O que significa uma boa
autoestima?
Simone Demolinari
Autoestima pode ser definida como uma avaliação subjetiva que cada
indivíduo tem de si próprio. Algo construído de acordo com um juízo de valor
interno.
A boa autoestima ocorre quando uma pessoa está satisfeita com suas condutas,
atitudes, posturas, vivendo de acordo com seu código interno de valor e se
comportando de maneira construtiva. A autoestima não tem a ver com bens
materiais, status ou beleza – isso está diretamente ligado à vaidade, que é uma
preocupação com a avaliação dos outros, ou seja, algo externo. A autoestima é
construída a partir do autoconhecimento e desvinculada (parcialmente) do mundo
exterior.
Muitos questionam o motivo pelo qual não conseguem ter uma boa
autovalorização, mesmo tendo consciência das suas virtudes.
Não podemos desconsiderar o impacto que a infância tem nesse contexto.
Filhos de pais críticos tendem a ter mau juízo de si próprios. Passam a
acreditar, equivocadamente, na sua incapacidade. Desenvolvem o medo como um
mecanismo de defesa. Temem errar e ser ainda mais julgados ou punidos. Em
contrapartida, exaltar exageradamente a atitude do filho faz com que a criança
aprenda a ser reconhecida mesmo quando não há merecimento. Um reconhecimento
forjado que torna o juízo de valor interno ainda mais equivocado.
Muitos perguntam se é possível “consertar” a infância. A resposta é sim,
é possível. Mas, para isso, é preciso fazer um “up date” emocional. Atualizar o
sistema de crenças e valores é fundamental para não levar para a vida adulta
conceitos inadequados implantados na memória infantil. É preciso adequar a
idade emocional à idade cronológica.
Quebrar o vínculo com as crenças limitantes do passado faz-se necessário
para deslanchar nesse processo. Uma boa autoestima é fruto de uma evolução que se
desenvolve e estabelece à medida em que jogo a meu favor. Por exemplo: se eu me
propuser a fazer uma dieta e cumprir o combinado chegando à meta estabelecida,
isso aumentará a minha autoestima. É uma prova do respeito e da seriedade com
que me trato. Do mesmo modo, o contrário é extremamente prejudicial. Cada vez
que prometo algo para mim e não cumpro, reforço internamente o desrespeito
comigo mesmo. Isso abaixa automaticamente a autoestima.
Nesse jogo não há trapaça. Entretanto, é importante ressaltar que uma
boa avaliação de si mesmo é construída num longo e humilde processo. É preciso
despender esforço. Muitas vezes a vontade se opõe à razão. Nessa hora é
necessário um empenho redobrado. Cada vez que consigo êxito nessa caminhada,
avanço positivamente na formação do amor próprio.
Pessoas com boa autoestima são serenas, confiantes, sentem-se
satisfeitas consigo e não precisam de plateia. Ao passo que uma autoestima
baixa torna as pessoas inseguras, possessivas, impositivas, fofoqueiras e
narcisistas. Acreditando que, através da autoridade imposta, ou da
desqualificação do outro é possível firmar o próprio valor. Só fazem provar o
contrário.