quinta-feira, 1 de abril de 2021

DESENVOLVIMENTO SOCIAL E GOVERNANÇA DEVERIA SER O PRINCIPAL NO GOVERNO

 

José Renato Nalini* – Jornal Estadão

José Renato Nalini. FOTO: ALEX SILVA/ESTADÃO

Não é invenção brasileira. Mas já tem sido invocado e chegou ao STF. A situação em que o pacto fundamental não está sendo cumprido, ao menos conforme deveria sê-lo.

Depois de mais de cinquenta anos de atividade no sistema justiça, incluídos os cinco anos do Bacharelado, alguns concomitantes com a pós-graduação e exercício profissional e desde 1969 a exercer o Magistério, não me recordo de outro período em que o fenômeno da generalizada inconstitucionalidade estivesse tão evidente.

Inicie-se pelo preâmbulo. O constituinte pretendeu instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça, como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos.

Os direitos sociais estão em frangalhos. Precisa invocar a saúde? E a moradia? E a educação?

Sociedade fraterna, com o odiômetro à toda, a guerra de narrativas, as injúrias, ofensas e difamações inflacionando as redes sociais? Pluralismo, em que opinião diversa é considerada herética e quem pensa diferente é inimigo mortal? Sem preconceitos? O Brasil não é preconceituoso?

O preâmbulo fala em “solução pacífica das controvérsias” e o armamento da população é um convite à guerra civil. E há menção à “solução pacífica dos conflitos” no artigo 4º, inciso VII, enquanto se multiplica o número de armas de fogo, em nefasto mimetismo ao hábito norte-americano que causa tantas tragédias em solo ianque.

Os princípios fundamentais do artigo 1º deixam muito a desejar. Cidadania é o direito a ter direitos, na clássica visão de Hannah Arendt. Os brasileiros têm conseguido exercer em plenitude os seus direitos? A pandemia serviu para escancarar os milhões de “não cidadãos”: os invisíveis, os desvalidos, os informais, os desempregados, os sem teto, os sem esperança e sem perspectiva.

A dignidade da pessoa humana não está comprometida, com os brasileiros morrendo sem leito de UTI, sem vacinação no ritmo compatível com a necessidade de debelar a peste? Qual a dignidade de quem não tem emprego e não tem auxílio emergencial, testemunho da incúria do Estado?

Seria interessante prestigiar os valores sociais do trabalho, houvera trabalho para todos os nacionais. Quantos são os desprovidos desse “fundamento” do Estado Democrático de Direito?

Pluralismo político? Outra vez, o desrespeito pela postura que não mimetize aquela hegemonia, a ressurreição do conceito de amigo/inimigo de Carl Schmitt, (1888-1985), algo que serviu para pavimentar o curso nazi rumo à eliminação dos judeus.

Como é que todo o poder emana do povo, se a população desacredita da Democracia Representativa e não há sinal de que possa experimentar uma Democracia Participativa?

Os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil não parecem merecer especial empenho por parte do Estado. Construir uma sociedade livre, justa e solidária. Formalmente livre, é certo. Mas justa e solidária? Onde a justiça social, onde a solidariedade que, no preâmbulo, o constituinte qualificou de “fraterna”?

Garantir o desenvolvimento nacional. Que desenvolvimento? O único nome para o progresso é o progresso moral. E desenvolvimento hoje é sustentável. O que significa tutelar a natureza e não devasta-la, como se ordenou com a alusão a “soltar a boiada”, para o desmanche das estruturas protetivas, incentivo ao desmatamento, aos incêndios, à ocupação de terras públicas sem indenização e com expulsão dos indígenas das áreas demarcadas.

Enquanto o mundo leva a sério a tríade ESG, de Desenvolvimento, Social e Governança, na sigla em inglês, o Brasil dá mostras de um calamitoso retrocesso na trilha ecológica perseguida desde a década de setenta. Como se pode pensar em “erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais”, se há protecionismo para alguns segmentos e abandono da maioria?

Enfim, “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação” é um objetivo fundamental que parece ficção. Pois há toda espécie de preconceitos, inclusive incentivados, além de múltiplas maneiras de discriminar brasileiros.

Se todos os dispositivos da Constituição merecerem serena análise, não será difícil chegar à conclusão de que se existe mesmo essa figura do “estado de coisas inconstitucional”, mostraremos ao mundo como é que ele se manifesta.

Será que o Supremo Tribunal Federal, envolvido com os milhares de processos tópicos, casuísticos, com as infinitas repercussões gerais, com a tarefa de Justiça Criminal singular e de Segunda Instância dos Juizados Especiais, terá condições de uma análise a respeito de tal situação? Ou se resignará a dizer que só age quando provocado e que formulações exóticas cedem lugar à realidade formal, tão a gosto do Judiciário brasileiro?

*José Renato Nalini é reitor da Uniregistral, docente da pós-graduação da Uninove e presidente da Academia Paulista de Letras – 2021-202

EMPREENDEDOR É SINÔNIMO DE DINHEIRO NO BOLSO?

 

Empreendedor é aquele que…você sabe completar a frase? Conheça conceitos básicos do empreendedorismo por meio das visões de alguns autores.

Empreendedorismo é sinônimo de dinheiro no bolso? O ideal é que a resposta seja positiva. Mas, na prática, nem sempre é assim. Muita gente pensa que quem tem um negócio próprio, literalmente, nada no dinheiro – e toda pessoa que resolve e tem a coragem de empreender quer e merece, de fato, ter prosperidade.

No entanto, ser empreendedor não é, literalmente, ter esta garantia. Muito antes, ser empreendedor é ter a ousadia de colocar suas ideias em práticas. Quer entender melhor o que estamos tentando falar? Dê uma olhada, abaixo, no que alguns autores já convencionaram denominar de empreendedor.

Ser empreendedor significa ser um realizador, que produz novas ideias através da congruência entre criatividade e imaginação.

Conceitos de empreendedorismo

O economista austríaco Joseph A. Schumpeter, no livro “Capitalismo, socialismo e democracia”, publicado em 1942, associa o empreendedor ao desenvolvimento econômico.

Segundo ele, o sistema capitalista tem como característica inerente uma força denominada de processo de destruição criativa, fundamentando-se no princípio que reside no desenvolvimento de novos produtos, novos métodos de produção e novos mercados; em síntese, trata-se de destruir o velho para se criar o novo.

Pela definição de Schumpeter, o agente básico desse processo de destruição criativa está na figura do que ele considera como o empreendedor.

Em uma visão mais simplista, podemos entender como empreendedor aquele que inicia algo novo, que vê o que ninguém vê, enfim, aquele que realiza antes, aquele que sai da área do sonho, do desejo e parte para a ação.

Seguindo esse raciocínio, a professora Maria Inês Felippe, em seu suplemento Empreendedorismo: buscando o sucesso empresarial, defende a ideia de que o empreendedor, em geral, é motivado pela autorrealização e pelo desejo de assumir responsabilidades e ser independente.

O que leva alguém a ter o próprio negócio?

Mas você pode estar se perguntando: a pessoa nasce empreendedora ou ela se torna ao longo da vida com muita determinação, prática e estudo? Este artigo pode responder estas dúvidas.

Qual a importância do empreendedorismo?

O empreendedorismo é essencial nas sociedades, pois é através dele que as empresas buscam inovação, transformando conhecimentos e ideias em novos produtos que serão colocados no mercado.

A criação de empreendimentos contribui para a economia do país porque gera riquezas, aumenta a circulação econômica e cria mais oportunidades de empregos.

Também pode influenciar a melhora da qualidade dos produtos ou serviços que são oferecidos aos consumidores, por meio do aumento da concorrência entre empresas que oferecem serviços parecidos.

O empreendedorismo também ganhou uma nova missão social: ajudar a preservar o meio ambiente. Isso pode acontecer tanto pela conscientização dos consumidores sobre hábitos de consumo sustentáveis, como pela criação de produtos ecológicos, direcionados à preservação dos recursos naturais.

Características de um empreendedor

Ninguém nasce empreendedor. É o contato social e estudos que favorecem o desenvolvimento de talentos e características na personalidade, que podem ser fortalecidos ao longo da vida. Todos os contatos e referências irão influenciar diretamente no nível de empreendedorismo de uma pessoa, já que um empreendedor é um ser social. Abaixo, elencamos algumas peculiaridades encontradas nos diversos perfis de empreendedores:

  • Otimismo: não confunda otimista com sonhador. O otimista sempre espera o melhor e acredita que tudo vai dar certo no final, mas faz de tudo para chegar aos seus objetivos. Isso inclui, claro, mudanças em seu negócio. Já o sonhador não enxerga riscos, e mesmo que seu negócio esteja falindo, continua fazendo a mesma coisa por acreditar cegamente que basta sonhar para realizar.
  • Autoconfiança: acreditar em si mesmo é fundamental para valorizar seus próprios talentos e defender suas opiniões. Assim, esse tipo de empreendedor costuma arriscar mais.
  • Coragem: sem temer fracasso e rejeição, um empreendedor faz tudo o que for necessário para ser bem sucedido. Essa característica não impede que sejam cautelosos e precavidos contra o risco, mas os faz entender a possibilidade de falhar.
  • Persistência e resiliência: motivado, convicto e entusiasmado, um bom empreendedor pode resistir a todos os obstáculos até que as coisas finalmente entrem nos eixos. Ele não desiste facilmente, supera desafios e segue até o fim, sempre perseverante.

Quem reúne essas características já está em vantagem quando o assunto é empreendedorismo, mas isso não é suficiente. Para ter sucesso como empreendedor, em alguma atividade é fundamental ter um bom projeto, investir no planejamento e no plano de negócios. A seguir, listamos algumas dicas que podem ajudar quem quer empreender.

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EMPRESÁRIOS SÃO CONTRA A ALTERAÇÃO NA LEI DE PATENTES

 

Elizabeth de Carvalhaes*

01 de abril de 2021 | 06h00

Elizabeth de Carvalhaes. FOTO: DIVULGAÇÃO

A Lei de Propriedade Industrial (Lei 9.279/96) determina que o prazo de vigência de uma patente é de 20 anos contados da data do pedido junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). A Lei também tem um dispositivo alternativo que concede um prazo mínimo de 10 anos de vigência da patente, quando o INPI demora mais de uma década para avaliar o pedido e concedê-la. Pela Constituição de 1988, as patentes devem conferir privilégio temporário ao seu titular, cabendo a lei infraconstitucional defini-lo.

Há cinco anos, a constitucionalidade desse dispositivo alternativo – parágrafo único do artigo 40 da LPI – vem sendo discutida pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Quem defende a inconstitucionalidade afirma que o prazo mínimo de 10 anos tornaria patentes vigentes por prazo indeterminado. O julgamento da ADI 5529, inicialmente marcado para 26 de maio, foi agora antecipado para o dia 7 de abril.

O adiantamento ocorreu após a Procuradoria-Geral da República requerer tutela de urgência para que a decisão do STF fosse tomada imediatamente pelo relator. A justificativa dada pelo Procurador-Geral Augusto Aras foi que a medida seria importante para o combate à pandemia de Covid-19 e para garantir maior acesso a medicamentos pela população através do Sistema Único de Saúde. Cabe ressaltar ainda que o Procurador-Geral expressamente lista no pedido medicamentos cujas patentes não estão mais vigentes ou remédios que não tem registro junto à Anvisa, o que os impede de serem comercializados no país, ainda que patenteados.

E aqui cabe a primeira consideração: não existem medicamentos para tratamento ou cura de Covid-19 protegidos pela aplicação do dispositivo cuja constitucionalidade está sendo contestada. Ou seja, a decisão do STF pela eliminação do prazo mínimo de patentes da Lei brasileira não facilitará a produção de medicamentos aptos a combater a Covid-19. De fato, existem diversos protocolos experimentais. Para todos esses, são vários os medicamentos disponíveis, incluindo genéricos, no país. E vale ressaltar: a indústria nacional não tem capacidade instalada para produzir quantidades suficientes para enfrentar a pandemia. Não por outra razão, a presença de laboratórios globais é fundamental para aumentar a produção ou ainda garantir que haja deslocamento de produção de outras nações para nossos pacientes.

Toda a argumentação da tutela de urgência está relacionada ao setor farmacêutico. Mas o resultado prático imediato da eliminação do parágrafo único do artigo 40 afetará mais de 35 mil patentes em todas as áreas da economia, incluindo telecomunicações, eletroeletrônicos, agricultura e biotecnologia, dentre outros. Pouco mais de 4 mil patentes são da indústria farmacêutica. Serão afetadas também patentes de grandes laboratórios, de universidades públicas (USP, Unicamp, UFMG) e de empresas nacionais (Petrobrás e Embraer).

Em suma, eliminar o art. 40 parágrafo único é invalidar milhares de patentes que demoraram mais de 10 anos para serem concedidas em uma única decisão e isso afetará a economia nacional como um todo. Patentes estas que possuem prazo de vigência temporário: de 10 anos contados da sua concessão.

O parágrafo único do artigo 40 só é aplicado quando há excessiva demora na concessão da patente pelo Estado. A decisão por se ter duas possibilidades de prazo na Lei de Propriedade Industrial foi uma deliberação do Congresso Nacional na década de 90, justamente quando a lei foi reformulada para que o Brasil cumprisse com o TRIPS (acordo sobre Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio, da sigla em inglês) que é adotado por mais de 164 países vinculados à Organização Mundial do Comércio.

Caso o STF decida pela inconstitucionalidade desse prazo mínimo de 10 anos, haverá um impacto na segurança e previsibilidade para investimentos em tecnologia e inovação. Não teremos incentivos para que os agentes econômicos nacionais busquem novas invenções patenteáveis ou os estrangeiros tragam seus produtos para o mercado nacional. Tal decisão pode inclusive influenciar na entrada do Brasil na Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), já que a alteração das regras da concessão de patentes pode ser vista negativamente pelos mercados internacionais e pelos países membros da OCDE, que têm sistemas bem definidos sobre o tema.

Além disso, o USTR (departamento de comércio do governo dos Estados Unidos) publica anualmente uma classificação dos países quanto ao risco de investimento de empresas americanas. Nos últimos anos, o Brasil melhorou sua classificação após os esforços de redução de backlog e leis de incentivo à inovação e PI. No entanto, a revogação do parágrafo único do art. 40 pode enviar uma mensagem de imprevisibilidade e insegura, colocando o Brasil novamente na lista dos países de alto risco para os investimentos.

Não resta dúvida que a consequência direta da alteração da LPI será menos desenvolvimento e menos produtos avançados para a população brasileira. Dados referentes ao número de pedidos de patentes após a LPI demonstram que entre 1991 e 2004 houve um aumento de 131% no total de depósitos no INPI, segundo a Tendências Consultoria. Os depósitos de pedidos estrangeiros cresceram 18,7% ao ano entre 1996 e 1998. Ou seja, a LPI trouxe segurança jurídica e, consequentemente, melhorou o ambiente de desenvolvimento e a oferta de novas tecnologias no país.

O atraso do INPI na avaliação dos pedidos, que torna aplicável o parágrafo único do artigo 40, prejudica quem busca a proteção de uma patente no Brasil. Este inventor terá um longo período de incerteza (mais de uma década) para poder, com segurança, explorar comercialmente sua invenção. Também prejudica a economia do país porque desincentiva aqueles que acreditam no sistema e buscam proteção de suas invenções visando recompensar o investimento em pesquisa e desenvolvimento. Não há previsão de quando poderão receber a resposta do órgão e sem o prazo mínimo garantido, não haverá proteção quanto ao tempo que terão para explorar a patente.

Felizmente, desde 2019, o INPI vem combatendo o atraso em suas decisões e resultados muito positivos estão sendo apresentados. O aumento da eficiência do INPI e a diminuição dos processos pendentes já trarão resultados para todos os envolvidos. A partir do momento em que o INPI conseguir fazer as análises em período inferior a 10 anos, o parágrafo único do artigo 40 não será aplicável, visto que ele serve apenas para compensar uma possível ineficiência do órgão. Esse deveria ser o principal foco de atuação dos agentes envolvidos na discussão junto ao STF.

Decretar a inconstitucionalidade de um dispositivo legal, para todos os efeitos, é alterar a legislação vigente e as regras do jogo em um único processo e sem recurso. Obviamente que esta é uma decisão que afeta todo o país e todos os setores. A Interfarma entende que a discussão para alterar a LPI, vigente há 25 anos, é possível, mas deve ser conduzida pelo Congresso Nacional. Assim, serão garantidas a participação de todos os setores públicos e privados na discussão e a segurança dos direitos adquiridos, sem colocar em risco a inovação e o desenvolvimento de novas tecnologias no país.

*Elizabeth de Carvalhaes, presidente da Interfarma

PODER DE BOLSONARO DIMINUI APÓS VÁRIAS CRISES NO GOVERNO

 

Presidente produziu o que não desejava ao demitir ministro da Defesa e os comandantes das três Forças: coesão do alto escalão militar contra qualquer aventura autoritária

Fernando Luiz Abrucio*, O Estado de S.Paulo

A principal característica política do mandato do presidente Bolsonaro é sua incapacidade de lidar com as instituições democráticas do país. Eleito com um discurso antissistema, imaginava que poderia moldar todos os Poderes, níveis de governo e instituições públicas às suas preferências. No fundo, a crítica que o bolsonarismo fazia ao sistema político carcomido tinha como objetivo criar uma autocracia, com todos se subordinando à Presidência e à família Bolsonaro.

O estrago causado por esse tipo de comportamento presidencial não é pequeno. Bolsonaro conseguiu reduzir o poder e a autonomia do Ministério Público Federal, da Polícia Federal e de outros órgãos de Estado, sendo que alguns deles foram quase destruídos, como o IBGE e o Ibama. Tudo isso custará muito para o país. Só que o bolsonarismo fracassou, ainda bem, na subordinação de outras instâncias democráticas. O STF, o Congresso Nacional, a Federação e várias organizações da sociedade civil, como universidades e a mídia, não aceitaram ser comandados por um homem só e seus filhos. Nestes casos, Bolsonaro perdeu, mas é evidente que os confrontos da Presidência com todas essas estruturas de poder tiveram efeitos negativos sobre a qualidade da democracia brasileira.

Jair Bolsonaro
O presidente da República, Jair Bolsonaro Foto: Dida Sampaio / Estadão

O novo capítulo do projeto autoritário do presidente ocorreu na tentativa de controlar completamente as Forças Armadas, que seriam suas e não mais do povo brasileiro. A demissão do ministro da Defesa e dos comandantes das três Forças foi uma ação autocrata de quem queria expandir seu projeto unipessoal de poder. Porém, Bolsonaro produziu o que não desejava: o aumento da coesão do alto escalão militar contra qualquer aventura autoritária do bolsonarismo. Foi assim que teve de engolir um novo comandante do Exército que no final de semana passado dera uma receita contra a pandemia contrária ao negacionismo de Bolsonaro.

Na tentativa de destruir o sistema, Bolsonaro tem conseguido reduzir a qualidade da democracia – não estamos funcionando de um modo normal –, mas ao final tem gerado mais resistências do que aceitação. Ou seja, seu poder está diminuindo a cada crise que ele próprio cria. Mesmo assim, quando o presidente joga regularmente contra o sistema democrático, sempre há a possibilidade de mais um ato golpista. O “basta” final contra esse modo autoritário do bolsonarismo, infelizmente, ainda não foi dado pelas principais instituições do País.

*DOUTOR EM CIÊNCIA POLÍTICA PELA USP E PROFESSOR DA FGV-EAESP

CÂMARA APROVA UM ABSURDO AUMENTO DE DESPESAS MÉDICAS PARA OS PARLAMENTARES

 

Com a decisão do presidente da Câmara, valor que pode ser restituído sem aval da Mesa Diretora da Casa aumenta 170%

Camila Turtelli, O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA – No momento em que a rede pública de saúde do País registra falta de leitos e de medicamentos para atender pacientes da covid-19, o presidente da CâmaraArthur Lira (Progressistas-AL), elevou em 170% o limite de despesas médicas de deputados na rede privada. O valor que pode ser reembolsado com dinheiro público passou de R$ 50 mil para R$ 135,4 mil. Pelas regras internas, gastos acima disso também podem ser devolvidos ao parlamentar, mas apenas após aval da Mesa Diretora da Casa.

O reembolso, porém, não é a única forma de os deputados terem despesas médicas pagas pelos cofres públicos. Os parlamentares têm direito a um plano de saúde, ligado à Caixa Econômica Federal, que permite o atendimento em hospitais privados. O valor pago para aderir ao benefício é de R$ 630 mensais, além de uma quota-participação de 25% sobre cada gasto realizado, segundo tabela adotada pelo convênio. O salário de um deputado é de R$ 33,7 mil.

Arthur Lira
Lira, presidente da Câmara; segundo a Casa ‘inflação médica’ tem superado o IPCA, o que justifica o reajuste Foto: Dida Sampaio / Estadão

Parlamentares e seus dependentes ainda têm direito a ser atendidos no Departamento Médico da Câmara, em Brasília, que possui estrutura de enfermaria e realiza vários exames.

O aumento no valor do limite de reembolso foi publicado na segunda-feira passada e atualiza uma resolução de 2015. Lira justificou o reajuste de 170% pela defasagem da inflação no período. “Nos últimos anos, a chamada ‘inflação médica’ tem superado o índice oficial de inflação: Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O fenômeno, inclusive, não tem se restringido ao Brasil”, diz a justificativa do ato assinado pelo presidente da Câmara.

O IPCA, índice de inflação oficial, medido pelo IBGE, foi de 30% no período, aumento bem aquém do projetado por Lira. A “inflação médica” citada também ficou abaixo dos 170%.

Pelos cálculos do economista Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria, a variação do chamado grupo saúde na taxa de inflação teve alta de 38% no mesmo período – assim, o valor do teto para reembolso passaria para R$ 69 mil.

De acordo com o economista, dentro do grupo saúde há ainda variações que poderiam ser utilizadas para o reajuste. “Por exemplo, o subgrupo de ‘serviços de saúde’ poderia ser mais adequado para esta finalidade. Este subgrupo teve alta acumulada de 57,6% neste período, o que levaria o valor de R$ 50 mil para R$ 78,8 mil”, afirmou Campos Neto. Em uma outra hipótese, o economista fez a correção pela inflação dos planos de saúde. Nesse caso, a variação de 72,5% resultaria em um valor ajustado de R$ 86,2 mil.

Desde 2013, a Câmara passou a autorizar o reembolso de despesas médicas de até R$ 50 mil de forma automática. Apenas valores acima disso precisavam ter o aval da Mesa Diretora, composta por sete integrantes, incluindo o presidente da Casa.

Em 2019, o Estadão mostrou que a Câmara reembolsou o deputado Marco Feliciano (Republicanos-SP) em R$ 157 mil por um tratamento odontológico. Na ocasião, o parlamentar argumentou que precisava corrigir um problema de articulação na mandíbula e reconstruir o sorriso com coroas e implantes.

O pedido de reembolso do parlamentar foi inicialmente rejeitado pela equipe técnica, mas ele recorreu à Mesa Diretora, na época comandada pelo deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), que aceitou pagar pelo tratamento. Em nota, na ocasião, a Câmara afirmou que o “parecer do departamento médico foi seguido em sua totalidade”.

Benefício

Parlamentares disseram à reportagem, em caráter reservado, não ver impacto com a mudança, já que, na prática, todos os reembolsos, mesmo os de maior valor, são aprovados. Por se tratar de um benefício, eles preferiram não apoiar publicamente a medida.

Outros deputados, porém, consideraram tratar-se de um privilégio inaceitável num momento de crise sanitária no País. “Isso é vergonhoso. Nós deveríamos achar soluções para ajudar o Brasil a enfrentar a pandemia e não em benefício próprio”, afirmou o deputado Paulo Ganime (Novo-RJ). “É um benefício totalmente descabido e inadequado à realidade brasileira”, disse ele. 

O líder do Cidadania, Alex Manente (SP), também criticou o momento do reajuste. “A maioria não utiliza esse valor, creio que a mudança foi feita em virtude dos custos que existem na pandemia, porém, não acho que foi apropriada essa decisão nesse momento”, afirmou o deputado.

Procurado pela reportagem, Lira não se manifestou.

BOLSONARO CONDENA ATITUDES PASSADAS DO CONGRESSO

 

Em sua conta no Twitter, o presidente relembrou a aprovação, pelo Congresso, de um projeto de resolução que anulou a sessão legislativa que destituiu o então presidente João Goulart, em 1964

Daniel Galvão, O Estado de S.Paulo

Bolsonaro
O presidente da República Jair Bolsonaro. Foto: Marcos Correa/PR/AFP

SÃO PAULO – No dia do aniversário do golpe de 1964, 31 de março, o presidente Jair Bolsonaro criticou há pouco, em sua conta no Twitter, os que “apagam fotos ou fatos”, ao lembrar a aprovação, pelo Congresso, de um projeto de resolução que anulou a sessão legislativa que destituiu o então presidente João Goulart, em 1964. O Legislativo invalidou a sessão de destituição de Jango numa votação em 21 de novembro de 2013.

“Em abril/2013 o Congresso anulou a sessão de 02/abril/64, que destituiu o Presidente João Goulart”, recordou Bolsonaro. O presidente afirmou no tuíte que não discute a História, mas que “verdadeiros democratas não apagam fotos ou fatos”. “Deus abençoe o Brasil e guarde nossa liberdade!”, postou, ao finalizar a mensagem, acompanhada de uma foto antiga de Bolsonaro com farda do Exército.https://platform.twitter.com/embed/Tweet.html?dnt=false&embedId=twitter-widget-0&frame=false&hideCard=false&hideThread=false&id=1377409408267812865&lang=pt&origin=https%3A%2F%2Fpolitica.estadao.com.br%2Fnoticias%2Fgeral%2Cnao-discuto-a-historia-mas-verdadeiros-democratas-nao-apagam-fotos-ou-fatos-diz-bolsonaro%2C70003667248&siteScreenName=Estadao&theme=light&widgetsVersion=e1ffbdb%3A1614796141937&width=550px

Na quarta-feira, 31, mais cedo, o ministro nomeado da DefesaWalter Braga Netto, afirmou que os militares “não faltaram no passado e não faltarão sempre que o País precisar”, ao oficializar as escolhas dos novos comandantes das Forças Armadas feitas por Bolsonaro.

MANIFESTO DE PRESIDENCIÁVEIS PELA DEMOCRACIA QUE ELES PRECISAM PARA SE ELEGER

 

Manifestação ocorre um dia após Bolsonaro demitir os comandantes das Forças Armadas; texto é assinado por Doria, Eduardo Leite, Ciro, Mandetta, Amoêdo e Huck

André Shalders, O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA – Um grupo de seis possíveis candidatos à Presidência da República em 2022 lançou na noite desta quarta-feira, dia 31, um manifesto em defesa da democracia, da Constituição Federal de 1988 e contra o autoritarismo. O texto é assinado tanto por nomes da centro-direita quanto da centro-esquerda. 

A manifestação pró-democracia ocorre depois de o presidente Jair Bolsonaro demitir o ministro da Defesa, o general Fernando Azevedo e Silva; e os comandantes da Marinha, da Aeronáutica e do Exército. Tanto Azevedo e Silva quanto os demais oficiais foram exonerados por serem contra um alinhamento político das Forças Armadas à gestão Bolsonaro.

O texto é assinado pelo ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM); pelo apresentador de TV Luciano Huck; pelos ex-candidatos presidenciais em 2018 Ciro Gomes (PDT) e João Amoêdo (Novo) e pelos governadores tucanos João Doria (SP) e Eduardo Leite (RS). Os seis são vistos como pré-candidatos para a disputa de 2022, embora alguns deles não digam abertamente que desejam concorrer. É o caso do apresentador Luciano Huck.

Mandetta
O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS) Foto: Divulgação/Governo SP (16/6/2020)

“Pessoalmente, assinei por ser um ponto que não podemos abrir mão; nossa liberdade e a democracia. E por ser apartidário e não fulanizado”, afirmou Huck ao Estadão.

“A conquista do Brasil sonhado por cada um de nós não pode prescindir da Democracia. Ela é nosso legado, nosso chão, nosso farol. Cabe a cada um de nós defendê-la e lutar por seus princípios e valores”, diz um trecho do documento, intitulado de “Manifesto pela Consciência Democrática”. 

LUCIANO HUCK
O apresentador de TV Luciano Huck Foto: Leonardo Benassatto/REUTERS

“Não há Democracia sem Constituição. Não há liberdade sem justiça. Não há igualdade sem respeito. Não há prosperidade sem solidariedade”, continua a missiva. 

Governador de São Paulo, João Doria
Governador de São Paulo, João Doria Foto: Governo SP

A iniciativa foi proposta por Mandetta. Ex-ministro da Saúde de Bolsonaro, o político do DEM foi demitido pelo presidente em abril do ano passado depois de defender medidas de isolamento social para combater a pandemia de covid-19. Segundo apurou o Estadão, as discussões sobre o manifesto começaram na noite de terça-feira, 30, e o texto foi costurado ao longo do dia de hoje com contribuições de todos os signatários. 

“Estamos tentando achar primeiro os pontos de convergência. Esse ponto da defesa da democracia é um ponto que une muito. Aí tem que trabalhar primeiro os pontos de convergência, o que a gente está de acordo, e depois você vê onde estão as divergências, para ver se são superáveis ou não”, disse Mandetta antes da divulgação da iniciativa. 

A reportagem apurou que o ex-ministro da Justiça Sérgio Moro também foi procurado para aderir ao manifesto, mas alegou impedimentos profissionais para não aderir oficialmente à iniciativa. Após deixar o governo Bolsonaro, no ano passado, ele se tornou sócio-diretor da consultoria americana de gestão de empresas Alvarez & Marsal. Seu nome, porém, continua sendo especulado como alternativa para 2022.

Segundo organizadores do manifesto, por ser uma iniciativa de centro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não chegou a ser procurado, mas nada impede que ele também assine o documento. No início do mês o petista teve suas condenações na Lava Jato anuladas pelo Supremo Tribunal Federal, o que o colocou no páreo da corrida eleitoral do ano que vem. “Foi uma iniciativa do centro, mas a partir daí a adesão pode ser ampla”, disse ACM Neto.

O manifesto evoca a união de diferentes forças políticas na campanha por eleições “Diretas Já”, nos anos 1980, e avalia que “três décadas depois, a Democracia brasileira é ameaçada”. 

“A Democracia é o melhor dos sistemas políticos que a humanidade foi capaz de criar. Liberdade de expressão, respeito aos direitos individuais, justiça para todos, direito ao voto e ao protesto. Tudo isso só acontece em regimes democráticos. Fora da Democracia o que existe é o excesso, o abuso, a transgressão, a intimidação, a ameaça e a submissão arbitrária do indivíduo ao Estado”, diz a carta.

A publicação do manifesto sela a reaproximação de Ciro Gomes, que foi ministro da Integração Nacional de Lula (2003-2006), com as forças políticas de centro-direita. Na prática, Ciro quer se posicionar como candidato de centro para a disputa de 2022 ao Planalto. O texto marca também o início das articulações de Mandetta para tentar viabilizar sua candidatura.  

Ciro Gomes
Ex-ministro Ciro Gomes (PDT). Foto: Taba Benedicto/Estadão – 15/7/2019

“Exemplos não faltam para nos mostrar que o autoritarismo pode emergir das sombras, sempre que as sociedades se descuidam e silenciam na defesa dos valores democráticos”, diz o texto.

“Homens e mulheres desse país que apreciam a liberdade, sejam civis ou militares, independentemente de filiação partidária, cor, religião, gênero e origem, devem estar unidos pela defesa da consciência democrática. Vamos defender o Brasil”, diz o último parágrafo.

Leia abaixo a íntegra do manifesto

Muitos brasileiros foram às ruas e lutaram pela reconquista da Democracia na década de 1980. O movimento “Diretas Já”, uniu diferentes forças políticas no mesmo palanque, possibilitou a eleição de Tancredo Neves para a Presidência da República, a volta das eleições diretas para o Executivo e o Legislativo e promulgação da Constituição Cidadã de 1988. Três décadas depois, a Democracia brasileira é ameaçada.

A conquista do Brasil sonhado por cada um de nós não pode prescindir da Democracia. Ela é nosso legado, nosso chão, nosso farol. Cabe a cada um de nós defendê-la e lutar por seus princípios e valores.

Não há Democracia sem Constituição. Não há liberdade sem justiça. Não há igualdade sem respeito. Não há prosperidade sem solidariedade.

A Democracia é o melhor dos sistemas políticos que a humanidade foi capaz de criar. Liberdade de expressão, respeito aos direitos individuais, justiça para todos, direito ao voto e ao protesto. Tudo isso só acontece em regimes democráticos. Fora da Democracia o que existe é o excesso, o abuso, a transgressão, a intimidação, a ameaça e a submissão arbitrária do indivíduo ao Estado.

Exemplos não faltam para nos mostrar que o autoritarismo pode emergir das sombras, sempre que as sociedades se descuidam e silenciam na defesa dos valores democráticos.

Homens e mulheres desse país que apreciam a LIBERDADE, sejam civis ou militares, independentemente de filiação partidária, cor, religião, gênero e origem, devem estar unidos pela defesa da CONSCIÊNCIA DEMOCRÁTICA. Vamos defender o Brasil.