quarta-feira, 28 de agosto de 2024

DECISÕES DE REPERCUSSÃO DO STF PASSA PELAS MÃOS DE ASSESSORES E MINISTROS

 

História de Mariana Schreiber – Da BBC News em Brasília – BBC News Brasil

Caso envolvendo Alexandre de Moraes e seus assessores ganhou destaque nos últimos dias

Caso envolvendo Alexandre de Moraes e seus assessores ganhou destaque nos últimos dias© Getty Images

Decisões de grande repercussão do Supremo Tribunal Federal (STF) passam não só pelas mãos dos onze ministros, mas de assessores que trabalham muito próximo a eles.

Essa dinâmica, ainda pouco conhecida do público em geral, ganhou visibilidade nas últimas semanas com o vazamento de mensagens privadas trocadas por assessores do ministro do STF e ex-presidente do Tribunal Superior Eleitoral Alexandre de Moraes.

As conversas, tornadas públicas pelo jornal Folha de S.Paulo, mostraram Airton Vieira, juiz instrutor de Moraes no STF, orientando, a pedido do ministro, a produção de relatórios no TSE sobre suspeitos de propagar desinformação sobre o processo eleitoral e ataques a ministros da Corte.

A conduta levantou críticas de que Moraes teria agido fora do rito processual e de forma parcial, ao solicitar relatórios que foram, depois, usados em inquéritos criminais para fundamentar decisões como bloqueio de contas em redes sociais, suspensão de passaporte e congelamento de contas bancárias.

Já outros especialistas dizem que o ministro atuou dentro do poder de polícia da Justiça Eleitoral e apenas solicitou relatórios sobre informações públicas divulgadas nas redes sociais — argumentos que o próprio magistrado usou em declarações públicas para justificar sua atuação.

A BBC News Brasil conversou com quatro ex-assessores de ministros do STF sobre como funcionam os gabinetes na Corte. Os entrevistados evitaram entrar no mérito da atuação de Airton Vieira e Moraes, mas ajudaram a entender melhor a dinâmica dessas equipes de assessoramento.

A reportagem ouviu o advogado Davi Tangerino, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) que assessorou o ministro aposentado Ricardo Lewandowski, atual ministro da Justiça e Segurança Pública; com o advogado Felipe Fonte, professor da FGV que atuou no gabinete do ministro aposentado Marco Aurélio Mello; e com o magistrado Leandro Galluzzi, que foi juiz instrutor dos ministro Cezar Peluso, já aposentado, e Teori Zavascki, falecido em 2017.

Também foi entrevistada uma advogada que atuou no gabinete de um ministro que ainda está na Corte, mas que preferiu não ser identificada na reportagem.

Segundo os entrevistados, são os auxiliares de maior confiança que costumam escrever, sob orientação e revisão dos ministros, as decisões de maior impacto dos gabinetes.

Eles também supervisionam os funcionários em postos mais baixos nos casos mais simples, o grosso dos milhares de processos ou recursos analisados anualmente – decisões que, muitas vezes, nem passam pelos olhos do ministro.

“Se alguém disser que os ministros leem 100% do que eles assinam, é mentira”, afirma Davi Tangerino.

Os ex-assessores também contam como é importante estar bem relacionado, sobretudo em meios acadêmicos do Direito, para conseguir participar das seleções para os gabinetes.

Uma linha jurídica semelhante à do ministro também é esperada. Reconhecido por ser duro em ações penais, Moraes já fez piada pública sobre a falta de garantismo – corrente do Direito que valoriza os direitos dos acusados – do seu juiz instrutor, Aírton Vieira.

Não há quarentena para defensores assumirem casos no STF após deixarem os gabinetes

Não há quarentena para defensores assumirem casos no STF após deixarem os gabinetes© Getty Images

Os entrevistados também revelam um ritmo de trabalho intenso. A ex-assessora que conversou com a reportagem diz que o ambiente é “muito desafiador e estimulante intelectualmente”, mas também “estressante e competitivo”.

“Você trabalha 100% do tempo”, disse ela, lembrando que os assessores aproveitam as portas abertas pelo cargo para publicar livros e artigos.

O cargo também pode alavancar carreiras dos que voltam ao mercado da advocacia após um período nos gabinetes, nota Tangerino. Não há quarentena para defensores assumirem casos no STF, após deixarem os gabinetes, ficando ao critério do ministro se declarar ou não suspeito para julgar processos desse profissional.

“É uma oportunidade incrível de aprendizado. Alguns advogados depois vão abrir um escritório e capitalizar em torno disso. Existe um jeito absolutamente republicano de capitalizar que é dizer [aos clientes]: ‘Eu tenho essa experiência, eu conheço o Tribunal por dentro'”, afirma.

“Mas também tem a turma que pode passar a vender acesso [ao gabinete]. Então, quanto mais público for isso [quem são os assessores dos ministros], mais se consegue controlar”, defende.

Entenda a seguir, em três pontos, o funcionamento dos gabinetes, como os assessores são selecionados e qual o perfil desse time.

O funcionamento dos gabinetes

O STF produz um volume enorme de decisões, em comparação a outros tribunais constitucionais.

A Suprema Corte americana, por exemplo, não costuma superar cem decisões ao ano. Já o STF concedeu 101.970 decisões em 2023, sendo 17.320 colegiadas, tomadas pelo plenário e as duas turmas da Corte, e 84.650 individuais, proferidas pelos ministros isoladamente.

Para dar conta desse volume, cada gabinete tem de 30 a 40 pessoas para assessorar os ministros na condução dos processos e na produção dos votos.

Parte da equipe é composta por servidores concursados do STF, que ocupam os cargos de analistas e técnicos judiciários, e parte por profissionais de fora da Corte, selecionados pelos ministros, que podem ser advogados, acadêmicos do Direito ou servidores de outros órgãos públicos cedidos ao Supremo, principalmente do próprio Poder Judiciário.

Desses profissionais convidados a integrar os gabinetes, ao menos três são juízes de primeira instância ou desembargadores, que exercem as funções de juiz instrutor — que atuam nas ações criminais — ou juiz auxiliar — que atuam nos demais casos.

Um dos cargos de confiança é ocupado pelo chefe de gabinete, que gerencia seu funcionamento.

Mas as funções consideradas mais importantes, dizem os entrevistados, são desempenhadas pelos juízes e os assessores de ministro (dez em cada gabinete).

Parte das vagas de assessores é ocupada por servidores concursados do STF, que recebem uma comissão, mas a maioria costuma ficar com os profissionais de fora da Corte.

O criminalista Davi Tangerino atuou entre 2007 e 2008 — época do recebimento da denúncia do escândalo do Mensalão — como assessor de Lewandowski, que deixou a Corte em 2023.

Ex-assessor de Lewandowski contou à BBC News Brasil como era o trabalho nos bastidores do STF

Ex-assessor de Lewandowski contou à BBC News Brasil como era o trabalho nos bastidores do STF© Getty Images

Ele divide o trabalho da equipe dos ministros em dois grupos principais. Um deles, composto pelos servidores concursados do próprio Supremo, costuma cuidar do grosso dos processos, aqueles casos que não demandam uma atenção aprofundada dos ministros porque já têm jurisprudência consolidada.

Nestes casos, os servidores replicam decisões já conhecidas dos ministros em julgamentos anteriores semelhantes. Ainda assim, esse trabalho tem a supervisão de algum assessor de confiança do ministro.

O outro grupo — formado pelos assessores e juízes convocados — cuida das ações mais complexas e sensíveis.

Esses auxiliares costumam ser divididos por tipos de ações, como processos criminais ou as ações originárias (que começam no STF) que abordam controle de constitucionalidade (por exemplo, se determinada lei ou conduta fere um direito previsto na Constituição).

“E qual é o nosso papel? Analisar o caso e propor uma decisão para o ministro. Agora, o jeito de fazer isso é muito diferente de um gabinete para o outro. Tem ministro que realiza reuniões com a equipe para debater os casos”, nota Tangerino

“O Lewandowski adiantava o que ele estava entendendo provisoriamente, e eu rascunhava o voto naquele sentido. Com o tempo, você vai entendendo o jeitão de decidir em alguns temas, e aí fica até desnecessário [a conversa prévia]. O bom assessor tenta espelhar o ministro, é quase um ghost writer”, ressalta.

O juiz instrutor, cargo que passou a existir apenas em 2009, tem uma função mais específica. Ele sempre cuida de investigações e ações penais originárias — ou seja, casos criminais que iniciam sua tramitação no próprio Supremo, como os inquéritos das Fake News, que apura ataques mentirosos à Corte, e das Milícias Digitais, que investiga milícias digitais antidemocráticas e seu financiamento, ambos presididos por Moraes.

Este juiz realiza as ações necessárias para o andamento de um processo criminal, como colher o depoimento de suspeitos, réus e de testemunhas; autorizar diligências para colheita de provas; e fixar prazos para o cumprimento das etapas do caso.

Antes da criação desse cargo, a instrução processual era feita por cartas de ordem, em que os ministros determinavam a juízes de todo o país que fizessem a coleta de provas nas comarcas onde residiam testemunhas ou réus.

“Os assessores próximos aos ministros, em geral, ocupam a segunda hierarquia mais alta nos gabinetes, só perde para o do próprio ministro. Esses assessores normalmente coordenam suas áreas”, ressalta o magistrado Leandro Galluzzi, que atuou nos gabinetes de Peluso e Zavascki de 2011 até o início 2014, principalmente como juiz instrutor.

“O juiz instrutor acaba sendo responsável também pelos assessores e analistas [judiciários] que cuidam da parte penal. Não cuida só das ações grandes, cuida também daquele habeas corpus que chega de Pindamonhangaba. Sempre refletindo aquilo que já conhece do [modo de decidir do] ministro”, acrescenta.

A criação do juiz instrutor veio em um contexto de alta das ações penais contra autoridades no STF, após o escândalo do Mensalão (2005), com objetivo de otimizar o funcionamento dos gabinetes.

Um dos primeiros a ocupar o cargo foi o hoje senador Sergio Moro (União-PR). Ele atuou no gabinete da ministra aposentada Rosa Weber e depois foi o juiz de primeira instância responsável por julgar os casos derivados da operação Lava Jato.

Como os assessores são escolhidos?

Para ser assessor de um ministro do STF, não é preciso conhecê-lo previamente, mas é importante estar bem conectado para que seu nome possa chegar até ele ou ela. Estudar nas mais renomadas universidades também costuma abrir portas.

O advogado Felipe Fonte, por exemplo, se tornou assessor do ministro aposentado Marco Aurélio em 2011, por indicação dos professores da Uerj, onde havia feito, até então, graduação e mestrado.

Ele conta que uma das filhas do ministro estava cursando disciplinas do mestrado na universidade e disse que o pai procurava pessoas qualificadas para o cargo de assessor.

“Eu mandei meu currículo através dos professores, fiz uma entrevista, e nosso santo bateu”, conta.

Fonte lembra que Marco Aurélio tinha alguns ritos próprios no seu gabinete. Ele nunca quis o auxílio de juízes, pois preferia ser o único magistrado em sua equipe.

Outra curiosidade é que o ministro não escrevia votos — em vez disso, gravava suas decisões oralmente, que eram depois transcritas por um setor de degravação do gabinete.

Marco Aurélio (à direita) não queria auxílio de juízes, pois preferia ser o único magistrado em sua equipe

Marco Aurélio (à direita) não queria auxílio de juízes, pois preferia ser o único magistrado em sua equipe© Getty Images

Isso nem sempre era necessário. Se havia casos repetidos, em que a posição do ministro já era sabida, os assessores redigiam os votos e enviavam para ele assinar.

“Se não [fosse um caso já conhecido], eu escrevia um texto sugerindo argumentos e vendo como ele queria que fosse encaminhado. Às vezes, ele pedia para que a gente redigisse uma minuta, que sempre voltava para ele mexer. O resultado prático disso é que o ministro Marco Aurélio era o ministro com mais processos [acumulados] no gabinete”, recorda.

O juiz Leandro Galluzzi, do Tribunal de Justiça de São Paulo, também foi trabalhar com o ministro aposentado Cezar Peluso em 2011 pela indicação de colegas de faculdade, no caso dele, da Universidade de São Paulo (USP).

Antes de ser juiz, ele havia trabalhado no Ministério da Justiça, com Márcio Thomaz Bastos, nos primeiros governos Lula, o que também valorizou seu currículo.

“Peluso não queria convocar um juiz que fosse conhecido dos seus filhos, pois ele tem dois filhos juízes em São Paulo, para não parecer proteção. Então, amigos que trabalhavam no gabinete dele e foram da minha turma na faculdade me recomendaram, e eu fiz uma entrevista com o ministro.”

Na ocasião, Peluso presidia o STF e o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgão que fiscaliza o Judiciário, e Galluzzi foi nomeado por lá inicialmente, embora sua função principal fosse apoiar o trabalho do ministro no Supremo.

Na época, recorda, não havia uma vaga disponível para trabalhar no STF, porque os ministros tinham direito a dois juízes apenas (um auxiliar e um instrutor), número que subiu para três em 2017.

Gabinetes com maior volume de trabalho na área penal, porém, têm, excepcionalmente, mais auxiliares. Edson Fachin, principal relator da operação Lava Jato no STF, tem cinco (um auxiliar e quatro instrutores). Já Moraes, presidente de diferentes inquéritos criminais, tem quatro (três auxiliares e um instrutor).

Depois, quando Peluso deixou a presidência do STF e do CNJ, Galluzi se tornou juiz instrutor no seu gabinete no Supremo. Com a aposentadoria do ministro em 2012, continuou por mais um ano com seu sucessor, Teori Zavascki.

Galluzzi lembra que os dois tinham estilos muito diferentes.

“O Peluso era um estilo mais aberto, de reunir a equipe toda, várias vezes, juiz e assessor. Com ele, as coisas eram menos hierarquizadas. Com o Teori, havia uma hierarquia maior, inclusive em relação ao próprio ministro com os juízes, os juízes com os assessores, os assessores com os analistas”, conta.

“Eu tinha até mais poder com o Teori do que eu tinha com o Peluso, embora a minha relação fosse muito mais próxima com o Peluso nas reuniões que fazia com a equipe toda.”

Perfil dos assessores

Os ministros, ressaltam os entrevistados ouvidos pela BBC News Brasil, tendem a valorizar assessores com visões e trajetórias próximas às suas, além de profissionais dos seus Estados de origem.

Edson Fachin, por exemplo, que é do Paraná, tem boa parte dos seus assessores de confiança cedido por órgãos daquele Estado, enquanto o ministro Flávio Dino montou sua equipe com vários nomes do Maranhão, seu Estado natal.

Moraes, que é paulista, tem muitos assessores vindos de São Paulo. Conhecido por ter posições consideradas mais rigorosas na área penal, ele buscou esse perfil ao escolher como seu juiz instrutor Airton Vieira, magistrado que já se declarou, inclusive, a favor da pena de morte.

Ao discursar na cerimônia de posse de Vieira como desembargador no Tribunal de Justiça de São Paulo, o ministro destacou “a sua serenidade, a sua competência, a sua tecnicalidade”, antes de brincar: “Eu só não posso dizer aqui o seu garantismo [linha jurídica que valoriza os direitos dos acusados], porque aí eu estaria mentindo demais. Nem um semigarantismo existiria no Airton”.

Segundo os entrevistados, assessores que vêm da iniciativa privada, como advogados, tendem a ter uma rotatividade maior nos gabinetes. Isso porque a remuneração desse grupo não é alta quando comparada ao que ganham advogados bem-sucedidos em seus escritórios.

Segundo o Portal da Transparência do STF, a remuneração mais comum paga em maio (dado mais recente disponível) a assessores de ministros sem vínculo com a Corte ou outro órgão público era de R$ 14.539,41 brutos. O valor mais alto era de R$ 18.683,14.

Já servidores concursados da Corte que chegam ao mesmo cargo receberam, em média, R$ 30.422 brutos no mesmo mês, segundo cálculo da reportagem a partir dos dados do STF.

Assessores cedidos de outros órgãos públicos mantêm seus salários originais e recebem um adicional. O valor bruto mais comum pago pelo Supremo em maio era de R$ 9.450,62.

Ex-assessores do STF dizem que o ambiente de trabalho é rico intelectualmente e abre portas no mercado da advocacia e na área acadêmica

Ex-assessores do STF dizem que o ambiente de trabalho é rico intelectualmente e abre portas no mercado da advocacia e na área acadêmica© Getty Images

Juízes também mantêm seu salário normal mais um adicional, cujo valor mais comum em maio era de R$ 4.076,29. Além disso, ganham diárias por estarem fora dos seu Estado de origem, que costumam somar mensalmente R$ 10.653,50.

Para além da remuneração, o ambiente é descrito como rico intelectualmente e uma experiência que abre portas no mercado da advocacia e na área acadêmica, com mais oportunidades para publicar artigos e livros. O ritmo de trabalho, recorda, é intenso.

“É um ambiente de disputa [entre os assessores] pela atenção [do ministro] e de sarrafo bem alto. É muito desafiador e estimulante intelectualmente. Nas reuniões, era comum um perguntar ao outro: ‘O que você vai escrever nessas férias?'”, recorda.

Por outro lado, ressalta a advogada, “é um ambiente muito estressante, você trabalha 100% do tempo”, o que torna difícil “conciliar com outros aspectos da vida pessoal”.

Na sua avaliação, isso tende a atrair pessoas mais jovens e cria desafios extras para mulheres que são mães, por exemplo, embora existam assessoras com filhos em cargos importantes.

Esse contexto, aliado “ao ambiente muito masculino do Poder Judiciário”, contribui para a maioria de homens nos cargos de confiança, afirma.

“O Judiciário é um ambiente muito masculino, em geral, e, no Supremo, tem esse ambiente de competição, de exaustão, de desafio, que torna isso mais forte. Porque, socialmente, homens tendem a se colocar de forma mais assertiva”, acredita.

“Isso é um desafio para muitas mulheres. Então, já tem um viés de seleção de que tem que ser alguém que tem esse perfil, ou que adquira esse perfil, para conseguir se manter.”

ALTERAR O HINO NACIONAL COMO NO COMÍCIO DE BOULOS GERA MULTA

 

História de Guilherme Naldis – Jornal Estadão

O Hino Nacional é considerado um dos quatro símbolos nacionais, que também incluem a Bandeira, o Selo e as Armas Nacionais. Fazer qualquer tipo de alteração nesses símbolos é considerado contravenção, ou seja, uma infração penal com menos gravidade que um crime. A pena pode variar de R$ 4.537 a R$ 18.148. No caso de reincidência, a multa pode ser dobrada, chegando a até R$ R$ 36.296, segundo especialistas ouvidos pelo Estadão nesta terça-feira, 27/08.

A pena para alterações no hino foi lembrada depois do comício de Guilherme Boulos (PSOL), candidato à Prefeitura de São Paulo, em que uma cantora mudou trechos da letra para adequá-la à “linguagem neutra” (“verás que es filhes teus não fogem à luta”) no último sábado, 24 de agosto.

Políticos de direita têm argumentado que a alteração é uma violação à lei dos Símbolos Nacionais, e o próprio Boulos excluiu o vídeo das suas redes depois da repercussão negativa. Sua campanha alegou que as alterações no hino foram de responsabilidade da empresa contratada para produzir o evento.

Segundo a advogada constitucionalista Vera Chemim, o critério para determinar o tamanho da multa por alterações no Hino Nacional vai depender da análise feita pelo juiz que julgar o caso. Não há, entretanto, parâmetro para a aplicação das faixas da penalidade.

“A multa varia com a interpretação do magistrado. Se ele emprestar uma maior ou menor gravidade ao ato, a multa vai corresponder”, disse a advogada.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa de comício dos candidatos a prefeito e vice-prefeita, Guilherme Boulos (PSOL) e Marta Suplicy (PT), no sábado, 24, no bairro do Campo Limpo, na zona sul da capital paulista. Foto: Werther Santana/Estadão

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa de comício dos candidatos a prefeito e vice-prefeita, Guilherme Boulos (PSOL) e Marta Suplicy (PT), no sábado, 24, no bairro do Campo Limpo, na zona sul da capital paulista. Foto: Werther Santana/Estadão

A norma que regula os símbolos nacionais é a Lei nº 5.700 de 1971, do Código Civil. “É uma lei bastante antiga, da época da ditadura. O bem jurídico tutelado pela lei é o respeito à federação e à simbologia nacional”, afirma Raphael Blaselbauer, sócio da RBKO Advogados.

A postura perante a execução do hino também é prevista na lei. Além de prever como a canção deve ser tocada e apresentada, a lei determina, por exemplo, que homens não utilizem chapéus ou bonés enquanto o hino é executado. Também é proibido bater palmas após a execução da canção, seja em versão instrumental ou com canto.

SHOW DO ROCK RIO VAI TER ÁGUA DE GRAÇA

 

História de admin3 – IstoÉ

A partir desta terça-feira, 27, grandes eventos como shows e festivais terão de distribuir água de graça para o público até o fim do ano. Foi o que decidiu o Governo Federal em uma Portaria assinada pela Secretaria Nacional do Consumidor, órgão do Ministério da Justiça e Segurança Pública. A decisão é válida por 120 dias.

A resolução foi motivada pelas ondas de calor extremo que atingiram o Brasil nos últimos anos. Conforme a Portaria, eventos de grande porte deverão permitir o acesso de garrafas de uso pessoal – feitas de materiais que não comprometam a segurança – e instalar “ilhas de hidratação” gratuitas e de fácil acesso para que os presentes possam reabastecer os recipientes.

Shows e festivais também terão de incluir pontos de vendas de comidas e bebidas, além das “ilhas de hidratação”, em pontos estratégicos. Em caso de intercorrências relacionadas à saúde dos participantes dos eventos, o espaço físico e a estrutura para o resgate rápido também devem ser pensados estrategicamente.

A decisão não proíbe que haja venda de água, mas a comercialização não deve ser feita a preços abusivos. A fiscalização dos valores da água mineral vendida em grandes eventos fica a cargo dos órgãos estaduais e municipais. Ao fim da validade, a Portaria será reavaliada conforme as condições climáticas.

A discussão sobre a distribuição gratuita de água em eventos foi motivada pela morte da jovem Ana Clara Benevides, de 23 anos, em novembro do ano passado. O laudo da morte apontou que Ana Clara sofreu uma exaustão térmica causada pelo calor, segundo o G1. Ela assistia ao show da cantora Taylor Swift no Estádio Nilton Santos, no Rio de Janeiro – na data, a cidade registrou máxima de 40ºC com sensação térmica de quase 60ºC.

No dia do ocorrido, o ministro Flávio Dino anunciou uma outra Portaria que determinava que espetáculos teriam de permitir a entrada de garrafas de água, além de garantir as “ilhas de hidratação”. “A medida vale imediatamente. A Portaria será editada em, no máximo, 1 hora. Será postada aqui para conhecimento dos detalhes”, escreveu à época.

Em junho, a Assembleia Legislativa de São Paulo aprovou o Projeto de Lei (PL) 1600/2023, do deputado Enio Tatto (PT), que institui a Lei Ana Clara Benevides. O PL prevê que eventos como shows e festivais devem garantir o acesso de garrafas de uso pessoal ou distribuição de embalagens com água gratuitamente.

O próximo grande evento de música no País ocorre no próximo mês. O Rock in Rio será realizado nos dias 13, 14, 15, 19, 20, 21 e 22 de setembro. A edição é comemorativa dos 40 anos do festival e trará nomes como Imagine Dragons, Avenged Sevenfold, Ed Sheeran, Katy Perry, Cyndi Lauper e Mariah Carey.

RÚSSIA AMEAÇA EUA COM TERCEIRA GUERRA

 

História de Por Guy Faulconbridge e Vladimir Soldatkin – REUTERS

Chanceler russo Sergei Lavrov em Moscou  27/8/2024  REUTERS/Evgenia Novozhenina

Chanceler russo Sergei Lavrov em Moscou 27/8/2024 REUTERS/Evgenia Novozhenina© Thomson Reuters

Por Guy Faulconbridge e Vladimir Soldatkin

MOSCOU (Reuters) – A Rússia disse que o Ocidente está brincando com fogo ao considerar a possibilidade de permitir que a Ucrânia ataque profundamente a Rússia com mísseis ocidentais e advertiu os Estados Unidos na terça-feira que a Terceira Guerra Mundial não se limitaria à Europa.

A Ucrânia atacou a região de Kursk, no oeste da Rússia, em 6 de agosto, e conquistou uma fatia do território no maior ataque estrangeiro à Rússia desde a Segunda Guerra Mundial. O presidente Vladimir Putin disse que haverá uma resposta digna da Rússia ao ataque.

Sergei Lavrov, que atuou como ministro das Relações Exteriores de Putin por mais de 20 anos, disse que o Ocidente estava tentando aumentar a guerra na Ucrânia e “pedindo problemas” ao considerar os apelos ucranianos para afrouxar as restrições ao uso de armas fornecidas por estrangeiros.

Desde a invasão da Ucrânia em 2022, Putin tem alertado repetidamente sobre o risco de uma guerra muito mais ampla envolvendo as maiores potências nucleares do mundo, embora tenha dito que a Rússia não quer um conflito com a aliança Otan liderada pelos EUA.

“Agora estamos confirmando mais uma vez que brincar com fogo – e eles são como crianças pequenas brincando com fósforos – é algo muito perigoso para tios e tias adultos a quem foram confiadas armas nucleares em um ou outro país ocidental”, afirmou Lavrov a repórteres em Moscou.

“Os americanos associam inequivocamente as conversas sobre a Terceira Guerra Mundial como algo que, Deus nos livre, se acontecer, afetará exclusivamente a Europa”, disse Lavrov.

Lavrov acrescentou que a Rússia estava “esclarecendo” sua doutrina nuclear.

A doutrina nuclear russa de 2020 estabelece quando seu presidente consideraria o uso de uma arma nuclear: em termos gerais, como resposta a um ataque com armas nucleares ou outras armas de destruição em massa ou armas convencionais “quando a própria existência do Estado é colocada sob ameaça”.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, disse neste mês que o ataque à região russa de Kursk mostrou que as ameaças de retaliação do Kremlin eram um blefe.

Zelenskiy afirmou que a Ucrânia, devido às restrições impostas pelos aliados, não podia usar as armas à sua disposição para atingir alguns alvos militares russos. Ele pediu aos aliados que fossem mais ousados em suas decisões sobre como ajudar Kiev na guerra.

A Rússia afirmou que armamentos ocidentais, incluindo tanques britânicos e sistemas de foguetes dos EUA, foram usados pela Ucrânia em Kursk. Kiev confirmou o uso de mísseis Himars dos EUA para derrubar pontes em Kursk.

Washington diz que não foi informada sobre os planos da Ucrânia antes da incursão surpresa em Kursk. Os Estados Unidos também afirmaram não ter participado da operação.

O chefe da inteligência estrangeira de Putin, Sergei Naryshkin, disse na terça-feira que Moscou não acreditava nas afirmações ocidentais de que não tinha nada a ver com o ataque a Kursk. O vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Ryabkov, disse que o envolvimento dos Estados Unidos era “um fato óbvio”.

ORTEGA TEM COISINHAS DE LULA PARA CONTAR

 

História de admin3 – IstoÉ

MANÁGUA, 27 AGO (ANSA) – O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, atacou o seu homólogo brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, devido à crise na Venezuela.   

O Brasil e outros países da América Latina, como a Colômbia, não reconhecem a vitória de Nicolás Maduro proclamada nos últimos dias pelo Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) por conta da não apresentação das atas eleitorais.   

“Pobre [Gustavo] Petro [presidente da Colômbia], está em competição com Lula para ver quem será o líder que representará os yankees [os Estados Unidos] na América Latina”, ironizou Ortega durante a 11ª Cúpula Extraordinária da Aliança Bolivariana Para os Povos da Nossa América (Alba), fundada por Hugo Chávez, ex-presidente venezuelano.   

Ortega também criticou diretamente o chefe de Estado brasileiro. “Se você quer respeito, me respeite, Lula. Se você quer que o povo bolivariano te respeite, respeite a vitória do presidente Maduro e não se deixe levar [pelos Estados Unidos]”, disse.   

O líder sandinista ainda lembrou os escândalos de corrupção envolvendo o governo Lula no passado, como o da Lava Jato. ” Não foi o governo mais limpo, lembre-se bem, Lula, porque eu poderei contar várias coisinhas”, ameaçou Ortega.   

No último dia 8 de agosto, a Nicarágua expulsou o embaixador brasileiro Breno de Souza Brasil Dias da Costa por este não ter comparecido às celebrações pelo 45º aniversário da Revolução Sandinista. Em resposta, o Brasil expulsou a embaixadora nicaraguense Fulvia Castro. (ANSA).  

INVESTIGAÇÕES QUE ENVOLVEM PLABO MARÇAL

 

História de Karina Ferreira – Jornal Estadão

Envolto em polêmicas e problemas com a Justiça, o empresário e candidato à Prefeitura de São Paulo Pablo Marçal (PRTB) tem seu nome envolvido em investigações criminais, ações na Justiça Eleitoral e é processado até por supostamente não cumprir uma promessa.

Pablo Marçal, candidato a prefeito de São Paulo Foto: Werther Santana/Estadão

Pablo Marçal, candidato a prefeito de São Paulo Foto: Werther Santana/Estadão

Além disso, o empresário já foi preso temporariamente em 2005, quando tinha 18 anos, na investigação que apurou ações de criminosos condenados por desviar dinheiro de contas bancárias. Em 2010, ele foi condenado a quatro anos e cinco meses de reclusão por furto qualificado. Embora considerado culpado, ele não chegou a cumprir a pena, que prescreveu pela demora do tribunal em apreciar o caso. Procurado, Marçal não se manifestou sobre o episódio.

Atualmente, o ex-coach é alvo de inquéritos da Polícia Federal (PF), da Polícia Civil de Piquete (SP), e tem abertas contra ele 22 ações na Justiça Eleitoral.

Investigação da Polícia Federal por suspeita de lavagem de dinheiro

Marçal é investigado pelos supostos crimes de falsidade ideológica eleitoral, apropriação indébita eleitoral e lavagem de capitais nas eleições de 2022, quando lançou sua candidatura ao Planalto. A PF suspeita que o ex-coach e seu sócio Marcos Oliveira tenham feito doações de R$ 1,7 milhão à campanha e gastado o dinheiro com serviços de suas próprias empresas. O caso tramita em sigilo.

Na tentativa de concorrer à Presidência, Marçal foi barrado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em meio a disputas pela liderança do PROS, sua sigla na época. Depois disso, ele concorreu a uma vaga na Câmara, mas teve o registro indeferido após o pleito. A PF chegou a cumprir diligências na casa do empresário em julho do ano passado. Marçal rebateu em suas redes sociais, afirmando que era vítima de “perseguição política”.

Pablo Marçal (PRTB) foi condenado em 2010, mas pena prescreveu Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Pablo Marçal (PRTB) foi condenado em 2010, mas pena prescreveu Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Investigação da Polícia Civil por suspeita de homicídio privilegiado tentado

O empresário é investigado pela Polícia Civil por colocar em risco a vida de 32 pessoas em uma expedição ao Pico dos Marins, na divisa de São Paulo com Minas Gerais, em janeiro de 2022. O grupo liderado por ele foi resgatado pelos bombeiros, após a incursão na montanha de 2.420 metros de altitude – mesmo com o alerta da Defesa Civil sobre as más condições meteorológicas naquela ocasião.

À época, Marçal afirmou que não mandou ninguém subir a montanha e que cada um foi responsável pelos próprios atos. Ele tentou no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) trancar o inquérito conduzido no interior, em Piquete (SP), a 208 quilômetros da capital paulista, mas não conseguiu.

No final de julho, a Vara Única da cidade concedeu mais 90 dias para a Polícia Civil local investigar o caso. Além disso, uma ordem judicial proíbe que ele realize novas expedições similares sem autorização prévia da Polícia Militar.

Investigação do Ministério Público por descumprimento de medida judicial

O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) foi autorizado pela Justiça no final de junho a investigar se Marçal descumpriu uma medida cautelar imposta a ele após o caso do Pico dos Marins. Na ocasião, o então coach foi proibido pelas autoridades de realizar “qualquer atividade externa na natureza (seja em montanhas, picos, rios, lagos, mares, ou em locais correlatos), por si ou por interposta pessoa, sem prévia e expressa autorização” dos órgãos competentes, “sob o pretexto de sua atividade de coach ou em programas motivacionais”.

Porém, em maio deste ano, o candidato participou de um reality show, criado por ele, chamado “La Casa Digital”, que reúne participantes para receberem mentoria sobre marketing digital. Um dos participantes afirmou ao portal jurídico Migalhas ter enfrentado situações de desrespeito e maus tratos durante sua participação, tendo sido, inclusive, submetido a “treinamentos físicos intensos”.

O caso está sendo investigado pela Delegacia de Polícia de Itu, em São Paulo. Além de Marçal, Rafael Francelli e Marcos Antônio Fergutz, organizadores do programa, também estão sendo investigados.

Em nota, a defesa do ex-coach nega o descumprimento de quaisquer medidas judiciais. “Não colocamos nenhum participante em risco físico durante o evento”, diz Marçal por meio de sua assessoria de imprensa. “Vale ressaltar que minha participação no evento foi meramente como apresentador, não sendo eu o organizador.” Além disso, ele alega que não participou de atividades externas, como a medida cautelar proíbe, e que o programa não era relacionado ao coaching ou a questões motivacionais, mas sim exclusivamente ao marketing digital.

Processo cobrando R$ 51 milhões por não cumprir promessa

Marçal é cobrado na Justiça por uma promessa que fez durante uma entrevista ao programa Pânico, da Jovem Pan. Na ocasião, o empresário disse que pagaria US$ 1 milhão para a pessoa que encontrasse algum processo movido por ele, independentemente de pessoa física ou pessoa jurídica.

Um advogado encontrou nove processos e um habeas corpus de autoria do ex-coach, e cobra na Justiça quantia de cerca de R$ 51 milhões do pré-candidato. Em uma palestra, Marçal chamou a atitude do advogado de o “ápice do fracassado” e, em nota na época, disse que não vai propor “qualquer negociação ou acordo”. O caso segue na 2ª Vara Cível de Barueri.

Ação no Tribunal Superior Eleitoral sobre acordo no PRTB

Embora não cite nominalmente Marçal, uma ação destravada pela ministra Cármen Lúcia, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pode acabar com a candidatura do ex-coach. A ação é movida por Aldineia Fidelix, viúva de Levy Fidelix, ex-presidente do PRTB, que alega que Leonardo Avalanche, atual presidente nacional da sigla, desrespeitou um acordo que havia sido acertado em fevereiro para definir a divisão de poder dentro do partido após a morte de Levy.

Segundo a autora da ação, Avalanche manteve uma comissão provisória alinhada a ele que chancelou o nome de Marçal como candidato da sigla, ato que pode ser cancelado se a viúva vencer o processo. A ministra pediu que o Ministério Público Eleitoral dê um parecer sobre o caso e determinou que Avalanche se manifeste em três dias.

Ação no TSE contra presidente da sigla

Há outra ação na Corte Eleitoral movida contra Avalanche, presidente do partido de Marçal, em que o dirigente é acusado de filiar 77 adversários em outro partido, para evitar oposição incômoda dentro do PRTB, além de vender candidaturas e ameaçar uma mulher de morte.

As acusações foram protocoladas por uma ala do partido contrária ao dirigente, que pede sua destituição do comando da sigla. Procurado, por meio de assessoria, Avalanche não respondeu até o momento. Na ação, a defesa afirmou que os fatos estão desprovidos de elementos mínimos de confiabilidade. A ministra Cármen Lúcia rejeitou o pedido de afastamento do presidente da sigla, mas o mérito do processo ainda será analisado.

Marçal também foi procurado para se manifestar sobre a acusação contra o presidente de seu partido e padrinho político na legenda, mas não retornou os contatos até o momento.

Processos na Justiça Eleitoral

Entre representações, notícia-crime, pedidos de direito de resposta, cumprimento provisório de sentença e pedidos de investigação eleitoral, Marçal possui 21 processos abertos contra ele na Justiça Eleitoral – 15 deles movidos pelo candidato Guilherme Boulos (PSOL) ou pela coligação da qual faz parte.

Um deles, a pedido da campanha de Tabata Amaral (PSB), resultou na medida liminar que determinou o bloqueio dos perfis do candidato das redes sociais neste sábado, 24.

O juiz Antonio Maria Patiño Zorz, da 1ª Zona Eleitoral, menciona indícios de abuso de poder econômico e uso indevido dos meios de comunicação na remuneração de usuários para produzir “cortes” e divulgá-los nas redes – o que, segundo o magistrado, parece provocar desequilíbrio em relação aos demais candidatos.

Marçal abriu uma live em seu Instagram para comentar a decisão, afirmando que sofre perseguição política e que a decisão “não tem fundamento”. Tabata também pediu a quebra dos sigilos fiscal e bancário das empresas de Marçal, mas o juiz negou.

Empresário Pablo Marçal (PRTB) chegando ao debate organizado pela Veja Foto: Werther Santana/Estadão

Empresário Pablo Marçal (PRTB) chegando ao debate organizado pela Veja Foto: Werther Santana/Estadão

Pedido de suspensão provisória feito pelo MP Eleitoral

Outro entre os processos que tramitam na Justiça Eleitoral teve um desdobramento nesta terça-feira, 27, com a negativa do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) de suspender o registro de candidatura do influenciador.

O pedido liminar foi apresentado pelo Ministério Público Eleitoral (MPE), alegando que Marçal usou estratégias ilegais de financiamento de campanha ao recrutar colaboradores para divulgar seu conteúdo online em troca de ganhos financeiros.

Outros processos na Justiça comum

Marçal também responde a pelo menos outros oito processos na Justiça comum, entre eles sete na Justiça paulista e um no Tribunal de Justiça do Distrito Federal – movido pelo deputado federal Kim Kataguiri (União-SP), que pede indenização por dano moral.

Segundo os autos da ação movida pelo deputado, em duas entrevistas durante o mês de agosto, Marçal insinuou que Kataguiri e o Movimento Brasil Livre (MBL), do qual é um dos criadores, teriam recebido dinheiro do atual prefeito para “se curvar”, ou seja, apoiá-lo em sua candidatura à reeleição. O deputado pede R$ 50 mil em indenização, e que Marçal se retrate em seu perfil no X (antigo Twitter) e em seu canal no YouTube.

No total, seis das ações fazem pedidos referentes a supostos danos morais causados por Marçal. Em outra delas, movida por Boulos, o deputado alega que o ex-coach “afirmou, de forma absolutamente leviana e sem qualquer prova, que o autor seria organizador de um esquema criminoso” durante uma entrevista a um podcast. A ação pede o pagamento de R$ 50 mil em indenização e a exclusão do vídeo e das postagens referentes a ele.

A assessoria do empresário foi procurada para comentar os casos, mas não respondeu até a publicação deste texto.

MORAES PROÍBE EX-ASSESSOR DE BOLSONARO DAR ENTREVISTAS

História de Redação – Jornal Estadão

No “Estadão Analisa” desta quarta-feira, 28, Carlos Andreazza fala sobre a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes de proibir que Filipe Martins, ex-assessor especial de Jair Bolsonaro, conceda entrevista à Folha de S. Paulo. A informação foi divulgada pelo jornal na noite desta terça-feira, 27.

De acordo com o veículo, a entrevista violaria uma das medidas cautelares impostas por Moraes para a soltura de Martins no início do mês. Ele foi preso na operação Tempus Veritatis – investigação sobre suposta tentativa de golpe de Estado – e, ao ser solto, não poderia se comunicar com outros investigados pelo STF, entre eles o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Martins, além de usar a tornozeleira eletrônica, está proibido de usar redes sociais sob pena de multa de R$ 20 mil por publicação. Moraes ainda cancelou o passaporte de Martins e determinou que ele se apresente semanalmente à Justiça.

O colunista discute porque o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), candidato à Prefeitura de São Paulo, apagou o vídeo em que aparecia com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), enquanto o Hino Nacional era cantado em linguagem neutra. A gravação era de um comício do psolista no último sábado, 24, em que a intérprete cantou “verás que es filhes teus não fogem à luta”, em vez de “os filhos”, conforme a versão tradicional.

 

O DESINTERESSE PELO TRABALHO DA GERAÇÃO Z INCOMODA AS EMPRESAS

 

Simone Coelho – Jornalista StartSe

Segundo dados da Gallup, 50% dos colaboradores declara fazer um esforço mínimo durante a jornada de trabalho. Entenda!

Foto de Magnet.me na Unsplash

Até pouco tempo, sucesso profissional era sinônimo de possuir um cargo de liderança. Mas a geração Z parece evitar e até se distanciar desta realidade, silenciando algumas práticas.

Adventos tecnológicos e novas plataformas sociais, como Tik Tok, trouxeram um novo padrão e visão da carreira profissional.

  • Nos Estados Unidos, 50% da força de trabalho declara fazer um esforço mínimo, de acordo com dados da Gallup.
  • A chamada “quiet ambition” já aparece como tendência alterando a maneira de se relacionar, gerir a carreira e construir o futuro empresarial.

MAS O QUE É QUIET AMBITION?

Quiet ambition é um movimento em que profissionais estão rejeitando posições de liderança em nome do equilíbrio e da saúde física e mental.

A expressão surgiu em uma reportagem da revista americana Fortune, publicada em abril de 2023, e tem sido discutida como uma tendência que ameaça a sucessão nas empresas.

Profissionais com quiet ambition priorizam pautas particulares a metas no trabalho e buscam alcançar seus objetivos de forma mais discreta e equilibrada (entenda mais adiante e saiba o que você, como liderança, pode fazer).

QUAL O IMPACTO DO MOVIMENTO?

“As gerações mais jovens, como os Millennials e a Geração Z, têm expectativas diferentes em relação ao trabalho, incluindo flexibilidade, equilíbrio entre vida profissional e pessoal, e um propósito significativo em suas funções. Adaptar-se a essas expectativas pode ser um desafio”, Fábio Salomon, sócio da BRAVA Executive Search, Mentor na ALIÁ Mentoring.

E os dados confirmam. Segundo a pesquisa, suas três principais ambições são:

1 – Passar tempo com a família e amigos (67%)

2 – Ter saúde física/mental (64%)

3 – Viajar (58%)

Não há nenhuma relação direta ou indireta com o trabalho. Isso tem um lado bom, sem dúvida, mas tem gerado uma movimentação silenciosa, não tão ética assim.

  • Algumas tarefas deixaram de ser entregues ou até funções destinadas àquelas posição foram pausadas sem comunicar o líder.

A falta de compromisso pode estar atrelada a que apenas 4% dos funcionários pensam em ser promovidos para a alta diretoria da empresa.

Isso porque 91% associam as funções de liderança a grandes responsabilidades, incluindo pressão, horas a mais de dedicação e estresse.

“Prefere-se um ambiente de trabalho colaborativo e menos hierárquico, onde as ideias possam ser compartilhadas livremente e onde haja um espírito de equipe”, diz Salomon.

O QUE PODE ESTREITAR O VÍNCULO COM O TRABALHO?

Melhores salários ou bonificações continuam a ser bons incentivos para progredir dentro do trabalho ou, simplesmente, permanecer na empresa. De acordo com o estudo da Gallup, 71% das pessoas declaram que aumentar a remuneração atual os incentivaria se tornarem líderes no futuro e 45% apontam melhores benefícios como motivadores.

Além disso, possuir uma rotina flexível, incluindo trabalhos híbridos ou home offices, estão na lista de desejos, para que não percam a gestão de compromissos pessoais e profissionais, dosando a carga horária com a autonomia que conquistaram.

A preocupação ambiental também está em alta. “Há uma crescente expectativa de que as organizações não sejam apenas lucrativas, mas também social e ambientalmente responsáveis, o que requer uma liderança consciente e proativa nesses aspectos”,afirma Salomon.

Ambientes descontraídos são buscam que continuam em alta, aparecendo entre as declarações da pesquisa. Empresas que ofereçam gestões mais horizontais, redução de processos e burocracias, maior voz ativa entre os colaboradores são alguns dos exemplos.

O QUE FAZER?

Por fim, quanto mais a empresa puder progredir no uso de tecnologia e promover a diversidade social será bem aceita. “Líderes devem valorizar e promover a diversidade e inclusão no local de trabalho. Isso significa criar um ambiente onde todos se sintam valorizados e onde a diversidade de pensamentos, experiências e perspectivas seja incentivada”, afirma o consultor.

POR QUE IMPORTA?

A mudança de comportamento que aparece como tendência já está transformando as relações durante o trabalho e ameaçando o progresso financeiro das empresas. Encontrar caminhos que aumentem o vínculo serão benéficos para os dois lados: trabalhador e empresa.

ESCALANDO NEGÓCIOS DA VALEON

1 – Qual é o seu mercado? Qual é o tamanho dele?

O nosso mercado será atingir os 766 mil habitantes do Vale do Aço e poder divulgar os produtos / serviços para vocês clientes, lojistas, prestadores de serviços e profissionais autônomos e obter dos consumidores e usuários a sua audiência.

A ValeOn atenderá a todos os nichos de mercado da região e especialmente aos pequenos e microempresários da região que não conseguem entrar no comércio eletrônico para usufruir dos benefícios que ele proporciona. Pretendemos cadastrar todas as empresas locais com CNPJ ou não e coloca-las na internet.

2 – Qual problema a sua empresa está tentando resolver? O mercado já expressou a necessidade dessa solução?

A nossa Plataforma de Compras e Vendas que ora disponibilizamos para utilização das Empresas, Prestadores de Serviços e Profissionais Autônomos e para a audiência é um produto inovador sem concorrentes na região e foi projetada para atender às necessidades locais e oferecemos condições de adesão muito mais em conta que qualquer outro meio de comunicação.

Viemos para suprir as demandas da região no que tange a divulgação de produtos/serviços cuja finalidade é a prestação de serviços diferenciados para a conquista cada vez maior de mais clientes e públicos.

O nosso diferencial está focado nas empresas da região ao resolvermos a dor da falta de comunicação entre as empresas e seus clientes. Essa dor é resolvida através de uma tecnologia eficiente que permite que cada empresa / serviços tenha o seu próprio site e possa expor os seus produtos e promoções para os seus clientes / usuários ao utilizar a plataforma da ValeOn.

3 – Quais métodos você usará para o crescimento? O seu mercado está propício para esse tipo de crescimento?

Estratégias para o crescimento da nossa empresa

  1. Investimento na satisfação do cliente. Fidelizar é mais barato do que atrair novos clientes.
  2. Equilíbrio financeiro e rentabilidade. Capital de giro, controle de fluxo de caixa e análises de rentabilidade são termos que devem fazer parte da rotina de uma empresa que tenha o objetivo de crescer.
  3. Desenvolvimento de um planejamento estratégico. Planejar-se estrategicamente é como definir com antecedência um roteiro de viagem ao destino final.
  4. Investimento em marketing. Sem marketing, nem gigantes como a Coca-Cola sobreviveriam em um mercado feroz e competitivo ao extremo.
  5. Recrutamento e gestão de pessoas. Pessoas são sempre o maior patrimônio de uma empresa.

O mercado é um ambiente altamente volátil e competitivo. Para conquistar o sucesso, os gestores precisam estar conectados às demandas de consumo e preparados para respondê-las com eficiência.

Para isso, é essencial que os líderes procurem conhecer (e entender) as preferências do cliente e as tendências em vigor. Em um cenário em que tudo muda o tempo todo, ignorar as movimentações externas é um equívoco geralmente fatal.

Planeje-se, portanto, para reservar um tempo dedicado ao estudo do consumidor e (por que não?) da concorrência. Ao observar as melhores práticas e conhecer quais têm sido os retornos, assim podemos identificar oportunidades para melhorar nossa operação e, assim, desenvolver a bossa empresa.

4 – Quem são seus principais concorrentes e há quanto tempo eles estão no mercado? Quão grandes eles são comparados à sua empresa? Descreva suas marcas.

Nossos concorrentes indiretos costumam ser sites da área, sites de diretório e sites de mídia social. Nós não estamos apenas competindo com outras marcas – estamos competindo com todos os sites que desejam nos desconectar do nosso potencial comprador.

Nosso concorrente maior ainda é a comunicação offline que é formada por meios de comunicação de massa como rádios, propagandas de TV, revistas, outdoors, panfletos e outras mídias impressas e estão no mercado há muito tempo, bem antes da nossa Startup Valeon.

5 – Sua empresa está bem estabelecida? Quais práticas e procedimentos são considerados parte da identidade do setor?

A nossa empresa Startup Valeon é bem estabelecida e concentramos em objetivos financeiros e comerciais de curto prazo, desconsideramos a concorrência recém chegada no mercado até que deixem de ser calouros, e ignoramos as pequenas tendências de mercado até que representem mudanças catastróficas.

“Empresas bem estabelecidas igual à Startp Valeon devemos começar a pensar como disruptores”, diz Paul Earle, professor leitor adjunto de inovação e empreendedorismo na Kellogg School. “Não é uma escolha. Toda a nossa existência está em risco”.

6 – Se você quiser superar seus concorrentes, será necessário escalar o seu negócio?

A escalabilidade é um conceito administrativo usado para identificar as oportunidades de que um negócio aumente o faturamento, sem que precise alavancar seus custos operacionais em igual medida. Ou seja: a arte de fazer mais, com menos!

Então, podemos resumir que um empreendimento escalável é aquele que consegue aumentar sua produtividade, alcance e receita sem aumentar os gastos. Na maioria dos casos, a escalabilidade é atingida por conta de boas redes de relacionamento e decisões gerenciais bem acertadas.

Além disso, vale lembrar que um negócio escalável também passa por uma fase de otimização, que é o conceito focado em enxugar o funcionamento de uma empresa, examinando gastos, cortando desperdícios e eliminando a ociosidade.

Sendo assim, a otimização acaba sendo uma etapa inevitável até a conquista da escalabilidade. Afinal de contas, é disso que se trata esse conceito: atingir o máximo de eficiência, aumentando clientes, vendas, projetos e afins, sem expandir os gastos da operação de maneira expressiva.

Pretendemos escalar o nosso negócio que é o site marketplace da Startup Valeon da seguinte forma:

  • objetivo final em alguma métrica clara, como crescimento percentual em vendas, projetos, clientes e afins;
  • etapas e práticas que serão tomadas ao longo do ano para alcançar a meta;
  • decisões acertadas na contratação de novos colaboradores;
  • gerenciamento de recursos focado em otimização.

terça-feira, 27 de agosto de 2024

LULA ASSINA DECRETO COM MEDIDAS PARA AMPLIAR A OFERTA DE GÁS NATURAL NO PAÍS

 

História de Mariana Carneiro, Amanda Pupo, Renan Monteiro e Sofia Aguiar – Jornal Estadão

BRASÍLIA – O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentou nesta segunda-feira, 26, medidas para ampliar a oferta de gás de natural no País, que alteram regras para as petroleiras que exploram petróleo e gás na costa brasileira. Além disso, o governo pretende turbinar, por meio da aprovação de um projeto de lei, o auxílio-gás para pessoas de baixa renda.

Ao todo, foram assinados dois decretos e uma medida provisória (MP), além do anúncio da proposição de dois projetos de lei.

A medida que provoca mais conflito com o setor privado é o decreto que fixa regras para as petroleiras que exploram e comercializam o gás natural. O ato altera o decreto 10.712, de 2021, que regulamenta a nova Lei do Gás – também de 2021 – relativa ao transporte, escoamento, estocagem e comercialização de gás natural.

governo quer reduzir a reinjeção do gás natural extraído durante a exploração associada ao petróleo e fazer com que as empresas coloquem o produto no mercado brasileiro. As petroleiras, por seu turno, alegam que usam o gás para reinjetar nos poços e aumentar a eficiência na extração do óleo, e que a medida pode fazer com que o Brasil produza menos petróleo.

'O gás é barato. A Petrobras não tem o direito de queimar gás. Ela tem o direito de trazer o gás e colocar o gás à disposição desse povo', disse Lula no anúncio. Foto: Wilton Junior/Estadão

‘O gás é barato. A Petrobras não tem o direito de queimar gás. Ela tem o direito de trazer o gás e colocar o gás à disposição desse povo’, disse Lula no anúncio. Foto: Wilton Junior/Estadão

Já diferentes segmentos da indústria consumidora de gás natural, que estiveram na plateia durante o anúncio desta segunda, apoiaram a iniciativa, com a perspectiva de que possam ter acesso ao gás a preços mais baixos. O governo fala em reduzir de 35% a 40% o preço do gás.

Os textos legais ainda não foram divulgados, mas o Ministério de Minas e Energia (MME) fez apresentações que confirmam o conteúdo publicado pelo Estadão em abril e em minuta do último fim de semana.

O decreto estipula que a Agência Nacional do Petróleo (ANP) poderá rever os planos de desenvolvimento dos campos de produção das petroleiras a fim de identificar a possibilidade de aumento do volume da produção de gás. Além da Petrobras, grandes multinacionais atuam no segmento no Brasil, como Shell, BP, Galp e Equinor.

Durante o anúncio, Lula fez críticas à prática de descartar o gás ainda na plataforma de exploração de petróleo, mencionando a Petrobras. “O gás é barato. A Petrobras não tem o direito de queimar gás. Ela tem o direito de trazer o gás e colocar o gás à disposição desse povo. Para que o povo pobre possa fazer comida, se não vai fazer a volta à lenha”, afirmou Lula.

O presidente defendeu ainda que o gás tem de ser “instrumento da cesta básica” e disse que a população não consegue pagar botijão de gás a R$ 140 em alguns Estados, enquanto o produto sairia da Petrobras por R$ 36.

Estatal do pré-sal

O governo também dá acesso à PPSA (estatal que administra o óleo da União explorado no pré-sal) às estruturas de escoamento do gás natural que são da Petrobras e de suas sócias privadas.

A ideia é que a estatal possa vender o gás que recebe como sócia das petroleiras no pré-sal diretamente, competindo inclusive com a Petrobras – o que também pode fazer com que o preço caia, na visão do governo. Hoje, a PPSA só pode vender para a Petrobras.

Executivos do setor de óleo e gás reclamam, nos bastidores, de uma intervenção do governo no setor por meio da ANP e falam em risco de judicialização e desestímulo ao investimento futuro.

Em entrevista coletiva a jornalistas, após o anúncio, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que as medidas respeitam a segurança jurídica do setor privado.

“É o fortalecimento da regulação, para buscar efetivas políticas para ampliar oferta, integrando toda a cadeia do gás, com instrumentos regulatórios que respeitam a segurança jurídica e a estabilidade do investimento. Não estamos mexendo em nada para trás. Muito pelo contrário, no caso da reinjeção, entendemos que tem plataformas que tem dificuldades e foram construídas para não permitir o envio do gás, e produzir mais petróleo”, afirmou Silveira.

O ministro disse que vem discutindo há um ano e quatro meses a publicação do decreto e alegou que a reinjeção de gás nos campos de produção no Brasil é mais alto do que em outros países.

“Apresentei de forma clara, o mercado participou dessa discussão. Houve contestação de pequenos pontos, mas consensuamos, buscamos construir maioria. Claro que terá sempre os que vão pensar no maior lucro sem reconhecer a necessidade das políticas nacionais”, disse Silveira. “Não há imposição, muito menos intervencionismo; há diálogo na construção de políticas públicas convergentes ao Brasil”.

Executivos do setor afirmam que, apesar das discussões com o governo, só souberam da edição do decreto na semana passada – e que algumas das iniciativas anunciadas pelo governo nesta segunda-feira poderiam ser resolvidas com soluções de mercado, sem a necessidade de um decreto presidencial.

Além disso, a entrada em operação da Rota 3 – o terceiro duto de transporte do gás natural do alto-mar para o continente na costa do Sudeste – está prevista para ocorrer ainda neste ano, o que vai ampliar a oferta no País.

Para amenizar o mal-estar com as petroleiras, que não foram convidadas para o anúncio – apenas um diretor da Petrobras participou do evento –, Silveira disse que a ANP fará estudos técnicos que subsidiarão a exigência para que elas parem de reinjentar o gás nos campos de petróleo.

“Não vamos destruir valor da própria arrecadação (de impostos) propondo alterações que reduzam o VPL (retorno esperado) dos projetos, mas teremos outras iniciativas, como a melhoria de acesso à infraestrutura”, disse Pietro Mendes, secretário de Petróleo e Gás do MME. “Não é impositivo, no sentido de ter que aumentar a produção de gás em qualquer situação; é ter uma avaliação técnica respeitada a viabilidade econômica.”

Lula (E) e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, na assinatura das medidas do Plano de Transição Energética Foto: Wilton Junior/Estadão

Lula (E) e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, na assinatura das medidas do Plano de Transição Energética Foto: Wilton Junior/Estadão

Conteúdo local

Dois projetos de lei tiveram o aval do presidente para serem enviados ao Congresso. Um deles permite a transferência de excedentes dos índices de conteúdo local entre contratos vigentes de exploração e produção. Ou seja, se em um contrato a petroleira obtém um índice de conteúdo nacional na compra de equipamentos superior ao necessário, pode transferir esse excedente para outro contrato de exploração.

Durante o anúncio, Lula defendeu a exigência de conteúdo local para a Petrobras. O petista disse que não se trata de uma empresa “só de petróleo e gás”: “É uma empresa de investimento em pesquisa, em inovação, e para ajudar as empresas brasileiras a crescerem. Daí por que a necessidade do conteúdo nacional”, afirmou.

A jornalistas, Alexandre Silveira afirmou que o governo entende que há certos materiais e serviços que não serão contratados no Brasil. “Ninguém é insano em não compreender que, em alguns insumos, vamos ser pouco competitivos. Não vamos tirar competitividade da nossa indústria, mas a MP é para criar mais estabilidade para o investidor contratando parte dos investimentos no Brasil.”

Auxílio Gás

O outro projeto de lei cria uma nova modalidade de operacionalização do Auxílio Gás, direcionado a famílias inscritas no Cadastro Único, com renda igual ou inferior ao salário mínimo, que vai ampliar o alcance do programa.

O governo Lula vai alterar o nome do programa para Gás para Todos e mudar o funcionamento dele. A promessa do governo é que o escopo aumente de 5,6 milhões de famílias atendidas hoje para 20,8 milhões ao fim do mandato de Lula, em 2026.

Refino e navios-tanques

Um segundo decreto também assinado hoje fecha as portas para a possibilidade de privatização no setor de refino, o que já estava em curso no governo Lula. A medida é uma reversão da política adotada no governo Jair Bolsonaro de venda refinarias da Petrobras.

Em outro texto apresentado, a edição de uma medida provisória que altera a lei 14.871, recentemente sancionada, trata da depreciação acelerada de navios-tanques de petróleo. A ideia do governo é de ampliar investimentos em logística para indústria de petróleo e derivados, com o intuito de reduzir oscilações de preço com o afretamento de embarcações.

CCJ DA CÂMARA DOS DEPUTADOS ANALISA PROPOSTAS QUE LIMITAM PODERES DO STF

 

História de Rebeca Borges, Emilly Behnke – CNN Brasil

CCJ da Câmara analisa propostas que limitam poderes do STF nesta terça (27)

CCJ da Câmara analisa propostas que limitam poderes do STF nesta terça (27)

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara analisa, nesta terça-feira (27), um pacote com quatro propostas que limitam poderes do Supremo Tribunal Federal (STF). A pauta foi definida na semana passada pela presidente do colegiado, deputada Caroline de Toni (PL-SC), que decidiu pautar os textos em meio às negociações do STF com o Congresso sobre emendas parlamentares. O STF suspendeu o pagamento dos recursos até que o Congresso defina critérios de transparência e rastreabilidade dos recursos. Um acordo foi consensuado entre representantes dos Três Poderes e os ajustes ainda estão sendo definidos pelo Executivo e Legislativo. Um dos itens da pauta é a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que limita decisões monocráticas de ministros do STF. O projeto terá relatoria de Filipe Barros (PL-PR), líder da oposição na Câmara. Também está prevista para terça-feira a análise da PEC que permite ao Congresso sustar decisões da Suprema Corte. O projeto tem relatoria do deputado Luiz Phillipe de Orleans e Bragança (PL-SP), que já apresentou parecer favorável ao texto. As duas PECs foram encaminhadas para a CCJ na semana passada pelo presidente Arthur Lira (PP-AL). A pauta também conta com outros dois projetos, de 2016 e 2022, que ampliam as hipóteses de crime de responsabilidade por parte dos ministros do STF. O PL mais antigo é relatado pelo deputado Alfredo Gaspar (União-AL), que apresentou um substitutivo em abril. O outro teve o deputado Gilson Marques (Novo-SC) designado como relator nesta sexta-feira. O que dizem as propostas Decisões monocráticas: A PEC foi aprovada pelo Senado em 2023 e veda as chamadas decisões monocráticas, ou seja, proferidas apenas por um magistrado. A proposta vale para o STF e outros tribunais superiores, como o Superior Tribunal de Justiça e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). De acordo com o texto, ficam proibidas as decisões monocráticas que suspendam eficácia de leis ou atos dos presidentes da República, do Senado, da Câmara ou do Congresso Nacional. Ficam autorizadas somente as decisões monocráticas proferidas durante o período de recesso, em caso de grave urgência ou perigo de dano irreparável. Nesses casos, a medida deve ser apreciada pelos demais ministros no prazo de 30 dias corridos após o reinício dos trabalhos judiciários. Anulação de decisões: A PEC, protocolada neste ano, autoriza ao Congresso Nacional sustar decisões do STF se considerar que a Corte ultrapassou o exercício da função jurisdicional. Segundo o texto, para que a decisão seja derrubada, são necessários os votos favoráveis de dois terços da Câmara e do Senado. A proposta também sugere que, caso o Congresso suste uma decisão, o Supremo poderá mantê-la com o voto de um quinto dos seus membros. O relatório favorável à proposta foi divulgado na segunda-feira (26). Opiniões de ministros: O projeto, apresentado em 2022, transforma em hipótese de crime de responsabilidade a manifestação pública de opiniões dos ministros do STF, em qualquer meio de comunicação, sobre temas em trâmite judicial, despachos, votos ou sentenças. Crimes de responsabilidade: Apresentado em 2016, o projeto tem como primeiro signatário o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ). A proposta já teve outros dois relatores e chegou a ter um parecer rejeitado em 2021. O relator atual, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), apresentou um substitutivo em abril. Entre outras medidas, o parecer inclui na lista de crime de responsabilidade de ministros do STF a prática de: usurpar competência do Congresso Nacional; o uso de prerrogativas para benefício próprio; e violar a imunidade material parlamentar.

EUTANÁSIA DO ESCRITOR BRASILEIRO ANTONIO CICERO NA SUÍÇA

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