E estamos caminhando firmemente para além de 2020.
Parece que vivemos várias décadas diferentes…
DOIS séculos diferentes…
DOIS milênios separados…
Passamos do telefone com operadora de longa distância para videochamadas em qualquer lugar do mundo.
Passamos dos slides ao YouTube, dos discos de vinil à música online, das cartas manuscritas ao e-mail e ao WhatsApp.
Do rádio de jogos ao vivo à televisão em preto e branco, à televisão em cores e depois à televisão 3D HD.
Fui à locadora de videocassetes e agora assisto Netflix.
Conhecemos os primeiros computadores, cartões perfurados, disquetes e agora temos gigabytes e megabytes em nossos smartphones.
Usamos shorts durante toda a nossa infância e depois calças, oxfords, foguetes, conchas e jeans.
Evitamos a paralisia infantil, a meningite, a poliomielite, a tuberculose, a gripe suína e agora a COVID-19.
Costumávamos andar de patins, triciclos, bicicletas, ciclomotores,
carros a gasolina ou diesel e agora dirigimos carros híbridos ou
elétricos.
Sim, já passamos por muita coisa, mas que vida tivemos!
Poderiam nos descrever como “exemplos”, pessoas nascidas naquele
mundo dos anos cinquenta, que tiveram uma infância analógica e uma idade
adulta digital.
Nós pensamos “Já vi tudo”!
A nossa geração viveu e testemunhou literalmente mais do que qualquer outra pessoa em todas as dimensões da vida.
É a nossa geração que se adaptou literalmente à “MUDANÇA”.
Uma grande salva de palmas a todos os integrantes de uma geração muito especial, que será ÚNICA. @destacar
2024 começa com um belo cartão de visita ao mostrar alguns números
que irão ditar a principal tendência daqui para frente. Mas que
tendência é essa? Para ser direta, a tendência, ou melhor, as tendências
em questão são os negócios de impacto.
Eles já são cerca de 10 milhões de empreendimentos que colocam o
propósito acima do lucro, gerando cerca de 2 trilhões de dólares em
receita anual. Hoje, essas iniciativas que geram impacto positivo para a
sociedade e o meio ambiente são responsáveis por criar 200 milhões de
empregos em diversos setores.
Mas o potencial ainda promete. Tais empreendimentos buscam cerca de
1,1 trilhão de dólares em financiamento externo para escalar seus
modelos de negócio e ampliar seu alcance. E com um diferencial: metade
deles são liderados por mulheres, em comparação com o que vemos em
empresas convencionais, onde apenas uma em cada cinco empresas possuem a
figura feminina na sua mais alta hierarquia.
Diante desse crescimento, não é de surpreender que atualmente os
negócios de impacto são um setor maior do que a indústria de vestuário
(1,57 trilhão de dólares) e duas vezes maior do que a indústria de
publicidade (875 bilhões de dólares).
Esses dados vieram à tona graças ao The State of Social Enterprise
2024, o primeiro relatório a detalhar tão profundamente esse ecossistema
de inovação social. A aliança pela pesquisa e produção do documento é
idealizada pelo Fórum Económico Mundial, que já conta com a participação
de empresas como Microsoft, Google e Deloitte.
57 é um número-chave para 2024
A inovação social é uma resposta de empreendedores que veem suas
vidas profissionais integradas às suas vidas pessoais. É uma resposta
para a pergunta, “Como eu encontro propósito no meu trabalho?” Sem
dúvida, uma necessidade que também reverbera no atual consumidor, que de
produto em produto busca aquele que melhor se encaixa com os seus
valores. E dentro desse contexto, também podemos agora enxergar novos
números que ampliam o nosso esclarecimento sobre essa correlação entre
negócios e impacto. E o meu favorito é 57.
O Índice de Consumo Consciente (#CCSIndex) atingiu um recorde
histórico em 2023, marcando 57 pontos. Esse aumento de 9 pontos em
relação ao ano anterior é um indicador chave da crescente demanda por
produtos e serviços de empresas que não buscam apenas o lucro, mas que
estão intrinsecamente alinhadas com valores sociais e ambientais. Termos
como “Empresa B” e “startups de impacto”, antes restritos a nichos,
agora fazem parte do léxico comum.
O #CCSIndex é um estudo realizado anualmente desde 2013 pela
consultoria de marketing Good. Must. Grow. O índice avalia o interesse
dos consumidores por gastos, doações e práticas ambientalmente
conscientes. Nos últimos anos, o índice variou bastante: atingiu o
recorde mínimo de 39 em 2020, subiu para 51 no ano seguinte e caiu para
48 em 2022.
Logo, um aumento desse tamanho mostra muito o que esperar dos anos
seguintes. Porém, antes é preciso entender como isso está relacionado
aos novos empreendimentos que irão surgir tendo o impacto positivo como
algo lado a lado, ou mesmo, à frente do lucro.
A mudança de paradigma do consumidor
Primeiro, consideremos a crise climática e a transformação no
comportamento do consumidor. Há uma mudança gigantesca nos critérios de
compra dos consumidores, principalmente entre Millennials e Zoomers, com
93% e 94% dos entrevistados, respectivamente, priorizando a
sustentabilidade, segundo o relatório da ESW. E esses números não são
meramente estatísticos; eles representam um grito coletivo por
responsabilidade corporativa e respeito ambiental.
A evolução das expectativas dos consumidores exige uma reavaliação
das estratégias de negócios. Empresas que ignoram essa mudança de
paradigma correm o risco de obsolescência. Em contrapartida, aquelas que
abraçam esta nova realidade encontram-se na vanguarda de um mercado
emergente.
O empreendedorismo consciente
Essa conscientização ambiental e social redefine o empreendedorismo. A
questão central para os novos empreendedores não é mais apenas “Como
posso lucrar?”, mas sim “Como posso beneficiar a sociedade e o meio
ambiente enquanto lucro?”. Esse realinhamento de prioridades sinaliza
uma era de negócios impulsionados não apenas por balanços financeiros,
mas também por impactos socioambientais.
Obviamente, empreender assim cria seus desafios particulares.
Encontrar financiamento sustentável, estabelecer parcerias estratégicas,
adaptar modelos de negócios, manter o compromisso com o propósito e
navegar por um terreno jurídico incerto são obstáculos significativos.
No entanto, esses desafios também representam oportunidades para
inovação e crescimento.
O consumidor moderno
O relatório da ESW que mencionei acima revela que 67% dos
consumidores valorizam a produção ética no momento de decidir por suas
compras online. Um olhar mais atento revela então um consumidor mais
esclarecido, capaz de discernir “greenwashing” e mais inclinado a apoiar
produtos com impacto ambiental positivo. Isso não é uma moda
passageira, mas uma mudança fundamental na mentalidade do consumidor.
Equilíbrio, tecnologias emergentes e o novo investimento
O equilíbrio entre impacto socioambiental e sustentabilidade
financeira é o santo graal para as empresas modernas. Não existe uma
fórmula única para alcançá-lo, mas práticas como ter um propósito claro,
definir metas mensuráveis, buscar financiamento alinhado, estabelecer
parcerias estratégicas, investir em inovação e manter a transparência,
são essenciais.
Em 2024, vamos conseguir ter uma visão melhor de como os sentimentos
dos consumidores vão ser refletidos nos novos empreendedores. O
propósito da vida transforma-se na missão do trabalho.
A tendência dos negócios de impacto em 2024 não é um acaso, mas o
resultado de uma mudança profunda nas expectativas dos consumidores, na
mentalidade empreendedora e na maneira como a tecnologia está sendo
utilizada para enfrentar desafios socioambientais.
As tecnologias emergentes ampliam o alcance e a eficácia dos negócios
de impacto. Elas permitem operações mais eficientes, melhoram a
qualidade dos produtos e serviços e facilitam a comunicação com
stakeholders. Este é um terreno fértil para inovação contínua e
adaptação às demandas do mercado.
Logo, toda essa tendência reflete uma nova era de responsabilidade
corporativa, onde sucesso profissional e pessoal se confundem, e vemos
consumidores e empreendedores negociando uma nova moeda: aquela que
investe mais no bem da sociedade e do planeta.
Como a Plataforma Site Valeon pode ajudar as empresas a crescerem
A Plataforma Site Valeon pode ajudar as empresas a crescerem de diversas maneiras:
1. Aumentando a visibilidade online:
Oferecendo um site profissional e otimizado para mecanismos de
busca, aumentando a visibilidade da empresa na internet e atraindo mais
visitantes.
Integração com ferramentas de marketing digital, como Google Ads e
Facebook Ads, para alcançar um público mais amplo e direcionado.
Otimização do site para conversão, com formulários de contato e botões de ação que facilitam a interação com os clientes.
2. Melhorando a experiência do cliente:
Conteúdo informativo e relevante, que ajuda os clientes a
encontrarem as informações que procuram e a entenderem os produtos e
serviços da empresa.
Ferramentas de autoatendimento, como chat online e FAQs, que respondem às perguntas dos clientes de forma rápida e eficiente.
Design intuitivo e responsivo, que garante uma boa experiência de navegação em qualquer dispositivo.
3. Aumentando as vendas:
Integração com plataformas de e-commerce, permitindo que os clientes
comprem produtos e serviços consultando diretamente no site.
Ferramentas de marketing automation, que automatizam o envio de emails e mensagens personalizadas para leads e clientes.
Análise de dados, que fornece insights sobre o comportamento dos clientes e ajuda a otimizar as campanhas de marketing.
4. Reduzindo custos:
Automação de tarefas repetitivas, como o envio de emails e a gestão de leads.
Otimização do site para SEO, que reduz a necessidade de investir em publicidade paga.
Integração com ferramentas de CRM, que ajuda a gerenciar o relacionamento com os clientes de forma mais eficiente.
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Ferramentas de colaboração, como compartilhamento de arquivos e calendários, que facilitam o trabalho em equipe.
Integração com ferramentas de gestão de projetos, que ajuda a organizar e acompanhar o andamento das tarefas.
Automação de tarefas repetitivas, que libera tempo para os funcionários se concentrarem em atividades mais estratégicas.
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BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O Exército gasta mais de R$ 20 milhões
por ano com o pagamento de pensões para familiares de 238 “mortos
fictícios”, como são chamados os militares expulsos da Força por
condenações no Judiciário.
A lista é composta por 38 oficiais e 200 praças que perderam o posto e
a patente por terem cometido crimes ou infrações graves cujas penas
somam mais de dois anos de reclusão. As pensões são pagas a 310
familiares.
É a primeira vez que os dados do Exército sobre os “mortos fictícios”
são tornados públicos. A lista foi obtida por meio da Lei de Acesso à
Informação pela Fiquem Sabendo, organização sem fins lucrativos
especializada em transparência pública, e repassada à Folha de S.Paulo.
A figura jurídica do “morto fictício” (ou “morto ficto”, como também é
chamado) foi criada para atender à Lei 3.765, de 1960, em plena
ditadura militar. A legislação definiu que o militar expulso da Força
não perde o direito à pensão militar já que, durante o tempo em que
serviu, parte do salário era recolhida para custear o benefício.
Como o pagamento não pode ser feito diretamente aos militares
condenados, eles passaram a ser considerados “mortos fictícios”, e os
familiares ganharam o direito de receber o salário do oficial ou praça.
Nove coronéis estão entre os “mortos fictícios” do Exército. Um
deles, Ricardo Couto Luiz, foi preso em 2014 com 351 kg de maconha
prensada em um fundo falso de um furgão no Rio de Janeiro.
Segundo a Polícia Federal, o coronel deixava sua farda pendurada num
cabide no interior do veículo, mesmo já sendo militar reformado, para
tentar inibir eventuais revistas policiais.
Ricardo Luiz foi condenado pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro
em 2015, e o processo transitou em julgado (quando não há mais
possibilidade de recursos) em 2020. O STM (Superior Tribunal Militar) só
confirmou a perda do posto e da patente em 2022.
Há três anos, a filha do coronel recebe mensalmente R$ 13,4 mil.
Um outro caso é o do coronel Paulo Roberto Pinheiro, que foi
condenado por um esquema de fraudes em contratos do Hospital Militar de
Área de Recife. Segundo o Ministério Público Militar, um grupo de
oficiais abria processos de compras para o almoxarifado e combinavam com
a empresa vencedora para não entregar os itens contratados.
Pinheiro teve a “morte fictícia” reconhecida em 2023 –e sua esposa passou a receber quase R$ 23 mil mensais como pensão.
A Folha de S.Paulo procurou os advogados dos dois coronéis para comentar o assunto, mas não obteve resposta.
“As Forças Armadas se mantêm como uma espécie de estamento
privilegiado dentro do Estado brasileiro […] que não se sujeita às
mesmas normas que os outros funcionários públicos civis”, avalia Lucas
Pedretti, professor de história estudioso sobre a transição da ditadura
militar para a democracia.
Pedretti argumenta que as Forças Armadas conseguiram manter
privilégios no fim da ditadura que se perpetuaram. “Talvez seja a hora
da sociedade brasileira ter clareza de que tem um lugar para onde a
gente deve começar a fazer esse debate [corte de privilégios do
funcionalismo]”, completa.
As pensões fazem parte de um conjunto de benefícios que militares
possuem no âmbito do SPSMFA (Sistema de Proteção Social dos Militares
das Forças Armadas). Só em 2023, os gastos com pensões chegaram a R$
25,7 bilhões.
A legislação que beneficia a carreira passou por diversas alterações.
Em 2001, o então presidente Fernando Henrique Cardoso assinou medida
provisória criando diversas restrições –entre elas, determinou que
filhos de militares pudessem receber pensão até 21 anos (caso fosse
estudante, até 24 anos) e não mais até a morte.
FHC, porém, permitiu que os militares pudessem permanecer com o
direito da pensão vitalícia para filhos caso autorizassem um desconto
extra de 1,5% na folha salarial.
O Congresso Nacional aprovou em 2019 uma lei que reestruturou as
carreiras nas Forças Armadas. Nas pensões militares, as principais
mudanças foram o aumento de 7,5% para 10,5% do desconto na folha de
pagamento e a definição de que os beneficiários também terão de pagar a
taxa enquanto receberem os valores.
A lei também estipulou que o beneficiário não receberá o salário
completo do militar considerado “morto fictício” caso ele não tenha
terminado o tempo mínimo de serviço. “Ou seja, o oficial […] que perder
posto e patente deixará aos seus beneficiários a pensão militar
correspondente ao posto que possuía, com valor proporcional ao tempo de
serviço”.
Durante o processo de obtenção dos dados via Lei de Acesso à
Informação, a Força se negou a enviar as informações detalhadas e chegou
a apresentar números divergentes. O caso chegou até a CGU
(Controladoria-Geral da União), que obrigou o Exército a enviar os dados
completos por não haver previsão legal para o sigilo.
Em 2023, as demais Forças Armadas já haviam tornado públicas suas
listas dos “mortos fictos”. A Marinha e a Aeronáutica, somadas, pagam
pensões a pouco mais de 300 familiares de militares expulsos.
A existência da figura jurídica do “morto fictício” ganhou atenção durante o governo Jair Bolsonaro (PL).
O major Ailton Barros era amigo próximo do ex-presidente. É
investigado pela Polícia Federal por ter participado do esquema de
falsificação da carteira de vacinação de Bolsonaro, Mauro Cid e
familiares, além de ser alvo do inquérito sobre os planos golpistas após
a vitória de Lula (PT) nas eleições de 2022.
Barros foi expulso do Exército após ser condenado pela Justiça
Militar por uma série de investigações internas –em uma delas, foi
investigado por atropelar um integrante da Polícia do Exército que
tentou parar o seu carro em uma ocorrência de trânsito na Praia
Vermelha, no Rio de Janeiro.
A redução de despesas com pessoal das Forças Armadas voltou a ser
debatida entre integrantes do governo e do TCU (Tribunal de Contas da
União) nos últimos meses. O presidente da corte de contas, Bruno Dantas,
foi quem levou a discussão a público em entrevista à Folha de S.Paulo.
As defesas por uma revisão dos gastos das Forças Armadas, em especial
com as pensões e inativos, gerou preocupação nas cúpulas militares, que
decidiram manter vigilância contra eventuais tentativas de redução de
benefícios da carreira.
História de ANDREZA DE OLIVEIRA E GEOVANA OLIVEIRA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Após acordo verbal firmado com o
presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), no fim de maio,
operadoras de saúde que fizeram série de cancelamentos unilaterais dos
planos, dizem seguir orientações de associação para beneficiários
afetados.
Representantes de operadoras como Bradesco Saúde, Amil e Unimed –as
duas últimas fizeram cancelamentos de planos coletivos de crianças,
portadores de TEA (transtorno do espectro autista), idosos e pessoas com
deficiência– estiveram presentes na reunião com Lira. Questionados,
Amil e Bradesco disseram seguir posicionamento da Abramge (Associação
Brasileira de Planos de Saúde) após o acordo.
Em nota, a Abramge afirma que, após o acordo, a associação assumiu o
compromisso de manter a cobertura dos beneficiários internados, em
ciclos de terapias oncológicas, que realizam terapia para transtornos
globais do desenvolvimento, como o TEA, assim como para aqueles
pacientes vinculados a contratos coletivos por adesão já notificados da
rescisão.
A associação informou também que estão suspensas novas notificações
unilaterais por desequilíbrio econômico-financeiro para contratos e
planos coletivos por adesão desde o dia 28 de maio, quando ocorreu a
reunião. Segundo a nota, rescisões motivadas por descumprimento
contratual ou inadimplência, no entanto, permanecem.
Segundo a Abramge, foi solicitada a elaboração de um diagnóstico
setorial com a proposição de soluções para ser apresentado aos
parlamentos nos próximos meses. A associação diz ainda buscar soluções
para o momento da saúde suplementar brasileira.
Já a Unimed, também presente na reunião, informou seguir com o
indicado pela FenaSaúde (Federação Nacional de Saúde Suplementar).
Procurada pela reportagem, a associação disse em nota que não irá se
manifestar.
A operadora Bradesco Saúde afirmou que não ter novas informações
sobre o tema e diz não ter realizado cancelamentos de planos de adesão.
Tanto a Bradesco, quanto a SulAmérica, informaram também seguir posicionamento da Abramge e da FenaSaúde sobre o assunto.
As operadoras mencionadas também foram questionadas pela Folha de
S.Paulo sobre como beneficiários com planos cancelados de forma
unilateral poderiam recorrer, mas nenhuma respondeu à questão.
De acordo com advogados especialistas em direito da saúde, no
entanto, o acordo verbal firmado entre Lira e as operadoras não está
formalizado e não tem validade jurídica. Questões como prazo para
reversões, quem terá prioridade e tempo de duração da medida ainda não
possuem respostas.
O deputado Duarte Jr. (PSB-MA), relator do projeto da nova lei dos
planos de saúde, afirmou que existe o compromisso das operadoras
suspenderem o cancelamento unilateral enquanto o projeto de lei estiver
tramitando pela Câmara. Apesar de não ter uma previsão, ele diz que está
próximo a ser votado.
A lei atual dos planos de saúde permite que contratos coletivos por
adesão sejam rescindidos de forma unilateral e imotivada se as
operadoras seguirem regras como aviso do término do contrato com até
dois meses de antecedência.
A Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado debateu na terça-feira
(4) o cancelamento unilateral de contratos coletivos de planos de saúde
e foi presidida pela senadora Damares Alves (Republicanos-DF). Entre os
convidados, estavam o Diretor-Executivo da Abramge, Marcos Novais, e o
Superintendente de Regulação da FenaSaúde, Cesar Sergio Cardim Junior.
O Idec (Instituto Brasileiro do Direito do Consumidor) questionou a
demora da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) para responder um
ofício do instituto em que foi pedida uma audiência pública para
discutir a regulação dos planos coletivos. O objetivo do encontro seria
discutir rescisões unilaterais feitas por operadoras.
A agência informou que recebeu no dia 13 de maio a carta do Idec que
solicitava uma “audiência pública para tratar de rescisão unilateral e
regulação de coletivos”. Segundo a ANS, o documento está em análise em
diferentes áreas técnicas, e ainda não há uma previsão para possíveis
deliberações ao pedido pela reguladora.
Desde a invasão em grande escala da Ucrânia pela Rússia,
Moscou tem enviado uma série de ameaças de cunho nuclear, fazendo
sugestões não tão sutis de que tentar derrotar uma potência nuclear como
a comandada por Vladimir Putin poderia ter consequências desastrosas para aqueles que ousassem tentar.
Na sexta-feira (7/6), Putin afirmou que a Rússia não sequer usar uma arma nuclear para alcançar a vitória na Ucrânia.
Ele estava sendo entrevistado em um painel de discussão no Fórum
Econômico Internacional de São Petersburgo: um evento anual
frequentemente descrito como “a Davos da Rússia”.
O entrevistador era Sergei Karaganov, um agressivo especialista em
política externa russo. No ano passado, ele apelou a um ataque nuclear
preventivo. Nesta sexta, sugeriu apontar uma “pistola nuclear” para
barrar o Ocidente na Ucrânia.
Putin não foi tão extremo em sua declaração. Mas também não foi exatamente delicado.
O líder do Kremlin disse que não descarta mudanças na doutrina
nuclear da Rússia: o documento que estabelece as condições segundo as
quais a Rússia usaria armas nucleares.
“Esta doutrina é uma ferramenta viva e estamos observando atentamente
o que está acontecendo no mundo que nos rodeia e não excluímos fazer
alterações. Isto também está relacionado com os testes de armas
nucleares.”
E fez um aviso aos países europeus que têm apoiado a Ucrânia: a
Rússia tem “muito mais [armas nucleares táticas] do que há no continente
europeu, mesmo que os Estados Unidos tragam as suas”.
“A Europa não possui um [sistema de alerta precoce] desenvolvido”,
acrescentou. “Nesse sentido, eles estão mais ou menos indefesos.”
As armas nucleares táticas são ogivas menores projetadas para destruir alvos sem precipitação radioativa generalizada.
A Rússia tem usado o enorme fórum econômico internacional para enviar
a mensagem de que está pronta para a cooperação e que, apesar de tudo,
os negócios continuam como sempre.
É evidente, porém, que não são tempos de normalidade. A Rússia está
travando uma guerra na Ucrânia, que já está no seu terceiro ano. E como
resultado, é o país mais sancionado do mundo.
E, neste momento, as tensões estão aumentando entre a Rússia e o Ocidente.
No início desta semana, em uma reunião com chefes de agências de
notícias internacionais em São Petersburgo, Putin sugeriu que a Rússia
poderia fornecer armas convencionais avançadas de longo alcance a
terceiros para atacar alvos ocidentais.
A declaração foi uma resposta à decisão da Otan (Organização do
Tratado do Atlântico Norte) de permitir que a Ucrânia atacasse o
território russo com armas fornecidas pelo Ocidente.
Durante sua participação no Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo, o presidente russo repetiu a ideia.
“Ainda não fornecemos essas armas, mas reservamo-nos o direito de
fazê-lo aos Estados ou entidades jurídicas que estejam sob certa
pressão, incluindo pressão militar, dos países que fornecem armas à
Ucrânia e incentivam a sua utilização em território russo.”
Ele não deu mais detalhes ou apontou os nomes dos países
Mas em que partes do mundo a Rússia poderia implantar os seus mísseis?
“Onde acharmos necessário, com certeza vamos colocá-los. Como o
Presidente Putin deixou claro, iremos investigar esta questão”, disse à
BBC Vladimir Solovyov, um dos apresentadores mais proeminentes da
televisão estatal russa.
“Se você está tentando nos prejudicar, precisa ter certeza de que temos oportunidades e chances suficientes de prejudicá-lo.”
“No Ocidente, alguns dirão que já ouvimos esse barulho de sabre antes”, respondo, “e que é um blefe”.
“É sempre um blefe. Até o momento em que não for”, responde Solovyov.
“Você pode continuar pensando que a Rússia está blefando e então, um
dia, não haverá mais Grã-Bretanha para rir. Nunca tente cutucar o urso
russo pensando: ‘Ah, é um gatinho, podemos brincar com ele’.”
CEOs da Europa e dos Estados Unidos costumavam se reunir no Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo. Não mais.
Em vez disso, observamos delegações da Ásia, África, Oriente Médio e
América do Sul. A Rússia tem aproveitado o evento deste ano para tentar
mostrar que, apesar das sanções ocidentais, há muitos países no mundo
que estão prontos para fazer negócios com Moscou.
E o que aprendemos em São Petersburgo sobre Vladimir Putin?
Que ele parece cada vez mais confiante e determinado a não recuar.
Ele parece acreditar que, no atual impasse entre a Rússia e o Ocidente,
será o Ocidente quem tremerá primeiro.
A ministra da Segurança da Argentina, Patrícia Bullrich,
disse neste sábado, 8, que o governo do País não tem informações sobre
os brasileiros que, segundo a Polícia Federal, quebraram as
tornozeleiras eletrônicas e foram para Argentina para fugir das
condenações pela participação nos atos golpistas de 8 de janeiro de
2023.
Em entrevista para a Rádio Mitre, da Argentina, a ministra foi questionada sobre a posição do governo comandado por Javier Milei sobre
os foragidos bolsonaristas que teriam entrado no País e pedido asilo
político. “Não temos nenhuma informação desse tipo”, afirmou Bullrich, e
acrescentou que o País não tem “alertas vermelhos sobre essas pessoas”.
A ministra disse que, até o momento, o Ministério de Segurança não
recebeu qualquer tipo de requerimento do governo brasileiro sobre a
extradição dos fugitivos e que é preciso haver um pedido oficial para
que o País tome uma medida a respeito do assunto. “Por ora se mantém
como uma propaganda, mas não um feito jurídico válido”, afirmou.
O entrevistador ainda questionou se a entrada dos foragidos no País
foi confirmada, mas a ministra disse que apenas confirma que “entram
brasileiros todos os dias”, mas que não sabe “quem são, quantos são e
que motivos têm”
A ofensiva da Policia Federal mira réus que “deliberadamente”
descumpriram medidas cautelares impostas pelo Judiciário, que não se
apresentaram para o cumprimento da pena ou que fugiram para outros
países “com o objetivo de se furtarem da aplicação da lei penal”. Até o
início da tarde da última quinta-feira, 6, a PF já havia prendido 48 dos 208 foragidos. As diligências foram realizadas em 18 estados e no Distrito Federal.
Morreu neste sábado, aos 94 anos, a economista Maria da Conceição Tavares,
um dos principais nomes do pensamento desenvolvimentista, que defende
uma maior intervenção do Estado na economia para estimular o
crescimento. De acordo com amigos e familiares, ela estava em casa, e
morreu dormindo, durante a madrugada.
Nascida em Portugal, em 1930, e radicada no Brasil desde 1954 – se
naturalizou brasileira em 1957 -, Maria da Conceição foi professora na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Foi deputada federal pelo PT entre
1995 e 1999 e participante ativa do debate público sobre política
econômica, sobretudo no período da redemocratização, nos anos 1980.
“Conceição ensinou toda uma geração que economista não era uma
questão de mercado. Comemoramos o prazer de ter vivo na mesma época”,
afirmou Gloria Moraes, economista, amiga e ex-aluna de Maria Conceição
Tavares, ao informar o falecimento.
Além de professora e deputada, Maria da Conceição trabalhou no Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico (hoje BNDES) e na Comissão
Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal). No ano 2000, a
publicação inglesa A biographical dictionary of dissenting economist (Um
dicionário biográfico da economia dissidente, em tradução livre),
editada por professores da Universidade de Cambridge e da Universidade
de Leeds, a elegeu uma dos 100 mais importantes economistas mundiais do
século XX que trabalhavam com correntes de pensamento econômico não
neoclássicas.
Seu trabalho costuma ser dividido por pesquisadores em três fases. Na
primeira, quando estava ligada à Cepal, dedicou-se ao desenvolvimento
econômico do que se chamava “periferia” global, sobretudo o caso
brasileiro. Em um segundo momento, na Unicamp, analisou criticamente e
dialogou com textos de autores tradicionais da economia política, como
Karl Marx, John Maynard Keynes e Michal Kalecki. Posteriormente, na
UFRJ, focou seus estudos em economia política internacional, analisando a
organização econômica global dos anos 1980 e a hegemonia americana.
Era uma crítica feroz do liberalismo e neoliberalismo econômico. Em
artigo publicado no site da Fundação Perseu Abramo, ligada ao PT, em
2021 – ainda no governo de Jair Bolsonaro -,
escreveu: “Com o neoliberalismo não vamos a lugar algum. Sobretudo
porque, repito: historicamente o Brasil nunca deu saltos se não com
impulsos do próprio Estado. Esses últimos dois anos têm sido pavorosos,
do ponto de vista econômico, social e político. Todas as reformas
propostas são reacionárias, da trabalhista à previdenciária. Vivemos um
momento de ‘acerto de contas’ com Getúlio, com uma sanha inquisidora de
direitos sem precedentes. Trata-se de um ajuste feito em cima dos
desfavorecidos, da renda do trabalho, da contribuição previdenciária, da
mão de obra. O Brasil virou uma economia de rentistas, o que eu mais
temia. É necessário fazer uma eutanásia no rentismo, a forma mais eficaz
e perversa de concentração de riquezas.”
Em 2015, em um evento em sua homenagem no Rio, disse que o Brasil
precisava de uma aliança ampla com diversos setores da sociedade, para
além de uma “frente de esquerda”, para vencer a crise política, e uma
política de substituição de importações para vencer a crise econômica.
“Hoje é fundamental recuperar a esperança porque a conjuntura está muito
adversa”, afirmou.
No mesmo evento, disse não crer na possibilidade, no curto prazo, de
se levar adiante um projeto de desenvolvimento econômico do País com
inserção internacional. Nem mesmo quando “o Estado nacional recuperar
sua capacidade de operação, pelo menos fiscal” ou com o câmbio mais
favorável às exportações. Isso porque, segundo ela, o fim do superciclo
de commodities e a desaceleração do crescimento da China seriam
obstáculos difíceis de transpor. Por isso, a saída para a economia
nacional, disse, seria “voltar ao começo”.
“Temos de fazer, por um lado, por razões de conjuntura internacional e
interna, um esforço de substituição de importações outra vez e, por
outro, fazer um Estado social de bem-estar, porque esse curso dos
últimos dez anos não pode ser interrompido”, afirmou. Ela dizia ser
possível manter políticas de distribuição de renda com a substituição
das importações e com investimentos em infraestrutura.
Parlamentares apontam possível fraude; AGU informa à CNN que irá contestar informações na corte de contasRepresentação foi apresentada por deputadosMarcello Casal/Agência Brasil
A oposição protocolou na tarde desta sexta-feira (7) um pedido para
que o Tribunal de Contas da União apure possível fraude no leilão de
arroz importado feito nesta semana pelo governo.
De acordo com petição assinada pelos deputados federais Marcel Van
Hatten (Novo), Lucas Redecker (PSDB), Adriana Ventura (Novo-SP) e o
deputado estadual Felipe Camozzatto (Novo) e do deputado estadual Marcus
Vinicius (PP-RS), a representação “tem como foco a limitação indevida
da competitividade do certame, corroborada pela variação nula ou ínfima
dos preços de abertura e pela ilógica falta de competição na disputa dos
lotes, a despeito da existência de pelo menos 4 (quatro) possíveis
empresas competidoras, que eventualmente arremataram lotes em outras
praças.”
Eles dizem que “a título de comparação, em 2021, a Conab realizou
outro leilão de arroz (aviso no 109/2021) em que foram adquiridas
aproximadamente 9 milhões de toneladas de arroz cujas arrematações
apresentaram deságio médio de 34,21% em relação ao preço máximo”.
Eles apontam ainda que as empresas vencedoras não disputaram entre si.
“Adicionalmente, observa-se um comportamento atípico das 4 (quatro)
empresas participantes do leilão: ao invés de disputarem cada um dos
lotes, elas investiram praticamente sozinhas nos lotes em que se
sagraram vencedoras e abandonaram a disputa nos outros em lotes.
Atipicamente, em 14 dos 17 lotes negociados, a empresa que ofereceu o
primeiro lance sagrou-se vencedora”, diz o documento.
O ministro da Advocacia Geral da União, Jorge Messias, disse à CNN que vai contestar as informações junto ao TCU.
Ives Gandra da Silva Martins é professor emérito das universidades
Mackenzie, Unip, Unifieo, UniFMU, do Ciee/O Estado de São Paulo, das
Escolas de Comando e Estado-Maior do Exército (Eceme), Superior de
Guerra (ESG) e da Magistratura do Tribunal Regional Federal – 1ª Região,
professor honorário das Universidades Austral (Argentina), San Martin
de Porres (Peru) e Vasili Goldis (Romênia), doutor honoris causa das
Universidades de Craiova (Romênia) e das PUCs PR e RS, catedrático da
Universidade do Minho (Portugal), presidente do Conselho Superior de
Direito da Fecomercio -SP, ex-presidente da Academia Paulista de Letras
(APL) e do Instituto dos Advogad os de São Paulo (Iasp).
É preciso muito cuidado com a criação da “Arrozbrás”
O governo brasileiro está importando arroz por causa da quebra de
safra no Rio Grande do Sul. O que impressiona é que o governo quer
fornecer o arroz tabelado e abaixo do preço de mercado.
De certa forma, essa intervenção no mercado vai representar um
desestímulo à plantação de arroz no Brasil, porque os agricultores terão
prejuízos. Ao fazer esse tabelamento, que desestimula o plantio,
possivelmente ficaremos dependentes da importação de arroz, quando somos
autossuficientes e exportadores. Isso representa uma intervenção
semelhante àquela que vimos Nicolás Maduro fazer na Venezuela, quando
resolveu vender a gasolina tão barata e muito abaixo do preço de
mercado. Apesar de o país ter a maior reserva de petróleo do mundo, a
medida desestruturou toda a indústria petrolífera do país.
Sempre que se intervém no mercado, desestimula-se a produção.
Intervenções geram a sensação de que os preços se tornam estáveis, mas
há naturalmente desemprego decorrente daqueles que não continuarão a
trabalhar no ramo onde ocorreu, destacadamente no caso do controle de
preços.
Os congelamentos de preços no Brasil (planos Cruzado, Bresser e
Collor) sempre foram um fracasso. Mesmo na Argentina houve congelamento
de preços (Plano Primavera). Todos fracassaram. Aliás, há 4 mil anos o
congelamento de preços fracassa, pois está no Código de Hamurabi, o
primeiro registro de congelamento na história, que não deu certo.
Tivemos, ainda, em 300 d.C. um congelamento praticado por Diocleciano em
Roma, que também fracassou.
Congelar o preço, desestimulando a produção nacional e tendo que se
comprar, eventualmente, mais caro para se vender mais barato, é
intervenção no mercado que nunca deu certo.
Além disso, no caso brasileiro, está se importando uma fantástica
quantidade, com queima de divisas, quando asseguram muitos especialistas
do setor que a produção nacional ainda pode garantir o consumo interno.
Isso preocupa os produtores brasileiros, pois se eles deixarem de
produzir, em vez de termos o arroz como gerador de divisas, o teremos
como um consumidor de divisas.
A melhor forma de baixar preços é produzir e produzir muito, de tal
forma que a quantidade permita a redução de preço. Se adotarmos no
Brasil a “Arrozbrás”, intervenção típica de regimes esquerdistas e que
nunca deu certo, corremos o risco de ver mais um fracasso da nossa
economia.
Precisamos que todos aqueles que conhecem o assunto pressionem o
Congresso Nacional para que tenhamos liberdade no setor, até porque o
artigo 174 da Constituição Federal declara que o planejamento econômico é
indicativo para o setor privado, mas não pode ser obrigatório.
No momento, entretanto, em que se congela o preço do arroz, se torna
obrigatório. Aqueles que não praticarem o mesmo preço não poderão vender
sua mercadoria, e se esses preços tabelados não compensarem,
desestimular-se-á a continuidade da produção de arroz no Brasil.
A semana em Brasília terminou pior do que como começou, apesar da
promessa do presidente Lula da Silva de azeitar a articulação política
do governo. Após as fragorosas derrotas durante a análise de vetos no
Congresso – sobretudo à chamada pauta de costumes –, que culminaram,
entre outros reveses, no fim da chamada “saidinha” de presos do regime
semiaberto, a ala responsável pela interlocução com parlamentares
naufragou, a princípio, na missão de dinamizar a relação com o
Legislativo.
Lula reuniu os aliados de sempre para debater o problema. Começou
mal. Sem sinal da tal da frente ampla, participaram do encontro os
líderes do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE); no Senado, Jaques
Wagner (PT-BA); e no Congresso, Randolfe Rodrigues (sem partido-AP) –
que, embora sem legenda, só falta assinar a ficha de filiação ao PT.
Estavam presentes também os secretários executivos da Casa Civil, Miriam
Belchior, e da Fazenda, Dario Durigan.
Como o lulopetismo crê nunca errar, a conta de seus infortúnios,
claro, cai sempre no colo dos outros. Sobrou para ministros do Centrão,
por supostamente não entregarem votos; para a comunicação, pela
incapacidade de transmitir à sociedade quão geniais são as ideias do
governo; e até para o Congresso, representante do povo, que com seu
conservadorismo não consegue captar o vanguardismo do governo petista.
Mesmo assim, há quem diga que houve mea culpa. Ficou
decidido, então, que Lula da Silva – qualificado pelo ministro das
Relações Institucionais, Alexandre Padilha, como “o Pelé da política” –
vestirá a camisa após mais de um terço de mandato para, enfim, dialogar,
negociar e governar. É um iniciativa reiteradamente anunciada e não
cumprida, o que obviamente suscita ceticismo. Em entrevista ao jornal O Globo, Jacques Wagner reconheceu que político quer é “foto com o presidente”.
Em um lampejo de lucidez, Randolfe, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo,
recomendou foco na economia. Ao que tudo indica, um conselho vão. Na
semana da pretensa concertação, a tensão aumentou e contaminou pautas
relevantes, enquanto o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, visitava o
papa.
A votação no Senado da “taxação das blusinhas”, que mira compras de
até US$ 50 em plataformas asiáticas, foi ameaçada por uma disputa
paroquial em Alagoas e estremeceu ainda mais a já abalada relação do
governo Lula da Silva com Arthur Lira, que foi surpreendido pela
retirada “do jabuti” do projeto do Mover. Lira chegou a colocar em
dúvida a aprovação do programa de estímulo à indústria automotiva. Ao
fim, a taxação foi aprovada e voltou para a Câmara – agora, aguardam-se
os próximos capítulos.
A medida provisória (MP) editada para compensar a desoneração da
folha de pagamento de empresas de 17 setores da economia e de
prefeituras, com a limitação do uso de crédito de PIS/Cofins, já
enfrenta resistência. Alguém achou por bem não consultar previamente as
lideranças no Legislativo. Deu no que deu. Nada menos do que 27 frentes
parlamentares pediram ao presidente do Congresso, senador Rodrigo
Pacheco (PSD-MG), a devolução da MP, o que tornaria evidente o mal-estar
entre os Poderes.
Diálogo e afagos à parte, fato é que, nos últimos anos, a correlação
de forças mudou. O Congresso aumentou o controle sobre o Orçamento, com o
avanço sobre as emendas, e há quem tenha anunciado o funeral do
presidencialismo de coalizão. O fato, no entanto, é que o
presidencialismo de coalizão só funciona se houver vontade e habilidade
do presidente para formar uma coalizão, como fez Michel Temer ao
governar o País em meio ao tumulto pós-impeachment de Dilma Rousseff.
Como bem lembrou o cientista político Carlos Pereira em recente coluna
no Estadão, “os insucessos legislativos de presidentes estão, na
realidade, relacionados às suas escolhas de como montar e gerenciar sua
coalizão”.
Cabe ao presidente o gerenciamento de sua base, a partilha de poder e
a abertura ao diálogo. Só discurso não basta. Para isso, porém, seria
necessário superar o projeto hegemônico do PT, cuja tradicional
predominância nas áreas mais sensíveis do governo é inversamente
proporcional à sua capacidade de agregar apoio parlamentar. E isso Lula
jamais fará.