A Venezuela abriga uma região que contém um tesouro maior do que o de
qualquer outra nação do mundo. Estamos nos referindo ao Cinturão
Petrolífero do Orinoco, no leste do país sul-americano. No entanto,
vários obstáculos, tanto políticos quanto tecnológicos, impedem que essa
região atinja todo o seu potencial.
No início deste ano, a estatal Petróleos de Venezuela (PDVSA)
informou que as reservas comprovadas de petróleo da Venezuela chegam a
300,878 bilhões de barris, a maior do mundo. Em segundo lugar está a
Arábia Saudita, com 267 bilhões de barris. Isso significa que a primeira
supera a segunda em quase 34 bilhões de barris.
Existe uma região da América Latina que tem mais petróleo que toda a Arábia Saudita, mas produz 12 vezes menos
Para esclarecer, as reservas comprovadas são as quantidades estimadas
de petróleo que são conhecidas por serem atualmente recuperáveis, tanto
tecnológica quanto comercialmente.
Apesar dessa vantagem numérica, a verdade é que a Venezuela pode
produzir atualmente apenas 770 mil barris por dia, quando em seus
melhores anos a média era de 3 milhões de barris por dia. Isso nos leva a
questionar os fatores que levaram a Venezuela a ocupar o 21º lugar na
produção de petróleo, ficando atrás de países como Colômbia, México e
Brasil.
De suas vastas reservas, 90% são encontradas no Cinturão Petrolífero
do Orinoco (Faja Petrolera del Orinoco). Essa região, que abrange 55.314
km², é rica em petróleo bruto pesado e extrapesado. Esse é um dos
maiores problemas para o setor petrolífero venezuelano, pois o petróleo
bruto pesado exige processos de extração e refino muito mais caros e
complexos. Jorge Navarro, vice-presidente da Associação Espanhola de
Geólogos e Geofísicos de Petróleo (AGGEP), explicou isso ao jornal elEconomista:
“Por ser um óleo pesado a extrapesado, com alta viscosidade e baixo
teor de gás, ele resulta em baixa recuperação de volume de óleo in situ.
Sua produção apresenta grandes desafios e exige o uso de métodos não
convencionais, como a injeção de vapor ou o uso de diluentes. Ao mesmo
tempo, esse petróleo bruto viscoso geralmente precisa ser misturado com
óleos mais leves para transporte, comercialização e refino”.
Um relatório do think tank Global Americans explica
que, como o petróleo pesado é mais caro de produzir, transportar e
refinar, os venezuelanos são duramente atingidos pelos custos de
produção mais altos, pois seu petróleo é vendido às refinarias a um
preço mais baixo em comparação com o petróleo leve. “Os produtores
venezuelanos também precisam pagar pelos diluentes – agentes químicos
projetados para diluir o petróleo pesado e facilitar seu transporte para
as refinarias”.A esperança está no exterior?
Em 2023, o governo dos EUA suspendeu as sanções ao setor petrolífero
da Venezuela por seis meses, trazendo lentamente as empresas
estrangeiras de volta ao Cinturão do Orinoco. Isso mostrou que longos
anos de negligência, corrupção e crise econômica colocaram o setor de
petróleo em uma situação em que somente o investimento estrangeiro
poderia ajudá-lo a modernizar a infraestrutura com a qual extrai e
processa petróleo bruto pesado e extrapesado.
Talvez a boa notícia seja que, apesar de em abril passado o governo
Biden ter restabelecido as sanções contra a Venezuela como medida de
pressão contra o governo de Nicolás Maduro, as empresas estrangeiras
agora têm a oportunidade de obter licenças individuais para investir no
Cinturão Petrolífero do Orinoco, o que torna a situação um pouco mais
favorável para o petróleo venezuelano.
A verdade é que a Venezuela tem muitos desafios pela frente se quiser
recuperar o potencial econômico do Cinturão Petrolífero do Orinoco.
Para isso, o país precisa modernizar sua infraestrutura, atrair
investimentos estrangeiros e estabilizar sua economia.
*Texto adaptado e traduzido do site parceiro Xataka.
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O governo Lula (PT) retirou a Ceagesp
(Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo) do programa
que privatizava estatais do país.
A estatal havia sido incluída no PND (Programa Nacional de Desestatização), em 2019, pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL).
A Companhia, vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Agrário e
Agricultura Familiar, é responsável pelo armazenamento de produtos
agrícolas de atacadistas, varejistas, produtores rurais e outros
representantes da área, dando apoio na infraestrutura do setor no
estado.
Além da retirada do programa, o decreto publicado nesta terça-feira
(20) no Diário Oficial da União também revoga sua qualificação no âmbito
do PPI (Programa de Parcerias de Investimentos), que previa parcerias
público-privadas.
A ordem pela retirada das estatais da lista de privatizações foi um
dos primeiras movimentações do terceiro mandato do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva (PT), feita ainda no dia 2 de janeiro de 2023, logo
após a posse, em assinatura das primeiras medidas na área econômica.
A retirada da EBC e dos Correios foi oficializada em abril do ano
passado. Na época, o decreto também removia da lista a Dataprev (Empresa
de Tecnologia e Informações da Previdência), Nuclep (Nuclebrás
Equipamentos Pesados S.A), a Serpro (Serviço Federal de Processamento de
Dados), a ABGF (Agência Brasileira Gestora de Fundos Garantidores e
Garantias) e a Ceitec (Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica
Avançada).
Desde sua eleição, Lula já havia afirmado que as privatizações iriam
acabar no país, o que provocou reações no mercado financeiro do período.
Em fevereiro deste ano, o presidente também anunciou a retirada de 19
unidades de conservação florestal do PND. A medida abarcava duas
florestas nacionais, a de Brasília, no Distrito Federal, e a de Ipanema,
localizada na região de Sorocaba (SP).
As áreas constavam no PND também a partir de decisão do governo
Bolsonaro, inclusas na lista de privatizações por meio de quatro
decretos assinados entre 2019 e 2022.
O decreto de Lula atendia a uma recomendação do CPPI (Conselho do
Programa de Parcerias de Investimentos) de dezembro de 2023 para
manutenção das unidades de conservação apenas no PPI “para fins apenas
de concessão da prestação dos serviços públicos de apoio à visitação”.
No entanto, outras áreas de conservação permaneceram na lista do
programa.
No caso de áreas de conservação ambiental, a concessão da prestação
do serviço público à iniciativa privada deve prever o custeio de ações
de apoio à conservação, à proteção e à gestão das unidades.
História de Ralph Blumenthal e Leslie Kean – Jornal Estadão
Luis Elizondo ganhou as manchetes em 2017 quando renunciou ao cargo de alto funcionário de inteligência à frente de um obscuro programa do Pentágono que investigava óvnis.
Ele denunciou publicamente o sigilo excessivo, a falta de recursos e a
oposição interna que, segundo ele, estavam atrapalhando os esforços.
As revelações de Elizondo criaram uma sensação. Elas foram reforçadas
por vídeos explosivos e depoimentos de pilotos da Marinha sobre fenômenos aéreos inexplicáveis,
ocasionando inquéritos no Congresso, novas legislações e uma audiência
da Câmara em 2023, na qual um ex-oficial de inteligência dos Estados
Unidos testemunhou que o governo federal havia recuperado objetos acidentados de origem não humana.
Luis Elizondo, autor de ‘Imminent: Inside the Pentagon’s Hunt for
UFOs’, é ex-funcionário do Pentágono Foto: Michael A. Mccoy/NYT
Agora Elizondo, 52 anos, foi ainda mais longe em um novo livro de memórias.
No livro, ele afirma que um programa de recuperação de acidentes com
óvnis vem operando há décadas como um guarda-chuva supersecreto formado
por autoridades do governo que trabalham com empresas terceirizadas do
setor aeroespacial e de defesa. Ao longo dos anos, escreveu ele, esse
programa recuperou desses acidentes tecnologias e restos biológicos de
origem não humana.
“A humanidade não é, de fato, a única vida inteligente no universo – e nem é a espécie alfa”, escreveu Elizondo.
O livro, Imminent: Inside the Pentagon’s Hunt for UFOs [algo
como “Iminente: Por dentro da caçada do Pentágono por óvnis”, em
tradução direta], está sendo publicado pela HarperCollins após uma longa
análise de segurança por parte do Pentágono.
A autorização do Pentágono não implica endosso. O New York Times obteve uma cópia antecipada de Iminent sob embargo.
O programa do Pentágono que atualmente trabalha para lidar com
avistamentos de óvnis – ou UAPs, sigla em inglês para “fenômenos
anômalos não identificados”, como são chamados agora – “continua sua
análise do registro histórico dos programas de UAPs do governo
americano”, disse Sue Gough, porta-voz do Departamento de Defesa.
Até o momento, acrescentou Gough, o programa “não descobriu nenhuma
informação verificável que comprove as alegações de que qualquer
programa relacionado à posse ou à engenharia reversa de materiais
extraterrestres tenha existido no passado ou exista atualmente”.
Por anos, Elizondo foi oficial de inteligência militar de alto escalão e dirigiu programas altamente confidenciais tanto
para a Casa Branca quanto para o Conselho de Segurança Nacional. Em
2009, ele foi recrutado para o Programa Avançado de Identificação de
Ameaças Aeroespaciais, que investigava relatos de OVNIs.
Em Imminent, Elizondo descreveu sua luta para investigar os
fenômenos dentro do programa e seus esforços, desde sua demissão em
2017, para pressionar por maior transparência sobre o que se sabe
oficialmente sobre UAPs. Ele também escreveu sobre encontros pessoais
com UAPs – orbes verdes que, segundo ele, visitaram sua casa na época em
que ele trabalhava para o Departamento de Defesa.
No livro, ele expressou preocupação com o potencial perigo para a
humanidade representado pela existência de tecnologias que, segundo ele,
excedem em muito o que os Estados Unidos ou outros países têm ou
conseguem explicar.
Elizondo escreveu que as naves e “a inteligência não humana que as
controla apresentam, na melhor das hipóteses, uma questão de segurança
nacional muito séria e, na pior, a possibilidade de uma ameaça
existencial à humanidade”.
Em prefácio ao livro, Christopher Mellon, ex-subsecretário adjunto de
defesa para inteligência, escreveu que, se não fosse por Elizondo, “o
governo americano ainda estaria negando a existência de UAPs e deixando
de investigar um fenômeno que pode muito bem ser a maior descoberta da
história humana”.
O programa liderado por Elizondo investigou avistamentos, quase
acidentes e outros encontros entre UAPs e jatos da Marinha. E também
coletou dados de incidentes envolvendo operações militares e de
inteligência, inclusive imagens de manobras extraordinárias que foram
capturadas repetidas vezes por sensores sofisticados.
Dentro do programa, disse Elizondo, ele ficou sabendo que veículos
com “tecnologias além da próxima geração” vêm sendo observados desde a
década de 1940. No começo da década de 1950, quando os óvnis se tornaram
uma preocupação de segurança nacional da Guerra Fria, estabeleceu-se um
sigilo rigoroso. “Quem controlasse essa tecnologia poderia controlar o
mundo”, escreveu Elizondo.
Muitas das informações coletadas por esse programa continuam
confidenciais, mas dois vídeos não confidenciais da Marinha sobre UAPs
foram liberados para divulgação pública a pedido de Elizondo e
publicados pelo Times quando o jornal divulgou a notícia sobre a unidade secreta de OVNIs do Pentágono, em dezembro de 2017.
Em entrevista, Elizondo disse que tinha conhecimento em primeira mão
sobre o que estava dizendo, mas que suas autorizações de segurança o
impediam de explicar a fonte de seu conhecimento. Ele obteve aprovação
do Pentágono para publicar seu livro, mas precisou atribuir algumas das
informações a outras fontes cujos comentários haviam sido autorizados
anteriormente.
Elizondo também disse que não obteve autorização para falar sobre seu
envolvimento em outros projetos secretos além do programa que ele
liderava.
A trajetória de Luis Elizondo
Sem nenhum interesse prévio por óvnis, Elizondo cresceu na Flórida,
filho de mãe americana e pai cubano que lutou ao lado de Fidel Castro,
mas depois rompeu com ele e participou da invasão da Baía dos Porcos, em
1961.
Ele aprendeu a atirar, dirigir motocicletas e pilotar aviões com o
pai. Depois foi para a faculdade e se alistou no Exército. Serviu no
Afeganistão e também comandou missões antiterrorismo contra o Estado
Islâmico, a Al Qaeda e o Hezbollah. Mais tarde, liderou programas
secretos na base naval e na prisão da Baía de Guantánamo.
Em 2007, a Agência de Inteligência da Defesa lançou o Programa de
Aplicações do Sistema de Armas Aeroespaciais Avançadas, financiado com
US$ 22 milhões escondidos em um orçamento não declarado e garantido por
Harry Reid, que na época era o líder da maioria no Senado.
Emblema do Pentágono, em Washington Foto: Lisa Ferdinando/Departamento de Defesa dos Estados Unidos
Em 2009, Elizondo se tornou o oficial sênior responsável pela
execução do sucessor desse programa, o Programa Avançado de
Identificação de Ameaças Aeroespaciais, juntamente com James Lacatski e
Jay Stratton. Lacatski, cientista de foguetes da Agência de Inteligência
da Defesa, e Stratton, funcionário da inteligência do Comando
Estratégico dos Estados Unidos, faziam parte do programa precursor.
Frustrado com o que ele descreveu como oposição interna e falta de
recursos para lidar com o que ele considerava uma grave ameaça à
segurança nacional, Elizondo pediu demissão e decidiu levar suas
preocupações à comunidade de inteligência mais ampla, ao Congresso e ao
público.
“Ainda existe uma necessidade vital de determinar a capacidade e a
intenção desses fenômenos, para o benefício das forças armadas e da
nação”, escreveu ele a James Mattis, então secretário de Defesa, em sua
carta de demissão, datada de 4 de outubro de 2017.
Depois da saída de Elizondo, o programa fez a transição para se
tornar a Força-Tarefa de UAP. Em 2022, essa força-tarefa se transformou
no Escritório de Resolução de Anomalias em Todos os Domínios, ou AARO,
na sigla em inglês, encarregado pelo Congresso de estudar relatos de UAP
e divulgar informações ao público.
Elizondo disse que se reuniu com o diretor do AARO e sua equipe por
três horas em uma instalação segura no dia 2 de fevereiro de 2023 e lhes
deu informações confidenciais sobre a história do programa de
recuperação de acidentes.
Elizondo continua tendo as mais altas autorizações de segurança e prestando consultoria para o governo.
Harold E. Puthoff, cientista veterano com autorização de segurança
máxima que Elizondo cita no livro, fez parte do programa de óvnis
liderado por Elizondo. Físico e engenheiro com doutorado pela
Universidade de Stanford, Puthoff trabalhou como cientista-chefe em
projetos altamente confidenciais para o governo durante 50 anos, muitas
vezes se reportando diretamente ao chefe da CIA e a assessores da Casa
Branca.
Elizondo “nos trouxe informações que parecem ter sido obtidas em
primeira mão e não tenho motivos para duvidar delas”, disse Puthoff em
entrevista. “Ele com certeza tinha autorização para obter informações
primárias”.
Orbes verdes brilhantes em casa
Elizondo também escreveu em seu livro de memórias sobre encontros
pessoais com UAPs, descrevendo orbes verdes brilhantes do tamanho de uma
bola de basquete que invadiram sua casa repetidas vezes por mais de
sete anos. Os objetos eram capazes de atravessar paredes e se
comportavam como se estivessem sob controle inteligente, escreveu ele.
Os orbes também foram vistos por sua esposa, duas filhas e seus vizinhos, escreveu ele.
Quanto aos “nossos amigos de fora”, eles não parecem ser
benevolentes, escreveu ele. Talvez sejam neutros. Ou talvez sejam uma
ameaça à humanidade.
“Não podemos mais tapar o sol com a peneira”, escreveu ele. “Sabemos que não estamos sozinhos.”
Um dos conflitos internacionais mais prováveis dos próximos anos
envolve o território de Taiwan. Sede da maior fabricante de
semicondutores do mundo, a ilha pode ser invadida pela China por volta de 2027, ao menos de acordo com estimativas dos Estados Unidos.
Localizada a cerca de 180 km da China, a ilha tem mecanismos de
defesa para um eventual ataque ordenado pelo presidente chinês Xi
Jinping. Eles incluem até o chamado “Escudo de Silício”, que não é uma
proteção de verdade, mas a garantia de que uma guerra no local prejudicaria a fabricação de eletrônicos em especial no país asiático.
Só que os próprios EUA já estão planejando a estratégia para defender
Taiwan — e elas incluem um ataque massivo de tecnologia militar na
tentativa de impedir a ofensiva antes mesmo de ela chegar ao ponto mais
crítico.Drones na linha de frente
O jornal The Washington Post conversou com o almirante
Samuel Paparo, comandante da divisão da Marinha dos EUA na região do
Indo-Pacífico. Para ele, a única solução contra um ataque chinês que ele
considerá iminente é “transformar o Estreito de Taiwan em um cenário infernal sem tripulação humana, usando uma série de capacidades sigilosas“.
Plano dos EUA envolve construir modelos em tempo recorde para o combate. (Ima…
Segundo detalhes revelados nos últimos meses, o plano chamado de Hellscape envolve construir e enviar para combate “milhares de novos drones” para o Estreito de Taiwan, que fica no Mar da China Meridional e já foi palco de várias disputas.
Os drones seriam não apenas aeronaves pequenas e armadas, como é o
mais comum atualmente, mas também submarinos e veículos marinhos de
superfície.
Criando um ‘inferno’
O objetivo do Pentágono, porém, não é que esses veículos não
tripulados participem sozinhos do combate. Os drones seriam usados como “linha de frente“,
uma espécie de distração contra os militares chineses até que outros
veículos e as divisões de soldados humanos cheguem ao local.
Além disso, a ideia é poupar perdas de soldados humanos dos EUA e de
aliados vizinhos, ao menos nesse primeiro momento. Parte da inspiração
do novo plano está na guerra entre Rússia e Ucrânia: a defesa de
territórios nos últimos anos do conflito inclui usos criativos e inéditos de drones por parte dos ucranianos.
EUA planeja usar drones para além dos modelos aéreos. (Imagem: Getty Images)
Paparo fala em “tornar a vida deles [China] completamente miserável por um mês“, até que tudo esteja pronto. O almirante, porém, não deu mais detalhes da estratégia, apesar de dizer que ela “é real e pode ser entregue“.
Ao menos US$ 1 bilhão (cerca de R$ 5,4 bilhões na cotação atual) foi
repassado em março pelo Departamento de Defesa ao projeto, mas essa
verba só deve viabilizar parte do o programa.
O Estreito de Taiwan, posição marítima estratégica entre os dos territórios. …
Chamada de Replicator, a iniciativa envolve a construção massiva de sistemas autônomos controlados por IA em até 24 meses.
A principal preocupação dos EUA no momento esta na diferença entre os
exércitos. A China teria uma frota de drones significativamente maior
do que as defesas atuais de Taiwan e isso já a colocaria em vantagem
considerável — ao menos segundo as estimativas mais pessimistas dos
norte-americanos.
A voz humana é um dos instrumentos mais poderosos na comunicação. Não
se trata apenas das palavras que usamos, mas de como as dizemos. Saiba
como isso pode impactar a sua forma de liderar.
Foto: Pexels
Imagine entrar em uma sala de reuniões e, antes de dizer uma palavra,
sua presença já comunica algo. Mas é quando você fala que a verdadeira
magia acontece.
A voz, frequentemente subestimada, impacta profundamente como somos percebidos e a eficácia da nossa liderança.
Wendy LeBorgne, em seu TED Talk, explora como a voz molda nossa imagem
comunicacional, oferecendo insights valiosos para líderes que desejam
aprimorar sua presença vocal.
O Poder da Voz
A voz humana é um dos instrumentos mais poderosos na comunicação. Não
se trata apenas das palavras que usamos, mas de como as dizemos. Intensidade, entonação, ritmo, frequência e a qualidade vocal
trabalham juntos para criar a marca que sua voz deixará em quem te
ouve, além de transmitir emoções e intenções que podem reforçar ou minar
a mensagem. Para líderes, essa consciência é crucial. Uma voz
forte e clara pode inspirar confiança e autoridade, enquanto uma voz
hesitante ou monótona pode transmitir desinteresse ou insegurança.
Branding Vocal: Uma Ferramenta de Liderança
O conceito de “branding vocal” introduzido por LeBorgne envolve a
construção deliberada de uma identidade vocal que reflete seus valores e
objetivos. A voz é como a sua impressão digital, determinando a forma
como as pessoas te percebem e como se sentem em relação a você. Líderes
podem desenvolver um branding vocal estratégico que ressoe com suas
equipes e stakeholders.
Assim como cores, fontes e traços caracterizam uma marca comercial, o
branding vocal é caracterizado por cinco elementos principais:
Intensidade: A força que colocamos na voz pode influenciar a percepção de agressividade ou entusiasmo.
Entonação: A variação na entonação torna a fala mais interessante e evita a monotonia.
Ritmo: A velocidade da fala pode transmitir urgência ou condescendência. A variação no ritmo é fundamental para reter a atenção.
Frequência: Graves e agudos podem afetar percepções de autoridade e inteligência. Uma voz grave tende a transmitir mais autoridade.
Qualidade: As características únicas da sua voz, como rouquidão ou suavidade, contribuem significativamente para a identidade vocal.
Autenticidade e Adaptabilidade
Além desses elementos, é vital que os líderes sejam autênticos em sua
voz, evitando imitações. A autenticidade cria conexão e confiança.
Também é essencial ajustar o tom e o estilo conforme a situação e o
público. Flexibilidade é chave para uma comunicação eficaz.
Práticas para Aprimorar seu Branding Vocal
LeBorgne sugere algumas práticas para líderes que desejam fortalecer seu branding vocal:
Treinamento vocal: Assim como um atleta treina seu
corpo, a voz também pode ser treinada. Exercícios vocais regulares podem
melhorar a clareza, alcance e resistência vocal.
Feedback: Buscar feedback honesto sobre como sua voz é percebida. Gravar discursos e ouvir com atenção pode revelar áreas de melhoria.
Conexão emocional: Usar a voz para transmitir empatia e emoção. Uma voz calorosa e envolvente pode fortalecer relacionamentos e motivar equipes.
Impacto na Liderança
Uma voz bem trabalhada não só melhora a comunicação, mas também fortalece a presença de liderança. Líderes com um branding vocal forte são mais eficazes em inspirar e engajar suas equipes.
Eles conseguem transmitir sua visão com clareza e paixão, criar um ambiente de confiança e promover uma cultura de comunicação aberta.
Em um mundo onde a comunicação é fundamental para o sucesso, investir
no desenvolvimento vocal pode ser um diferencial significativo para
líderes em todos os setores. Ao adotar as práticas de branding vocal,
você não só aprimora sua própria comunicação, mas também influencia de
forma intencional a percepção que os outros têm de você.
Quando pensamos em marca pessoal, consideramos uma
série de aspectos da nossa imagem, mas você já havia pensado como sua
voz pode ser estratégica na construção da sua marca pessoal e da sua
liderança?
Leitura recomendada
Priscila Schmidt é professora do WLP, Formação Internacional de
Impacto, que desenvolve habilidades, competências e perspectivas
necessárias para uma Liderança Feminina Transformadora, em posições
estratégicas de mercados altamente competitivos.
As 3 características de uma mente inovadora
Igor Lopes – Innova
Primeiro, inovar não é sobre criar coisas novas, mas também encontrar
soluções que, embora já existentes, nunca foram adotadas em seu
projeto.
Um caso real que comprova a minha tese é o Sr. Valdir Novaki, conhecido como “O pipoqueiro mais famoso do Brasil”.
Valdir era um pipoqueiro como os outros, mas ele sentia que precisava inovar em seu mercado.
Diante disso, Sr. Valdir adotou medidas de higiene e atendimento que
ninguém fazia, mas que impactava diretamente na experiência do
consumidor:
• Quem chegava no carrinho de pipoca do Valdir recebia uma dose de álcool em gel nas mãos antes de pegar a pipoca.
• Ele também limpava toda a bancada (de inox) do carrinho com álcool na frente dos clientes, deixando tudo impecável.
• Em cada dia da semana Sr. Valdir utilizava um uniforme
(impecavelmente branco e limpo) do qual havia um bordado sinalizando o
dia da semana.
• Ao receber a pipoca, os clientes de Valdir ganhavam uma balinha de brinde, para refrescar o hálito após o lanche.
Perceba que ele inovou, sem reinventar a roda, mas apenas trazendo abordagens simples que seus concorrentes não ousavam fazer.
Por conta disso, digo que a primeira e maior característica de uma mente inovadora é questionar o tempo todo.
Afinal, ao questionar situações e circunstâncias você encontra:
• Novos problemas;
• Oportunidades;
• E soluções.
Esse loop cria um mecanismo de descobertas que leva você (e o seu projeto) a novos resultados no caminho da inovação.
No entanto, trilhar este caminho não é fácil, por isso, toda mente
inovadora tem a habilidade de ser constante, sem perder o ânimo.
Sem isso, é impossível levantar todos os dias e garimpar soluções em
meio às frustrações causadas pelos fracassos que surgem no caminho da
inovação.
Se olharmos para a história do Sr. Valdir, você notará que o sucesso
dele não foi repentino. Mesmo inovando, as coisas levaram tempo para
acontecer.
Por fim, a última característica de uma mente inovadora é o desconforto.
Imagina só:
Se homens como Steve Jobs, Jeff Bezos, Elon Musk e Sr. Valdir fossem
pessoas satisfeitas e confortáveis com seus resultados, será que eles
teriam conquistado tudo o que conseguiram?
Provavelmente não. Sr. Valdir, por exemplo, não só recebeu a alcunha
de “Pipoqueiro Mais Famoso do Brasil”, como também já viajou boa parte
do país dando palestras sobre empreendedorismo.
Ok, sabemos que não inovar é ruim.
Agora, será que inovar em excesso é bom?
Os limites da inovação
Pela minha experiência empreendendo no campo da tecnologia, esses são os dois maiores erros quando o assunto é inovação:
01 – Tentar reinventar a roda.
02 – Omissão.
Quem não se lembra do Google Glass, um típico exemplo de quem tentou inovar demais e precisou recuar.
Ou então a Playstation com o PS Vita, um videogame portátil que
prometia grande desempenho e resolução, mas, no final, não teve adesão
dos grandes desenvolvedores e, consequentemente, dos clientes.
Ainda no mundo dos games, a Microsoft lançou o Xbox Kinect, um sensor
de movimentos exclusivo que prometia substituir os controles
tradicionais do videogame.
Após alguns anos de insistência e baixa adesão dos desenvolvedores e gamers, o Kinect foi descontinuado pela Microsoft.
Inovação demais, utilidade de menos.
Por outro lado, temos alguns exemplos clássicos de empresas omissas que esperaram demais e perderam o bonde.
Blackberry
A primeira empresa de celulares a proporcionar conexão Wireless em
seus aparelhos, dando origem à era dos Smartphones — uma inovação que
acertaram de mão cheia.
Há 20 anos, ter um Blackberry era mais exclusivo, chique e estiloso do que ter um iPhone de última geração.
Na boa, sempre gostei dessa marca.
Realmente é uma pena que a empresa mãe dos smartphones tenha ficado para trás e hoje não ser nem a sombra do que já foi.
Também temos os exemplos clássicos, né? Nokia, Kodak, etc. Que você já cansou de ver por aí.
Todas essas foram empresas que, por arrogância, excesso de confiança ou medo, ficaram na mesma e sumiram do mapa por não inovar.
Mas, há também as empresas que inovaram na medida certa:
• Microsoft: vendia software de caixinha e hoje é uma potência tecnológica tanto em produtos como em serviços.
• Toyota: uma empresa tradicional do mercado automotivo, mas que
nunca perde o timming em inovação. Da era do motor a combustão aos
motores híbridos, a Toyota sempre está no topo do ranking em qualidade,
confiabilidade, tecnologia e conforto.
• Amazon: de e-commerce de garagem a uma potência de varejo e tecnologia.
• Nvidia: a empresa que surfou a onda dos games (quando ainda era uma
marola ignorada por todos), aproveitou o boom das criptomoedas e hoje é
a maior fabricante de GPUs utilizadas no desenvolvimento de IAs.
Sabe o que todas essas empresas têm em comum?
Elas não inovaram por moda, mas para resolver problemas concretos na vida de seus consumidores.
Você não pediu, mas eu dou: minha opinião
Sabe qual é o grande problema desse papo de inovação?
Ela é uma faca de dois gumes que pode:
• Fazer você se perder em meio ao vício de inovar.
• Fazer você perder pela falta de inovação.
Então, fica a pergunta:
Como inovar mesmo que você não tenha uma mente inovadora?
Tenha dados e informações concretas na sua mão. Sempre.
Se você tem dados, você enxerga gargalos que precisam ser resolvidos.
Se você enxerga os gargalos, você precisa de soluções — e é aqui onde a
inovação se esconde.
Na maioria das vezes, inovar é ser como o Sr. Valdir, e não necessariamente como Elon Musk.
VOCÊ CONHECE A ValeOn?
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TEM TUDO QUE VOCÊ PRECISA!
A Valeon é uma caixinha de possibilidades. Você pode
moldar ela em torno do negócio. O que é muito importante. O nosso é
colocar o consumidor no centro e entender o que ele precisa. A ValeOn
possibilita que você empresário consiga oferecer, especificamente para o
seu consumidor, a melhor experiência. A ValeOn já é tradicional e
reconhecida no mercado, onde você empresário pode contar com a
experiência e funcionalidades de uma tecnologia corporativa que atende
as principais operações robustas do mundo essencial e fundamental. A
ValeOn além de trazer mais segurança e credibilidade para o seu negócio,
também resulta em muita troca de conhecimento e ótimos resultados para
ambos os lados, como toda boa parceria entre empresas deve ser.
Lembrem-se que a ValeOn é uma Startup Marketplace de Ipatinga-MG que tem
a responsabilidade de levar o cliente até à sua empresa e que temos
potencial para transformar mercados, impactar consumidores e revirar
empresas e indústrias onde nossos produtos e serviços têm capacidade de
escala e de atrair os investimentos corretos para o nosso crescimento.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) está no centro dos questionamentos a decisões do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), contra políticos e aliados bolsonaristas, alvo de inquéritos que tramitam em seu gabinete.
O TSE, que tem como função principal realizar eleições a cada dois
anos e garantir que elas ocorram de forma íntegra, produziu, a pedido de
Moraes, relatórios sobre suspeitos de propagar desinformação sobre o
processo eleitoral e de ter realizado ataques a autoridades. Isso foi
alvo de críticas alegando que não teriam sido obervadas as etapas
processuais normalmente esperadas neste caso.
Depois, os relatórios foram usados por Moraes em decisões tomadas no
STF, como bloqueio de contas em redes sociais, suspensão de passaporte e
congelamento de contas bancárias.
Moraes esteve à frente do TSE em um contexto de fortes ataques ao processo eleitoral, que culminaram no 8 de janeiro de 2023,
quando apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) insatisfeitos
com a eleição do presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT) invadiram e
depredaram o Palácio do Planalto, o Congresso e o STF.
O ministro justificou sua atuação argumentando que era presidente do
TSE e, portanto, tinha poder de polícia para solicitar os relatórios.
Conforme revelou o jornal Folha de S.Paulo,
esses documentos foram produzidos pela Assessoria Especial de
Enfrentamento à Desinformação (AEED), órgão ligado à presidência da
Corte eleitoral.
Segundo mensagens privadas trocadas entre assessores de Moraes no STF
e no TSE, o ministro teria orientado o teor dos relatórios, já mirando
determinados alvos e visando determinadas punições.
A BBC News Brasil procurou o TSE por meio da sua assessoria, mas a Corte não respondeu sobre críticas à atuação do ministro.
A atual presidente da Corte, a ministra do STF Cármen Lúcia, disse na
quinta-feira (15/8) que Moraes foi “um grande ex-presidente [do TSE],
que cumpriu um enorme papel, como é de conhecimento geral do país, nas
eleições de 2022”.
Moraes, por sua vez, refuta que tenha cometido qualquer ilegalidade e
disse, em uma nota, que “todos os procedimentos foram oficiais,
regulares e estão devidamente documentados nos inquéritos e
investigações em curso no STF, com integral participação da Procuradoria
Geral da República”.
Ele também argumentou que, “no exercício do poder de polícia, tem
competência para a realização de relatórios sobre atividades ilícitas,
como desinformação, discursos de ódio eleitoral, tentativa de golpe de
Estado e atentado à Democracia e às Instituições”.
O episódio levantou questionamentos sobre os limites da atuação do
TSE. Especialistas em direito eleitoral ouvidos pela BBC News Brasil
explicam quais, afinal, são os poderes desse tribunal – e divergem sobre
se houve abusos no uso da Corte eleitoral por Alexandre de Moraes.
Entenda a seguir, em três pontos, o que faz a Justiça Eleitoral, o
que é seu poder de polícia e qual a atuação da Assessoria Especial de
Enfrentamento à Desinformação – órgão criado em 2022 e chamado de
“obscuro” por críticos do ministro.
1. O que faz a Justiça Eleitoral?
A Justiça Eleitoral tem natureza diferente de outros braços do Poder
Judiciário, como as Justiças Estaduais, Federal ou do Trabalho, conforme
ressaltam a advogada Carolina Lobo, integrante da Academia Brasileira
de Direito Eleitoral e Político (Abradep), e o advogado Horácio Neiva,
professor do Instituto de Ensino Superior (iCEV).
Para além de julgar processos eleitorais, sua principal função é
executar eleições a cada dois anos e garantir que o processo eleitoral
ocorra de forma íntegra, sem favorecimentos a um ou outro concorrente.
Para cumprir essa missão, o TSE tem atuação legislativa, ao aprovar
resoluções com regras para o processo eleitoral. Essas resoluções
regulamentam leis aprovadas pelo Congresso ou criam novas diretrizes
quando não há legislação ainda, como foi feito este ano com a adoção de
restrições ao uso de inteligência artificial na campanha eleitoral.
Além disso, a Justiça Eleitoral tem atuação administrativa, ao
executar e fiscalizar as eleições. Isso, explica Neiva, permite a
criação de órgãos, como a Assessoria Especial de Enfrentamento à
Desinformação, e dá aos juízes um papel mais pró-ativo na tomada de
algumas decisões.
“Usualmente, associamos a atuação da Justiça àquela ideia de ter um
processo judicial, em que o juiz só atua quando é demandado por alguém”,
nota Neiva.
“Mas a Justiça Eleitoral tem funções tipicamente administrativas.
Talvez tenha mais funções administrativas do que propriamente
jurisdicionais, porque cabe a esses juízes, inclusive ao presidente do
TSE, organizar as eleições e fiscalizar o processo eleitoral.”
É nesse contexto, acrescenta o professor do iCEV, que é dado poder de
polícia aos juízes eleitorais para coibir de maneira célere
ilegalidades no processo eleitoral. Mas esse poder também tem limites,
ressalta Neiva.
Cármen Lúcia estará à frente da Justiça Eleitoral nas eleições
municipais desse ano, enquanto as eleições de 2026 ocorrerão na
presidência do ministro André Mendonça.
O TSE tem composição rotativa e é sempre formado por sete
integrantes, sendo três ministros do TSE, dois do Superior Tribunal de
Justiça (STJ) e dois advogados nomeados pelo presidente da República, a
partir de uma lista formada pelo Supremo.
A presidência do TSE é sempre exercida por um ministro do STF.
2. O que é o poder de polícia? Houve abuso por Moraes?
O poder de polícia, explicam os especialistas, é quando órgãos do
Estado têm poder para fiscalizar e garantir o cumprimento de normas no
seu âmbito de atuação. Isso é mais comum no Poder Executivo.
“Então, órgãos sanitários têm poder de polícia em relação a
medicamentos e à limpeza de ambientes públicos. A guarda municipal, em
muitos municípios, têm poder de polícia relativo ao trânsito”,
exemplifica João Pedro Pádua, professor de direito processual penal da
Universidade Federal Fluminense (UFF).
No caso do Poder Judiciário, a Justiça Eleitoral é a única com poder
de polícia, ressalta a advogada Carolina Lobo, integrante da Academia
Brasileira de Direito Eleitoral e Político (Abradep).
Para alguns analistas, esse poder está previsto de forma ampla no
artigo 35 do Código Eleitoral, que prevê que compete aos juízes “fazer
as diligências que julgar necessárias à ordem e presteza do serviço
eleitoral”. “O juiz pode agir de ofício para cessar práticas ilegais”,
afirma Lobo.
“Se estiver acontecendo, no dia da eleição [quando não é permitido
fazer campanha], uma passeata de um candidato, uma aglomeração enorme de
pessoas, o juiz eleitoral pode determinar, por exemplo, a apreensão
dessas pessoas.”
Já outros entendem que o poder de polícia está restrito à atuação
contra a propaganda eleitoral irregular, porque isso está previsto
expressamente no artigo 41 da legislação eleitoral. Mas própria Lei
Eleitoral, porém, estabelece limitações a esse poder, nota Horácio
Neiva.
“O poder de polícia se restringe às providências necessárias para
inibir práticas ilegais, vedada a censura prévia sobre o teor dos
programas a serem exibidos na televisão, no rádio ou na internet”, diz
trecho do artigo 41.
Além disso, a súmula 18 do TSE também estabelece que esse poder de
polícia não permite aplicação de multa por propaganda eleitoral em
decisão de ofício.
Para alguns especialistas, como Horácio Neiva, a atuação de Moares teria extrapolado esse poder de polícia.
Neiva ressalta que a jurisprudência do TSE alargou o conceito de
propaganda ilegal para abarcar também a disseminação de desinformação no
contexto eleitoral.
Na sua visão, porém, Moraes não poderia usar esse poder de polícia
para bloquear contas nas redes sociais ou aplicar multas de ofício, nem
tomar decisões em inquéritos criminais, ou seja, fora do âmbito da
Justiça Eleitoral.
“Algumas decisões não estavam sendo tomadas no âmbito de questões
afetas à propaganda eleitoral. Elas estavam sendo tomadas no âmbito de
inquéritos criminais, que estão em tramitação no Supremo Tribunal
Federal”, ressalta.
“E, não só para determinar retirada de conteúdo das redes, como o
poder de polícia autoriza. Eram decisões que extrapolam os limites desse
poder de polícia, que é uma aplicação de multa e também bloqueio de
perfis.”
Moraes comentou as reportagens do jornal Folha de S.Paulo na quarta-feira (14/8), durante sessão do STF.
“Como presidente [do TSE], tenho poder de polícia e posso, pela lei,
determinar a feitura dos relatórios”, argumentou o ministro.
Ele disse ainda que não acionou a Polícia Federal (PF), porque a instituição não estaria colaborando com as investigações.
A fala parece uma referência ao período do governo Bolsonaro
(2019-2022), já que o presidente tem poder de nomear a direção da PF. O
órgão do TSE, porém, continuou sendo acionado em 2023, já durante o
governo Lula, segundo a reportagem da Folha de S. Paulo.
“Obviamente, o caminho mais eficiente da investigação naquele momento
era solicitação ao TSE, uma vez que a Polícia Federal, lamentavelmente,
num determinado momento, pouco colaborava com as investigações”, disse.
Para Neiva, o TSE não tem poder de substituir a PF: “O TSE não é um
órgão de investigação. A omissão da PF não pode ser suprida por um órgão
do Tribunal. Tanto é que, em casos de crimes eleitorais, o inquérito é
conduzido pela PF, e não pela própria Justiça Eleitoral”.
3. O que é a Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação?
O TSE adotou, nos últimos anos, novas normas e estruturas para lidar
com a disseminação de informações falsas e ataques ao sistema eleitoral
brasileiro, principalmente no ambiente digital.
O objetivo era tanto combater possíveis conteúdos ilegais das
campanhas, como coibir ataques falsos ao sistema eleitoral, como
alegações infundadas de que as urnas eletrônicas não seriam seguras.
Uma portaria do TSE criou em 2019 o Programa de Enfrentamento à
Desinformação, tornado depois uma política permanente, em 2021, em outra
portaria.
Já em 2022, quando o TSE era presidido pelo ministro Edson Fachin, a
AEED foi criada por meio da resolução TSE nº 23.683, que reorganizou
vários órgãos internos da Corte.
Não há, porém, um documento oficial que preveja as atribuições da
AEED, órgão diretamente ligado à presidência da Corte eleitoral.
De acordo com a assessoria do TSE, “a unidade é responsável por
coordenar as ações promovidas para conter o impacto negativo das
notícias falsas sobre as urnas eletrônicas, o processo eleitoral e os
integrantes da Justiça Eleitoral”.
Segundo a BBC News Brasil apurou, a AEED tinha uma função mais
analítica na gestão do Fachin. Foi na gestão Moraes que ganhou um
caráter investigativo.
As mensagens reveladas pelo jornal mostram que servidores do gabinete
de Moraes no STF passaram a acionar diretamente Eduardo Tagliaferro,
então chefe da AEED, com pedidos de informações.
As conversas teriam ocorrido entre agosto de 2022 e maio de 2023 — ou
seja, durante e depois da campanha eleitoral que levou à vitória de
Lula e à derrota de Bolsonaro.
Airton Vieira, juiz instrutor dos inquéritos no STF, solicitava,
informalmente, por meio de mensagens, relatórios sobre investigados nos
inquéritos das chamadas fake news e das milícias digitais.
Algumas mensagens reveladas mostram, por exemplo, que Moraes e
assessores pediram a produção de um relatório sobre o economista Rodrigo
Constantino, apoiador de Bolsonaro, a partir de publicações dele nas
redes sociais.
Em novembro de 2022, Airton Vieira encaminhou para Tagliaferro uma
captura de tela de conversa com Moraes na qual o ministro pediria: “Peça
para o Eduardo analisar as mensagens desse [Constantino] para vermos se
dá para bloquear e prever multa”. Vieira pediu para Tagliaferro
“caprichar” no relatório.
Segundo a Folha de S.Paulo, em nenhum dos casos havia a formalização
de que os relatórios do TSE teriam sido produzidos a pedido de Moraes ou
do STF.
No caso de Constantino, uma decisão do início de janeiro de 2023
ordenou a quebra de sigilo bancário do investigado, bem como o
cancelamento de seus passaportes, bloqueio de suas redes sociais e
intimações para que fosse ouvido pela Polícia Federal.
Essa decisão mencionava “ofício encaminhado pela Assessoria Especial
de Desinformação Núcleo de Inteligência do Tribunal Superior Eleitoral”,
sem esclarecer que o pedido partira do gabinete do ministro no STF.
Outras mensagens entre assessores do ministro reveladas pelo jornal
mostram que a AEED teria sido acionada, também, para checar ameaças a
Moraes e seus familiares e, ainda, para verificar a ficha criminal de um
prestador de serviço que faria uma obra em sua casa.
A BBC News Brasil questionou a assessoria de imprensa do TSE sobre as
críticas ao funcionamento da AEED, mas não obteve uma resposta.
A reportagem apurou que o comando da Corte entende que não houve
qualquer desvio no uso do órgão, porque é sua função também contribuir
para a segurança dos integrantes do TSE.
Para a advogada Carolina Lobo, não houve uso irregular da AEED,
porque o órgão foi usado apenas para produzir relatórios sobre conteúdo
ilegal que estava público, como mensagens inverídicas sobre o processo
eleitoral.
“E o poder de polícia dá ao juiz eleitoral o dever de fazer cessar
práticas ilegais, então ele [Moraes] se restringe a essas providências,
de inibição de práticas Ilegais”, argumenta.
Já críticos do ministro, como o ex-procurador da Lava Jato e
ex-deputado federal Deltan Dallagnol, dizem que o órgão seria “obscuro”.
Em abril, quando a rede social X disponibilizou ao Congresso dos
Estados Unidos notificações para derrubar conteúdos por ordem de Moraes,
Dallagnol criticou o fato do Ministério Público não ser acionado
previamente às decisões de Moraes fundamentadas nos relatórios.
“Os arquivos do Congresso dos EUA mostram que o órgão alertava
Moraes, que mandava censurar, e só depois pedia opinião do MP
[Ministério Público]”, escreveu em sua conta no X.
Para Horácio Neiva, não há qualquer problema em a AEED produzir
relatórios. Ele considera questionável, porém, que o órgão produza
documentos visando conclusões solicitadas previamente por Moraes.
“Por exemplo, o juiz eleitoral, no município em que ele está atuando,
pode todos os dias passear pela cidade para ver se tem algum ato
ilícito. Isso está dentro do poder de polícia dele. Então, esse órgão
fazer monitoramento de redes sociais também não tem nada necessariamente
ilícito”, compara.
“A grande questão não é se o órgão estava fazendo um monitoramento de
forma imparcial, verificando atos ilícitos, e sim se ele estava sendo
direcionado para produzir relatórios com vistas a dar uma aparência de
legitimidade a decisões de ofício do ministro Alexandre de Moraes no
Supremo.”
História de Eduardo Leão, João Carlos da Silva, José Jorge Junior,
Luciano Dias, Luiz Cornacchioni, Maurício Borges, Paulo Engler, Paulo H.
Rangel Teixeira e Roberto Petrini – Jornal Estadão
Foi proposto recentemente ao governo um aumento nas tarifas de importação de várias matérias-primas de base química, visando a incentivar e proteger a produção nacional.
Consideramos que essa não é uma boa solução e, por isso, recomendamos o
diálogo com todos os envolvidos e defendemos que essa proposta seja
avaliada com muito cuidado.
O Brasil carece de produção qualificada e suficiente de muitos
insumos químicos essenciais, o que leva à necessidade de importação de
matérias-primas para a fabricação, no País, de inúmeros produtos, muitos
dos quais incluídos na cesta básica ou utilizados na construção civil e
em outras atividades essenciais.
As importações são necessárias para termos acesso a insumos de alta
qualidade e tecnologia avançada, muitas vezes não disponíveis
localmente, cumprindo também papel vital na sofisticação da produção
nacional e na ampliação da nossa inserção internacional.
Com a elevação das tarifas, os custos dessas matérias-primas
aumentam, o que pode gerar um efeito cascata em diversos setores,
resultando em preços mais altos e menor atratividade para investidores. A
qualidade dos produtos pode ser prejudicada, afetando a satisfação dos
consumidores e a sua confiança nos produtos nacionais.
Importação é um caminho importante para a indústria química nacional
ter acesso a insumos de qualidade Foto: Daniel Teixeira / AE
Neste momento, precisamos de instrumentos de política industrial que
não impactem de forma negativa as importações, e sim que estimulem a
inovação e o desenvolvimento da indústria doméstica. Entre eles,
incentivos fiscais para pesquisa e desenvolvimento, parcerias
público-privadas com foco em investimentos em infraestrutura,
capacitação tecnológica e programas de apoio à exportação.
Propostas de elevação tarifária devem ser revisadas com critérios
técnicos, concorrenciais e econômicos adequados. Preferencialmente,
devem ser rejeitadas em favor de políticas que promovam a inovação e a
competitividade da indústria, combatendo efetivamente os danos ao
mercado e à livre concorrência. É preciso lembrar que, com a
justificativa de proteger o setor químico nacional, se pode prejudicar
inúmeras indústrias, que fabricam produtos tão variados como argamassas,
brinquedos, colchões, cremes hidratantes, defensivos agrícolas,
detergentes, embalagens de aço, geladeiras, inseticidas, máquinas de
lavar, não tecidos, perfumes, produtos plásticos, revestimentos
cerâmicos, tintas, ventiladores, entre muitos outros.
Waack: Poderes marcam almoço no meio de crise sem solução
Representantes dos Três Poderes marcaram um almoço em Brasília para
discutir a relação entre eles. É assim que muitas questões são
resolvidas na capital federal, onde não faltam bons restaurantes. É
possível que o grupo de convivas, formado pelos presidentes do
Judiciário, do Congresso, da Câmara, e pelo chefe da Casa Civil, que
representa o Executivo, chegue a um acordo sobre o cardápio. Mas isso é o
máximo que se pode esperar. O que realmente está em jogo é de grande
abrangência: definir quem manda. A questão que motivou o almoço, as
emendas impositivas dos parlamentares, suspensas pelo Judiciário contra a
vontade do Legislativo, é apenas fachada. Judiciário e Legislativo
aumentaram suas prerrogativas e poderes de fato, enquanto o Executivo
perdeu espaço — e poder. Isso não é novidade, mas se tornou mais grave e
virou uma condição estrutural. Na prática, o Brasil passou para um
sistema de semipresidencialismo com dois primeiros-ministros, os chefes
das casas legislativas, ao lado dos poderes supremos do Supremo Tribunal
Federal. O confronto entre Poderes, que já era uma característica do
nosso sistema de governo, se tornou hoje um confronto de poderes em
torno de seus próprios poderes. É até possível que um bom almoço traga
algum arranjo circunstancial. Algo como as emendas se tornarem mais
transparentes, um acordo melhor com o Executivo sobre sua destinação, e o
Supremo prometendo se intrometer menos. A questão central, porém,
continuará a mesma. Quando se disputa quem manda, não estamos diante
apenas de uma crise, mas de um desarranjo institucional. É difícil
esperar que qualquer questão de fundo — política, social ou econômica —
possa ser resolvida em um cenário desses, muito menos em um almoço.
A rede social X anunciou o fim das operações no Brasil no último sábado (17), após
um novo capítulo da briga da plataforma com o Supremo Tribunal Federal
(STF) e, mais especificamente, o ministro Alexandre de Moraes. O
serviço, porém, segue liberado para acesso no país.
O Estadão consultou especialistas da área digital para
entender o que esse encerramento pode significar para o futuro da rede
social em território nacional.O que pode acontecer com o X no Brasil
Segundo as fontes consultadas pela reportagem, o X pode continuar
operando normalmente em território brasileiro. Por falta de uma
regulamentação de redes sociais no país, a empresa é capaz de oferecer
os serviços aos usuários apenas com advogados representando a marca por aqui ou um representante que atua somente nos bastidores e quando acionado.
O X só deve sair do ar no Brasil no caso de uma ordem judicial que exija a remoção da plataforma,
algo que ainda não aconteceu. As punições impostas pelo STF até o
momento incluem multa e até a detenção dos representantes da companhia.
Com a falta de representantes oficiais no Brasil, porém, as chances de que o X cumpra com decisões judiciais por vontade própria caem ainda mais e as sanções podem escalar para um bloqueio.
Além disso, as operações do X no Brasil já eram muito restritas. Musk fez uma demissão de grandes proporções no então Twitter em novembro de 2022, logo na mudança da gestão, e outro corte no Brasil em janeiro do ano seguinte. A companhia não informou a quantidade de pessoas que ainda estavam empregadas pela marca no país.
Musk, entretanto, não deve encerrar as atividades do X no Brasil por
vontade própria — ele possivelmente espera que o STF ceda às ameaças e
reduza o cerco contra a companhia. Aliado de políticos conservadores de
diversas partes do mundo, o bilionário já se envolveu em polêmicas por
política em regiões como na União Europeia como um todo, nos Estados Unidos e até na Venezuela.
O governo Lula da Silva editou uma portaria com diretrizes gerais e
critérios para a elaboração de propostas de criação, racionalização e de
reestruturação de planos, cargos e carreiras no serviço público federal
para colocar em marcha o que seria, digamos assim, uma reforma
administrativa silenciosa. Infelizmente, mais parece promessa do que
determinação.
A portaria foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) na
quarta-feira, 14, e traz entre seus objetivos a proposta de alongar o
tempo para chegar ao topo de uma carreira e reduzir o salário inicial
dos servidores. Nela destacam-se, ainda, dispositivos para melhorar a
eficiência do serviço público, com a avaliação de desempenho individual e
coletivo, desenvolvimento de atividades complexas e engajamento e
comprometimento com o trabalho.
São todas, obviamente, medidas muito bem-vindas, necessárias e, se
levadas a cabo, promissoras. O cidadão que sustenta o Estado brasileiro
merece receber como contrapartida a prestação de serviços públicos de
qualidade.
Mas, a depender do texto assinado pela ministra da Gestão e da
Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, sobram razões para duvidar
de que essas diretrizes e esses critérios serão seriamente considerados
pelos órgãos vinculados ao Executivo federal. Isso porque as regras se
limitam a novos pedidos de reestruturação, mantendo inalterado o
esquizofrênico modelo atual, que soma hoje 43 planos de cargos e
carreiras, 120 carreiras e mais de 2 mil cargos distintos.
E tamanho ceticismo decorre, sobretudo, das palavras criteriosamente
selecionadas para a construção da portaria. Há tantas ponderações que a
ministra Esther Dweck só faltou pedir desculpas por baixá-la.
Um exemplo disso é o fato de que o servidor cumprirá o “período
mínimo de, preferencialmente, vinte anos para o alcance do padrão final
da carreira”. Ora, em bom português, significa dizer que tendem a ser
mínimas as chances de os novos pedidos de reestruturação seguirem essa
previsão, haja vista que não há a obrigação de cumpri-la. Seria ingênuo
crer que parte dos servidores federais muito bem organizados em
entidades sindicais com forte poder de lobby concordará em postergar a
chegada ao topo da carreira.
Ainda de acordo com a portaria, o passar dos anos não pode ser o
“critério único” para evoluir na carreira e ganhar aumento. O chamado
“cumprimento de interstício temporal” pode ser combinado com outros
cinco critérios previstos na portaria. Mas, ora vejam, não há o
estabelecimento de uma combinação de parâmetros para a progressão na
carreira, o que pode levar ao mínimo esforço possível para a ascensão,
com o critério do tempo e mais um outro apenas.
Tudo isso só reforça a histórica resistência lulopetista à
modernização do Estado. O governo Lula da Silva, ao que tudo indica,
tenta mesmo é ganhar tempo diante da pressão do presidente da Câmara,
Arthur Lira (PP-AL), de ressuscitar a Proposta de Emenda à Constituição
(PEC 32) da reforma administrativa discutida na gestão Jair Bolsonaro.
Nos moldes em que o texto foi formatado, seria melhor esquecê-lo de vez.
Ademais, a maior parte das atualizações imperativas para o setor
público dispensa uma PEC.
São urgentes, porém, muitos ajustes legislativos, tais como as normas
gerais para concursos públicos, aprovadas corretamente pelo Senado, a
limitação dos supersalários e a discussão séria sobre projetos de lei
com poder para reconfigurar as carreiras, a começar não por
reestruturá-las apenas como pretende a portaria, mas por diminuir essa
quantidade exorbitante de mais de uma centena delas.
Com tantos desafios ainda a serem superados, a portaria de Esther
Dweck só reforça a falta de engajamento do governo Lula da Silva na
discussão da melhoria efetiva dos serviços públicos prestados à
população e a defesa de interesses corporativos. Empolgam mesmo a
ministra o anúncio de realização de concursos e a contratação de
servidores, que, segundo ela, serão mais 21 mil até 2026. Pelas
prioridades do governo e pelo teor da portaria, trata-se de uma reforma
administrativa de fachada.