O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por 8 a 2, que é
inconstitucional a emenda aprovada pelo Congresso em 2022 que
estabeleceu estado de emergência devido ao aumento do preço dos
combustíveis e ampliou benefícios sociais a poucos meses das eleições e
que ficou conhecida como “PEC Kamikaze”. A decisão não tem efeitos
práticos para os benefícios distribuídos a partir da norma, mas servirá
como precedente para evitar a repetição de medidas que influenciem o
processo eleitoral. A ação foi ajuizada pelo Novo.
Prevaleceu o voto do ministro Gilmar Mendes, que votou pela
procedência parcial da ação. Ele defendeu ser preciso “afirmar em tese
que esse tipo de ingerência no processo eleitoral é inconstitucional”
para ter uma regra contra situações que venham a ocorrer no futuro.
“Valeu uma vez, não mais. Se não, corremos o risco de aprimoramento
desse modelo”, afirmou. Ele foi seguido pelos ministros Flávio Dino,
Alexandre de Moraes, Edson Fachin, Luiz Fux, Cármen Lúcia, Dias Toffoli e
Luís Roberto Barroso.
“Acredito que ninguém entenda que esse pacote de bondades não teve
influência eleitoral”, disse o ministro Alexandre de Moraes. Em dezembro
de 2022, quando a ação começou a ser julgada no plenário virtual,
Moraes havia acompanhado Mendonça, mas disse que decidiu mudar seu voto a
partir dos debates realizados na sessão de hoje.
O ministro André Mendonça, relator do processo, entendeu que houve
perda de objeto da ação em razão do “exaurimento dos efeitos” da medida.
Ele ficou isolado nessa posição. O ministro Kássio Nunes Marques também
divergiu da maioria, mas por negar o mérito do pedido, apesar de
considerar que não houve perda de objeto. O ministro Cristiano Zanin se
declarou impedido.
A medida, que foi apelidada por críticos de “PEC Kamikaze”, foi
articulada pelo governo de Jair Bolsonaro (PL) com sua base no
Congresso. A emenda aumentou o valor do Auxílio Brasil de R$ 400 para R$
600 por mês, além de conceder uma bolsa-caminhoneiro de R$ 1 mil e uma
bolsa-taxista de R$ 200 mensais até dezembro de 2022. A proposta incluiu
ainda o aumento do vale-gás para chegar a R$ 120 (um botijão inteiro) a
cada dois meses.
O pacote de benefícios ainda repassou R$ 2,5 bilhões para garantir
gratuidade no transporte público urbano para idosos e subsidiar o custo
do etanol, com mais R$ 3,8 bilhões. Todas as medidas valeram somente até
o fim de 2022.
BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS) – O ministro Kassio Nunes Marques, do
STF (Supremo Tribunal Federal), decidiu nesta quinta-feira (1°)
estender mais uma vez o prazo para Minas Gerais aderir ao RRF (Regime de
Recuperação Fiscal) e manter suspenso o pagamento da dívida de cerca de
R$ 160 bilhões junto à União.
Esta é a quinta decisão favorável ao governo mineiro, que pediu a
suspensão dos vencimentos pela primeira vez em 2018, ainda na gestão de
Fernando Pimentel (PT).
A decisão mais recente era do ministro Edson Fachin, no dia 17 de
julho, que havia prorrogado até esta quinta a suspensão do pagamento da
dívida.
O governo Zema (Novo) havia solicitado um novo prazo, para o dia 28
de agosto, quando ocorre o julgamento da medida cautelar de Nunes
Marques pelo plenário da corte.
A AGU (Advocacia Geral da União) foi contra a nova extensão, por
entender que as sucessivas prorrogações “se tornaram uma espécie de
‘salvo conduto’ para o estado não honrar o débito”.
Nunes Marques, que atendeu ao pedido do governo de Minas, também
solicitou que a União se manifeste em relação à proposta do estado para o
pagamento de parte dos valores durante 2024 e para uma audiência de
conciliação entre as partes.
Em entrevista à Folha de S.Paulo em julho, Zema afirmou que a não
prorrogação do prazo obrigaria o desembolso imediato de R$ 6 bilhões,
além de R$ 700 milhões em prestações mensais, e que isso “inviabilizaria
totalmente o estado”.
Em 2019, o governador encaminhou à Assembleia Legislativa o plano
para ingressar no RRF, regime em que o estado tem o pagamento do estoque
da dívida suspenso mediante o cumprimento de uma série de
contrapartidas.
Entre elas, estão não aumentar as despesas acima da inflação e a
venda de ativos, como estatais. O plano encaminhado por Zema ao governo
federal prevê que, durante os nove anos da permanência do estado no
regime, apenas dois ajustes de 3% cada seriam concedidos aos servidores.
O artigo é o principal entrave para a aprovação no Legislativo da
adesão do estado ao plano.
Estava marcada para esta quinta a votação em 2º turno do projeto de
lei para a adesão do estado, mas a sessão foi encerrada após a decisão
de Nunes Marques.
A Folha de S.Paulo mostrou nesta semana que o aumento salarial de
quase 300% sancionado no ano passado por Zema para si mesmo e seu
secretariado foi considerado irregular pelo conselho de supervisão do
RRF de Minas. A secretaria estadual da Fazenda disse que o reajuste foi
ressalvado no plano de recuperação por orientação do próprio conselho.
Apesar de o governo Zema ainda não ter conseguido os votos
necessários na Assembleia para formalizar a adesão do estado ao RRF, o
estado conseguiu refinanciar sua dívida de R$ 160 bilhões com a União
após decisão do Supremo. Dessa forma, precisa respeitar a legislação do
regime para conseguir a homologação do plano, e o conselho de supervisão
é o órgão responsável por monitorar o cumprimento.
Tanto o governo quanto os deputados dizem publicamente ter
preferência pelo plano de renegociação das dívidas dos estados
apresentado pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
O projeto, porém, ainda precisa tramitar pelas duas Casas
legislativas e ser sancionado pelo presidente Lula (PT) para passar a
valer.
As compras de até US$ 50 (cerca de R$ 282, na cotação atual) pela internet por pessoas físicas começam a ter 20% de Imposto de Importação a partir desta quinta-feira, 1º. A taxa se somará à cobrança de 17% de Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS),
cobrada pelos Estados desde julho de 2023. Algumas varejistas online,
como AliExpress e Shopee, começaram a cobrar a tarifa no último sábado,
27, mas a legislação só estabelece o início da cobrança nesta quinta.
Em relação ao Imposto de Importação, as compras de até US$ 50 serão
tributadas em 20%. Os produtos com valores entre US$ 50,01 e US$ 3 mil
terão taxação de 60%, com uma dedução fixa de US$ 20 no valor total do
imposto.
Pelas regras aduaneiras, o Imposto de Importação de 20% incidirá
sobre o valor do produto, incluídas cobranças de frete ou de seguro. Os
17% de ICMS vão ser cobrados após somar o valor da compra e o Imposto de
Importação.
Instituída por meio de um “jabuti” incluído pelo Congresso na lei que
criou o Programa Mover, a taxação de 20% foi adiada para 1º de agosto
pela Medida Provisória 1.236. A Receita Federal pediu o adiamento da
cobrança para dar tempo ao órgão de montar o sistema de cobrança e
definir as regulamentações e para esclarecer que a compra de
medicamentos continuará isenta.
Durante a cerimônia de assinatura da lei, o vice-presidente e
ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo
Alckmin, também mencionou a necessidade de manter os medicamentos
isentos. “O que o presidente Lula quer é excluir os medicamentos porque
há pessoa física importando medicamentos para alguns tipos de moléstias,
de doenças. Então você exclui os medicamentos”, afirmou.
Desde agosto do ano passado, as compras de até US$ 50 em sites
internacionais eram isentas de Imposto de Importação, desde que os sites
estivessem inscritos no Programa Remessa Conforme, que garante
liberação acelerada da mercadoria. As transações, no entanto, pagavam
17% de Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS),
tributo arrecadado pelos estados, com as guias sendo cobradas pelos
sites ainda no exterior.
No fim de maio, a Câmara dos Deputados aprovou a taxação federal de
20% como uma emenda à lei que criou o Programa Mover, de incentivo à
indústria automotiva. O Senado aprovou o texto no início de junho.
No último dia 22, o secretário da Receita Federal, Robinson
Barreirinhas, disse que o Fisco ainda aguarda o início da cobrança para
estimar quanto o governo deve arrecadar com a taxação das compras no
exterior. A projeção, informou Barreirinhas, será incluída na edição de
setembro do Relatório Bimestral de Receitas e Despesas, documento
divulgado a cada dois meses que orienta a execução do Orçamento./AGÊNCIA BRASIL
A manutenção da taxa básica de juros em 10,5% ao ano não surpreendeu o mercado financeiro. Pesquisa realizada pelo Projeções Broadcast dias
antes da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco
Central (BC) revelou uma rara unanimidade entre os investidores, com
nada menos que 65 casas apostando na estabilidade da Selic na reunião
desta semana.
Houve, no entanto, certa divergência sobre a mensagem que o Copom
tentava repassar após divulgar a decisão. O comunicado enumerou vários
indicadores que, em outros tempos, seriam motivo para elevar a taxa
básica de juros de imediato, e evidenciou que o BC prefere esperar um
pouco mais até sinalizar quais serão seus próximos passos.
O BC reconheceu que a desaceleração da inflação tem arrefecido,
enquanto os núcleos continuam acima da meta. Desde a última reunião, as
expectativas dos agentes colhidas no Boletim Focus para o IPCA deste ano e de 2025 subiram de 4% e 3,8%, respectivamente, para 4,1% e 4%, ambas acima do centro da meta de 3%.
Incluída no comunicado pela primeira vez, as projeções do BC para a
inflação do primeiro trimestre de 2026 estão em 3,4%, no cenário de
referência, e em 3,2%, no cenário alternativo. As projeções do BC para
2024 e 2025 também subiram, respectivamente, para 4,2% e 3,6%, no
cenário de referência, e para 4,2% e 3,4%, no cenário alternativo.
Em outras palavras, mesmo que a taxa de juros seja mantida em 10,5%
até o fim de 2025, a inflação vai superar o centro da meta neste ano, no
próximo e no seguinte. E entre os fatores que podem pressionar os
preços para cima, além da desancoragem das expectativas por período mais
prolongado e da resiliência da inflação de serviços, o BC mencionou,
pela primeira vez, “uma taxa de câmbio persistentemente mais
depreciada”.
O Copom, que até então trabalhava com um dólar a R$ 5,30, alterou sua
projeção para R$ 5,55, uma correção relevante, mas ainda inferior ao
que tem sido praticado no mercado. Na quinta-feira, por exemplo, o dólar
superou a marca de R$ 5,70, o que não ocorria desde 2 de julho.
O Banco Central também foi mais enfático ao falar sobre a política
fiscal. Além de citar que acompanha os impactos da política fiscal do
governo nos juros e nos ativos financeiros, como já alerta há alguns
meses, o Copom mencionou que a desconfiança dos agentes econômicos sobre
o tema tem causado impactos nos preços dos ativos e nas expectativas.
Em contrapartida, o ambiente externo parece bem mais favorável do que
nos últimos meses, o que ajuda a explicar a cautela do BC brasileiro
neste momento. O Federal Reserve (Fed) manteve os juros no patamar entre
5,25% e 5,50%, mas considerou a possibilidade de que as taxas caiam já
na próxima reunião, em setembro. Por lá, a inflação anual caiu a 2,5% em
julho, cada vez mais próxima da meta de 2%. “Está chegando a hora, pois
outros bancos centrais estão enfrentando a mesma questão”, disse o
presidente do Fed, Jerome Powell.
Ainda que dividido, o Banco da Inglaterra (BoE) decidiu reduzir os
juros em 0,25 ponto porcentual, para 5% ao ano. Na Europa, analistas da
Oxford Economics avaliam que o recuo nas expectativas de inflação abriu
espaço para o Banco Central Europeu cortar os juros nas reuniões de
setembro e dezembro.
A se confirmar um quadro mais benigno no exterior, a pressão sobre o
câmbio deve arrefecer nos próximos meses e facilitar, em parte, o
trabalho do Banco Central brasileiro. Restarão os riscos associados a
uma política fiscal expansionista, mas, aparentemente, o BC optou por
dar um voto de confiança ao governo e deixar os próximos passos em
aberto.
A próxima reunião do Copom está marcada para os dias 17 e 18 de
setembro. Até lá, o governo já terá enviado a proposta de Orçamento de
2025 ao Congresso. A expectativa é que o Executivo cumpra a promessa de
cortar gastos para provar que o compromisso fiscal do governo é crível.
Do contrário, as expectativas para a inflação podem se afastar ainda
mais da meta. Neste caso, para preservar sua credibilidade, só restará
ao BC ser ainda mais duro na condução da política monetária e subir os
juros.
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ministro Alexandre Silveira (Minas e
Energia) afirmou nesta quinta-feira (1º) que planeja enviar até setembro
ao Congresso uma proposta para promover uma maior abertura no mercado
de energia. Segundo ele, o setor está à beira de um colapso tarifário.
O titular da pasta afirma ser preciso dar liberdade à maioria dos
consumidores -principalmente os residenciais e pequenos comércios-, hoje
sujeitos ao mercado regulado (o tradicional), já que grandes indústrias
podem negociar seus contratos de energia livremente.
“Não é justo que apenas 2% dos consumidores brasileiros tenham a
liberdade de escolher de quem comprar energia e 98% dos consumidores […]
têm que comprar da distribuidora. Então nós temos que dar essa
liberdade ao consumidor e sustentabilidade ao setor”, afirmou Silveira.
A título de comparação, a tarifa média no mercado cativo no ano
passado encostou em R$ 740 pelo MWh (megawatt-hora). No mercado livre,
no entanto, ficou na faixa de R$ 120.
De acordo com Silveira, o tema pode ser encaminhado via projeto de
lei ou até mesmo por meio de MP (medida provisória, que tem força
imediata de lei), considerando a urgência que a pasta vê no assunto.
Segundo ele, a ideia é colocar a justiça tarifária como espinha dorsal
do texto.
“Todos estão muito conscientes que nós estamos partindo para perto de
um colapso tarifário e estamos chegando muito perto do despenhadeiro
para uma sustentabilidade de todo o setor. Então é importante que haja
esse freio de arrumação, para que a gente possa planejar o setor de
forma ordenada de agora em diante”, disse.
Em meio às discussões, o ministro disse que continua em debate uma
solução para os custos da CDE (Conta de Desenvolvimento Energético), que
reúne os encargos com diferentes subsídios criados ao longo do ano.
Entre eles, desconto para projetos de energia renovável e custos
excepcionais, como a ajuda a distribuidoras durante a pandemia de
Covid-19.
Segundo Silveira, as discussões incluem passar parte da CDE para o
Orçamento da União em vez de ser cobrada na conta de luz dos
consumidores. Ele disse que as discussões sobre o setor são incentivadas
pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que defende uma mudança
estrutural na área de energia.
A projeção é que a CDE vai custar R$ 37 bilhões neste ano. O custo
mais elevado, projetado em R$ 10,7 bilhões para este ano, vem do
combustível fóssil para térmicas em áreas isoladas, a maioria na
Amazônia Legal, que estão dentro da chamada CCC (Conta de Consumo de
Combustíveis).
O segundo item é o desconto na conexão dos projetos de energia
renovável no sistema, também chamado de desconto da distribuição,
estimado em R$ 10,2 bilhões neste ano.
De 2013 a 2023, por exemplo, o preço da energia em si cresceu 9%, já
descontada a inflação. Os encargos, no entanto, avançaram 326,5%.
Passaram de R$ 32,8 bilhões para R$ 139 bilhões.
O drama vivido por Simone Biles nos Jogos de Tóquio jogaram luz sobre a importância da saúde mental dos atletas. Promessa de medalhas, a ginasta desistiu de diversas provas por
não se sentir bem emocionalmente. Diante do episódio, a equipe de
ginástica dos Estados Unidos adotou uma alternativa para ajudar as
atletas a lidar com a ansiedade antes das Olimpíadas de Paris: a presença de um cachorro da raça golden retriever. Ele é o primeiro pet terapêutico oficial. Até credencial para as provas eliminatórias nos Estados Unidos ele recebeu.
Beacon chamou a atenção na última terça-feira, dia 30, quando os EUA
conquistaram o ouro na final por equipes. Mesmo não estando
presencialmente em Paris, o cachorro conquistou carinho tanto dos
torcedores. A ginasta Suni Lee publicou uma foto agradecendo a Beacon por ajudá-la no primeiro dia de competição.
Beacon, o golden retriever usado por Biles e ginastas americanas para
ajudar a lidar com a ansiedade. Foto: Reprodução/Instagram
@goldendogbeacon
As expectativas sobre as atletas americanas estão acompanhadas por
pressão e ansiedade. Beacon surge, então, como artifício para aliviar o
fardo. Quando Lee, Biles e outras atletas estavam competindo em provas
como solo e trave, lá estava o golden as aguardando para conforto no
momento de frustração ou para fazer festa junto às comemorações. O uso
de animais – especialmente cachorros dessa raça – não são novidade no
esporte de elite.
Vídeo relacionado: Paris 2024: reação de Simone Biles que viralizou não foi à nota de Rebeca Andrade (Dailymotion)
Os pets como suportes terapêuticos
Existe na Psicologia uma técnica conhecida por Terapia Assistida por Animais (TAA).
Ela consiste em utilizar animais para a manutenção de questões de
origem psicológica, que podem afetar drasticamente as emoções dos seres
humanos. No caso dos atletas, atrapalhando o rendimento e a performance
esportiva. Tais situações podem envolver questões como ansiedade,
estresse e autoestima, alguns constructos fundamentais numa competição
esportiva.
Diversos são os animais que podem ser utilizados como suporte
terapêutico. Os mais comuns são cachorros, gatos e cavalos. Mas até
golfinhos já se mostraram úteis neste sentido. O manejo com animais tem o
objetivo de diminuir índices de ansiedade e estresse, além de promover a
comunicação e gerar uma sensação de bem estar.
Numa competição tão importante como são os Jogos Olímpicos, a
presença de pets como o Beacon ajudam a aliviar a pressão e promovem um
ambiente acolhedor, tão fundamental para atletas que estejam se sentindo
pressionados. Não apenas questões psicológicas são o foco dos animais.
Em alguns casos, podem ajudar até na locomoção de pessoas. Os cães-guia,
por exemplo, atuam como companhia além de desempenhar um papel no
deslocamento de pessoas com deficiência visual.
Você conhece os seus consumidores? Não existe nenhuma informação mais
valiosa e potente para mudar os resultados de um negócio do que o
profundo entendimento do que os seus clientes precisam e preferem. Mas
será que que você os conhece de verdade?
Foto: Pexels
Você conhece os seus consumidores? Qualquer empreendedor ou vendedor responde positivamente a essa pergunta. Mas será que que você os conhece de verdade?
Vamos começar do básico: como é o perfil do seu melhor consumidor?
“Mulheres, mães, na meia-idade, de alta renda, que moram em grandes
cidades e que trabalham fora de casa”.
O que você acha dessa resposta? A gigantesca maioria das pessoas que
se aventuram a fazer marketing acham que essa definição está boa. Parece
um público bem definido e fácil de encontrar.
Mas se você quer realmente tirar um tesouro dos seus clientes, você deve entendê-los muito além dessa descrição. As variáveis demográficas (idade, gênero, cidade, renda) são boas, mas muito limitadas.
O que realmente vai ajudar a atingir resultados maiores é a percepção das necessidades e interesses do seu público.
Saber que você procura por “pessoas que estão preocupadas com o
aumento da violência e querem mais segurança para suas casas”, por
exemplo, é muito mais importante do que os itens que eu descrevi acima,
percebe? Especialmente nos dias de hoje, quando é possível segmentar os
usuários das redes sociais com base no que elas buscam.
Entenda: a culpa por um resultado ruim de um negócio nunca é dos clientes.
Não são eles que não estão percebendo quão maravilhosa é a sua
proposta. Não são eles que não estão conseguindo encontrar a sua loja.
Não são eles que não estão fazendo as contas direito. É você que não
está sendo capaz de encontrá-los, atraí-los e convencê-los.
E tudo começa em saber com quem você está falando e qual é a ajuda que essa pessoa precisa. Não existe nenhuma informação mais valiosa e potente para mudar os resultados de um negócio do que o profundo entendimentodo que os seus clientes precisam e preferem.
Um produto só é caro ou barato se o cliente achar que é caro ou
barato. Uma embalagem só é bonita ou feia se o cliente achar que ela é
bonita ou feia. Um anúncio está fácil ou difícil de entender se o
cliente achar que ele é fácil ou difícil de entender. São eles que
definem as coisas.
Se a sua agenda reflete as suas prioridades, garanta que você sempre
tem um horário reservado para ouvir clientes. Fale com eles. Escute
gravações de ligações no SAC. Observe atendimentos no balcão. Ligue para
os melhores compradores. Leia os comentários dos posts sobre seu
serviço. Se possível, peça ajuda de especialistas para fazer pesquisas.
Para te ajudar, deixo aqui uma lista de erros comuns que você deve evitar nesse processo:
Considerar que a opinião de alguns clientes é uma demanda de todos
eles. Se você quer realmente aprender com as críticas (isso vale ouro),
confira se uma parcela importante do seu público realmente está
incomodada com algo antes de sair fazendo mudanças drásticas. O mesmo
vale para os elogios.
“Adivinhar” o que os clientes estão querendo agora. Cuidado, os
gostos, preferências e necessidades mudam. Mesmo que você tenha muita
experiência no que faz, não caia na tentação de supor que você já sabe o
que eles pensam. Confirme suas hipóteses.
Falar sempre com os mesmos clientes. A não ser que você não tenha
interesse algum em clientes novos, precisa ouvir gente diferente.
Ouvir apenas os elogios. Aceitar críticas é um processo doloroso,
mas fundamental para crescer. As sugestões de melhoria nos fazem
perceber as possíveis falhas e nos tiram da zona de conforto.
Fazer as perguntas erradas. É muito fácil manipular pesquisas. Seja
honesto em questionar o que realmente quer descobrir e deixe-os livres
para falarem o que quiserem.
Os clientes estão sempre nos contando o que eles gostam e preferem. Mas só às vezes eles usam palavras.
Toda vez que eles clicam em um conteúdo, abrem um e-mail, preenchem
um cadastro, instalam um aplicativo ou participação de uma promoção da
sua marca, estão demonstrando interesse pelo que está sendo oferecido.
Você está aprendendo com isso?
Leitura recomendada
João Branco tem mais de 20 anos de experiência na área de marketing e
atuou em marcas como Novartis, Procter & Gamble e Ferrero. Além
disso, é professor na imersão Marketing ao Máximo.
Vantagens Competitivas da Startup Valeon
A pandemia do Covid-19 trouxe
consigo muitas mudanças ao mundo dos negócios. Os empresários
precisaram lutar e se adaptar para sobreviver a um momento tão delicado
como esse. Para muitos, vender em Marketplace como o da Startup Valeon se mostrou uma saída lucrativa para enfrentar a crise.
Com o fechamento do comércio durante as medidas de isolamento social
da pandemia, muitos consumidores adotaram novos hábitos para poder
continuar efetuando suas compras.
Em vez de andar pelos comércios, durante a crise maior da pandemia, os consumidores passaram a navegar por lojas virtuais como
a Plataforma Comercial Valeon. Mesmo aqueles que tinham receio de
comprar online, se viram obrigados a enfrentar essa barreira.
Se os consumidores estão na internet, é onde seu negócio também precisa estar para sobreviver à crise e continuar prosperando.
Contudo, para esses novos consumidores digitais ainda não é tão fácil
comprar online. Por esse motivo, eles preferem comprar nos chamados Marketplaces de marcas conhecidas como a Valeon com as quais já possuem uma relação de confiança.
Inovação digital é a palavra de ordem para todos os segmentos. Nesse
caso, não apenas para aumentar as possibilidades de comercialização, mas
também para a segurança de todos — dos varejistas e dos consumidores.
Não há dúvida de que esse é o caminho mais seguro no atual momento. Por
isso, empresas e lojas, em geral, têm apostado nos marketplaces. Neste
caso, um shopping center virtual que reúne as lojas físicas das empresas
em uma única plataforma digital — ou seja, em um grande marketplace
como o da Startup Valeon.
Vantagens competitivas que oferece a Startup Valeon para sua empresa:
1 – Reconhecimento do mercado
O mercado do Vale do Aço reconhece a Startup Valeon como uma empresa
de alto valor, capaz de criar impactos perante o mercado como a dor que o
nosso projeto/serviços resolve pelo poder de execução do nosso time de
técnicos e pelo grande número de audiências de visitantes recebidas.
2 – Plataforma adequada e pronta para divulgar suas empresas
O nosso Marketplace online apresenta características similares ao
desse shopping center. Na visão dos clientes consumidores, alguns
atributos, como variedade de produtos e serviços, segurança e praticidade, são fatores decisivos na escolha da nossa plataforma para efetuar as compras nas lojas desse shopping center do vale do aço.
3 – Baixo investimento mensal
A nossa estrutura comercial da Startup Valeon comporta um baixo
investimento para fazer a divulgação desse shopping e suas empresas com
valores bem inferiores ao que é investido nas propagandas e divulgações
offline.
4 – Atrativos que oferecemos aos visitantes do site e das abas do shopping
Conforme mencionado, o nosso site que é uma Plataforma
Comercial Marketplace que tem um Product Market Fit adequado ao mercado
do Vale do Aço, agregando o mercado e seus consumidores em torno de uma
proposta diferenciada de fazer Publicidade e Propaganda online, de forma
atrativa e lúdica a inclusão de informações úteis e necessárias aos
consumidores tem como objetivos:
Fazer Publicidade e Propaganda de várias Categorias de Empresas e Serviços;
Fornecer Informações detalhadas do Shopping Vale do Aço;
Elaboração e formação de coletâneas de informações sobre o Turismo da nossa região;
Publicidade e Propaganda das Empresas das 27 cidades do Vale
do Aço, destacando: Ipatinga, Cel. Fabriciano, Timóteo, Caratinga e
Santana do Paraíso;
Ofertas dos Supermercados de Ipatinga;
Ofertas de Revendedores de Veículos Usados de Ipatinga;
Notícias da região e do mundo;
Play LIst Valeon com músicas de primeira qualidade e Emissoras de Rádio do Brasil e da região;
Publicidade e Propaganda das Empresas e dos seus produtos em cada cidade da região do Vale do Aço;
Fazemos métricas diárias e mensais de cada aba desse shopping vale do aço e destacamos:
Média diária de visitantes das abas do shopping: 400 e no pico 800
Média mensal de visitantes das abas do shopping: 5.000 a 6.000
Finalizando, por criarmos um projeto de divulgação e
propaganda adequado à sua empresa, temos desenvolvido intensa pesquisa
nos vários sites do mundo e do Brasil, procurando fazer o
aperfeiçoamento do nosso site para adequá-lo ao seu melhor nível de
estrutura e designer para agradar aos mais exigentes consumidores. Temos
esforçado para mostrar aos srs. dirigentes das empresas que somos
capazes de contribuir com a divulgação/propaganda de suas lojas em pé de
igualdade com qualquer outro meio de divulgação online e mostramos o
resultado do nosso trabalho até aqui e prometemos que ainda somos
capazes de realizar muito mais.
Nossos contatos: Fones: (31) 3827-2297 e (31) 98428-0590 (WApp)
Consumo de matérias-primas e volume de lixo aumentaram com
produtos de curta vida útil e pouca reciclagem. Esse atual modelo
predominante sobrecarrega o planeta, mas existe alternativa.
O modelo de consumo e produção predominante em todo o mundo atualmente é conhecido como economia linear.Nele,
produtos são fabricados a partir de matérias-primas, utilizados por um
curto período e, em seguida, descartados como lixo. Isso exige a
extração de novas matérias-primas para a produção de novos itens. Esse
processo prejudica o meio ambiente, além de custar muito dinheiro e energia.
A economia circular funciona de maneira diferente: os produtos são
fabricados para terem uma vida útil longa e serem facilmente reparados.
Ao atingirem o final de sua vida útil, são reciclados o máximo possível. Isso significa que as matérias-primas são recuperadas e reutilizadas na fabricação de novos produtos.
Esse modelo diminuiu os resíduos e as emissões. Por exemplo, a partir
do vidro quebrado de uma garrafa, uma nova garrafa de vidro é
fabricada. Isso economiza dinheiro e recursos. O princípio pode ser
aplicado a todos os tipos de matérias-primas e processos de produção
para prolongar ao máximo a utilização e manter os elementos em um ciclo
contínuo.
Além disso, na própria produção, é possível reduzir o consumo de
recursos utilizando energias renováveis e evitando a geração de emissões
prejudiciais ou resíduos tóxicos sempre que possível.
O que o processo da reciclagem proporciona?
A economia circular foi uma prática comum em todo o mundo por
séculos: tudo era usado o máximo possível, evitando desperdícios. Esse
princípio começou a ser deixado nos últimos 150 anos com o aumento da
produção industrial.
Hoje em dia, a economia circular é comum em comunidades tradicionais,
mas não se restringe a elas. Por exemplo, nas fazendas orgânicas, os
excrementos são usados como fertilizantes naturais para cultivar
alimentos.
Em vários lugares do mundo, arquitetos estão investindo em métodos de
construção sustentáveis. Por exemplo, eles optam por usar mais madeira
em vez de cimento, que é prejudicial ao clima. Além disso, em vez de
derrubar prédios, eles os reformam. Ao reutilizar materiais de
construção, se diminuiu o consumo de matérias-primas e se evita a
geração de resíduos.
Muitos materiais podem ser reciclados quase sem perda de qualidade.
Isso é especialmente eficaz para vidro e metais, enquanto o papel pode
ser reutilizado de dez a 25 vezes. Por outro lado, o plástico geralmente
é mais difícil de reciclar devido à sua mistura com outros materiais e à
presença de substâncias químicas prejudiciais.
A reciclagem de metais também economiza muita energia em comparação
com a extração de minérios. Por exemplo, o processo de reciclagem de
alumínio economiza cerca de 95% da energia necessária para a produção a
partir de minério.
Quais são as implicações da economia circular para consumidores e indústria?
Para que uma economia circular funcione, todos devem estar envolvidos: consumidores, indústria e políticos.
Ao separar corretamente o lixo, os consumidores facilitam o processo
de reciclagem. A escolha de produtos que têm uma vida útil mais longa e
geram menos resíduos contribuiu para essa prática sustentável. Um casaco
de alta qualidade feita de lã ou algodão pode ser mais caro do que uma
feito de poliéster. No entanto, esse tipo de roupa dura mais e é mais
fácil de ser reparado. Ao contrário de fibras sintéticas, as fibras
podem ser compostadas sem impactar o meio ambiente.
A indústria pode produzir produtos de maneira sustentável e evitar o
uso de substâncias químicas que impedem a reciclagem. Por exemplo, os celulares podem
ser fabricados para permitir a troca de baterias e outras peças. Ao
integrar o pensamento de reciclagem desde a produção, torna-se mais
fácil recuperar e reutilizar ouro, terras raras e outros materiais dos
dispositivos.
Nesse sentido, os governos podem criar leis que favoreçam a economia
circular. Cada vez mais países e empresas estão incentivando a
reciclagem, a redução de resíduos e o planejamento cuidadoso de como são
feitos os sistemas e produtos. Isso não só é bom para o meio ambiente,
mas também para a economia, gerando novos empregos.
De acordo com o World Resource Institute (WRI), organização não
governamental ambientalista e conservacionista, a economia circular
poderia criar cerca de seis milhões de novos empregos em todo o mundo
até 2030.
A população mundial está envelhecendo em ritmo acelerado.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que, entre 2015 e
2050, o percentual de pessoas com mais de 60 anos de idade irá quase
dobrar, passando de 12% para 22%. E, na Espanha, as pessoas com mais de
65 anos no ano 2050 representarão mais de 30% da população.
O envelhecimento traz consigo o aumento das doenças. Entre as mais
comuns, podemos destacar a perda de audição, catarata, osteoartrite,
diabetes, depressão e demência.
Além disso, à medida que envelhecemos, aumenta a probabilidade de
sofrermos de várias doenças ao mesmo tempo, além de estados de saúde
complexos, denominados síndromes geriátricas, como a fragilidade.
Por tudo isso, um dos objetivos mais importantes da atualidade é
conseguirmos manter a saúde conforme avançam nossos aniversários,
desenvolvendo estratégias razoáveis que promovam uma velhice com
independência e qualidade de vida adequada.
E se uma dessas possíveis estratégias fosse simplesmente tomar, todos os dias, uma dose de cacau?
Antioxidante, antialérgico e anticancerígeno
Nos últimos anos, vem surgindo um número cada vez maior de estudos
indicando que o cacau é um importante agente quimiopreventivo natural de
diversas doenças.
Isso se deve principalmente aos altos níveis de polifenóis contidos
no cacau, principalmente flavonóis. Os cientistas atribuem a essas
substâncias numerosos efeitos benéficos para a saúde.
O cacau também é rico em fibras (26-40%), lipídios (10-24%),
proteínas (15-20%), carboidratos (15%) e micronutrientes (<2%),
incluindo sais minerais (fósforo, cálcio, potássio, sódio, magnésio,
zinco e cobre) e vitaminas (A, B e E).
A principal vantagem do cacau e seus derivados, como possível
tratamento preventivo de diversas patologias, é que eles são consumidos
em todo o planeta.
Em 2022 e 2023, o mundo produziu quase cinco milhões de toneladas de
cacau – e o consumo de chocolate e derivados de cacau na Espanha é de
3,3 kg anuais por habitante.
Diversos estudos demonstraram associação entre a ingestão de cacau e a
redução do risco de diversas patologias crônicas, como o câncer,
transtornos metabólicos e doenças cardiovasculares.
A dieta rica em cacau também traz consequências positivas para a
função visual, a audição, o sistema nervoso e a pele, entre outros.
Aparentemente, isso se deve às suas propriedades antioxidantes,
antidiabéticas, anti-inflamatórias, anticancerígenas, antialérgicas e
antiobesidade.
Como se tudo isso não fosse suficiente, cientistas vêm pesquisando
recentemente a relação entre o cacau e o bom estado da microbiota
intestinal – que, por sua vez, garante um estado de boa saúde em geral.
Contra deterioração cognitiva e doenças cardiovasculares
E se o consumo habitual de cacau ajudasse a manter a boa circulação
sanguínea no cérebro, protegendo contra a deterioração cognitiva, além
de evitar as doenças cardiovasculares?
Essa não é nenhuma utopia.
Recentemente, na Suécia, foi estudada por nove anos a saúde de 31.823
mulheres, com 48 a 83 anos de idade. Os resultados relacionaram o
consumo regular de chocolate (uma a duas porções por semana e uma a três
porções por mês) a índices inferiores de hospitalização por
insuficiência cardíaca ou mesmo morte.
Da mesma forma, uma pesquisa com 531 pessoas maiores de 65 anos
durante dois anos demonstrou que a ingestão de chocolate reduz em 41% o
risco de sofrer deterioração cognitiva.
Além disso, em pessoas com idade avançada e deterioração cognitiva
leve, foi avaliada a função cognitiva após oito semanas consumindo
bebidas contendo diferentes quantidades de flavonoides do cacau (de 43
mg a 993 mg). E, ao final do estudo, os grupos com teor médio e alto de
cacau demonstraram melhor função cognitiva.
Mas por que isso acontece? Quais mecanismos de ação existem por trás desses efeitos positivos do cacau?
Existem evidências de que a administração de bebidas de cacau
natural, ricas em flavonoides (179 mg de flavonol de cacau por porção) a
60 participantes (de 55 a 70 anos) melhorou a glicemia, a
trigliceridemia e os níveis de colesterol (HDL e LDL). Além disso, seu
consumo proporciona maior rendimento físico e menor fragilidade.
Paralelamente, em um estudo clínico randomizado de fase 2, com 44
participantes com doença arterial periférica, as pessoas pesquisadas
percorreram distâncias maiores em uma caminhada de seis minutos, após a
ingestão de uma bebida de cacau todos os dias, durante seis meses – 15 g
de cacau, para sermos exatos.
Considerando todos esses estudos, podemos dizer que o consumo de
cacau pode melhorar a cognição geral e a memória, por modular o fluxo
sanguíneo cerebral e outros parâmetros fisiológicos.
São motivos de sobra para imaginar que seu consumo poderá melhorar a qualidade de vida da população em idade avançada.
* Carolina Sánchez Rodríguez é professora titular de pesquisa e biologia celular da Universidade Europeia, na Espanha.
O impasse nas eleições venezuelanas tornou-se um teste diplomático para
o governo brasileiro, que busca se manter como mediador da situação no
país vizinho, conflagrado por protestos após a reeleição declarada de Nicolás Maduro — resultado que oposição e diversas autoridades internacionais contestam.
Para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT),
o desafio não é só de se equilibrar entre a cobrança de transparência e
a manutenção de diálogo com o governo chavista — que nos últimos dias
já expulsou do país representantes de ao menos sete países que
contestaram o pleito.
Lula também se equilibra entre a posição adotada pelo Itamaraty — que, desde segunda-feira (29/7), dia seguinte à votação, pede a divulgação dos dados desagregados por mesa de votação — e um PT que, em nota, reconheceu a vitória de Maduro, ao tratá-lo como “presidente agora reeleito”.
Em entrevista na terça-feira, Lula foi questionado sobre a nota do PT, e buscou minimizar as críticas ao partido pela publicação do documento.
“O PT reconheceu, a nota do Partido dos Trabalhadores reconhece,
elogia o povo venezuelano pelas eleições pacíficas que houve. E ao mesmo
tempo ele reconhece que o colégio eleitoral, o tribunal eleitoral já
reconheceu o Maduro como vitorioso, mas a oposição ainda não”, disse
Lula.
“Então, tem um processo. Não tem nada de grave, não tem nada de
assustador. Eu vejo a imprensa brasileira tratando como se fosse a
Terceira Guerra Mundial. Não tem nada de anormal. Teve uma eleição, teve
uma pessoa que disse que teve 51%, teve uma pessoa que disse que teve
40 e pouco por cento. Um concorda, o outro não. Entra na Justiça e
Justiça faz.”
A oposição venezuelana, porém, diz que o Poder Judiciário é dominado por Maduro.
Também contesta a noção de que haja uma normalidade no processo
político do país, apontando que, ao longo dos anos, o chavismo passou a
controlar órgãos como a Suprema Corte e o Conselho Eleitoral.
Agora você pode receber as notícias da BBC News Brasil no seu celular
Entre no canal!
Fim do WhatsApp
Além disso, órgãos de direitos humanos, como o da Organização das
Nações Unidas (ONU), apontam violações em resposta a protestos no país e
prisões arbitrárias de oponentes, além da inabilitação política de
muitos deles.
A cautela de Lula ao tratar da questão venezuelana tem diferenciado o
mandatário brasileiro de outros líderes de esquerda latino-americanos,
como o presidente chileno Gabriel Boric,
e o presidente colombiano, Gustavo Petro, que têm sido mais vocais em
seus questionamentos quanto à lisura do processo eleitoral venezuelano.
Referência na esquerda para Lula, o ex-presidente uruguaio Pepe
Mujica disse em fevereiro que na Venezuela “existe um governo
autoritário” e que era possível chamar Maduro de ditador.
Mas por que o Partido dos Trabalhadores mantém seu apoio a Maduro,
mesmo num momento em que Lula e seu governo optam por adotar um tom mais
cauteloso?
Quão prevalente é essa posição dentro do PT, diante das críticas
abertas ao processo eleitoral na Venezuela feitas por parlamentares
petistas como o senador Randolfe Rodrigues (PT-AP) e o deputado federal
Reginaldo Lopes (PT-MG), vice-líder do PT na Câmara?
E como foi o processo interno de aprovação da nota divulgada pelo PT?
A BBC News Brasil conversou com o historiador Lincoln Secco (USP), o
cientista político Claudio Couto (FGV) e com membros da Comissão
Executiva Nacional do PT — que falaram sob a condição de não terem seus
nomes divulgados — para entender essas e outras questões.
A reportagem também entrou em contato com a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, que não respondeu ao pedido de entrevista.
A assessoria da presidente do partido também disse à reportagem que
“não há o que acrescentar” com relação à nota, quando questionada, por
exemplo, sobre por que o PT decidiu, diferentemente do governo, que a
divulgação das atas eleitorais não deveriam ser uma condição prévia para
o reconhecimento de Maduro.
Já Randolfe Rodrigues e Reginaldo Lopes alegaram problemas de agenda,
devido a viagens para participação em convenções partidárias.
‘Nota reafirma posições de esquerda à militância do partido’
Um primeiro passo para entender a nota do PT é compreender o papel da
área de relações internacionais dentro do partido, observa Lincoln
Secco, professor de História Contemporânea da Universidade de São Paulo
(USP) e autor do livro História do PT (Ateliê Editorial, 2018).
“A área de relações internacionais do PT é aquela que se coloca mais à esquerda na direção do partido”, observa Secco.
Isso acontece, segundo ele, porque o PT é um partido de tendências
(ou seja, composto por diferentes correntes internas que disputam entre
si). E, historicamente, os setores mais à esquerda não têm os principais
cargos, ocupando áreas que são vistas como secundárias, como a de
relações internacionais.
Ele lembra, por exemplo, da nota publicada pelo partido celebrando a
vitória de Daniel Ortega para um quarto mandato na Nicarágua em 2021, em
eleições marcadas por acusação de fraude — o que Ortega nega.
E também o fato de o PT ser ligado ao Foro de São Paulo,
articulação de partidos e movimentos políticos latino-americanos e
caribenhos, que tem entre seus membros o Partido Comunista de Cuba; a
Frente Sandinista de Liberação Nacional, de Ortega; o Partido Socialista
Unido de Venezuela, de Maduro; o Movimento ao Socialismo, do presidente
da Bolívia, Luis Arce; entre outros.
Na avaliação do historiador, embora muitos acreditem que o PT tem autonomia em relação ao governo, isso não ocorre.
Afinal, apesar de tratar-se de um governo de frente ampla, o partido
ocupa grande número de ministérios e está presente em todos os escalões
do governo.
Assim, nas questões internacionais, o PT encontra maior margem para marcar posições à esquerda do governo.
“São questões que afetam menos diretamente a popularidade interna do governo Lula”, avalia Secco.
“Isso abre uma possibilidade para o PT ter maior liberdade também
para reforçar sua imagem de esquerda perante sua militância. Porque, na
verdade, esse é um discurso para a militância, não é um discurso para a
sociedade.”
Para Guimarães, a cautela de Lula ao tratar da questão se deve
justamente ao fato de que o tema Venezuela é muito sensível
internamente.
“O custo de reconhecer Maduro como vitorioso é muito alto para o governo brasileiro”, disse Guimarães.
“Esse é um tema muito delicado domesticamente, porque a maioria da
população brasileira tem uma visão muito negativa da Venezuela e do
governo Maduro.”
Além disso, os laços entre Lula e o PT e aliados de esquerda
considerados controversos, como Maduro, são um frequente tema de ataques
feitos por opositores como o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e
aliados.
Lincoln Secco avalia, no entanto, que a dissonância entre a posição
do partido e a do Itamaraty poderá se complicar ou se resolver, a
depender do desdobramento da crise na Venezuela.
“Caso haja essa suposta entrega das atas e o governo brasileiro
imediatamente reconheça o governo Maduro, esse problema desaparece”, diz
Secco.
“Caso não seja apresentado, isso cria um impacto muito sério para a
posição do governo Lula. E aí vai ter uma fricção maior com o partido,
porque o partido se antecipou.”
Os bastidores da aprovação da nota
Um parlamentar que faz parte da Comissão Executiva Nacional do PT
avalia que a publicação da nota foi precipitada e revela ter se
arrependido de votar por sua aprovação — que passou com 21 votos
favoráveis (de um total de 28), um deles com ressalva, e nenhum voto
contrário, segundo outro membro da Executiva.
“Acho que o mais óbvio era esperar o governo se manifestar e fechar uma posição igual à do governo”, avalia o parlamentar.
“Óbvio que já houve em outros momentos, inclusive em relação à
Venezuela, Nicarágua, situações em que a Secretaria de Relações
Internacionais do PT tomou uma posição e o governo tomou outra. E gerou,
inclusive, conflitos e tal. Só que esse é um problema muito mais
complexo, né?”
Os membros da Executiva ouvidos pela BBC de forma reservada avaliam que o processo de aprovação da nota foi açodado.
Isso porque houve uma reunião da Executiva na tarde da própria
segunda-feira em que a nota foi divulgada, mas o tema não foi discutido.
No encontro, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, apenas teria
comentado o tema Venezuela, informando que ainda não havia sido escrita
uma nota.
Mais tarde, por volta de 22h, o texto foi postado no grupo de
WhatsApp da Executiva. Sem que houvesse debate presencial ou virtual, os
membros votaram pela aprovação do texto, que foi publicado na página do
PT por volta das 23h.
“Quando eu vi, já tinha acabado o processo [de votação]”, relata um
membro da Executiva que não conseguiu votar, afirmando que o processo
todo foi encerrado em cerca de 15 minutos.
Na avaliação desse membro da Executiva, os dirigentes e deputados do
PT enviados à Venezuela para acompanhar o processo eleitoral no país
vizinho são em sua maioria pró-Maduro, assim como a direção do partido.
“A direção é majoritariamente pró-Maduro. Não tenho dúvida disso. Mas
não é verdade que isso seja o estado de espírito do enquadramento do
partido”, diz essa pessoa, referindo-se aos chamados “quadros”, isto é,
os militantes do PT, partido que contava em 2023 com mais de 1,6 milhão
de filiados, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Assim, haveria uma pressão interna pela publicação da nota.
Mas as próprias disputas internas ao partido ficam evidentes, na
avaliação dos interlocutores, pelo tom considerado moderado do texto,
que em dado momento afirma:
“Temos a certeza de que o Conselho Nacional Eleitoral, que
apontou a vitória do presidente Nicolas Maduro, dará tratamento
respeitoso para todos os recursos que receba, nos prazos e nos termos
previstos na Constituição da República Bolivariana da Venezuela.“
Na avaliação dessas pessoas, e dos analistas ouvidos pela BBC, a
frase abre espaço para o PT mudar sua posição caso as atas de urnas não
venham a ser apresentadas.
Mesmo não tendo conseguido votar, o membro da Executiva defende a
independência do partido com relação ao governo na tomada de posições
políticas, seja em temas externos, como internos.
“Desse ponto de vista, não se pode usar o argumento que alguns usam, que a gente atropelou o governo”, argumenta o petista.
“O PT foi formado assim. Inclusive nos documentos originais, diz até
que ele subordina a sua presença institucional aos movimentos, às lutas
populares. E explica: porque o objetivo é a transformação da sociedade.
Inclusive das próprias instituições.”
A divergência entre partido e governo muitas vezes “ajuda o governo a acertar”, defende o membro da Executiva.
“O curso geral do governo não é de conflito com a classe dominante. É
de acomodação, pelo menos no nível do Congresso, e a partir daí, com as
forças sociais e econômicas que estão detrás.”
“Então o partido mantendo a independência, ele pode vocalizar, em
momentos agudos, um conselho, uma opinião. Dar outro viés. Ajudar o
governo a acertar.”
‘Fetiche com relação a ditaduras de esquerda’
Entre políticos e analistas esquerdistas que defendem a experiência
do chavismo e o governo Maduro, muitos argumentam que o grupo dominante
na Venezuela está sob ataque constante de “forças imperialistas” e luta
contra o lobby ativo dos Estados Unidos no país, o que, em sua visão, deve ser levado em consideração na análise do processo político.
Apontam as sanções americanas impostas ao país — e brevemente
afrouxadas no ano passado durante a vigência do acordo que abriu caminho
para a realização das eleições — como o principal causador da dura
crise econômica.
Além disso, consideram que a oposição a Maduro só está interessada em
reduzir direitos sociais e privatizar a indústria petroleira, sem ter
compromisso com a democracia, como na tentativa de golpe contra o então
presidente Hugo Chávez em 2002.
Claudio Couto, cientista político e professor da Fundação Getulio
Vargas (FGV), vê a postura do PT de manter o apoio a Maduro como parte
de “uma postura fetichista da esquerda” com relação às ditaduras deste
campo político.
E avalia que a dissonância entre PT e Itamaraty reforça uma percepção
dentro do país de que o partido não teria clareza com relação à defesa
da democracia.
Isso num momento em que Lula busca fortalecer as instituições
brasileiras, após o que considera como uma ameaça golpista por parte do
ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus apoiadores, depois dos ataques de 8 de janeiros de 2023.
“O PT tem um histórico muito complicado nessa relação com ditaduras de esquerda na América Latina”, considera Couto.
“Sempre é um histórico de referendar, de não fazer nenhum tipo de
crítica, de fechar os olhos para os problemas que existem nestes regimes
autoritários de esquerda latino-americanos, haja visto o que acontece
historicamente com Cuba, com a Nicarágua e mesmo com a Venezuela.”
Segundo o cientista político, embora a nota do PT adote um tom
relativamente sóbrio, ao reconhecer a vitória de Maduro, são ignoradas a
maneira como o processo eleitoral transcorreu na reta final — com
alegações de fraude na contagem de votos, de votos não considerados e a
declaração da vitória de Maduro antes da publicação das atas de urna —,
além de tudo aquilo que aconteceu antes.
Ele cita, por exemplo, a exclusão de candidaturas, a detenção de
membros dos partidos de oposição e as restrições ao voto de venezuelanos
expatriados, num país onde cerca de 25% da população (cerca de 7,7
milhões, de um total de 28,3 milhões) vive em diáspora.
“Há uma série de vícios que tornam essa nota do PT uma nota muito
ruim, porque mesmo em um estilo mais sóbrio do que o de hábito, ela
ainda assim é uma nota que dá de barato que está tudo certo, e não
está”, diz o cientista político.
“Eu só consigo entender essa nota do PT como dando sequência a essa
história, que eu gosto de definir como ‘fetichista’, que a esquerda
latino-americana de maneira mais geral, e o PT em particular, tem com
respeito às ditaduras da esquerda, que é nunca ter qualquer tipo de
crítica, muito pelo contrário, ficar buscando formas de racionalizar a
defesa dessas ditaduras com argumentos supostamente democráticos, que
sabemos que são argumentos que não param em pé.”
Nem toda a esquerda
Além de explicitar uma dissonância entre Itamaraty e PT, o resultado
das eleições de domingo (28/7) na Venezuela também deixam claras
divisões internas dentro do próprio partido e da esquerda em geral com
relação à situação do país vizinho.
Na segunda-feira, por exemplo, o deputado federal Reginaldo Lopes
(PT-MG), vice-líder do PT na Câmara, postou em sua conta no X (antigo
Twitter) dizendo que “a atuação de Maduro na Venezuela é a postura de um
ditador”.
No dia seguinte, foi a vez do senador Randolfe Rodrigues (AP), recém
filiado ao PT, divergir da executiva nacional da sigla e criticar as
eleições realizadas na Venezuela.
“Uma eleição em que os resultados não são passíveis de certificação e
onde observadores internacionais foram vetados é uma eleição sem
idoneidade”, disse Randolfe à CNN.
Na quarta-feira, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, disse que a Venezuela “não se configura como uma democracia”.
“Na minha opinião pessoal — eu não falo pelo governo — [a Venezuela]
não se configura como uma democracia. Muito pelo contrário”, afirmou a
titular do Meio Ambiente, em entrevista ao portal Metrópoles.
“O Brasil está muito correto quando diz que quer ver o resultado
eleitoral, os mapas, todas as comprovações de que, de fato, houve ali
uma decisão soberana do povo venezuelano”, acrescentou a ministra.
Também na segunda-feira, Juliano Medeiros, ex-presidente nacional do
PSOL — atualmente fora da Executiva Nacional do partido e dedicado à
campanha de Guilherme Boulos à prefeitura de São Paulo — também postou
nas redes sociais elogiando a posição de cautela adotada pelo Itamaraty.
Na quarta, Medeiros voltou a postar sobre o tema, dizendo “subscrever
integralmente” uma postagem do presidente colombiano Gustavo Petro,
crítica à situação na Venezuela.
“As sérias dúvidas que se estabelecem em torno do processo eleitoral
venezuelano podem levar seu povo a uma profunda polarização violenta com
graves consequências (…)”, escreveu Petro, na postagem republicada pelo
ex-presidente do Psol
“Convido o governo venezuelano a permitir que as eleições terminem
pacificamente, permitindo um escrutínio transparente com contagem de
votos, atas e supervisão por todas as forças políticas do seu país e
supervisão internacional profissional”, disse ainda Petros.
Procurado pela BBC News Brasil, Medeiros preferiu não dar entrevista,
explicando que não é mais da direção nacional do PSOL e que uma
declaração sua poderia ser confundida com a do partido.
Para Lincoln Secco, da USP, a importância que a Venezuela tomou no
debate político brasileiro — tendo marcado presença em todas as últimas
eleições presidenciais e até nas eleições municipais deste ano — se deve
à peculiaridade da situação daquele país.
“Por um lado, tem uma origem militar, o que não é comum na América
Latina. E tem uma retórica socialista bastante radical, o que também não
é comum”, acrescenta o pesquisador.
Ao mesmo tempo, diz Secco, a prática econômica interna do chavismo
não é “revolucionária”. Isso porque há uma hegemonia da esquerda, que
convive com o que é chamado de “boliburguesia”, uma elite que enriqueceu
a partir de suas relações com o chavismo.
Tudo isso num país mergulhado em uma grave crise econômica, que levou
o PIB (Produto Interno Bruto) da Venezuela a encolher mais de 60%
somente na última década, e que já levou milhões a migrar.
“Então, é um regime muito específico em relação aos outros regimes de
esquerda da América Latina. Isso causa uma grande dificuldade de
posicionamento em relação a ela”, avalia o historiador.
“E acredito que a extrema direita percebe essa dificuldade do PT em relação a um regime como o venezuelano.”