O presidente Lula da Silva não esconde a sua ansiedade. Sem ter ainda
uma marca para seu terceiro mandato à frente do Palácio do Planalto, o
petista recorreu a antigas bandeiras na tentativa de apresentar algo à
população brasileira, como o Programa de Aceleração do Crescimento
(PAC), e passou a fazer cobranças por entregas. A depender do andamento
de sua principal vitrine, esse sentimento evoluirá para decepção.
Levantamento feito pelo Estadão/Broadcast sobre
o ritmo das obras com base em dados da Casa Civil revela que há mesmo
motivos de preocupação para Lula. O órgão, sob comando de seu homem
forte, Rui Costa, ainda patina na condução do programa, que, vale
lembrar, foi marcado no passado por atrasos, cancelamentos e suspensão
de obras.
A história parece se repetir nessa empreitada de eleger o Estado como
principal indutor do desenvolvimento econômico, como defende o ideário
petista. E, mais uma vez, a inépcia na gestão trava o avanço de
iniciativas listadas pelo próprio governo como prioritárias. Dos 11.656
projetos previstos quando do relançamento do PAC, há um ano, 5.666 ainda
estão em “ação preparatória”. Em outras palavras, não saíram do papel.
Os números podem ser ainda piores. As ações divulgadas chegam a
computar como “em execução” obras paradas. Dentre elas, foram
localizados uma ponte sobre o Rio Juruá, no Acre, e os acessos a uma
ponte sobre o Rio Guaíba, no Rio Grande do Sul. Se não há uma maquiagem,
há, no mínimo, confusão na compilação dos dados.
No dia 11 de agosto de 2023, Lula afirmara que o programa
recauchutado marcava o início de seu governo. Se isso é verdade, pode-se
dizer que o governo Lula ainda não começou. E o petista parece saber
disso. Em junho deste ano, queixando-se da burocracia, cobrou mais
velocidade: “O mandato é só de quatro anos, daqui a pouco a gente
termina o mandato e não consegue executar”.
Não se trata, porém, apenas de burocracia. O PAC de Lula promete
muito, mas pode entregar muito pouco. Seria R$ 1,7 trilhão até 2026, com
parte dos recursos oriunda do Orçamento, das estatais, de
financiamentos e de desembolsos do setor privado.
Ocorre que os recursos da União estão cada vez mais comprimidos por
gastos obrigatórios criados pelo próprio governo, como o aumento real do
salário mínimo e a insistência em manter a vinculação com benefícios
sociais. Além disso, as emendas parlamentares, hoje motivo de disputa
entre Congresso, Planalto e Supremo Tribunal Federal, avançaram a ponto
de quase se igualarem aos investimentos.
Agora, busca-se alguma racionalidade para as emendas após o STF
cobrar transparência e suspender os pagamentos. O governo tende a se
beneficiar e quer esses recursos no PAC. Mesmo assim, não parece ser
suficiente para fazer do PAC o desejado símbolo das virtudes do governo
Lula. Quando muito, será o símbolo da incapacidade de Lula e do PT de
transformar em realidade as promessas megalomaníacas que costumam fazer.
À CNN, Tagliaferro diz que teme pedido de prisão por Moraes
O ex-chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação,
órgão criado no TSE, afirmou que teme alguma retaliação do ministro
Alexandre de Moraes. Perito em crimes cibernéticos, Eduardo Tagliaferro
era responsável pela apuração e elaboração de relatórios encomendados
por Alexandre de Moraes. “Dr. Kuntz [advogado] tem essa preocupação. Ele
defende outras pessoas em casos conduzidos pelo ministro Alexandre e
alguns de seus clientes já passaram uma temporada presos, mesmo sem a
concordância da Procuradoria Geral da República. Caso isso aconteça, na
visão dele, seria mais uma oportunidade em que, infelizmente, o ministro
demonstraria que se afasta ao respeito das leis e da história de
compromisso do supremo com as garantias constitucionais”, afirmou
Tagliaferro. Ele acrescentou: “Compareci quando fui chamado, dei todos
os esclarecimentos, tenho residência fixa, trabalho com perícias para
diversos tribunais do País, não faz sentido algum atrapalhar as
investigações e tenho interesse que os responsáveis pelo vazamento do
meu telefone e a sua consequente inutilização sejam identificados e
responsabilizados. Mas, apesar disso tudo, tenho medo sim”. O
ex-funcionário do TSE relatou à CNN um pouco do trabalho dele no
tribunal e disse que em vários momentos achou algumas coisas estranhas,
mas que cumpria ordens. “Estava no TSE, as eleições foram uma loucura. A
carga de trabalho absurda e havia uma chuva de demandas vindas de
muitas pessoas. Muitas vezes tinha a sensação de que alguns pedidos não
eram ligados às eleições ou com questões do TSE sim. Questionei meus
superiores e me foi explicado que estava tudo certo, não havia problema
nenhum e que era para seguir apenas fazendo o meu trabalho. Não
questionei e busquei fazer o meu melhor, sem maiores ponderações.”
Tagliaferro concluiu, “espero que eles realmente estejam certos e não
tenha cometido nenhuma ilegalidade sendo induzido a erro. Vários
momentos achei algumas coisas estranhas, mas cumpria ordens. Espero que
não tenha feito nada de irregular”. À CNN, o advogado de Eduardo
Tagliaferro, Eduardo Kuntz, afirmou que irá pedir o trancamento do
inquérito. “Vou buscar o trancamento deste inquérito. Ele foi instaurado
em absoluta contrariedade ao Regimento Interno do Supremo. O único
ministro que pode instaurar inquéritos de ofício é o presidente. Caso o
faça, deve encaminhar ao distribuir e ser sorteado para um dos outros 10
ministros.” A defesa de Tagliaferro também criticou a condução do
ministro Alexandre de Moraes. “Com todo respeito, mais uma vez, o
ministro Moraes abusa de seu poder de manipular o sistema e atua em caso
que tem interesse pessoal direto de ofício. Inclusive, sem a
concordância da Procuradoria Geral da República. Isso precisa acabar e
as leis precisam voltar a serem respeitadas urgentemente.” Em depoimento
à PF na última quinta-feira (22), Tagliaferro disse que, na ocasião,
entregou o aparelho a um compadre – que depois foi procurado pelo
delegado José Luiz Antunes para que entregasse o dispositivo. Segundo
Tagliaferro, o delegado teria dito ao seu compadre que “havia chegado
uma ordem” do próprio Moraes para que o celular fosse encaminhado para o
seu gabinete em Brasília. Isso, no entanto, não aconteceu – tanto que o
celular ficou com a Polícia Civil e foi entregue a Tagliaferro
posteriormente, “fora de qualquer invólucro, saco plástico, lacre etc.” O
inquérito foi aberto por Moraes depois que o jornal Folha de S. Paulo
revelou mensagens que apontam que o setor de combate à desinformação do
Tribunal Superior Eleitoral foi demandado de forma não oficial pelo
gabinete do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal
(STF), durante e após as eleições de 2022. Moraes afirma não haver
ilegalidade. Os ministros Flávio Dino, Gilmar Mendes, Luís Roberto
Barroso e Cármen Lúcia, além da Procuradoria-Geral da República,
defenderam publicamente o colega. A CNN procurou a assessoria de
imprensa do STF sobre as falas de Tagliaferro e o advogado e aguarda
retorno.
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Donos de gravadoras grandes de funk se
descolaram publicamente da esquerda nas eleições municipais de São
Paulo. Rodrigo Oliveira, da GR6, e Henrique Viana, o Rato da Love Funk,
foram às redes sociais para apoiar os candidatos Ricardo Nunes (MDB) e
Pablo Marçal (PRTB) -e foram criticados no meio artístico.
MC Hariel postou que fica triste em ver “esse tipo de pessoa tendo
abertura tão fácil no nosso movimento”. Filipe Ret lamentou ver “o
rap/funk (música incontestavelmente marginalizada) apoiando posições
políticas decadentes”. Já Djonga afirmou que nas eleições tem candidato
que finge gostar de funk: “O vexame está aí, passa quem quer”.
O movimento, que tradicionalmente é ligado a pautas da esquerda,
costuma ser criticado por políticos conservadores que associam o funk ao
tráfico de drogas e condenam a sexualização das letras.
O gênero que desembarcou em São Paulo em 2005 também é alvo de
debates políticos com a realização de pancadões, que por um lado
configuram como uma das poucas opções de lazer de jovens da periferia,
mas por outro protagonizam problemas para moradores que sofrem com
barulho até tarde da noite.
Especialistas na área afirmam que o funk não é um movimento homogêneo
e que apoios que soam contraditórios não são novidade -em 2018, por
exemplo, cantores como Buchecha e Latino endossaram o ex-presidente Jair
Bolsonaro (PL). Também destacam que donos dos estúdios são empresários e
as proximidades têm objetivos comerciais.
À Folha executivos das gravadoras minimizaram as visitas dos
candidatos e os posts favoráveis e também criticaram a falta de procura
de Guilherme Boulos (PSOL).
A equipe do psolista diz que ele tem centralizado a campanha em
setores da cultura na periferia. Sem citar nomes, afirma que conversa
com MCs e artistas periféricos e que no fim de julho foi convidado pelos
organizadores da Batalha da Aldeia, que reuniu 5.000 jovens no Clube
Juventus.
Rodrigo Oliveira, presidente da GR6, postou um vídeo em que Nunes
aparece no escritório da gravadora, diz que política é “coisa séria” e
fala que o prefeito vem construindo uma relação com eles ao longo dos
anos e não se trata de campanha.
Na quarta-feira (21), ele voltou a acenar à gestão nas redes sociais: “Máximo respeito”, disse.
Institucionalmente, porém, a GR6 alega que se trata de um apoio
pessoal, e não de toda a empresa, que diz ser “apartidária” e respeitar a
opinião de executivos, colaboradores e artistas.
O apoio gera ruído, já que em 2022 a gravadora endossou o presidente
Lula (PT). A Folha apurou com um executivo do estúdio que houve um
estranhamento com a falta de procura da campanha de Boulos e que a
avaliação interna é de que o apoio de Oliveira a Nunes se tornou
inevitável.
A empresa sentiu uma proximidade da gestão municipal com a
contratação de funkeiros e incentivo a eventos que pulverizaram a música
na cidade, como a Virada Cultural, que inseriu neste ano cantores em
diferentes palcos da cidade.
Procurada, a campanha de Nunes não respondeu.
Já Marçal postou um vídeo em que aparece com um boné da Love Funk ao
lado do dono da gravadora, Henrique Viana, conhecido como Rato. O
candidato diz que na sua gestão vai fomentar o empreendedorismo na
cidade e novamente chama Boulos de “aspirador de pó”.
No fim da gravação, ele cantarola: “Aproveitando a oportunidade que
me favorece, vou mandar um forte abraço para a galera da zona leste”.
Viana, por sua vez, postou uma foto nos stories ao lado do
autodenominado ex-coach com a frase “visita do nosso prefeito”.
O dono da Love Funk disse à Folha que só recebeu Marçal, mas que não
se trata de um apoio. Ele afirmou que não vota há dez anos e que recebe
qualquer candidato em seu escritório, mas considera que Boulos “dormiu
no ponto” ao não procurar as produtoras.
Falou ainda que a visita foi rápida, com duração de cerca de 20
minutos, e que Marçal deu a entender que não conhece sobre o mercado do
funk. Viana disse que só depois do encontro ficou sabendo que o
autodenominado ex-coach já chamou o gênero de lixo e de um “drive mental
para psicopatas e assassinos”.
Sobre o post em que descreve o influenciador como “nosso prefeito”,
ele desconversou. Disse que o atual prefeito é Nunes e que também é
simpático ao presidente Lula, apesar de analisar que o petista causa
problemas para ele como empresário.
A equipe de Marçal não retornou o contato da reportagem.
A candidata do PSB, Tabata Amaral, também conta com o apoio de outro
gigante do funk, o empresário musical e produtor KondZilla, que integra o
conselho estratégico da campanha. O reforço é realizado às claras e
anunciado desde a pré-campanha da deputada federal.
Nas redes, o produtor é contido nas postagens, mas publicou um dos
vídeos da série da campanha de Tabata. A equipe da deputada diz que o
apoio do produtor é como pessoa física e que costuma tecer comentários,
como na produção do jingle e na postura em debates.
A reportagem tentou contato com o produtor, mas a assessoria afirmou
que ele está sem agenda. Tabata disse durante o Roda Viva na última
semana que é errado associar o funk a um partido e que considera que o
movimento é independente e suprapartidário.
Danylo Cymrot, doutor em direito pela USP e autor do livro “O Funk na
Batida: Baile, Rua e Parlamento”, diz que o funk não está descolado da
sociedade em geral e que dentro do gênero há diferentes identidades. “Se
a sociedade está polarizada e dividida, isso reflete no funk”, afirma.
“A base de Pablo Marçal é composta por homens e jovens. O
influenciador tem um discurso sedutor e forte que diz que a periferia
consegue enriquecer”, analisa ele, lembrando que as letras do funk
ostentação refletem o desejo de ascensão social.
Cymrot também afirma que os acenos dos produtores refletem em uma
falha no discurso da esquerda. “No Brasil e em outras partes do mundo, a
extrema direita se apresenta como setor que vai contra o sistema. Cabe à
esquerda repensar a forma de se comunicar com quem está insatisfeito.”
A Justiça Eleitoral de São Paulo determinou na sexta-feira (23/8) a derrubada dos perfis em redes sociais de Pablo Marçal (PRTB), candidato à Prefeitura de São Paulo.
A liminar atende a pedido do PSB, partido de Tabata Amaral, também candidata à prefeitura. Cabe recurso à decisão.
Na ação, o PSB acusa Marçal de abuso de poder econômico pelo suposto
pagamento de apoiadores para editar e difundir cortes de vídeos do
candidato nas redes sociais, em um esquema envolvendo mais de 5 mil perfis.
De acordo com a ação, o candidato do PRTB realiza concursos entre seus apoiadores, com premiações.
Na decisão liminar, o juiz eleitoral Antonio Maria Patiño Zorz, da 1ª
Zona Eleitoral de São Paulo, avalia que “há por certo razoável
indicação que o requerido Pablo tem fomentado há algum tempo, por meio
da rede social, uma arquitetura aprofundada e consistente na
capilaridade e alcance de sua imagem”.
Ainda segundo o juiz, Marçal “fideliza e desafia seguidores, que o
seguem numa desenfreada busca de ‘likes’ em troca de vantagens
econômicas”.
“‘Monetizar cortes’ equivale a disseminar continuamente uma imagem
sem respeito ao equilíbrio que se preza na disputa eleitoral”, diz ainda
o juiz, na decisão.
Como resultado, a Justiça determinou a suspensão dos perfis de Marçal
no Instagram, X (antigo Twitter), TikTok e YouTube e de seu site
pessoal até o fim das eleições.
A decisão determina ainda a proibição de que o candidato renumere
“cortadores” de seus conteúdos até o final das eleições. Também impõe a
suspensão do canal de Marçal na plataforma Discord.
O juiz indeferiu, no entanto, os pedidos do PSB para bloquear a
monetização para cortes feitos até a data da decisão; para quebra do
sigilo bancário e fiscal das empresas de Marçal; para que Marçal seja
notificado para informar dados de quem faz os cortes; e para oficiar
plataformas para que informem quem são os “cortadores”.
Após a decisão, Marçal postou diversos vídeos nas redes sociais.
“Toda perseguição acelera o processo”, disse o candidato em um dos vídeos publicado no Instagram e reproduzido também no X.
“Por favor, cumpra a decisão (…), derruba as minhas redes sociais,
vocês vão ver eu aparecer até dentro da sua geladeira”, provocou,
indicando ainda perfis alternativos para serem seguidos, caso os
oficiais fiquem inoperantes devido à decisão liminar.
Marçal está tecnicamente empatado com o deputado federal Guilherme
Boulos (PSOL) e com o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) na disputa
eleitoral paulistana, segundo pesquisa Datafolha publicada na
quinta-feira (22/8).
Pagar pessoas para divulgar cortes de vídeos de candidatos é ilegal?
Para Horacio Neiva, advogado especialista em direito eleitoral e
doutor em direito pela Universidade de São Paulo (USP), se confirmados
os fatos apontados pelo PSB na ação inicial, Pablo Marçal pode ter
incorrido em três possíveis ilícitos.
O primeiro deles seria o abuso de poder econômico, a depender do volume de recursos empregados.
“Nesse caso, é preciso considerar não só os valores gastos pelo
candidato, mas também o montante gasto pelos usuários com seu
consentimento”, explica Neiva.
Segundo ele, esses valores devem ser considerados porque o próprio
candidato estaria incentivando os usuários, mediante a competição de
cortes.
O segundo ilícito, na avaliação do especialista, seria o de gastos
irregulares de campanha (o famoso “caixa dois”) pela não declaração dos
valores gastos com as premiações aos seguidores.
“Ainda que o candidato declare os valores gastos com as premiações
dos cortes — o que também seria um gasto ilícito, já que não há
autorização legal para pagamento de ‘prêmios’ durante a campanha — há o
fato de que os competidores também estão fazendo gastos em benefício da
campanha, e eles deveriam ser contabilizados”, acrescenta Neiva.
Por fim, há também a possibilidade de abuso decorrente do uso de um meio de propaganda proibido.
“A lei eleitoral permite impulsionamento de conteúdo, desde que
utilizando ferramentas específicas disponibilizadas pelas plataformas”,
explica Neiva.
Nessas ferramentas autorizadas durante o período eleitoral, os dados
são públicos, de modo que a Justiça Eleitoral pode saber quem
impulsionou.
Além disso, pessoas naturais (isto é, não jurídicas) não podem
contratar impulsionamento em benefício de candidato, diz o especialista.
Segundo ele, comprovando-se que era uma ação coordenada e com gastos
desproporcionais, pode ser configurado abuso, mesmo que isso tenha
acontecido apenas no período pré-eleitoral, já que atos de pré-campanha
também podem afetar o equilíbrio da disputa.
Derrubar as redes de Marçal é correto?
Especialistas em direito eleitoral divergem quanto à decisão do juiz
Antonio Maria Patiño Zorz de suspender as redes sociais de Marçal devido
aos possíveis ilícitos decorrentes do pagamento de seguidores pela
divulgação de cortes de seus vídeos.
Alberto Rollo, especialista em direito eleitoral, avalia que a decisão liminar foi correta.
“O problema é você conseguir separar na mesma rede social o que é a
propaganda eleitoral ilegal e o que é a rede social dele, posto que ele
tem liberdade de manter sua rede social”, diz Rollo.
“Eu avalio que, neste momento, pelo abuso que já foi demonstrado —
não é uma coisa isolada que aconteceu um dia, é algo que já vem
acontecendo desde o começo da pré-campanha e da campanha eleitoral — que
a Justiça Eleitoral agiu corretamente ao eliminar a ilegalidade como um
todo, pela raiz”, opina o advogado.
Já Neiva considera que a decisão pode ter sido exagerada e poderá ser
revertida nos próximos dias, quando Marçal recorrer da decisão liminar.
“O grande problema da suspensão das páginas dele é que o esquema de
competição de cortes não estava acontecendo na página do Pablo Marçal,
era um sistema que estava acontecendo no Discord”, observa.
“As pessoas iam lá e reproduziam esses cortes nas páginas pessoais
delas ou em páginas criadas para essa finalidade e quem obtinha o
alcance maior recebia compensação financeira.”
“Então a página oficial do Marçal não era exatamente onde o ilícito
estava ocorrendo. O juiz entendeu que ali era a fonte dos cortes
posteriormente utilizados no esquema, mas aí me parece que extrapola um
pouco o próprio sentido do ilícito”, avalia o advogado.
Próximos passos
Segundo ambos os advogados, o que deve acontecer agora é que Marçal
deve recorrer da decisão no Tribunal Regional Eleitoral (TRE).
Caso o juiz aceite os argumentos do candidato, ele pode obter um
efeito suspensivo da decisão liminar ainda no fim de semana ou no início
da semana, já que a Justiça Eleitoral tende a tomar decisões de forma
rápida, devido ao período curto de campanha.
Caso não consiga uma decisão favorável no TRE, Marçal pode ainda recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Neiva observa que, se a ação do PSB for considerada procedente,
Marçal pode vir a ter seu registro cassado ou seu diploma cassado, caso
ele venha a ser eleito. Mas essa decisão não deve ocorrer ainda durante a
campanha eleitoral.
Já Alberto Rollo lembra que o próprio registro de Marçal corre
perigo, devido a ações que questionam o cumprimento por parte do
candidato do prazo mínimo de filiação exigido pelo estatuto do PRTB para
candidatos a cargos eletivos.
“A lei eleitoral diz que o prazo para filiação é de seis meses antes
da eleição, ressalvado se o partido não tiver um prazo maior. E o
partido que ele entrou tem prazo de nove meses, não de seis, e ele não
cumpriu esse prazo de nove meses”, diz Rollo.
“Então o registro dele pode ser indeferido e daí não importa se ele
xinga o Boulos [de cocainômano] ou paga por cortes nas redes sociais,
porque o registro dele pode não ser deferido.”
Segundo Rollo, a Justiça Eleitoral tem até 20 de setembro para julgar
os registros de candidaturas na primeira instância e no TRE, para que
haja tempo para recurso, se for o caso.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, prometeu neste sábado
(24) que a Rússia sofrerá “retaliações” por ter invadido o seu país e
promulgou uma lei que proíbe a Igreja Ortodoxa ligada a Moscou, em atos
que marcaram o 33.º aniversário da independência da ex-república
soviética.
Zelensky participou das celebrações do aniversário da independência
na praça Santa Sofia, em Kiev, ao lado do presidente polonês, Andrzej
Duda, e da primeira-ministra lituana, Ingrida Simonyte, dois importantes
aliados da Ucrânia contra a Rússia.
O presidente revelou que as forças ucranianas testaram com sucesso
uma nova arma, o míssil drone “Palianytsia”, “muito mais rápido e
poderoso” do que os atualmente disponíveis.
– Troca de prisioneiros de guerra –
Rússia e Ucrânia anunciaram neste sábado a troca de 230 prisioneiros
de guerra, 115 de cada lado, entre eles, soldados capturados pelas
forças ucranianas na região de Kursk.
Segundo o comissário ucraniano para os direitos humanos, Dmytro
Lubinets, 82 dos 115 prisioneiros recuperados por Kiev participaram da
defesa da fábrica Azovstal durante o cerco russo a Mariupol em 2022, um
marco na guerra que começou com a invasão russa em fevereiro daquele
ano.
Os Emirados Árabes Unidos, que atuaram como mediadores da troca,
apelaram a uma “desescalada” como “única forma de resolver o conflito”.
– Igreja ortodoxa russa proibida –
Zelensky também promulgou uma lei que proíbe as atividades da Igreja
Ortodoxa Ucraniana do Patriarcado de Moscou, que durante muito tempo foi
a principal do país.
Esta denominação cristã cortou os laços com Moscou em 2022, mas as
autoridades ucranianas continuaram a considerá-la sob influência russa e
multiplicaram as ações legais que levaram à prisão de dezenas de
padres.
“Os ortodoxos ucranianos hoje dão um passo para se libertarem dos demônios de Moscou”, declarou Zelensky.
O patriarca da Igreja Ortodoxa Russa, Cyril, acusou as autoridades
ucranianas de “perseguir” os fiéis e pediu aos líderes de outras
confissões cristãs e organizações internacionais que “levantem suas
vozes em defesa dos fiéis perseguidos”.
– Avanço russo no Donbass –
A ofensiva ucraniana na região russa de Kursk levou as hostilidades
ao território do agressor, mas o epicentro dos combates continua sendo a
bacia do Donbass, leste da Ucrânia, onde as tropas russas são mais
equipadas e numerosas.
As forças de Moscou se aproximam de Pokrovsk, um importante centro
logístico com cerca de 53.000 habitantes, cujas autoridades apelaram à
evacuação urgente.
Um bombardeio russo matou 5 pessoas e feriu outras 5 neste sábado em
Kostiantinivka, outra grande cidade da região, informou o Ministério
Público ucraniano.
A Ucrânia também indicou que bombardeou um depósito de munições na
região de Voronezh, no oeste da Rússia. Autoridades locais russas
relataram ataques de drones e a evacuação de uma cidade.
A Ucrânia afirma que sua incursão busca criar uma “zona de
segurança”, forçar Moscou a redistribuir forças de outras frentes, além
de usar essas regiões como moeda de troca em possíveis negociações de
paz.
A ofensiva em Kursk, contudo, não parece até agora ter aliviado a pressão russa no leste da Ucrânia.
Giuliana Tranquilini – Professora e colunista da StartSe
Ser autêntico tem impacto positivo na gestão de pessoas, mas também é
um comportamento potente na criação de influência, um ingrediente que
faz diferença nos negócios. Neste artigo, Giuliana Tranquilini,
colunista da StartSe, aborda esse tema e mostra qual é o caminho seguro
para chegar à verdadeira autenticidade.
Giuliana Tranquilini
Quem é mais autêntico: Taylor Swift ou Oprah Winfrey?Tom Hanks ou Tom Cruise?
Esses foram alguns nomes inseridos no último relatório da Breakthrough Research sobre marcas autênticas. O estudo usa como método a percepção das pessoas quanto aos valores de cada personalidade e as suas ações. Oprah Winfrey e Tom Hanks foram os vencedores dessa análise.
A autenticidade tem sido tema bastante falado nos últimos tempos, “autêntico” foi até mesmo escolhida como palavra do ano pelo Merriam-Webster para 2023, que explicou o termo como algo que estamos pensando, escrevendo, aspirando e julgando mais do que nunca.
Acredito que estamos mesmo, especialmente neste momento que falamos tanto sobre os impactos da IA, o que é real e o que não é. Eu sempre defendo que quanto mais tecnologias, mais humanos devemos ser, e isso inclui sermos autênticos.
No mundo corporativo, a autenticidade também surge cada vez mais como algo importante para as lideranças. Sylvia Ann Hewlett, divulgou recentemente, em seu artigo “As novas regras da presença executiva” publicado na Harvard Business Review, que a autenticidade foi apontada como característica valorizada.
Ela conta que foi a primeira vez em 10 anos que seus entrevistados citaram essa qualidade. Esse é um exemplo de como a autenticidade tem migrado com força para o campo empresarial como definição de um estilo de liderança desejado.
Por que ser um líder autêntico é tão importante?
Há motivos para que a autenticidade do líder esteja
sendo colocada como algo muito bom de se ter. Diferentes pesquisas
recentes analisam o assunto e concluem que uma liderança autêntica tem influência positiva nos liderados.
Aumento do engajamento, melhora na capacidade de inovação, redução dos estresses e outros benefícios são apontados. Todas as vantagens não estão somente ligadas às mudanças geradas no comportamento das pessoas do time, a autenticidade também é vista como benéfica para as próprias lideranças, com efeitos positivos na saúde mental.
Concordo que a autenticidade pode ter esse poder na saúde psicológica,
já que ser autêntico nos insere num lugar de maior liberdade. Saímos
daqueles padrões preconcebidos para entrar no nosso conjunto de valores
que nos é mais natural.
Afinal, o que é autenticidade?
Nos diferentes estudos que li, encontrei diversas definições sobre o que é ser uma liderança autêntica, e elas falam de variados tipos de comportamentos e posicionamentos dentro do ambiente organizacional. Veja esta:
“Liderança autêntica é o padrão de comportamento de um líder que é
confiável, objetivo, com pensamento positivo, esperançoso, bem ciente da
missão da organização que lidera, capaz e pronto para superar problemas
organizacionais, um líder que parece confiante, otimista, tenaz,
resiliente, transparente, moral, eticamente altamente dedicado e
orientado para o futuro.” (O papel da liderança autêntica na formação de
culturas organizacionais inovadoras, ResearchGate)
Mas será que realmente há uma receita para ser autêntico? Acredito
que não, já que a autenticidade está associada a um conjunto de valores
que podem variar bastante de pessoa para pessoa.
Os valores, o que pensamos sobre determinado assunto, o que
consideramos como ideal de vida, entre outros aspectos que formam a
nossa identidade nos dão os insights para caminhar com mais segurança
nesta jornada de ser uma liderança autêntica.
Este é o norte para ser um líder autêntico
Daniel Goleman, autor do best-seller “inteligência emocional”, fala que o norte para ser uma liderança autêntica é realizar um trabalho interno para encontrar o nosso verdadeiro “eu”.
Ele defende que o processo de autoconhecimento nos permite ganhar autoconsciência, que nos possibilita sair da caverna e identificar os pontos fracos e fortes por meio de reflexão sobre eles.
Goleman também traz à tona a técnica que aplico no Método FLY®, o feedback. Ele diz que colher feedback honesto, aquele feito com pessoas que realmente são próximas, mais íntimas, é uma maneira eficiente de nos enxergarmos melhor.
Para mim, esse processo também é uma estratégia eficiente
para podermos descobrir os potenciais que muitas vezes podem ficar
escondidos, seja pelo fato de não os percebemos, seja pelo fato de não
valorizarmos certas atitudes e posicionamentos.
Bill George, autor do best-seller “True North: Descubra a sua Liderança Autêntica”,
que muitas vezes faz dupla com Goleman sobre o tema, deu uma entrevista
à McKinsey, em meados do ano passado, falando da nova edição do livro,
direcionado a líderes emergentes.
Para George, as pessoas precisam saber quem são antes de fazerem
diferença em suas profissões. Esse norte é composto por crenças e
valores mais profundos. Bill é enfático ao dizer o que é ser um líder
autêntico: é ser quem você é.
Autenticidade é a chave influenciar pessoas, mas não pule etapas
Uma voz autêntica gera influência.
Pense em um líder que considera inspirador, certamente ele tem atributos
únicos na sua forma de pensar e agir. A raiz, como falamos até aqui, é o
autoconhecimento, compreender a sua identidade.
Essa é a base da jornada do meu método, e não é raro executivos
quererem pular essa etapa e irem direto à fase de comunicar melhor para
serem mais influentes nas redes sociais e no networking.
Só que a etapa de comunicação somente será bem-sucedida se antes
desenharmos a sua identidade, o caminho que leva a entender o que e como
comunicar.
É preciso um mergulho mais profundo em si, antes de seguir para os
próximos estágios do desenvolvimento da sua Marca Pessoal, fundamentada
na consistência, na autoridade e na autenticidade.
“Quando você dedica um tempo para buscar respostas e definir o que o
torna uma pessoa única, não apenas será capaz de construir uma Marca
Pessoal forte, mas também aumentará seu nível de autoconsciência. E isso
é fundamental para uma vida plena”, diz Daniel Goleman.
Trabalhar a sua marca também significa encontrar o seu propósito, e tudo isso faz a sua vida mais completa.
NOSSA MARCA. NOSSO ESTILO!
NÓS DA VALEON COMPARTILHAMOS CONHECIMENTO PARA EXECUTARMOS
COM SUCESSO NOSSA ESTRATÉGIA PARA REVOLUCIONAR O MODO DE FAZER
PROPAGANDA DAS EMPRESAS DO VALE DO AÇO.
O desejo de mudar, de transformar, de acreditar, são
fundamentais para irmos além. São agentes propulsores da realização de
sonhos. Já o empreendedorismo está presente no DNA dos brasileiros e
nossa história trouxe essa capacidade que temos de nos reinventar e de
nos conectarmos com você internauta e empresários que são a nossa razão
de existir.
E todos esses elementos combinados e levados ao território da internet, torna o que era bom ainda melhor. Na internet e através
do Site da Valeon, podemos proporcionar o início do “virar de chaves”
das empresas da região para incrementar as suas vendas.
Assim, com inovação e resiliência, fomos em busca das
mudanças necessárias, testamos, erramos, adquirimos conhecimento,
desenhamos estratégias que deram certo para atingirmos o sucesso, mas
nada disso valeria se não pudéssemos compartilhar com vocês essa
fórmula.
Portanto, cá estamos! Na Plataforma Comercial Marketplace da
VALEON para suprir as demandas da região no que tange à divulgação dos
produtos e serviços de suas empresas com uma proposta diferenciada dos
nossos serviços para a conquista cada vez maior de mais clientes e
público.
Uma das maiores vantagens do marketplace é a redução dos gastos compublicidade e marketing. Afinal, a plataforma oferece um espaço para asmarcas
exporem seus produtos e receberem acessos. Justamente por reunir uma
vasta gama de produtos de diferentes segmentos, o marketplace Valeon
atrai uma grande diversidade evolume de público. Isso
proporciona ao lojista um aumento de visibilidade e novos consumidores
que ainda não conhecem a marca e acabam tendo um primeiro contato por
meio dessa vitrine virtual.
O Site desenvolvido pela Startup Valeon,
focou nas necessidades do mercado e na falta de um Marketplace para
resolver alguns problemas desse mercado e em especial viemos para ser
mais um complemento na divulgação de suas Empresas e durante esses três
anos de nosso funcionamento procuramos preencher as lacunas do mercado
com tecnologia, inovação com soluções tecnológicas que facilitam a
rotina das empresas. Temos a missão de surpreender constantemente,
antecipar tendências, inovar. Precisamos estar em constante evolução
para nos manter alinhados com os desejos do consumidor. Por isso,
pensamos em como fazer a diferença buscando estar sempre um passo à
frente.
A Valeon é uma caixinha de possibilidades. Você pode moldar
ela em torno do negócio. O que é muito importante. O nosso é colocar o
consumidor no centro e entender o que ele precisa. A ValeOn possibilita
que você empresário consiga oferecer, especificamente para o seu
consumidor, a melhor experiência. A ValeOn já é tradicional e
reconhecida no mercado, onde você empresário pode contar com a
experiência e funcionalidades de uma tecnologia corporativa que atende
as principais operações robustas do mundo essencial e fundamental. A
ValeOn além de trazer mais segurança e credibilidade para o seu negócio,
também resulta em muita troca de conhecimento e ótimos resultados para
ambos os lados, como toda boa parceria entre empresas deve ser.
Lembrem-se que a ValeOn é uma Startup Marketplace de Ipatinga-MG que tem
a responsabilidade de levar o cliente até à sua empresa e que temos
potencial para transformar mercados, impactar consumidores e revirar
empresas e indústrias onde nossos produtos e serviços têm capacidade de
escala e de atrair os investimentos corretos para o nosso crescimento.
Colocamos todo esse potencial criativo para a decisão dos senhores donos das empresas e os consumidores.
As redes sociais desempenham um papel fundamental na vida dos
brasileiros, funcionando como plataformas de expressão, informação e
conexão. Entre elas, o X (antigo Twitter), que durante muitos anos foi a
queridinha dos brasileiros ao oferecer espaço para debates públicos e
notícias em tempo real, mas foi transformado em um celeiro de
preconceito, discursos de ódio e negacionismo, principalmente após a
compra da plataforma pelo bilionário Elon Musk. Com esse cenário, muitos
usuários foram processadas, posts tiveram de ser apagados e contas
excluídas dos por decisão judicial.
Algumas dessas decisões, no entanto, não estavam sendo cumpridas pelo
X. O que levou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre
de Moraes fechar o cerco ao antigo Twitrer, que acusa o juiz de ameaçar
prender a representante legal da empresa no Brasil, Raquel de Oliveira
Villa Nova Conceição, caso a plataforma não cumprisse as ordens de
bloqueio de contas antidemocráticas. Na manhã do dia 17 de agosto, cerca
de 40 funcionários do X no Brasil foram surpreendidos com uma reunião
on-line de emergência. Foram informados de suas demissões, marcando o
encerramento definitivo das atividades do escritório brasileiro.
O ministro do Supremo Alexandre de Moraes (Crédito:REUTERS/Adriano Machado)
No meio do duelo estão funcionários e usuários do X
O perfil oficial do X publicou um comunicado sobre a decisão. “Moraes
optou por ameaçar nossa equipe no Brasil em vez de respeitar a lei ou o
devido processo legal. Como resultado, para proteger a segurança de
nossa equipe, decidimos encerrar nossas operações no Brasil, com efeito
imediato. O serviço X continua disponível para a população brasileira”,
afirmou a mensagem da rede social, que diminuiu a transparência na
divulgação de seus dados. O último balanço público é do segundo
trimestre de 2022, quando a receita foi de US$ 1,18 bilhão, com prejuízo
de US$ 270 milhões. O que mostra um ceticismo do mercado publicitário
em anúncios por lá.a
Mas ao sair do Brasil, quais as consequências a partir de agora?
Pedro Henrique Ramos, especialista em governança digital, professor do
Ibmec e sócio do Baptista Luz Advogados, destacou que o impacto imediato
dessa decisão, além das demissões, é o aumento da desinformação e do
discurso de ódio na plataforma. “Sem colaboradores locais, fluentes em
português e capazes de entender nuances contextuais, a moderação de
conteúdo se torna menos eficaz”, avaliou.
Ramos destacou ainda que os negócios da Starlink, a empresa de
internet via satélite do bilionário, que chegou ao Brasil em fevereiro
de 2022, não deve ser afetada. Segundo dados divulgados pela Anatel no
início de julho, a Starlink se tornou a maior operadora de internet por
satélite no País, mantendo suas operações ativas. “O que se rompeu nessa
disputa entre Musk e Moraes foi o elo mais fraco — os funcionários e
usuários do X”, disse.
Elon Musk durante conferência de tecnologia em Paris 16/06/2023 (Crédito:REUTERS/Gonzalo Fuentes)
Para Igor Lucena, economista e doutor em relações internacionais pela
Universidade de Lisboa, a decisão de Musk prejudica o setor de
tecnologia no Brasil. “Quando empresas saem de um país, seja ela de
capital aberto ou fechado, isso sinaliza falta de liberdade para
investimentos. Investimentos em tecnologia são, muitas vezes, de longo
prazo e incertos. É preocupante que o Brasil seja comparado a países
onde o X é proibido, como Cuba e China. O X ainda não foi proibido no
Brasil, mas já deixou o País”, analisou Lucena.
Disputa
Felipe Fogaça, especialista em tecnologia e fundador da rede social
YourClub, vê essa situação como uma queda de braço entre a visão de Elon
Musk e o judiciário. “Algumas pessoas apoiam as ações de Musk por ele
criticar um juiz que, supostamente, age contra suas preferências
políticas”, observou. Fogaça acrescentou que esse impasse não é
exclusivo do Brasil, pois Musk tem se envolvido em discussões
semelhantes nos EUA e na Europa. Para ele, até o momento, nada muda, já
que o X continua sendo usado pelos brasileiros. “Não acredito que saiam
do Brasil. Caso isso ocorresse, haveria uma migração em massa para o
Threads [do grupo Meta], o que não interessa a Musk”, analisou.
Como presidente, ele modernizou o Estado brasileiro e
institucionalizou direitos trabalhistas; como ditador e autocrata,
atropelou direitos humanos e lançou as bases de um paternalismo político
que perdura até hoje.Por volta das 7h30 da manhã de 24 de agosto de
1954, há 70 anos, o então presidente Getúlio Vargas tirou a própria
vida. Ele estava em seus aposentos no Palácio do Catete, então sede do
governo federal, no Rio, e vivia aos 72 anos uma intensa crise em sua
segunda passagem pelo governo – ao qual regressara em 1951, eleito pelo
voto direto, após o período o ditatorial conhecido como Estado Novo
(1930-1945).
Da organização das relações de trabalho à criação da máquina
institucional pública, Vargas deixou um legado que, em partes, até hoje
norteia as esferas administrativas do Brasil. Além disso, sua imagem
carismática de “pai dos pobres” e seu muito criticado estilo populista
de governar ainda inspiram um segmento da política afeito à exploração
eleitoral das mazelas sociais.
Da herança deixada por Vargas, o historiador e professor na
Universidade Federal de São Carlos (Ufscar) Marco Antonio Villa destaca a
modernização das relações de trabalho, com a criação da Consolidação
das Leis de Trabalho (CLT), e a presença do Estado na economia.
Autor de obras como Um País Chamado Brasil, o pesquisador argumenta
que, nos anos 1930, o varguismo significou a “modernização do Estado
brasileiro”. “Você pode dizer que ali o Estado brasileiro moderno
nasceu, com a estruturação de uma máquina de Estado, com a construção de
um projeto nacional e novas bases totalmente diferentes da primeira
República.”
Além da CLT, Vargas criou organismos como os então Ministério do
Trabalho, Indústria e Comércio, e o Ministério da Educação e Saúde.
Também é de sua gestão a fundação da Companhia Siderúrgica Nacional
(CSN). Em sua segunda passagem pelo Catete, o presidente criaria o
Conselho Nacional de Pesquisas, mais tarde rebatizado como Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), e as
estatais petrolífera Petrobras e do setor elétrico Eletrobras.
“Não podemos esquecer que o legado de Vargas é gigantesco. Ele foi o
grande responsável por introduzir o Brasil no processo que envolve a
grande indústria internacional, sobretudo com a siderurgia e o
petróleo”, comenta o sociólogo Paulo Niccoli Ramirez, professor da
Fundação Escola de Sociologia de São Paulo (FESPSP) e da Escola Superior
de Propaganda e Marketing (ESPM).
“Considero o mais importante da experiência de Vargas na condução do
Estado brasileiro o esforço por uma relativa autonomia na inserção do
Brasil no conjunto da economia mundial, tanto na década de 1930 quanto
na de 1950”, contextualiza o historiador Paulo Henrique Martinez,
professor na Universidade Estadual Paulista (Unesp).
Para ele, essa autonomia foi marcada pela “constituição de um parque
industrial dinâmico e da administração pública minimamente organizada e
coordenada”.
A historiadora Isabel Bilhão, professora na Universidade do Vale do
Rio dos Sinos (Unisinos), destaca a legislação trabalhista como um dos
principais legados de Vargas, pelo conjunto de leis que “reuniu e
consolidou em âmbito nacional as proteções e as garantias aos
trabalhadores e trabalhadoras que vinham sendo estabelecidas desde os
anos 1920, em decorrência de mobilizações e lutas operárias”.
Bilhão cita o direito a férias e aposentadoria, bem como “o
estabelecimento do salário mínimo nacional em equidade para homens e
mulheres”. “Em meu entendimento, essa legislação é fundamental não
apenas por reconhecer direitos e garantias, mas também por se tornar um
instrumento para que os trabalhadores pudessem, por meio de seus
sindicatos, acessar a recém-criada Justiça do Trabalho.”
Ascensão ao poder
Nascido na zona rural de São Borja, no Rio Grande do Sul, Getúlio
Dorneles Vargas serviu ao Exército na juventude e, depois, formou-se em
direito na Faculdade Livre de Direito de Porto Alegre, hoje Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). A partir de 1909, teve uma longa
carreira política: foi deputado estadual e federal, governador do Rio
Grande do Sul, ministro da Fazenda e senador.
Ascendeu à Presidência em 1930 por um golpe de Estado, após perder a
disputa eleitoral para o paulista Júlio Prestes (1882-1946) e liderar o
grupo que acusou fraude no sistema. Chamou o seu governo de provisório
até 1934, quando seguiu no cargo após vencer uma eleição convocada por
ele próprio. Em 1937 deu um autogolpe, inaugurando o período ditatorial
conhecido como Estado Novo.
Ameaçado de deposição, renunciou em 1945. Retornou ao poder pelo voto após vencer o pleito de 1950.
Manchas históricas
Mas os especialistas também lembram que há um legado negativo de
Vargas, principalmente pelo fato de que sua primeira passagem pelo poder
foi um regime ditatorial. “O mais marcante, em meu entendimento, é a
associação entre ditaduras e conquistas de direitos sociais”, analisa
Bilhão. “Como se os direitos sociais fossem uma concessão de governos
ditatoriais, e não fruto dos esforços de várias gerações de
trabalhadores.”
Na visão da historiadora, começou com Vargas a “lamentável” ideia,
“reforçada com o regime civil-militar a partir de 1964”, de que “nos
tempos da ditadura é que as coisas funcionavam”.
O sociólogo Ramirez acrescenta que a ditadura varguista também usou de instrumentos de censura e controle de propaganda.
“Em termos de direitos humanos, foi um desastre”, adiciona Villa. “É
uma questão pouco estudada, mas a violência estatal começou, na prática,
com o Estado Novo a partir de novembro de 1935.”
Martinez concorda: “Entendo que a grande herança maldita da passagem
de Vargas pela política brasileira foi a consagração, em escala
nacional, da violência política, pública e privada”.
“Violência moderada contra opositores e adversários políticos, e
extrema contra as reivindicações populares, dos mais pobres, e sociais,
de alcance transformador”, enumera o historiador. “No campo, pela
apropriação e concentração da terra nas mãos de poucas famílias, em
todos os estados; no movimento operário urbano, pela repressão
implacável aos líderes sindicais e instituições culturais, como jornais,
associações, clubes e escolas.”
Já o pesquisador e youtuber Paulo Rezzutti avalia que uma marca
negativa de Vargas foi a imagem paternalista. “Isso marcou muito sua
trajetória e ainda hoje se apresenta na sociedade brasileira, por meio
de alguns políticos”, argumenta.
No fazer político-partidário, ele vê semelhanças entre o modus
operandi atual do “carismático que tenta agradar a vários setores
privados e também joga com o povo” e o jeito de Vargas conduzir o país.
“Afaga um, depois afaga o outro. A gente encontra ainda esse tipo
populista. É uma herança dele na sociedade atual”, diz Rezzutti.
Figura ambivalente
“O legado e a imagem de Vargas permanecem em disputa, tanto pelos
partidos políticos, mas também pelas discordâncias em torno de sua
memória”, comenta Bilhão. “Para alguns, ele seria principalmente o
ditador que, com sua postura autoritária e personalista, foi conivente
com diversas formas de violação de direitos e de perseguição e morte de
opositores, colaborando também para a naturalização de uma cultura de
corrupção da máquina pública.”
Mas ela pondera que, “para outros, o que predomina é a imagem de ‘pai
dos pobres’, do político que estabeleceu direitos e garantias para os
trabalhadores”.
Ela conclui que o principal projeto varguista que “permanece mais
amplamente consolidado até a atualidade é o da construção de um
capitalismo de viés nacionalista”. “Essa noção defende que não há a
possibilidade de desenvolvimento econômico sem a constituição de um
mercado consumidor interno e, para que ele exista, seria necessária a
diminuição da brutal concentração de renda que historicamente assola o
país.”
“Nessa perspectiva, a cidadania estaria associada tanto ao direito da
população de consumir bens e produtos quanto de acessar serviços
públicos que lhe proporcionem melhor qualidade de vida e mais chances de
acesso e permanência no mercado de trabalho”, explica Bilhão.
Ramirez lembra ainda que as relações de proximidade entre Brasil e
Estados Unidos, que persistem historicamente, são uma herança do período
varguista que, depois de uma hesitação inicial, acabou se aliando aos
americanos na Segunda Guerra.
O professor da Unesp Martinez comenta que muitas das conquistas
varguistas se esfacelaram nas últimas décadas, do período da ditadura
militar ao neoliberalismo implementado na redemocratização, com a
sociedade cada vez mais exposta à “promíscua relação entre interesses
econômicos e investimentos públicos”.
“Durante a ditadura militar as demandas sociais foram tratadas pelo
governo do general de plantão com mão-de-ferro, prisão, tortura e
morte”, denuncia ele. “Houve continuidade e aprimoramento nas técnicas
de controle social, conduzidas pelo Estado nacional, em benefício de
interesses de grupos econômicos nacionais e estrangeiros – inclusive
como forma de alargamento e manutenção da base social de sustentação
política e ideológica da ditadura pela classe média urbana, o
empresariado e grandes proprietários de terras.”
“A relativa autonomia do Estado nacional na distribuição, ainda que
pífia e pontual, da renda e da cultura no Brasil de Vargas, desapareceu
sob os militares de 1964 e depois, se submeteu aos interesses do grande
capital americano”, critica Martinez.
BRASÍLIA – Em resposta ao ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, a Associação dos Servidores da Agência Nacional de Energia Elétrica (ASEA)
divulgou nesta sexta-feira, 23, uma carta pública avaliando que órgãos
reguladores são instituições de Estado, e não de governo. A entidade
aponta que há “um ponto equidistante” na atuação das agências em relação
aos interesses “dos usuários, dos prestadores dos serviços regulados e
do próprio Poder Executivo”.
A nota da Associação ainda não é a resposta da Aneel ao governo, esperada pelo governo até segunda-feira.
“A factibilidade dos prazos não pode ser verificada tão somente pelo
período mínimo necessário para instrução dessas políticas pela agência e
outras instituições afetadas por esses atos, mas também devido ao
reduzido quadro de servidores em exercício na Aneel frente a todas as
atividades ordinárias, extraordinárias e desafios enfrentados pela
autarquia”, cita a carta da Associação.
A associação disse que situação “deficitária de pessoal” também é
verificada na composição da Diretoria Colegiada, com a falta de
indicação do substituto do diretor Hélvio Guerra, que teve mandato
encerrado em maio de 2024.
“Além do desfalque do quadro de servidores e de uma vaga em aberto na
Diretoria há 4 meses, não menos graves são os sucessivos
contingenciamentos no orçamento da Aneel, que, é bom lembrar, deveria
contar com os recursos arrecadados previstos na Lei”, aponta a carta dos
servidores.
O deputado de Rondônia, Coronel Chrisóstomo (PL) não maneirou nas
críticas contra a atual ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima,
Marina Silva, após a mesma proferir discurso numa coletiva de imprensa
nesta quarta-feira (21). O parlamentar disse que Marina “age como se o
brasileiro fosse idiota”.
“Marina Silva surge do nada, isenta
sua gestão incompetente e culpa clima por queimadas na Amazônia. Mas
não era culpa do Bolsonaro? Marina age como se o brasileiro fosse
idiota. Amazônia pegando fogo, Porto Velho pagando o preço com a fumaça e
não vemos nenhuma coordenação de crise. Gestão irresponsável desta
senhora”, disparou.
Em sua fala, a Ministra disse que o governo federal vai trabalhar com
três bases focadas nos 21 municípios que representam 50% das queimadas
na Amazônia. A iniciativa tenta diminuir os focos de queimadas que
ultimamente as cidades deste lado da região norte sentem diariamente as
ações das cortinas de fumaças.
Marina informou que as ações serão concentradas em Porto Velho (RO), no sul do Amazonas e em Novo Progresso (PA).
“Temos um agravamento das mudanças
do clima. Nós tivemos um período do El Niño, mudanças na temperatura das
diferentes regiões, aquecimento dos oceanos, uma série de questões que
agravam os problemas”, disse a ministra.
Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), a
Amazônia registrou 59 mil focos de incêndio de janeiro a agosto deste
ano, o maior número desde 2008.