sábado, 15 de junho de 2024

GOVERNO MILEI NA ARGENTINA ENTRA EM NOVA GESTÃO APÓS APROVAÇÃO DA 1ª LEI

 

História de Márcio Resende – RFI

Argentina: gestão de Milei entra em nova com aprovação da 1ª lei, inflação em baixa e discussão com FMI

Argentina: gestão de Milei entra em nova com aprovação da 1ª lei, inflação em baixa e discussão com FMI© REUTERS – Agustin Marcarian

A aprovação do primeiro pacote de leis depois de seis meses implica para o presidente Javier Milei uma nova fase de gestão da Argentina na qual será cobrado por soluções sem poder atribuir toda a culpa à herança recebida. A inflação de maio é a mais baixa desde fevereiro de 2022, mas precisará da normalização da economia para continuar a cair. O governo negocia um novo empréstimo com o FMI, que avisa não ter pressa para um acerto. A vice-presidente, Victoria Villarroel, ganha protagonismo num governo até aqui deficiente em gestão.

Márcio Resende, correspondente da RFI em Buenos Aires

Há quase um ano, Diego Bentancor passou a morar na rua. O salário como ajudante de cozinha num restaurante de comida rápida já não era suficiente para pagar um aluguel. Mês a mês, à medida que a inflação na Argentina disparava a ponto de terminar 2023 em 211,4%, o aumento de preços superou o poder de Diego comprar comida. Atualmente, ele depende de refeições doadas para comer.

Mesmo assim, Diego, 38 anos, acredita que é questão de tempo sair das ruas. “Eu me sinto como se tivesse um problema transitório. Estou na rua, é verdade, mas nunca digo que moro na rua. Digo que tenho um problema e que vou sair. Estou hoje comendo aqui, mas vou-me recuperar”, afirma Diego à RFI.

O otimismo de Diego começa a ter correlação com a realidade. Nas últimas horas, o Instituto argentino de Censos e Estatísticas (Indec) divulgou que a inflação de maio ficou em 4,2%. O número equivale a todo um ano de inflação no Brasil e assustaria em qualquer país estável. Mas, nesta Argentina, até seis meses atrás sob risco de hiperinflação, é uma boa notícia. Esse é a taxa mais baixa desde fevereiro de 2022.

Nos últimos 12 meses, a inflação acumulada ficou em 276,4%. É a primeira vez, desde julho de 2023, que o acumulado interanual diminuiu em relação ao mês anterior. A inflação de maio é cinco vezes inferior aos 25,5% de dezembro, quando o presidente Javier Milei assumiu o cargo, quatro vezes inferior aos 20,6% de janeiro, três vezes inferior aos 13,2% de fevereiro ou aos 11% de março, e a metade dos 8,8% de abril.

Mas os analistas advertem que a trajetória de baixa pode ter encontrado um piso. O governo adiou aumentos como um imposto aos combustíveis e subidas nas tarifas de serviços públicos. Além disso, a continuidade da baixa depende agora de ajustes reformistas na economia.

Primeira lei depois de seis meses

A notícia de queda da inflação, mesmo que ainda insuficiente, veio acompanhada da melhor novidade para o presidente depois de seis meses de mandato: a aprovação pelo Senado da primeira lei do governo. Mesmo desidratada pelo Congresso, a chamada “Lei Bases” é um pacote de ferramentas básicas com as quais o presidente pretende desregulamentar o Estado e modernizar a economia.

Nos seus primeiros seis meses, Javier Milei aplicou um brutal ajuste fiscal, equivalente a cinco pontos do Produto Interno Bruto. Mesmo assim, manteve o apoio popular com o qual foi eleito.

Segundo o consultor em opinião pública Jorge Giacobbe, a imagem positiva de Milei é de 59%. Para o analista, com a aprovação da Lei Bases, começa uma nova fase do governo, com menos choque e mais horizonte, menos urgência e mais reformista.

“O governo Milei começou em 10 de dezembro com a luta contra a inflação. Agora, a partir da ‘Lei Bases’ começa uma nova fase. Uma fase na qual a opinião pública diz ao presidente: ‘Agora que você tem as ferramentas para solucionar o problema, resolva o problema’. Se Milei não os resolver, pagará um custo por isso”, explica Jorge Giacobbe à RFI.

Sem a lei, o presidente seria obrigado a governar por decreto, uma alternativa que impediria a chegada de investimentos a longo prazo. “É importante que Milei avance com leis porque as suas decisões ficam sólidas a futuro, evitando que próximos presidentes, de outros signos políticos, derrubem os decretos do presidente anterior”, ressalta Giacobbe.

Liderança no Congresso

Com 72 senadores, a votação terminou empatada em 36 votos. Na Argentina, a vice-presidente é automaticamente presidente do Senado, cabendo-lhe votar unicamente quando a sessão termina empatada. Eis que emerge o protagonismo da vice-presidente Victoria Villarroel, quem é vista como possível candidata a substituir Milei num futuro governo.

“Pelos argentinos que sofrem, que esperam, que não querem ver os seus filhos irem embora do país. Para esses argentinos que merecem recuperar o orgulho de serem argentinos, pensando sempre pela Argentina, o meu voto é afirmativo”, discursou Villarroel, antes de emitir o voto minerva.

Não cabe à presidente do Senado fazer discursos durante as sessões. Muitos viram nessa quebra das regras, uma intencionalidade política.

Nova fase de gestão

De concreto, com o seu primeiro pacote de leis, o presidente Javier Milei ganha capacidade de gestão e poder de governabilidade. A aprovação das ferramentas básicas permite ao presidente exibir aos investidores que pode avançar com reformas, apesar da sua hiper minoria parlamentar. Milei tem apenas 10% do Senado e 15% da Câmara de Deputados.

“Sem dúvida, Milei ganha governabilidade ao demonstrar que as políticas oficiais podem ser legitimadas. É mesmo um milagre que tenha conseguido o aval do Congresso. É verdade que cedeu e perdeu muito do pacote de leis pelo caminho, mas conseguiu muito mais para quem tem uma hiper minoria. Além disso, aprendeu a negociar, a dialogar e a ceder”, observa o cientista político Marcos Novaro, para quem começa uma nova fase de gestão.

“Acabam-se as desculpas para governar. Milei tinha o apoio da sociedade, mas não do Congresso e a sua gestão era muito deficiente, a ponto de ser preocupante. Agora conseguiu o apoio do Congresso e começa uma nova gestão”, aponta.

O consultor em opinião pública Julio Aurelio concorda. “Agora, Milei terá de mostrar gestão. Esta primeira lei gera certeza jurídica, um dos principais objetivos do mercado. Os agentes econômicos veem um governo com capacidade de conseguir acordos e que, naquilo que Milei cedeu, pode voltar a insistir com futuras novas leis”, avalia o analista.

Acordo com o FMI para normalizar a economia

Os mercados reagiram com euforia e o governo começou a negociar um novo acordo com o Fundo Monetário Internacional. As ações argentinas em Wall Street subiram perto dos 10%, a taxa de risco-país caiu 7% e a moeda argentina se valorizou em 4%.

“O governo tem avançado em matéria econômica, mas os agentes querem ver a sustentabilidade do ajuste fiscal e do equilíbrio nas contas públicas. Para isso, o governo precisava que o Congresso demonstrasse que grande parte da política argentina está de acordo com esses lineamentos econômicos”, indica o economista Fausto Spotorno.

O ministro da Economia, Luis Caputo, confirmou que a Argentina começa negociar um novo empréstimo com o FMI para ajudar a normalizar a economia, acabando com as restrições de acesso às moedas estrangeiras e de movimento de capitais. “Primeiro temos de negociar com o FMI e procurar que, com esse novo acordo, chegue dinheiro novo”, anunciou Caputo.

O Ministério da Economia emitiu uma nota na qual diz que “a partir do avanço obtido com a recuperação das ferramentas de política monetária e com o controle dos fatores de criação de dinheiro”, prevê apresentar ao FMI “um acordo de programação monetária no final de junho de 2024” para a “continuidade do processo de estabilização macroeconômica”.

“O Banco Central contempla avançar na liberação dos controles cambiais e numa maior flexibilidade cambial”, mas “sem incluir compromissos de datas ou de medidas específicas”, esclareceu.

Por sua vez, o FMI destacou os “sólidos avanços” do governo Milei, mas advertiu sobre a necessidade de “implementar uma agenda estrutural” para gerar investimento, crescimento e recuperação do emprego formal, além da necessidade de “continuar com os esforços de apoiar os mais vulneráveis”.

Porém, sobre um novo acordo financeiro, o FMI mostrou cautela ao classificar como “prematura qualquer discussão sobre um novo programa”.

RÚSSIA PRESSIONOU PAÍSES DO SUL PARA NÃO PARTICIPAR DESSA CONFERÊNCIA E O BRASIL É UM DELES

 

História de Redação – Revista Planeta

Nações se encontram no Lago Lucerna para discutir como ajudar Kiev. Resultado, porém, não deve incluir um cessar-fogo. Rússia não foi convidada, motivo pelo qual Lula não participa. China também é desfalque.Mais de 90 países confirmaram participação em uma cúpula organizada pela Suíça a pedido de Kiev para debater caminhos para a paz na Ucrânia. O evento ocorre neste sábado (15/06) e domingo no complexo hoteleiro Bürgenstock, perto do Lago Lucerna. Para o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, o evento é o ponto alto de uma maratona diplomática.

De acordo com a presidente suíça, Viola Amherd, metade das nações participantes vêm da Europa e da América do Norte. A segunda metade é formada por países do Sul Global – da América do Sul, África, Oriente Médio e Ásia.

Segundo Amherd, muitos governos agradeceram à Suíça por acolher a conferência. Para ela, trata-se de um “processo amplo”, para criar as condições “para uma futura conferência de paz com a participação da Rússia”.

Moscou não foi convidada. Por essa razão, o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, que está na Europa para o encontro do G7, se recusou a participar pessoalmente. Em vez disso, o Brasil enviará sua embaixadora em Berna.

Outro desfalque é a China. Apesar do empenho da Alemanha em convencê-la a participar, Pequim também enviou sua rejeição à Suíça. Lula insiste que a base do evento tem que ser um projeto selado entre Brasil e China, e que prevê a participação do Kremlin nas negociações de paz.

Reconstrução da Ucrânia

Esta semana, em um evento em Berlim pela reconstrução da Ucrânia, o chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, disse que espera que, com a conferência de paz, “surgirá algo que nos aproximará da paz”. Zelenski fez coro. Para o ucraniano, o fato de a conferência organizada pela Suíça ocorrer já é um sucesso.

“É muito difícil não perder aliados e países parceiros. E unir países que são parceiros e não parceiros é uma tarefa difícil para a Ucrânia”, disse Zelenski, refletindo sobre mais de dois anos da grande invasão da Rússia.

Ao lado de Zelenski em Berlim, Scholz acrescentou que talvez, na Suíça, “poderia ser mostrada uma maneira de entrar com sucesso num processo em que a Rússia um dia também estará à mesa quando chegar a hora”. Mas reforçou que a decisão sobre se Moscou deve ou não participar do debate é somente da Ucrânia.

Pressão da Rússia sob o Sul Global

Na Conferência de Recuperação da Ucrânia 2024 (URC2024) em Berlim, a União Europeia prometeu empréstimos para apoiar pequenas e médias empresas ucranianas, além de fundos para reparações de emergência no fornecimento de eletricidade e calor. Bruxelas contrai empréstimos para a Ucrânia, que por sua vez são pagos a partir das receitas de juros de ativos russos congelados na Europa.

Em Berlim, Zelenski também falou pessoalmente pela primeira vez no Bundestag(câmara baixa do Parlamento alemão) e pouco depois visitou soldados ucranianos que estão sendo treinados pela Bundeswehr (For­ças Armadas Alemãs) para usarem o sistema de defesa aérea Patriot.

Em uma semana agitada para a diplomacia internacional, o URC2024 foi seguido pela reunião das sete maiores nações industrializadas do mundo, oG7, na Itália, com a esperança de que o maior número possível de chefes de Estado e governo viajassem de lá para a conferência na Suíça.

Nos bastidores, diz-se que a Rússia exerceu pressão, especialmente sobre os países do Sul Global, para boicotar a conferência suíça. É também por isso que os organizadores suíços consideram a presença de 90 nações um sucesso parcial. Aparentemente, isso também foi possível porque a agenda a ser discutida foi significativamente reduzida.

Sem cessar-fogo

A cúpula na Suíça não deve resultar em nenhuma solução de paz ou acordo de cessar-fogo. Os debates se concentrarão na segurança das centrais nucleares ucranianas. A maior usina nuclear da Europa, a de Zaporíjia, está ocupada por soldados russos, na linha de frente de batalha, no sul da Ucrânia.

Além disso, haverá discussões sobre a garantia adicional das exportações de cereais da Ucrânia, especialmente para os países do Sul Global, e sobre a libertação de crianças ucranianas raptadas pela Rússia nos territórios ocupados.

A declaração final da conferência não deverá incluir uma cessação imediata da guerra de agressão russa nem a retirada da Rússia da Ucrânia, como prevê o atual plano de paz formulado por Kiev.

Segundo Zelenski, para poder proteger pelo menos todas as grandes cidades e as instalações energéticas mais importantes, seu país precisaria de um total de sete sistemas antiaéreos Patriot. A Alemanha prometeu um terceiro sistema há semanas, mas muitos dos pedidos do governo alemão aos aliados por equipamento adicional permaneceram sem resposta.

À margem do URC2024, o presidente ucraniano disse que “a Alemanha é líder no apoio à Ucrânia, protegendo o seu espaço aéreo com sistemas Patriot”.

A mídia dos EUA informou que o presidente americano, Joe Biden, deseja entregar outra instalação militar Patriot dos EUA à Ucrânia. Aparentemente, trata-se de um dos sistemas Patriot que atualmente protegem o sudeste da Polônia, na fronteira com a Ucrânia. O sistema guarda o aeroporto regional de Rzeszów, que se tornou o centro mais importante da ajuda militar ocidental à Ucrânia.

Rússia apresenta condições para negociar a paz

Ao lado de Scholz em Berlim, Zelenski disse que “hoje existe uma nova solução de defesa aérea e não apenas o Patriot” – mas não forneceu detalhes.

Com mais um sistema Patriot da Alemanha e dos EUA, haveria um total de cinco na Ucrânia – dos sete esperados. Além disso, espera-se que os primeiros caças F-16 ocidentais sejam implantados pela Força Aérea Ucraniana neste verão europeu.

Para Zelenski, tão crucial para a sobrevivência do país quanto a defesa antiaérea, a reconstrução da Ucrânia e, em última análise, a primeira “conferência de alto nível sobre a paz na Suíça”, é que seu país “não perca a iniciativa”. Segundo ele, essa iniciativa não pode ser “dada a qualquer um e nem à Rússia”.

Nesta sexta-feira, o presidente russo, Vladimir Putin, falou mais uma vez sobre suas condições para negociar a paz com a Ucrânia:a retirada de tropas de quatro regiões parcialmente ocupadas por Moscou, a desistência, por Kiev, da ascensão à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e a extinção de todas as sanções financeiras impostas pelo Ocidente.

Por outro lado, Zelenski tem um plano de paz de dez pontos, que prevê a retirada total de tropas russas do território ucraniano internacionalmente reconhecido – inclusive a península da Crimeia, anexada por Moscou em 2014 –, bem como a criação de um tribunal especial para a investigação de crimes de guerra.

O post Conferência na Suíça reúne 90 países para debater paz na Ucrânia apareceu primeiro em Planeta.

MIRAR EM PONTOS-CHAVE TRAZ CONSEQUÊNCIAS POSITIVAS PARA A EMPRESA RESULTANDO EM UM AMBIENTE MAIS ACOLHEDOR

 

Fernando Sapata, Diretor de Pessoas, Cultura e Encantamento na Select Soluções

Mirar em pontos-chave traz consequências positivas dentro do cenário geral da empresa, impactando positivamente na saúde do colaborador e resultando em um ambiente mais proativo e acolhedor

São Paulo, abril de 2024 – “Por que você trabalha na sua atual empresa? Quando alguém lhe pede indicação para um novo emprego, você a recomenda?” Na maioria dos casos, a resposta a essas duas perguntas está relacionada aos benefícios que são oferecidos aos funcionários, como salários e convênios. Porém, antes desses fatores entrarem na equação, existe um questionamento-chave que deve ser levado em consideração: você se sente bem no meu ambiente de trabalho?

Uma pesquisa da Microsoft levantou que, em 2021, 18% das pessoas pediram demissão quando perceberam que sua rotina de trabalho não estava mais alinhada com suas prioridades – e não acaba aí: um levantamento da Gallup deste ano também apontou que 44% dos colaboradores em empresas ao redor do mundo se sentem estressados no dia a dia corporativo. Sendo assim, um bom ambiente de trabalho previne que problemas, tanto de saúde quanto pessoais, afetem os funcionários e a empresa.

Para Fernando Sapata, Diretor de Pessoas, Cultura e Encantamento na Select Soluções, uma empresa que oferece soluções utilizando a tecnologia cloud da Amazon Web Services (AWS), pensar sobre o próprio bem-estar no trabalho, causa uma certa familiaridade com o conceito de encantamento em uma empresa. “Quando um funcionário se sente pertencente à empresa em que trabalha, podemos dizer que ele está encantado. Em outras palavras, os ideais pessoais estão alinhados aos da corporação, resultando em um ambiente proativo e harmonioso. Trata-se, portanto, de um lugar que trata seus colaboradores não como mão de obra, mas sim como seres humanos, com suas próprias necessidades,individualidades e sonhos”, explica.

Mas afinal, o que significa encantar funcionários?

O encantamento está intrinsecamente ligado ao trabalho interno da empresa, voltado ao seu ecossistema e também à humanização do colaborador. É um branding corporativo pensado nos funcionários, capaz de traduzir e comunicar a eles as práticas e os valores da corporação; os resultados dessa prática, obviamente, são sempre positivos. “Para que possa encantar, um líder precisa ver o liderado como ser humano. Qual é o sonho dessa pessoa? É papel de um bom gestor encontrar meios para fazê-lo acontecer. O melhor exemplo disso está na promoção de funcionários: em vez de oferecermos somente aumentos e benefícios, pensamos em como alinhar os nossos processos para oferecer oportunidades que estejam alinhadas com esse sonho pessoal do colaborador, com isso fazemos com que ele se sinta pertencente à equipe”, diz.

De acordo com ele, outra possibilidade é trazer o time geral para decisões importantes para a empresa. “Isso pode acontecer em reuniões de criação e implementação de produtos, não focando as decisões apenas no parecer do time técnico – todos os funcionários têm experiências valiosas que podem ser aproveitadas durante reuniões. Afinal, todas as pessoas da corporação, independentemente de sua função dentro dela, serão impactadas pelo sucesso do produto depois de implementado”, ressalta Sapata.

É preciso transformar a empresa em um local na qual as pessoas se sintam valorizadas pelo que são, e não necessariamente pela função que exercem. Abaixo, o especialista lista as principais dicas para alcançar esse objetivo. Confira: 

1. Adotar ferramentas para medir o nível de encantamento: “O principal meio de medir o nível de encantamento e, consequentemente, a satisfação dos funcionários é aplicar pesquisas do tipo NPS (net promoter score), sempre levando em consideração o anonimato das pessoas. É importante que esses questionários tenham uma frequência regular e elevada, a fim de que os gestores possam visualizar e trabalhar com mais facilidade os fatores que receberam uma nota baixa”, entende.

2. Oriente o time executivo da empresa: “É necessário estabelecer um responsável do time executivo para entrar em contato pessoalmente para entender o que aconteceu em caso de nota baixa. Deve-se levar em consideração os três tipos de NPS: colaborador, cliente e parceiros. Quando uma pessoa se dispõe a investigar e entender o feedback negativo ‘direto da fonte’, a empresa consegue se preparar melhor para mitigar os pontos negativos que os avaliadores encontram nos serviços prestados”, orienta o Diretor de Encantamento da Select.

3. A empresa deve fugir apenas do básico: “Pagar o salário em dia e tratar seus funcionários com sensibilidade é o mínimo do mínimo em qualquer ambiente corporativo. Quanto mais a corporação mostrar que está atenta às necessidades de seus colaboradores, maiores as chances destes de demonstrarem satisfação em relação ao ambiente de trabalho”, alerta.

4. Estabeleça uma boa comunicação com os funcionários: “Existem algumas alternativas que podem ser adotadas por grandes empresas para que todos os colaboradores sejam alcançados, como ter um canal de comunicação direto para tratar de variados assuntos e também um canal anônimo para denúncias dentro da corporação; traçar objetivos, de forma estratégica, sobre como funcionam determinados setores da empresa; e investir em multiplicadores, ou seja, mostrar ao funcionário o que é o processo e o que ele deve/pode esperar do encantamento. Esses são alguns métodos para espalhar a cultura do ambiente de trabalho e incentivar que ela seja adotada e seguida pelos demais funcionários, formando o pilar do encantamento”, finaliza Fernando Sapata.

O que é marketplace e por que investir nessa plataforma

ÚnicaPropaganda e Moysés Peruhype Carlech

Milhares de internautas utilizam o marketplace diariamente para fazer compras virtuais. Mas muitos ainda desconhecem seu conceito e como ele funciona na compra e venda de produtos.

Afinal, o que é marketplace?

O marketplace é um modelo de negócio online que pode ter seu funcionamento comparado ao de um shopping center.

Ao entrar em um shopping com a intenção de comprar um produto específico, você encontra dezenas de lojas, o que lhe permite pesquisar as opções e os preços disponibilizados por cada uma delas. Além de comprar o que você planejou inicialmente, também é possível consumir outros produtos, de diferentes lojas, marcas e segmentos.

Leve isso ao mundo virtual e você entenderá o conceito de marketplace: um lugar que reúne produtos de diversas lojas, marcas e segmentos. A diferença é que no ambiente virtual é mais fácil buscar produtos, e existe a facilidade de comprar todos eles com um pagamento unificado.

Os principais marketplaces do Brasil

A Amazon foi a primeira a popularizar esse modelo de negócio pelo mundo, e até hoje é a maior referência no assunto

No Brasil, o marketplace teve início em 2012. Quem tornou a plataforma mais conhecida foi a CNova, responsável pelas operações digitais da Casas Bahia, Extra, Ponto Frio, entre outras lojas.

Hoje, alguns nomes conhecidos no marketplace B2C são: Americanas, Magazine Luiza, Netshoes, Shoptime, Submarino e Walmart. No modelo C2C, estão nomes como Mercado Livre e OLX. Conheça os resultados de algumas dessas e de outras lojas no comércio eletrônico brasileiro.

Aqui no Vale do Aço temos o marketplace da Startup Valeon que é uma Plataforma Comercial de divulgação de Empresas, Serviços e Profissionais Liberais que surgiu para revolucionar o comércio do Vale do Aço através de sua divulgação online.

Como escolher o marketplace ideal para sua loja

Para ingressar em um marketplace, é preciso cadastrar sua loja, definir os produtos que serão vendidos e iniciar a divulgação. Mas é fundamental levar em consideração alguns pontos importantes antes de decidir onde incluir sua marca:

Forma de cobrança: cada marketplace possui seu modelo de comissão sobre as vendas realizadas, que pode variar de 9,5% a 30%. O que determina isso é a menor ou maior visibilidade que o fornecedor atribuirá a seus produtos. Ou seja, o lojista que quer obter mais anúncios para seus produtos e as melhores posições em pesquisas pagará uma comissão maior.

Na Startup Valeon não cobramos comissão e sim uma pequena mensalidade para a divulgação de seus anúncios.

Público-alvo: ao definir onde cadastrar sua loja, é essencial identificar em quais marketplaces o seu público está mais presente.

Garantimos que na Valeon seu público alvo estará presente.

Concorrentes: avalie também quais são as lojas do mesmo segmento que já fazem parte da plataforma e se os seus produtos têm potencial para competir com os ofertados por elas.

Felizmente não temos concorrentes e disponibilizamos para você cliente e consumidores o melhor marketplace que possa existir.

Reputação: para um marketplace obter tráfego e melhorar seus resultados em vendas precisa contar com parceiros que cumpram suas promessas e atendam aos compradores conforme o esperado. Atrasos na entrega, produtos com qualidade inferior à prometida e atendimento ineficiente são fatores que afastam os usuários que costumam comprar naquele ambiente virtual. Ao ingressar em um marketplace, certifique-se de que a sua loja irá contribuir com a boa reputação da plataforma e pesquise as opiniões de compradores referentes às outras lojas já cadastradas.

Temos uma ótima reputação junto ao mercado e consumidores devido a seriedade que conduzimos o nosso negócio.

Vantagens do marketplace

A plataforma da Valeon oferece vantagens para todos os envolvidos no comércio eletrônico. Confira abaixo algumas delas.

Para o consumidor

Encontrar produtos de diversos segmentos e preços competitivos em um único ambiente;

Efetuar o pagamento pelos produtos de diferentes lojistas em uma única transação.

Para o lojista

Ingressar em um comércio eletrônico bem visitado e com credibilidade, o que eleva a visibilidade de seus produtos;

Fazer parte de uma estrutura completa de atendimento e operação de vendas com um menor investimento, considerando que não será necessário pagar um custo fixo básico, como aconteceria no caso de investir na abertura de uma loja física ou online.

Provas de Benefícios que o nosso site produz e proporciona:

• Fazemos muito mais que aumentar as suas vendas com a utilização das nossas ferramentas de marketing;

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• Somos mais dinâmicos;

• Somos mais assertivos nas recomendações dos produtos e promoções;

• O nosso site é otimizado para aproveitar todos os visitantes;

• Proporcionamos aumento do tráfego orgânico.

• Fazemos vários investimentos em marketing como anúncios em buscadores, redes sociais e em várias publicidades online para impulsionar o potencial das lojas inscritas no nosso site e aumentar as suas vendas.

Para o Marketplace

Dispor de uma ampla variedade de produtos em sua vitrine virtual, atraindo ainda mais visitantes;

Conquistar credibilidade ao ser reconhecido como um e-commerce que reúne os produtos que os consumidores buscam, o que contribui até mesmo para fidelizar clientes.

Temos nos dedicado com muito afinco em melhorar e proporcionar aos que visitam o Site uma boa avaliação do nosso canal procurando captar e entender o comportamento dos consumidores o que nos ajuda a incrementar as melhorias e campanhas de marketing que realizamos.

sexta-feira, 14 de junho de 2024

PLANO DE MODERNIZAR O BRASIL FOI INTERROMPIDO PELO PT E TUCANOS

 

História de ALEXA SALOMÃO – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Segundo o economista Edmar Bacha, quando se fala em elaboração do Plano Real, a mãe deveria ter sido Elena Landau. Fazia parte do grupo de economistas que estudou a inflação na PUC-Rio e aderiu ao PSDB. Foi convidada para fazer parte do governo, mas declinou.

“Quando Fernando Henrique foi para a Fazenda e chamou as pessoas, eu tinha um filho de nove anos. Não podia ir para Brasília”, confirmou Landau à reportagem. Mais tarde, assumiu como diretora do Programa de Desestatização do BNDES, que tem sede no Rio de Janeiro, sua principal residência até hoje.

Na avaliação de Landau, a ambição era que o Plano Real fosse além da estabilização monetária.

“Temos que lembrar que o Real propiciou um momento muito importante. Como ministro e depois como presidente, Fernando Henrique ganhou legitimidade para fazer uma mudança de modelo econômico. Acho que esse foi o salto. O Plano Real era um projeto de país —aberto, moderno, inclusivo.”

PERGUNTA – Na sua avaliação, qual foi a conjunção de fatores que levou o Plano Real ao sucesso?

ELENA LANDA – São muitos, mas a essência do Plano Real —e eu sou suspeita para falar— é o Departamento de Economia da PUC [Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro], onde se juntaram pessoas cuja grande preocupação, basicamente, era o processo hiperinflacionário e a crise internacional, a dívida externa.

Eu entrei na PUC em 1976, o departamento muda em 1977, 1978. Era um debate muito efervescente sobre qual era a peculiaridade da inflação no Brasil —sobre a questão inercial, a indexação. No início dos anos de 1980, vem o Larida [plano de estabilização monetária concebido por Pérsio Arida e André Lara Resende]. Pérsio vinha com um tipo de ideia, o André com uma outra. Tinha o Chico Lopes, o Edmar Bacha. Quer dizer, havia um grupo com uma discussão consistente sobre causas, combate, o que tinha dado errado. Foram muitas teses e estudos. Quando veio a oportunidade, o grupo estava maduro e com um espírito público extraordinário. Largou o que estava fazendo e foi para o tudo ou nada.

Mas tem uma outra razão, mais social. Ninguém aguentava mais a hiperinflação. Foi surpreendente a aceitação da URV [Unidade Real de Valor, moeda escritural do plano]. A sensação de ter uma moeda que dá poder de compra ao longo do tempo tem um efeito muito forte: você não precisa sair correndo para o supermercado, o salário não acaba no primeiro dia, o tomate na feira hoje vale a mesma URV, apesar do cruzeiro real ter disparado.

O reconhecimento de ganho de qualidade de vida se mantém até hoje. Há uma intolerância com a volta da inflação. Pode nâo ter problema no emprego, mas se tiver inflação, as pessoas reclamam mais.

P – Mas a sra. acredita que os mais jovens têm consciência do ganho que o país teve com o fim da hiperinflação?

EL – Não. Quando eu dava aula, tinha até explicar o que era inflação. Usava o preço do biscoito Globo. Durante anos não mudou. Eu explicava que antes, cada dia, no sinal, o preço subia.

Mas acho que não apenas os mais jovens, mas muita gente não tem consciência do que o Brasil era. Tem gente que quer a ditadura de volta. Tem gente que acha que um pouquinho de inflação não tem problema, que tem de baixar mesmo os juros, em qualquer momento. As pessoas não sabem o que o país atravessou para chegar a essa estabilidade, seja democrática, institucional ou econômica.

Mas estou muito surpresa que a celebração dos 30 anos do Real é muito mais intensa do que a dos 20 ou dos 10 anos. Tem uma simbologia muito forte. Primeiro, retomar memória. São seminários atrás de seminários, depoimentos. Vejo como a consolidação da importância da estabilidade da moeda. Então, isso pode resgatar um pouco dessa história e levar a sua valorização.

Agora, os desafios são outros: crescimento, produtividade, inclusão social, ambiental.

P – E como estamos nesses desafios?

EL – O Plano Real, em primeiro lugar, teve um impacto social muito grande. Manteve o poder de compra. Depois veio o Bolsa Família —mas sem a estabilidade do Plano Real, o Bolsa Família não faria transferência de renda. Então, você tem um ganho com indicadores de redução da pobreza. Agora, nesse final de 30 anos, há uma discussão sobre o topo da pirâmide. Então, você continua com o problema de desigualdade muito profundo no Brasil.

As pessoas acham que o Plano Real foi só a mágica da URV, mas teve um entorno muito grande. Mudanças fortíssimas na área fiscal, na relação do Banco Central com com Tesouro Nacional. Houve toda uma reorganização de contas públicas, privatizações, quebra de monopólios, entrada de estrangeiros, emendas constitucionais, que deram um pulo de modernização no Estado brasileiro.

Mas depois muda. Volta a ter uma intervenção do Estado muito grande, e principalmente fechamento da economia e excesso de subsídios. Perdura o eterno problema de déficit educacional. Enquanto não resolver a educação no Brasil, não tem jeito. Já melhorou muito, com aumento no números de matrículas e universalização, mas continuamos a ter índices de capacitação muito baixos.

Todo mundo fala “vamos crescer”, mas como vamos crescer ainda é um grande desafio.

A equipe econômica do governo Temer tentou recuperar alguns princípios, mas não tinha todo o apoio político. Aí vem um governo Bolsonaro que não liga para edução e não dá a mínima para a produtividade, nem abriu a economia. Era só discurso liberal da boca para fora. E volta Lula: subsídio, conteúdo nacional, e nenhuma clareza na agenda ambiental.

P – O combo Real foi interrompido, então?

EL – Antonio Palocci deu uma continuidade inicialmente, mas depois acabou.

Temos que lembrar que o Real propiciou um momento muito importante. Como ministro e depois como presidente, Fernando Henrique ganhou legitimidade para fazer uma mudança de modelo econômico. Acho que esse foi o salto. O Plano Real era um projeto de país —aberto, moderno, inclusivo.

O real também era uma marca do PSDB. Vários economistas eram tucanos, filiados. Eu, Bacha, Gustavo Franco. O Pérsio era simpatizante. Como foi por Medida Provisória, claro que o real não passaria sem o apoio do Congresso, à exceção daquele partido que apostou no cavalo errado, por falta de conhecimento econômico, que foi o PT.

Mas o PSDB deu um tiro no pé. As campanhas do PSDB pós-Real falavam muito pouco do Real. Teve o Geraldo Alckmin com a jaqueta das estatais. O José Serra não mencionou o Fernando Henrique em 2010. O resgate da agenda só veio em 2014, na campanha do Aécio Neves, por causa da assessoria do Armínio Fraga. Em 2018, o Pérsio também tentou o resgate para o Alckmin.

Eu não sei o que houve com o PSDB que não soube explorar essa grande herança. E quando ele sai da arena política, abre espaço para aventuras, como a do Bolsonaro. Por isso que eu estou dizendo que as celebrações anteriores foram muito menores que a dos 30 anos. Eu acredito que as pessoas sentiram essa perda: qual é o projeto de país que a gente tem agora? O que a gente vai fazer?

P – O projeto incluía privatizações, que até hoje sofrem resistência. Por que isso?

EL – Acho que a gente tem uma questão cultural. O Estado é patrimonialista. Muitas pessoas dependem do Estado. Até hoje tem uma indústria dependente de subsídios e proteção. É a coisa, assim, do Estado provedor. Do período Vargas até os anos de 1980, tivemos grandes investimentos estatais que deu a sensação de que o Estado podia tudo. As pessoas começaram a cair na real na crise dos anos de 1980.

Mas teve uma também parte de culpa nossa. Faltou explicar melhor os benefícios da reforma do Estado e das privatização. E os benefícios são tão claros. Basta comparar o que aconteceu com telecomunicação e distribuição de energia, que foram privatizadas lá atrás, com saneamento, em sua maioria ainda estatal. Todo mundo tem um celular e 99% dos lares têm luz, quanto falta saneamento para milhões de brasileiros —os mais pobres.

Outro benefício da privatização é que quando passa para iniciativa privada, as pessoas começam a cobrar. A gente não vê mobilização contra prefeitura por falta de esgoto. Falta banheiro em escola pública e ninguém mais reclama. Como se fosse natural esse tipo de coisa. Mas é uma grita geral se falta luz. Olha o que aconteceu em São Paulo. Falta de luz afeta os ricos, né? Como cobrança chama a atenção, alguns ainda usam contra. Dizem que o serviço ficou pior porque privatizou, mas a questão é que a cobrança aumentou após a privatização.

Recentemente, privatizar ganhou mais apoio, mas pelos motivos errados. A Lava Jato mostrou os problemas da Petrobras, e as estatais ficaram associadas à corrupção. Ocorre que nem toda estatal é elefante branco, assim como nem todo funcionário público é parasita, como passaram a dizer no governo Bolsonaro. A discussão segue comprometida por ideologias.

*

RAIO X

Elena Landau, 66

Nascida no Rio de Janeiro, é advogada e economista, com mestrado em economia pela PUC-RJ, da qual foi professora no Departamento de Economia. Atuou no conselho de administração de várias empresas, entre elas Vale, Cemig, AES e Eletrobras, cujo conselho também presidiu. Foi diretora de Desestatização no BNDES no governo de Fernando Henrique Cardoso.

Sócia no escritório Sergio Bermudes, também lecionou na Faculdade de Direito da FGV-RJ. Na vida política, foi assessora econômica da presidência do PSDB durante a gestão de Tasso Jereissati e atuou como coordenadora do programa econômico de Simone Tebet (MDB) na campanha presidencial de 2022. É colunista do jornal O Estado de S. Paulo

LULA DE MÃOS ATACADA COM O CASO JUSCELINO

 

História de Notas & Informações – Jornal Estadão

O indiciamento do ministro das Comunicações, Juscelino Filho, atolado por suspeitas de malversação de recursos públicos no Maranhão, diz mais sobre o governo Lula da Silva do que sobre seu auxiliar. E não são poucas as enrascadas em que o político do União Brasil se meteu.

Após reportagens em série do Estadão revelarem uma farra no uso do orçamento secreto na Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) – a estatal do Centrão –, o leitor deste jornal já conhece bem o histórico do sr. Juscelino.

Vale a pena lembrar alguns episódios nada abonadores. Quando deputado, Juscelino destinou verba milionária para asfaltar uma estrada que passa na frente de uma fazenda sua, em Vitorino Freire (MA). Ele ainda omitiu do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) parte de seu patrimônio e, já como ministro, recebeu diárias – ou seja, dinheiro público – para ir a um leilão de cavalos de raça. Sua cidade natal, administrada pela irmã, firmou contratos com empresas de amigos.

A lista é longa. Mas nada disso foi suficiente para sacá-lo do cargo.

Diante de tantos indícios de irregularidades no repasse de emendas parlamentares, a Polícia Federal (PF) deu início a uma investigação. Segundo o indiciamento, o ministro é suspeito de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Nada menos. O Estadão apurou que o relatório final cita também falsidade ideológica, frustração de caráter competitivo de licitação e violação de sigilo em licitação.

Tudo isso, porém, não parece grave o bastante para Lula demitir sumariamente Juscelino Filho tão logo a PF o indiciou.

Alçado do baixo clero da Câmara, o ministro representa um problema para o governo, não por sua notória desqualificação como gestor público, mas por uma potencial rebelião no União Brasil em razão de sua queda. O indiciamento ainda veio a calhar em uma semana em que o Congresso andou bastante indócil com o governo Lula da Silva.

Segundo o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), o desfecho depende do presidente, o que é óbvio, e de um posicionamento do União Brasil. Por ora, a legenda não soltou a mão do correligionário, a quem manifestou “total apoio” alegando “uma possível atuação direcionada e parcial na apuração”. Para o terceiro maior partido da Câmara, investigações semelhantes no passado levaram a “condenações injustas”.

Em Genebra, onde participa de um evento da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Lula disse que “o fato de o cara ser indiciado não significa que o cara cometeu um erro”. “Agora, eu preciso que as pessoas provem que são inocentes”, afirmou.

O presidente até pode vir a demitir Juscelino Filho – hoje, amanhã ou sabe-se lá quando. Porém, esse imbróglio já se arrasta desde janeiro de 2023, logo após a posse para seu terceiro mandato. Seja qual for a decisão de Lula da Silva, o episódio só reforça que um governo fraco como o dele não pode se dar ao luxo de indispor qualquer partido de sua base rarefeita.

DISCURSO DA ÁREA TÉCNICA DO GOVERNO É DE CORTAR GASTOS

 

História de Redação – Jornal Estadão

Após o estresse dos últimos dias, provocado sobretudo pelas incertezas em relação ao ajuste fiscal, integrantes do governo afinaram o discurso para tentar melhorar o humor do mercado financeiro. Em entrevista conjunta, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a ministra do Planejamento, Simone Tebet, saíram em defesa da revisão dos gastos públicos, o que aplacou, por ora, a pressão que o dólar vinha sofrendo.

A moeda americana que, no início da manhã, chegou a R$ 5,42, recuou a R$ 5,36, com queda de 0,70%. A entrevista foi uma resposta às críticas do mercado financeiro à ênfase dada pelo governo ao aumento da arrecadação.

Na quarta-feira, 12, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que, para ele, o ajuste fiscal se dá via aumento de receitas e de redução de juros, sem mencionar corte de gastos. “Estamos arrumando a casa e colocando as contas públicas em ordem para assegurar o equilíbrio fiscal. O aumento da arrecadação e a queda da taxa de juros permitirão a redução do déficit sem comprometer a capacidade de investimento público”, disse.

Haddad e Tebet saíram em defesa do controle de gastos Foto: Diogo Zacarias/ME

Haddad e Tebet saíram em defesa do controle de gastos Foto: Diogo Zacarias/ME© Fornecido por Estadão

O mercado não recebeu bem a declaração, já que o presidente mencionou a queda da taxa de juros, que não é uma atribuição do Executivo e sim do Banco Central. O comentário gera maior desconfiança sobre a futura gestão do banco a partir de 2025. Há temor de que o próximo BC tenha uma postura mais frouxa na política monetária, seja tolerante com a inflação e corte juros.

Depois do mal-estar, coube aos ministros apagar o incêndio. Além do dólar, o discurso de Haddad e Tebet movimentou os mercados domésticos e destravou o movimento de queda dos juros futuros. O Ibovespa, principal índice da B3, no entanto, teve ligeira queda de 0,04%, em 119.885 pontos.

Em seu discurso, Haddad garantiu que a Fazenda está “absolutamente” sintonizada com o Planejamento na agenda de revisão de gastos. Tebet disse haver margem para rever despesa e que o governo não quer aumentar a carga tributária.

Em evento no Rio, o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, também engrossou o coro em favor do controle de gastos e do compromisso do governo com a responsabilidade fiscal. Antes das falas conjuntas, o dólar passava por uma relativa acomodação frente ao real, após bater os R$ 5,42, refletindo a cautela fiscal e sinais de desgaste de Haddad.

Há uma preocupação dos investidores de que Haddad esteja perdendo força no governo, o que dificultaria o controle dos gastos públicos.

Desde a semana passada, o ministro vem enfrentando uma série de reveses. Na sexta-feira, 7, o dólar já havia registrado um pico de alta após Haddad participar de um evento fechado no banco Santander. No dia, a moeda americana subiu 0,5%, de R$ 5,25 para R$ 5,32.

No encontro, o ministro afirmou que há um conjunto de alternativas a serem levadas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva no caso de o crescimento das despesas obrigatórias do governo consumir o espaço para as despesas discricionárias (não obrigatórias, como recursos para custeio e investimentos) dentro da regra fiscal. Ele também não se comprometeu de forma explícita a respeitar o crescimento máximo de despesa, mas não disse que alteraria o arcabouço fiscal, um dos temores do mercado.

Em entrevista à imprensa, após a reunião, Haddad reclamou do vazamento de “informações falsas”, negou mudanças no arcabouço e garantiu que, no encontro, havia dito que está disposto a contingenciar gastos.

Os problemas continuaram com a MP do PIS/Cofins, que restringia o uso dos créditos dos dois impostos, editada para compensar o custo da desoneração da folha de pagamentos de 17 setores da economia e de municípios menores.

A medida, no entanto, foi devolvida pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, deixando Haddad sem um plano B. Agora o Congresso discute alternativas para compensar as desonerações, atribuição que deveria ser do Ministério da Fazenda.

EVENTO DO MINISTRO GILMAR MENDES EM LISBOA TEM PARTICIPAÇÃO DE MINISTROS DO STF

História de JOSÉ MARQUES – Folha de S.Paulo

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Ao menos três ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) participarão no fim de junho do 12º Fórum Jurídico de Lisboa, evento que costuma reunir integrantes dos três Poderes em Portugal e que levou a corte a antecipar uma sessão.

Todos os integrantes do Supremo foram convidados, mas cinco deles afirmaram que não participarão em razão de outros compromissos. Outros três ainda não confirmaram se vão participar.

Um dos organizadores do fórum é o IDP (Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa), que tem o ministro Gilmar Mendes como sócio e o seu filho como dirigente.

Além de Gilmar, confirmaram a participação no evento o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, e o ministro Cristiano Zanin. Há previsão de participarem também os ministros Dias Toffoli, Alexandre de Moraes e Flávio Dino, mas não houve confirmação oficial da presença deles.

Os ministros que afirmaram que não irão são Edson Fachin, Kassio Nunes Marques, André Mendonça, Luiz Fux e Cármen Lúcia.

No evento do ano passado, estiveram presentes Gilmar, Barroso, Zanin e Mendonça. Dino também esteve presente, mas ainda como ministro da Justiça do governo Lula (PT).

O Fórum Jurídico de Lisboa está programado para acontecer nos dias 26, 27 e 28 de junho. Logo depois, em julho, o Judiciário entra em recesso.

Devido ao evento, na última semana de junho, a sessão da quinta-feira (dia 27) do Supremo foi antecipada para a terça (25).

Também organizam o fórum a Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa e a FGV (Fundação Getulio Vargas).

No ano passado, a reunião de uma série de políticos, advogados, empresários e candidatos a cargos no Executivo e no Judiciário em Lisboa fez o evento ficar conhecido como Gilmarpalooza, em referência ao festival Lollapalooza.

Até esta quinta-feira (13), ainda não havia sido divulgada a lista oficial de participantes no site oficial do evento.

Neste ano, o fórum acontecerá em meio a discussões a respeito de viagens internacionais de magistrados de cortes superiores.

Em abril, um evento fechado em Londres, patrocinado por empresas com ações nos tribunais, reuniu ministros do Supremo, do STJ (Superior Tribunal de Justiça) e do governo Lula.

Segundo a página, o fórum neste ano terá como tema os “Avanços e recuos da globalização e as novas fronteiras: transformações jurídicas, políticas, e conômicas, socioambientais e digitais”.

Segundo o texto, serão reunidos “acadêmicos, gestores, especialistas, autoridades e representantes da sociedade civil organizada, do Brasil e da Europa” na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa para “para dialogar sobre como a globalização tem impactado as relações entre Estados, instituições, empresas e povos”.

“O Fórum ocorre anualmente com o intuito de debater questões que desafiam o Estado contemporâneo”, diz o site.

“Em sua décima segunda edição, será abordado um panorama sobre como a globalização tem sido fomentada ou desestimulada em alguns campos, os motivos para isso e os impactos no Brasil e na Europa.”

No ano passado, a participação de autoridades de diversos órgãos e de seus auxiliares no fórum custou no mínimo R$ 1 milhão em passagens aéreas com dinheiro público, segundo levantamento feito pela Folha de S.Paulo.

A reportagem também localizou gastos de no mínimo R$ 490 mil em diárias.

Além de ministros do Judiciário e do governo federal, estiveram presentes em 2023 os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e os governadores do Rio de Janeiro, Claudio Castro (PL), e de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Nem todos os viajantes bancados com dinheiro público palestraram no fórum. Parte deles foi apenas acompanhar outros políticos e autoridades, assistir às mesas e confraternizar nos eventos paralelos de brasileiros em Portugal.

Na ocasião, autoridades aproveitaram para fazer agendas políticas e viajar a países próximos para outros compromissos.

Em 2021, a Folha de S.Paulo também mostrou que haviam sido gastos ao menos R$ 500 mil no evento com passagens e diárias de autoridades.

 

LIMITE DE GASTOS COM SAÚDE E EDUCAÇÃO ENCONTRA RESISTÊNCIAS NO GOVERNO PETISTA

 

História de IDIANA TOMAZELLI E CATIA SEABRA – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A proposta de limitar o crescimento real dos pisos de Saúde e Educação a 2,5%, em estudo pelo Ministério da Fazenda, enfrenta resistências na ala política do governo e na cúpula do PT, sigla do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A ideia é uma das alternativas em análise pela equipe do ministro Fernando Haddad (Fazenda) para garantir a sustentabilidade do arcabouço fiscal e harmonizar o ritmo de alta dessas despesas à correção do limite geral de gastos.

Um técnico do governo afirma que a medida teria impacto pequeno no Orçamento de 2025 e 2026, o que desmotiva a ala política a assumir o elevado custo político da discussão em troca de um “ganho zero” para o restante do mandato.

Em março, o Relatório de Projeções Fiscais do Tesouro Nacional simulou o quanto o Executivo ganharia de espaço em três cenários distintos de flexibilização dos pisos de Saúde e Educação, hoje vinculados a um percentual da arrecadação.

No caso da adoção da mesma regra do arcabouço fiscal, que limita a correção do limite a 2,5% acima da inflação, os cálculos do Tesouro apontavam uma perda de R$ 5 bilhões em 2025 –ou seja, a mudança resultaria num carimbo até maior de verbas para Saúde e Educação do que prevê a norma atual.

Em 2026, o ganho seria de apenas R$ 8 bilhões, insuficiente para acomodar pressões vindas de despesas obrigatórias, como benefícios previdenciários.

Desde a publicação do relatório, as projeções de arrecadação se alteraram. Mas, segundo um técnico do governo, a lógica continua valendo: com a mudança, o governo perderia espaço no Orçamento em 2025, e o ganho em 2026 seria da ordem de R$ 4 bilhões.

Para alcançar resultados mais significativos, o governo precisaria implementar as novas regras ainda em 2024, um cenário considerado improvável, uma vez que o Orçamento já está em execução.

A discussão sobre os mínimos de Saúde e Educação ocorre no âmbito de um cardápio de propostas que a equipe econômica prepara para tentar atacar o avanço das despesas obrigatórias. A trajetória desses gastos tem contribuído para a piora da percepção do mercado, que cobra ações do governo para reduzir as incertezas fiscais.

A possibilidade de a Fazenda propor a alteração nos pisos foi alvo de debate em reunião da bancada na Câmara nesta quarta-feira (12). Segundo os relatos, o deputado Rui Falcão (PT-SP) disse que, se a revisão dos pisos for de fato apresentada, ele votará contra.

Já a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), afirmou na reunião que a criação dos mínimos foi uma bandeira do partido. Ela sugeriu, segundo os relatos, que qualquer eventual proposta seja debatida pelo governo com a direção da legenda.

Gleisi se posicionou contra a alteração dos pisos em publicação no X (antigo Twitter) em abril, após a divulgação do relatório do Tesouro Nacional. “Recuar nesses avanços, como vimos na imprensa com base em ‘estudo’ da área econômica, não seria uma opção válida nem justa para financiar outras áreas de governo, todas elas importantes”, escreveu na época.

O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), disse à Folha de S.Paulo que a mudança dos pisos não está no horizonte do governo.

“Não está na ótica, o presidente não pensa nisso, o governo não está pensando nisso. Há uma circunstância que não é Saúde e Educação, que é o crescimento do gasto previdenciário. Mas isso é também por uma decisão política do governo de zerar a fila da Previdência”, disse.

Segundo ele, a área econômica do governo já tem buscado poupar recursos a partir da revisão de cadastros, inclusive na Previdência.

O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), afirmou à reportagem que “não tem nada tramitando, não tem nada oficial” e que não comentaria o tema em cima de especulações.

Os pisos de Saúde e Educação haviam sido suspensos em 2017 pelo teto de gastos, que fixou a aplicação mínima nos valores praticados em 2016, corrigidos pela inflação.

Eles voltaram a ser vinculados à arrecadação, como previsto na Constituição, a partir deste ano, com a entrada em vigor do arcabouço fiscal desenhado pela equipe de Haddad.

A regra exige a aplicação de 15% da RCL (receita corrente líquida) na Saúde e de 18% da RLI (receita líquida de impostos) na Educação.

Os valores resultantes para 2024 tiveram uma alta significativa porque as medidas de arrecadação implementadas pela Fazenda turbinaram a base de cálculo dos pisos.

No entanto, um técnico do governo ressalta que a RCL deve ter um crescimento mais modesto em 2025, entre 6% e 6,5%, um valor próximo da soma entre inflação e os 2,5% previstos no arcabouço.

Na avaliação deste interlocutor, não faz sentido comprar a briga agora por uma regra que não vai resolver o problema do Executivo no atual mandato.

Outro técnico da área econômica defende discutir as vinculações, mas aponta outro impasse político. Além da sensibilidade do tema, há risco real de o Congresso direcionar a folga obtida com a flexibilização dos pisos para turbinar despesas consideradas menos eficientes, como emendas parlamentares.

Isso aconteceu no passado, quando o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) negociou alterações no teto de gastos para elevar seu limite fiscal em 2022. As negociações para obter apoio no Legislativo envolveram a ampliação das emendas.

As emendas também são obstáculo para outra das propostas cogitadas pela Fazenda: a alteração do conceito de RCL, como revelou a Folha de S.Paulo no ano passado.

O Tesouro Nacional chegou a incluir em uma minuta de projeto de lei complementar a proposta de excluir da RCL receitas voláteis como royalties e dividendos de estatais.

Além de reduzir o piso da Saúde, a proposta afetaria diretamente o valor de aplicação obrigatória nas emendas parlamentares.

A Constituição prevê 2% da RCL para indicações individuais de deputados e senadores e 1% da RCL para emendas de bancadas estaduais. Aliados do governo consideram difícil reduzir a base de cálculo dessas verbas.

LULA CONVIDADO DO G7 ENCONTRA NESSE EVENTO DESAFIOS MAIORES DO QUE NOS EVENTOS ANTERIORES

 

Lula durante fala com jornalistas
Legenda da foto,Após ter ido a Genebra, na Suíça, Lula chegou a Puglia, na Itália, na noite de quinta-feira

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  • Author,Laís Alegretti
  • Role,Enviada da BBC News Brasil a Bari, na Itália

presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou à Itália para participar de encontro do G7 (grupo composto por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido), após convite da primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni. Ele também tem marcadas reuniões bilaterais com o Papa Francisco e lideranças internacionais.

O cenário que Lula encontra no evento, no entanto, promete ser mais desafiador do que aquele visto na última reunião dos líderes e convidados do G7, no Japão, em 2023, segundo analistas ouvidos pela BBC News Brasil.

Naquele momento, há pouco mais de um ano, a participação de Lula – então nos primeiros meses do novo mandato – foi celebrada como o retorno do Brasil a este fórum depois de 14 anos sem o país ser convidado.

“Em 2023, houve uma lua de mel do Lula com a comunidade Internacional”, diz o cientista político Guilherme Casarões, professor da FGV EAESP. Ele aponta que a comparação, naquele momento, era com o antecessor, Jair Bolsonaro, “um presidente que teve muitas rusgas com o Ocidente”.

Neste ano, o “fator novidade” já não é mais um benefício extra para Lula, que tem a missão de encontrar holofotes para assuntos de interesse do Brasil – que em novembro sedia a cúpula do G20, no Rio de Janeiro –, ao mesmo em que uma série de dores de cabeça o aguardam no Brasil.

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Na Itália, os principais obstáculos na disputa por atenção internacional estão no volume e na urgência de temas que preocupam os países do G7.

Ou seja, como competir por atenção internacional em um contexto que inclui: ano de eleição nos Estados Unidos e no Reino Unido, recente avanço dos partidos de direita radical pela Europa, dissolução do parlamento francês – além, é claro, principalmente, das guerras na Ucrânia e em Gaza.

“O Lula teve muita visibilidade no ano passado, e terá hoje uma participação menos visível”, afirma Rubens Barbosa, ex-embaixador do Brasil em Londres (1994-99) e em Washington (1999-2004), antes de elencar os temas mais urgentes para países do grupo.

A cientista política Fernanda Nanci Gonçalves, professora de Relações Internacionais na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), diz que Lula segue com “prestígio internacional” e “é uma liderança carismática”. Aponta, no entanto, que o Brasil “não é o mesmo país de suas primeiras gestões, não tem a mesma pujança econômica e a região está desorganizada, sem que o país se apresente como uma liderança regional forte, com capacidade de articulação”.

Diz, ainda, que o “o papel do país como mediador de conflitos internacionais também não está forte nesse momento”.

Tudo isso, diz a professora, atrapalha “a capacidade de influenciar os rumos das discussões internacionais”.

Procurado pela reportagem, o Palácio do Planalto reforçou que “o Brasil vai sediar o G20 e está participando [do G7] nesse contexto”.

Nesse cenário, quais assuntos Lula deve levar ao G7 – e com quais tópicos o presidente deve tomar cuidado, segundo analistas?

Giorgia Meloni
Legenda da foto,Lula foi convidado para participar do encontro do G7 em 2024 pela primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, anfitriã do evento, que chega fortalecida após resultado de eleições na Europa

Taxação de super-ricos, clima e combate à fome

A previsão é que Lula fale no G7 sobre redução da fome e da desigualdade; transição energética e mobilização contra mudança do clima; além de taxação dos super-ricos.

A criação de uma taxação global sobre a riqueza de bilionários vem sendo defendida pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad – que já apresentou a ideia inclusive para o papa Francisco em visita no início de junho. A ideia é destinar os recursos para medidas de combate à fome e às mudanças climáticas.

Fernanda Gonçalves considera um “tema sensível e difícil de endereçar” e diz que não é um consenso, embora alguns países tenham sinalizado positivamente com o interesse de discuti-lo.

Nesse ponto, Casarões diz que Lula tentará “alavancar partes importantes da pauta econômica do governo junto aos seus interlocutores ocidentais”.

O professor avalia que a ideia do governo brasileiro é buscar apoio a temas “que são caros ao governo Lula, mas que não gozam de tanto apoio interno”.

“Acho que o governo vai tentar fazer uma espécie de manobra internacional para legitimar certas pautas – principalmente no campo econômico – que são de interesse do governo e para as quais não há consenso interno muito bem definido. Pode ser que o uso dessa plataforma internacional sirva, para o governo legitimar de maneira mais clara sua agenda”.

A participação no encontro do G7, segundo Casarões, gera para o Brasil uma “expectativa importante de alavancar a posição da política externa brasileira, principalmente tendo em vista reunião do G20, e de colocar o Brasil como um país responsável economicamente, uma espécie de liderança do Sul Global também no campo econômico”.

Durante os encontros no âmbito do G7, há também previsão de que Lula fale sobre a proposta do governo brasileiro de criar uma Aliança Global contra a Fome e a Pobreza no âmbito do G20, com lançamento previsto para novembro, quando o Brasil sedia a cúpula, no Rio de Janeiro.

Para Rubens Barbosa, ex-embaixador em Londres e Washington, o Brasil deve estar focado em reafirmar seu papel no G20 e na COP 30, que o país sediará. “Esses dois encontros projetam o Brasil no cenário global.”

A viagem de Lula à Europa, que começou com uma participação no fórum da Coalizão Global pela Justiça Social, em Genebra, é a primeira saída de Lula do Brasil desde as inundações que afetam o Rio Grande do Sul.

Para analistas ouvidos pela reportagem, Lula deve destacar o ocorrido. Casarões diz que dar ênfase na tragédia é uma forma de “chamar atenção do mundo para a urgência de uma pauta climática unificada”.

Na volta ao Brasil, Lula também terá de lidar com uma série de reveses domésticos importantes para seu governo.

Elas incluem a anulação de um leilão para compra de arroz após suspeitas de fraude, paralisações e greves de servidores, a devolução pelo Congresso de uma medida considerada fundamental no esforço para equilibrar as contas federais, além da decisão da Polícia Federal de indiciar o ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil), pelos crimes de corrupção passiva, fraude em licitações e organização criminosa, sob a suspeita de ter desviado recursos de emendas parlamentares, quando era deputado federal.

Reuniões de Lula na Itália

Na tarde de sexta-feira (14/6, horário local), Lula e outros líderes de países convidados participam de reunião com lideranças do G7, e com o papa Francisco, cujo tema determinado pelo G7 inclui inteligência artificial, energia, África e Mar Mediterrâneo.

O encontro ocorre em Borgo Egnazia, na região italiana da Puglia, um resort onde Madonna passou férias e o cantor Justin Timberlake e a atriz Jessica Biel se casaram.

O acesso da imprensa ao local é muito restrito, e a estrutura para jornalistas fazerem a cobertura do evento foi montada em um centro de convenções em Bari, a cerca de 60 km do local onde estão os líderes.

Entre os países convidados, além do Brasil, estão Índia, Quênia, Tunísia e Argentina. Não há previsão de reunião de Lula com Milei, segundo o Itamaraty.

Além da reunião entre países-membro do G7 e líderes convidados, Lula terá encontro bilateral com o papa Francisco – pedido pelo governo brasileiro.

Também terá encontros bilaterais, na sexta e no sábado (15/6), com líderes da Índia (Narendra Modi), da França (Emannuel Macron), e da Comissão Europeia, (Ursula von der Leyen), Turquia (Recep Tayyip Erdoğan), Alemanha (Olaf Scholz) e Itália (Meloni).

A previsão é que o presidente retorne ao Brasil no sábado.

No primeiro dia da cúpula do G7, na quinta-feira, foi anunciado um acordo para criação de um fundo de US$ 50 bilhões utilizando lucros de ativos russos congelados para ajudar a Ucrânia.

No mesmo dia, os presidentes dos EUA, Joe Biden, e da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, assinaram acordo de 10 anos para reforçar as defesas ucranianas contra a Rússia.

Zelensky e Biden
Legenda da foto,Na cúpula do G7, Biden e Zelensky assinaram um acordo de segurança de 10 anos

‘Lula versus Lula’

Lula foi convidado para reunião do G7 pela primeira vez em 2003 e, desde então, o Brasil soma oito participações.

Isso, segundo Casarões, reflete um interesse “do mundo ocidental de ter o Brasil ao seu lado”

O que, então, torna a participação de Lula neste ano diferente de 2023?

“No ano passado, a intenção dos membros do G7 ao trazer o Brasil era demarcar uma diferença entre Bolsonaro, um presidente que teve ele muitas rusgas com o Ocidente – brigou com a Alemanha, brigou com a França, brigou com Biden – e um Lula muito mais afeito a ter um bom relacionamento com o mundo ocidental”, diz.

Em 2024, continua Casarões, existe outra percepção.

“Não é o Lula versus o Bolsonaro – que é uma comparação, aliás, muito fácil – mas é Lula versus Lula. É o Lula pós guerra em Gaza, em que o Brasil aparenta estar se posicionando de maneira muito mais contundente, aberta e vocal, no sentido de apoiar a Rússia, a China, a condenação de Israel como um país que está cometendo um genocídio na Faixa de Gaza”, afirma. “Então parece que é uma inflexão da política externa brasileira para longe do ocidente”.

Por isso, diz o professor, o mais recente convite do G7 a Lula também é “uma forma de cortejar o Lula e de tentar forçá-lo a uma posição mais equilibrada entre o ocidente e os atuais inimigos do ocidente, notadamente Rússia e China –, mas também esse pedaço do Sul Global que vem se posicionando de maneira cada vez mais contundente e crítica contra Israel também”.

Lula e outros líderes internacionais sentados em uma mesa em formato de U
Legenda da foto,Lula participou do encontro do G7 do Japão, em 2023, depois que Brasil ficou 14 anos sem ser convidado

No atual contexto, Rubens Barbosa considera que o Brasil “não pode ser ignorado” pelos países mais ricos. “É a oitava economia do mundo, tem uma posição muito importante no G20, na COP, nos Brics. É normal que eles convivem o Brasil”, diz.

“No ano passado, foi simbólica a volta do Brasil. Este ano o Brasil foi convidado porque os temas de meio ambiente e transição energética e segurança alimentar não podem acontecer sem a presença do Brasil.”

Barbosa acrescenta que o governo brasileiro “deveria se limitar a esses temas em que o Brasil tem uma contribuição a dar”.

E quais temas poderiam colocar o Brasil numa posição difícil no G7?

Avanço da direita radical na Europa e a guerra em Gaza

O recente resultado das eleições para o Parlamento Europeu, que mostrou um avanço da direita radical, é um tema que Lula deve evitar discutir na Itália, segundo os analistas ouvidos pela reportagem.

“Um pronunciamento descuidado do presidente sobre esse tópico pode trazer repercussão negativa”, diz Gonçalves.

Em entrevista no Itamaraty sobre a viagem de Lula à Itália, o embaixador Maurício Carvalho Lyrio, secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Ministério das Relações Exteriores, foi questionado sobre o tema e disse que “a atmosfera política na Europa é uma questão europeia”. “Não é um tema previsto na discussão dos líderes do G7 com os demais países.”

Casarões também aposta que Lula evitará entrar nesse tema porque “não vai querer jogar mais gasolina nessa fogueira”.

“Ele tem demonstrando um senso muito apurado, nesse sentido, de só falar sobre esse tema quando o contexto é favorável – por exemplo, nos encontros dele com Biden falou-se do combate à extrema direita porque bolsonarismo e trumpismo são fenômenos muito próximos”, disse.

A reunião do G7 ocorre dias após o resultado da eleição para o Parlamento Europeu, que revelou o avanço da direita radical europeia. O resultado fortalece o destaque da anfitriã do encontro deste ano, a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, que se elegeu com uma plataforma considerada de direita radical.

Em Genebra, Lula disse na quinta-feira que a democracia como é conhecida atualmente está sob risco, ao comentar as eleições na Europa.

“O negacionista nega as instituições, nega aquilo que é o Parlamento, aquilo que é a Suprema Corte, aquilo que é o Poder Judiciário, aquilo que é o próprio Congresso. Ou seja, são pessoas que vivem na base da construção de mentiras”, afirmou.

Outros temas sensíveis que Lula deve evitar nesta viagem ao exterior, segundo os entrevistados, é Israel e Gaza – sem esquecer, ainda, da guerra na Ucrânia.

Lula hoje é considerado “persona non grata” pelo governo de Israel, depois de ter feito uma comparação entre a guerra em Gaza e o Holocausto durante a cúpula da União Africana, no início deste ano. A fala de Lula repercutiu internacionalmente e gerou críticas, sobretudo de grupos judeus, com acusações de que a comparação feita pelo presidente brasileiro se tratou de antissemitismo.

Casarões diz que Lula, se pressionado a falar sobre o tema, terá que “ser muito sereno e medir de alguma forma as palavras – não mudando a posição no Brasil a essa altura, mas certamente evitando o uso de palanques internacionais como no caso da União Africana, que fez comparação com o Holocausto”.

“Essas coisas deram muita munição para o bolsonarismo taxar o Lula de antissemita e criar uma polarização ainda mais acentuada em cima desse posicionamento a respeito do conflito entre Israel e palestinos”, disse Casarões.

Em Genebra, na quinta-feira, Lula disse que a falta de diálogo entre as autoridades da Ucrânia e da Rússia sinaliza que eles “estão gostando da guerra”.

“Tem que ter um acordo. Agora, se o Zelensky diz que não tem conversa com Putin, Putin diz que não tem conversa com Zelensky, é porque eles estão gostando da guerra. Senão, já tinham sentado para conversar e tentar encontra uma solução pacífica”, afirmou.

Manifestantes
Legenda da foto,Manifestantes da associação ambientalista alemã Debt for Climate fizeram protesto contra o G7 na Puglia, na Itália

O que é o G7?

O G7 – originalmente G6 – foi criado em 1975, como uma iniciativa do presidente francês Valéry Giscard d’Estaing. Além da França, incluía EUA, Reino Unido, Alemanha, Japão e Itália. O Canadá entrou para o grupo em 1976.

Naquele momento, depois da crise do petróleo de 1973, o objetivo era reunir os países mais industrializados do mundo à época para tratar de questões de política econômica de interesse comum.

De 1997 a 2013, a Rússia também fez parte, mas foi suspensa após a invasão da Crimeia.

O grupo hoje não reúne mais as sete maiores economias do mundo. China e Índia são, respectivamente, a segunda e a quinta maiores economias do mundo em PIB nominal, segundo dados compilados pelo FMI no ano passado.

Com o passar dos anos, o G7 ampliou seu foco. Se inicialmente estava concentrado só nos desafios econômicos, hoje também trata de outros assuntos que considera questões globais.

A presidência do grupo é rotativa entre as nações que compõem o G7 e muda anualmente. O país que preside o G7 recebe a cúpula e define agendas e prioridades. Depois da Itália, neste ano, o próximo será o Canadá.

ALIMENTOS ULTRPROCESSADOS REPRESENTAM MAIS DE 50% DA DIETA MÉDIA DOS EUA E REINO UNIDO

Tigelas de cereais matinais feitos
Legenda da foto,Não existe uma definição única de alimentos ultraprocessados, mas em geral eles contêm ingredientes não utilizados na culinária caseira

Alimentos ultraprocessados já foram associados a mais de 30 problemas de saúde diferentes, incluindo doenças cardíacas, câncer e ansiedade.

Um novo estudo diz que alimentos veganos ultraprocessados ​​também podem ser prejudiciais à saúde.

Os alimentos ultraprocessados ​​representam mais de 50% da dieta média nos EUA e no Reino Unido e tornam-se cada vez mais populares no mundo todo.

Mas como identificar o que é um alimento ultraprocessado?

O que são alimentos ultraprocessados?

Não existe uma definição única de alimentos ultraprocessados, mas em geral eles contêm ingredientes não utilizados na culinária caseira.

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Muitos são produtos químicos, corantes e adoçantes usados ​​para melhorar a aparência, o sabor ou a textura dos alimentos.

Refrigerantes, doces e nuggets de frango são exemplos. No entanto, também podem ser incluídos na categoria alimentos menos óbvios, como alguns pães, cereais matinais e iogurtes.

Qual a diferença entre os alimentos ultraprocessados ​​e os alimentos processados?

Para ajudar as pessoas a identificar os diferentes tipos de alimentos, frequentemente se utiliza um sistema que os divide em quatro grupos:

Alimentos não processados ​​e minimamente processados; ingredientes processados; alimentos processados ​​e alimentos ultraprocessados.

Gráfico mostra quatro categorias de alimentos, desde não processados/minimamente processados ​​até ultraprocessados

Os alimentos processados ​​são uma combinação de alimentos integrais – como frutas, vegetais, nozes e ovos – e ingredientes culinários processados.

Por exemplo, o pão feito com farinha de trigo, água, sal e fermento é um alimento processado.

Porém, se forem adicionados emulsificantes, corantes ou conservantes, o pão seria ultraprocessado.

Como posso reconhecer alimentos ultraprocessados?

Um produto que contenha mais de cinco ingredientes provavelmente será ultraprocessado, de acordo com Maira Bes-Rastrollo, especialista em saúde pública da Universidade de Navarra, na Espanha.

Alimentos ultraprocessados ​​costumam ser ricos em sal, açúcar e gorduras saturadas. No Reino Unido e em alguns outros países, isso estará destacado na embalagem.

Poderiam ser “alimentos frescos”, mas tem uma vida útil longa, por causa dos conservantes.

Verifique nos rótulos se há ingredientes como benzoato de sódio, nitrato e sulfito, BHA e BHT.

Como os alimentos ultraprocessados ​​se espalharam pelo mundo?

O Reino Unido e os EUA são onde mais se consome alimentos ultraprocessados, de acordo com o British Medical Journal e o Centro Nacional de Informações sobre Biotecnologia dos EUA.

Em 2023, os ultra-processados representavam 58% da ingestão calórica média de um adulto nos EUA e 66% da ingestão calórica de uma criança.

Os números são de 57% e 65% para adultos e crianças no Reino Unido.

Gráfico de barras mostrando a porcentagem de alimentos ultraprocessados ​​nas dietas de diferentes países

Segundo o Centro Nacional de Informações sobre Biotecnologia dos EUA, em países asiáticos, como a Coreia do Sul e o Japão, e em países da América do Sul, como o Brasil e o Chile, os alimentos ultraprocessados ​​normalmente representam 20 a 30% das calorias consumidas. Na África do Sul, 39%.

Comer alimentos ultraprocessados ​​faz mal?

Não há evidências definitivas sobre o impacto da ingestão de alimentos ultraprocessados na saúde.

Mas um estudo de fevereiro de 2024 publicado no British Medical Journal – com base em informações sobre 9,9 milhões de pessoas do mundo todo – associou o consumo a:

  • um risco maior de morte por doenças cardiovasculares (como ataque cardíaco e acidente vascular cerebral)
  • obesidade
  • diabetes tipo 2
  • problemas de sono
  • ansiedade e depressão

O estudo não conseguiu provar, no entanto, que o processamento dos alimentos causava as doenças.

Pode ser porque os alimentos são ricos em gordura, açúcar e sal, que são causas conhecidas de ganho de peso, diabetes tipo 2, doenças cardíacas e alguns tipos de câncer.

Obesidade

“Ganho de peso é o primeiro e mais óbvio efeito da ingestão de alimentos ultraprocessados”, diz Chris van Tulleken, imunologista da University College London, que também já escreveu sobre nutrição.

“Esses alimentos já são ricos em gordura, sal e açúcar. Mas também foram pensados ​​– por meio de suas texturas, cores e sabores – para serem consumidos em excesso”.

Um estudo de fevereiro de 2024 do Imperial College London afirma que, em 2022, mais de um bilhão de pessoas em todo o mundo viviam com obesidade – o equivalente a uma em cada oito pessoas.

E diz que, entre 1992 e 2022, a taxa global de obesidade mais do que duplicou entre mulheres adultas, quase triplicou entre homens adultos e aumentou cinco vezes entre crianças e adolescentes.

Os dados mais recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Observatório Global de Saúde, de 2016, afirmavam que mais de 28% dos adultos nas Américas eram obesos, assim como 26% na Europa, 19% no Mediterrâneo Oriental e 9 % na África.

Gráfico mostra aumento nas taxas de obesidade em diferentes regiões do mundo

De acordo com a OMS, em 2016, 2,8 mil milhões de pessoas estavam morrendo todos os anos por excesso de peso ou obesidade.

“Em muitos países do mundo, os alimentos ultraprocessados ​​são agora mais baratos e mais acessíveis do que os alimentos integrais tradicionais nos mercados”, afirma Claire Johnson, especialista em nutrição da agência das Nações Unidas para crianças, a Unicef.

Diabetes

Mais pessoas em todo o mundo têm hoje diabetes tipo 2, de acordo com a Federação Internacional de Diabetes.

“O açúcar, o sal e a gordura dos alimentos ultraprocessados ​​são fatores de risco para o desenvolvimento de diabetes tipo 2 – assim como uma dieta rica em calorias e pobre em nutrientes”, diz Jaakko Tammilehto, professor de saúde pública na Universidade de Helsinque.

O Oriente Médio e o norte da África registaram um aumento especialmente elevado no número de pessoas com diabetes tipo 2.

“Muitos desses países não produzem alimentos”, diz o professor Tammilehto. “Alimentos ultraprocessados ​​são fáceis de transportar e armazenar. É o que as empresas alimentícias mais transportam.”

Desnutrição

Os alimentos ultraprocessados ​​estão contribuindo para a desnutrição em muitos países subsaarianos, afirma a Johnson.

“Muitas vezes eles não têm os micronutrientes contidos nos alimentos integrais tradicionais, como ferro, minerais e vitaminas”, diz ela.

No entanto, cientistas da Universidade Purdue, nos EUA, dizem que os alimentos ultraprocessados ​​podem trazer alguns benefícios, incluindo:

  • fornecer nutrientes como vitamina E e cálcio;
  • oferecer uma opção mais acessível que os alimentos frescos para pessoas de baixa renda;
  • reduzir o desperdício de alimentos e o risco de intoxicação alimentar.

A British Nutrition Foundation, que trabalha e recebe doações de empresas alimentícias, também destaca que os alimentos ultraprocessados não são todos iguais.

“Alguns alimentos que podem ser classificados como ultraprocessados, como cereais matinais integrais, pães integrais e iogurtes desnatados, podem ter baixo teor de gordura, sal e açúcar”, diz Sara Stanner, diretora científica. “Essas podem ser fontes de nutrientes essenciais e fibras.”

Doença cardíaca

Um estudo de junho de 2024 da Universidade de São Paulo e do Imperial College London sugere que alimentos ultraprocessados ​​à base de plantas também podem representar uma ameaça à saúde.

O estudou afirmou que a ingestão de alimentos vegetais ultraprocessados ​​estava associada a um aumento de 7% no risco de ataques cardíacos e derrames, em comparação com a ingestão de alimentos vegetais não processados.

Que medidas foram tomadas contra os alimentos ultraprocessados?

O governo do Reino Unido criou um imposto sobre as bebidas açucaradas em 2018 e vários fabricantes reagiram reduzindo os níveis de açúcar.

Em 2023, a Colômbia impôs uma taxa de 10% – que aumentará com o tempo – sobre bebidas açucaradas e alimentos ultraprocessados.

Em 2016, o Chile – que tem uma das taxas de obesidade infantil mais elevadas do mundo – colocou rótulos de advertência em alimentos ricos em açúcar, gorduras ou calorias.

Rótulos de uma embalagem de alimento no Chile alertando para o alto teor de calorias, gordura e açúcar
Legenda da foto,No Chile, rótulos nas embalagens de alimentos alertam para o alto teor de calorias, gordura e açúcar

A publicidade e promoção de alimentos ricos em açúcar, sal e calorias para crianças também foi restringida.

No entanto, nos quatro anos seguintes à introdução das medidas, as taxas de obesidade infantil continuaram a aumentar.

 

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