sexta-feira, 2 de agosto de 2024

TAXAÇÃO DE 20% SOBREAS COMPRAS INTERNACIONAIS DE ATÉ US$50 PASSARAM A VALER DIA 1/8

 

História de Redação – Jornal Estadão

As compras de até US$ 50 (cerca de R$ 282, na cotação atual) pela internet por pessoas físicas começam a ter 20% de Imposto de Importação a partir desta quinta-feira, 1º. A taxa se somará à cobrança de 17% de Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), cobrada pelos Estados desde julho de 2023. Algumas varejistas online, como AliExpress e Shopee, começaram a cobrar a tarifa no último sábado, 27, mas a legislação só estabelece o início da cobrança nesta quinta.

Em relação ao Imposto de Importação, as compras de até US$ 50 serão tributadas em 20%. Os produtos com valores entre US$ 50,01 e US$ 3 mil terão taxação de 60%, com uma dedução fixa de US$ 20 no valor total do imposto.

Pelas regras aduaneiras, o Imposto de Importação de 20% incidirá sobre o valor do produto, incluídas cobranças de frete ou de seguro. Os 17% de ICMS vão ser cobrados após somar o valor da compra e o Imposto de Importação.

Instituída por meio de um “jabuti” incluído pelo Congresso na lei que criou o Programa Mover, a taxação de 20% foi adiada para 1º de agosto pela Medida Provisória 1.236. A Receita Federal pediu o adiamento da cobrança para dar tempo ao órgão de montar o sistema de cobrança e definir as regulamentações e para esclarecer que a compra de medicamentos continuará isenta.

Durante a cerimônia de assinatura da lei, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, também mencionou a necessidade de manter os medicamentos isentos. “O que o presidente Lula quer é excluir os medicamentos porque há pessoa física importando medicamentos para alguns tipos de moléstias, de doenças. Então você exclui os medicamentos”, afirmou.

Nunca entregue seu cartão a ninguém, nem mesmo se solicitado pelo banco. Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

Nunca entregue seu cartão a ninguém, nem mesmo se solicitado pelo banco. Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil© Fornecido por Estadão

Histórico

Desde agosto do ano passado, as compras de até US$ 50 em sites internacionais eram isentas de Imposto de Importação, desde que os sites estivessem inscritos no Programa Remessa Conforme, que garante liberação acelerada da mercadoria. As transações, no entanto, pagavam 17% de Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), tributo arrecadado pelos estados, com as guias sendo cobradas pelos sites ainda no exterior.

No fim de maio, a Câmara dos Deputados aprovou a taxação federal de 20% como uma emenda à lei que criou o Programa Mover, de incentivo à indústria automotiva. O Senado aprovou o texto no início de junho.

No último dia 22, o secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, disse que o Fisco ainda aguarda o início da cobrança para estimar quanto o governo deve arrecadar com a taxação das compras no exterior. A projeção, informou Barreirinhas, será incluída na edição de setembro do Relatório Bimestral de Receitas e Despesas, documento divulgado a cada dois meses que orienta a execução do Orçamento./AGÊNCIA BRASIL

BANCO CENTRAL MATÉM A TAXA BÁSICA DE JUROS EM 10,5% AO ANO

 

História de Notas & Informações – Jornal Estadão

A manutenção da taxa básica de juros em 10,5% ao ano não surpreendeu o mercado financeiro. Pesquisa realizada pelo Projeções Broadcast dias antes da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) revelou uma rara unanimidade entre os investidores, com nada menos que 65 casas apostando na estabilidade da Selic na reunião desta semana.

Houve, no entanto, certa divergência sobre a mensagem que o Copom tentava repassar após divulgar a decisão. O comunicado enumerou vários indicadores que, em outros tempos, seriam motivo para elevar a taxa básica de juros de imediato, e evidenciou que o BC prefere esperar um pouco mais até sinalizar quais serão seus próximos passos.

O BC reconheceu que a desaceleração da inflação tem arrefecido, enquanto os núcleos continuam acima da meta. Desde a última reunião, as expectativas dos agentes colhidas no Boletim Focus para o IPCA deste ano e de 2025 subiram de 4% e 3,8%, respectivamente, para 4,1% e 4%, ambas acima do centro da meta de 3%.

Incluída no comunicado pela primeira vez, as projeções do BC para a inflação do primeiro trimestre de 2026 estão em 3,4%, no cenário de referência, e em 3,2%, no cenário alternativo. As projeções do BC para 2024 e 2025 também subiram, respectivamente, para 4,2% e 3,6%, no cenário de referência, e para 4,2% e 3,4%, no cenário alternativo.

Em outras palavras, mesmo que a taxa de juros seja mantida em 10,5% até o fim de 2025, a inflação vai superar o centro da meta neste ano, no próximo e no seguinte. E entre os fatores que podem pressionar os preços para cima, além da desancoragem das expectativas por período mais prolongado e da resiliência da inflação de serviços, o BC mencionou, pela primeira vez, “uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada”.

O Copom, que até então trabalhava com um dólar a R$ 5,30, alterou sua projeção para R$ 5,55, uma correção relevante, mas ainda inferior ao que tem sido praticado no mercado. Na quinta-feira, por exemplo, o dólar superou a marca de R$ 5,70, o que não ocorria desde 2 de julho.

O Banco Central também foi mais enfático ao falar sobre a política fiscal. Além de citar que acompanha os impactos da política fiscal do governo nos juros e nos ativos financeiros, como já alerta há alguns meses, o Copom mencionou que a desconfiança dos agentes econômicos sobre o tema tem causado impactos nos preços dos ativos e nas expectativas.

Em contrapartida, o ambiente externo parece bem mais favorável do que nos últimos meses, o que ajuda a explicar a cautela do BC brasileiro neste momento. O Federal Reserve (Fed) manteve os juros no patamar entre 5,25% e 5,50%, mas considerou a possibilidade de que as taxas caiam já na próxima reunião, em setembro. Por lá, a inflação anual caiu a 2,5% em julho, cada vez mais próxima da meta de 2%. “Está chegando a hora, pois outros bancos centrais estão enfrentando a mesma questão”, disse o presidente do Fed, Jerome Powell.

Ainda que dividido, o Banco da Inglaterra (BoE) decidiu reduzir os juros em 0,25 ponto porcentual, para 5% ao ano. Na Europa, analistas da Oxford Economics avaliam que o recuo nas expectativas de inflação abriu espaço para o Banco Central Europeu cortar os juros nas reuniões de setembro e dezembro.

A se confirmar um quadro mais benigno no exterior, a pressão sobre o câmbio deve arrefecer nos próximos meses e facilitar, em parte, o trabalho do Banco Central brasileiro. Restarão os riscos associados a uma política fiscal expansionista, mas, aparentemente, o BC optou por dar um voto de confiança ao governo e deixar os próximos passos em aberto.

A próxima reunião do Copom está marcada para os dias 17 e 18 de setembro. Até lá, o governo já terá enviado a proposta de Orçamento de 2025 ao Congresso. A expectativa é que o Executivo cumpra a promessa de cortar gastos para provar que o compromisso fiscal do governo é crível. Do contrário, as expectativas para a inflação podem se afastar ainda mais da meta. Neste caso, para preservar sua credibilidade, só restará ao BC ser ainda mais duro na condução da política monetária e subir os juros.

ENERGIA ESTÁ PERTO DE SOFRER UM COLAPSO TARIFÁRIO

 

História de FÁBIO PUPO – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia) afirmou nesta quinta-feira (1º) que planeja enviar até setembro ao Congresso uma proposta para promover uma maior abertura no mercado de energia. Segundo ele, o setor está à beira de um colapso tarifário.

O titular da pasta afirma ser preciso dar liberdade à maioria dos consumidores -principalmente os residenciais e pequenos comércios-, hoje sujeitos ao mercado regulado (o tradicional), já que grandes indústrias podem negociar seus contratos de energia livremente.

“Não é justo que apenas 2% dos consumidores brasileiros tenham a liberdade de escolher de quem comprar energia e 98% dos consumidores […] têm que comprar da distribuidora. Então nós temos que dar essa liberdade ao consumidor e sustentabilidade ao setor”, afirmou Silveira.

A título de comparação, a tarifa média no mercado cativo no ano passado encostou em R$ 740 pelo MWh (megawatt-hora). No mercado livre, no entanto, ficou na faixa de R$ 120.

De acordo com Silveira, o tema pode ser encaminhado via projeto de lei ou até mesmo por meio de MP (medida provisória, que tem força imediata de lei), considerando a urgência que a pasta vê no assunto. Segundo ele, a ideia é colocar a justiça tarifária como espinha dorsal do texto.

“Todos estão muito conscientes que nós estamos partindo para perto de um colapso tarifário e estamos chegando muito perto do despenhadeiro para uma sustentabilidade de todo o setor. Então é importante que haja esse freio de arrumação, para que a gente possa planejar o setor de forma ordenada de agora em diante”, disse.

Em meio às discussões, o ministro disse que continua em debate uma solução para os custos da CDE (Conta de Desenvolvimento Energético), que reúne os encargos com diferentes subsídios criados ao longo do ano. Entre eles, desconto para projetos de energia renovável e custos excepcionais, como a ajuda a distribuidoras durante a pandemia de Covid-19.

Segundo Silveira, as discussões incluem passar parte da CDE para o Orçamento da União em vez de ser cobrada na conta de luz dos consumidores. Ele disse que as discussões sobre o setor são incentivadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que defende uma mudança estrutural na área de energia.

A projeção é que a CDE vai custar R$ 37 bilhões neste ano. O custo mais elevado, projetado em R$ 10,7 bilhões para este ano, vem do combustível fóssil para térmicas em áreas isoladas, a maioria na Amazônia Legal, que estão dentro da chamada CCC (Conta de Consumo de Combustíveis).

O segundo item é o desconto na conexão dos projetos de energia renovável no sistema, também chamado de desconto da distribuição, estimado em R$ 10,2 bilhões neste ano.

De 2013 a 2023, por exemplo, o preço da energia em si cresceu 9%, já descontada a inflação. Os encargos, no entanto, avançaram 326,5%. Passaram de R$ 32,8 bilhões para R$ 139 bilhões.

CÃO TERAPÊUTICO DAS ATLETAS AMERICANAS

 

História de Sergio Neto – Jornal Estadão

O drama vivido por Simone Biles nos Jogos de Tóquio jogaram luz sobre a importância da saúde mental dos atletas. Promessa de medalhas, a ginasta desistiu de diversas provas por não se sentir bem emocionalmente. Diante do episódio, a equipe de ginástica dos Estados Unidos adotou uma alternativa para ajudar as atletas a lidar com a ansiedade antes das Olimpíadas de Paris: a presença de um cachorro da raça golden retriever. Ele é o primeiro pet terapêutico oficial. Até credencial para as provas eliminatórias nos Estados Unidos ele recebeu.

Beacon chamou a atenção na última terça-feira, dia 30, quando os EUA conquistaram o ouro na final por equipes. Mesmo não estando presencialmente em Paris, o cachorro conquistou carinho tanto dos torcedores. A ginasta Suni Lee publicou uma foto agradecendo a Beacon por ajudá-la no primeiro dia de competição.

Beacon, o golden retriever usado por Biles e ginastas americanas para ajudar a lidar com a ansiedade. Foto: Reprodução/Instagram @goldendogbeacon

Beacon, o golden retriever usado por Biles e ginastas americanas para ajudar a lidar com a ansiedade. Foto: Reprodução/Instagram @goldendogbeacon

As expectativas sobre as atletas americanas estão acompanhadas por pressão e ansiedade. Beacon surge, então, como artifício para aliviar o fardo. Quando Lee, Biles e outras atletas estavam competindo em provas como solo e trave, lá estava o golden as aguardando para conforto no momento de frustração ou para fazer festa junto às comemorações. O uso de animais – especialmente cachorros dessa raça – não são novidade no esporte de elite.

Vídeo relacionado: Paris 2024: reação de Simone Biles que viralizou não foi à nota de Rebeca Andrade (Dailymotion)

Os pets como suportes terapêuticos

Existe na Psicologia uma técnica conhecida por Terapia Assistida por Animais (TAA). Ela consiste em utilizar animais para a manutenção de questões de origem psicológica, que podem afetar drasticamente as emoções dos seres humanos. No caso dos atletas, atrapalhando o rendimento e a performance esportiva. Tais situações podem envolver questões como ansiedade, estresse e autoestima, alguns constructos fundamentais numa competição esportiva.

Diversos são os animais que podem ser utilizados como suporte terapêutico. Os mais comuns são cachorros, gatos e cavalos. Mas até golfinhos já se mostraram úteis neste sentido. O manejo com animais tem o objetivo de diminuir índices de ansiedade e estresse, além de promover a comunicação e gerar uma sensação de bem estar.

Numa competição tão importante como são os Jogos Olímpicos, a presença de pets como o Beacon ajudam a aliviar a pressão e promovem um ambiente acolhedor, tão fundamental para atletas que estejam se sentindo pressionados. Não apenas questões psicológicas são o foco dos animais. Em alguns casos, podem ajudar até na locomoção de pessoas. Os cães-guia, por exemplo, atuam como companhia além de desempenhar um papel no deslocamento de pessoas com deficiência visual.

A CULPA POR UM RESULTADO RUIM DE UM NEGÓCIO NUNCA É DOS CLIENTES

 

João Branco – Marketing StartSe

Você conhece os seus consumidores? Não existe nenhuma informação mais valiosa e potente para mudar os resultados de um negócio do que o profundo entendimento do que os seus clientes precisam e preferem. Mas será que que você os conhece de verdade?

Foto: Pexels

Você conhece os seus consumidores? Qualquer empreendedor ou vendedor responde positivamente a essa pergunta. Mas será que que você os conhece de verdade?

Vamos começar do básico: como é o perfil do seu melhor consumidor? “Mulheres, mães, na meia-idade, de alta renda, que moram em grandes cidades e que trabalham fora de casa”. 

O que você acha dessa resposta? A gigantesca maioria das pessoas que se aventuram a fazer marketing acham que essa definição está boa. Parece um público bem definido e fácil de encontrar. 

Mas se você quer realmente tirar um tesouro dos seus clientes, você deve entendê-los muito além dessa descrição. As variáveis demográficas (idade, gênero, cidade, renda) são boas, mas muito limitadas. 

O que realmente vai ajudar a atingir resultados maiores é a percepção das necessidades e interesses do seu público

Saber que você procura por “pessoas que estão preocupadas com o aumento da violência e querem mais segurança para suas casas”, por exemplo, é muito mais importante do que os itens que eu descrevi acima, percebe? Especialmente nos dias de hoje, quando é possível segmentar os usuários das redes sociais com base no que elas buscam. 

Entenda: a culpa por um resultado ruim de um negócio nunca é dos clientes. Não são eles que não estão percebendo quão maravilhosa é a sua proposta. Não são eles que não estão conseguindo encontrar a sua loja. Não são eles que não estão fazendo as contas direito. É você que não está sendo capaz de encontrá-los, atraí-los e convencê-los. 

E tudo começa em saber com quem você está falando e qual é a ajuda que essa pessoa precisa. Não existe nenhuma informação mais valiosa e potente para mudar os resultados de um negócio do que o profundo entendimento do que os seus clientes precisam e preferem. 

Um produto só é caro ou barato se o cliente achar que é caro ou barato. Uma embalagem só é bonita ou feia se o cliente achar que ela é bonita ou feia. Um anúncio está fácil ou difícil de entender se o cliente achar que ele é fácil ou difícil de entender. São eles que definem as coisas. 

Se a sua agenda reflete as suas prioridades, garanta que você sempre tem um horário reservado para ouvir clientes. Fale com eles. Escute gravações de ligações no SAC. Observe atendimentos no balcão. Ligue para os melhores compradores. Leia os comentários dos posts sobre seu serviço. Se possível, peça ajuda de especialistas para fazer pesquisas. 

Para te ajudar, deixo aqui uma lista de erros comuns que você deve evitar nesse processo: 

  • Considerar que a opinião de alguns clientes é uma demanda de todos eles. Se você quer realmente aprender com as críticas (isso vale ouro), confira se uma parcela importante do seu público realmente está incomodada com algo antes de sair fazendo mudanças drásticas. O mesmo vale para os elogios. 
     
  • “Adivinhar” o que os clientes estão querendo agora. Cuidado, os gostos, preferências e necessidades mudam. Mesmo que você tenha muita experiência no que faz, não caia na tentação de supor que você já sabe o que eles pensam. Confirme suas hipóteses.
     
  • Falar sempre com os mesmos clientes. A não ser que você não tenha interesse algum em clientes novos, precisa ouvir gente diferente. 
     
  • Ouvir apenas os elogios. Aceitar críticas é um processo doloroso, mas fundamental para crescer. As sugestões de melhoria nos fazem perceber as possíveis falhas e nos tiram da zona de conforto.
     
  • Fazer as perguntas erradas. É muito fácil manipular pesquisas. Seja honesto em questionar o que realmente quer descobrir e deixe-os livres para falarem o que quiserem. 

Os clientes estão sempre nos contando o que eles gostam e preferem. Mas só às vezes eles usam palavras. 

Toda vez que eles clicam em um conteúdo, abrem um e-mail, preenchem um cadastro, instalam um aplicativo ou participação de uma promoção da sua marca, estão demonstrando interesse pelo que está sendo oferecido. 

Você está aprendendo com isso?

Leitura recomendada 

João Branco tem mais de 20 anos de experiência na área de marketing e atuou em marcas como Novartis, Procter & Gamble e Ferrero. Além disso, é professor na imersão Marketing ao Máximo.

Vantagens Competitivas da Startup Valeon

pandemia do Covid-19 trouxe consigo muitas mudanças ao mundo dos negócios. Os empresários precisaram lutar e se adaptar para sobreviver a um momento tão delicado como esse. Para muitos, vender em Marketplace como o da Startup Valeon se mostrou uma saída lucrativa para enfrentar a crise.

Com o fechamento do comércio durante as medidas de isolamento social da pandemia, muitos consumidores adotaram novos hábitos para poder continuar efetuando suas compras.

Em vez de andar pelos comércios, durante a crise maior da pandemia, os consumidores passaram a navegar por lojas virtuais como a Plataforma Comercial Valeon. Mesmo aqueles que tinham receio de comprar online, se viram obrigados a enfrentar essa barreira.

Se os consumidores estão na internet, é onde seu negócio também precisa estar para sobreviver à crise e continuar prosperando.

Contudo, para esses novos consumidores digitais ainda não é tão fácil comprar online. Por esse motivo, eles preferem comprar nos chamados Marketplaces de marcas conhecidas como a Valeon com as quais já possuem uma relação de confiança.

Inovação digital é a palavra de ordem para todos os segmentos. Nesse caso, não apenas para aumentar as possibilidades de comercialização, mas também para a segurança de todos — dos varejistas e dos consumidores. Não há dúvida de que esse é o caminho mais seguro no atual momento. Por isso, empresas e lojas, em geral, têm apostado nos marketplaces. Neste caso, um shopping center virtual que reúne as lojas físicas das empresas em uma única plataforma digital — ou seja, em um grande marketplace como o da Startup Valeon.

Vantagens competitivas que oferece a Startup Valeon para sua empresa:

1 – Reconhecimento do mercado

O mercado do Vale do Aço reconhece a Startup Valeon como uma empresa de alto valor, capaz de criar impactos perante o mercado como a dor que o nosso projeto/serviços resolve pelo poder de execução do nosso time de técnicos e pelo grande número de audiências de visitantes recebidas.

2 – Plataforma adequada e pronta para divulgar suas empresas

O nosso Marketplace online apresenta características similares ao desse shopping center. Na visão dos clientes consumidores, alguns atributos, como variedade de produtos e serviços, segurança e praticidade, são fatores decisivos na escolha da nossa plataforma para efetuar as compras nas lojas desse shopping center do vale do aço.

3 – Baixo investimento mensal

A nossa estrutura comercial da Startup Valeon comporta um baixo investimento para fazer a divulgação desse shopping e suas empresas com valores bem inferiores ao que é investido nas propagandas e divulgações offline.

4 – Atrativos que oferecemos aos visitantes do site e das abas do shopping

 Conforme mencionado, o nosso site que é uma Plataforma Comercial Marketplace que tem um Product Market Fit adequado ao mercado do Vale do Aço, agregando o mercado e seus consumidores em torno de uma proposta diferenciada de fazer Publicidade e Propaganda online, de forma atrativa e lúdica a inclusão de informações úteis e necessárias aos consumidores tem como objetivos:

  • Fazer Publicidade e Propaganda de várias Categorias de Empresas e Serviços;
  • Fornecer Informações detalhadas do Shopping Vale do Aço;
  • Elaboração e formação de coletâneas de informações sobre o Turismo da nossa região;
  • Publicidade e Propaganda das Empresas das 27 cidades do Vale do Aço, destacando: Ipatinga, Cel. Fabriciano, Timóteo, Caratinga e Santana do Paraíso;
  • Ofertas dos Supermercados de Ipatinga;
  • Ofertas de Revendedores de Veículos Usados de Ipatinga;
  • Notícias da região e do mundo;
  • Play LIst Valeon com músicas de primeira qualidade e Emissoras de Rádio do Brasil e da região;
  • Publicidade e Propaganda das Empresas e dos seus produtos em cada cidade da região do Vale do Aço;
  • Fazemos métricas diárias e mensais de cada aba desse shopping vale do aço e destacamos:
  • Média diária de visitantes das abas do shopping: 400 e no pico 800
  • Média mensal de visitantes das abas do shopping: 5.000 a 6.000

Finalizando, por criarmos um projeto de divulgação e propaganda adequado à sua empresa, temos desenvolvido intensa pesquisa nos vários sites do mundo e do Brasil, procurando fazer o aperfeiçoamento do nosso site para adequá-lo ao seu melhor nível de estrutura e designer para agradar aos mais exigentes consumidores. Temos esforçado para mostrar aos srs. dirigentes das empresas que somos capazes de contribuir com a divulgação/propaganda de suas lojas em pé de igualdade com qualquer outro meio de divulgação online e mostramos o resultado do nosso trabalho até aqui e prometemos que ainda somos capazes de realizar muito mais.

                                                               Site: https://valedoacoonline.com.br/

quinta-feira, 1 de agosto de 2024

A ECONOMIA CIRCULAR DE RECICLAGEM JÁ FOI UMA PRÁTICA COMUM EM TODO MUNDO POR SÉCULOS

História de Gero Rueter – DW Brasil

Consumo de matérias-primas e volume de lixo aumentaram com produtos de curta vida útil e pouca reciclagem. Esse atual modelo predominante sobrecarrega o planeta, mas existe alternativa.

Separação de lixo é o primeiro passo para a reciclagem

Separação de lixo é o primeiro passo para a reciclagem© Torsten Krüger/imageBROKER/picture alliance

O modelo de consumo e produção predominante em todo o mundo atualmente é conhecido como economia linear.Nele, produtos são fabricados a partir de matérias-primas, utilizados por um curto período e, em seguida, descartados como lixo. Isso exige a extração de novas matérias-primas para a produção de novos itens. Esse processo prejudica o meio ambiente, além de custar muito dinheiro e energia.

A economia circular funciona de maneira diferente: os produtos são fabricados para terem uma vida útil longa e serem facilmente reparados. Ao atingirem o final de sua vida útil, são reciclados o máximo possível. Isso significa que as matérias-primas são recuperadas e reutilizadas na fabricação de novos produtos.

Esse modelo diminuiu os resíduos e as emissões. Por exemplo, a partir do vidro quebrado de uma garrafa, uma nova garrafa de vidro é fabricada. Isso economiza dinheiro e recursos. O princípio pode ser aplicado a todos os tipos de matérias-primas e processos de produção para prolongar ao máximo a utilização e manter os elementos em um ciclo contínuo.

Além disso, na própria produção, é possível reduzir o consumo de recursos utilizando energias renováveis e evitando a geração de emissões prejudiciais ou resíduos tóxicos sempre que possível.

O que o processo da reciclagem proporciona?

A economia circular foi uma prática comum em todo o mundo por séculos: tudo era usado o máximo possível, evitando desperdícios. Esse princípio começou a ser deixado nos últimos 150 anos com o aumento da produção industrial.

Hoje em dia, a economia circular é comum em comunidades tradicionais, mas não se restringe a elas. Por exemplo, nas fazendas orgânicas, os excrementos são usados como fertilizantes naturais para cultivar alimentos.

Em vários lugares do mundo, arquitetos estão investindo em métodos de construção sustentáveis. Por exemplo, eles optam por usar mais madeira em vez de cimento, que é prejudicial ao clima. Além disso, em vez de derrubar prédios, eles os reformam. Ao reutilizar materiais de construção, se diminuiu o consumo de matérias-primas e se evita a geração de resíduos.

Muitos materiais podem ser reciclados quase sem perda de qualidade. Isso é especialmente eficaz para vidro e metais, enquanto o papel pode ser reutilizado de dez a 25 vezes. Por outro lado, o plástico geralmente é mais difícil de reciclar devido à sua mistura com outros materiais e à presença de substâncias químicas prejudiciais.

A reciclagem de metais também economiza muita energia em comparação com a extração de minérios. Por exemplo, o processo de reciclagem de alumínio economiza cerca de 95% da energia necessária para a produção a partir de minério.

Reciclar metais a partir de sucata economiza muita energia.

Reciclar metais a partir de sucata economiza muita energia.© Peter Hofstetter/Zoonar/picture alliance

Quais são as implicações da economia circular para consumidores e indústria?

Para que uma economia circular funcione, todos devem estar envolvidos: consumidores, indústria e políticos.

Ao separar corretamente o lixo, os consumidores facilitam o processo de reciclagem. A escolha de produtos que têm uma vida útil mais longa e geram menos resíduos contribuiu para essa prática sustentável. Um casaco de alta qualidade feita de lã ou algodão pode ser mais caro do que uma feito de poliéster. No entanto, esse tipo de roupa dura mais e é mais fácil de ser reparado. Ao contrário de fibras sintéticas, as fibras podem ser compostadas sem impactar o meio ambiente.

A indústria pode produzir produtos de maneira sustentável e evitar o uso de substâncias químicas que impedem a reciclagem. Por exemplo, os celulares podem ser fabricados para permitir a troca de baterias e outras peças. Ao integrar o pensamento de reciclagem desde a produção, torna-se mais fácil recuperar e reutilizar ouro, terras raras e outros materiais dos dispositivos.

Nesse sentido, os governos podem criar leis que favoreçam a economia circular. Cada vez mais países e empresas estão incentivando a reciclagem, a redução de resíduos e o planejamento cuidadoso de como são feitos os sistemas e produtos. Isso não só é bom para o meio ambiente, mas também para a economia, gerando novos empregos.

De acordo com o World Resource Institute (WRI), organização não governamental ambientalista e conservacionista, a economia circular poderia criar cerca de seis milhões de novos empregos em todo o mundo até 2030.

Autor: Gero Rueter

 

BENEFÍCIOS DO CACAU PARA A SAÚDE E O ENVELHECIMENTO

História de Carolina Sánchez Rodríguez – The Conversation – BBC News Brasil

Os benefícios do cacau para a saúde e o envelhecimento, segundo a ciência

Os benefícios do cacau para a saúde e o envelhecimento, segundo a ciência© Getty Images

A população mundial está envelhecendo em ritmo acelerado.

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que, entre 2015 e 2050, o percentual de pessoas com mais de 60 anos de idade irá quase dobrar, passando de 12% para 22%. E, na Espanha, as pessoas com mais de 65 anos no ano 2050 representarão mais de 30% da população.

No Brasil, estima-se que, em 2060, os idosos totalizarão 25,5% da população do país.

O envelhecimento traz consigo o aumento das doenças. Entre as mais comuns, podemos destacar a perda de audição, catarata, osteoartrite, diabetes, depressão e demência.

Além disso, à medida que envelhecemos, aumenta a probabilidade de sofrermos de várias doenças ao mesmo tempo, além de estados de saúde complexos, denominados síndromes geriátricas, como a fragilidade.

Por tudo isso, um dos objetivos mais importantes da atualidade é conseguirmos manter a saúde conforme avançam nossos aniversários, desenvolvendo estratégias razoáveis que promovam uma velhice com independência e qualidade de vida adequada.

E se uma dessas possíveis estratégias fosse simplesmente tomar, todos os dias, uma dose de cacau?

Antioxidante, antialérgico e anticancerígeno

Nos últimos anos, vem surgindo um número cada vez maior de estudos indicando que o cacau é um importante agente quimiopreventivo natural de diversas doenças.

Isso se deve principalmente aos altos níveis de polifenóis contidos no cacau, principalmente flavonóis. Os cientistas atribuem a essas substâncias numerosos efeitos benéficos para a saúde.

O cacau também é rico em fibras (26-40%), lipídios (10-24%), proteínas (15-20%), carboidratos (15%) e micronutrientes (<2%), incluindo sais minerais (fósforo, cálcio, potássio, sódio, magnésio, zinco e cobre) e vitaminas (A, B e E).

A principal vantagem do cacau e seus derivados, como possível tratamento preventivo de diversas patologias, é que eles são consumidos em todo o planeta.

Em 2022 e 2023, o mundo produziu quase cinco milhões de toneladas de cacau – e o consumo de chocolate e derivados de cacau na Espanha é de 3,3 kg anuais por habitante.

Diversos estudos demonstraram associação entre a ingestão de cacau e a redução do risco de diversas patologias crônicas, como o câncer, transtornos metabólicos e doenças cardiovasculares.

Os benefícios do cacau para a saúde e o envelhecimento, segundo a ciência

Os benefícios do cacau para a saúde e o envelhecimento, segundo a ciência© Getty Images

A dieta rica em cacau também traz consequências positivas para a função visual, a audição, o sistema nervoso e a pele, entre outros. Aparentemente, isso se deve às suas propriedades antioxidantes, antidiabéticas, anti-inflamatórias, anticancerígenas, antialérgicas e antiobesidade.

Como se tudo isso não fosse suficiente, cientistas vêm pesquisando recentemente a relação entre o cacau e o bom estado da microbiota intestinal – que, por sua vez, garante um estado de boa saúde em geral.

Contra deterioração cognitiva e doenças cardiovasculares

E se o consumo habitual de cacau ajudasse a manter a boa circulação sanguínea no cérebro, protegendo contra a deterioração cognitiva, além de evitar as doenças cardiovasculares?

Essa não é nenhuma utopia.

Recentemente, na Suécia, foi estudada por nove anos a saúde de 31.823 mulheres, com 48 a 83 anos de idade. Os resultados relacionaram o consumo regular de chocolate (uma a duas porções por semana e uma a três porções por mês) a índices inferiores de hospitalização por insuficiência cardíaca ou mesmo morte.

Da mesma forma, uma pesquisa com 531 pessoas maiores de 65 anos durante dois anos demonstrou que a ingestão de chocolate reduz em 41% o risco de sofrer deterioração cognitiva.

Além disso, em pessoas com idade avançada e deterioração cognitiva leve, foi avaliada a função cognitiva após oito semanas consumindo bebidas contendo diferentes quantidades de flavonoides do cacau (de 43 mg a 993 mg). E, ao final do estudo, os grupos com teor médio e alto de cacau demonstraram melhor função cognitiva.

Mas por que isso acontece? Quais mecanismos de ação existem por trás desses efeitos positivos do cacau?

Existem evidências de que a administração de bebidas de cacau natural, ricas em flavonoides (179 mg de flavonol de cacau por porção) a 60 participantes (de 55 a 70 anos) melhorou a glicemia, a trigliceridemia e os níveis de colesterol (HDL e LDL). Além disso, seu consumo proporciona maior rendimento físico e menor fragilidade.

Paralelamente, em um estudo clínico randomizado de fase 2, com 44 participantes com doença arterial periférica, as pessoas pesquisadas percorreram distâncias maiores em uma caminhada de seis minutos, após a ingestão de uma bebida de cacau todos os dias, durante seis meses – 15 g de cacau, para sermos exatos.

Considerando todos esses estudos, podemos dizer que o consumo de cacau pode melhorar a cognição geral e a memória, por modular o fluxo sanguíneo cerebral e outros parâmetros fisiológicos.

São motivos de sobra para imaginar que seu consumo poderá melhorar a qualidade de vida da população em idade avançada.

* Carolina Sánchez Rodríguez é professora titular de pesquisa e biologia celular da Universidade Europeia, na Espanha.

Este artigo foi publicado originalmente no site de notícias acadêmicas The Conversation e republicado sob licença Creative Commons. Leia aqui a versão original em espanhol.

 

PT DE LULA MANTÉM APOIO A MADURO E APROVA A SUA REELEIÇÃO

 

BBC News Brasil

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, ao lado de Luiz Inácio Lula da Silva em um evento em 2018
Legenda da foto,Nota do PT reconhecendo a vitória de Maduro sofre críticas veladas dentro da própria executiva do partido, presidido por Gleisi Hoffmann

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impasse nas eleições venezuelanas tornou-se um teste diplomático para o governo brasileiro, que busca se manter como mediador da situação no país vizinho, conflagrado por protestos após a reeleição declarada de Nicolás Maduro — resultado que oposição e diversas autoridades internacionais contestam.

Para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o desafio não é só de se equilibrar entre a cobrança de transparência e a manutenção de diálogo com o governo chavista — que nos últimos dias já expulsou do país representantes de ao menos sete países que contestaram o pleito.

Lula também se equilibra entre a posição adotada pelo Itamaraty — que, desde segunda-feira (29/7), dia seguinte à votação, pede a divulgação dos dados desagregados por mesa de votação — e um PT que, em nota, reconheceu a vitória de Maduro, ao tratá-lo como “presidente agora reeleito”.

Em entrevista na terça-feira, Lula foi questionado sobre a nota do PT, e buscou minimizar as críticas ao partido pela publicação do documento.

“O PT reconheceu, a nota do Partido dos Trabalhadores reconhece, elogia o povo venezuelano pelas eleições pacíficas que houve. E ao mesmo tempo ele reconhece que o colégio eleitoral, o tribunal eleitoral já reconheceu o Maduro como vitorioso, mas a oposição ainda não”, disse Lula.

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“Então, tem um processo. Não tem nada de grave, não tem nada de assustador. Eu vejo a imprensa brasileira tratando como se fosse a Terceira Guerra Mundial. Não tem nada de anormal. Teve uma eleição, teve uma pessoa que disse que teve 51%, teve uma pessoa que disse que teve 40 e pouco por cento. Um concorda, o outro não. Entra na Justiça e Justiça faz.”

A oposição venezuelana, porém, diz que o Poder Judiciário é dominado por Maduro. Também contesta a noção de que haja uma normalidade no processo político do país, apontando que, ao longo dos anos, o chavismo passou a controlar órgãos como a Suprema Corte e o Conselho Eleitoral.

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Além disso, órgãos de direitos humanos, como o da Organização das Nações Unidas (ONU), apontam violações em resposta a protestos no país e prisões arbitrárias de oponentes, além da inabilitação política de muitos deles.

A cautela de Lula ao tratar da questão venezuelana tem diferenciado o mandatário brasileiro de outros líderes de esquerda latino-americanos, como o presidente chileno Gabriel Boric, e o presidente colombiano, Gustavo Petro, que têm sido mais vocais em seus questionamentos quanto à lisura do processo eleitoral venezuelano.

Referência na esquerda para Lula, o ex-presidente uruguaio Pepe Mujica disse em fevereiro que na Venezuela “existe um governo autoritário” e que era possível chamar Maduro de ditador.

Mas por que o Partido dos Trabalhadores mantém seu apoio a Maduro, mesmo num momento em que Lula e seu governo optam por adotar um tom mais cauteloso?

Quão prevalente é essa posição dentro do PT, diante das críticas abertas ao processo eleitoral na Venezuela feitas por parlamentares petistas como o senador Randolfe Rodrigues (PT-AP) e o deputado federal Reginaldo Lopes (PT-MG), vice-líder do PT na Câmara?

E como foi o processo interno de aprovação da nota divulgada pelo PT?

A BBC News Brasil conversou com o historiador Lincoln Secco (USP), o cientista político Claudio Couto (FGV) e com membros da Comissão Executiva Nacional do PT — que falaram sob a condição de não terem seus nomes divulgados — para entender essas e outras questões.

A reportagem também entrou em contato com a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, que não respondeu ao pedido de entrevista.

A assessoria da presidente do partido também disse à reportagem que “não há o que acrescentar” com relação à nota, quando questionada, por exemplo, sobre por que o PT decidiu, diferentemente do governo, que a divulgação das atas eleitorais não deveriam ser uma condição prévia para o reconhecimento de Maduro.

Já Randolfe Rodrigues e Reginaldo Lopes alegaram problemas de agenda, devido a viagens para participação em convenções partidárias.

‘Nota reafirma posições de esquerda à militância do partido’

Captura de tela com a nota da Executiva Nacional do PT sobre eleições na Venezuela
Legenda da foto,Em nota, PT reconheceu a vitória de Maduro ao tratá-lo com ‘presidente agora reeleito’

Um primeiro passo para entender a nota do PT é compreender o papel da área de relações internacionais dentro do partido, observa Lincoln Secco, professor de História Contemporânea da Universidade de São Paulo (USP) e autor do livro História do PT (Ateliê Editorial, 2018).

“A área de relações internacionais do PT é aquela que se coloca mais à esquerda na direção do partido”, observa Secco.

Isso acontece, segundo ele, porque o PT é um partido de tendências (ou seja, composto por diferentes correntes internas que disputam entre si). E, historicamente, os setores mais à esquerda não têm os principais cargos, ocupando áreas que são vistas como secundárias, como a de relações internacionais.

Ele lembra, por exemplo, da nota publicada pelo partido celebrando a vitória de Daniel Ortega para um quarto mandato na Nicarágua em 2021, em eleições marcadas por acusação de fraude — o que Ortega nega.

E também o fato de o PT ser ligado ao Foro de São Paulo, articulação de partidos e movimentos políticos latino-americanos e caribenhos, que tem entre seus membros o Partido Comunista de Cuba; a Frente Sandinista de Liberação Nacional, de Ortega; o Partido Socialista Unido de Venezuela, de Maduro; o Movimento ao Socialismo, do presidente da Bolívia, Luis Arce; entre outros.

Participantes do 18º encontro do Foro de São Paulo, em Caracas, Venezuela, em julho de 2012
Legenda da foto,Partido usa sua área de relações internacionais para reafirmar posições de esquerda à sua militância, diz historiador. Participação no Foro de São Paulo é exemplo

Na avaliação do historiador, embora muitos acreditem que o PT tem autonomia em relação ao governo, isso não ocorre.

Afinal, apesar de tratar-se de um governo de frente ampla, o partido ocupa grande número de ministérios e está presente em todos os escalões do governo.

Assim, nas questões internacionais, o PT encontra maior margem para marcar posições à esquerda do governo.

“São questões que afetam menos diretamente a popularidade interna do governo Lula”, avalia Secco.

“Isso abre uma possibilidade para o PT ter maior liberdade também para reforçar sua imagem de esquerda perante sua militância. Porque, na verdade, esse é um discurso para a militância, não é um discurso para a sociedade.”

Em entrevista à BBC News Brasil no início da semana, o professor Feliciano de Sá Guimarães, do Instituto de Relações Internacionais da USP, expressou um ponto de vista diferente do de Secco.

Para Guimarães, a cautela de Lula ao tratar da questão se deve justamente ao fato de que o tema Venezuela é muito sensível internamente.

“O custo de reconhecer Maduro como vitorioso é muito alto para o governo brasileiro”, disse Guimarães.

“Esse é um tema muito delicado domesticamente, porque a maioria da população brasileira tem uma visão muito negativa da Venezuela e do governo Maduro.”

Além disso, os laços entre Lula e o PT e aliados de esquerda considerados controversos, como Maduro, são um frequente tema de ataques feitos por opositores como o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados.

Lincoln Secco avalia, no entanto, que a dissonância entre a posição do partido e a do Itamaraty poderá se complicar ou se resolver, a depender do desdobramento da crise na Venezuela.

“Caso haja essa suposta entrega das atas e o governo brasileiro imediatamente reconheça o governo Maduro, esse problema desaparece”, diz Secco.

“Caso não seja apresentado, isso cria um impacto muito sério para a posição do governo Lula. E aí vai ter uma fricção maior com o partido, porque o partido se antecipou.”

Os bastidores da aprovação da nota

Um parlamentar que faz parte da Comissão Executiva Nacional do PT avalia que a publicação da nota foi precipitada e revela ter se arrependido de votar por sua aprovação — que passou com 21 votos favoráveis (de um total de 28), um deles com ressalva, e nenhum voto contrário, segundo outro membro da Executiva.

“Acho que o mais óbvio era esperar o governo se manifestar e fechar uma posição igual à do governo”, avalia o parlamentar.

“Óbvio que já houve em outros momentos, inclusive em relação à Venezuela, Nicarágua, situações em que a Secretaria de Relações Internacionais do PT tomou uma posição e o governo tomou outra. E gerou, inclusive, conflitos e tal. Só que esse é um problema muito mais complexo, né?”

Venezuelanos vivendo no México protestam contra o resultado das eleições na Venezuela (30.jul.2024)
Legenda da foto,Venezuelanos vivendo no México protestaram na terça-feira (30/7) contra o resultado das eleições na Venezuela

Os membros da Executiva ouvidos pela BBC de forma reservada avaliam que o processo de aprovação da nota foi açodado.

Isso porque houve uma reunião da Executiva na tarde da própria segunda-feira em que a nota foi divulgada, mas o tema não foi discutido.

No encontro, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, apenas teria comentado o tema Venezuela, informando que ainda não havia sido escrita uma nota.

Mais tarde, por volta de 22h, o texto foi postado no grupo de WhatsApp da Executiva. Sem que houvesse debate presencial ou virtual, os membros votaram pela aprovação do texto, que foi publicado na página do PT por volta das 23h.

“Quando eu vi, já tinha acabado o processo [de votação]”, relata um membro da Executiva que não conseguiu votar, afirmando que o processo todo foi encerrado em cerca de 15 minutos.

Na avaliação desse membro da Executiva, os dirigentes e deputados do PT enviados à Venezuela para acompanhar o processo eleitoral no país vizinho são em sua maioria pró-Maduro, assim como a direção do partido.

“A direção é majoritariamente pró-Maduro. Não tenho dúvida disso. Mas não é verdade que isso seja o estado de espírito do enquadramento do partido”, diz essa pessoa, referindo-se aos chamados “quadros”, isto é, os militantes do PT, partido que contava em 2023 com mais de 1,6 milhão de filiados, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Assim, haveria uma pressão interna pela publicação da nota.

Mas as próprias disputas internas ao partido ficam evidentes, na avaliação dos interlocutores, pelo tom considerado moderado do texto, que em dado momento afirma:

Temos a certeza de que o Conselho Nacional Eleitoral, que apontou a vitória do presidente Nicolas Maduro, dará tratamento respeitoso para todos os recursos que receba, nos prazos e nos termos previstos na Constituição da República Bolivariana da Venezuela.

Nicolás Maduro e Luiz Inácio Lula da Silva durante encontro em Brasília em maio de 2023
Legenda da foto,Dirigentes e deputados do PT enviados à Venezuela para acompanhar o processo eleitoral no país vizinho são em sua maioria pró-Maduro, assim como a direção do partido, avalia membro da executiva nacional do partido

Na avaliação dessas pessoas, e dos analistas ouvidos pela BBC, a frase abre espaço para o PT mudar sua posição caso as atas de urnas não venham a ser apresentadas.

Mesmo não tendo conseguido votar, o membro da Executiva defende a independência do partido com relação ao governo na tomada de posições políticas, seja em temas externos, como internos.

“Desse ponto de vista, não se pode usar o argumento que alguns usam, que a gente atropelou o governo”, argumenta o petista.

“O PT foi formado assim. Inclusive nos documentos originais, diz até que ele subordina a sua presença institucional aos movimentos, às lutas populares. E explica: porque o objetivo é a transformação da sociedade. Inclusive das próprias instituições.”

A divergência entre partido e governo muitas vezes “ajuda o governo a acertar”, defende o membro da Executiva.

“O curso geral do governo não é de conflito com a classe dominante. É de acomodação, pelo menos no nível do Congresso, e a partir daí, com as forças sociais e econômicas que estão detrás.”

“Então o partido mantendo a independência, ele pode vocalizar, em momentos agudos, um conselho, uma opinião. Dar outro viés. Ajudar o governo a acertar.”

‘Fetiche com relação a ditaduras de esquerda’

Entre políticos e analistas esquerdistas que defendem a experiência do chavismo e o governo Maduro, muitos argumentam que o grupo dominante na Venezuela está sob ataque constante de “forças imperialistas” e luta contra o lobby ativo dos Estados Unidos no país, o que, em sua visão, deve ser levado em consideração na análise do processo político.

Apontam as sanções americanas impostas ao país — e brevemente afrouxadas no ano passado durante a vigência do acordo que abriu caminho para a realização das eleições — como o principal causador da dura crise econômica.

Além disso, consideram que a oposição a Maduro só está interessada em reduzir direitos sociais e privatizar a indústria petroleira, sem ter compromisso com a democracia, como na tentativa de golpe contra o então presidente Hugo Chávez em 2002.

Claudio Couto, cientista político e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), vê a postura do PT de manter o apoio a Maduro como parte de “uma postura fetichista da esquerda” com relação às ditaduras deste campo político.

E avalia que a dissonância entre PT e Itamaraty reforça uma percepção dentro do país de que o partido não teria clareza com relação à defesa da democracia.

Isso num momento em que Lula busca fortalecer as instituições brasileiras, após o que considera como uma ameaça golpista por parte do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus apoiadores, depois dos ataques de 8 de janeiros de 2023.

Mulher e criança conversam em frente a um mural em Manágua, na Nicarágua, retratando Daniel Ortega, Hugo Chávez e Fidel Castro
Legenda da foto,Mural em Manágua, na Nicarágua, retrata o presidente do país, Daniel Ortega; o ex-presidente da Venezuela, Hugo Chávez; e o ex-presidente de Cuba, Fidel Castro

“O PT tem um histórico muito complicado nessa relação com ditaduras de esquerda na América Latina”, considera Couto.

“Sempre é um histórico de referendar, de não fazer nenhum tipo de crítica, de fechar os olhos para os problemas que existem nestes regimes autoritários de esquerda latino-americanos, haja visto o que acontece historicamente com Cuba, com a Nicarágua e mesmo com a Venezuela.”

Segundo o cientista político, embora a nota do PT adote um tom relativamente sóbrio, ao reconhecer a vitória de Maduro, são ignoradas a maneira como o processo eleitoral transcorreu na reta final — com alegações de fraude na contagem de votos, de votos não considerados e a declaração da vitória de Maduro antes da publicação das atas de urna —, além de tudo aquilo que aconteceu antes.

Ele cita, por exemplo, a exclusão de candidaturas, a detenção de membros dos partidos de oposição e as restrições ao voto de venezuelanos expatriados, num país onde cerca de 25% da população (cerca de 7,7 milhões, de um total de 28,3 milhões) vive em diáspora.

“Há uma série de vícios que tornam essa nota do PT uma nota muito ruim, porque mesmo em um estilo mais sóbrio do que o de hábito, ela ainda assim é uma nota que dá de barato que está tudo certo, e não está”, diz o cientista político.

“Eu só consigo entender essa nota do PT como dando sequência a essa história, que eu gosto de definir como ‘fetichista’, que a esquerda latino-americana de maneira mais geral, e o PT em particular, tem com respeito às ditaduras da esquerda, que é nunca ter qualquer tipo de crítica, muito pelo contrário, ficar buscando formas de racionalizar a defesa dessas ditaduras com argumentos supostamente democráticos, que sabemos que são argumentos que não param em pé.”

Nem toda a esquerda

Além de explicitar uma dissonância entre Itamaraty e PT, o resultado das eleições de domingo (28/7) na Venezuela também deixam claras divisões internas dentro do próprio partido e da esquerda em geral com relação à situação do país vizinho.

Na segunda-feira, por exemplo, o deputado federal Reginaldo Lopes (PT-MG), vice-líder do PT na Câmara, postou em sua conta no X (antigo Twitter) dizendo que “a atuação de Maduro na Venezuela é a postura de um ditador”.

Captura de tela de tuíte do deputado federal Reginaldo Lopes, do PT de Minas, em que se lê: "Um governo verdadeiramente democrático convive com críticas, questionamentos e oposição organizada. A atuação de Maduro na Venezuela é a postura de um ditador."

No dia seguinte, foi a vez do senador Randolfe Rodrigues (AP), recém filiado ao PT, divergir da executiva nacional da sigla e criticar as eleições realizadas na Venezuela.

“Uma eleição em que os resultados não são passíveis de certificação e onde observadores internacionais foram vetados é uma eleição sem idoneidade”, disse Randolfe à CNN.

Na quarta-feira, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, disse que a Venezuela “não se configura como uma democracia”.

“Na minha opinião pessoal — eu não falo pelo governo — [a Venezuela] não se configura como uma democracia. Muito pelo contrário”, afirmou a titular do Meio Ambiente, em entrevista ao portal Metrópoles.

“O Brasil está muito correto quando diz que quer ver o resultado eleitoral, os mapas, todas as comprovações de que, de fato, houve ali uma decisão soberana do povo venezuelano”, acrescentou a ministra.

O senador Randolfe Rodrigues e a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, de mãos dadas
Legenda da foto,O senador Randolfe Rodrigues (PT-AP) e a ministra Marina Silva (Meio Ambiente) se posicionaram criticamente com relação à situação na Venezuela

Também na segunda-feira, Juliano Medeiros, ex-presidente nacional do PSOL — atualmente fora da Executiva Nacional do partido e dedicado à campanha de Guilherme Boulos à prefeitura de São Paulo — também postou nas redes sociais elogiando a posição de cautela adotada pelo Itamaraty.

Na quarta, Medeiros voltou a postar sobre o tema, dizendo “subscrever integralmente” uma postagem do presidente colombiano Gustavo Petro, crítica à situação na Venezuela.

“As sérias dúvidas que se estabelecem em torno do processo eleitoral venezuelano podem levar seu povo a uma profunda polarização violenta com graves consequências (…)”, escreveu Petro, na postagem republicada pelo ex-presidente do Psol

“Convido o governo venezuelano a permitir que as eleições terminem pacificamente, permitindo um escrutínio transparente com contagem de votos, atas e supervisão por todas as forças políticas do seu país e supervisão internacional profissional”, disse ainda Petros.

Procurado pela BBC News Brasil, Medeiros preferiu não dar entrevista, explicando que não é mais da direção nacional do PSOL e que uma declaração sua poderia ser confundida com a do partido.

Captura de tela de tuíte do ex-presidente do Psol, Juliano Medeiros, onde se lê: Posição equilibrada e responsável do governo brasileiro sobre as eleições na Venezuela. Não cabe a um governo endossar discursos a favor ou contra candidato A ou B. O respeito à soberania popular e a transparência são princípios a serem defendidos, doe a quem doer."

Para Lincoln Secco, da USP, a importância que a Venezuela tomou no debate político brasileiro — tendo marcado presença em todas as últimas eleições presidenciais e até nas eleições municipais deste ano — se deve à peculiaridade da situação daquele país.

A Venezuela é um caso difícil da esquerda debater. Porque ela tem um caminho muito próprio nessa onda de esquerda que começa no final do século 20, início do século 21″, observa o historiador.

“Por um lado, tem uma origem militar, o que não é comum na América Latina. E tem uma retórica socialista bastante radical, o que também não é comum”, acrescenta o pesquisador.

Ao mesmo tempo, diz Secco, a prática econômica interna do chavismo não é “revolucionária”. Isso porque há uma hegemonia da esquerda, que convive com o que é chamado de “boliburguesia”, uma elite que enriqueceu a partir de suas relações com o chavismo.

Tudo isso num país mergulhado em uma grave crise econômica, que levou o PIB (Produto Interno Bruto) da Venezuela a encolher mais de 60% somente na última década, e que já levou milhões a migrar.

“Então, é um regime muito específico em relação aos outros regimes de esquerda da América Latina. Isso causa uma grande dificuldade de posicionamento em relação a ela”, avalia o historiador.

“E acredito que a extrema direita percebe essa dificuldade do PT em relação a um regime como o venezuelano.”

MOTIVOS DO JAPÃO SER TÃO BOM NOS ESPORTES

 

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Duas judocas duelam no tatame
Legenda da foto,Judoca Rafaela Silva perdeu o bronze para japonesa Haruka Funakubo

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  • Author,Vitor Tavares
  • Role,Da BBC News Brasil em São Paulo

No futebol feminino, o Japão fez gol nos acréscimos e venceu a seleção brasileira. No skate, Rayssa Leal, medalha de bronze, só não esteve em um lugar mais alto no pódio porque duas japonesas ficaram na frente.

No judô, a campeã olímpica Rafaela Silva perdeu a disputa do bronze para uma judoca japonesa. E esses são só alguns exemplos dos primeiros dias de Jogos Olímpicos…

O Japão tem se mostrado um “carrasco” para os atletas brasileiros nos Jogos de Paris 2024 — o que, como tudo no Brasil, deu origem a uma onda de memes nas redes sociais.

Até o perfil oficial do Comitê Olímpico do Brasil (COB), o @Time Brasil, entrou na brincadeira e anunciou que “bloqueou” o perfil oficial dos japoneses, o @TeamJapan.

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Meme com pratos de sushi no Brasil e uma imagem do bloqueio da página do Team Japan no Twitter pelo Time Brasil
Legenda da foto,Memes com as consecutivas derrotas do Brasil para o Japão ganharam as redes

Até esta terça-feira, 30/7, o Japão era o primeiro no quadro de medalhas em Paris, com sete ouros e 13 medalhas no total.

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Na última Olimpíada, em Tóquio, o Japão terminou em terceiro lugar, com 27 medalhas de ouro e 58 no total, um recorde para o país,

O desempenho de destaque dos japoneses ocorre em meio a investimentos na área de esportes, impulsionados pelos Jogos de Tóquio, e uma cultura que valoriza o esporte desde as escolas.

“Não é apenas a edição de 2020 dos Jogos, em Tóquio, que leva o Japão a esse lugar. Isso começa com os primeiros jogos no país, em 1964, quando se criou uma cultura esportiva”, diz o professor Nelson Todt, coordenador do Grupo de Pesquisa em Estudos Olímpicos da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) e presidente do Comitê Brasileiro Pierre de Coubertin, dedicado ao francês que criou os Jogos da era moderna.

“E essa cultura se sustenta pelo sistema educacional, por uma política que investe no esporte, patrocinadores… Não é algo só de agora.”

Desde 2015, o país mantém ainda projetos como o chamado melhoria da capacidade esportiva“, segundo o Ministério de Cultura, Esporte, Ciência e Tecnologia.

Isso acontece em meio a um crescente orçamento do governo japonês para o setor de esportes, segundo dados reunidos no site Statista.

Mas como o país se tornou uma potência olímpica?

Esportes ocidentais chegam ao Oriente (e às escolas)

Foto em prato e branco mostra partida de baseball
Legenda da foto,Beisebol se tornou um dos esportes mais populares no Japão desde início do século 20

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A história do país com a prática de esportes começa bem antes da chegada das modalidades “ocidentais” – que hoje são a maioria em competições como os Jogos Olímpicos -, segundo a Embaixada do Japão no Brasil.

Os esportes tradicionais do Japão, muitos nascidos por volta do século 12, eram chamados de “budo”, com destaque para o kendo (esgrima japonesa com bastões de bambu), jujutsu (que deu origem ao judô e ao jiu-jitsu), kyudo (arco e flecha japonês) e o karatê.

Após a chamada Restauração Meiji, em 1868, quando imperador Meiji chegou ao trono e iniciou o processo de modernização e internacionalização mais vertiginoso da história japonesa, varias modalidades esportivas do Ocidente foram introduzidas, como beisebol, atletismo, rugby, futebol e patinação no gelo.

A popularização veio principalmente pelo sistema educacional a partir de 1870, com a inclusão da educação física no currículo escolar, com esportes como remo e tênis. Os esportes, segundo o texto da embaixada, também vieram acompanhados da ideia de “de que eram maneira de se obter disciplina mental”.

A Associação de Esportes Amadores do Japão (JASA) foi organizada em 1911, em preparação para os 5º Jogos Olímpicos, que aconteceram no ano seguinte em Estocolmo, na Suécia. O Brasil viria a participar dos jogos a partir de 1920.

Além das aulas de educação física, desde o século 20 as escolas japonesas realizam eventos esportivos anuais nos quais todos os alunos participam. São os chamados undokai.

Até hoje, eles ocorrem no início de outubro, num feriado nacional conhecido como Dia dos Esportes.

Esses eventos escolares incluem uma variedade de atividades, como caminhadas, corridas, natação, competições de esportes com bola, esqui e escalada.

Segundo pesquisadores, os eventos escolares oferecem aos participantes oportunidades “de cultivar virtudes como cooperação, solidariedade, trabalho em equipe e responsabilidade”.

Os esportes também fazem parte das chamadas bukatsu – algo que poderia ser traduzido como “atividades extracurriculares”.

Esses clubes escolares preenchem o horário livre das crianças, que escolhem qual atividade esportiva ou cultural pretendem seguir. Dependendo do bukatsu, as crianças podem treinar durante um turno e participar de jogos amistosos nos finais de semana ou dias de folga.

Criança derruba adulto no judô
Legenda da foto,Crianças dedicam muito do seu tempo aos esportes no Japão

O papel das grandes empresas

Na segunda metade dos anos 1940, o Japão estava devastado após a derrota na Segunda Guerra ao lado da Alemanha nazista e da Itália fascista. O país também tinha sido arrasado pelas bombas atômicas jogadas pelos EUA em Hiroshima e Nagasaki.

Os anos que se seguiram ficaram conhecidos como o “milagre econômico japonês”, com o apoio dos americanos em meio à Guerra Fria. Esse período de reconstrução teve um grande impulso com o surgimento de empresas locais, que passaram a exportar produtos inovadores e relativamente baratos para o mundo.

Nesse cenário, surgem grandes empresas japonesas de eletrônicos, como a Toshiba, e de carros, como a Honda.

Essas novas grandes empresas também tiveram papel importante no fortalecimento do esporte no país, segundo mostra artigo da revista Nipponia, mantida pelo Ministério das Relações Exteriores japonês nos anos 2000.

“Após a Segunda Guerra Mundial, um número crescente de graduados desejava continuar participando de esportes. Eles foram atraídos por grandes corporações, que usaram parte dos lucros obtidos durante os períodos de crescimento para estabelecer clubes esportivos internos”, escreveu Tamaki Masayuki, respeitado escritor de esportes no país.

“Os times corporativos competiam entre si, e logo se percebeu que os melhores jogadores eram uma excelente propaganda para suas empresas. Em pouco tempo, os programas esportivos corporativos estavam treinando os melhores atletas do Japão”.

No livro Japanese Sports: A History (Esportes no Japão, um história, em tradução livre), os autores Allen Guttmann e Lee Thompson escrevem que, no país que se reerguia no pós-guerra, a população também buscava o reconhecimento em “esportes modernos” que ganhavam espaço no mundo.

“Apesar da devastação, as crianças brincavam entre as ruínas e os adultos começavam, timidamente, a reconstruir as organizações e a infraestrutura material dos esportes japoneses. Como seus avós no período Meiji, eles queriam não apenas a oportunidade de participar em esportes tradicionais e modernos, mas também o reconhecimento internacional de suas conquistas atléticas”, dizem os autores no livro.

O esporte que atraiu cada vez mais atenção após a guerra foi o beisebol, esporte em que o Japão levou o ouro nos Jogos de Tóquio (em Paris, a modalidade não está no programa). Os patrocinadores corporativos utilizaram o esporte como uma “ferramenta de publicidade e promoção”, segundo Masayuki.

Mas a relação íntima entre empresas e esporte japoneses arrefeceu desde os anos 1990, já que crises econômicas levaram a menos investimentos nos clubes esportivos das companhias.

Grandes eventos e investimentos

Cerimonia de abertua dos jogos de tóquio
Legenda da foto,Jogos de Tóquio impulsionaram esportes no Japão

Se as empresas ajudaram a popularizar alguns esportes, foram os grandes eventos que atraíram os japoneses para o esporte de alto rendimento.

Foi justamente no cenário pós-Guerra que o Japão sediou a Olimpíada de 1964 – o país chegou a ser excluído das competições em 1948, em Londres, mas foi readmitido em 1952, em Helsinque.

“Nesse Jogos de Tóquio, foi feita toda uma política esportiva para colocar o Japão como uma força mundial depois da Segunda Guerra”, explica Nelson Todt, do Grupo de Pesquisa em Estudos Olímpicos da PUCRS.

A edição de 1964, segundo o Comitê Olímpico Internacional (COI), ocorreu “em meio a um novo movimento político para enfatizar a importância da educação física entre os jovens da nação. Políticas educacionais que promoviam esportes ao longo da vida foram introduzidas antes do evento, uma abordagem que continuou nas décadas seguintes”.

Além desse esforço olímpico, desde 1946, o Japão sedia anualmente o chamado Kokumin Taiiku Taikai (Festival Nacional de Esportes). A ideia era reerguer as modalidades e levantar o moral da população.

Em 1951, o Japão participou dos primeiros Jogos Asiáticos, realizados em Nova Délhi, Índia, onde já se consagrou como maior medalhista da região.

Esses eventos são encarados por pesquisadores como exemplos que promoveram “entusiasmo dos japoneses pelas grandes competições esportivas”.

Na esteira da segunda edição dos jogos de verão em solo japonês, realizados em Tóquio em 2021 em meio a pandemia de covid-19, o governo japonês lançou uma série de programas para incentivar o esporte.

“Nenhuma edição sozinha de Jogos vai melhorar a longo prazo a cultura esportiva. A curtíssimo prazo melhora, como o Brasil em 2016, o Reino Unido em 2012, porque tem investimento, atenção da mídia. Isso potencializa os resultados”, diz Todt.

Para o professor, os Jogos de 2020 no fim serviram mais “para modernizar o Japão, com pelo menos oito anos de preparo em novos esportes”. “O país se atualizou e entendeu a lógica que precisa ‘mudar para não ser mudado’, compreendendo a necessidade de adaptação a novas culturas esportivas”, diz o pesquisador, com exemplos como o sucesso no skate.

O Japão também sediou os Jogos Olímpicos de inverno 1972 e 1998, além da Copa do Mundo de futebol em 2002, junto com a Coreia do Sul.

Segundo os dados, o investimento em esporte foi crescendo ano após ano, com um grande aumento principalmente em 2016, na preparação para os Jogos Olímpicos.

O chamado “projeto de melhoria da capacidade esportiva” de 2015 determina recursos para que “cada organização esportiva realize acampamentos de treinamento para a equipe nacional japonesa, enviar atletas para competições internacionais, nomear treinadores nacionais”.

Outro programa, chamado J-STAR, apoia jovens que almejem competir em competições internacionais. O site oficial do programa diz que “através de medições e avaliações de sua força física e capacidade atlética, os participantes encontrarão o esporte que melhor se adapta a eles e passarão por treinamentos, como acampamentos de treinamento conduzidos por treinadores de alto nível”.

O governo japonês também oferece benefícios para o setor privado investir, como deduções fiscais para doadores de atividades esportivas.

Para Todt, a visão japonesa de longo prazo pode ensinar ao Brasil. O professor avalia que o Time Brasil faz “milagre”, com aumento de atletas, medalhas e participação feminina a cada edição.”Temos uma monocultura, do futebol. Não adianta o foco nos atletas só a cada quatro anos, com mídia e investidores. Tem que pensar no ‘olimpismo 365’, todos os dias do ano”.

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