Não é surpresa que o corpo humano passe por um desgaste natural com o envelhecimento. No entanto, um estudo recente revelou que esse processo pode não ser tão gradual quanto imaginamos.
O estudo revela algumas verdades notáveis sobre o envelhecimento,
especificamente quando e como nossos corpos começam a passar por
mudanças drásticas.
As descobertas foram publicadas na revista Nature Aging.
Quando o corpo humano começa a envelhecer?
Uma equipe da Escola de Medicina de Stanford, nos EUA, analisou dados
de indivíduos entre 25 e 75 anos, focando em moléculas importantes para
o envelhecimento, incluindo aquelas que compõem nossos microbiomas — o
conjunto de bactérias, vírus e fungos presentes no corpo.
Eles descobriram que 81% dessas moléculas não seguem um padrão
cronológico previsível. Em vez disso, o corpo humano passa por períodos
de mudança acelerada em idades específicas: aos 44 e 60 anos.
Essa descoberta pode transformar nossa compreensão sobre o processo de envelhecimento.
Relação entre envelhecimento e doenças
Os pesquisadores observaram que moléculas associadas a doenças cardiovasculares apresentaram mudanças significativas durante os períodos críticos de envelhecimento.
Além disso, alterações substanciais foram observadas em moléculas
ligadas à função imunológica, que é fundamental para a defesa do corpo
contra doenças, especialmente em indivíduos que alcançam os 60 anos.
Essas descobertas destacam como o envelhecimento pode influenciar diretamente a vulnerabilidade a doenças graves.
Os pesquisadores investigaram essas tendências depois de perceber um
aumento acentuado no risco de desenvolver condições relacionadas à
idade, como Alzheimer e doenças cardiovasculares, na meia-idade, em vez
de um aumento constante.
Detalhes do estudo
As descobertas do estudo se basearam em dados de 108 participantes.
Ao longo de vários anos, a cada poucos meses, os pesquisadores
analisaram amostras biológicas desses participantes, permitindo aos
cientistas rastrear 135.000 mudanças relacionadas à idade em diferentes
moléculas.
A equipe descobriu milhares de moléculas e micróbios que passam por mudanças, aumentando ou diminuindo sua abundância.
De acordo com o estudo, 81% das moléculas estudadas experimentaram
mudanças drásticas em idades específicas. Essas transformações foram
mais prevalentes quando os participantes estavam na faixa dos 40 e 60
anos.
De acordo com os pesquisadores, as mudanças afetam tudo. Isso inclui
desde como o corpo processa álcool e cafeína até como ele regula seu
sistema imunológico função renal e a saúde cardíaca.
Embora mais pesquisas sejam necessárias para entender completamente
essas mudanças repentinas, as descobertas do estudo destacam a
importância de prestar atenção especial à nossa saúde na faixa dos 40 e
60 anos.
Medidas simples como aumentar a atividade física para proteger a saúde do coração e manter a massa muscular, ou reduzir o consumo de álcool, podem ajudar muito a retardar o processo de ‘deterioração’ do corpo.
As tecnologias de captura e armazenamento de carbono (CSS,
na sigla em inglês) têm sido muito discutidas nos últimos tempos. Sendo
vistas como uma das possíveis soluções para reduzir os impactos das mudanças climáticas.
No entanto, mesmo desenvolvidas com o intuito de preservar a vida
humana no planeta, essas tecnologias nem sempre estão livres de
malefícios.
O CCS, que significa Carbon Capture and Storage, surgiu como uma ferramenta capaz de amenizar os impactos das emissões de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera provenientes de processos industriais. Ele é liberado, por exemplo, na queima de combustíveis fósseis, mas também no desmatamento e na utilização de calcário para a produção de cimento. Nesse processo, o CCS pode capturar grande parte das emissões desse gás até 90%.
Vale ressaltar que todo o gás é armazenado em formações rochosas. Ou
seja, um conjunto de rochas ou minerais que tem características próprias
em relação à sua composição, idade, origem ou outras propriedades
similares.
Em 2005, alguns cientistas e o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) apontam
essa tecnologia como um mecanismo de mitigação não único, mas
imprescindível. Contudo, para outros, ela veio apenas para reforçar o
uso de combustíveis fósseis nos meios de produção das indústrias
tradicionais.
Captura de carbono
A captura de carbono (CO2) é realizada de três formas diferentes, cada uma com processos específicos:
Pré-combustão
Pós-combustão
Combustão de oxi-combustível
Os sistemas de pré-combustão convertem combustível sólido, líquido ou gasoso em uma mistura de hidrogênio e
gás carbônico. Isso a partir de processos como gaseificação ou
reforma. Nessa reação, o hidrogênio pode ser usado como gerador de
calor ou energia livre de dióxido de carbono.
A captura pós-combustão envolve capturar o gás carbônico da exaustão
de um sistema de combustão. Então, absorvê-lo em um solvente, antes de
remover e comprimir os elementos poluentes. O dióxido de carbono também
pode ser separado usando filtração por membrana de alta pressão, bem
como por processos de separação criogênica.
Por fim, a combustão de oxi-combustível consiste na queima de um
combustível com o oxigênio no lugar do ar. Para que o gás resultante
seja constituído de vapor de água e gás carbônico. Apesar desse processo
facilitar a captura de carbono devido à sua maior concentração, ele
requer a separação prévia de oxigênio do restante do ar.
Transporte
A captura de carbono é realizada para que o dióxido de carbono possa
ser comprimido e transportado por meio de dutos. A mesma tecnologia
daqueles que já transportam gás natural. A CCS Association afirma
que milhões de toneladas são transportadas anualmente para fins
comerciais e ressalta que existe um potencial significativo de
desenvolvimento dessa infraestrutura.
Armazenamento de carbono
Depois de transportado, o gás carbônico é armazenado cuidadosamente
em formações geológicas selecionadas (ou formações rochosas), que ficam
localizadas a vários quilômetros abaixo da superfície da Terra. As
opções de armazenamento costumam ser aquíferos profundos, cavernas ou
domos de sal, reservatórios de gás ou óleo e camadas de carvão. Por
serem encontradas em locais profundos, essas formações geológicas
armazenam o dióxido de carbono bem longe da atmosfera. Logo, diminuindo
os impactos de suas emissões.
Quais as vantagens e desvantagens da captura de carbono?
Existem prós e contras quando se fala na tecnologia de captura e armazenamento de carbono.
O primeiro ponto contra é que, até o efetivo desenvolvimento e
disseminação dessa ferramenta, muito combustível fóssil ainda será
queimado. Isso faz com que muitos cientistas duvidem da validade dessa
solução. Afinal, uma vez que a própria existência do CCS pode reforçar
um aumento no uso desses combustíveis.
Contudo, aqueles a favor da disseminação do CCS defendem que o uso de
combustíveis fósseis está longe de acabar. De acordo com John Thompson,
participante da Fossil Fuel Transition Project, o uso dessas
fontes de energia continua aumentando. Por isso, uma tecnologia que
diminua as emissões atmosféricas de CO2 é necessária de ser
implementada, mesmo que ainda não seja a melhor solução.
Outro custo, além do energético, são os elevados investimentos necessários. Para conter o aquecimento global na
meta de 1,5° Celsius, seriam necessários mais de cem projetos de CCS. A
fim de eliminar 270 milhões de toneladas de poluição de dióxido de
carbono por ano, de acordo com a Agência Internacional de Energia (IEA).
No entanto, os custos dessa ampliação não atraem as grandes
indústrias. Assim, soltar esse gás na atmosfera é muito mais barato.
Entenda o que é aquecimento global no vídeo abaixo:
Ainda, para além das dificuldades dessa tecnologia de captura, o
armazenamento também passa a ser pauta de debate. Existem diversos
riscos envolvendo as técnicas de armazenamento geológico desse gás do
efeito estufa, como a ocorrência de terremotos e vazamentos acidentais.
Tecnologia sustentável e captura e armazenamento de carbono
Para cientistas como Peter Eisenberg, fundador da Global Thermostat,
uma tecnologia que não retira dióxido de carbono da atmosfera não é
sustentável. Nas palavras de Eisenberger Por que gastar tanto tempo,
energia e ingenuidade chegando com soluções que não são realmente
soluções?. Segundo ele, apenas a tecnologia que remove o gás já
presente no ar poderia ser a solução chamada de “carbono-negativo”. E,
assim, viabilizar a comercialização do composto comprimido no mercado.
Assim, a tecnologia que retira o CO2 diretamente do ar surge com a
promessa de resolver os problemas em torno do CCS. Ao contrário da
captura tradicional, a ferramenta não precisa ser acoplada diretamente
nas fontes poluidoras para seu funcionamento. Ela utiliza filtros e
produtos químicos para realizar essa captura.
Como a captura é feita através da atmosfera, o carbono capturado
diretamente é proveniente de vários tipos de emissões. Alguns exemplos
são as de carro ou avião, transportes responsáveis por metade da
liberação de gases do efeito estufa (GEE)
no planeta. Dessa forma, diferentemente das técnicas de capturas
tradicionais que exigem uma remodelagem do complexo industrial, ela pode
ser mais facilmente instalada.
Além disso, os defensores da captura pela atmosfera afirmam que essa
tecnologia permite uma redução significativa dos custos e dos gastos
energéticos. Uma vez que ela não precisa de elevadas temperaturas e
concentrações para o seu funcionamento. A ferramenta também tem outras
vantagens, como processos comprovados, maior pureza do gás carbônico e
maior flexibilidade na localização.
As técnicas de captura e armazenamento de carbono aparecem
como uma ajuda extremamente importante, porém apresentam consequências a
serem ponderadas. A captura pelo ar parece diminuir muitos desses
efeitos ou dificuldades de implementação. No entanto, o fato de que as
fontes de energia devem ser substituídas não muda.
Ives Gandra da Silva Martins é professor emérito das universidades
Mackenzie, Unip, Unifieo, UniFMU, do Ciee/O Estado de São Paulo, das
Escolas de Comando e Estado-Maior do Exército (Eceme), Superior de
Guerra (ESG) e da Magistratura do Tribunal Regional Federal – 1ª Região,
professor honorário das Universidades Austral (Argentina), San Martin
de Porres (Peru) e Vasili Goldis (Romênia), doutor honoris causa das
Universidades de Craiova (Romênia) e das PUCs PR e RS, catedrático da
Universidade do Minho (Portugal), presidente do Conselho Superior de
Direito da Fecomercio -SP, ex-presidente da Academia Paulista de Letras
(APL) e do Instituto dos Advogados de São Paulo (Iasp).
Faleceu na segunda-feira, 12/8, um querido amigo, Antonio Delfim Netto, aos 96 anos. Nem sempre, contudo, fomos amigos.
Em 1968, quando era o todo-poderoso Ministro da Fazenda, do governo
Costa e Silva, Delfim Netto pediu o confisco dos meus bens e a abertura
de um Inquérito Policial Militar (IPM) contra mim, por entender que os
honorários advocatícios que eu recebera de um determinado cliente, cuja
defesa estava fazendo com vitórias em primeira instância, eram produto
de um sonegador, e pretendeu – foi manchete dos jornais daquela época -,
que houvesse o confisco de todos os meus bens. Isso em pleno Ato
Institucional nº 5, ou seja, 2 meses depois, em 12 de fevereiro de 1969.
Era um período em que das pessoas que respondiam aos IPMs, muitos não
voltavam. Foi assim com o jornalista Vladimir Herzog, que morreu durante
um IPM.
Felizmente, quem mandava iniciar o inquérito era o ministro da
Justiça, que fora meu professor na Faculdade de Direito da USP, o
Ministro Gama e Silva. Ele entendeu que os honorários advocatícios não
tinham nenhuma vinculação com a vida de quem defendia, até porque eu
estava ganhando a questão na justiça. O Ministro Gama e Silva nunca
mandou intimar-me. Eu mesmo disse aos jornais, quando veio a notícia,
que o Ministro poderia me investigar, pois eu não tinha nada a esconder.
Vale ressaltar que os honorários só foram descobertos porque eu os
declarara, numa época em que poucos faziam a declaração do que ganhavam
na advocacia, pelo menos a declaraça o completa.
Com o passar do tempo, Delfim e eu passamos a manter relações. Ele
mesmo disse que a briga não era pessoal, mas técnica. Ficamos amigos. Em
1986, fundamos a Academia Internacional de Direito e Economia. Entre os
economistas, estavam ele, Roberto Campos, Ernane Galvêas, Mário
Henrique Simonsen, Carlos Langoni, Afonso Celso Pastore e, entre os
juristas, Manoel Gonçalves, Celso Bastos, Moreira Alves, Oscar Correia e
outros. Fui seu primeiro presidente.
A nossa amizade cresceu. Em 1986/1987, depois de uma audiência
pública feita na Assembleia Nacional Constituinte – ele presidia a
subcomissão de reforma da ordem econômica -, chegou a declarar ao Estado
de São Paulo que eu seria um excelente candidato a prefeito da cidade.
Escrevemos quatro livros juntos e demos algumas palestras. Sempre
tive uma grande admiração pelo Delfim, porque ele tinha precisão gráfica
para definir situações com frases que eram cirúrgicas para aquele
momento. Era um esplêndido economista, um cidadão absolutamente preciso e
pragmático no que fazia. Como cidadão, apesar de ter participado do
governo militar, sempre manteve contato com todas as áreas acadêmicas e
políticas. Foi deputado e foi titular da FEA, na Universidade de São
Paulo. Nosso último encontro foi durante uma palestra que demos juntos,
há dois ou três anos, na Fecomercio.
Nunca ninguém entendeu como é que nos tornamos bons amigos depois
daquilo que houve em 1968. José Renato Nalini chegou a dizer que o meu
baú de ressentimentos não tem fundos, por isso é que a amizade fora
possível.
Estou convicto de que o Brasil perdeu um grande economista.
Hoje, o que está faltando no país são bons economistas. Nomes
reconhecidos no exterior, grandes expressões, economistas não da área
privada, mas sim atuantes no poder público. Roberto Campos Neto é
excelente presidente do Banco Central. Mas nós não estamos vendo mais
expressões como aquelas que, num determinado momento, chegaram a
produzir o Plano Real, a enfrentar a grande crise da década de 1980,
como fez Delfim, “sentando” sobre a inflação quando ela chegou a 200% ao
ano, após permitir um crescimento exponencial do Brasil como na década
de 1970, que nos levou, de um país desconhecido no cenário
internacional, a ser uma das potências mundiais na economia.
Mesmo no período inflacionário, o Brasil nunca teve uma
“hiperinflação”, mas apenas uma “super inflação” incapaz de desorganizar
a economia.
Sinto muito a morte do Delfim. Conversei com Galvêas, pouco antes de
ele falecer (aos 99 anos), sobre a importância de Delfim Netto para este
país. Ele também foi companheiro do Delfim e fundador da Academia
Internacional de Direito e Economia, criada para mantermos um diálogo
entre os economistas e os juristas, de tal modo que os juristas
entendessem as questões econômicas e os economistas não se aborrecessem
com as questões jurídicas.
De fato, um economista como Delfim fará falta ao Brasil, porque mesmo
nos últimos tempos, já doente – ele sofria de gota há muitos anos -,
ainda quando consultado, tinha aquele humor cirúrgico, que definia
situações com brilhantismo único.
Tenho a impressão de que o Brasil está ficando sem suas grandes
inteligências, que precisam ser renovadas, mas para isso precisamos que
todos pensem menos ideologicamente, e mais pragmaticamente, procurando
olhar realmente para a ciência, a cultura, a educação, para o
crescimento do país, e não apenas alimentando-se de ódios passados, não
permitindo que o Brasil cresça. Que Deus o receba de braços abertos, é o
que eu desejo como seu velho amigo.
Saiba quais são os benefícios de ter uma cultura de feedback bem
estruturada na sua empresa e algumas técnicas para aplicá-lo de maneira
eficiente
Foto: Pexels
O feedback é uma ferramenta essencial para o desenvolvimento profissional dentro das empresas, contribuindo significativamente para a gestão de pessoas e o aprimoramento contínuo dos colaboradores.
Em toda a minha jornada profissional, os primeiros feedbacks que eu tive foi quando ingressei em um banco e o processo era todo estruturado.
Confesso que no começo da minha trajetória eu não dava tanta
importância assim, afinal de contas, estar em uma empresa era o que
trazia a motivação principal. No meu viés de Pessoa com Deficiência, achava que só o fato de ter uma oportunidade profissional eu deveria ser grata.
Mas, ao longo dos anos fui percebendo que o feedback era importante para o desenvolvimento da nossa carreira profissional e o mais importante era saber lidar com os feedbacks positivos e negativos e como trabalhar ao longo do ano.
Existem vários tipos de feedback, cada um com seu propósito específico:
Construtivo: aponta áreas de melhoria com sugestões práticas.
Positivo: elogia comportamentos ou resultados específicos.
Negativo: destaca comportamentos que precisam ser corrigidos de forma cuidadosa.
Pessoal: relaciona-se ao comportamento social do colaborador no trabalho.
Recebemos estes feedbacks cada um em um momento específico e de
acordo com o que estamos vivenciando na nossa jornada profissional.
Os mais difíceis de lidar com certeza são os feedbacks negativos e/ou pessoal,
pois envolvem aquilo que talvez trabalhemos de forma equivocada ou que
tem algo em nosso comportamento que é necessário modificar, o que pode
estar prejudicando nos nossos relacionamentos com os colegas de
trabalho.
O feedback traz benefícios e quando bem aplicado pode:
Melhorar a comunicação: abre canais para diálogos mais francos e diretos.
Aumentar a motivação: colaboradores que recebem feedback se sentem mais valorizados e motivados.
Desenvolver habilidades: ajuda na identificação de áreas para desenvolvimento e aprimoramento.
Reduzir a rotatividade: colaboradores satisfeitos e bem orientados tendem a permanecer mais tempo na empresa.
E temos algumas técnicas eficazes que podemos trabalhar ao longo do nosso processo utilizando as principais ferramentas:
Técnica do Sanduíche: alterna feedbacks positivos e negativos.
Feedback 360 Graus: envolve feedbacks de todos os níveis hierárquicos.
Método STAR: situação, Tarefa, Ação, Resultado – detalha o contexto do feedback.
Técnica do feedforward: foca no futuro e no que pode ser melhorado adiante.
E para implementarmos é necessário ter um sistema eficaz de avaliação de desempenho, para isso precisamos de:
Treinamento de Líderes: capacitar gestores para dar e receber feedback de maneira construtiva.
Cultura de Feedback: promover uma cultura onde o feedback seja visto como uma ferramenta de crescimento, e não como crítica.
O feedback quando bem estruturado e feito de forma organizada, nos ajuda a nos entender como profissionais e principalmente a traçar planos, estratégias e metas para alcançar resultados na nossa vida pessoal e profissional. E é necessário que ocorra para que a gente possa corrigir possíveis erros na nossa jornada profissional.
O feedback é um componente vital para o
desenvolvimento profissional e o sucesso das empresas. Implementar uma
cultura de feedback construtivo pode transformar a dinâmica interna,
resultando em equipes mais coesas e eficientes.
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Participe do evento que reúne as maiores lideranças em gestão de
pessoas para promover reflexões sobre os temas mais relevantes e
compartilhar as mais recentes inovações e tendências do setor.
PROPÓSITO DE MARCA: POR QUE É IMPORTANTE E COMO DEFINIR O SEU
INOVAÇÃO SEBRAE MINAS GERAIS
No mercado de hoje, os consumidores têm uma infinidade de opções na
ponta dos dedos. Além disso, as pessoas estão mais próximas das marcas e
sempre atentas às falhas e às características daquelas não compatíveis
com as suas.
Se sua marca não representa algo, não defende uma causa ou tampouco
você tenha clareza do motivo de ela existir, além de propiciar que você
ganhe dinheiro, isso demonstra que você pode estar em apuros. É por isso
que você precisa saber mais sobre propósito de marca.
Neste artigo, vamos explorar não apenas o que é o propósito de uma
empresa, mas também como definir o seu e trabalhar para cumpri-lo.
O QUE É PROPÓSITO DE MARCA?
O propósito da marca é a razão para a marca existir além de
possibilitar o ganho monetário. É o principal ou os principais motivos
que levam as pessoas a trabalhar em torno dos objetivos da empresa.
Se você quer um propósito de marca realmente poderoso, ele precisa
estar relacionado ao produto ou serviço em si. Por exemplo, caso atue no
setor educacional, seu objetivo pode ajudar ativamente no aprendizado e
na formação das crianças.
Um restaurante especializado em comida de alguma região também é um
bom exemplo. Além de simplesmente oferecer refeições em troca de
dinheiro, aquela empresa pode ter como propósito difundir a cultura,
resgatar tradições e oferecer experiências típicas de certo lugar.
A IMPORTÂNCIA DO PROPÓSITO DE MARCA
O propósito da marca é importante porque mostra aos seus clientes que
você não é identificado apenas por seus produtos, serviços ou campanhas
publicitárias, isto é, essa visão extrapola. Você tem um objetivo que é
maior do que apenas obter lucro.
Novos clientes são atraídos pela ideia de que seus gastos podem fazer
mais do que apenas ajudá-los a adquirir bens e serviços – podem
fazê-los sentir parte de um esforço maior. Assim sendo, criar o seu
propósito geralmente faz a diferença não só para conquistar
consumidores, mas para transmitir a eles o senso de que estão gastando
com algo que importa e que combina com os próprios objetivos.
QUAL É A DIFERENÇA ENTRE VISÃO, MISSÃO E PROPÓSITO DE MARCA?
Na hora de fazer um planejamento estratégico, você provavelmente
aprendeu a definir a Visão e a Missão de uma empresa. Outro ponto é que
os valores de uma marca também são facilmente lembrados na hora de criar
um negócio ou planejar o trabalho.
Mas e o propósito da marca? Onde entra nessa história? Vamos às diferenças entre cada um dos termos!
O propósito é o ‘por que’ você existe: a razão de ordem superior para
ser uma marca ou empresa do que apenas ‘obter lucro’ ou ‘gerar valor
para o acionista’.
Visão é ‘aonde’ você quer chegar: Este é o destino do que você quer
que a marca ou a empresa seja no futuro (por exemplo, ‘Queremos ser o
fornecedor líder mundial de X até 2030’).
Missão ou Missões da empresa são o ‘o que’ você deve fazer para
chegar lá: podem ser iniciativas ou táticas específicas centradas no
desenvolvimento de produtos, excelência operacional, estratégias de
entrada no mercado ou comunicações de marca.
Os valores são o ‘como’ você gostaria de se comportar para alcançar o
objetivo: Qual é a cultura organizacional de uma empresa ou
organização? E quais são as qualidades ou o comportamento que valoriza:
por exemplo, curiosidade, inclusão, diversidade de pensamento, etc.
COMO ENCONTRAR O PROPÓSITO DE MARCA
Se deseja definir seu propósito de marca ou criar um totalmente novo,
você precisa ter certeza de que ele é autêntico, antes de mais nada.
Por exemplo, se o seu propósito centra-se na ética, é essencial que
você demonstre integridade e credibilidade em todas as áreas do negócio –
desde a contratação de pessoal até o fornecimento de material. Em um
mundo no qual as notícias se tornam virais em questão de minutos, as
empresas não podem se esconder dos escândalos e precisam minimizar esse
risco, sendo genuínas.
ENTÃO, POR ONDE COMEÇAR O TRABALHO DE DEFINIR O PROPÓSITO DE MARCA?
A dica essencial é simples e direta. Veja o que o mundo precisa, o
que seu cliente quer e o que você oferece. Seja honesto em relação à sua
paixão como empresa, mas mantenha seu público-alvo e clientes em mente
durante todo o processo. É uma ótima ideia aproveitar essa oportunidade
para entender melhor, via pesquisa qualitativa, o que é importante para o
seu cliente.
Além disso, não se esqueça do valor de sua equipe! Todos eles terão
as próprias ideias sobre a marca e o que isso significa para eles.
Ao tentar descobrir o propósito da sua marca, pode ser tentador
escolher um assunto popular como o “empoderamento feminino”, mas você
precisa ser honesto sobre o que o inspira e partir daí.
Se o objetivo não corresponder ao seu produto ou serviço, ele não
parecerá autêntico. Lembre-se: não precisa ser baseado em caridade, no
desejo de mudar o mundo ou ser complexo demais.
Também é importante não entrar em pânico se você já tem um propósito
de marca, mas percebeu que ele não combina com sua marca ou público.
Basta mudá-lo! Os clientes esperam que as marcas cresçam e se
modernizem, já que ter uma nova ideia é melhor do que continuar com uma
inadequada.
COMO COMUNICAR O PROPÓSITO AO PÚBLICO?
Então, você decidiu o propósito da sua marca. Agora é hora de informar as pessoas sobre isso.
A maioria das marcas opta por não explicá-lo explicitamente,
comunicando seu propósito de marca de forma que envolva e inspire o
cliente, usando imagens e campanhas. Suas plataformas de comunicação de
mídia, site e marketing impresso precisam ser consistentes e estar
alinhadas buscando enviar a mesma mensagem.
Dependendo da sua estratégia e do tamanho do seu negócio, agora você
pode começar a criar campanhas de marketing com base no seu objetivo.
Slogans são uma ótima maneira de chamar a atenção das pessoas e mostrar a
direção para qual você está indo.
Caso você represente uma empresa menor que não tem estrutura para
criar grandes campanhas, o propósito da sua marca pode ser comunicado
nas contas de mídia social e no ambiente do seu escritório.
Afora isso, lembre-se sempre de que ações valem mais do que palavras.
Nesse caso, se definiu o seu propósito de forma honesta e verdadeira,
você não terá problemas em mostrar no dia a dia do negócio a forma como
ele é traduzido.
Já que estamos falando de propósito, que tal criar um Manual de Marca
da sua empresa? Saiba como principais motivos que vão convencer você da
importância de elaborar um manual de marca para o seu negócio.
Miguel Nicolelis é professor emérito da Duke University, fundador Instituto Nicolelis de Estudos Avançados do Cérebro. – Forbes Brasil
Alguns dias atrás, para minha total surpresa, eu experimentei o meu
primeiro, e certamente último, momento Warren Buffett. Esta verdadeira
epifania, mais do que inesperada, se deu durante uma mesa redonda (em um
evento de varejo) do Fórum E-commerce Brasil, realizado em São Paulo,
que focou nos impactos humanos do verdadeiro dilúvio de desinformação e
marketing fantasioso promovido pela introdução da chamada inteligência
artificial generativa (IAG).
Num certo momento desta conversa, baseado em vários prognósticos
recentes, divulgados por analistas de mercado americanos, tanto do setor
privado como acadêmico, eu ousei profetizar que a bolha de quase 1 trilhão de dólares da área de IA,
formada pelos investimentos descomunais de grandes empresas, bem como
um infindável universo de startups, estava prestes a estourar – ou
“pop”, como dizem os americanos – arrastando consigo as bolsas de
valores por todo o mundo. Difícil dizer quantos presentes na plateia
naquela tarde puseram qualquer fé num prognóstico mercadológico feito
por alguém totalmente removido do dia a dia do mundo financeiro.
Todavia, menos de uma semana depois, alguns dos presentes devem ter se
lembrado do vaticínio da pitonisa de ocasião quando, ao acordar, se
deram conta que as bolsas ao redor do mundo haviam sofrido perdas
significativas estimadas em aproximadamente 6.5 trilhões de dólares,
mais que 3 vezes o PIB brasileiro em 2023, em apenas um pregão cabuloso –
como um amigo meu gosta de dizer – de segunda-feira. Verdade seja dita
que um dos principais componentes de tal queda foi a desaceleração da
economia americana.
Todavia, os sinos, alarmes, e sinais de fumaça disparados com as múltiplas predições – inclusive de um economista renomado do MIT –
que os investimentos mais que exuberantes em AI generativa podem jamais
gerar um retorno financeiro significativo, quer para as empresas quer
para o PIB dos países, desempenhou um papel de coadjuvante fundamental
no “mini-crash” das bolsas mundiais. Enquanto isso se dava, o verdadeiro
Warren Buffett anotava no seu caderninho pessoal de contabilidade,
certamente escrito à mão, os mais de 270 bilhões de dólares acumulados
com a venda de suas ações bem antes do crash, incluindo boa parte dos
seus investimentos na gigantesca Apple, que junto com as outras chamadas
7 maravilhas do mundo “Big Tech” perderam em média 11% dos seus valores
de mercado. Entre estas 7, inclui-se a NVIDIA que recentemente havia se
transformado na empresa com maior valor de mercado do mundo. Mesmo
assim, não escapou da carnificina promovida por investidores com polpas
digitais trêmulas de ansiedade
Mas todo este verdadeiro churrasco de ações de empresas de IA pode
ser apenas o primeiro salvo de um braseiro ainda muito maior e
devastador. Sem que muitos notassem, alguns dias antes do crash das
bolsas – precisamente no dia 25/07/2024 – um grupo de matemáticos
ingleses e canadenses (Shumailow et. al., 2024) publicou um artigo na
prestigiosa revista Nature que, na minha humilde opinião, pode vir a se
tornar um clássico na literatura de IA. Não pelas razões que os seus
adeptos desejariam. Neste estudo, os autores demonstram que a medida que
textos produzidos por modelos conhecidos como LLM (do inglês Large
Language Models), que são a base de aplicativos como Chat-GPT-3 e
Chat-GPT, passarem a dominar o conteúdo disponível na internet e,
inadvertidamente, começarem a ser usados para o treinamento de novas
gerações de LLMs, estes últimos modelos tenderiam a sofrer o que os
autores chamaram de “colapso”. Este colapso foi definido como “um
processo degenerativo que afeta gerações de modelos generativo que
ocorre quando os dados que eles produziram, numa geração anterior,
passam a fazer parte ou “poluir” o grupo de dados de treinamento usados
para que uma nova geração de modelos possa aprender”. Como resultado
desta “poluição recursiva”, os novos modelos passariam a se distanciar
cada vez mais dos dados que representam textos verdadeiros produzidos
por interações humanas reais. Desta forma, estas futuras gerações de
modelos gradualmente perderiam a sua capacidade preditiva e se
transformariam em ferramentas inúteis. Mais do que isso, no limite, tal
colapso elevaria dramaticamente o valor dos dados – textos, imagens,
vídeos – derivados de interações humanas genuínas, levando,
consequentemente, à uma explosão no custo para se obter as gigantescas
coleções de dados (na ordem de muitos milhões de eventos) necessárias
para treinar futuros LLMs.
Não é preciso ter um doutorado em estatística para reconhecer a
tremenda sinuca de bico que este artigo criou para todos os envolvidos
com o desenvolvimento de aplicações de AI generativa baseadas em LLMs.
Trocando em miúdos, o que este estudo revelou é que quanto maior o
monopólio atingido por estes modelos – a real intenção desta e qualquer
outra industria – , maior a chance deles “colapsarem” num futuro
próximo! Pior ainda, este estudo escancarou o verdadeiro tamanho do
risco que investidores em todo mundo vão enfrentar ao continuar a torrar
seu dinheiro cegamente em mais uma das falácias de uma área que
proporcionou tantas outras bolhas na sua já longa história – quase 70
anos – de promessas inexequíveis e revoluções jamais realizadas.
Culminando com a mais recente delas, a qual eu usualmente me refiro como
construir um futuro sem futuro para a humanidade.
Surpreso? Eu me explico. Caso aplicações de IA generativa, que usam
como matéria prima enormes repositórios de dados obtidos no passado –
nem sempre com consentimento dos seus geradores, nós os consumidores,
diga-se de passagem – para treinar seus LLMs, se tornem difundidas por
todas as atividades humanas, no limite, toda humanidade seria condenada a
viver num futuro onde nada literalmente novo é criado; porque tudo
seria derivado apenas da massagem algorítmica em larga escala de algum
domínio do conhecimento humano produzido no passado. Tudo isso sem
nenhuma transparência de como o resultado foi obtido, uma vez que o
processo central por detrás destas aplicações, batizado com o grandioso
nome de “deep learning”, é totalmente imune a qualquer escrutínio ou
auditoria que permita revelar como os seus resultados mirabolantes –
quase mágicos para alguns adeptos mais fanáticos – foram gerados. Assim,
se um LLM for treinado com todos os textos que Machado de Assis
escreveu na sua vida, este modelo só será capaz de produzir textos que
se assemelham aquilo que o autor de Memórias Póstumas de Brás Cubas
produziu mais de um século atrás. Deste angu de dados, porém, jamais
sairia um novo Gabriel Garcia Marquez ou Shakespeare. Da mesma forma, um
sistema treinado com todas as sinfonias de Mozart jamais seria capaz de
produzir uma nova canção dos Beatles, ou qualquer outro tipo de
movimento musical inovador. Por não ser nem inteligente – apenas os
organismos o são – nem artificial – milhões de seres humanos precisam
labutar as escondidas para que ela funcione – a tal IA, cantada em verso
em prosa como a mais sofisticada das tecnologias de processamento de
dados a emergir durante toda a Era Digital, seria totalmente incapaz de
imitar ou replicar a épica e extraordinária façanha de quase 110 bilhões
de seres humanos que, ao longo dos últimos 300 mil, anos construíram um
futuro verdadeiramente original e criativo. Basicamente, seria o fim
desta esplendorosa corrida de revezamento em que homens e mulheres de
uma dada geração, individual e coletivamente, graças as suas habilidades
cognitivas, construíram pelas próprias mãos, algo que nenhuma máquina
digital ou algoritmo será capaz de parir: um futuro genuinamente tão
imprevisível, quanto inovador.
Em outras palavras, um futuro onde ainda haverá esperança de se criar
um mundo melhor! Se Warren Buffet me permitir mais um momento usando os
seus sapatos, é neste futuro que eu colocaria todas as minhas fichas.
Silvio Santos morreu na madrugada deste sábado, 17, em decorrência de uma broncopneumonia, aos 93 anos de idade. No início da tarde, o SBT divulgou uma carta assinada pela “família Abravanel”
falando sobre a morte do comunicador. Suas filhas, Patricia, Rebeca,
Silvia, Renata, Cinthia e Daniela, além de sua mulher, Iris Abravanel,
têm uma ligação íntima com a emissora.
O apresentador Silvio Santos, dono do SBT, e a filha Patrícia Abravanel. Foto: Lourival Ribeiro/SBT
Na carta, falam sobre um “desejo” do apresentador para quando
morresse: “que o levássemos direto para o cemitério e fizéssemos uma
cerimônia judaica. Ele pediu para que não explorássemos a sua passagem”.
Com isso, não deve haver uma cerimônia de velório ou enterro aberta ao
público, como acontece com algumas celebridades.
Os familiares ainda destacam ao público que guarde boas lembranças do
apresentador, como um homem que “amou o Brasil e os brasileiros”.
Silvio Santos deve ser enterrado no Cemitério Israelita do Butantã, em
São Paulo.
Confira a íntegra da carta da família de Silvio Santos
Colegas de auditório, colegas de uma vida, o que dizer para vocês
nesse momento? Acreditamos que muitos de vocês estejam compartilhando
da mesma saudade que nós hoje estamos sentindo.
Queremos dizer para vocês que por muitas vezes, ao longo da vida,
a medida que nosso pai ia ficando mais velho, ele ia expressando um
desejo com relação à sua partida. Ele pediu para que assim que ele
partisse, que o levássemos direto para o cemitério e fizéssemos uma
cerimônia judaica. Ele pediu para que não explorássemos a sua passagem.
Ele gostava de ser celebrado em vida e gostaria de ser lembrado com a
alegria que viveu.
Ele nos pediu para que respeitássemos o desejo dele. E assim vamos fazer.
Por este motivo, pedimos a compreensão de todos vocês. De guardar
na memória tudo de bom que ele fez e de tantas alegrias que ele nos
trouxe ao longo dos anos. Ele foi muito feliz com tudo que fez. E sempre
fez tudo do fundo do seu coração. Ele amou o Brasil e os brasileiros.
Dono do SBT, o apresentador e empresário Silvio Santos, morto neste sábado (17/8),
aos 93 anos, não deu trabalho apenas para a TV Globo, ao ameaçar por
diversas vezes o primeiro lugar de audiência da maior emissora do país.
Em 1989, o comunicador também incomodou – e muito – o líder das pesquisas para a presidência da República, Fernando Collor de Mello.
O jovem e ambicioso governador de Alagoas, a despeito de concorrer
com um partido pequeno, o Partido da Renovação Nacional (PRN), contava
com o apoio declarado da maioria do empresariado e do todo-poderoso
presidente das Organizações Globo, Roberto Marinho.
“Ele [Collor] é mais assentado, mais ponderado e mais equilibrado,
com suas boas ideias privatistas (…) Vou influir o máximo possível a
favor dele”, declarou Marinho, numa rara entrevista à Folha de S. Paulo.
A candidatura presidencial de Silvio Santos, oficializada de última
hora no dia 31 de outubro de 1989, a duas semanas do primeiro turno,
começou a ser gestada a partir de duas disputas, uma política e outra
empresarial.
Apesar de surgir como o nome mais forte para derrotar os dois grandes
candidatos da esquerda, Lula e Leonel Brizola, Collor não era uma
unanimidade entre o establishment político. Sobretudo por se projetar
nacionalmente como um crítico feroz dos donos do poder mesmo sendo fruto
da elite política alagoana.
Filho do senador Arnon de Mello, um dos cardeais da Arena, partido de
sustentação da ditadura militar, Collor elegeu como principal alvo de
seus ataques o então presidente José Sarney.
Velha raposa da política brasileira, Sarney decidiu se mexer. Para
isso, escalou três cardeais do Partido da Frente Liberal (PFL), Hugo
Hugo Napoleão, Edison Lobão e Marcondes Gadelha. O objetivo era tentar
convencer Aureliano Chaves, candidato do partido à presidência, com
minguados 2% nas pesquisas, a desistir da disputa.
Ele sairia de cena para dar lugar a um candidato muito mais popular e
carismático, conhecido de todos os brasileiros, que entraria no pleito
com pelo menos 20% das preferências de votos para fazer frente a
Fernando Collor: Silvio Santos.
Apesar de nunca ter exercido um cargo político, o animador não era
propriamente um outsider. Como proprietário do segundo maior canal de
televisão do país, mantinha relação estreita com todos os presidentes da
República, o próprio Sarney e também os da ditadura militar.
Foi durante esse período que ele obteve autorização para operar
canais de TV no Rio, São Paulo, Porto Alegre e Belém, o que possibilitou
ao conglomerado a formação do Sistema Brasileiro de Televisão, o SBT.
Sarney era elogiado frequentemente no programa “Semana do
Presidente”. O quadro foi criado em 1981, em pleno mandato do general
João Figueiredo, para divulgar os feitos do Planalto, sempre num tom
ufanista.
Silvio Santos havia recusado inúmeros convites para entrar na
política. Mas, em 1989, a ideia lhe pareceu tentadora. Mesmo que ele
perdesse o segundo turno para um nome da esquerda, uma vitória já estava
assegurada: a implosão do candidato preferido da TV Globo e do Ministro
das Comunicações, Antônio Carlos Magalhães.
ACM era dono de uma afiliada da emissora na Bahia e mantinha laços
históricos com Roberto Marinho. Com Collor presidente, o abismo que
separava a emissora mais poderosa do país das demais concorrentes
aumentaria ainda mais.
Os três escudeiros de Sarney estavam próximos de convencer Aureliano
Chaves a ceder a chapa para Silvio Santos – o que só não aconteceu por
conta da rápida intervenção do empresário Antônio Ermírio de Moraes.
O dono do grupo do Votorantim, assim como seus colegas da Federação
das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), temia que a entrada de
Silvio Santos na disputa contribuísse para dividir os votos da direita.
Com os votos concentrados em Collor, este campo político tinha
representação assegurada no segundo turno do pleito.
Ermírio de Moraes prometeu a Aureliano Chaves o que nenhum outro
cacique do seu partido havia garantido: dinheiro para a sua campanha.
Três dias depois do jantar com o dono da Votorantim, Aureliano voltou
atrás e manteve a candidatura pelo PFL. Restou a Silvio Santos tentar a
disputa em um partido de pouca expressão.
E assim, depois de uma rápida negociação, ele tomou o lugar do pastor
Armando Corrêa, candidato do nanico Partido da Mobilização Nacional
(PMB).
O pedido de registro para a chapa Silvio Santos e Marcondes Gadelha
foi feito a apenas 11 dias das eleições. Era época de voto impresso e as
cédulas eleitorais já estavam prontas com o nome de Armando Corrêa.
Problema parcialmente resolvido pelo talentoso animador de auditório.
Com pouquíssimos segundos no horário eleitoral, Silvio Santos tentou
ser o mais didático possível: “No dia das eleições, não haverá Silvio
Santos na cédula. Vocês deverão colocar o X e marcar 26. Por favor, não
escrevam na cédula porque anularão o voto”, disse. “E podem acreditar: o
Silvio Santos vai lutar por vocês, defender os interesses do povo e o
desenvolvimento do Brasil. Quem acredita em mim deve votar no 26.”
Com a entrada de Silvio Santos na disputa, o temor da FIESP se
confirmou. As pesquisas indicaram que o novo postulante tirava votos de
Collor.
A poucos dias do pleito, entraram em cena dois obscuros personagens
da política brasileira, ainda desconhecidos dos corredores de Brasília,
mas que mais tarde estariam estreitamente ligados a dois processos de
impeachment enfrentados por presidentes da República: PC Farias e
Eduardo Cunha.
Tesoureiro da campanha de Fernando Collor, PC Farias colocou em campo
um de seus mais aguerridos funcionários, responsável pela arrecadação
do comitê de campanha no Rio e que já demonstrava um talento raro para
circular entre as esferas de poder.
Habilidade que rendeu a Eduardo Cunha, ex-economista da Xerox do
Brasil, o apelido – dado por PC – de “papabiru”. Mistura de papagaio
(por conta do nariz, proeminente) com gabiru, um tipo de rato esperto e
traiçoeiro.
Eduardo Cunha agiu rápido e com enorme eficiência ao descobrir que o
partido de aluguel de Silvio Santos, o PMB, não havia promovido
convenções em um mínimo de Estados, como mandava a legislação.
No dia 9 de novembro de 1989, a menos de uma semana das eleições, o
Tribunal Superior Eleitoral barrou, por 7 votos a 0, a candidatura de
Silvio Santos, deixando livre o caminho para Collor. Agradecido, PC
Farias conseguiu para Cunha a presidência da Telerj, a estatal de
telefones do Rio.
Com Silvio Santos fora da jogada, Collor levou o primeiro turno, com
30% dos votos, quase o dobro de votos do segundo colocado, Lula. No
segundo, a disputa com o petista foi mais apertada. O candidato do PRN
venceu por 53% a 46% e, assim, se tornou o primeiro presidente eleito
por voto direto após a ditadura militar.
Sabotado de novo pelo PFL
Em 1992, três anos depois da frustrada tentativa de chegar à
presidência da República, Silvio Santos decidiu entrar novamente para a
política.
Lançou-se como pré-candidato à Prefeitura de São Paulo. De novo,
assim como em 1989, os diretores do PFL mexeram os pauzinhos para
enfraquecer a sua candidatura, com a diferença de que, desta vez, o
apresentador estava filiado ao Partido da Frente Liberal.
Durante a convenção para escolher o candidato da sigla, o grupo
contrário à sua candidatura trocou sopapos e chutes com seus apoiadores.
No fim, o deputado Arnaldo Faria de Sá acabaria sendo o escolhido para
concorrer à corrida pela prefeitura paulistana, vencida por Paulo Maluf.
O nome do animador foi cogitado em outras disputas eleitorais. Em
1988, o PFL chegou a ventilar seu nome para concorrer à prefeitura de
São Paulo. Dessa vez foi o próprio Silvio Santos que, prevendo novas
complicações e boicotes, não se empolgou com a ideia.
Em 2002, com a iminente vitória de Lula ao Planalto, alguns
empresários tentaram vendê-lo como o único candidato com chances de
derrotar o PT. Silvio animou-se, mas, de novo, não conseguiu criar
musculatura partidária para seguir adiante.
Nos bastidores, porém, nunca deixou de exercer imenso poder, mantendo
boas relações com todos os presidentes, independente da coloração
ideológica.
Lula lamentou a sua morte:
“A maior personalidade da história da televisão brasileira”. Com Jair
Bolsonaro a proximidade foi muito maior. Em 2020, o então presidente
recriou a pasta das Comunicações, extinta quatro anos antes, para
entregá-la a Fábio Faria, casada com Patrícia Abravanel, uma das filhas
do apresentador.
Entenda por que a Pira da Democracia está apagada em Brasília
O Panteão da Pátria, em Brasília, passa por um apagão ao menos desde o
fim do mês passado. O monumento que fica na Praça dos Três Poderes, na
capital federal, possui uma chama – a pira – que deveria permanecer
sempre acesa. Por que a pira está apagada? O equipamento foi desligado
para manutenção e para evitar vazamento de gás. Quando a chama será
ligada novamente? A Secretaria de Cultura e Economia Criativa do
Distrito Federal, responsável pelo local, não informou quando o problema
será resolvido. A situação já ocorreu outras vezes? Sim. O Panteão da
Pátria passou por reformas antes e chegou a ser fechado. Em 2018, após
sete meses de manutenção, a chama voltou a ser acesa. Ela estava apagada
havia dois anos por recomendação da Defesa Civil devido a um vazamento
de gás. O que foi trocado na ocasião? À época, todo o sistema de
alimentação e reserva de gás foi trocado. A obra custou cerca de R$ 150
mil. Além da reforma da pira, foi feita uma limpeza e a substituição das
pedras de mármore que estavam quebradas. Quem criou o Panteão da
Pátria? Construído em concreto revestido de mármore branco, com o
formato de uma pomba, a obra foi projetada por Oscar Niemeyer. O que
significa o monumento? Concebido como uma homenagem ao ex-presidente
Tancredo Neves, à liberdade e à democracia, ele possui uma pira, sempre
acesa, que representa o fogo simbólico da pátria. Quando foi lançado? O
monumento foi inaugurado em 7 de setembro de 1986 pelo então presidente
da República, José Sarney. Outras obras fazem parte dele? Sim. O Panteão
da Pátria abriga ainda um painel sobre a inconfidência mineira, pintado
por João Câmara Filho, e o Mural da Liberdade, do artista Athos Bulcão.
É considerado um patrimônio nacional? Sim, desde 2007, quando o local
foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
(Iphan).
História de CATIA SEABRA E JULIA CHAIB – Folha de S. Paulo
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Um jantar em Brasília na noite de
terça-feira (13) reuniu autoridades e integrantes do STF (Supremo
Tribunal Federal) e serviu como nascedouro para a reação coordenada, em
forma de desagravos, ao ministro Alexandre de Moraes.
Horas antes, a Folha havia publicado uma reportagem que revelou que o
gabinete de Moraes no STF ordenou, por mensagens e de forma não
oficial, a produção de relatórios pela Justiça Eleitoral para embasar
decisões do próprio ministro contra bolsonaristas no inquérito das fake
news no Supremo durante e após as eleições de 2022.
Diálogos aos quais a reportagem teve acesso mostraram como o setor de
combate à desinformação do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), presidido
à época por Moraes, foi usado como um braço investigativo do gabinete
do ministro no Supremo.
O encontro na noite de terça ocorreu na comemoração do aniversário de
Guiomar Mendes, esposa do ministro do STF Gilmar Mendes. A festa foi
realizada na casa de uma das filhas de Guiomar, que é advogada.
Apesar do clima de descontração que marcou o jantar, as revelações feitas pela reportagem dominaram algumas rodas de conversas.
Reunidos em um grupo no canto do salão, ministros do STF defenderam a
conduta de Moraes no inquérito das fake news e criticaram o teor de
reportagem da Folha.
Os ministros presentes avaliaram ainda que o STF estava sob ataque e
lembraram terem sofrido ameaças nos últimos anos. À exceção de Cármen
Lúcia, todos os ministros do STF passaram pelo aniversário de Guiomar.
Em determinado momento, agrupados em uma rodinha, os ministros Flávio
Dino, Cristiano Zanin, Edson Fachin, Gilmar Mendes e o próprio Moraes
esperavam a chegada do presidente do tribunal, Luís Roberto Barroso,
para avaliarem com ele a situação.
Os magistrados demonstravam indignação, segundo relatos de
participantes da celebração. Eles argumentaram que a democracia e a
imprensa estiveram sob ameaça durante o governo do ex-presidente Jair
Bolsonaro (PL).
Um participante chegou a descrever Moraes como um guerreiro que
travava uma batalha em defesa da democracia, mas sem quartel-general.
Passaram no aniversário diversas autoridades, entre elas o governador
do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), e o presidente da Câmara,
Arthur Lira (PP-AL). Dos ministros do governo Lula (PT), estiveram
Vinícius de Carvalho (Controladoria-Geral da União), Ricardo Lewandowski
(Justiça) e Jorge Messias (Advocacia-Geral da União).
Empresários e integrantes de outros tribunais também prestigiaram a festa.
Moraes aparentava estar calmo, de acordo com pessoas que estiveram
com o magistrado na ocasião. Ao final do evento, já de madrugada,
ministros do STF e integrantes do governo já falavam na necessidade de
fazer uma defesa pública do magistrado.
O resultado dessa primeira articulação foi visto na quarta (14).
Integrantes do Supremo combinaram pouco antes do início da sessão da
corte, no começo da tarde, de discursar em favor de Moraes.
O primeiro a falar foi Barroso. Ele afirmou terem ocorrido
interpretações erradas das mensagens trocadas por auxiliares do
ministro.
O presidente do STF avaliou que, como o condutor dos inquéritos das
fake news e das milícias digitais na corte era Moraes e, à época, o
ministro também presidia o TSE, “a alegada informalidade é porque
geralmente ninguém oficia a si próprio”.
“Na vida, às vezes existem tempestades reais e às vezes existem
tempestades fictícias. Acho que estamos diante de uma delas”, disse
Barroso.
Em seguida, Gilmar, em discurso lido, disse que “a censura que tem
sido dirigida ao ministro Alexandre, na sua grande maioria, parte de
setores que buscam enfraquecer a atuação do Judiciário e, em última
análise, fragilizar o próprio Estado democrático de Direito”.
Moraes falou em seguida. Segundo ele, o “caminho mais eficiente para a
investigação naquele momento era a solicitação [de relatórios] ao TSE”,
e “lamentavelmente, num determinado momento, a Polícia Federal pouco
colaborava com as investigações”.
Ministros do governo Lula também defenderam Moraes publicamente.
Jorge Messias (Advocacia-Geral da União) afirmou nas redes sociais
não ver irregularidades na conduta de Moraes. Disse que ele “sempre se
destacou por seu compromisso com a Justiça e a democracia”. “Do mesmo
modo, tem atuado com absoluta integridade no exercício de suas
atribuições na Suprema Corte”, escreveu nas redes sociais.
O ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) endossou o
comentário do colega de Esplanada em postagem. “Alguns fizeram
comparações indevidas com irregularidades cometidas por um certo juiz.
Mais uma tentativa frustrada de questionar a devida apuração e punição
dos crimes contra a democracia.”
Cultuado ator que estrelou várias produções de sucesso nos anos 1960 e
1970 trabalhou com diretores como Louis Malle, Michelangelo Antonioni e
Jean-Luc Godard. Em toda sua carreira, ele participou de mais de 90
filmes.Alain Delon, o cultuado ator francês que estrelou uma série de
clássicos nos anos 1960 e 1970, morreu aos 88 anos. A notícia foi
confirmada neste domingo (18/08) por sua família.
Delon participou de mais de 90 produções cinematográficas, com
cineastas como Louis Malle, Michelangelo Antonioni, Jean-Luc Godard,
Jean-Pierre Melville, Luchino Visconti, René Clément e Jacques Deray.
De aprendiz de açougueiro a astro de cinema
Alain Fabien Maurice Marcel Delon nasceu em 8 de novembro de 1935, em Sceaux, Hauts-de-Seine, nos arredores de Paris.
Após ser expulso de várias escolas, ele começou a trabalhar aos 14
anos como aprendiz de açougueiro, ao lado do pai. Em 1953, ele se
alistou como fuzileiro naval na Marinha francesa e chegou a participar
de combates na guerra colonial no Vietnã, mas acabou sendo dispensado em
1956.
Após uma série de trabalhos temporários, Delon iniciou a carreira de
ator em 1957 com uma pequena participação no filme Uma tal condessa, de
Yves Allégret.
Brilho nos anos 1960 e 1970
Ele acabaria se tornando um dos maiores astros do cinema europeu
entre as décadas de 1960 e 1970, estrelando clássicos como como O sol
por testemunha (1959), Rocco e seus irmãos (1960), O leopardo (1963), O
samurai (1967), A piscina (1969) e Cidadão Klein (1976).
Em 1997, Delon anunciou sua aposentadoria das telas, mas acabou
retornando em 2008 para assumir o papel do imperador romano Júlio Cesar
no filme Asterix nos Jogos Olímpicos.
Sua última aparição pública foi em maio de 2019, ao receber a Palma de Ouro honorária no Festival de Cannes.
“Alain Fabien, Anouchka, Anthony e [seu cão] Loubo lamentam
profundamente o falecimento de seu pai. Ele morreu tranquilamente em sua
casa em Douchy, rodeado pelos seus três filhos e pela sua família. A
família pede que respeitem sua privacidade neste momento de luto
extremamente doloroso”, dizia a nota enviada pelos filhos do ator à
imprensa francesa.