MILWAUKEE, 19 JUL (ANSA) – O ex-presidente dos Estados Unidos Donald
Trump encerrou na noite de quinta-feira (18) a Convenção Nacional do
Partido Republicano e prometeu governar para todos caso seja eleito em
novembro.
Ainda de curativo na orelha, o magnata de 78 anos fez seu primeiro
discurso após o atentado sofrido no último sábado (13), quando foi
ferido por um tiro de raspão, e aceitou oficialmente a indicação
republicana para disputar a Casa Branca.
“Estou concorrendo para ser presidente de toda a América, não de
metade da América, porque não há vitória em vencer para metade da
América”, afirmou Trump no palco da convenção em Milwaukee, no
Wisconsin, um dos estados-chave das eleições.
Durante o pronunciamento de 90 minutos, o ex-presidente disse, sob os
gritos de “lute” por parte da plateia, que só sobreviveu ao atentado
porque “Deus” estava do seu lado.
Trump também pediu para as pessoas não “demonizarem” as ideias
políticas de opositores e acusou o Partido Democrata, do presidente Joe
Biden, de “instrumentalizar o sistema judiciário, rotulando o adversário
político como inimigo da democracia”.
“Eu que salvarei a democracia para o povo de nosso país”, ressaltou o
magnata, que ainda elencou promessas, como cortar impostos, ampliar
perfurações de petróleo, concluir o muro na fronteira com o México e
promover a “maior deportação da história” dos EUA.
Vídeo relacionado: Trump chega à convenção republicana com a orelha enfaixada (Dailymotion)
“Nós nos tornamos o lixão do mundo, que está rindo de nós.
Eles acham que somos idiotas”, declarou.
No cenário internacional, o candidato afirmou que vai “restabelecer a
paz no mundo”, como as guerras entre Rússia e Ucrânia e Hamas e Israel,
e disse que o grupo islâmico vai pagar um “preço caro” se não libertar
os reféns em seu poder.
Segundo as pesquisas, Trump é favorito para vencer a disputa contra
Biden, que é pressionado a desistir por conta da idade avançada e abrir
caminho para uma candidatura mais competitiva.
Às vésperas da Olimpíada, a prefeita de Paris cumpriu a promessa de
nadar no Sena para provar que o rio é limpo e seguro para provas como as
de triatlo, que devem ocorrer em um dos principais símbolos da capital
francesa. O mergulho de Anne Hidalgo soma-se aos de outras autoridades
francesas e olímpicas e ocorre após processo longo de despoluição, com
custo de quase R$ 10 bilhões. O banho no Sena está proibido desde 1923,
em razão da poluição do rio, que, como tantos outros mundo afora, foi
vítima do processo de urbanização desorganizada das cidades.
Agora, após a prefeita experimentar as águas, Paris pretende que,
além de receber provas olímpicas, o Sena seja liberado, a partir do
verão de 2025, para o mergulho dos cidadãos parisienses, o que seria um
legado gigantesco para a cidade. A organização dos Jogos e o patrimônio
deixado aos cidadãos têm sido tema de escrutínio global cada vez maior,
uma vez que arcar com a estrutura complexa para a prática de diversos
esportes, sem contar a segurança de atletas, exige investimentos
vultosos e benefícios não garantidos à população. Sede dos Jogos de 92,
Barcelona é comumente citada como exemplo de legado, enquanto Atenas
(2004) teria ajudado a empurrar a Grécia para uma gigantesca crise
financeira.
É impossível falar de legado olímpico e águas poluídas sem pensar no
Rio de Janeiro. Apesar do ouro emocionante conquistado pelas atletas
Martine Grael e Kahena Kunze na vela aquática, durante a realização da
única edição de uma Olimpíada na América do Sul, a prometida despoluição
da Baía de Guanabara entrou na lista de oportunidades perdidas.
É verdade que a morte lenta e gradual de rios, baías e canais, como a
do próprio Sena, é um fenômeno generalizado, mas o caso da Baía da
Guanabara mostra que o Brasil quase sempre deixa de aproveitar
oportunidades, algumas de ouro, para recuperar recursos naturais.
Há décadas os dois principais rios que cortam São Paulo são um
cartão-postal indesejado e impossível de esconder, veias expostas de
descaso com o meio ambiente.
A despoluição do Tietê e do Pinheiros atravessa governos, consome
recursos e ainda não alcançou os resultados desejados. É preciso
reconhecer que houve avanço considerável no tratamento de esgoto, que o
odor nauseabundo do Tietê e do Pinheiros já foi exponencialmente pior e
que a ocorrência de enchentes por conta do grau de assoreamento dos dois
rios parece coisa do passado. Ainda assim, o estado geral de ambos,
sobretudo do Tietê, exclama que a cidade mais rica da América do Sul tem
lacunas gritantes em desenvolvimento e qualidade de vida. Convém
lembrar que, até os anos 30 do século passado, o Tietê recebia
regularmente provas de remo e natação.
Promessas e reptos não faltam. Em 1992, o então governador paulista,
Luiz Antonio Fleury Filho, lançou um programa de despoluição do Tietê
garantindo que, até o final de seu mandato, beberia a água do rio. Nem
todos os sucessores de Fleury foram atrevidos a esse ponto, mas todos
prometeram limpar o Tietê – o atual governador, Tarcísio de Freitas, diz
que o rio estará despoluído até 2026 graças a um programa de R$ 5,6
bilhões.
O caso do Tietê é um exemplo da necessidade urgente de maior
coordenação entre municípios espalhados por grandes regiões
metropolitanas para enfrentar questões ambientais. Sem que todos
participem de um esforço concentrado de despoluição, quem estiver
fazendo a lição de casa continuará sendo reprovado pelo fato de que o
vizinho segue poluindo. Cada cidade polui o rio de maneira diferente, o
que demanda soluções específicas. É como se, em uma prova de
revezamento, enquanto um corredor dá tudo o que tem, os demais ficam
parados ou correm em direções diferentes.
É realmente um feito histórico que o Sena aparentemente tenha se
tornado afinal um rio balneável, no qual se pode entrar após quase um
século. O prefeito de São Paulo ousaria mergulhar no Pinheiros ou no
Tietê? Pelo andar dos projetos de despoluição, talvez, como os
parisienses, seja preciso esperar um século. No nosso caso, mais um.
História de Ítalo Lo Re e Caio Possati – Jornal Estadão
Um caso de estupro é registrado a cada seis minutos no Brasil, segundo dados divulgados nesta quinta-feira, 18, pelo Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Ao todo, 83.988 ocorrências foram contabilizadas em 2023, ante 78.887
no ano anterior. A taxa do crime para cada 100 mil habitantes saltou
6,5%: foi de 38,8 para 41,4.
Três de quatro casos (76,48%) correspondem a estupros de vulneráveis,
quando as vítimas têm menos de 14 anos ou são incapazes de consentir (o
que inclui pessoas com deficiência intelectual, por exemplo). Ao mesmo
tempo, na maioria, os agressores são familiares ou conhecidos (84,7%),
que cometem a violação dentro das próprias casas das vítimas (61,7%).
Em linhas gerais, praticamente todas as modalidades de violência
contra a mulher cresceram em 2023, segundo o Anuário. A taxa de
feminicídios saltou 0,8%, enquanto a de importunação sexual, por
exemplo, aumentou 48,7%. Como reflexo disso, a concessão de medidas
protetivas de urgência cresceu consideravelmente (26,7%).
Brasil registrou um estupro a cada seis minutos em 2023
Em nota, o Ministério da Justiça e Segurança Pública informou que, em
2023, o Fundo Nacional de Segurança Pública repassou aos Estados R$ 107
milhões para ações de enfrentamento à violência contra a mulher. Neste
ano, foram R$ 108 milhões.
“Em parceria com o Ministério das Mulheres, foram investidos R$ 450
milhões para a construção de 40 Casas da Mulher Brasileira (CMB). Além
disso, por meio do Fundo Nacional de Segurança Pública, foram doadas 260
viaturas para Delegacias da Mulher e Patrulhas Maria da Penha dos 26
Estados e do DF, no valor de R$ 33,5 milhões.”
Ainda de acordo com a pasta, desde o início do ano passado, o
ministério tem intensificado a parceria com Estados e o DF para ações de
combate à violência contra a mulher. “Em março deste ano, por exemplo, a
Operação Átria, que visa o combate à violência contra a mulher em razão
do gênero, resultou em um aumento de 63% nos atendimentos às mulheres,
com 129,9 mil registros em março de 2024, contra 79,5 mil no mesmo
período em 2023.”
Especialistas apontam que, em parte, a alta de casos de violência
contra mulher se dá pela tipificação recente de alguns tipos de crime –
como importunação sexual e stalking (perseguição) –, além de campanhas
para tentar baixar a subnotificação histórica para crime dessas
natureza.
Ainda assim, pesquisadores apontam que esses fatores, por si só, não
explicam a alta de todo um conjunto de crimes, e cobram mais medidas
específicas dos Estados.
“Quando se vê que tudo está crescendo, só a melhora nos registros não é o suficiente para explicar”, afirma ao Estadão Juliana
Martins, coordenadora institucional do Fórum Brasileiro de Segurança
Pública. Segundo ela, o avanço no conjunto dos crimes indica um cenário
que deve ser priorizado, até pelo perfil das vítimas.
No caso dos estupros, o anuário publicado nesta quinta indica que o
perfil das vítimas não mudou significativamente em relação ao que foi
visto nos anos anteriores: são mulheres (88,2%), negras (52,2%) e de, no
máximo, 13 anos (61,6%).
“Meninas nessa faixa etária muitas vezes demoram a reconhecer aquilo
como violência”, afirma Juliana. “Se essa violência der resultado a uma
gravidez, provavelmente vão demorar a entender o que está acontecendo
com o corpo delas, vão demorar a identificar essa gravidez, vão ter
vergonha ou medo de falar a respeito. É uma situação que é muito maior
que a violência sexual em si.”
Diante disso, a pesquisadora cobra maior urgência na adoção de
medidas de proteção, incluindo fortalecer a educação sexual nas escolas.
Nº quase dobra ante 2011
Para se ter um parâmetro, dez casos de estupro são registrados por
hora no Brasil, segundo os dados policiais. “Esse dado é ainda mais
alarmante quando se avalia a evolução do número de vítimas ao longo da
série histórica iniciada em 2011, quando foram registradas cerca de
43.869 mil ocorrências de estupro e estupro de vulnerável no Brasil.
Isso significa aumento de 91,5%, ascensão quase ininterrupta ao longo de
13 anos”, aponta o anuário.
Em 2023, os Estados com as maiores taxas para cada 100 mil habitantes
foram Roraima (112,5), Rondônia (107,8) – que também registrou a maior
alta do ano passado na comparação com 2022, de 59,4% –, Acre (106,9) e
Mato Grosso do Sul (94,4).
Em relação aos municípios, Sorriso (MT) lidera a lista (113,9),
seguido por Porto Velho (RO), com 113,6, Boa Vista (RR), com 101,5,
Itaituba (PA), com 100,6, e Dourados (MS), com 98,6, segundo os dados
reunidos pelo Fórum.
A exemplo do avanço dos crimes de estelionato, a alta de estupro vai
na contramão de crimes como homicídios e roubos, que vêm caindo nos
últimos anos. Especialistas apontam que isso demanda maiores
investimentos em investigações policiais.
“Os crimes do mundo virtual ou em ambiente privado estão crescendo,
mostrando que, se o Estado quer atuar, ele precisa atuar melhorando a
investigação, a capacidade de resposta e de acolher vítimas. No caso de
crianças e adolescentes, escolas têm papel fundamental na prevenção da
violência”, afirma ao Estadão Renato Sérgio de Lima, presidente do Fórum.
Feminicídio cresce 0,8%
No total, 1.467 mulheres foram vítimas de feminicídio em 2023, ante
1.455 no ano anterior, alta de 0,8% na taxa para cada 100 mil habitantes
(1,4). No caso desse tipo de crime, a maioria das vítimas (71,1%) tem
entre 18 a 44 anos. Além disso, 63,6% delas são negras, segundo o
anuário.
Em geral, nove em cada dez autores de assassinatos de mulheres são
homens. Ao todo, 63% foram vítimas do parceiro íntimo – já o ex-parceiro
é o autor do crime em 21,2% dos casos. Mais da metade das mortes
ocorrem em casa (64,3%).
Outros tipos de violência também apresentaram alta: a taxa de casos
de stalking subiu de 54,8 para 73,7, alta de 34,5%. Já o indicador de
importunação sexual foi de 13,7 para 20,4, um aumento de 48,7% – em
números absolutos, foram 41.371 casos em 2023. Os crescimentos acendem o
alerta para violências mais graves.
“O feminicídio é uma violência evitável: antes de ele acontecer,
muitas outras violências vão acontecer, e o stalking é uma delas”,
aponta Juliana Martins.
Nesses casos, uma das orientações para as vítimas é a solicitação de
uma medida protetiva de urgência à Justiça, a fim de manter distância do
agressor. Em 2023, foram concedidas 540.255 medidas desse tipo, ante
426.297 no ano anterior. A taxa para cada 100 mil habitantes, com isso,
saltou 26,7%.
Na contramão das outras modalidades, os registros de homicídios de
mulheres caíram de 3.934, em 2022, para 3.930, em 2023, o que representa
uma redução de 0,1% na taxa. Já as tentativas de estupro registradas
oficialmente foram de 4.899 para 4.733, queda de 3,4% no indicador para
cada 100 mil habitantes.
A celulose é o principal componente da parede celular das plantas. Ela
é formada por moléculas de glicose (monômeros) conectadas entre si por
ligações de hidrogênio. A estrutura foi descoberta em 1838 pelo químico
francês Anselme Payen, que determinou sua fórmula química.
A celulose é um polímero que constitui uma
importante matéria-prima para as indústrias, que a extraem a de diversos
vegetais. Na maioria das vezes, a partir da fibra de árvores de
eucalipto, pinheiro, algodão, bambu, entre outras. No Brasil, a produção
de celulose representa um ativo para a economia brasileira, pois compõe
o Produto Interno Bruto (PIB Nacional).
Onde se encontra celulose?
A celulose é um dos materiais mais presentes no
cotidiano. Ela é usada como matéria-prima para diversos tipos de
produção de papel. A celulose é utilizada para produzir, também,
produtos como:
Nos alimentos consumidos in natura como folhas e vegetais, a celulose pode desempenhar o importante papel de formação do bolo fecal. Ou seja, auxiliando o funcionamento do sistema digestivo humano.
Pesquisas da
Faculdade de Medicina da Universidade da Virgínia revelaram como as
plantas criam as estruturas lineares de sustentação de carga que as
permitem crescer. Elas tecem as cadeias de celulose em estruturas semelhantes a cabos chamados “microfibrilas”.
Além disso, essas microfibrilas fornecem suporte crucial às paredes
celulares das plantas terrestres. Elas permitem o aumento da pressão
dentro de suas células. Essa pressão permite que as plantas cresçam em
direção ao céu.
Como é processada
A celulose é produzida naturalmente pelos diversos tipos de vegetais e
passa por uma série de processos para ser utilizada pela indústria.
Esses processos se dividem nas etapas florestal, de preparação da
madeira, de obtenção de celulose, de secagem e de acabamento. Confira as
especificidades de cada fase:
Etapa florestal
O processo de produção de celulose se inicia com o plantio de sementes dos vegetais, que servem de fonte de celulose.
Preparação da madeira
Após o corte desses vegetais crescidos, as toras são encaminhadas
para fábricas. Lá, são descascadas e levadas até picadores para serem
transformadas em cavacos, que são pequenos pedaços de madeira.
Obtenção de celulose
Os cavacos são transportados até os digestores, onde se inicia o
cozimento ou polpação. A polpação serve para amolecer a madeira e
facilitar o desfibramento e a deslignificação. O processo consiste em
separar a lignina responsável pela cor e resistência das fibras da
madeira.
Após a separação da lignina é feita uma operação de lavagem e
peneiração para retirar impurezas, que serão reutilizadas no processo.
Depois do peneiramento, a celulose é submetida a um processo de branqueamento. Ele consiste em tratar a celulose com determinados reagentes químicos visando melhorar sua alvura, limpeza e pureza química.
Quanto mais eficiente for o processo de deslignificação, menor será a
necessidade de reagentes no branqueamento. O branqueamento pode ser
feito por dois métodos principais:
Método ácido ou sulfito
Método alcalino ou kraft, que é o mais utilizado no Brasil.
No caso do processo standard, a sequência utilizada para o branqueamento é iniciada com gás cloro (ou cloro elementar).
Secagem
Por fim, após o branqueamento, a celulose é enviada para a secagem. O
objetivo é retirar a água da celulose até que ela atinja o ponto de
equilíbrio com a umidade relativa do ambiente. Na parte final da máquina
secadora fica a cortadeira, que reduz a folha contínua a um formato
determinado.
Quais são os impactos da produção de papel e celulose no meio ambiente?
No caso brasileiro, a matéria-prima da celulose provém
de fazendas de árvores plantadas. Já nos países escandinavos e no
Canadá, ela faz parte de florestas nativas de propriedade estatal. Isso
representa problema significativo de desmatamento de mata nativa, principalmente porque as espécies nativas são de crescimento lento.
A etapa de branqueamento da celulose aparece com
frequência nas discussões a respeito da preservação do ambiente. A
presença do cloro e de substâncias orgânicas, entre as quais a lignina,
representa a maior parte no efluente de branqueamento. O que contribui
para a formação dos compostos organoclorados – substâncias com
significativo impacto ambiental. Para saber mais sobre esse tema,
confira a matéria “O que são organoclorados?“.
Eucalipto
A grande dificuldade do processo standard (explicado na etapa de preparação da celulose)
é que a presença destes organoclorados, de cloretos e o baixo teor de
sólidos no efluente o tornam impróprio para o envio ao ciclo de
recuperação. Tornando necessário, então, o tratamento dos efluentes
líquidos no final do circuito produtivo.
No caso das monoculturas de eucalipto (espécie muito utilizada pela
indústria de celulose, principalmente por causa do seu rápido
desenvolvimento), outro impacto ambiental frequentemente apontado é o
alto consumo de água pelas árvores e seus impactos sobre a umidade do
solo, rios e lençóis freáticos.
O eucalipto pode acarretar ressecamento do solo ao utilizar as
reservas de água nele contidas. Podendo, nesse caso, prejudicar também o
crescimento de outras espécies, fruto da denominada alelopatia.
Por outro lado, um artigo publicado pela Revista do BNDES afirma
que, apesar de possuir um alto consumo de água, isso não significa,
necessariamente, que o eucalipto seque o solo da região onde se insere,
ou que impacta os lençóis freáticos. Isso porque, de acordo com o
artigo, o ressecamento do solo em florestas de eucalipto depende não
somente do consumo de água pelas plantas, mas também da precipitação
pluviométrica da região de cultivo.
Quais são as principais vantagens da celulose em relação a outros materiais?
Em solos desmatados e empobrecidos, a deposição dos resíduos
orgânicos da fabricação de celulose e papel tem alguns efeitos benéficos
como elevação do pH com consequente aumento na disponibilidade de
determinados nutrientes, notadamente fósforo e micronutrientes; aumento
da capacidade de troca de cátions dos solos; incorporação de nutrientes
minerais necessários às árvores; melhoria das propriedades físicas como a
granulometria, a capacidade de retenção de água e a densidade do solo;
aumento da atividade biológica do solo, acelerando a decomposição da
serapilheira e a ciclagem de nutrientes.
Os solos utilizados em reflorestamentos brasileiros, com raras
exceções, são de baixa fertilidade, mesmo para a atividade florestal. A
correção desses solos é necessária para melhorar a fertilidade e um
nível alto de matéria orgânica aumenta a disponibilidade de nutrientes
minerais e a capacidade de retenção de água e de cátions no solo.
Entretanto, vale ressaltar que esse caso só se aplica a solos
anteriormente empobrecidos.
Captura de CO2
Outra vantagem é que o plantio de monoculturas em áreas previamente desmatadas ajuda a capturar CO2 durante o crescimento da vegetação,
principalmente porque, como ressalta Fernando Reinach em artigo
publicado pelo jornal Estado de S. Paulo, a maior parte da captura de CO2 pelas
plantas se dá em sua fase de crescimento. Na fase adulta não há captura
de CO2 que não seja liberada novamente durante o período noturno.
Entretanto, vale ressaltar que essa vantagem só traz benefícios
quando a área em que será realizado o plantio em questão já se encontra
em estado de deterioração e desmatada; e que, após o corte de árvores
para obtenção da celulose, o carbono fixado nas árvores tende a voltar
para a atmosfera.
Em comparação às espécies exóticas (que não são naturais dos biomas
brasileiros), como o eucalipto – plantadas na forma de monocultura – os
vegetais nativos e plantados de forma agroecológica são sempre mais vantajosos em termos de ganhos ambientais – por exemplo, estimulando a própria biodiversidade.
Certificação
Devido ao potencial impacto ambiental do setor de produção
de celulose (de base florestal), existe uma exigência (por parte dos
consumidores) para que sejam gerados os menores impactos ambientais
(externalidades negativas) possíveis na cadeia de produção dos produtos
feitos a partir da celulose.
A certificação é
uma maneira de informar aos consumidores mais exigentes o
comprometimento (por parte dos produtores) em reduzir as externalidades
danosas ao ambiente (desmatamento na amazônia, desrespeito às áreas
indígenas, etc.) dentro de certos critérios preestabelecidos pela
certificação em questão.
Por meio da logomarca do sistema certificador impressa na embalagem
do produto (como ocorre em pacotes de folhas de sulfite), o consumidor
pode saber como o produto foi feito.
Sistemas de certificação
Os sistemas de certificação internacionalmente aceitos e que existem
no Brasil são a norma ISO 14001, a certificação CerFlor e a certificação
FSC. Cada uma delas tem as suas exigências especificadas de maneiras
distintas.
A exploração de florestas tropicais, associada à extinção de espécies
e ao desmatamento, trouxe uma pressão pela certificação de atividades
de extrativismo florestal como uma alternativa para garantir boas
práticas de manejo florestal. Entretanto, já se enfrentam problemas
relacionados à certificação. Dentre eles, estão a falta de padronização
nos métodos de auditoria dos órgãos certificadores, o pouco conhecimento
público sobre certificações e os poucos investimentos em promoção por
parte dos selos.
Certificações FSC aplicadas no Brasil, em especial nas florestas de
ipê, têm tido sua legitimidade contestada, o que gera uma atmosfera de
dúvida quanto à efetividade dos padrões adotados pelos órgãos
certificadores responsáveis por este selo no país. A principal acusação
nesse caso é de que os parâmetros são muito genéricos, não existindo
indicadores objetivos de mensuração das atividades florestais.
O site da FSC no Brasil afirma que “A certificação FSC é um sistema
de garantia internacionalmente reconhecido, que identifica, através de
sua logomarca, produtos madeireiros e não madeireiros originados do bom
manejo florestal. Todo empreendimento ligado às operações de manejo
florestal e/ou à cadeia produtiva de produtos florestais, que cumpra com
os princípios e critérios do FSC, pode ser certificado”.
Refere-se ao estado de satisfação, bem-estar e contentamento dos colaboradores dentro de um ambiente de trabalho.
Pessoas felizes no trabalho (Foto: Pexels)
A felicidade corporativa refere-se ao estado de satisfação, bem-estar e contentamento dos funcionários dentro de um ambiente de trabalho.
Mas atenção: “felicidade corporativa não é o que a empresa dá, portanto, não tem nada a ver com salário e benefícios, nem com uso de pequenas satisfações momentâneas para aumentar o engajamento”, conta neste artigo Suzie Claverym, escritora, cofundadora do ecossistema Employer Branding Brasil.
Como assim? “Trata-se sim de um processo a longo
prazo, que foca em como as pessoas se sentem, combinando a experiência
positiva do colaborador e as emoções positivas que a cercam, com um
senso mais profundo de sentido e propósito”, completa a especialista.
O que o conceito envolve? Aspectos como cultura organizacional, relacionamentos interpessoais, equilíbrio entre vida pessoal e profissional, senso de propósito e realização no trabalho.
O que fazem as empresas que buscam promover a felicidade corporativa?
Investem em estratégias para melhorar o ambiente de trabalho,
contribuindo para um clima organizacional mais positivo e produtivo.
Quais benefícios a felicidade corporativa traz?
Aumento da retenção de talentos, diminuição do absenteísmo, maior
engajamento e entusiasmo dos colaboradores, qualidade de vida no
trabalho, bem-estar mental, físico e financeiro dos profissionais, aumento da produtividade e melhoria do clima organizacional.
Para você ter uma ideia, de acordo com “The Happiness
Dividend”, desenvolvido pela Harvard Business Review em 2023,
colaboradores satisfeitos são 31% mais produtivos e 85% mais
eficientes.
Felicidade no trabalho (Foto: via Canva)
Como mensurar o nível de felicidade em uma empresa?
“Por isso, na hora de avaliar a relação dos seus
colaboradores é importante considerar, ao olhar para a relação com a sua
empresa: autonomia concedida a cada um dos funcionários, a
relação com as pessoas da equipe, com os líderes e com outras áreas, os
projetos que está envolvido e como vem desempenhando as suas tarefas”,
escreve a jornalista Simone Coelho nesta reportagem.
CARACTERÍSTICAS DA VALEON
Perseverança
Ser perseverante envolve não desistir dos objetivos estipulados em
razão das atividades, e assim manter consistência em suas ações. Requer
determinação e coerência com valores pessoais, e está relacionado com a
resiliência, pois em cada momento de dificuldade ao longo da vida é
necessário conseguir retornar a estados emocionais saudáveis que
permitem seguir perseverante.
Comunicação
Comunicação é a transferência de informação e significado de uma
pessoa para outra pessoa. É o processo de passar informação e
compreensão entre as pessoas. É a maneira de se relacionar com os outros
por meio de ideias, fatos, pensamentos e valores. A comunicação é o
ponto que liga os seres humanos para que eles possam compartilhar
conhecimentos e sentimentos. Ela envolve transação entre pessoas. Aquela
através da qual uma instituição comunica suas práticas, objetivos e
políticas gerenciais, visando à formação ou manutenção de imagem
positiva junto a seus públicos.
Autocuidado
Como o próprio nome diz, o autocuidado se refere ao conjunto de ações
que cada indivíduo exerce para cuidar de si e promover melhor qualidade
de vida para si mesmo. A forma de fazer isso deve estar em consonância
com os objetivos, desejos, prazeres e interesses de cada um e cada
pessoa deve buscar maneiras próprias de se cuidar.
Autonomia
Autonomia é um conceito que determina a liberdade de indivíduo em
gerir livremente a sua vida, efetuando racionalmente as suas próprias
escolhas. Neste caso, a autonomia indica uma realidade que é dirigida
por uma lei própria, que apesar de ser diferente das outras, não é
incompatível com elas.
A autonomia no trabalho é um dos fatores que impulsionam resultados dentro das empresas. Segundo uma pesquisa da Page Talent, divulgada em um portal especializado, 58% dos profissionais no Brasil têm mais facilidade para desenvolver suas tarefas quando
agem de maneira independente. Contudo, nem todas as empresas oferecem
esse atributo aos colaboradores, o que acaba afastando profissionais de
gerações mais jovens e impede a inovação dentro da companhia.
Inovação
Inovar profissionalmente envolve explorar novas oportunidades,
exercer a criatividade, buscar novas soluções. É importante que a
inovação ocorra dentro da área de atuação de um profissional, evitando
que soluções se tornem defasadas. Mas também é saudável conectar a
curiosidade com outras áreas, pois mesmo que não represente uma nova
competência usada no dia a dia, descobrir novos assuntos é uma forma
importante de ter um repertório de soluções diversificadas e atuais.
Busca por Conhecimento Tecnológico
A tecnologia tornou-se um conhecimento transversal. Compreender
aspectos tecnológicos é uma necessidade crescente para profissionais de
todas as áreas. Ressaltamos repetidamente a importância da tecnologia,
uma ideia apoiada por diversos especialistas em carreira.
Capacidade de Análise
Analisar significa observar, investigar, discernir. É uma competência
que diferencia pessoas e profissionais, muito importante para contextos
de liderança, mas também em contextos gerais. Na atualidade, em um
mundo com abundância de informações no qual o discernimento,
seletividade e foco também se tornam grandes diferenciais, a capacidade
de analisar ganha importância ainda maior.
Resiliência
É lidar com adversidades, críticas, situações de crise, pressões
(inclusive de si mesmo), e ter capacidade de retornar ao estado
emocional saudável, ou seja, retornar às condições naturais após
momentos de dificuldade. Essa é uma das qualidades mais visíveis em
líderes. O líder, mesmo colocando a sua vida em perigo, deve ter a
capacidade de manter-se fiel e com serenidade em seus objetivos.
História de Fernanda Trisotto, Caio Spechoto e Sofia Aguiar – Jornal Estadão
BRASÍLIA – Nesta quinta-feira, 18, dia em que o dólar subiu 1,9%, puxado, entre outros fatores, por dúvidas sobre o quadro fiscal, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se antecipou e anunciou o congelamento de R$ 15 bilhões em despesas para tentar atingir as metas do arcabouço fiscal neste ano.
Desse valor, serão R$ 11,2 bilhões de bloqueio (pelo aumento de despesas obrigatórias) e R$ 3,8 bilhões de
contingenciamento (por causa da frustração de receitas em função de
pendências no Supremo Tribunal Federal e no Senado). Neste último caso,
está a decisão sobre a compensação da desoneração da folha de pagamentos de empresas, que ficou para setembro.
Para este ano, a meta é de déficit zero, com margem de tolerância
para mais ou para menos de 0,25% do Produto Interno Bruto (PIB). O valor
anunciado pelo governo, porém, ainda ficaria aquém do necessário para
atingir essa meta, de acordo com economistas de mercado ouvidos em pesquisa do Projeções Broadcast. Pela mediana das estimativas, o governo teria de fazer um ajuste de pelo menos R$ 26,4 bilhões para fechar com déficit de 0,25%.
“Tomamos a decisão de já incorporar uma eventual perda em função desse adiamento (na discussão sobre a desoneração da folha) para contemplar o arcabouço fiscal dentro da banda prevista na LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias)”, afirmou o ministro.
No contingenciamento, o governo congela despesas quando há frustração
de receitas, a fim de cumprir a meta fiscal (saldo entre receitas e
despesas, sem contar os juros da dívida). Já o bloqueio é realizado para
cumprir o limite de despesas do arcabouço fiscal. Assim, quando há
aumento de gastos obrigatórios (como aposentadorias, por exemplo), o
governo bloqueia despesas não obrigatórias (como custeio e
investimentos) para compensar.
O atual mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem sido
marcado por declarações contraditórias em relação ao discurso oficial da
equipe econômica em defesa do ajuste fiscal. O próprio Lula já rechaçou
propostas como a revisão dos pisos de gastos para Saúde e Educação e da
política de valorização do salário mínimo – que tem impacto nas
despesas previdenciárias. Na terça-feira, em entrevista à TV Record, ele
afirmou que não há obrigação de cumprir a meta se “tiver coisas mais importantes para fazer”.
O anúncio desta quinta-feira foi feito após reunião dos ministros que
integram a chamada Junta de Execução Orçamentária (JEO) – além de
Haddad, compõem o colegiado os ministros da Casa Civil, Rui Costa; do
Planejamento e Orçamento, Simone Tebet; e da Gestão e da Inovação em
Serviços Públicos, Esther Dweck – com Lula. Haddad disse que os números
apresentados ao presidente são de trabalho conjunto entre Receita e
Ministério do Planejamento, que fizeram análise das contas públicas nos
últimos seis meses. Já Tebet reforçou que o contingenciamento poderá ser
revisto, o que é uma praxe na avaliação do Orçamento.
A previsão inicial era de que o anúncio de bloqueio e
contingenciamento de despesas só ocorresse na próxima segunda-feira,
quando a equipe econômica vai divulgar novo relatório bimestral com o
balanço das despesas e receitas do Orçamento deste ano. “Essas
informações seriam prestadas no dia 22; estamos antecipando justamente
para evitar especulações”, disse Haddad.
Foi o receio no mercado de um valor considerado muito baixo que
impulsionou ontem as cotações do dólar, já pressionadas pela valorização
da moeda no exterior e por incertezas em relação ao processo eleitoral
nos EUA (a avaliação é de que, na hipótese de vitória do republicano
Donald Trump, o país passaria a adotar, por exemplo, uma política
econômica mais protecionista).
Nesse cenário, o dólar fechou
o dia valendo R$ 5,58, com alta de 1,9%. A valorização na semana já
chega a 2,89%. Outras moedas de países emergentes também perderam força
frente ao dólar. A diferença no caso do real, segundo economistas, é que
o receio com o quadro fiscal tem deixado os investidores ainda mais
reativos.
Também houve impacto na Bolsa de Valores. O Ibovespa,
principal índice de referência do mercado acionário brasileiro,
terminou o dia em 127,6 mil pontos, o que representou uma queda de
1,39%. “Depois de várias semanas de lua de mel, o mercado entrou hoje em
modo de realização (de lucros) um pouco mais forte. Fatos
tanto externos quanto internos pesaram na sessão”, afirmou o head de
renda variável da Veedha Investimentos, Rodrigo Moliterno.
Questionado sobre a posição de Lula, Haddad disse: “Se eu estou dando o anúncio, é porque foi (convencido), né?”. A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, complementou: “Hoje foi fácil. Ele foi convencido lá atrás”.
Especialistas avaliaram como positivo o anúncio do congelamento de R$
15 bilhões em recursos do Orçamento deste ano – sendo bloqueio de R$
11,2 bilhões e contingenciamento de R$ 3,8 bilhões. Eles ponderam, porém, que será necessário uma nova contenção de despesas,
de modo a cumprir ao menos o piso da meta fiscal deste ano, de zerar o
déficit das contas públicas. Os analistas avaliam que, para o
cumprimento do piso da meta fiscal em 2024, a contenção deveria ser da
ordem de R$ 26,4 bilhões – embora haja divergências nas
previsões. Assim, analistas já preveem que o restante da contenção seja
anunciado no relatório de setembro.
Tebet pontuou que o contingenciamento poderá ser revisto – o que é
uma praxe na avaliação das contas públicas. Haddad explicou que a equipe
levou números ao presidente Lula após um trabalho conjunto entre
Receita Federal e Ministério do Planejamento, que fizeram uma análise
das contas públicas nos últimos seis meses.
Haddad ainda relembrou que a meta fiscal para este ano, de déficit
zero, tem uma margem de tolerância de 0,25 ponto porcentual e garantiu
que o resultado ficará dentro da banda (intervalo de tolerância). Isso
significa que a meta será cumprida mesmo que as contas fechem com um
déficit de R$ 28,8 bilhões – ou um superávit no mesmo montante, cenário
inviável no cenário atual.
No relatório bimestral anterior, divulgado em maio, a projeção de
rombo do governo era de R$ 14,5 bilhões, já sem contabilizar os gastos
extraordinários com o Rio Grande do Sul, que naquela ocasião somavam R$
13 bilhões.
No próximo relatório, que será divulgado na próxima segunda, ele
disse que a tendência é de que o déficit fique mais próximo do limite
inferior (déficit de R$ 28,8 bilhões).
Qual a diferença entre bloqueio e contingenciamento?
No contingenciamento, o governo congela despesas
quando há frustração de receitas, a fim de cumprir a meta fiscal (saldo
entre receitas e despesas, sem contar os juros da dívida). Para este ano
e para 2025, a meta é de zerar o déficit das contas públicas.
Como a meta tem uma banda (intervalo de tolerância) de 0,25 ponto
porcentual do PIB para cima e para baixo, o governo cumpre a meta desde
que não extrapole o piso da banda – ou seja, um déficit de R$ 28,8
bilhões.
Já o bloqueio é realizado para cumprir o limite de
despesas do arcabouço fiscal – de 2,5% ao ano acima da inflação. Assim,
quando há aumento de gastos obrigatórios (como aposentarias, por
exemplo), o governo bloqueia despesas não obrigatórias (como custeio e
investimentos) para compensar.
RIO – O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) vai participar de dois encontros de pré-campanha no Rio de Janeiro com o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-chefe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) na
gestão bolsonarista e pré-candidato à prefeitura da capital carioca,
nesta quinta, 18, e sexta-feira, 19. Bolsonaro gravou um vídeo com
Ramagem para informar sobre os compromissos.
“Olá, amigos do Rio de Janeiro. Nessa próxima quinta-feira, às 10h30,
juntamente com Ramagem, estaremos na Praça Saens Peña, aí na Tijuca,
para bater um papo contigo sobre o nosso município. No dia seguinte, no
mesmo horário, às 10h30, no Calçadão de Campo Grande, também discutindo
os nossos problemas, o nosso município do Rio de Janeiro. Compareça”,
diz Bolsonaro na gravação ao lado de Ramagem.
A reafirmação de apoio a Ramagem foi divulgada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) nas redes sociais nesta quarta-feira, 17, dois dias após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), retirar o sigilo do áudio de uma reunião em que o ex-presidente, o general Augusto Heleno (então chefe do Gabinete de Segurança Institucional) e o ex-chefe Abin discutem um plano para anular o inquérito das “rachadinhas” – investigação que fechou o cerco a Flávio, filho “01? do ex-chefe do Executivo.
O vídeo de apoio põe fim às especulações sobre uma possível troca de
candidato na disputa pela prefeitura do Rio nas eleições deste ano e é
considerado uma vitória de Flávio, o principal articulador da campanha
de Ramagem.
Vídeo relacionado: BOLSONARO E RAMAGEM CHAMAM APOIADORES PARA ATOS NO RIO DE JANEIRO (Dailymotion)
Aliados do ex-chefe do Executivo e integrantes do partido já davam a
candidatura de Ramagem como “irreversível”. Aliado fiel do clã Bolsonaro
em solo fluminense, o berço político do bolsonarismo, Ramagem ainda não
decolou como pré-candidato.
Donald Trump defenderá Taiwan no caso de uma invasão da China se
vencer as eleições de novembro nos Estados Unidos? O candidato
republicano semeia dúvidas, como também acontece com Ucrânia e Otan. O
único que se sabe ao certo é que ele fará com que Taipé pague por sua
defesa.
Os Estados Unidos mantêm há décadas o que chamam de “ambiguidade
estratégica” em relação a Taiwan, mas o presidente democrata Joe Biden
já deixou claro que, se for necessário, vai intervir em defesa da ilha.
A China reivindica sua soberania sobre essa ilha de 23 milhões de habitantes, governada por um regime rival desde 1949.
Quando Trump foi perguntado sobre o que faria em caso de ataque, o
ex-presidente se esquivou do tema, mas afirmou que Taipé deveria pagar
por sua defesa, fiel à sua visão mercantilista da política externa.
“Conheço muito bem essa gente, os respeito muito. Ficaram com quase
100% de nosso negócio de chips. E acho que Taiwan deveria nos pagar por
sua defesa”, declarou o republicano em entrevista à Bloomberg
Businessweek, publicada na terça-feira.
“Não somos diferentes de uma companhia de seguros. Taiwan não nos dá nada”, acrescentou.
Taiwan fabrica a maioria dos semicondutores necessários à economia mundial.
As declarações de Trump, nomeado oficialmente esta semana candidato a
presidente do Partido Republicano nas eleições de 5 de novembro,
causaram rebuliço, inclusive nos mercados financeiros.
O primeiro-ministro taiwanês, Cho Jung-tai, reagiu dizendo que Taipé aumentou seu orçamento de defesa nos últimos anos.
– ‘Enfoque mercantilista’ –
“Muitas das pessoas que assessoraram o presidente anterior durante o
seu mandato e que provavelmente estão auxiliando sua campanha à
reeleição acreditam que o principal objetivo geopolítico dos Estados
Unidos é dissuadir a China de invadir Taiwan”, observa Ali Wyne,
pesquisador do International Crisis Group.
“Contudo, os comentários recentes de Donald Trump enfatizam seu
enfoque mercantilista da política externa e correm o risco de incomodar
Taipé, que está cada vez mais preocupado com o equilíbrio de poder
militar no estreito de Taiwan e a intensificação da concorrência
estratégica entre Washington e Pequim”, acrescenta.
O especialista prevê que um segundo mandato de Trump seria muito mais “agressivo” em relação a Pequim.
Trump fez a divisão igualitária de custos um dos pilares de sua
política externa, exigindo, por exemplo, durante seu mandato
(2017-2021), que os europeus aumentassem suas despesas no âmbito da
Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
Mais recentemente, provocou polêmica ao afirmar que incentivaria o
presidente russo, Vladimir Putin, a “fazer o que quisesse” se um país da
Otan descumprisse com suas obrigações financeiras com a aliança
militar.
Isso equivale a dizer que os Estados Unidos não necessariamente
sairiam em seu resgate, apesar do artigo 5º do tratado, que estabelece
que um ataque contra um membro da Otan é um ataque contra todos.
Curiosamente, o tema de Taiwan não aparece no programa republicano,
adotado esta semana na convenção nacional do partido em Milwaukee
(norte), que fala apenas de “conter a China”.
– ‘Taiwan paga’ –
Embora Washington reconheça Pequim em detrimento de Taipé como
potência legítima desde 1979, continua sendo o aliado mais poderoso da
ilha e seu principal fornecedor de armas.
Questionado na quarta-feira, o porta-voz do Departamento de Estado,
Matthew Miller, não quis comentar diretamente as declarações de
Trump, mas disse que “Taiwan paga por sua defesa”.
“Taiwan compra equipamentos militares avaliados em bilhões de dólares e isso ajuda a economia americana”, afirmou.
No entanto, em uma mudança significativa de 180 graus, os Estados
Unidos decidiram este ano fornecer pela primeira vez assistência militar
direta a Taiwan. Até agora, Washington tinha se limitado a vender
armas.
Uma lei aprovada este ano prevê destinar 8 bilhões de dólares (R$ 44,3 bilhões) para investimento em submarinos e ajudar Taiwan.
Com o objetivo declarado de dissuadir a China de qualquer ambição
expansionista, uma lei aprovada pelo Congresso americano obriga o
fornecimento de armas defensivas a Taiwan.
O candidato à presidência do Partido Republicano, Donald Trump,
prometeu na quinta-feira (18) acabar com as crises internacionais e
restaurar o prestígio americano no cenário mundial, ao declarar que
poderia “parar as guerras com uma ligação telefônica”.
O ex-presidente pintou um cenário terrível do mundo sob a presidência
de Joe Biden, que o sucedeu no cargo, ao afirmar na Convenção Nacional
Republicana em Milwaukee que o planeta está “à beira da Terceira Guerra
Mundial”.
“Vamos restaurar a paz, a estabilidade e a harmonia em todo o mundo”, disse Trump, sem explicar como faria tudo isso.
“Sob a nossa liderança, os Estados Unidos serão respeitados
novamente. Nenhuma nação questionará o nosso poder, nenhum inimigo
duvidará do nosso poder, as nossas fronteiras estarão totalmente
seguras”, acrescentou.
Trump culpou diretamente Biden pelos conflitos mundiais, incluindo
aqueles que têm raízes muito anteriores ao governo do democrata.
“Há uma crise internacional como a qual o mundo raramente viu… a
guerra está devastando agora a Europa, o Oriente Médio, um espectro
crescente de conflito paira sobre Taiwan, Coreia, as Filipinas e toda a
Ásia”, disse.
Ele prometeu mudar tudo se for eleito para um segundo mandato na Casa
Branca. “Vou acabar com todas as crises internacionais que a atual
administração criou, incluindo a horrível guerra com a Rússia e a
Ucrânia”, disse Trump.
Mas “para alcançar este futuro, primeiro devemos resgatar a nossa nação de uma liderança fracassada e, inclusive, incompetente”.
Trump também disse que deseja a libertação dos americanos detidos no exterior.
“Ao mundo inteiro, eu digo: queremos nossos reféns de volta e é
melhor que eles voltem antes de eu assumir o cargo ou vocês pagarão um
preço muito alto”, disse Trump.
Ele prometeu construir uma versão do sistema de defesa antimísseis
‘Domo de Ferro’ para os Estados Unidos, sem considerar que o sistema foi
projetado para ameaças de curto alcance. Em territórios como o dos
Estados Unidos, as potenciais ameaças são os mísseis intercontinentais.
O republicano sugeriu que Kim Jong Un – o ditador norte-coreano que
conheceu pessoalmente durante a sua presidência e cujo país possui um
arsenal nuclear – desejava seu retorno à Casa Branca.
“Eu me dou bem com ele, ele também gostaria de me ver de volta. Acho que sente minha falta, se vocês querem saber”, disse Trump.
O Senado pretende votar o projeto de renegociação das dívidas dos
Estados na primeira quinzena de agosto. O prazo foi dado em resposta a
um questionamento feito pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal
Federal (STF), que analisava o terceiro pedido apresentado pelo Estado
de Minas Gerais para prorrogar o pagamento de suas dívidas com a União.
Já faz quase seis anos que a dívida está suspensa, mas o STF tem dado
respaldo a renovações sucessivas desse prazo – desta vez, até 1.º de
agosto.
Minas Gerais deve quase R$ 160 bilhões à União, mas não paga quase
nada desde o fim de 2018. Ao longo desse período, esperava-se que o
Estado adotasse medidas para se adequar aos requisitos do Regime de
Recuperação Fiscal (RRF). O programa flexibiliza as condições de
pagamento das parcelas da dívida, mas impõe algumas contrapartidas, como
a aprovação de reformas estruturais e a privatização de empresas
públicas.
O governador Romeu Zema nunca conseguiu reunir apoio suficiente na
Assembleia Legislativa do Estado para aprovar essas medidas. Com a corda
no pescoço, ele apelou ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco
(PSD-MG), que elaborou uma proposta supostamente abrangente para atender
todos os Estados, mas feita sob medida para resolver os problemas de
Minas Gerais.
Pacheco tem pressa, e pretende pautar a proposta no retorno do
recesso parlamentar. Para ele, quem critica o texto é o mercado
financeiro, que gostaria de adquirir as empresas públicas que ele propõe
federalizar a “preço de banana”. O ministro da Fazenda, Fernando
Haddad, disse ser favorável a uma repactuação, mas disse que a proposta
de Pacheco é insustentável e precisa ser revisada para não prejudicar as
contas públicas.
Em meio a esse impasse, o governo aposta na atuação da governadora do
Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra, para tentar chegar a um acordo
entre as partes, segundo revelou o Estadão. Consta que a
ideia da governadora é construir uma solução que favoreça, também, os
Estados menos endividados e que estejam em dia com suas obrigações com a
União. Ou seja, todos querem se juntar à boiada que vai passar pela
porteira aberta por Pacheco, tudo à custa dos contribuintes.
De fato, os problemas da proposta de Pacheco não são pontuais, mas
estruturais, e não há como salvá-la com meros ajustes. Mas o programa
que o governo havia sugerido tampouco era uma boa solução. A intenção da
Fazenda era reduzir o estoque e os juros da dívida, hoje atualizados
por IPCA mais 4%, como contrapartida a uma política de expansão do
ensino médio técnico a ser adotada pelos Estados.
Ora, qualquer proposta de renegociação de dívidas, para ficar de pé,
deve partir do pressuposto de que os Estados devem cortar seus gastos, e
não expandi-los. Não é o caso do Juros por Educação. Por mais que o
investimento em educação seja meritório, trata-se de uma despesa fixa a
ser incorporada no orçamento e não haveria formas de garantir que os
Estados realmente aplicariam os recursos no programa.
Um dos Estados mais encalacrados, o Rio Grande do Sul, já conseguiu
suspender suas dívidas por três anos em razão das enchentes de abril e
maio. À exceção de Minas Gerais e do Rio de Janeiro, que facilmente
seriam classificados como devedores contumazes, os demais Estados pagam
suas contas em dia.
Goiás, por exemplo, é um dos Estados mais ricos do País, mas isso não
impediu o governador Ronaldo Caiado de pleitear o melhor dos mundos –
aderir aos benevolentes termos da nova proposta discutida no Senado sem
perder os benefícios que o Estado conseguiu ao ingressar no Regime de
Recuperação Fiscal.
Para ter algum controle sobre as negociações, a União deveria
realizar negociações individuais com os Estados e estabelecer
contrapartidas mínimas que os impedissem de se endividar ainda mais –
como, aliás, estabelece a Lei de Responsabilidade Fiscal.
Da forma como tem sido conduzida, a renegociação seria apenas uma
tentativa de abrir espaço no Orçamento para que os Estados ampliem seus
gastos. A questão é que agora o governo criou uma armadilha para si
mesmo e dificilmente conseguirá sair dessa enrascada sem ceder a Estados
que nem sequer apresentam dificuldades para arcar com suas dívidas.