os indicadores de alavancagem tiveram melhora, o caixa dobrou e o valor de mercado da companhia saltou 155%, para R$ 69 bilhões. 

A capacidade de investimento, no entanto, continuou limitada pelas travas do governo para a estatal se endividar, afirmam especialistas. De 2017 para cá, a média de investimento foi de R$ 1,9 bilhão ao ano, conforme dados da consultoria Economática. No período anterior, quando havia grandes projetos, a média chegou a R$ 10 bilhões. Esse é um dos principais argumentos a favor da privatização.

Espera-se que, sem as travas estatais, a companhia possa dar andamento à sua expansão, interrompida desde a emissão da Medida Provisória 579, no governo Dilma Rousseff. A estatal teve prejuízos bilionários por causa da renovação dos contratos de geração de suas usinas a um valor que cobria apenas o custo de manutenção – por causa da regra para reduzir o preço da energia.

Além disso, a companhia também foi envolvida em esquemas de corrupção descobertos pela Operação Lava Jato, o que afetou ainda mais sua capacidade de investimento. “Com a capitalizalização e uma gestão mais eficiente, a expectativa é destravar investimentos relevantes para o aumento da capacidade de geração e transmissão de energia da estatal”, diz Caio Loureiro, advogado de infraestrutura do escritório Cascione Pulino Boulos Advogados. 

eletrobras
Papel. Eletrobrás responde por 1/3 da geração do País Foto: Fabio Motta/Estadão

Embora seja a terceira vez que o governo federal tenta vender a estatal, especialistas – defensores da privatização, como Elena Landau – criticam a forma atribulada como o processo tem sido conduzido. Primeiro porque, segundo a economista, uma operação dessa envergadura não deveria ser feita por meio de uma MP e com a inclusão de políticas públicas.

Para Daniel Martins, diretor da área de energia elétrica da consultoria Roland Berger, a privatização deveria trazer benefícios de melhor alocação de recursos, que gerasse mais lucros e maior arrecadação para o governo. “É preciso criar uma forma de gestão mais alinhada aos negócios”, diz. Mas, ao trazer os “jabutis” para dentro da MP, o processo fica comprometido e afeta o acesso ao capital.

Outra crítica vem do modelo de privatização. O governo optou pela capitalização da empresa em que vai diluir sua participação e deixar de ser controlador. Mas a expectativa é que tenha em mãos a chamada golden share, um instrumento que dá poder de veto ao governo. Para Martins, a inclusão desse mecanismo não deveria ser motivo para afastar investidores. “Na Europa, algumas privatizações têm esse instrumento. Mas uma golden share na Inglaterra não é igual a uma no Brasil.” Isso porque o governo tem um histórico de intervenção em estatais.

Na prática, isso acaba afastando investidores e compromete a precificação das ações para a capitalização. “Qualquer medida que possa diminuir a autonomia da empresa reduz o apetite do investidor”, diz o sócio do escritório BMA Advogados, José Guilherme Berman. 

Na avaliação de Martins, a inclusão de políticas públicas na MP e a golden share podem criar uma seleção adversa. Isso significa que alguns investidores podem ficar de fora do processo por preocupações com o futuro. Mas haverá o interesse de outros atores, que não se incomodam com essas questões e estão de olho no potencial da companhia – que detém a maior capacidade de geração do País e a maior rede de transmissão.

“Alguns grupos, comoEngie AES Tietê, estão se posicionando para a transição energética e, nessa estratégia, a Eletrobrás pode ser um negócio importante”, diz o ex-executivo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Nelson Siffert, pesquisador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel), da UFRJ. 

Tamanho. Hoje a estatal é responsável por quase um terço da capacidade instalada do País, mas nem tudo vai entrar na capitalização. Dos 51.143 megawatts (MW) do grupo, 15.990 MW ficarão de fora. Essa é a geração de Itaipu Binacional e Angra 1 e 2. As duas empresas continuarão sob controle estatal. Além de FurnasEletronorte e Chesf, a holding detém participação em 83 Sociedades de Propósito Específico (SPEs). 

Ao longo dos últimos anos, a Eletrobrás vendeu quase 100 SPEs e sete distribuidoras deficitárias, que prejudicavam o desempenho financeiro do grupo. Isso aliado ao Plano de Demissão Voluntária (PDV), que ajudou a reduzir o quadro de pessoal de 26 mil para 12 mil, e ao Centro de Serviços Compartilhados entre as estatais do grupo, permitiu um corte de 40% nas despesas da companhia. 

“Pudemos reduzir a alavancagem da empresa de 8,8 vezes a sua geração de caixa anual (Ebitda) para menos de 2 vezes. Revertemos todos os R$ 30 bilhões de prejuízos acumulados de 2012 a 2015, e em menos de quatro anos (2016 a 2020) acumulamos mais de R$ 32 bilhões de lucro”, afirma o ex-presidente da estatal, Wilson Ferreira Jr.

O analista da Fitch Ratings, Wellington Senter, afirma que a expectativa é que a capitalização movimente cerca de US$ 5 bilhões (R$ 25 bilhões). Esse valor ficaria no caixa da empresa, mas como está prevista a renovação antecipada de concessões de 26% da capacidade instalada da empresa, parte do valor seria repassado ao governo por meio de pagamento de outorga. “A Eletrobras terá uma nova concessão de trinta anos para os ativos envolvidos e poderá recontratar essa capacidade com melhores condições comerciais”, diz.

NOVO JEITO DE VENDER MAIS

 

Mauro Condé – Autor do Blog do Maluco

“Não dependa da esperança dos resultados …

No final, é a realidade do relacionamento pessoal que salva tudo.”

A frase inspiradora do dia de Thomas Merton



Para ilustrar esse post, escolhi a Obra De Arte, a Pintura :

O vendedor de fósforos, de Otto Dix

Esta é uma tela de 1920, que está exposta na Alemanha, no Kunstmuseum, em Stuttgart.

Nessa pintura Dix expõe, quase fotograficamente, o descaso dos passantes diante do sofrimento de um ex-soldado cego e paralítico.

A produção dessa fase do artista constitui uma espécie de crônica ácida e indignada do ambiente alemão do período, o que vale a sua prisão em 1939 e a condenação de sua obra como arte degenerada.

O pintor e gravador alemão Otto Dix foi considerado um dos maiores  nomes dessa linhagem expressionista.

A sua obra  flagra a hipocrisia e frivolidade da sociedade berlinense do pós-guerra.

Eu escolhi essa pintura para homenagear todos os vendedores do mundo – que saem de casa todos os dias para serem “rejeitados” e transformam habilmente esta rejeição num doce desafio de vida. Um vendedor de imóveis que o diga, quantas rejeições ele não precisa enfrentar antes de fechar um negócio e no final, ele sempre vence.


DESCOBERTO NOVO JEITO DE VENDER MAIS

Quando o assunto é vendas, meu livro de cabeceira é o “Método SPIN” de Neil Rackham.

Eu o descobri durante uma pesquisa para encontrar a técnica mais recente para ter sucesso em vendas. Até então o máximo que eu achava eram pilhas de livros escritos sobre novas técnicas de marketing e não de vendas.

Dentro do Método SPIN encontrei algo que mudou para melhor meu pensamento e meu comportamento sobre a arte da venda.

Querendo descobrir como obter mais sucesso em vendas, o autor se lançou num trabalho de pesquisa sobre os métodos mais modernos e mais bem sucedidos do mundo a respeito da arte de vender nos dias de hoje.

Após 12 anos de pesquisa e milhões de dólares investidos, criou o método SPIN com a compilação das melhores e mais modernas técnicas de vendas.

Um dos seus grandes achados foi a conclusão de que os melhores vendedores do mundo não enfrentam nenhuma objeção ou resistência aos seus produtos, eles simplesmente as evitam.

Neil descobriu analisando os casos de maior fracasso em vendas que, em 100% das vezes, quem criava as objeções aos produtos eram os próprios vendedores e não os compradores.

Ele descobriu que para ser mal sucedido numa venda, o vendedor tinha que adotar um comportamento de ficar falando sem parar sobre uma lista enorme de características que seus produtos possuíam.

Este comportamento de listar características para impressionar gerava na mente do comprador um pré-conceito sobre o preço do produto, levando-o a crer que para ter tudo aquilo que o vendedor estava descrevendo, o produto deveria custar o olho da cara (mesmo sem saber ainda qual era o preço).

Quando às características, o vendedor acrescentava as vantagens associadas às mesmas, o vendedor só conseguia aumentar ainda mais as objeções dos clientes.

O autor descobriu que os vendedores mais inteligentes e mais bem sucedidos não perdiam tempo listando características ou vantagens de seus produtos, ao invés disto eles se concentravam em demonstrar para seus clientes/compradores os seus benefícios ou como eles atendiam ou superavam as necessidades explícitas dos clientes.

Focar nos benefícios, no quanto o cliente ganha de volta em termos financeiros ou psicológicos para resolver em definitivo os seus problemas, torna a venda automática.


BENEFÍCIO É A DIFERENÇA ENTRE O VALOR QUE O CLIENTE PAGA PELO SEU PRODUTO OU SERVIÇO  E O VALOR QUE ELE RECEBE DE VOLTA POR USÁ-LO PARA SOLUCIONAR OS SEUS PROBLEMAS E AINDA REDUZIR AS PERDAS FINANCEIRAS E OU PSICOLÓGICAS QUE ELES CAUSAVAM.


Afinal vender é mais do que satisfazer necessidades. Vender é remover obstáculos!

*Condé é palestrante, consultor e fundador do blog do Maluco.

Para encerrar este post com chave de ouro, escolhi como trilha sonora, uma música que inspira muito as pessoas na melhoria de seus relacionamentos pessoais, a base do sucesso em vendas –

Ouça “The Beatles – Here, There And Everywhere ” dos Beatles

A Startup Valeon é uma Plataforma Comercial marketplace daqui da região do Vale do Aço, que visa divulgar as Empresas Comerciais, Prestadores de Serviços e Profissionais Liberais que desejam expor os seus produtos e promoções disponível online para milhares de internautas através de uma vitrine aberta na principal avenida do mundo, 24 horas por dia, 7 dias da semana.

A sua empresa fica visível para melhores de pessoas que nem sabiam que ela existe.

A Startup Valeon através do seu site, é o canal de vendas do Vale do Aço, tem tudo que você precisa.

A Startup Valeon procura dessa forma preencher um vazio existente na comunicação online do comércio e empresários de vários setores produtivos da região que não conseguem atingir os consumidores por outros meios de comunicação.

Em um mercado cada vez mais competitivo, sabemos que as vendas são a segurança que toda empresa tem de se consolidar em sua área de atuação. Com o avanço da tecnologia, especialmente na área digital, negócios investem cada vez mais em mídias sociais para conquistar novos clientes. Sendo assim, anunciar em marketplace como o da Startup Valeon é uma das opções mais favoráveis para divulgar produtos e serviços na nossa região.

Por isso, devem ser disponibilizados todos os recursos que essa plataforma oferece para alcançar resultados ainda melhores.

Apresentamos o nosso site que é uma Plataforma Comercial Marketplace que tem um Product Market Fit adequado ao mercado do Vale do Aço, agregando o mercado e seus consumidores em torno de uma proposta diferenciada de fazer Publicidade e Propaganda online, de forma atrativa e lúdica a inclusão de informações úteis e necessárias aos consumidores como:  

• Publicidade e Propaganda de várias Categorias de Empresas e Serviços; • Informações detalhadas dos Shoppings de Ipatinga;                                                                                                                    • Elaboração e formação de coletânea de informações sobre o Turismo da nossa região;                                                                                                            • Publicidade e Propaganda das Empresas das 27 cidades do Vale do Aço, destacando: Ipatinga, Cel. Fabriciano, Timóteo e Caratinga;                                                                                                                  • Ofertas dos Supermercados de Ipatinga;                                                                                                                     • Ofertas de Revendedores de Veículos Usados de Ipatinga;                              • Notícias da região e do mundo;                                                                                                                         • Play List Valeon com músicas de primeira qualidade e Emissoras de Rádio  do Brasil e da região;                                                                                                                                                                                            • Publicidade e Propaganda das Empresas e dos seus produtos em cada cidade da região do Vale do Aço.                                                                                                                                                                 • Fazemos métricas diárias e mensais de cada consulta às empresas e seus produtos.

Nossos contatos: Fones: (31) 3827-2297 e (31) 98428-0590 (Wpp) E-MAIL: valeonbrasil@gmail.com Site: https://valedoacoonline.com.br

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