domingo, 1 de dezembro de 2024

RECONSTRUÇÃO DE NOTRE-DAME EM 5 ANOS

 

História de Hugh Schofield – Paris – BBC News Brasil

Interior de Notre-Dame após restauração feita devido a incêndio que a atingiu em 2019

Interior de Notre-Dame após restauração feita devido a incêndio que a atingiu em 2019© Reuters

As novas imagens da catedral de Notre-Dame de Paris foram transmitidas ao vivo pela TV na sexta-feira (29/11), durante visita do presidente francês Emmanuel Macron, mostrando ao público pela primeira vez a área interna do edifício desde que grande parte dela foi destruída ou danificada em um grande incêndio, em 2019.

Da torre aos vitrais, ela foi completamente transformada. Não foi apenas uma reforma após o incêndio, mas uma revisão completa, incluindo a remoção de décadas de resíduos e fuligem acumulados desde a última restauração.

A catedral gótica não ficou pronta para receber fiéis e visitantes durante os Jogos Olímpicos deste ano na capital francesa, como teria desejado Macron, mas reabrirá ao público no dia 7 de dezembro.

A seguir, conheça algumas das principais características do trabalho de reparo e como ele foi alcançado.

O retorno da torre

O colapso da torre foi o clímax do incêndio de 2019. Muitas pessoas pensaram que ela era medieval, mas, na verdade, a original foi retirada na década de 1790 porque era considerada perigosa.

A substituta da original, que queimou há cinco anos, foi colocada décadas depois como parte de uma reconstrução neogótica conduzida pelo arquiteto Eugène Viollet-Le-Duc.

Desta vez, os carpinteiros usaram uma mistura entre o tradicional e o computadorizado para projetar e construir a enorme base de madeira.

Ela foi içada para sua posição pelo maior guindaste da Europa, então uma estrutura de andaime foi montada, permitindo que os trabalhadores encaixassem a estrutura.

Como o resto do telhado, a torre é revestida com chumbo. No topo, um novo galo dourado foi instalado para substituir o original que caiu no fogo. Ele foi recuperado, mas estava muito danificado para voltar.

Dentro do novo galo estão relíquias sagradas, incluindo um espinho da Coroa de Espinhos da catedral e um pergaminho com os nomes de 2.000 pessoas que trabalharam na reforma.

Calcário luminoso

A característica mais marcante da catedral reformada é a luminosidade das pedras. Isso porque todos os blocos de calcário foram limpos ou, em algumas partes, substituídos.

A pedra de substituição foi obtida em pedreiras no norte da França. Especialistas conseguiram detectar pequenas características na pedra original — como certos fósseis — que os ajudaram a determinar a origem geográfica.

A grande maioria da alvenaria estava intacta, mas coberta não apenas por antigas camadas de poeira e sujeira do passado, mas também fuligem e pó de chumbo do fogo. Para limpá-la, foram usados aspiradores de alta potência e, em seguida, um spray que descascou a alvenaria para remover a sujeira.

No geral, cerca de 40.000 metros quadrados de pedra foram limpos.

Para reconstruir o teto abobadado abaixo de onde a torre estava, os pedreiros tiveram que reaprender os princípios da arquitetura gótica — usando uma estrutura de madeira para colocar as pedras no lugar e coroando tudo com a pedra angular.Antes e depois: como a França conseguiu reconstruir Notre-Dame em 5 anos

Antes e depois: como a França conseguiu reconstruir Notre-Dame em 5 anos© BBC

Teto de madeira

No incêndio, o telhado de madeira queimou — todos os 100 metros dele. Nenhuma das madeiras de 800 anos sobreviveu. Mas a decisão foi tomada rapidamente para substituí-las o mais fielmente possível — com carvalho das florestas da França.

Por feliz coincidência, um arquiteto chamado Remi Fromont havia conduzido um estudo aprofundado da estrutura da madeira como parte de sua tese universitária. Isso serviu de modelo para carpinteiros.

O presidente Emmanuel Macron e Brigitte Macron visitam a catedral

O presidente Emmanuel Macron e Brigitte Macron visitam a catedral© EPA

Cerca de 1.200 carvalhos tiveram que ser encontrados. Eles deveriam ser retos, livres de nós, e com 13 metros de comprimento.

Grande parte da madeira foi serrada à mão e depois lapidada com a ajuda de machados, assim como as vigas eram no século 13.

Ao todo, há 35 “fermes” (estruturas triangulares que suportam o peso) ao longo do edifício.

Gárgulas escaneadas digitalmente

Esculturas de gárgulas foram limpas após reforma da catedral

Esculturas de gárgulas foram limpas após reforma da catedral© Getty Images

Muitas das esculturas externas – incluindo as famosas (mas não medievais) gárgulas e quimeras – foram danificadas por mangueiras de alta pressão usadas para combater o fogo. Muitas já estavam em más condições por causa da poluição.

Uma oficina foi montada em frente à catedral para consertar e, quando necessário, substituir essas estátuas. Cinco das gárgulas (produtos da imaginação de Viollet-le-Duc) foram escaneadas por computador e, em seguida, refeitas em calcário.

Dentro da catedral, as esculturas mais famosas – como A Virgem do Pilar e O Voto de Luís 13 – saíram ilesas. Mas todas foram limpas e receberam pequenos reparos.

As muitas pinturas da catedral também retornaram à vida. Elas incluem os “Mays” – cenas enormes da vida de Cristo, que eram um presente anual para a catedral no século 17 dos ourives de Paris.

O retorno da cor

Os vitrais foram cuidadosamente restaurados em toda a catedral, limpando décadas de sujeira e fuligem

Os vitrais foram cuidadosamente restaurados em toda a catedral, limpando décadas de sujeira e fuligem© EPA

Uma das mudanças mais notáveis ​​na catedral é o retorno da cor ao coro e a muitas das capelas laterais.

Aqui, novamente, o incêndio ofereceu uma oportunidade de redescobrir as glórias que jaziam sob décadas de sujeira e fuligem.

Azuis, vermelhos e dourados ressurgiram, combinando-se com a cremosidade do calcário rejuvenescido para criar uma leveza que deve estar muito mais próxima da experiência original.

Isso também vale para os vitrais. Eles estavam intactos, mas sujos. Eles foram desmontados, removidos, limpos e devolvidos. As grandes rosáceas foram deixadas em paz.

Mais uma vez, muito do que o visitante vê hoje não é realmente medieval, mas o produto da imaginação medieval de Viollet-le-Duc.Antes e depois: como a França conseguiu reconstruir Notre-Dame em 5 anos

Antes e depois: como a França conseguiu reconstruir Notre-Dame em 5 anos© BBC

8 mil tubos do grande órgão foram limpos

O grande órgão, construído no século 18, não foi afetado pelo calor ou pela água na noite do incêndio. O que causou isso foi o acúmulo de uma poeira amarela – monóxido de chumbo – em seus canos.

Toda a estrutura – 12 metros de altura, seis teclados, 7.952 canos, 19 caixas de vento – foi desmontada e levada para oficinas fora de Paris.

Forros de couro de ovelha foram substituídos e novos controles eletrônicos foram adicionados. Após a reinstalação, o instrumento foi reajustado – uma tarefa que leva vários meses, pois cada cano é minuciosamente alterado.

No dia 7 de dezembro, as primeiras palavras do Arcebispo de Paris ao entrar na catedral recuperada serão: “Desperte, ó órgão, que o louvor a Deus seja ouvido!”.

Os oito sinos da torre norte também foram removidos em 2023 – uma operação enorme devido ao seu tamanho. Eles foram limpos e tratados e, em seguida, devolvidos algumas semanas atrás. O maior dos sinos é chamado Emmanuel.

O órgão da catedral foi cuidadosamente restaurado e agora está pronto para ser tocado após meses de afinação de cada um dos seus 7.952 tubos

O órgão da catedral foi cuidadosamente restaurado e agora está pronto para ser tocado após meses de afinação de cada um dos seus 7.952 tubos© EPA

Novos cálices e altar de bronze

Os visitantes também notarão uma mudança no layout litúrgico da catedral, cujo altar, púlpito e assentos foram todos destruídos. Um altar de bronze simples foi criado, com novos cálices para os sacramentos.

Há 1.500 novas cadeiras de madeira para a congregação e um novo relicário atrás do coro para segurar a Coroa de Espinhos.

Novas vestimentas também foram criadas para o clero pelo designer Jean-Charles de Castelbajac.

A revelação de estrutura do século 13 enterrada

Arqueólogos realizaram grandes trabalhos de escavação no piso da catedral em 2022

Arqueólogos realizaram grandes trabalhos de escavação no piso da catedral em 2022© AFP

O trabalho de restauração em Notre-Dame foi uma bênção para os arqueólogos, que puderam acessar áreas subterrâneas que datam de centenas de anos antes da construção da catedral.

Entre os muitos conjuntos de ossos que eles encontraram estavam aqueles que se acredita pertencer ao poeta renascentista Joachim du Bellay.

Outra grande descoberta foram os restos cuidadosamente enterrados do crivo medieval, que originalmente separava a parte sagrada da igreja da congregação.

Essa divisória de pedra de 11 metros, construída no século 13, tinha esculturas ricas e coloridas retratando a vida de Cristo. Foi desmontada no século 18 após uma mudança nas regras da igreja.

Mas o clero certamente esperava que os restos fossem redescobertos porque as partes parecem ter sido colocadas com muito cuidado sob o solo. Espera-se que elas possam ser reunidas e colocadas em exposição.

O que vem depois?

Apesar do sucesso da reforma, o trabalho não está completo.

Ainda há andaimes ao redor de grande parte da extremidade leste e, nos próximos anos, as paredes externas da abside e da sacristia precisarão de tratamento.

Também há planos para redesenhar a esplanada e criar um museu no vizinho hospital Hôtel-Dieu.

O batistério foi projetado pelo artista e designer francês Guillaume Bardet

O batistério foi projetado pelo artista e designer francês Guillaume Bardet© Getty Images

TRUMP AMEAÇA OS BRICS CASO FAÇAM A SUBSTITUIÇÃO DO DÓLAR POR OUTRA MOEDA

 

História de Reuters – (Por Lucia Mutikani e Ismail Shakil, com reportagem adicional de Alberto Alerigi Jr, em São Paulo)

WASHINGTON (Reuters) – O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, exigiu neste sábado que os países membros do Brics se comprometam a não criar uma nova moeda ou apoiar outra moeda que substitua o dólar, sob pena de sofrerem tarifas de 100%.

“Exigimos que esses países se comprometam a não criar uma nova moeda do Brics nem apoiar qualquer outra moeda que substitua o poderoso dólar americano, caso contrário, eles sofrerão 100% de tarifas e deverão dizer adeus às vendas para a maravilhosa economia norte-americana”, escreveu Trump em sua plataforma de mídia social, Truth Social.

“Eles podem procurar outro ‘otário’. Não há nenhuma chance dos Brics substituírem o dólar americano no comércio internacional, e qualquer país que tentar deve dizer adeus aos Estados Unidos”, acrescentou Trump.

Desde janeiro deste ano, o grupo Brics tem dez membros plenos. Além de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, se uniram ao bloco como membros permanentes Irã, Arábia Saudita, Egito, Etiópia e Emirados Árabes Unidos.

Procurada, a Presidência da República do Brasil e o Ministério de Relações Exteriores do país não puderam comentar o assunto de imediato.

Em outubro, o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva defendeu, em reunião de cúpula dos países do Brics em Kazan, na Rússia, que o bloco de países emergentes avance na criação de meios de pagamento alternativos entre si, fugindo da necessidade de uso do dólar.

O desenvolvimento de um mecanismo de compensação de pagamentos em moedas locais é uma das prioridades do Brasil no Brics, que quer ver o bloco menos dependente do uso do dólar nas suas transações internas. O Brasil assume a presidência do bloco a partir deste ano e durante 2025, e tem a intenção de acelerar essa proposta e também ampliar a atuação do Novo Banco de Desenvolvimento, o banco do Brics, atualmente presidido pela ex-presidente Dilma Rousseff.

ZELENSKI SUGERE QUE A GUERRA PODE ACABAR COM A ADESÃO DA UNCRÂNIA À OTAN

 desão da Ucrânia a OTAN pode acabar com a guerra Brasil e Mundo

Zelenski sugere que guerra pode acabar com adesão à Otan

Byvaleon

Dez 1, 2024

História de dw.com – DW Brasil

Presidente sugeriu que “guarda-chuva” da Otan incluiria apenas áreas não ocupadas do território ucraniano, e que recuperação de território sob controle russo poderia ser alcançado pela diplomacia.

Foi a primeira vez que Zelenski insinuou um acordo de cessar-fogo que incluiria a manutenção do controle russo de parte do território ucraniano ocupado

Foi a primeira vez que Zelenski insinuou um acordo de cessar-fogo que incluiria a manutenção do controle russo de parte do território ucraniano ocupado© IMAGO/ZUMA Press Wire

O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, sugeriu na sexta-feira (30/11) que um acordo de cessar-fogo com a Rússia poderia ser alcançado se o território ucraniano sob controle de Kiev estivesse “sob o abrigo da Otan” e ele pudesse negociar diplomaticamente a devolução da parte ocupada pelas forças russas posteriormente.

“Se quisermos acabar com a ‘fase quente’ da guerra, precisamos colocar o território da Ucrânia que controlamos sob o abrigo da Otan. Precisamos fazer isso rapidamente e, então, o restante do território (ocupado) poderá ser retomado diplomaticamente””, afirmou o presidente ucraniano em entrevista à rede britânica de televisão Sky News.

Zelenski foi entrevistado pelo correspondente Stuart Ramsay, que lhe pediu para comentar as especulações de que um dos planos do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, para acabar com a guerra seria fazer com que a Ucrânia cedesse à Rússia a parte de seu território que o país vizinho anexou ilegalmente, em troca de sua adesão à Otan.

O presidente ucraniano afirmou que não recebeu oficialmente uma oferta para “ingressar na Otan com apenas uma parte da Ucrânia” e que um cessar-fogo era necessário para garantir que o líder da Rússia, Vladimir Putin, não voltasse para tomar mais território ucraniano e que a Aliança cobriria “imediatamente” a parte do país sob controle de Kiev.

“O convite deve ser estendido à Ucrânia sob suas fronteiras internacionalmente reconhecidas, não se pode incluir apenas parte do país. Por quê? Porque assim você admitiria que a Ucrânia é apenas aquela parte do território, e a outra parte é da Rússia, o que seria contra a constituição ucraniana”, avaliou.

Na primeira entrevista de Zelenski à imprensa britânica desde a vitória de Trump nas eleições americanas de 5 de novembro, ele afirmou que terá que trabalhar com o novo presidente dos EUA e sua equipe para ter “o maior apoio”.

De acordo com a Sky News, também foi a primeira vez que Zelenski insinuou um acordo de cessar-fogo que incluiria o controle russo de parte do território ucraniano ocupado, já que durante todo o conflito ele sempre relutou em ceder partes do país para a Rússia, incluindo a península da Crimeia, anexada ilegalmente desde 2014, além das regiões de Donetsk, Kherson, Lugansk e Zaporíjia, declaradas unilateralmente russas desde setembro de 2022.

A intensidade da guerra na Ucrânia aumentou significativamente nas últimas semanas, especialmente depois que a Rússia começou a deslocar tropas da Coreia do Norte para a área de conflito e os EUA deram sinal verde ao país para usar mísseis de longo alcance contra alvos militares em território russo, ao que Putin respondeu recentemente com vários ataques e os novos mísseis balísticos hipersônicos Oreschnik.

GENERAIS RESSENTIDOS CONTRA O BOLSONARO

 

História de CdB – Correio do Brasil

A estratégia dos causídicos para livrar Bolsonaro dos crimes de golpe de Estado e liderança de uma organização criminosa, no entanto, implica os generais Augusto Heleno e Walter Braga Netto, um de seus principais assessores e o candidato a vice-presidente na chapa derrotada em 2022, respectivamente.

Por Redação – de Brasília

A linha de defesa do ex-mandatário neofascista Jair Bolsonaro (PL) transferiu, integralmente, a culpa pela articulação e execução do golpe de Estado fracassado no 8 de Janeiro para os generais que integraram o seu governo. A decisão, no entanto, terá reações adiante. Segundo o advogado Paulo Amador da Cunha Bueno, em recente entrevista à mídia conservadora, militares de alta patente teriam usado a trama golpista no fim de 2022 para derrubar o então presidente e assumir o poder.

Os generais Augusto Heleno e Braga Netto foram apontados por Bolsonaro como beneficiários do golpe

Os generais Augusto Heleno e Braga Netto foram apontados por Bolsonaro como beneficiários do golpe

A estratégia dos causídicos para livrar Bolsonaro dos crimes de golpe de Estado e liderança de uma organização criminosa, no entanto, implica os generais Augusto Heleno e Walter Braga Netto, um de seus principais assessores e o candidato a vice-presidente na chapa derrotada em 2022, respectivamente, como os principais interessados na derrubada do regime democrático.

Confiança

A notícia foi mal recebida no meio militar, uma vez que os oficiais de alta patente citados agora como líderes do movimento golpista a veem como uma quebra de confiança irreparável. O caminho atual da defesa é visto, no círculo militar aliado à extrema direita, como um oportunismo do ex-presidente na tentativa de se livrar das acusações de liderar a intentona militar.

A sustentação da tese adotada pela defesa encontra-se, segundos os advogados,  no documento elaborado pelo general da reserva Mario Fernandes, um dos principais suspeitos de arquitetar a trama golpista revelada pela Polícia Federal (PF), ora em prisão preventiva. O texto previa a criação de um Gabinete Institucional de Gestão de Crise, comandado por militares, logo após o golpe de Estado.

— Quem seria o grande beneficiado? Segundo o plano do general Mario Fernandes, seria uma junta que seria criada após a ação do ‘Plano Punhal Verde e Amarelo’ e, nessa junta, não estava incluído o presidente Bolsonaro — concluiu Bueno.

EDUCAÇÃO TALIBÃ PARA AS MULHERES NO AFEGANISTÃO

 

História de IstoÉ News

Meninas são proibidas de frequentar escolas a partir da sexta série, mulheres não podem ir à universidade

Meninas são proibidas de frequentar escolas a partir da sexta série, mulheres não podem ir à universidadeLivros banidos, escolas islâmicas ampliadas e gradativa exclusão de meninas e mulheres, inclusive com punições severas, têm caracterizado o sistema educacional do Afeganistão desde que o Talibã voltou ao poder, em 2021.Recentemente, a organização afegã de direitos humanos Rawadari descreveu a situação da educação no Afeganistão da seguinte forma: “O Talibã fez mudanças profundas nos currículos das escolas e universidades do país nos últimos três anos”. Fundada por Shahrzad Akbar, ex-chefe da Comissão Independente de Direitos Humanos do Afeganistão, a Rawadari documenta violações dos direitos humanos no país.

Sob o domínio do grupo fundamentalista islâmico, novamente no poder desde agosto de 2021, meninas e mulheres foram proibidas não só de frequentar universidades e escolas a partir da sexta série, mas sim “todas as matérias relacionadas a direitos humanos e direitos das mulheres foram removidas dos currículos escolares e universitários”. São tópicos como igualdade, liberdade, eleições e democracia, que contradizem a ideologia do Talibã.

As intervenções vão ainda mais longe: abordagens inclusivas e não discriminatórias do sistema educacional, que seriam particularmente importantes n um país com numerosas minorias étnicas e religiosas, também estão sendo eliminadas. Conforme a Rawadari, “o ensino de línguas maternas e de matérias relacionadas à religião, cultura e história foi severamente restringido para alunos dessas minorias. O acesso a programas de alfabetização e treinamento vocacional para meninas com deficiência também foi severamente restringido”.

“Até agora, o Talibã removeu muitos conteúdos de livros didáticos”, confirma Sardar Mohammad Rahimi, que foi vice-ministro da Educação do Afeganistão até o Talibã assumir o poder, em meados de 2021. Hoje, Rahimi vive exilado na França e trabalha como professor convidado no Instituto Nacional de Línguas e Civilizações Orientais (Inalco).

“No entanto, os talibãs ainda não têm a capacidade de criar novos conteúdos, não têm os especialistas nem os meios técnicos para reformular completamente os currículos. Eles levariam cerca de cinco anos para reorganizar fundamentalmente o sistema educacional”, explica.

Diversos intelectuais e acadêmicos deixaram o país desde que o Talibã retornou ao poder. Além disso, os islamistas demitiram vários professores de escolas e universidades nos últimos três anos. Em seu lugar, nomearam sobretudo graduados de escolas religiosas que representam a ideologia talibã: “Atualmente, o Talibã está se concentrando na expansão de suas escolas religiosas, as chamadas madrassas. É uma tendência perigosa”, alerta Rahimi.

Promoção de escolas religiosas

Existentes em muitos países islâmicos, as madrassas têm como objetivo promover uma interpretação rigorosa do Islã e garantir a educação religiosa para a próxima geração.

O Talibã advoga uma interpretação extremamente conservadora do Islã sunita, que exige a introdução da xaria (lei islâmica) em todas as áreas da vida, e propaga uma ordem social rígida. Eles rejeitam valores como os direitos das mulheres e os direitos humanos, e veem o mundo ocidental como uma influência ameaçadora na sociedade islâmica. Desde que retornaram ao poder, reverteram completamente o progresso nos direitos das mulheres das últimas duas décadas.

Organizações de direitos humanos, como a Anistia Internacional, relatam frequentemente sobre as punições brutais contra mulheres e meninas por suposto “comportamento anti-islâmico”, incluindo prisão, violência sexual durante detenção e açoitamento em público. Muitas meninas que não têm mais permissão para ir à escola são forçadas a se casar.

Doutrinando a próxima geração

“O Talibã transformou o país num inferno de opressão estrutural e violência sistemática contra as mulheres e meninas”, afirma Maryam Marof Arwin, ativista afegã dos direitos humanos e das mulheres, por ocasião do Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra as Mulheres, em 25 de novembro. Ela alerta veementemente contra as consequências da criminalização do sexo feminino e as leis introduzidas pelo Talibã, que lhe impõem restrições de longo alcance.

Elas não apenas obrigam as mulheres a cobrir seus rostos e corpos em público, mas também as proíbem de levantar a voz fora de casa. A implementação cabe a rapazes que as monitoram rigorosamente e atuam como polícia moral.

Ao adaptar os livros escolares a sua ideologia, o Talibã não só legitima a violência contra meninas e mulheres e a supressão de opiniões divergentes na sociedade, mas também se esforça em garantir que as gerações futuras seguirão sua interpretação extremamente conservadora do Islã a fim de preservar seu poder no longo prazo.

“Precisamos urgentemente de um plano coordenado de educação online para todas as crianças em idade escolar do Afeganistão”, reivindica Rahimi. “Atualmente, há vários projetos liderados por estrangeiros que apoiam com materiais didáticos principalmente as meninas que não têm acesso a escolas. Se esses projetos fossem mais bem coordenados, poderiam trazer uma contribuição significativa para a educação de todas as crianças no Afeganistão.”

PASSOS PARA INICIAR UMA LIDERANÇA COM EFICÁCIA PARA TER SUCESSO

Piero Franceschi – Partner na StartSe

Descubra os 6 passos cruciais para iniciar a liderança de um novo time com eficácia. Aprenda a equilibrar confiança e produtividade, adaptar estilos de liderança e construir uma jornada coletiva de sucesso.

Pessoas em reunião (Foto: Canva)

Você pode até ser muito experiente, mas iniciar a gestão de um time novo é sempre um desafio interessante.

Acho que não nos damos conta, mas exercer a liderança de um time é sempre um equilíbrio dinâmico. 

Exige cuidado, atenção, escuta ativa até que se estabeleça um nível ótimo entre confiança e produtividade. Mais do que posição, é uma ação constante de equilibrar variáveis humanas móveis.

Pensando nisso e nas experiências que tive, coloquei aqui, nesse framework, a minha ideia de quais seriam os 6 passos iniciais do processo de onboarding na liderança de um time novo (veja na imagem abaixo).

Muitas vezes, cheios de certezas, partimos logo para o ataque e perdemos uma oportunidade importante de chegar de uma maneira mais sedimentada, construindo as fundações de uma jornada que terá seus altos e baixos, mas que precisa ser trilhada de maneira coletiva.

De todos os 6 pontos, o que considero mais desafiador de maneira geral é o quinto. Nele, o líder, ao invés de chegar com o famoso “esse é o meu estilo de liderança”, tem que aprender a modular o estilo de acordo com o grau de maturidade e o desafio da tarefa de cada membro da equipe. Isso dá trabalho.

Ao longo dessa semana, vou explorar mais alguns detalhes sobre os desafios de liderança, especialmente sobre a construção de confiança e sobre as 3 posições de um líder. Acompanhe aí!

E aos líderes que hoje estão assumindo um novo time, espero que ajude!

Leitura recomendada

Piero Franceschi, sócio da StartSe
e co-autor do bestseller “Organizações Infinitas”, tem 20 anos de experiência em Marketing, Estratégia e Inovação em posições de liderança de grandes empresas como Bauducco, Danone, Diageo e Pearson. Quer contratar a palestra do executivo para a sua empresa?

A Startup Valeon reinventa o seu negócio

Enquanto a luta por preservar vidas continua à toda, empreendedores e gestores de diferentes áreas buscam formas de reinventar seus negócios para mitigar o impacto econômico da pandemia.

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sábado, 30 de novembro de 2024

TENENTE CORONEL KID PRETO NÃO FAZ PARTE DE NEHUMA TENTATIVA DE GOLPE

 

História de Bruno de Freitas Moura – Repórter da Agência Brasil – Newsrondonia

Defesa de kid preto diz que militar preso foi vítima de armação

Defesa de kid preto diz que militar preso foi vítima de armação

O advogado Jeffrey Chiquini, defensor do tenente-coronel Rodrigo Bezerra Azevedo, preso no Rio de Janeiro no último dia 19, disse, nesta sexta-feira (29), que o militar, que faz parte dos chamados kids pretos – também conhecidos como forças especiais – foi “vítima de uma armação” no caso que apura tentativa de golpe militar e o planejamento do assassinato do então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, de seu vice Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

“Plantaram provas a alvos específicos para essa imputação a pessoas específicas”, disse o advogado.

De acordo com Chiquini, o tenente-coronel Azevedo desconhece qualquer tratativa de golpe e recebeu um telefone celular como “cavalo de Troia”. O advogado concedeu uma entrevista coletiva a jornalistas para esclarecer o conteúdo do depoimento de três horas e meia que Azevedo prestou, via teleconferência, à Polícia Federal (PF) na quinta-feira (28).

“Não é qualquer militar, é o militar que foi pinçado a dedo para que a ele seja imputada uma participação inexistente das forças especiais”, disse ele. “Afirmamos não ter qualquer envolvimento”, acrescentou o advogado, que aponta ter havido “uma sabotagem das Forças Armadas”.

O militar está preso no 1º Batalhão de Polícia do Exército, no Rio de Janeiro. Ele foi detido pela Operação Contragolpe, deflagrada pela PF para desarticular uma suposta organização criminosa responsável por planejar um golpe de Estado. Quatro militares das forças especiais foram alvo da ação.

Investigação

De acordo com o relatório produzido pela PF, Rodrigo Bezerra Azevedo era a pessoa identificada pelo codinome “Brasil” em mensagens interceptadas pelos investigadores. Segundo o documento, no dia 15 de dezembro de 2022, ele foi o usuário de um aparelho de celular utilizado, em Brasília, para a troca de mensagens que faziam parte do plano de matar as autoridades eleitas e o ministro do STF, o que estava planejado para aquele dia.

O relatório detalha que o mesmo telefone usado no dia 15 foi habilitado com outro número de linha, dessa vez em nome do próprio Azevedo, no dia 29 dezembro.

O advogado Jeffrey Chiquini nega que Azevedo seja o codinome “Brasil” e diz ter provas de que no dia 15, aniversário de Azevedo, ele estava em casa, com a família, em Goiânia. Segundo o advogado, o aparelho só foi parar nas mãos do militar no dia 24 de dezembro, quando teria sido “plantado”, ou seja, colocado à disposição do tenente-coronel, que assumia um cargo no Centro de Coordenação de Operações Especiais do Exército.

“Esse celular está plantado à disposição do [tenente] coronel, como se já estivesse tudo preparado.”

Jeffrey relatou que havia alguns aparelhos para serem escolhidos pelo cliente dele, e o celular em questão era o mais novo. “Óbvio que ele escolheu o mais novo. Óbvio que escolheu o melhor celular.”

O advogado levanta a hipótese de alguma pessoa, por exemplo um militar ou um funcionário terceirizado, ter sido corrompida para fazer esse aparelho de celular ficar à disposição de Azevedo. “Está muito claro que se trata de uma armação contra o [tenente] coronel Azevedo e contra as forças especiais”, afirmou o advogado. “Eu não consigo afirmar para vocês quem está por trás”, completou.

A tese da defesa é que a estratégia de imputar culpa ao tenente-coronel serve ao propósito de atingir o Exército, por meio de sua força de operações especiais, ou atrapalhar as investigações a respeito da tentativa de golpe.

“Se houve plano, tem que ser apurado”, pediu o advogado.

Homem de confiança

O relatório da PF cita ainda que o tenente-coronel do Exército Rafael Martins de Oliveira, também kid preto, demonstrou em mensagens confiança em Azevedo. “O Zeza. O único que eu confio”, reproduz o documento da PF.

A investigação mostra que Azevedo estava na lista de contatos de Oliveira como “Zeza Rio”. Oliveira é um dos 37 indiciados pela PF no inquérito do golpe de Estado, juntamente com o ex-presidente Jair Bolsonaro. Oliveira teria fornecido orientações para a execução do crime.

Apesar de estar preso pela Operação Contragolpe, Rodrigo Bezerra Azevedo não está na lista dos 37 indiciados.

Outro trecho do relatório de 884 páginas da PF aponta que em 30 de dezembro, quando o então presidente Bolsonaro deixou o país, Azevedo publicou em um grupo de WhatsApp a seguinte mensagem: “Rapaziada esse grupo aqui pra mim perdeu a finalidade… deixo aqui um abraço pra FE de verdade que fizeram o que podiam pra honrar o próprio nome e as Forças Especiais…qq coisa estou no privado!!Força!!”.

Para a PF “os elementos de prova apresentados são convergentes para demonstrar a participação do militar, “Kid Preto”, Rodrigo Bezerra Azevedo na ação clandestina do dia 15/12/2022, que tinha o objetivo de prender/executar o ministro Alexandre de Moraes”.

O advogado Jeffrey Chiquini nega ligação das mensagens com a trama golpista e alega que os textos enviados por Oliveira e por Azevedo se referem a outro contexto, transferências internas dentro da área de atuação de ambos no Exército.

“Cadê o histórico de mensagens a conseguirmos analisar esse contexto?”, questionou.

Pedido de soltura

Ainda segundo o advogado, o “amadorismo” da suposta tentativa de golpe mostra que não há envolvimento das forças especiais no caso.

“Jamais um força especial teria tanto amadorismo como está se vendo nessa operação”, declarou.

Ele diz que as provas que mostram que Azevedo não participou da articulação criminosa estão no celular do militar, que foi apreendido. Por isso, pedirá à PF acesso ao aparelho para que possa reunir os indícios e solicitar a soltura do cliente.

Chiquini afirmou que Rodrigo Bezerra Azevedo vai colaborar com as investigações. “E não delatar, porque inocente não delata.”

O relatório da PF foi encaminhado pelo STF à Procuradoria-Geral da República (PGR). Cabe à PGR oferecer denúncia contra os indiciados; pedir o arquivamento do inquérito ou exigir o aprofundamento das investigações.

O documento aponta as ações descritas no documento tiveram o objetivo de “viabilizar o golpe de Estado, na tentativa de impedir a posse do governo legitimamente eleito e restringir o livre exercício do Poder Judiciário brasileiro”.

GOVERNO REDUZ O BLOQUEIO NO ORÇAMENTO

 

História de IDIANA TOMAZELLI – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) publicou um relatório surpresa na noite desta sexta-feira (29) para reduzir a R$ 4,3 bilhões a necessidade de bloqueio adicional nas despesas do Orçamento de 2024.

A medida ocorre apenas uma semana após o próprio governo indicar a necessidade de conter mais R$ 6 bilhões nos gastos discricionários (que incluem custeio e investimentos) para acomodar o avanço de despesas obrigatórias, como benefícios previdenciários.

A divulgação foi feita pelo Ministério de Planejamento e Orçamento depois de a mensagem de envio do relatório extemporâneo (nome técnico do documento) ter sido publicada em edição extra no Diário Oficial da União. Não houve aviso prévio de que haveria nova edição do documento, como é praxe nas divulgações que seguem o calendário padrão da publicação bimestral.

O relatório foi editado a tempo de já surtir efeito no decreto de programação orçamentária, que precisa ser publicado até este sábado (30). É nele que o governo formaliza os novos cortes nos ministérios para implementar o bloqueio. A estratégia permite ao Executivo impor um sacrifício menor aos órgãos na reta final do ano.

A decisão, porém, deve contribuir para ampliar o mal-estar do mercado financeiro com o pacote de contenção de gastos anunciado pela equipe econômica sob o comando do ministro Fernando Haddad (Fazenda).

Economistas que já vinham colocando em xeque a disposição do governo em assumir o ônus político de cortar gastos se deparam agora com uma decisão que significa, na prática, menor necessidade de segurar despesas. Se antes o bloqueio total neste ano subiria a R$ 19,3 bilhões, agora ele ficará em R$ 17,6 bilhões.

Para viabilizar o bloqueio menor, o Executivo decidiu zerar os recursos a serem repassados a estados e municípios por meio da Lei Aldir Blanc de incentivo à cultura.

O governo já havia cortado R$ 1,3 bilhão, como antecipou a Folha de S.Paulo, de um orçamento total de R$ 3 bilhões. A decisão agora foi retirar o outro R$ 1,7 bilhão.

O corte é possível graças a uma MP (medida provisória) editada por Lula na última sexta-feira (22). O texto, com vigência imediata, desobriga o governo de fazer repasses de R$ 3 bilhões ao ano até 2027, previstos na lei original. A medida também integra o pacote de contenção de gastos de Haddad.

A redução na previsão orçamentária da Lei Aldir Blanc significa que o Ministério da Cultura não poderá fazer empenhos dessa despesa, ou seja, reservar novos recursos para pagamentos futuros.

O governo, porém, manteve a previsão de um limite financeiro de R$ 1,7 bilhão para repasses à cultura. O espaço pode ser usado para pagar gastos contratados em 2023 nesta ação e que ainda estão pendentes.

Há uma diferença entre os dois limites: o orçamentário é o que conta para o limite de despesas do arcabouço fiscal e é o mais pressionado neste momento, enquanto o financeiro é o que vale para a meta de resultado primário (obtido pela diferença entre receitas e despesas).

Na semana passada, o governo previa um déficit de R$ 28,7 bilhões, muito próximo do máximo permitido (R$ 28,8 bilhões). Agora, o governo reduziu essa previsão para déficit de R$ 27,7 bilhões, abrindo uma folga de R$ 1 bilhão, graças a uma outra manobra sacramentada no mesmo relatório.

A equipe econômica decidiu reincorporar R$ 2,7 bilhões em receitas com o Desenrola para renegociação de dívidas com agências reguladoras, uma semana após excluir a previsão inicial de R$ 4 bilhões. A mudança foi feita com base em uma nota técnica elaborada pela AGU (Advocacia-Geral da União), que “indicou alta probabilidade de ingresso de recursos”. A folga poderá ser usada para quitar os repasses à cultura.

O relatório bimestral é um documento previsto na LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal) cuja função é fazer uma avaliação ampla das receitas e despesas do governo para garantir que as regras fiscais serão cumpridas. Ele tem um calendário fixo de publicação, até o dia 22 dos meses de março, maio, julho, setembro e novembro. A última edição foi divulgada na sexta e detalhada por técnicos em entrevista coletiva na segunda-feira (25).

O governo tem a prerrogativa de publicar um relatório extemporâneo sempre que julgar necessário para reavaliar as contas. No entanto, não é usual a divulgação de um novo documento em um espaço tão curto de tempo. A última vez que houve o envio de um relatório extemporâneo foi no governo de Jair Bolsonaro (PL), em 22 de dezembro de 2022 -um mês após o documento antecessor.

Dos R$ 17,6 bilhões bloqueados pelo governo neste ano, a maior parte (R$ 10,4 bilhões) afeta despesas discricionárias do Executivo. Outros R$ 5,9 bilhões foram travados no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), uma das vitrines do governo para impulsionar investimentos. As emendas de comissão, indicadas por parlamentarem, têm um bloqueio de R$ 1,3 bilhão.

Entre os ministérios, o da Saúde é o mais afetado, com R$ 4,4 bilhões travados. Em seguida vêm Educação (R$ 3 bilhões), Cidades (R$ 2,5 bilhões), Transportes (R$ 1,9 bilhão) e Desenvolvimento Social (R$ 1 bilhão).

Comentário: Governo não fala em cortar despesas com os seus apadrinhados do PT no governo e nas Estatais que geram uma RACHADINHA com o PT de 30% enriquecendo esse partido às custas do próprio governo

A BANDEIRA TARIFÁRIA PARA O MÊS DE DEZEMBRO SERÁ VERDE DEFINE ANEEL

 

Folha de S. Paulo

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) definiu que a bandeira tarifária para a conta de luz no mês de dezembro será verde, o que significa a ausência de custos extras ao consumidor.

A decisão foi tomada após três meses de valores adicionais na conta de luz devido ao menor nível nos reservatórios das hidrelétricas. Agora, a agência afirma que houve expressiva melhora nas condições de geração de energia no país depois da chegada da época de chuvas.

“Nas últimas semanas, o período chuvoso mais intenso favoreceu a geração de energia hidrelétrica, com custo de geração inferior ao de fontes termelétricas -acionadas mais frequentemente quando os níveis dos reservatórios estão baixos”, afirma a Aneel.

Com isso, a cobrança extra de R$ 1,885 por 100 kWh (quilowatts-hora) em prática em novembro deixa de ser aplicada. A medida vale para todos os consumidores de energia conectados ao Sistema Interligado Nacional.

A bandeira ficou verde de abril de 2022 até julho de 2024, quando foi interrompida com o anúncio da bandeira amarela. Em agosto, voltou ao verde. Em setembro, foi aplicada a vermelha patamar 1. Em outubro, vermelha patamar 2. Em novembro, amarela.

A definição das bandeiras influencia os cálculos da inflação. O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, por exemplo, trabalhava com a hipótese de nível amarelo para a conta de luz em dezembro em seu cenário de referência.

O ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia), que vinha criticando a Aneel pela aplicação de cobranças extras, pediu há uma semana que a agência fizesse uma avaliação criteriosa nos próximos meses na definição da bandeira.

“Valores, ou mesmo acionamentos, inadequados [de bandeira] possuem repercussão na inflação do país, considerando o aumento tarifário proporcionado pela sua aplicação. A título de exemplo, em outubro de 2024, o subitem que mais influenciou a inflação foi a energia elétrica, dentro do grupo ‘habitação’, com contribuição de 0,20% na inflação total medida de 0,56%”, afirmou.

O sistema de bandeiras tarifárias foi criado em 2015 para indicar aos consumidores os custos da geração de energia no Brasil. Ele reflete o custo variável da produção de energia considerando fatores como a disponibilidade de água, o uso das fontes renováveis e o acionamento de fontes de geração mais caras como as termelétricas.

A ideia é transferir de forma mais imediata ao consumidor os eventuais aumentos na geração de energia, dando transparência e estimulando um consumo consciente. Até então, o repasse de preços acontecia só nos reajustes anuais.

Cerca de 71% da geração do Brasil vem de hidrelétricas. O restante é complementado por outras fontes, como eólica, solar e nuclear. Como a geração hidrelétrica pode ficar comprometida em períodos de seca, o país tem um parque de usinas térmicas que são acionadas quando faltam chuvas.

Essas térmicas consomem gás, óleo combustível ou diesel e, quando são ligadas, elevam o custo de geração de energia, já que é necessário gastar com a compra do combustível.

ENTENDA MAIS SOBRE AS BANDEIRAS TARIFÁRIAS

– Bandeira verde: condições favoráveis de geração de energia. A tarifa não sofre nenhum acréscimo

– Bandeira amarela: condições de geração menos favoráveis. A tarifa sofre acréscimo de R$ 0,01885 para cada quilowatt-hora (kWh) consumidos

– Bandeira vermelha – Patamar 1: condições mais custosas de geração. A tarifa sofre acréscimo de R$ 0,04463 para cada quilowatt-hora kWh consumido

– Bandeira vermelha – Patamar 2: condições ainda mais custosas de geração. A tarifa sofre acréscimo de R$ 0,07877 para cada quilowatt-hora kWh consumido

RENÚNCIA FISCAL EQUIVALE A GASTOS TRIBUTÁRIOS DO GOVERNO E DOS ESTADOS NA ORDEM DE 6,9% DO PIB SEGUNDO FGV

História de Notas & Informações – Jornal Estadão

Os gastos tributários do governo federal e dos Estados, que em 2002 representavam 2,1% do Produto Interno Bruto (PIB), avançaram para 7,2% do PIB em 2023 e para este ano a estimativa é de que cheguem a 6,9%, apontou estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV). Ou seja, no ano passado, em valores nominais, as renúncias do governo federal e dos Estados a receitas com tributos em programas econômicos e sociais corresponderam a R$ 784,8 bilhões. O que deixou de ser arrecadado é contabilizado como despesa indireta, o chamado gasto tributário.

Mais importante do que a cifra estratosférica, o levantamento da FGV sobre o aumento expressivo e contínuo desse tipo de gasto ao longo das últimas duas décadas mostra a pouca transparência e a falta de avaliação efetiva dos benefícios que cada gasto tributário traz para o desenvolvimento econômico e a redução da desigualdade. A ausência de um padrão de cálculo sobre o impacto financeiro dessas medidas faz também com que parte delas fuja ao crivo dos órgãos de controle. Somente os gastos tributários federais corresponderam a 4,8% do PIB no ano passado.

Buscando identificar os principais problemas que levam à falta de transparência e dificuldade de avaliação, os pesquisadores da FGV atestaram que os erros começam na base, com uma confusão conceitual sobre o gasto tributário, e seguem em descompasso, sem definição sobre a forma como esse gasto é medido e sobre as falhas de monitoramento e governança. Detalhes sobre esses gastos federais são publicados anualmente no Orçamento, mas várias renúncias fiscais não são incluídas na definição de gasto tributário, o que afeta a transparência e o resultado.

Manoel Pires, coordenador do estudo, destacou que mesmo a Receita Federal, que ele definiu como o órgão que trabalha com maior estabilidade conceitual, usa metodologia que deixa alguns gastos de fora, citando como exemplo o Repetro, regime aduaneiro especial para importação e exportação de equipamentos para exploração e produção de petróleo.

Os pesquisadores da FGV conseguiram catalogar o que, de forma geral, tem sido recorrente no País, com a proliferação de subsídios e incentivos tentando compensar a alta e complexa carga tributária em medidas seletivas e pouco eficientes. No caso dos Estados, os anos de guerra fiscal, numa disputa para ver quem dava os maiores benefícios para atrair indústrias de fora, deixaram um rastro de desequilíbrios. As justificativas que embalam os pacotes de privilégios, em todas as esferas, são invariavelmente as mesmas – geração de empregos, redução da pobreza e desenvolvimento regional –, mas a aferição do alcance desses objetivos com frequência cai no esquecimento, sem que haja quaisquer cobranças.

Os dados do relatório evidenciam a falta de critérios objetivos e metas de desempenho e, ainda, a falta de um órgão gestor para monitorar a política pública que criou determinado gasto tributário. A aprovação, no ano passado, da primeira etapa da reforma tributária, centrada no consumo, foi sem dúvida um avanço, mas o grande número de benefícios fiscais e regimes diferenciados para alguns setores torna mais difícil a sua execução em razão da quantidade de bens com tratamento favorecido, que eleva a alíquota padrão. Inicialmente previsto em torno de 25%, o Imposto sobre Valor Agregado (IVA) já é estimado em 28%, um dos mais altos do mundo.

O volume de recursos que o governo deixa de arrecadar por causa do aumento das políticas de renúncia tributária extrapola, e muito, os ganhos eventuais, o que indica a necessidade de reduzir esse impacto nas contas públicas. O relatório da FGV chega à conclusão óbvia de que o melhor caminho para atingir esse objetivo é promover uma avaliação contínua dos efeitos desses programas para o desenvolvimento econômico do País e para a efetiva redução da desigualdade – e obviamente ter a coragem de cancelar os que não entregam o esperado.

 

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

  Brasil e Mundo ...