sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

GOVERNO BRITÂNICO EM DIFICULDADES PARA CONSTRUIR ACORDO COM A UNIÃO EUROPEIA


Governo britânico admite abandonar negociações com a União Europeia

Agência Brasil








O governo britânico admite abandonar as negociações com a União Europeia (UE) para um acordo pós-Brexit se não houver progressos até junho, diz um documento publicado nesta quinta-feira (27) com a posição do Reino Unido.
O documento de 40 páginas estabelece a posição inicial do Reino Unido para as negociações de um acordo comercial com a UE, que começam na próxima semana, afirma o empenho em "trabalhar de maneira rápida e determinada" até junho, quando está marcada uma cúpula de alto nível para avaliar os progressos.
"O governo espera que, até lá, o esboço geral de um acordo esteja claro e possa ser finalizado rapidamente em setembro. Se esse não for o caso na reunião de junho, o governo vai ter de decidir se a atenção do Reino Unido deve se afastar das negociações e se concentrar apenas em continuar os preparativos internos para sair do período de transição de maneira ordenada", diz o documento.
O governo britânico identifica como principal ponto de discórdia a exigência da UE de respeito pelas regras e leis europeias pós-Brexit, propondo como alternativa um "relacionamento baseado na cooperação amigável entre iguais soberanos, com ambas as partes respeitando a autonomia legal e o direito de gerir os seus próprios recursos como entenderem".
"Aconteça o que acontecer, o governo não negociará qualquer acordo em que o Reino Unido não tenha controle de suas próprias leis e vida política. Isso significa que não concordaremos com nenhuma obrigação para que as nossas leis sejam alinhadas com as da UE ou que as instituições da UE, incluindo o Tribunal [Europeu] de Justiça, tenham jurisdição no Reino Unido", diz o texto.
Na Declaração Política que acompanhava o Acordo de Saída da UE estava escrito que, "dada a proximidade geográfica e a interdependência econômica da União Europeia e do Reino Unido, o relacionamento futuro deve garantir uma concorrência aberta e justa, englobando compromissos sólidos para garantir condições equitativas".
Porém, o conteúdo do documento não era vinculativo, e o governo britânico argumenta que o programa eleitoral com que foi eleito com maioria absoluta em dezembro determinava a intenção de "retomar o controle das fronteiras, leis e dinheiro".
Declaração no parlamento
Em uma declaração hoje no parlamento, o ministro e Chanceler do Ducado de Lancaster, Michael Gove, argumentou que o princípio da proximidade geográfica não foi um critério usado em acordos de comércio em outras regiões, pelo que não deve ser considerada uma razão para o Reino Unido ter de aceitar as regras europeias que "ponha em causa da democracia".
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, já tinha informado de sua preferência por um acordo de comércio livre semelhante ao que a UE tem com o Canadá, que permite eliminar as tarifas aduaneiras sobre a maior parte dos produtos.
Dá também ao Reino Unido liberdade para negociar acordos com outros países e estabelecer as próprias regras e leis, embora Johnson tenha rejeitado a intenção de avançar com uma desregulamentação que resulte em dumping, seja comercial, social ou ambiental".
Porém, este modelo de acordo não elimina completamente barreiras regulatórias nem garante um acesso total ao mercado único incluindo a área de serviços, que representa uma parte importante da economia britânica.
No início do mês, o primeiro-ministro disse no parlamento que o "progresso rápido" das discussões sobre serviços financeiros, que representam 7% da economia britânica, e sobre a proteção de dados seriam um teste sobre a natureza construtiva do processo de negociação.
Na Declaração Política estava um compromisso para concluir um entendimento sobre este setor até junho e sobre os dados até ao final do ano, mas estas datas foram omitidas da posição de Bruxelas publicada na terça-feira.
Esta semana, Barnier manifestou "preocupações" em relação às recentes posições britânicas sobre a futura parceria entre Bruxelas e o Reino Unido, temendo um "distanciamento" dos compromissos assumidos por Londres.
Em jogo estavam só não só as declarações de Boris Johnson e outros ministros, mas também notícias na imprensa britânica de que o governo não pretende construir infraestruturas para realizar os controles aduaneiros sobre as mercadorias que circulam entre a Irlanda do Norte e o resto do Reino Unido previstos no acordo de saída.
Parceria ambiciosa
O Conselho de Assuntos Gerais da União Europeia, que reuniu os 27 estados-membros na terça-feira (25), deu "luz verde" formal à Comissão Europeia para iniciar as negociações com Londres visando uma "parceria ambiciosa, abrangente e equilibrada" com o Reino Unido, em "benefício de ambos os blocos".
No mandato dado à equipa negociadora chefiada por Michel Barnier, o Conselho Europeu indica que "a futura parceria deve ser embasada por compromissos sólidos para garantir condições equitativas de concorrência aberta e justa, dada a proximidade geográfica e a interdependência econômica da UE e do Reino Unido", sublinha a estrutura.
Por isso, nestas conversações, "a UE pretende estabelecer um acordo de livre comércio com o Reino Unido que garanta a aplicação de tarifas e quotas zero ao comércio de mercadorias", bem como a "cooperação em aspectos aduaneiros e regulatórios".
Relativamente ao setor de pesca, o bloco comunitário vai defender a "manutenção de um acesso recíproco às águas e quotas estáveis" e que este acordo seja definido até 1° de julho, forma a "determinar as possibilidades de pesca após o fim do período de transição".
A UE vai, ainda, debater "disposições para cooperação futura em áreas como comércio digital, propriedade intelectual, compras públicas, mobilidade, transportes e energia", bem como por uma futura colaboração "judicial em questões criminais e de política externa, segurança e defesa", conclui o Conselho da UE.
As duas equipas de negociadores lançam, na próxima segunda-feira (2/3) em Bruxelas, a primeira rodada de negociações, que irá prolongar-se até quinta-feira (5), devendo a segunda rodada ter lugar ainda em março, em Londres.
As rodadas de negociação serão realizadas alternadamente em Bruxelas e em Londres.

COLUNA ESPLANADA DO DIA 28/02/2020


Previdência

Coluna Esplanada – Leandro Mazzini







Entram em vigor, em março, as alíquotas progressivas que estabelecem que quem ganha mais pagará mais e vice-versa. A mudança integra as novas regras da Previdência aprovada no ano passado. As alíquotas progressivas incidirão sobre cada faixa de remuneração, de forma semelhante ao cálculo do Imposto de Renda. Quem recebe um salário mínimo por mês, por exemplo, terá alíquota de 7,5%. Já um trabalhador que ganhe exatamente o teto do Regime Geral, também conhecido como o teto do INSS – atualmente R$ 6.101,06 – pagará uma alíquota efetiva total de 11,69%.
Concorrência na pista
Davi Barreto, que abriu espaço para novas empresas como a Buser e peitou as viações, é o novo diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres. Como queria a maioria dos servidores de carreira.

Vergonha
Enquanto em países Alemanha e Inglaterra, para citar apenas dois exemplos, os casos de coronavírus são tratados com aparato de “guerra biológica”, com paciente internado e isolado, no Brasil – campeão de malfeitos em prevenções – o contaminado é obrigado a ir para casa e se virar, sem acompanhamento médico. É o que estão fazendo hospitais públicos e privados em várias cidades, com casos sob forte suspeitas.

Portas escancaradas
E segue a via crucis dos milhares de passageiros que desembarcam diariamente nos maiores aeroportos do Brasil vindos de países com surto na Ásia e Europa. Raramente alguma companhia, antes da aterrissagem, informa as orientações. E a turma da Anvisa não tem gente suficiente para triagem, nem aparelhos para medição de febre.

Propagandas
Uma consulta pública da Secretaria Nacional do Consumidor do Ministério da Justiça carece de senso. A pergunta que faz gente experiente é: Se crianças e adolescentes devem ser poupados da exposição de propaganda para sua faixa etária, por que elas podem ser expostas a publicidade de bebidas alcoólicas?

Perfil
A Senacon encerrou ontem consulta pública sobre publicidade infantil. Foram apresentados para avaliação e comentários 10 artigos com regras que as empresas
Nas redes
Em baixa popular, o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (Republicanos) recorreu a Wesley de Souza Santos para assumir a Subsecretaria Institucional de Publicidade e Mídias Digitais. Ele vai cuidar das redes sociais e da imagem de Crivella. Wesley foi fisgado em Brasília, onde cuidou das redes do então presidente Michel Temer durante sua passagem pela Presidência.

Agência$
A Prefeitura do Rio, aliás, está prestes a escolher quais agências vão cuidar da conta de R$ 56,2 milhões de publicidade para este ano. Cálix, Nacional, E3, Artplan, Propeg, AV e Nova/SB concorrem.

Tristeza sem fim
O Centro de Referência de Defesa da Vida adiou para 6 de março a inauguração da creche que abriria na satélite de Samambaia (DF). Uma menina de 2 anos e o irmão de 4 anos, mortos num incêndio, eram matriculadas. Um bebê de 6 meses segue internado em estado grave. Os pais saíram para a padaria, deixaram as crianças e esqueceram um ferro de passar roupa ligado na cama. Na tentativa de salvá-los, o também pai morreu.

Foice no bolso
]A Coluna questionou a mineradora Vale por que está oferecendo apenas R$ 59 mil por hectare de terra (incluindo benfeitorias !) na região de Brumadinho (MG), após o crime ambiental do rompimento da barragem de lama. Antes, o hectare valia R$ 200 mil. “A Vale não detalha casos específicos de atendimento em respeito à privacidade dos envolvidos”, informou a assessoria.

Terra treme
Os misteriosos abalos sísmicos em Muriaé (MG) mexeram com a política local. Terra do saudoso vice-presidente José Alencar, a cidade já se movimenta em articulações. Com forte atuação na área da saúde pública, o vice Marcos Guarino (PSB), que declara ter sido abandonado pelo prefeito Grego (DEM), vai concorrer à prefeitura – para a qual o atual alcaide tentará a reeleição. Surge também o empresário e ex-prefeito José Braz, de 94 anos, do Progressistas.
Com Walmor Parente e Equipe DF, SP e Nordeste
reportagem@colunaesplanada.com.br



POVO APLAUDE AS MANIFESTAÇÕES DO DIA 15/03/2020 CONTRA O CONGRESSO


Manifestação anti-Congresso explode nas redes após compartilhamento de Bolsonaro

Vinicius Passarelli





                 © Reprodução/ A família Bolsonaro durante o feriado de carnaval, no Guarujá (SP)

A notícia de que o presidente Jair Bolsonaro compartilhou em seu Whatsapp pessoal vídeo no qual convoca as pessoas a comparecerem ao ato marcado para 15 de março em favor do governo – cujas pautas incluem teor anti-Congresso e STF – fez explodir o número de menções e compartilhamentos sobre a manifestação nas redes sociais. A ação de Bolsonaro também intensificou o foco do movimento, antes mais difuso, para a defesa da figura do presidente. O informação do endosso presidencial foi publicada no site BR Político, na última terça-feira, 25.
No Twitter, houve um aumento de 550% no número de menções ao assunto em 48 horas, segundo levantamento feito pela Diretoria de Análise de Políticas Públicas, da FGV (DAPP-FGV), a pedido do Estado. Até o dia 24 de fevereiro, 127 mil menções ao protesto do dia 15 haviam sido registradas. No dia seguinte, quase dobrou, saltando para para 231 mil. Em 26 de fevereiro, no dia que se seguiu à notícia do compartilhamento de Bolsonaro, as menções ao tema chegaram a 830 mil.
Já no Facebook, o aumento do volume da mobilização, registrado pela DAPP, foi ainda mais expressivo. No mesmo período, as interações sobre o tema (soma de reações, comentários e compartilhamentos) saltaram de 490 mil para 7,4 milhões - mais de 1.400% em 48 horas.
O coordenador de linguística da DAPP, Lucas Calil, um dos responsáveis pelo estudo, diz que os números englobam tanto postagens favoráveis como contrárias aos protestos. “O estudo mostra que o debate sobre o assunto se intensificou de forma significativa, sempre de forma polarizada”, afirmou. Ele ressalta o ponto de virada nas discussões após a notícia sobre o compartilhamento de Bolsonaro. “A notícia dada pela Vera Magalhães (colunista do Estado e editora do BR Político) foi determinante no aumento de engajamento do assunto nas diferentes redes”.
Marcada desde o final de janeiro, os protestos inicialmente trazia defesa de pautas como a aprovação da prisão em segunda instância e o pacote anticrime. A partir do dia 19, no entanto, após declaração do ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, em que chama os congressistas de “chantagistas”, o alvo preferencial passou a ser o Congresso Nacional e os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). Heleno se referia à negociação entre governo e líderes do Congresso sobre vetos de Bolsonaro a pontos da Lei Orçamentária que aumentariam o controle de fatias do orçamento pelos parlamentares.
O tom de “salvador da Pátria” dado a Bolsonaro no vídeo que compartilhou fez com que a mobilização nas redes em torno da data mudasse de tom, segundo a DAPP. Até terça, 25, a principal hashtag era #dia15pelobrasil, com 63 mil menções. A partir de quarta, 26, a ênfase converteu-se à hashtag #euapoiobolsonaro, com 188 mil menções.
Outro dado constatado pelo levantamento mostra que discussões sobre a imprensa, jornalistas e a cobertura do governo federal, que antes eram pouco associadas ao assunto, chegaram a 173 mil menções na quarta-feira, quando mais de uma a cada cinco postagens sobre o 15 de março eram relacionadas à imprensa (21% do total).
A metodologia empregada na análise da DAPP identifica temas, atores, e instituições, a partir de dados de Twitter, Facebook, YouTube, WhatsApp e Instagram, para o monitoramento do debate público no ambiente digital. Segundo o grupo, que é coordenado pelo professor da FGV Marco Aurelio Ruediger, a pesquisa utiliza fontes primárias (APIs) e secundárias para obtenção de dados das plataformas.