domingo, 25 de agosto de 2024

BIOGRAFIA DE PABLO MARÇAL QUE EMBARALHOU A DISPUTA PELA PREFEITURA DE SÃO PAULO

 ografia de Pablo Marçal ex-coach que embaralhou a disputa em São Paulo Brasil e Mundo

Pablo Marçal: o ex-coach que embaralhou a disputa em São Paulo e virou alvo da família Bolsonaro

Byvaleon

Ago 25, 2024

História de Bianca Gomes e Heitor Mazzoco – Jornal Estadão

Diante de um ginásio lotado, Pablo Marçal tentou operar um milagre: fazer uma mulher em cadeira de rodas voltar a andar. Durante quase 10 minutos, o então coach messiânico assumiu papel de líder espiritual, orientando a mulher a se imaginar “dançando com o Senhor” e a repetir mantras como “eu aceito a cura”. Com o auxílio de dois homens, Marçal ergueu a mulher, insistindo para que ela encontrasse “força nos nervos” para caminhar, mas ela não conseguiu e quase foi ao chão. “Concentra, tire esse estado de curiosidade”, insistiu Marçal, percebendo que o milagre não se concretizava. Após minutos de tentativas frustradas, ele devolveu a mulher à cadeira de rodas e, sem reconhecer a falha, perguntou: “Você se sente culpada?”, referindo-se ao acidente que a deixou sem os movimentos nas pernas.

O fato ocorreu em 2021, num evento em Goiânia, cidade natal de Marçal, e é só um na extensa lista de polêmicas que compõem a história do agora ex-coach de 37 anos que aspira a ser o próximo prefeito de São Paulo. Descrito por pessoas de sua convivência como alguém “ensimesmado” e que se vê como “o ungido”, Marçal também possui um currículo criminal variado, que tem desde investigação por homicídio privilegiado (quando cometido ou tentado sob fortes emoções) até condenação por furto.

Questionado nesta sexta-feira, 23, sobre o episódio envolvendo a mulher em cadeira de rodas, ele respondeu: “Sou cristão e jamais me arrependerei de orar por alguém. A fé move montanhas. A minha preocupação agora é fazer São Paulo voltar a andar”.

Em 2021, diante de um ginásio lotado em Goiânia (GO), Marçal tenta, sem sucesso, fazer mulher em cadeira de rodas voltar a andar Foto: Reprodução Youtube

Em 2021, diante de um ginásio lotado em Goiânia (GO), Marçal tenta, sem sucesso, fazer mulher em cadeira de rodas voltar a andar Foto: Reprodução Youtube

De operador de som de igreja a sucesso milionário nas redes

Dono de uma fortuna declarada de R$ 169,5 milhões e um engajado exército de seguidores nas redes sociais — só no Instagram são 12,9 milhões —, Marçal se tornou conhecido por vender palestras e infoprodutos de autoajuda, com títulos sobre “como tomar o governo da sua própria vida” e “como fazer pelo menos 6 mil por mês do zero”.

O candidato conta que seu primeiro emprego formal foi na Igreja Videira, aos 16 anos, como operador de som. Depois, segundo pessoas próximas, ele trabalhou na Brasil Telecom por um período de quase seis anos. Procurada, a empresa disse que Marçal trabalhou de dezembro de 2007 a junho de 2013 no call center da antiga BRT. “Foi contratado como instrutor de treinamento e saiu da companhia na função de gerente de operação”, informou a Oi, que comprou a BRT em maio de 2009.

Após sair da Brasil Telecom, ele deu início à sua transição de carreira e conquistou o primeiro milhão com investimentos imobiliários em Goiás, participando da construção de diversos prédios, relatam aliados. Paralelamente, Marçal começou a ministrar treinamentos, sendo o primeiro deles o Método IP (MIP), um curso de inteligência emocional baseado em Programação Neurolinguística (PNL), que, segundo aliados, formou 145 turmas.

Inicialmente, os treinamentos eram presenciais, limitando o faturamento do ex-coach, mas com a migração para o formato online Marçal ampliou seus ganhos e adquiriu outras empresas, diversificando seus negócios. Hoje, conforme relatos de pessoas próximas, suas empresas de tecnologia, que oferecem automação de ferramentas de marketing digital e streaming de vídeos, são as mais valiosas de seu portfólio.

De acordo com dados da Receita Federal, Marçal está vinculado a 21 empresas, incluindo sociedades e participações administrativas. As áreas de atuação vão de incorporação imobiliária até consultoria empresarial, escola e resort de férias. Além das empresas e conteúdos digitais, Marçal escreveu diversos livros.

Resgate na montanha e morte na maratona

Em janeiro de 2022, o ex-coach, que afirma ser formado em Direito, foi parar nos noticiários nacionais após liderar uma expedição ao Pico dos Marins, na Serra da Mantiqueira, no interior de São Paulo, que terminou com o resgate de 32 pessoas pelo Corpo de Bombeiros e uma ordem judicial proibindo-o de realizar expedições similares sem prévia autorização.

Em junho do ano seguinte, voltou novamente aos holofotes após a morte de um funcionário que sofreu uma parada cardiorrespiratória em uma “maratona surpresa” realizada pelo seu grupo empresarial. O trecho tinha 42 quilômetros, e o rapaz de 26 anos passou mal no 15°. Marçal afirma que não apoiou, não organizou e não estava na corrida —estava em casa dormindo.

Em janeiro de 2022, Marçal foi parar no noticiário nacional após liderar uma expedição ao Pico dos Marins (SP) que terminou com o resgate de 32 pessoas pelo Corpo de Bombeiros Foto: Reprodução via Instagram/ @pablomarcal1

Em janeiro de 2022, Marçal foi parar no noticiário nacional após liderar uma expedição ao Pico dos Marins (SP) que terminou com o resgate de 32 pessoas pelo Corpo de Bombeiros Foto: Reprodução via Instagram/ @pablomarcal1

Marçal chega à eleição paulistana numa situação similar à vivida pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2018: filiado a um partido de pouca expressão, o PRTB, sem tempo de televisão ou dinheiro do fundo partidário. Suas redes sociais se tornaram seu maior trunfo na campanha, levando adversários a recalcular suas estratégias e até a desistir de participar de debates, temendo cair em armadilhas virais do ex-coach.

Um exemplo disso foi o episódio com o deputado federal e candidato do PSOL à prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos, a quem Marçal “exorcizou” com uma carteira de trabalho após ser comparado ao Padre Kelmon, figura folclórica da eleição presidencial passada.

Marçal se apresenta no ambiente digital como uma pessoa que não mede esforços para atingir qualquer objetivo a que se proponha, narrando histórias improváveis e de superação que cativam seu público, mas que por vezes viram chacota. Foi o caso do vídeo em que ele ensina como se defender de um ataque de tubarão. Ou daquele em que relata ter identificado uma pane em um helicóptero e acalmado o piloto. A lista inclui ainda a história de como ele aprendeu a nadar em uma única noite e, no dia seguinte, já estava dando aulas de natação. Não só isso: apenas 15 dias depois, conquistou o quinto lugar em sua primeira prova de triatlo.

2022 marca início da vida política

Marçal ingressou na política em 2022, inicialmente como candidato à Presidência pelo PROS, mas teve sua candidatura barrada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Depois do revés, foi eleito deputado federal, mas sua candidatura acabou cassada pela mesma Corte.

Impedido de disputar o Palácio do Planalto, ele decidiu aderir à candidatura de Jair Bolsonaro, apesar de ter criticado o então presidente durante a campanha eleitoral daquele ano, chegando a compará-lo com Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Além de participar de uma transmissão ao vivo com o ex-presidente, Marçal doou R$ 160 mil para a campanha de Bolsonaro.

O influenciador Pablo Marçal (PRTB) quando recebeu a medalha de "imbrochável" do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) Foto: @pablomarcal1 via Instagram

O influenciador Pablo Marçal (PRTB) quando recebeu a medalha de “imbrochável” do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) Foto: @pablomarcal1 via Instagram

O empresário costuma dizer que a sua candidatura à Prefeitura de São Paulo é fruto de um “chamado” de Deus, que surgiu após o fracasso da candidatura do deputado federal bolsonarista Ricardo Salles, preterido pelo PL. Seu discurso combina a retórica bolsonarista — que traz à tona temas como o combate ao comunismo e à ideologia de gênero — com uma reedição do discurso de João Doria em 2016, apresentando-se como um outsider bem-sucedido no mundo empresarial. Tudo isso é reforçado por uma narrativa religiosa e de superação pessoal: o filho de faxineira e funcionário público que se tornou um empresário bem-sucedido.

Ao Estadão, o ex-coach afirmou que sua candidatura não é uma escolha pessoal, mas uma necessidade do “povo”. “A eleição iria ficar entre dois esquerdistas e eu não vou deixar isso acontecer. Nós somos um povo conservador que não merece isso. Quero mudar o País a partir de São Paulo.”

Marçal resgatou, nesta campanha, o discurso da antipolítica, que ganhou força depois das manifestações de junho de 2013. Em uma transmissão ao vivo no Instagram na última quinta-feira, o empresário chegou a afirmar que é preciso “se livrar dos políticos tradicionais”.

“Pablo Marçal é um candidato antissistema com uma narrativa própria da era do espetáculo. Ele ultrapassa o conceito de extrema direita, onde Bolsonaro é o líder”, analisa o cientista político Renato Dorgan, CEO do Instituto Travessia.

Segundo Dorgan, enquanto Bolsonaro cria uma sinergia de identificação pessoal com o brasileiro comum de classe média, e Lula com o brasileiro comum das massas, numa espécie de espelhamento, Marçal consegue ir além.

“Ele representa o sonho brasileiro da grande maioria do eleitorado: ser um rico emergente, inteligente, com sucesso familiar, fama e seguidores nas redes. Ele simboliza, em sua propaganda de sucesso pessoal, a esperança de grande parte do brasileiro comum, criando uma conexão imediata e messiânica de que ele pode resolver todas as mazelas da política”, analisa Dorgan.

Clã Bolsonaro em guerra declarada contra o ex-coach

entrada de Marçal bagunçou a disputa municipal de São Paulo, que tinha como favoritos o prefeito Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL). O amplo alcance das redes sociais do empresário assustou os adversários, assim como sua postura provocativa e de franco-atirador, marcada por acusações sem provas contra os demais concorrentes.

Marçal alega que o debate é o pouco de exposição que ele tem na televisão. “Eu preciso usar para rodar a minha estratégia. Quem quiser, pode encontrar nossas propostas nas minhas redes, além é claro, no site do TRE [Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo] e do TSE [Tribunal Superior Eleitoral], onde meu plano de governo está disponível”, sustenta ele.

Marçal durante convenção partidária do PRTB que confirmou a sua candidatura à Prefeitura de São Paulo Foto: Tiago Queiroz/Estad

Marçal durante convenção partidária do PRTB que confirmou a sua candidatura à Prefeitura de São Paulo Foto: Tiago Queiroz/Estad

Nas últimas semanas, Marçal se dedicou a capturar o eleitorado bolsonarista da cidade que não se identifica com Ricardo Nunes. O prefeito é apoiado formalmente pelo ex-presidente e pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Para isso, Marçal passou a mimetizar Bolsonaro. Na convenção que oficializou sua candidatura, Leonardo Avalanche, presidente nacional do PRTB, repetiu o slogan “Deus, Pátria e Família”, utilizado na campanha de Bolsonaro. O ex-coach se refere aos seus filhos da mesma maneira que Bolsonaro, utilizando números para identificá-los.

O sucesso de Marçal em atrair parte do eleitorado bolsonarista sem o apoio do ex-presidente virou motivo de incômodo para o clã Bolsonaro, que passou a mirar sua artilharia em Marçal. O ex-presidente usou o seu canal no WhatsApp na última quinta-feira, 22, para compartilhar um vídeo reunindo diferentes momentos em que Marçal fez declarações contrárias a ele, inclusive comparando-o a Lula. No Instagram, o ex-presidente também alfinetou o ex-coach ao reagir, com ironia, a um comentário em que Marçal dizia: “Pra cima, capitão. Como você disse: eles vão sentir saudades de nós”. Bolsonaro respondeu: “Nós? Um abraço”.

Sem jamais ter ocupado um cargo público, Marçal adota uma abordagem eleitoral que rompe com os padrões tradicionais. Embora tenha consultado renomados marqueteiros, decidiu não contratar ninguém para liderar sua campanha, convencido de que ele mesmo é a melhor pessoa para desempenhar essa função. O ex-coach faz questão de afirmar, sempre que pode, que é seu “próprio marqueteiro”.

O estilo do empresário chama a atenção até dos adversários, que se surpreendem ao receber mensagens do ex-coach no WhatsApp com feedbacks — alguns até positivos — sobre suas participações em entrevistas. Esse comportamento inusitado é parte da estratégia singular de Marçal, que, durante a pré-campanha, também procurou aconselhamento de políticos como o ex-presidente Michel Temer (MDB), o ex-governador João Doria (sem partido) e até Bolsonaro.

Doria e Marçal em encontro na pré-campanha Foto: @pablomarcal1/Reprodução

Doria e Marçal em encontro na pré-campanha Foto: @pablomarcal1/Reprodução

Embora aprecie a interação com todos, até mesmo com concorrentes, aliados de Marçal afirmam que ele dá ouvidos a poucas pessoas e geralmente segue a sua própria intuição. O ex-coach nega ter um estilo centralizador, afirmando que essa percepção é de quem não o conhece. “Eu treino delegação, sou profissional nisso. Uma cidade do tamanho de São Paulo precisa de gente competente em todas as áreas e eu sei recrutar, treinar e cobrar resultados”, afirmou ele.

O empresário mantém um círculo de confiança bastante restrito. O advogado Tassio Renam, que trabalha com Marçal há mais de quatro anos, é considerado seu “homem de confiança”. Ele conheceu o ex-coach em 2019, após participar de seus cursos. Em 2020, Renam começou a atuar nas empresas de Marçal como especialista em leilões e ascendeu rapidamente até se tornar CEO do grupo Marçal, cargo do qual se afastou para atuar como conselheiro e coordenador da campanha.

Filipe Sabará (Republicanos), além de coordenador do plano de governo, é uma das poucas pessoas com acesso a Marçal e tem feito a ponte entre o ex-coach e o mundo político. Sabará foi secretário de Doria na Prefeitura e no governo de São Paulo, mas depois rompeu com o tucano e se aproximou do bolsonarismo, virando secretário-executivo de Desenvolvimento Social do governo Tarcísio de Freitas e presidente do Fundo Social, cargo do qual foi exonerado em fevereiro deste ano.

Condenado por furto qualificado, investigado pela Civil e PF

O maior problema de Marçal com a Justiça ocorreu nos anos 2000, quando foi acusado e, em 2010, condenado a quatro anos e cinco meses de prisão por integrar um bando que desviava dinheiro de contas bancárias. O caso ocorreu em Goiânia. Ao Estadão, Marçal disse que todo mundo tem problemas na vida e todo mundo de sucesso tem um passado que precisa ser explicado.

“Essa história é sobre uma grande e antiga injustiça que aconteceu comigo. O processo é de quase 20 anos atrás. Eu apenas consertava computadores para um pastor da minha igreja, alguém em que eu confiava pela autoridade que exercia na minha vida. Nunca me beneficiei disso e a própria sentença confirma que não obtive lucro”, afirmou ele.

A sentença condenatória foi citada em debates e entrevistas de adversários do ex-coach na disputa eleitoral deste ano. Um recurso do caso foi apreciado em 2018 pelo Tribunal Regional Federal (TRF-1), em Brasília. Com a demora entre sentença e análise recursal, a pena prescreveu. O Código Penal brasileiro prevê prescrição pela metade do tempo para pessoas com 21 anos ou menos ou acima de 70 anos. No caso de Marçal, o crime ocorreu quando ele tinha 18 anos.

De acordo com as investigações da época, Marçal atuava na captura de e-mails de correntistas. Depois, o bando utilizava as informações para enviar programas maliciosos aos clientes das instituições financeiras, como Caixa Econômica e Banco do Brasil. A partir do momento em que as vítimas abriam os e-mails e clicavam no programa, os dados eram roubados.

Marçal também é investigado por tentativa de homicídio privilegiado por conta da escalada do Pico dos Marins, em janeiro de 2022. O empresário chegou a afirmar, nas redes sociais, que aquele havia sido o pior dia de sua vida. A postagem foi apagada. Marçal se defendeu dizendo que não organizou e nem obrigou nenhuma pessoa a subir a montanha.

A investigação é conduzida pela Polícia Civil de Piquete, a 208 km da capital paulista. Em julho último, a Justiça local autorizou a prorrogação do prazo de investigação por mais 90 dias. Sem necessidade de mais tempo, o caso será concluído em meados de outubro, mês em que Marçal será testado nas urnas.

Foi nessa investigação que o Ministério Público de Piquete pediu apuração sobre suposta quebra de cumprimento de medida cautelar por parte de Marçal. A defesa nega nos autos desrespeito ao decidido em juízo. O então coach foi proibido pela Justiça de realizar “qualquer atividade externa na natureza (seja em montanhas, picos, rios, lagos, mares ou em locais correlatos), por si ou por interposta pessoa sem prévia e expressa autorização”.

No entanto, o MP afirmou ter tomado conhecimento do programa “La Casa Digital”, reality show com participação de Marçal, em maio deste ano. Um dos integrantes diz ter sofrido maus-tratos durante o programa e ter sido submetido a testes físicos intensos.

Em petição recente, o advogado Matheus da Silva Carvalho, que representa Luiz Gabriel Godoy, afirma que os participantes do reality foram acordados às 5h para participar do evento em maio último. “É evidente que, para exigir tal esforço físico de pessoas que há muito tempo não praticavam esportes como o presente manifestante, era de se esperar que no mínimo fosse feito um exame atestando condição para tais atividades. Após três horas de exercícios intensos, os participantes foram submetidos a duas provas em um lago da fazenda de quase 50 metros de comprimento”, cita o advogado.

A Polícia Federal também mantém inquérito aberto para apurar se Marçal cometeu crime de lavagem de dinheiro durante a campanha eleitoral de 2022. Há dois anos, o ex-coach despejou junto de seu sócio Marcos Oliveira R$ 1,7 milhão em suas campanhas. Porém, a verba foi utilizada com gastos registrados com empresas de Marçal.

O valor exorbitante e a forma de gasto chamaram atenção de investigadores para supostas ações de lavagem de capitais e apropriação indébita. O caso corre em sigilo. Marçal também negou irregularidades.

Um partido sob a mira da polícia

O partido de Marçal está imerso em polêmicas, enfrentando uma série de acusações sobre uma possível ligação de seus integrantes com o crime organizado. Nesta semana, o Estadão mostrou que antigos aliados do presidente nacional do PRTB e articuladores informais da legenda de Pablo Marçal são acusados de trocar carros de luxo por cocaína para o Primeiro Comando da Capital (PCC), financiando o tráfico de drogas e dividindo os seus lucros.

“Se há bandidos no meu partido como dizem, me ajudem a limpá-lo. Não compactuo com corrupção e não tenho rabo preso com ninguém. Estou sem aliança partidária justamente porque não cedi a esse jogo de ‘loteamento’”, disse Marçal.

PAC PARADO UMA PROMESSA MEGALOMANÍACA DO LULA

História de Notas & Informações – Jornal Estadão

O presidente Lula da Silva não esconde a sua ansiedade. Sem ter ainda uma marca para seu terceiro mandato à frente do Palácio do Planalto, o petista recorreu a antigas bandeiras na tentativa de apresentar algo à população brasileira, como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), e passou a fazer cobranças por entregas. A depender do andamento de sua principal vitrine, esse sentimento evoluirá para decepção.

Levantamento feito pelo Estadão/Broadcast sobre o ritmo das obras com base em dados da Casa Civil revela que há mesmo motivos de preocupação para Lula. O órgão, sob comando de seu homem forte, Rui Costa, ainda patina na condução do programa, que, vale lembrar, foi marcado no passado por atrasos, cancelamentos e suspensão de obras.

A história parece se repetir nessa empreitada de eleger o Estado como principal indutor do desenvolvimento econômico, como defende o ideário petista. E, mais uma vez, a inépcia na gestão trava o avanço de iniciativas listadas pelo próprio governo como prioritárias. Dos 11.656 projetos previstos quando do relançamento do PAC, há um ano, 5.666 ainda estão em “ação preparatória”. Em outras palavras, não saíram do papel.

Os números podem ser ainda piores. As ações divulgadas chegam a computar como “em execução” obras paradas. Dentre elas, foram localizados uma ponte sobre o Rio Juruá, no Acre, e os acessos a uma ponte sobre o Rio Guaíba, no Rio Grande do Sul. Se não há uma maquiagem, há, no mínimo, confusão na compilação dos dados.

No dia 11 de agosto de 2023, Lula afirmara que o programa recauchutado marcava o início de seu governo. Se isso é verdade, pode-se dizer que o governo Lula ainda não começou. E o petista parece saber disso. Em junho deste ano, queixando-se da burocracia, cobrou mais velocidade: “O mandato é só de quatro anos, daqui a pouco a gente termina o mandato e não consegue executar”.

Não se trata, porém, apenas de burocracia. O PAC de Lula promete muito, mas pode entregar muito pouco. Seria R$ 1,7 trilhão até 2026, com parte dos recursos oriunda do Orçamento, das estatais, de financiamentos e de desembolsos do setor privado.

Ocorre que os recursos da União estão cada vez mais comprimidos por gastos obrigatórios criados pelo próprio governo, como o aumento real do salário mínimo e a insistência em manter a vinculação com benefícios sociais. Além disso, as emendas parlamentares, hoje motivo de disputa entre Congresso, Planalto e Supremo Tribunal Federal, avançaram a ponto de quase se igualarem aos investimentos.

Agora, busca-se alguma racionalidade para as emendas após o STF cobrar transparência e suspender os pagamentos. O governo tende a se beneficiar e quer esses recursos no PAC. Mesmo assim, não parece ser suficiente para fazer do PAC o desejado símbolo das virtudes do governo Lula. Quando muito, será o símbolo da incapacidade de Lula e do PT de transformar em realidade as promessas megalomaníacas que costumam fazer.

 

EX-ASSESSOR DE ALEXANDRE DE MORAES TEME PEDIDO DE PRISÃO DE MORAES

 

História de Leandro Magalhães

À CNN, Tagliaferro diz que teme pedido de prisão por Moraes

À CNN, Tagliaferro diz que teme pedido de prisão por Moraes

O ex-chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação, órgão criado no TSE, afirmou que teme alguma retaliação do ministro Alexandre de Moraes. Perito em crimes cibernéticos, Eduardo Tagliaferro era responsável pela apuração e elaboração de relatórios encomendados por Alexandre de Moraes. “Dr. Kuntz [advogado] tem essa preocupação. Ele defende outras pessoas em casos conduzidos pelo ministro Alexandre e alguns de seus clientes já passaram uma temporada presos, mesmo sem a concordância da Procuradoria Geral da República. Caso isso aconteça, na visão dele, seria mais uma oportunidade em que, infelizmente, o ministro demonstraria que se afasta ao respeito das leis e da história de compromisso do supremo com as garantias constitucionais”, afirmou Tagliaferro. Ele acrescentou: “Compareci quando fui chamado, dei todos os esclarecimentos, tenho residência fixa, trabalho com perícias para diversos tribunais do País, não faz sentido algum atrapalhar as investigações e tenho interesse que os responsáveis pelo vazamento do meu telefone e a sua consequente inutilização sejam identificados e responsabilizados. Mas, apesar disso tudo, tenho medo sim”. O ex-funcionário do TSE relatou à CNN um pouco do trabalho dele no tribunal e disse que em vários momentos achou algumas coisas estranhas, mas que cumpria ordens. “Estava no TSE, as eleições foram uma loucura. A carga de trabalho absurda e havia uma chuva de demandas vindas de muitas pessoas. Muitas vezes tinha a sensação de que alguns pedidos não eram ligados às eleições ou com questões do TSE sim. Questionei meus superiores e me foi explicado que estava tudo certo, não havia problema nenhum e que era para seguir apenas fazendo o meu trabalho. Não questionei e busquei fazer o meu melhor, sem maiores ponderações.” Tagliaferro concluiu, “espero que eles realmente estejam certos e não tenha cometido nenhuma ilegalidade sendo induzido a erro. Vários momentos achei algumas coisas estranhas, mas cumpria ordens. Espero que não tenha feito nada de irregular”. À CNN, o advogado de Eduardo Tagliaferro, Eduardo Kuntz, afirmou que irá pedir o trancamento do inquérito. “Vou buscar o trancamento deste inquérito. Ele foi instaurado em absoluta contrariedade ao Regimento Interno do Supremo. O único ministro que pode instaurar inquéritos de ofício é o presidente. Caso o faça, deve encaminhar ao distribuir e ser sorteado para um dos outros 10 ministros.” A defesa de Tagliaferro também criticou a condução do ministro Alexandre de Moraes. “Com todo respeito, mais uma vez, o ministro Moraes abusa de seu poder de manipular o sistema e atua em caso que tem interesse pessoal direto de ofício. Inclusive, sem a concordância da Procuradoria Geral da República. Isso precisa acabar e as leis precisam voltar a serem respeitadas urgentemente.” Em depoimento à PF na última quinta-feira (22), Tagliaferro disse que, na ocasião, entregou o aparelho a um compadre – que depois foi procurado pelo delegado José Luiz Antunes para que entregasse o dispositivo. Segundo Tagliaferro, o delegado teria dito ao seu compadre que “havia chegado uma ordem” do próprio Moraes para que o celular fosse encaminhado para o seu gabinete em Brasília. Isso, no entanto, não aconteceu – tanto que o celular ficou com a Polícia Civil e foi entregue a Tagliaferro posteriormente, “fora de qualquer invólucro, saco plástico, lacre etc.” O inquérito foi aberto por Moraes depois que o jornal Folha de S. Paulo revelou mensagens que apontam que o setor de combate à desinformação do Tribunal Superior Eleitoral foi demandado de forma não oficial pelo gabinete do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), durante e após as eleições de 2022. Moraes afirma não haver ilegalidade. Os ministros Flávio Dino, Gilmar Mendes, Luís Roberto Barroso e Cármen Lúcia, além da Procuradoria-Geral da República, defenderam publicamente o colega. A CNN procurou a assessoria de imprensa do STF sobre as falas de Tagliaferro e o advogado e aguarda retorno.

GIGANTES DO FUNK SE DESLOCAM DE CANDIDATOS DA ESQUERDA PARA A PREFEITURA DE SÃO PAULO

História de ISABELLA MENON – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Donos de gravadoras grandes de funk se descolaram publicamente da esquerda nas eleições municipais de São Paulo. Rodrigo Oliveira, da GR6, e Henrique Viana, o Rato da Love Funk, foram às redes sociais para apoiar os candidatos Ricardo Nunes (MDB) e Pablo Marçal (PRTB) -e foram criticados no meio artístico.

MC Hariel postou que fica triste em ver “esse tipo de pessoa tendo abertura tão fácil no nosso movimento”. Filipe Ret lamentou ver “o rap/funk (música incontestavelmente marginalizada) apoiando posições políticas decadentes”. Já Djonga afirmou que nas eleições tem candidato que finge gostar de funk: “O vexame está aí, passa quem quer”.

O movimento, que tradicionalmente é ligado a pautas da esquerda, costuma ser criticado por políticos conservadores que associam o funk ao tráfico de drogas e condenam a sexualização das letras.

O gênero que desembarcou em São Paulo em 2005 também é alvo de debates políticos com a realização de pancadões, que por um lado configuram como uma das poucas opções de lazer de jovens da periferia, mas por outro protagonizam problemas para moradores que sofrem com barulho até tarde da noite.

Especialistas na área afirmam que o funk não é um movimento homogêneo e que apoios que soam contraditórios não são novidade -em 2018, por exemplo, cantores como Buchecha e Latino endossaram o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Também destacam que donos dos estúdios são empresários e as proximidades têm objetivos comerciais.

À Folha executivos das gravadoras minimizaram as visitas dos candidatos e os posts favoráveis e também criticaram a falta de procura de Guilherme Boulos (PSOL).

A equipe do psolista diz que ele tem centralizado a campanha em setores da cultura na periferia. Sem citar nomes, afirma que conversa com MCs e artistas periféricos e que no fim de julho foi convidado pelos organizadores da Batalha da Aldeia, que reuniu 5.000 jovens no Clube Juventus.

Rodrigo Oliveira, presidente da GR6, postou um vídeo em que Nunes aparece no escritório da gravadora, diz que política é “coisa séria” e fala que o prefeito vem construindo uma relação com eles ao longo dos anos e não se trata de campanha.

Na quarta-feira (21), ele voltou a acenar à gestão nas redes sociais: “Máximo respeito”, disse.

Institucionalmente, porém, a GR6 alega que se trata de um apoio pessoal, e não de toda a empresa, que diz ser “apartidária” e respeitar a opinião de executivos, colaboradores e artistas.

O apoio gera ruído, já que em 2022 a gravadora endossou o presidente Lula (PT). A Folha apurou com um executivo do estúdio que houve um estranhamento com a falta de procura da campanha de Boulos e que a avaliação interna é de que o apoio de Oliveira a Nunes se tornou inevitável.

A empresa sentiu uma proximidade da gestão municipal com a contratação de funkeiros e incentivo a eventos que pulverizaram a música na cidade, como a Virada Cultural, que inseriu neste ano cantores em diferentes palcos da cidade.

Procurada, a campanha de Nunes não respondeu.

Já Marçal postou um vídeo em que aparece com um boné da Love Funk ao lado do dono da gravadora, Henrique Viana, conhecido como Rato. O candidato diz que na sua gestão vai fomentar o empreendedorismo na cidade e novamente chama Boulos de “aspirador de pó”.

No fim da gravação, ele cantarola: “Aproveitando a oportunidade que me favorece, vou mandar um forte abraço para a galera da zona leste”. Viana, por sua vez, postou uma foto nos stories ao lado do autodenominado ex-coach com a frase “visita do nosso prefeito”.

O dono da Love Funk disse à Folha que só recebeu Marçal, mas que não se trata de um apoio. Ele afirmou que não vota há dez anos e que recebe qualquer candidato em seu escritório, mas considera que Boulos “dormiu no ponto” ao não procurar as produtoras.

Falou ainda que a visita foi rápida, com duração de cerca de 20 minutos, e que Marçal deu a entender que não conhece sobre o mercado do funk. Viana disse que só depois do encontro ficou sabendo que o autodenominado ex-coach já chamou o gênero de lixo e de um “drive mental para psicopatas e assassinos”.

Sobre o post em que descreve o influenciador como “nosso prefeito”, ele desconversou. Disse que o atual prefeito é Nunes e que também é simpático ao presidente Lula, apesar de analisar que o petista causa problemas para ele como empresário.

A equipe de Marçal não retornou o contato da reportagem.

A candidata do PSB, Tabata Amaral, também conta com o apoio de outro gigante do funk, o empresário musical e produtor KondZilla, que integra o conselho estratégico da campanha. O reforço é realizado às claras e anunciado desde a pré-campanha da deputada federal.

Nas redes, o produtor é contido nas postagens, mas publicou um dos vídeos da série da campanha de Tabata. A equipe da deputada diz que o apoio do produtor é como pessoa física e que costuma tecer comentários, como na produção do jingle e na postura em debates.

A reportagem tentou contato com o produtor, mas a assessoria afirmou que ele está sem agenda. Tabata disse durante o Roda Viva na última semana que é errado associar o funk a um partido e que considera que o movimento é independente e suprapartidário.

Danylo Cymrot, doutor em direito pela USP e autor do livro “O Funk na Batida: Baile, Rua e Parlamento”, diz que o funk não está descolado da sociedade em geral e que dentro do gênero há diferentes identidades. “Se a sociedade está polarizada e dividida, isso reflete no funk”, afirma.

“A base de Pablo Marçal é composta por homens e jovens. O influenciador tem um discurso sedutor e forte que diz que a periferia consegue enriquecer”, analisa ele, lembrando que as letras do funk ostentação refletem o desejo de ascensão social.

Cymrot também afirma que os acenos dos produtores refletem em uma falha no discurso da esquerda. “No Brasil e em outras partes do mundo, a extrema direita se apresenta como setor que vai contra o sistema. Cabe à esquerda repensar a forma de se comunicar com quem está insatisfeito.”

 

JUSTIÇA DE SÃO PAULO SUSPENDE REDES DE PABLO MARÇAL CANDIDATO A PREFEITO DE SÃO PAULO

BBC News Brasil

Justiça determinou a suspensão dos perfis de Pablo Marçal no Instagram, X, TikTok e YouTube e de seu site pessoal até o fim das eleições — mas cabe recurso

Justiça determinou a suspensão dos perfis de Pablo Marçal no Instagram, X, TikTok e YouTube e de seu site pessoal até o fim das eleições — mas cabe recurso© Reprodução/Instagram

A Justiça Eleitoral de São Paulo determinou na sexta-feira (23/8) a derrubada dos perfis em redes sociais de Pablo Marçal (PRTB), candidato à Prefeitura de São Paulo.

A liminar atende a pedido do PSB, partido de Tabata Amaral, também candidata à prefeitura. Cabe recurso à decisão.

Na ação, o PSB acusa Marçal de abuso de poder econômico pelo suposto pagamento de apoiadores para editar e difundir cortes de vídeos do candidato nas redes sociais, em um esquema envolvendo mais de 5 mil perfis.

De acordo com a ação, o candidato do PRTB realiza concursos entre seus apoiadores, com premiações.

Na decisão liminar, o juiz eleitoral Antonio Maria Patiño Zorz, da 1ª Zona Eleitoral de São Paulo, avalia que “há por certo razoável indicação que o requerido Pablo tem fomentado há algum tempo, por meio da rede social, uma arquitetura aprofundada e consistente na capilaridade e alcance de sua imagem”.

Ainda segundo o juiz, Marçal “fideliza e desafia seguidores, que o seguem numa desenfreada busca de ‘likes’ em troca de vantagens econômicas”.

“‘Monetizar cortes’ equivale a disseminar continuamente uma imagem sem respeito ao equilíbrio que se preza na disputa eleitoral”, diz ainda o juiz, na decisão.

Como resultado, a Justiça determinou a suspensão dos perfis de Marçal no Instagram, X (antigo Twitter), TikTok e YouTube e de seu site pessoal até o fim das eleições.

A decisão determina ainda a proibição de que o candidato renumere “cortadores” de seus conteúdos até o final das eleições. Também impõe a suspensão do canal de Marçal na plataforma Discord.

O juiz indeferiu, no entanto, os pedidos do PSB para bloquear a monetização para cortes feitos até a data da decisão; para quebra do sigilo bancário e fiscal das empresas de Marçal; para que Marçal seja notificado para informar dados de quem faz os cortes; e para oficiar plataformas para que informem quem são os “cortadores”.

Após a decisão, Marçal postou diversos vídeos nas redes sociais.

“Toda perseguição acelera o processo”, disse o candidato em um dos vídeos publicado no Instagram e reproduzido também no X.

“Por favor, cumpra a decisão (…), derruba as minhas redes sociais, vocês vão ver eu aparecer até dentro da sua geladeira”, provocou, indicando ainda perfis alternativos para serem seguidos, caso os oficiais fiquem inoperantes devido à decisão liminar.

Marçal está tecnicamente empatado com o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) e com o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) na disputa eleitoral paulistana, segundo pesquisa Datafolha publicada na quinta-feira (22/8).

Liminar que suspendeu contas de Marçal nas redes sociais atende a pedido do PSB, partido da deputada Tabata Amaral, também candidata à Prefeitura de São Paulo

Liminar que suspendeu contas de Marçal nas redes sociais atende a pedido do PSB, partido da deputada Tabata Amaral, também candidata à Prefeitura de São Paulo© Rovena Rosa/Agência Brasil

Pagar pessoas para divulgar cortes de vídeos de candidatos é ilegal?

Para Horacio Neiva, advogado especialista em direito eleitoral e doutor em direito pela Universidade de São Paulo (USP), se confirmados os fatos apontados pelo PSB na ação inicial, Pablo Marçal pode ter incorrido em três possíveis ilícitos.

O primeiro deles seria o abuso de poder econômico, a depender do volume de recursos empregados.

“Nesse caso, é preciso considerar não só os valores gastos pelo candidato, mas também o montante gasto pelos usuários com seu consentimento”, explica Neiva.

Segundo ele, esses valores devem ser considerados porque o próprio candidato estaria incentivando os usuários, mediante a competição de cortes.

O segundo ilícito, na avaliação do especialista, seria o de gastos irregulares de campanha (o famoso “caixa dois”) pela não declaração dos valores gastos com as premiações aos seguidores.

“Ainda que o candidato declare os valores gastos com as premiações dos cortes — o que também seria um gasto ilícito, já que não há autorização legal para pagamento de ‘prêmios’ durante a campanha — há o fato de que os competidores também estão fazendo gastos em benefício da campanha, e eles deveriam ser contabilizados”, acrescenta Neiva.

Por fim, há também a possibilidade de abuso decorrente do uso de um meio de propaganda proibido.

“A lei eleitoral permite impulsionamento de conteúdo, desde que utilizando ferramentas específicas disponibilizadas pelas plataformas”, explica Neiva.

Nessas ferramentas autorizadas durante o período eleitoral, os dados são públicos, de modo que a Justiça Eleitoral pode saber quem impulsionou.

Além disso, pessoas naturais (isto é, não jurídicas) não podem contratar impulsionamento em benefício de candidato, diz o especialista.

Segundo ele, comprovando-se que era uma ação coordenada e com gastos desproporcionais, pode ser configurado abuso, mesmo que isso tenha acontecido apenas no período pré-eleitoral, já que atos de pré-campanha também podem afetar o equilíbrio da disputa.

Derrubar as redes de Marçal é correto?

Especialistas em direito eleitoral divergem quanto à decisão do juiz Antonio Maria Patiño Zorz de suspender as redes sociais de Marçal devido aos possíveis ilícitos decorrentes do pagamento de seguidores pela divulgação de cortes de seus vídeos.

Alberto Rollo, especialista em direito eleitoral, avalia que a decisão liminar foi correta.

“O problema é você conseguir separar na mesma rede social o que é a propaganda eleitoral ilegal e o que é a rede social dele, posto que ele tem liberdade de manter sua rede social”, diz Rollo.

“Eu avalio que, neste momento, pelo abuso que já foi demonstrado — não é uma coisa isolada que aconteceu um dia, é algo que já vem acontecendo desde o começo da pré-campanha e da campanha eleitoral — que a Justiça Eleitoral agiu corretamente ao eliminar a ilegalidade como um todo, pela raiz”, opina o advogado.

Já Neiva considera que a decisão pode ter sido exagerada e poderá ser revertida nos próximos dias, quando Marçal recorrer da decisão liminar.

“O grande problema da suspensão das páginas dele é que o esquema de competição de cortes não estava acontecendo na página do Pablo Marçal, era um sistema que estava acontecendo no Discord”, observa.

“As pessoas iam lá e reproduziam esses cortes nas páginas pessoais delas ou em páginas criadas para essa finalidade e quem obtinha o alcance maior recebia compensação financeira.”

“Então a página oficial do Marçal não era exatamente onde o ilícito estava ocorrendo. O juiz entendeu que ali era a fonte dos cortes posteriormente utilizados no esquema, mas aí me parece que extrapola um pouco o próprio sentido do ilícito”, avalia o advogado.

Próximos passos

Segundo ambos os advogados, o que deve acontecer agora é que Marçal deve recorrer da decisão no Tribunal Regional Eleitoral (TRE).

Caso o juiz aceite os argumentos do candidato, ele pode obter um efeito suspensivo da decisão liminar ainda no fim de semana ou no início da semana, já que a Justiça Eleitoral tende a tomar decisões de forma rápida, devido ao período curto de campanha.

Caso não consiga uma decisão favorável no TRE, Marçal pode ainda recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Neiva observa que, se a ação do PSB for considerada procedente, Marçal pode vir a ter seu registro cassado ou seu diploma cassado, caso ele venha a ser eleito. Mas essa decisão não deve ocorrer ainda durante a campanha eleitoral.

Já Alberto Rollo lembra que o próprio registro de Marçal corre perigo, devido a ações que questionam o cumprimento por parte do candidato do prazo mínimo de filiação exigido pelo estatuto do PRTB para candidatos a cargos eletivos.

“A lei eleitoral diz que o prazo para filiação é de seis meses antes da eleição, ressalvado se o partido não tiver um prazo maior. E o partido que ele entrou tem prazo de nove meses, não de seis, e ele não cumpriu esse prazo de nove meses”, diz Rollo.

“Então o registro dele pode ser indeferido e daí não importa se ele xinga o Boulos [de cocainômano] ou paga por cortes nas redes sociais, porque o registro dele pode não ser deferido.”

Segundo Rollo, a Justiça Eleitoral tem até 20 de setembro para julgar os registros de candidaturas na primeira instância e no TRE, para que haja tempo para recurso, se for o caso.

 

NO DIA DA INDEPENDÊNCIA DA UCRANIA ZELENSKY DESAFIA A RÚSSIA

 

História de admin3 – IstoÉ

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, prometeu neste sábado (24) que a Rússia sofrerá “retaliações” por ter invadido o seu país e promulgou uma lei que proíbe a Igreja Ortodoxa ligada a Moscou, em atos que marcaram o 33.º aniversário da independência da ex-república soviética.

Zelensky participou das celebrações do aniversário da independência na praça Santa Sofia, em Kiev, ao lado do presidente polonês, Andrzej Duda, e da primeira-ministra lituana, Ingrida Simonyte, dois importantes aliados da Ucrânia contra a Rússia.

O presidente revelou que as forças ucranianas testaram com sucesso uma nova arma, o míssil drone “Palianytsia”, “muito mais rápido e poderoso” do que os atualmente disponíveis.

– Troca de prisioneiros de guerra –

Rússia e Ucrânia anunciaram neste sábado a troca de 230 prisioneiros de guerra, 115 de cada lado, entre eles, soldados capturados pelas forças ucranianas na região de Kursk.

Segundo o comissário ucraniano para os direitos humanos, Dmytro Lubinets, 82 dos 115 prisioneiros recuperados por Kiev participaram da defesa da fábrica Azovstal durante o cerco russo a Mariupol em 2022, um marco na guerra que começou com a invasão russa em fevereiro daquele ano.

Os Emirados Árabes Unidos, que atuaram como mediadores da troca, apelaram a uma “desescalada” como “única forma de resolver o conflito”.

– Igreja ortodoxa russa proibida –

Zelensky também promulgou uma lei que proíbe as atividades da Igreja Ortodoxa Ucraniana do Patriarcado de Moscou, que durante muito tempo foi a principal do país.

Esta denominação cristã cortou os laços com Moscou em 2022, mas as autoridades ucranianas continuaram a considerá-la sob influência russa e multiplicaram as ações legais que levaram à prisão de dezenas de padres.

“Os ortodoxos ucranianos hoje dão um passo para se libertarem dos demônios de Moscou”, declarou Zelensky.

O patriarca da Igreja Ortodoxa Russa, Cyril, acusou as autoridades ucranianas de “perseguir” os fiéis e pediu aos líderes de outras confissões cristãs e organizações internacionais que “levantem suas vozes em defesa dos fiéis perseguidos”.

– Avanço russo no Donbass –

A ofensiva ucraniana na região russa de Kursk levou as hostilidades ao território do agressor, mas o epicentro dos combates continua sendo a bacia do Donbass, leste da Ucrânia, onde as tropas russas são mais equipadas e numerosas.

As forças de Moscou se aproximam de Pokrovsk, um importante centro logístico com cerca de 53.000 habitantes, cujas autoridades apelaram à evacuação urgente.

Um bombardeio russo matou 5 pessoas e feriu outras 5 neste sábado em Kostiantinivka, outra grande cidade da região, informou o Ministério Público ucraniano.

A Ucrânia também indicou que bombardeou um depósito de munições na região de Voronezh, no oeste da Rússia. Autoridades locais russas relataram ataques de drones e a evacuação de uma cidade.

A Ucrânia afirma que sua incursão busca criar uma “zona de segurança”, forçar Moscou a redistribuir forças de outras frentes, além de usar essas regiões como moeda de troca em possíveis negociações de paz.

A ofensiva em Kursk, contudo, não parece até agora ter aliviado a pressão russa no leste da Ucrânia.

NO MUNDO CORPORATIVO A AUTENTICIDADE SURGE COMO ALGO IMPORTANTE PARA AS LIDERANÇAS

 

Giuliana Tranquilini – Professora e colunista da StartSe

Ser autêntico tem impacto positivo na gestão de pessoas, mas também é um comportamento potente na criação de influência, um ingrediente que faz diferença nos negócios. Neste artigo, Giuliana Tranquilini, colunista da StartSe, aborda esse tema e mostra qual é o caminho seguro para chegar à verdadeira autenticidade.

Giuliana Tranquilini

Quem é mais autêntico: Taylor Swift ou Oprah Winfrey? Tom Hanks ou Tom Cruise?

Esses foram alguns nomes inseridos no último relatório da Breakthrough Research sobre marcas autênticas. O estudo usa como método a percepção das pessoas quanto aos valores de cada personalidade e as suas ações. Oprah Winfrey e Tom Hanks foram os vencedores dessa análise.

A autenticidade tem sido tema bastante falado nos últimos tempos, “autêntico” foi até mesmo escolhida como palavra do ano pelo Merriam-Webster para 2023, que explicou o termo como algo que estamos pensando, escrevendo, aspirando e julgando mais do que nunca.

Acredito que estamos mesmo, especialmente neste momento que falamos tanto sobre os impactos da IA, o que é real e o que não é. Eu sempre defendo que quanto mais tecnologias, mais humanos devemos ser, e isso inclui sermos autênticos.

No mundo corporativo, a autenticidade também surge cada vez mais como algo importante para as lideranças. Sylvia Ann Hewlett, divulgou recentemente, em seu artigo “As novas regras da presença executiva” publicado na Harvard Business Review, que a autenticidade foi apontada como característica valorizada.

Ela conta que foi a primeira vez em 10 anos que seus entrevistados citaram essa qualidade. Esse é um exemplo de como a autenticidade tem migrado com força para o campo empresarial como definição de um estilo de liderança desejado.

Por que ser um líder autêntico é tão importante?

Há motivos para que a autenticidade do líder esteja sendo colocada como algo muito bom de se ter. Diferentes pesquisas recentes analisam o assunto e concluem que uma liderança autêntica tem influência positiva nos liderados.

Aumento do engajamento, melhora na capacidade de inovação, redução dos estresses e outros benefícios são apontados. Todas as vantagens não estão somente ligadas às mudanças geradas no comportamento das pessoas do time, a autenticidade também é vista como benéfica para as próprias lideranças, com efeitos positivos na saúde mental.

Concordo que a autenticidade pode ter esse poder na saúde psicológica, já que ser autêntico nos insere num lugar de maior liberdade. Saímos daqueles padrões preconcebidos para entrar no nosso conjunto de valores que nos é mais natural.

Afinal, o que é autenticidade?

Nos diferentes estudos que li, encontrei diversas definições sobre o que é ser uma liderança autêntica, e elas falam de variados tipos de comportamentos e posicionamentos dentro do ambiente organizacional. Veja esta:

“Liderança autêntica é o padrão de comportamento de um líder que é confiável, objetivo, com pensamento positivo, esperançoso, bem ciente da missão da organização que lidera, capaz e pronto para superar problemas organizacionais, um líder que parece confiante, otimista, tenaz, resiliente, transparente, moral, eticamente altamente dedicado e orientado para o futuro.” (O papel da liderança autêntica na formação de culturas organizacionais inovadoras, ResearchGate)

Mas será que realmente há uma receita para ser autêntico? Acredito que não, já que a autenticidade está associada a um conjunto de valores que podem variar bastante de pessoa para pessoa. 

Os valores, o que pensamos sobre determinado assunto, o que consideramos como ideal de vida, entre outros aspectos que formam a nossa identidade nos dão os insights para caminhar com mais segurança nesta jornada de ser uma liderança autêntica.

Este é o norte para ser um líder autêntico

Daniel Goleman, autor do best-seller “inteligência emocional”, fala que o norte para ser uma liderança autêntica é realizar um trabalho interno para encontrar o nosso verdadeiro “eu”. 

Ele defende que o processo de autoconhecimento nos permite ganhar autoconsciência, que nos possibilita sair da caverna e identificar os pontos fracos e fortes por meio de reflexão sobre eles.

Goleman também traz à tona a técnica que aplico no Método FLY®, o feedback. Ele diz que colher feedback honesto, aquele feito com pessoas que realmente são próximas, mais íntimas, é uma maneira eficiente de nos enxergarmos melhor. 

Para mim, esse processo também é uma estratégia eficiente para podermos descobrir os potenciais que muitas vezes podem ficar escondidos, seja pelo fato de não os percebemos, seja pelo fato de não valorizarmos certas atitudes e posicionamentos.

Bill George, autor do best-seller “True North: Descubra a sua Liderança Autêntica”, que muitas vezes faz dupla com Goleman sobre o tema, deu uma entrevista à McKinsey, em meados do ano passado, falando da nova edição do livro, direcionado a líderes emergentes.

Para George, as pessoas precisam saber quem são antes de fazerem diferença em suas profissões. Esse norte é composto por crenças e valores mais profundos. Bill é enfático ao dizer o que é ser um líder autêntico: é ser quem você é.

Autenticidade é a chave influenciar pessoas, mas não pule etapas

Uma voz autêntica gera influência. Pense em um líder que considera inspirador, certamente ele tem atributos únicos na sua forma de pensar e agir. A raiz, como falamos até aqui, é o autoconhecimento, compreender a sua identidade.

Essa é a base da jornada do meu método, e não é raro executivos quererem pular essa etapa e irem direto à fase de comunicar melhor para serem mais influentes nas redes sociais e no networking.

Só que a etapa de comunicação somente será bem-sucedida se antes desenharmos a sua identidade, o caminho que leva a entender o que e como comunicar. 

É preciso um mergulho mais profundo em si, antes de seguir para os próximos estágios do desenvolvimento da sua Marca Pessoal, fundamentada na consistência, na autoridade e na autenticidade.

“Quando você dedica um tempo para buscar respostas e definir o que o torna uma pessoa única, não apenas será capaz de construir uma Marca Pessoal forte, mas também aumentará seu nível de autoconsciência. E isso é fundamental para uma vida plena”, diz Daniel Goleman.

Trabalhar a sua marca também significa encontrar o seu propósito, e tudo isso faz a sua vida mais completa.

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NÓS DA VALEON COMPARTILHAMOS CONHECIMENTO PARA EXECUTARMOS COM SUCESSO NOSSA ESTRATÉGIA PARA REVOLUCIONAR O MODO DE FAZER PROPAGANDA DAS EMPRESAS DO VALE DO AÇO.

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sábado, 24 de agosto de 2024

X DE ELON MUSK ENCERROU SUAS OPERAÇÕES NO BRASIL A PARTIR DE 17 DE AGOSTO

 

História de matheus – IstoÉ Dinheiro

As redes sociais desempenham um papel fundamental na vida dos brasileiros, funcionando como plataformas de expressão, informação e conexão. Entre elas, o X (antigo Twitter), que durante muitos anos foi a queridinha dos brasileiros ao oferecer espaço para debates públicos e notícias em tempo real, mas foi transformado em um celeiro de preconceito, discursos de ódio e negacionismo, principalmente após a compra da plataforma pelo bilionário Elon Musk. Com esse cenário, muitos usuários foram processadas, posts tiveram de ser apagados e contas excluídas dos por decisão judicial.

Algumas dessas decisões, no entanto, não estavam sendo cumpridas pelo X. O que levou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes fechar o cerco ao antigo Twitrer, que acusa o juiz de ameaçar prender a representante legal da empresa no Brasil, Raquel de Oliveira Villa Nova Conceição, caso a plataforma não cumprisse as ordens de bloqueio de contas antidemocráticas. Na manhã do dia 17 de agosto, cerca de 40 funcionários do X no Brasil foram surpreendidos com uma reunião on-line de emergência. Foram informados de suas demissões, marcando o encerramento definitivo das atividades do escritório brasileiro.

O ministro do Supremo Alexandre de Moraes (Crédito:REUTERS/Adriano Machado)

O ministro do Supremo Alexandre de Moraes (Crédito:REUTERS/Adriano Machado)

No meio do duelo estão funcionários e usuários do X

O perfil oficial do X publicou um comunicado sobre a decisão. “Moraes optou por ameaçar nossa equipe no Brasil em vez de respeitar a lei ou o devido processo legal. Como resultado, para proteger a segurança de nossa equipe, decidimos encerrar nossas operações no Brasil, com efeito imediato. O serviço X continua disponível para a população brasileira”, afirmou a mensagem da rede social, que diminuiu a transparência na divulgação de seus dados. O último balanço público é do segundo trimestre de 2022, quando a receita foi de US$ 1,18 bilhão, com prejuízo de US$ 270 milhões. O que mostra um ceticismo do mercado publicitário em anúncios por lá.a

Mas ao sair do Brasil, quais as consequências a partir de agora? Pedro Henrique Ramos, especialista em governança digital, professor do Ibmec e sócio do Baptista Luz Advogados, destacou que o impacto imediato dessa decisão, além das demissões, é o aumento da desinformação e do discurso de ódio na plataforma. “Sem colaboradores locais, fluentes em português e capazes de entender nuances contextuais, a moderação de conteúdo se torna menos eficaz”, avaliou.

Ramos destacou ainda que os negócios da Starlink, a empresa de internet via satélite do bilionário, que chegou ao Brasil em fevereiro de 2022, não deve ser afetada. Segundo dados divulgados pela Anatel no início de julho, a Starlink se tornou a maior operadora de internet por satélite no País, mantendo suas operações ativas. “O que se rompeu nessa disputa entre Musk e Moraes foi o elo mais fraco — os funcionários e usuários do X”, disse.

Elon Musk durante conferência de tecnologia em Paris 16/06/2023 (Crédito:REUTERS/Gonzalo Fuentes)

Elon Musk durante conferência de tecnologia em Paris 16/06/2023 (Crédito:REUTERS/Gonzalo Fuentes)

Para Igor Lucena, economista e doutor em relações internacionais pela Universidade de Lisboa, a decisão de Musk prejudica o setor de tecnologia no Brasil. “Quando empresas saem de um país, seja ela de capital aberto ou fechado, isso sinaliza falta de liberdade para investimentos. Investimentos em tecnologia são, muitas vezes, de longo prazo e incertos. É preocupante que o Brasil seja comparado a países onde o X é proibido, como Cuba e China. O X ainda não foi proibido no Brasil, mas já deixou o País”, analisou Lucena.

Disputa

Felipe Fogaça, especialista em tecnologia e fundador da rede social YourClub, vê essa situação como uma queda de braço entre a visão de Elon Musk e o judiciário. “Algumas pessoas apoiam as ações de Musk por ele criticar um juiz que, supostamente, age contra suas preferências políticas”, observou. Fogaça acrescentou que esse impasse não é exclusivo do Brasil, pois Musk tem se envolvido em discussões semelhantes nos EUA e na Europa. Para ele, até o momento, nada muda, já que o X continua sendo usado pelos brasileiros. “Não acredito que saiam do Brasil. Caso isso ocorresse, haveria uma migração em massa para o Threads [do grupo Meta], o que não interessa a Musk”, analisou.

O post X encerra operações Brasil após tensão com o STF. Quais as consequências? apareceu primeiro em ISTOÉ DINHEIRO.

O QUE RESTOU DE GETÚLIO VARGAS DEPOIS DE 70 ANOS

 

Brasil

Deutsche Wellei – Giro

Como presidente, ele modernizou o Estado brasileiro e institucionalizou direitos trabalhistas; como ditador e autocrata, atropelou direitos humanos e lançou as bases de um paternalismo político que perdura até hoje.Por volta das 7h30 da manhã de 24 de agosto de 1954, há 70 anos, o então presidente Getúlio Vargas tirou a própria vida. Ele estava em seus aposentos no Palácio do Catete, então sede do governo federal, no Rio, e vivia aos 72 anos uma intensa crise em sua segunda passagem pelo governo – ao qual regressara em 1951, eleito pelo voto direto, após o período o ditatorial conhecido como Estado Novo (1930-1945).

Da organização das relações de trabalho à criação da máquina institucional pública, Vargas deixou um legado que, em partes, até hoje norteia as esferas administrativas do Brasil. Além disso, sua imagem carismática de “pai dos pobres” e seu muito criticado estilo populista de governar ainda inspiram um segmento da política afeito à exploração eleitoral das mazelas sociais.

Da herança deixada por Vargas, o historiador e professor na Universidade Federal de São Carlos (Ufscar) Marco Antonio Villa destaca a modernização das relações de trabalho, com a criação da Consolidação das Leis de Trabalho (CLT), e a presença do Estado na economia.

Autor de obras como Um País Chamado Brasil, o pesquisador argumenta que, nos anos 1930, o varguismo significou a “modernização do Estado brasileiro”. “Você pode dizer que ali o Estado brasileiro moderno nasceu, com a estruturação de uma máquina de Estado, com a construção de um projeto nacional e novas bases totalmente diferentes da primeira República.”

Além da CLT, Vargas criou organismos como os então Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, e o Ministério da Educação e Saúde. Também é de sua gestão a fundação da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). Em sua segunda passagem pelo Catete, o presidente criaria o Conselho Nacional de Pesquisas, mais tarde rebatizado como Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), e as estatais petrolífera Petrobras e do setor elétrico Eletrobras.

“Não podemos esquecer que o legado de Vargas é gigantesco. Ele foi o grande responsável por introduzir o Brasil no processo que envolve a grande indústria internacional, sobretudo com a siderurgia e o petróleo”, comenta o sociólogo Paulo Niccoli Ramirez, professor da Fundação Escola de Sociologia de São Paulo (FESPSP) e da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).

“Considero o mais importante da experiência de Vargas na condução do Estado brasileiro o esforço por uma relativa autonomia na inserção do Brasil no conjunto da economia mundial, tanto na década de 1930 quanto na de 1950”, contextualiza o historiador Paulo Henrique Martinez, professor na Universidade Estadual Paulista (Unesp).

Para ele, essa autonomia foi marcada pela “constituição de um parque industrial dinâmico e da administração pública minimamente organizada e coordenada”.

A historiadora Isabel Bilhão, professora na Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), destaca a legislação trabalhista como um dos principais legados de Vargas, pelo conjunto de leis que “reuniu e consolidou em âmbito nacional as proteções e as garantias aos trabalhadores e trabalhadoras que vinham sendo estabelecidas desde os anos 1920, em decorrência de mobilizações e lutas operárias”.

Bilhão cita o direito a férias e aposentadoria, bem como “o estabelecimento do salário mínimo nacional em equidade para homens e mulheres”. “Em meu entendimento, essa legislação é fundamental não apenas por reconhecer direitos e garantias, mas também por se tornar um instrumento para que os trabalhadores pudessem, por meio de seus sindicatos, acessar a recém-criada Justiça do Trabalho.”

Ascensão ao poder

Nascido na zona rural de São Borja, no Rio Grande do Sul, Getúlio Dorneles Vargas serviu ao Exército na juventude e, depois, formou-se em direito na Faculdade Livre de Direito de Porto Alegre, hoje Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). A partir de 1909, teve uma longa carreira política: foi deputado estadual e federal, governador do Rio Grande do Sul, ministro da Fazenda e senador.

Ascendeu à Presidência em 1930 por um golpe de Estado, após perder a disputa eleitoral para o paulista Júlio Prestes (1882-1946) e liderar o grupo que acusou fraude no sistema. Chamou o seu governo de provisório até 1934, quando seguiu no cargo após vencer uma eleição convocada por ele próprio. Em 1937 deu um autogolpe, inaugurando o período ditatorial conhecido como Estado Novo.

Ameaçado de deposição, renunciou em 1945. Retornou ao poder pelo voto após vencer o pleito de 1950.

Manchas históricas

Mas os especialistas também lembram que há um legado negativo de Vargas, principalmente pelo fato de que sua primeira passagem pelo poder foi um regime ditatorial. “O mais marcante, em meu entendimento, é a associação entre ditaduras e conquistas de direitos sociais”, analisa Bilhão. “Como se os direitos sociais fossem uma concessão de governos ditatoriais, e não fruto dos esforços de várias gerações de trabalhadores.”

Na visão da historiadora, começou com Vargas a “lamentável” ideia, “reforçada com o regime civil-militar a partir de 1964”, de que “nos tempos da ditadura é que as coisas funcionavam”.

O sociólogo Ramirez acrescenta que a ditadura varguista também usou de instrumentos de censura e controle de propaganda.

“Em termos de direitos humanos, foi um desastre”, adiciona Villa. “É uma questão pouco estudada, mas a violência estatal começou, na prática, com o Estado Novo a partir de novembro de 1935.”

Martinez concorda: “Entendo que a grande herança maldita da passagem de Vargas pela política brasileira foi a consagração, em escala nacional, da violência política, pública e privada”.

“Violência moderada contra opositores e adversários políticos, e extrema contra as reivindicações populares, dos mais pobres, e sociais, de alcance transformador”, enumera o historiador. “No campo, pela apropriação e concentração da terra nas mãos de poucas famílias, em todos os estados; no movimento operário urbano, pela repressão implacável aos líderes sindicais e instituições culturais, como jornais, associações, clubes e escolas.”

Já o pesquisador e youtuber Paulo Rezzutti avalia que uma marca negativa de Vargas foi a imagem paternalista. “Isso marcou muito sua trajetória e ainda hoje se apresenta na sociedade brasileira, por meio de alguns políticos”, argumenta.

No fazer político-partidário, ele vê semelhanças entre o modus operandi atual do “carismático que tenta agradar a vários setores privados e também joga com o povo” e o jeito de Vargas conduzir o país. “Afaga um, depois afaga o outro. A gente encontra ainda esse tipo populista. É uma herança dele na sociedade atual”, diz Rezzutti.

Figura ambivalente

“O legado e a imagem de Vargas permanecem em disputa, tanto pelos partidos políticos, mas também pelas discordâncias em torno de sua memória”, comenta Bilhão. “Para alguns, ele seria principalmente o ditador que, com sua postura autoritária e personalista, foi conivente com diversas formas de violação de direitos e de perseguição e morte de opositores, colaborando também para a naturalização de uma cultura de corrupção da máquina pública.”

Mas ela pondera que, “para outros, o que predomina é a imagem de ‘pai dos pobres’, do político que estabeleceu direitos e garantias para os trabalhadores”.

Ela conclui que o principal projeto varguista que “permanece mais amplamente consolidado até a atualidade é o da construção de um capitalismo de viés nacionalista”. “Essa noção defende que não há a possibilidade de desenvolvimento econômico sem a constituição de um mercado consumidor interno e, para que ele exista, seria necessária a diminuição da brutal concentração de renda que historicamente assola o país.”

“Nessa perspectiva, a cidadania estaria associada tanto ao direito da população de consumir bens e produtos quanto de acessar serviços públicos que lhe proporcionem melhor qualidade de vida e mais chances de acesso e permanência no mercado de trabalho”, explica Bilhão.

Ramirez lembra ainda que as relações de proximidade entre Brasil e Estados Unidos, que persistem historicamente, são uma herança do período varguista que, depois de uma hesitação inicial, acabou se aliando aos americanos na Segunda Guerra.

O professor da Unesp Martinez comenta que muitas das conquistas varguistas se esfacelaram nas últimas décadas, do período da ditadura militar ao neoliberalismo implementado na redemocratização, com a sociedade cada vez mais exposta à “promíscua relação entre interesses econômicos e investimentos públicos”.

“Durante a ditadura militar as demandas sociais foram tratadas pelo governo do general de plantão com mão-de-ferro, prisão, tortura e morte”, denuncia ele. “Houve continuidade e aprimoramento nas técnicas de controle social, conduzidas pelo Estado nacional, em benefício de interesses de grupos econômicos nacionais e estrangeiros – inclusive como forma de alargamento e manutenção da base social de sustentação política e ideológica da ditadura pela classe média urbana, o empresariado e grandes proprietários de terras.”

“A relativa autonomia do Estado nacional na distribuição, ainda que pífia e pontual, da renda e da cultura no Brasil de Vargas, desapareceu sob os militares de 1964 e depois, se submeteu aos interesses do grande capital americano”, critica Martinez.

RESPOSTA DA ANEEL ÀS AMEAÇAS DO MINISTRO ALEXANDRE SILVEIRA

 

História de Renan Monteiro – Jornal Estadão

BRASÍLIA – Em resposta ao ministro de Minas e EnergiaAlexandre Silveira, a Associação dos Servidores da Agência Nacional de Energia Elétrica (ASEA) divulgou nesta sexta-feira, 23, uma carta pública avaliando que órgãos reguladores são instituições de Estado, e não de governo. A entidade aponta que há “um ponto equidistante” na atuação das agências em relação aos interesses “dos usuários, dos prestadores dos serviços regulados e do próprio Poder Executivo”.

Na terça-feira, 20, conforme antecipou o Estadão/BroadcastSilveira encaminhou ofício à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) cobrando a análise de processos do setor elétrico de interesse do governo. No documento, o ministro cita a possibilidade de “intervir” para apurar os motivos para o retardamento nos prazos.

A nota da Associação ainda não é a resposta da Aneel ao governo, esperada pelo governo até segunda-feira.

“A factibilidade dos prazos não pode ser verificada tão somente pelo período mínimo necessário para instrução dessas políticas pela agência e outras instituições afetadas por esses atos, mas também devido ao reduzido quadro de servidores em exercício na Aneel frente a todas as atividades ordinárias, extraordinárias e desafios enfrentados pela autarquia”, cita a carta da Associação.

Na carta, associação reclama de falta de recomposição na agência e 'lembra' Silveira de que a Aneel 'deveria contar com os recursos arrecadados previstos na Lei' Foto: Wilton Junior/Estadão

Na carta, associação reclama de falta de recomposição na agência e ‘lembra’ Silveira de que a Aneel ‘deveria contar com os recursos arrecadados previstos na Lei’ Foto: Wilton Junior/Estadão© Fornecido por Estadão

A associação disse que situação “deficitária de pessoal” também é verificada na composição da Diretoria Colegiada, com a falta de indicação do substituto do diretor Hélvio Guerra, que teve mandato encerrado em maio de 2024.

“Além do desfalque do quadro de servidores e de uma vaga em aberto na Diretoria há 4 meses, não menos graves são os sucessivos contingenciamentos no orçamento da Aneel, que, é bom lembrar, deveria contar com os recursos arrecadados previstos na Lei”, aponta a carta dos servidores.