segunda-feira, 7 de outubro de 2013

TIL - JOSÉ DE ALENCAR




Til: Ambientado no interior de SP, romance integra fase regionalista de José de Alencar

Romancista, jornalista, político, advogado, orador, crítico, cronista, polemista e dramaturgo, José de Alencar (Messejana, CE, 1829 – Rio de Janeiro, 1877) formou-se em Direito e iniciou a atividade literária no “Correio Mercantil” e “Diário do Rio de Janeiro”.

Til, escrito em 1872, pertence à fase regionalista da obra do autor, que inclui ainda livros como O gaúcho, O sertanejo e Tronco do ipê. Essas obras têm alguns elementos comuns, como retratar os costumes, a linguagem e a vida rural do século XIX. Também apresentam características românticas, como a idealização da natureza, a subjetividade e os enredos românticos.

Os protagonistas são Berta, Miguel, Linda e Afonso. Numa fazenda do interior paulista, segredos, desencontros amorosos e renúncias integram o enredo, bem dentro dos paradigmas do romantismo. Basta verificar a forma como alguns personagens são construídos.

A história gira em torno de paixões. Linda e Afonso são irmãos gêmeos, filhos de Luís Galvão e Dona Ermelinda. Linda ama Miguel, e Berta e Miguel se amam, mas, para que a amiga Linda não sofra, Berta consegue que Miguel se apaixone por Linda. Trata-se de uma estrutura narrativa em que os sentimentos comandam as ações.

Outro exemplo está na história de vida de Berta. De bom coração, ela visitava constantemente Zana, uma mulher com problemas mentais. O menino Brás, porém, também com alguma deficiência, sente ciúmes da protagonista e tenta matá-la. Repreendido pela heroína, arrepende-se.

O leitor fica sabendo que Brás era filho de uma irmã de Luís Galvão, que morrera viúva, e, por isso, ele vivia na casa de seu tio. Ele dera ainda a Berta o apelido de Til, pois, quando ela lhe ensinou o alfabeto, ele achou o til um sinal “gracioso”, associando-o a ela.

As rocambolescas ações do livro têm outros pontos altos. Um deles é quando Luís Galvão revela ser o pai de Berta com Besita, a moça mais bonita da cidade a quem ele seduziu e por quem Jão Fera, matador profissional, estava apaixonado em vão. Ele, porém, a pedido de Berta, se compromete a não cometer mais atos violentos e passa a trabalhar no campo.

Nhá Tudinha, mãe de Miguel, por sua vez, adota Berta como sua filha. Luís, no entanto, pede a Berta que vá morar com ele e sua família em São Paulo, mas ela se nega e pede que leve Miguel, apaixonado por Linda. Miguel tenta convencê-la a ir junto, mas ela recusa, ficando no interior. Bem ao estilo romântico, declara: “Não, Miguel. Lá todos são felizes! Meu lugar é aqui, onde todos sofrem.”

A narrativa é conduzida com leveza ao gosto dos sentimentos dos quatro adolescentes. Eles mudam pouco ao longo da história, o único que altera seu comportamento, graças à boa influência da protagonista, é Jão Fera. Os episódios vão se acumulando sem grandes tragédias, embora sempre pareça que elas vão acontecer. O ponto mais forte é a valorização do interior do país e da vida bucólica como respostas a um país onde as cidades já começavam a ganhar maior importância.




quinta-feira, 3 de outubro de 2013

COMENTÁRIO










COMENTÁRIO: 
AUSÊNCIA DE ESTÍMULO À CARREIRA DE PROFESSOR

Izabel Sadalla Grispino *
O mundo moderno, com seus novos desafios, coloca a educação como prioridade para qualquer país, exige uma escola de qualidade para todos. O mundo se transforma, traz mudanças radicais, revoluções marcantes em vários setores, e só se pode enfrentá-lo apoiado no conhecimento.
O Brasil precisa de muito esforço para atingir um nível educacional que possa inseri-lo no plano da competitividade internacional. Possui déficits educacionais cumulativos de décadas, comprometendo a trajetória de estudantes que, muitas vezes, deixam a escola, tiram seus diplomas, tidos como semi-alfabetizados, longe de possuir as competências e as habilidades requeridas pela época globalizada. O que se vem constatando é que no ensino médio o aluno fica sem condições de acompanhar aulas que exigem um pouco que seja de abstração e sistematização. Tem uma redação empobrecida, pouca capacidade de argumentação e sofrível domínio das normas cultas da língua. Esse aluno tem dificuldade de relacionar informações, de interpretar textos, de resolver seus problemas do dia-a-dia.
As nações que acompanharam o avanço da educação, que perceberam no passado a sua importância, estão hoje num estágio privilegiado de desenvolvimento. No meu artigo da semana retrasada “Unesco constata baixa qualidade de ensino no Brasil”, tomamos conhecimento do relatório da Unesco relatando que a universalização do ensino foi atingida pela Coréia do Sul em 1959, no Brasil no fim da década de 90, quase meio século depois! A Irlanda atingiu o objetivo da educação secundária generalizada no início dos anos 60 e a partir de então abraçou, firmemente, a educação superior!
Países como a França e a Inglaterra foram mais longe. A França, em 1883, criou escolas elementares na maioria das cidades e, em 1882, a educação primária tornou-se gratuita e obrigatória. A Inglaterra, em 1870, criou as primeiras escolas estaduais e, anos depois, determinou a freqüência escolar obrigatória.
Entre nossos vizinhos, a Argentina e o Uruguai organizaram-se criando sistemas públicos de educação bem antes de nós. A Argentina empreendeu importante reforma educacional, na presidência do Professor Domingos Faustino Sarmiento, fundador da primeira escola normal na América do Sul, em 1842. No Uruguai, a Lei Orgânica do Ensino, de 1877, possibilitou avanços consideráveis na educação do país. No Brasil, tivemos a Lei da Assembléia Geral, de 15 de outubro de 1827, logo após a Independência, que determinou a criação de escolas de primeiras letras em todas as localidades, mas o Ato Adicional de 1834, erroneamente, delegou às províncias essa responsabilidade, tirando do poder central essa competência, deixando a educação primária à sua própria sorte. Nosso educador Lauro de Oliveira Lima diz que a lei de 1827 teria sido a Lei Áurea da Educação Brasileira se tivesse sido consolidada.
Como recuperar o tempo perdido sem um grande esforço da Nação?  Por que não se tentar organizar um pacto suprapartidário? Esse quadro desolador agrava-se pela contínua desvalorização do professor, desmotivando os jovens a seguir a carreira do magistério. É preocupante a previsão de uma carência de professores nas áreas básicas, fundamentais, como em matemática, ciência, física, química e biologia.
Os cursos de formação de professores estão esvaziando-se. Se não se der condições que estimulem a freqüência ao magistério, a rede pública poderá ter dificuldade em preencher seus quadros. Corre o risco de ficar sem professores nas próximas décadas em, praticamente, todas as áreas, conforme aponta a pesquisa da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), que ouviu, no início de 2003, 4.656 professores de dez Estados. Pela pesquisa, cerca de 2,5 milhões de educadores estão perto da aposentadoria e na faixa de 40 anos ou mais estão 55,1% dos docentes.
Segundo levantamento feito em 2003, faltam cerca de 250 mil professores, com formação superior, no ensino fundamental de 5.ª a 8.ª séries e no ensino médio. O País precisa de 55 mil professores de química e igual proporção em física e nos últimos anos só se formaram 7.266 professores em física e 13.559 em química. Déficit considerável ocorre, também, nas disciplinas de matemática, biologia e geografia. Ciência é uma disciplina que vem, praticamente, zerando o conhecimento dos alunos da educação básica, constatam as avaliações. A falta de professores continua tanto nas ciências humanas com em línguas, onde se verifica fraca formação de professores de português, história ou inglês. A pesquisa mostra que os melhores diplomados, oriundos das melhores universidades, não lecionam na rede pública, com resultado pesaroso para os alunos que não se sentem estimulados a aprender.
Como conseqüência da desvalorização do professor, o que vemos é o País sendo campeão de últimos lugares, mantendo as piores colocações em testes internacionais. Num dos últimos artigos relatei a conclusão da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco) sobre a educação do mundo, divulgada em novembro p. passado, que coloca o Brasil na triste posição de 72.º lugar, entre 127 países, com a observação de que falta conteúdo de qualidade ao ensino brasileiro.
Mais recentemente, divulgou-se a classificação do Brasil no ranking do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa). O estudo aplicado em 2003 mostra que o País ficou em último lugar na avaliação do conhecimento de matemática de estudantes de 15 anos, numa lista com 41 países. O Brasil ficou atrás de nações como Tunísia e Indonésia.
Parece um hábito os alunos brasileiros ficarem em péssima classificação nos encontros internacionais. Grave quadro, revelador da falta de empenho de governos das últimas décadas, ausência de políticas sociais, políticas educacionais sérias, incidindo na deterioração da qualidade de ensino das escolas públicas brasileiras.
Não se pode colher o que não foi semeado.
* Supervisora de ensino aposentada.     











GESTÃO ESCOLAR E ESTÍMULO DO PROFESSOR



Gestão Escolar x Formação contínua do professor - Por Márcia Regina Martins Bartels*



A formação contínua do professor é de fundamental importância para o trabalho desenvolvido na instituição escolar. Aliado a esse contexto está o gestor que deve ser alguém que com empreendedorismo articula e motiva sua equipe a estudar, refletir e discutir suas especificidades no coletivo para então desfrutar de um ambiente escolar mais saudável e, consequentemente, alcançar resultados satisfatórios de maneira prazerosa e com excelência de qualidade.
Para o autor português Antonio Nóvoa, em Formação de Professores e Trabalho Pedagógico (2002), o aprender contínuo é essencial e se concentra na busca da própria pessoa, como agente, e na escola, como lugar de crescimento profissional permanente.
Uma gestão democrática e empreendedora permite que o profissional da educação torne-se intelectual transformador, criando condições, na prática educacional, que propiciam o fortalecimento do poder do professor, intervindo na constituição de um profissional reflexivo de suas circunstâncias e criador de um novo conhecimento.
Ao construir e desenvolver um programa de formação continuada, alguns pressupostos precisam ser considerados:
- articulação entre trabalho individual e coletivo;
- integração de teoria e prática;
- valorização dos conhecimentos e práticas dos participantes;
- clareza quanto aos pontos de saída e de chegada.
O eixo que integra esses pressupostos deve ser o projeto pedagógico da escola. Buscar na teoria o suporte para a leitura da prática, modificar em função da teorização e colocar-se num processo de escuta e aprendizado permanentes são elementos canalizadores do processo pedagógico desenvolvido na escola, na sala de aula e base para a formação continuada. Os conteúdos, objetivos e metodologias dessas atividades de formação devem incitar os professores a repensar suas práticas, objetivando a melhoria de seu trabalho, a construção de novas relações pedagógicas e de organização escolar capazes de contribuir para a melhoria do ensino e da aprendizagem dos alunos.
Ensinar e aprender estão na base do trabalho docente de forma inquestionável. Portanto, o ensinar e o aprender, antes generalizados nas práticas sociais amplas, com o surgimento de educação escolar, adquirem contornos e conteúdos próprios que passam a caracterizar uma especificidade do trabalho do professor: ensinar/aprender.
A compreensão sobre a identidade do professor passa, sem dúvida, por um levantamento das necessidades do profissional, uma reflexão sobre elas e, se possível, por uma descoberta de caminhos para que possam ser superadas.
Nóvoa (1997) afirma que falar da formação contínua de professores é falar da criação de redes de (auto)formação participada, que permitam compreender a globalidade do sujeito, assumindo a formação como um processo dinâmico e de interação.
A identidade do professor se constrói a partir de sua história de vida, da sua visão de mundo, e sobretudo dos seus sonhos. O componente mais importante da identidade do professor é a possibilidade do mesmo ser autor e ator da sua prática cotidiana.

* Márcia Regina Martins Bartels é Consultora Educacional da FDT Sistema de Ensino.


COMENTÁRIO: 

AUSÊNCIA DE ESTÍMULO À CARREIRA DE PROFESSOR

Izabel Sadalla Grispino *
O mundo moderno, com seus novos desafios, coloca a educação como prioridade para qualquer país, exige uma escola de qualidade para todos. O mundo se transforma, traz mudanças radicais, revoluções marcantes em vários setores, e só se pode enfrentá-lo apoiado no conhecimento.
O Brasil precisa de muito esforço para atingir um nível educacional que possa inseri-lo no plano da competitividade internacional. Possui déficits educacionais cumulativos de décadas, comprometendo a trajetória de estudantes que, muitas vezes, deixam a escola, tiram seus diplomas, tidos como semi-alfabetizados, longe de possuir as competências e as habilidades requeridas pela época globalizada. O que se vem constatando é que no ensino médio o aluno fica sem condições de acompanhar aulas que exigem um pouco que seja de abstração e sistematização. Tem uma redação empobrecida, pouca capacidade de argumentação e sofrível domínio das normas cultas da língua. Esse aluno tem dificuldade de relacionar informações, de interpretar textos, de resolver seus problemas do dia-a-dia.
As nações que acompanharam o avanço da educação, que perceberam no passado a sua importância, estão hoje num estágio privilegiado de desenvolvimento. No meu artigo da semana retrasada “Unesco constata baixa qualidade de ensino no Brasil”, tomamos conhecimento do relatório da Unesco relatando que a universalização do ensino foi atingida pela Coréia do Sul em 1959, no Brasil no fim da década de 90, quase meio século depois! A Irlanda atingiu o objetivo da educação secundária generalizada no início dos anos 60 e a partir de então abraçou, firmemente, a educação superior!
Países como a França e a Inglaterra foram mais longe. A França, em 1883, criou escolas elementares na maioria das cidades e, em 1882, a educação primária tornou-se gratuita e obrigatória. A Inglaterra, em 1870, criou as primeiras escolas estaduais e, anos depois, determinou a freqüência escolar obrigatória.
Entre nossos vizinhos, a Argentina e o Uruguai organizaram-se criando sistemas públicos de educação bem antes de nós. A Argentina empreendeu importante reforma educacional, na presidência do Professor Domingos Faustino Sarmiento, fundador da primeira escola normal na América do Sul, em 1842. No Uruguai, a Lei Orgânica do Ensino, de 1877, possibilitou avanços consideráveis na educação do país. No Brasil, tivemos a Lei da Assembléia Geral, de 15 de outubro de 1827, logo após a Independência, que determinou a criação de escolas de primeiras letras em todas as localidades, mas o Ato Adicional de 1834, erroneamente, delegou às províncias essa responsabilidade, tirando do poder central essa competência, deixando a educação primária à sua própria sorte. Nosso educador Lauro de Oliveira Lima diz que a lei de 1827 teria sido a Lei Áurea da Educação Brasileira se tivesse sido consolidada.
Como recuperar o tempo perdido sem um grande esforço da Nação?  Por que não se tentar organizar um pacto suprapartidário? Esse quadro desolador agrava-se pela contínua desvalorização do professor, desmotivando os jovens a seguir a carreira do magistério. É preocupante a previsão de uma carência de professores nas áreas básicas, fundamentais, como em matemática, ciência, física, química e biologia.
Os cursos de formação de professores estão esvaziando-se. Se não se der condições que estimulem a freqüência ao magistério, a rede pública poderá ter dificuldade em preencher seus quadros. Corre o risco de ficar sem professores nas próximas décadas em, praticamente, todas as áreas, conforme aponta a pesquisa da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), que ouviu, no início de 2003, 4.656 professores de dez Estados. Pela pesquisa, cerca de 2,5 milhões de educadores estão perto da aposentadoria e na faixa de 40 anos ou mais estão 55,1% dos docentes.
Segundo levantamento feito em 2003, faltam cerca de 250 mil professores, com formação superior, no ensino fundamental de 5.ª a 8.ª séries e no ensino médio. O País precisa de 55 mil professores de química e igual proporção em física e nos últimos anos só se formaram 7.266 professores em física e 13.559 em química. Déficit considerável ocorre, também, nas disciplinas de matemática, biologia e geografia. Ciência é uma disciplina que vem, praticamente, zerando o conhecimento dos alunos da educação básica, constatam as avaliações. A falta de professores continua tanto nas ciências humanas com em línguas, onde se verifica fraca formação de professores de português, história ou inglês. A pesquisa mostra que os melhores diplomados, oriundos das melhores universidades, não lecionam na rede pública, com resultado pesaroso para os alunos que não se sentem estimulados a aprender.
Como conseqüência da desvalorização do professor, o que vemos é o País sendo campeão de últimos lugares, mantendo as piores colocações em testes internacionais. Num dos últimos artigos relatei a conclusão da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco) sobre a educação do mundo, divulgada em novembro p. passado, que coloca o Brasil na triste posição de 72.º lugar, entre 127 países, com a observação de que falta conteúdo de qualidade ao ensino brasileiro.
Mais recentemente, divulgou-se a classificação do Brasil no ranking do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa). O estudo aplicado em 2003 mostra que o País ficou em último lugar na avaliação do conhecimento de matemática de estudantes de 15 anos, numa lista com 41 países. O Brasil ficou atrás de nações como Tunísia e Indonésia.
Parece um hábito os alunos brasileiros ficarem em péssima classificação nos encontros internacionais. Grave quadro, revelador da falta de empenho de governos das últimas décadas, ausência de políticas sociais, políticas educacionais sérias, incidindo na deterioração da qualidade de ensino das escolas públicas brasileiras.
Não se pode colher o que não foi semeado.
* Supervisora de ensino aposentada.