A causa da morte da vítima, um homem de 67 anos do município de
Travesseiro, no Vale do Taquari (uma das áreas severamente atingidas
pelas enchentes), foi confirmada nesta segunda-feira (20/05), três dias
depois de ele vir a óbito e oito dias após o registro dos primeiros
sintomas, informaram as autoridades gaúchas.
Nas últimas semanas, 19 casos da doença foram confirmados pela Secretaria de Saúde do RS, e outros 304 estão em análise.
Embora a leptospirose seja considerada endêmica no estado – ou seja,
em circulação sistemática no ambiente –, episódios como alagamentos
aumentam o risco de infecção.
Antes da catástrofe climática que arrasou o estado, dados do
Ministério da Saúde contabilizavam, no período de 1º de janeiro até 17
de abril deste ano, 129 casos da doença e seis mortes. Em 2023, foram
477 casos e 25 mortes.
O que é a leptospirose e como ela é transmitida
A leptospirose é uma doença infecciosa causada pela Leptospira
interrogans. Ela é transmitida a partir da exposição direta ou indireta à
urina de animais infectados, principalmente roedores.
Em situações de enchentes e inundações, a urina dos ratos, presente
em esgotos e bueiros, mistura-se à enxurrada e à lama das enchentes.
Qualquer pessoa que tiver contato com a água das chuvas ou lama
contaminadas poderá se infectar. A bactéria presente na água penetra o
corpo humano pela pele ou mucosa.
Bovinos, suínos e cães também podem adoecer e transmitir a leptospirose aos humanos.
Embora na maioria das vezes a leptospirose seja assintomática, o
quadro da doença pode evoluir e causar até mesmo a falência de órgãos.
Segundo o Ministério da Saúde, a doença apresenta uma letalidade média
de 9%.
Quais são os sintomas da doença e o que fazer em caso de suspeita
Os principais sintomas da leptospirose são: febre, dores musculares
(principalmente na panturrilha), dor de cabeça, fraqueza, calafrios,
vômito e diarreia. Nas formas mais graves geralmente aparece icterícia
(coloração amarelada da pele e dos olhos). Infectados também podem
apresentar hemorragias, meningite, insuficiência renal, hepática e
respiratória, que podem levar à morte.
Os sintomas surgem normalmente de cinco a 14 dias após a contaminação – ou, eventualmente, em até 30 dias.
Diante do alto risco de contágio em função das enchentes, a
orientação das autoridades gaúchas é buscar atendimento médico imediato
já nos primeiros sintomas e relatar se teve contato com alagamentos.
Casos suspeitos em áreas que foram alagadas devem iniciar tratamento
imediato com antibióticos mediante supervisão médica e, se possível,
realizar um exame a partir do sétimo dia do início dos sintomas para
confirmar se, de fato, trata-se de leptospirose.
Como é o tratamento
A infecção é tratada com antibióticos, cuja eficácia costuma ser
maior na primeira semana do início dos sintomas. Para os casos leves, o
atendimento é ambulatorial. Nos casos graves, segundo a Secretária de
Saúde do RS, a hospitalização deve ser imediata, para evitar
complicações e diminuir o risco de morte. Pacientes não devem se medicar
por conta própria, sem a supervisão de um profissional de saúde.
Como se prevenir
Nos locais que tenham sido invadidos por água de chuva, recomenda-se
fazer a desinfecção do ambiente com água sanitária (hipoclorito de sódio
a 2,5%), na proporção de um copo de água sanitária para um balde de 20
litros de água. Durante a limpeza e desinfecção de locais onde houve
inundação recente, deve-se também proteger pés e mãos do contato com a
água ou lama contaminadas. A luz solar também ajuda a matar a bactéria.
Outras medidas ajudam a evitar a presença de roedores: manter os
alimentos guardados em recipientes bem fechados e a cozinha limpa, sem
restos de alimentos; retirar as sobras de alimentos ou ração de animais
domésticos antes do anoitecer; manter o terreno limpo e evitar entulhos e
acúmulo de objetos e lixo nos quintais.
Indivíduos conhecidos como “superidosos” demonstram
que, para alguns, a idade realmente é apenas um número. “Superidosos são
conhecidos por manter o ápice da proeza mental bem até os 90 anos e
evitar doenças como o Alzheimer e
outras demências”, diz Daniel Daneshvar, chefe da Divisão de
Reabilitação de Lesões Cerebrais na Spaulding Rehabilitation Hospital,
afiliada à Harvard. “Embora o pensamento geral seja de que a memória
declina e as funções cerebrais diminuem conforme envelhecemos,
estudos sobre superidosos sugerem que isso não é inevitável, e pode
haver maneiras de manter níveis elevados de função cognitiva por muito
mais tempo na vida”.
O envelhecimento do cérebro
O cérebro médio
diminui em volume e peso cerca de 5% por década após os 40 anos, com um
declínio mais acentuado após os 70 anos. A redução do cérebro afeta
particularmente as regiões envolvidas com aprendizagem e memória, como o
lobo frontal e o hipocampo. Um volume cerebral menor também está ligado
a uma comunicação menos robusta entre regiões do cérebro, o que leva a
uma velocidade de processamento mais lenta e pode prejudicar outras
funções cognitivas.
“Essas mudanças cerebrais relacionadas à idade podem afetar o
pensamento e dificultar a recordação de palavras e nomes, o foco em
tarefas e o processamento de novas informações”, diz Daneshvar.
O cérebro dos superidosos, porém, encolhe em cerca de metade da taxa
média, e suas habilidades de memória e cognição permanecem equiparadas
às de um cérebro mais jovem. O que acontece dentro do cérebro dos
superidosos que justifica isso? Investigadores de Harvard, em publicação
na edição de novembro de 2021 do Cerebral Cortex, oferecem uma pista.
Eles recrutaram 40 adultos mais velhos que foram identificados como
superidosos. Os superidosos fizeram um teste de memória enquanto seu
cérebro era escaneado com imagens de ressonância magnética funcional
(fMRI), que mostra a atividade de diferentes áreas cerebrais. Para
comparação, os pesquisadores também realizaram o teste de memória e o
escaneamento de fMRI em 41 jovens adultos (idade média de 25 anos). Os
superidosos tiveram um desempenho semelhante ao dos mais jovens nos
testes de memória. O fMRI também mostrou que a atividade no córtex
visual dos superidosos, a área do cérebro que processa entradas visuais,
era semelhante à dos cérebros mais jovens.
O que tem de ‘super’ nos superidosos?
Estudos descobriram que a genética é o componente mais significativo no estado de envelhecimento do cérebro.
“A ciência identificou cerca de 100 genes comuns entre os
superidosos, embora não esteja claro quais deles estão particularmente
ligados a benefícios neurológicos”, conta Daneshvar. “Se você ganhar na
loteria e nascer com esses genes, tem uma boa chance de se tornar um
superidoso”.
Mas, e se sua raspadinha genética não for premiada? Ainda é possível ser um vencedor no superenvelhecimento?
“Superidosos também tendem a seguir um estilo de vida saudável, e
muitos chegam aos 90 anos livres de problemas como doenças cardíacas,
diabetes e pressão arterial alta”, afirma Daneshvar.
Veja um olhar sobre os hábitos diários saudáveis de muitos superidosos e como eles podem ajudar a proteger seu cérebro.
1- Coma mais “superalimentos”
Muitos superidosos seguem dietas ricas em alimentos com alto teor de
antioxidantes, polifenóis e ácidos graxos ômega-3. Esses nutrientes têm
sido associados ao combate de inflamação e à proteção do corpo contra
danos celulares causadores de doenças. Exemplos incluem frutas
vermelhas, grãos integrais (aveia, quinua), peixes gordurosos (salmão,
truta), oleaginosas (nozes, amêndoas), azeite de oliva, vegetais
crucíferos (brócolis, couve-flor), abacate e chá verde.
Não surpreendentemente, esses alimentos são básicos em muitas dietas à
base de plantas ligadas à saúde do cérebro e do coração, como as dietas
MIND, DASH e Mediterrânea. Não se sabe ao certo quais dos alimentos ou
quantidades são ideais, então foque em refeições que contenham uma
variedade deles.
2- Seja mais ativo
Superidosos tendem a se engajar em mais atividades físicas.
Exercícios regulares parecem ajudar a manter o volume cerebral e a
função cognitiva, mesmo que você comece mais tarde na vida.
O exercício provoca mudanças fisiológicas no corpo, como a produção
de fatores de crescimento — substâncias que aprimoram a função e
sobrevivência das células cerebrais e podem realmente estimular a
formação de novas células cerebrais. Muitos estudos sugeriram que as
partes do cérebro que controlam o pensamento e a memória são maiores em
volume em pessoas que se exercitam do que em pessoas que não se
exercitam.
Não importa o tipo de exercício que você faz. Pesquisas descobriram
que caminhar, nadar, outras atividades aeróbicas (especialmente
treinamento intervalado de alta intensidade, ou HIIT), treino com pesos,
tai chi e ioga estão todos associados à melhora da memória. Mas a
consistência é a chave. “Ser ativo regularmente leva a maiores
benefícios cerebrais”, informa Daneshvar.
3- Seja mais sociável
Superidosos tendem a ter mais interações sociais. Estudos mostraram
que o engajamento social regular está associado a cérebros mais
saudáveis. O oposto também é verdadeiro: o isolamento social está ligado
a um volume menor de matéria cinzenta em regiões do cérebro
relacionadas à cognição.
4- Desafie-se
Superidosos desafiam o cérebro, e estudos mostraram que aprender
coisas novas à medida que você envelhece ajuda na memória. Por exemplo:
estude uma segunda língua, aprenda um instrumento musical ou adote um
novo hobby.
5- Tenha um bom sono
Superidosos também priorizam o sono – as diretrizes sugerem de sete a
nove horas por noite. “Durante o sono, o cérebro elimina resíduos
metabólicos que se acumulam no início do desenvolvimento da doença de
Alzheimer”, diz Daneshvar.
Um estudo na edição de novembro de 2022 da revista Sleep descobriu
que ter dificuldade para adormecer ou permanecer dormindo três ou mais
noites por semana durante três meses aumentou o risco de piora da
memória em adultos mais velhos.
Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado por nossa equipe editorial. Saiba mais em nossa Política
O uísque é
um dos destilados mais conhecidos e consumidos no planeta, estando
presente na carta de bebidas das mais variadas ocasiões e espaços. Há
quem prefira as versões mais clássicas de seu consumo, tomando a bebida
pura ou on the rocks (com pedras de gelo), mas o uísque também pode entrar como ingrediente-chave em vários drinques servidos em bares e festas.
Segundo Maurício Porto, dono do Caledonia Bar e
especialista na bebida, o mercado de uísque é alimentado, ao mesmo
tempo, pela tradição e pela inovação. A tentativa de equilibrar esses
dois aspectos pode ser observada tanto nos detalhes da produção da
bebida quanto nos diferentes produtos comercializados mundo afora.
Para entender um pouco mais sobre esse universo e conhecer detalhes curiosos dessa amada bebida, conversamos com o especialista Maurício Porto – detentor do título de Keeper of The Quaich,
reconhecimento internacional cedido a um seleto grupo de indivíduos que
realizam o trabalho de aprimorar e proliferar os conhecimentos sobre
uísque escocês – confira a entrevista:
“O uísque surgiu na Irlanda, a partir dos monges beneditinos que chegaram lá da Península Ibérica. Eles começam a produzir o uísque dentro dos mosteiros com intuito medicinal, sob o nome de uisge-beatha (gaélico para ‘água da vida’).”
Segundo Porto, o uísque só começou a ser consumido de maneira
recreativa a partir da ordem de dissolução dos mosteiros no país pelo
rei Henrique VIII, por volta dos anos de 1536 a 1541. A partir desse
ponto, os monges começaram a comercializar o uísque, antes produzido
exclusivamente para uso interno e medicinal.
O primeiro registro da bebida dataria, segundo o especialista, do
século XV, em uma espécie de lista de compras de monge, que solicitava a
aquisição de malte para a produção da bebida.
“Para ter uma ideia, no começo de sua comercialização, o uísque não
era nem maturado ou envelhecido. O envelhecimento do uísque surgiu
depois, quando os comerciantes observaram que o armazenamento da bebida
em barris de madeira, utilizados nos transportes, conferiam um sabor
agradável ao produto.”
“No mundo todo, exceto na Índia* o uísque é um destilado de grãos envelhecido em barris. A definição mais genérica possível. Os países têm legislação específica sobre o que é uísque.”
Os grãos mais utilizados são: cevada (maltada ou não), trigo, milho, centeio, trigo-sarraceno e sorgo.
“Cada um tem uma característica de sabor diferente. O milho confere
mais dulçor à bebida, o centeio é mais amargo, apimentado e herbal, e o
trigo traz um sabor mais leve.”
A cevada maltada é particularmente importante para a otimização e qualidadedo processo de fermentação.
*A legislação do país permite que bebidas destiladas a partir de
outros produtos que não sejam grãos possam ser denominadas como whisky,
sendo possível, por exemplo, ter whiskies indianos feitos a partir da
cana-de-açúcar.
Qual é o certo: whisky, whiskey ou uísque?
Segundo Maurício Porto, não existe uma maneira única e correta de se escrever o nome da bebida. ‘Whisky’, sem o ‘e’, é a variação empregada na maioria dos países.
“Ainda que a gente possa ter a (falsa) noção de que nos Estados Unidos o mais comum seria ‘whiskey’, a legislação americana permite as duas grafias.”
De modo geral, as denominações variam de lugar para lugar. “Na Escócia e no Japão, por exemplo, geralmente usa-se whisky. Já no Canadá e na Irlanda, é mais comum chamar de whiskey.”
Uísque, por sua vez, nada mais é do que a versão aportuguesada da palavra.
Você já deve ter ouvido falar em termos como Single Malt, Blended, Scotch, Bourbon e
tantas outras palavras para se referir aos uísques, mas você sabe o que
elas significam e indicam sobre o processo produtivo da bebida? Veja
abaixo o que Maurício Porto ensina sobre essas denominações:
“O Scotch Whisky (uísque escocês) tem que ser produzido com grãos, em território escocês, destilado até 94,8%, com graduação alcoólica mínima de engarrafamento de 40% e envelhecimento mínimo três anos em barris de carvalho (de capacidade máxima de 700 litros).”
O especialista conta que os Scotchs também só podem utilizar corante caramelo e água na produção, para que o sabor final não sofra influências de outros produtos e aditivos. “Na prática, significa que todos os sabores que você sente na bebida final vêm da fermentação e da maturação dos grãos.”
“Nos Estados Unidos, é um pouco diferente. Para ser um Bourbon, que é um tipo de uísque americano, a bebida tem que ser feita a partir de 51% ou mais de milho, destilado até 80%, em barris virgens (que ainda não foram utilizados na produção de nenhum produto) e com graduação alcoólica final mínima de 40%.”
Qual é a diferença entre Blended e Single Malt?
Maurício Porto conta que os Single Malt devem
seguir todas as regras já citadas para o uísque escocês, mas também têm
de ser feitos em uma única destilaria e especificamente em alambiques
de cobre (não podem ser, por exemplo, feitos em destiladores de coluna).
Além disso, o Single Malt deve ser produzido somente a partir da cevada
maltada.
Diferente dos blendeds, os Single Malt devem ser obrigatoriamente
engarrafados em território escocês, enquanto os blendeds não têm essa
última exigência.
“Os do tipo blended (misturados) são uísques feitos a partir da
mistura de um ou mais Single Malt com um ou mais Single Grains. A
palavra Single (único) refere-se ao lugar, e significa que a bebida foi
produzida em uma única destilaria. Existem dois Singles: o Single Malt,
descrito acima, e o Single Grain, que é uma categoria que funciona por
exclusão.”
Os Single Grains são produzidos em destilaria única, como os Single
Malt, mas não seguem uma ou mais das suas regras, que podem ser
relacionadas a um tipo diferente de destilação ou de grãos, por exemplo.
Porto explica que os Single Grain são, no geral, mais suaves e
delicados no sabor. “Os Single Malt são geralmente mais temáticos e
intensos”. É dessa combinação que surgem os Blended Whiskies.
Envelhecimento e maturação – quanto mais antigo melhor o uísque?
Segundo o especialista, não. “Quanto mais envelhecido, muito
provavelmente mais delicado será o uísque, essa é a única garantia que o
envelhecimento dá”. No entanto, Porto explica que é uma prática comum
da indústria dessa bebida reutilizar os barris para a sua produção, e
isso interfere nos resultados das maturações.
A questão afetada na bebida, segundo Porto, é o chamado ‘ponto de
equilíbrio’, em que o perfil sensorial do destilado se encontra em
perfeita harmonia com o perfil de influência da madeira utilizada nos
barris.
“Em um barril jovem, esse ponto é atingido (na Escócia) por volta dos
10 a 12 anos de envelhecimento. Quando utilizado pela segunda vez, a
idade necessária para atingir o ponto de equilíbrio passa para 18 a 25
anos, e em uma terceira vez, o tempo já passa para a casa dos 50 anos.”
Uísques mais antigos, segundo o especialista, usam barris mais
“cansados” para chegar a o ponto de maturação mais avançado da bebida,
com perfil sensorial delicado e complexo.
Sobre os tipos de madeiras utilizados, o mais comum é o carvalho, e a
Escócia é um país rígido nesse sentido, restringindo toda sua produção
de uísque a barris feitos a partir dessa madeira. Usa-se no geral três
tipos principais de carvalho nos barris:
Carvalho americano: o “padrão” da indústria, que confere dulçor e notas de baunilha, caramelo, mel e gengibre à bebida;
Carvalho europeu: geralmente utilizado
anteriormente para a produção de vinhos (muitas vezes Jerez), dando à
bebida notas de cravo, canela, uva passa e ameixa;
E o carvalho japonês: o carvalho mizunara,
que é um híbrido em características sensoriais do europeu e do
americano e que está ganhando bastante reconhecimento no cenário, com
notas de coco, baunilha e pimenta branca.
Porto também observa uma nova onda de maturação em madeiras que não sejam o carvalho, que surgiu após flexibilização da Scotch Whisky Association para a produção de uísques nesses barris.
Iniciando no mundo do uísque
Para dar um passo inicial nesse universo, o especialista conta logo
de cara que não tem um jeito certo. Vale muito a pena ir observando as
opções do mercado que mais agradam ao paladar, encontrando alguma opção
da bebida que mais combine com o que se procura.
“Depende da pessoa. Acredito que os que dizem não gostar de determinada bebida apenas não provaram ainda o estilo daquela bebida que mais combina com seu paladar, há uma variedade sensorial gigantesca entre os diferentes tipos e marcas.”
Caso as opções de entrada do mercado não consigam agradar o paladar
de alguém determinado a saborear e conhecer mais sobre uísque, Porto
recomenda procurar opções diferentes, como Single Malts de perfis mais defumados e turfados, como o Laphroaig ou Ardbeg, ou ainda Rye (trigo) Whiskies, como o Jim Beam Rye ou o High West Double Rye, que são ainda pouco conhecidos.
“Existem também os Single Malt “de recrutamento”, opções de entrada
mais em conta e que não assustam muito sensorialmente, como o Glenlivet Founders Reserve.”
Claro, cada um tem o seu jeito favorito de beber uísque, e, para
Porto, isso deve ser respeitado e não tem regras definidas. “Aqui mesmo
no Caledonia, nós fazemos bastante isso, usando bons uísques em drinques
clássicos e autorais. Não é nenhum pecado misturar.”
Mas o especialista comenta que, caso o objetivo seja fazer uma
degustação detalhada da bebida, há algumas práticas que contribuem para
uma melhor análise. A degustação analítica
deve ser feita com a bebida pura, servida na temperatura de
recomendação, que no caso do uísque é a temperatura ambiente. “Você pode
também beber depois com algumas gotas de água, que vão ‘abrir’ a
bebida.”
E o mercado hoje em dia?
Como dito no início, Porto enxerga o mercado no equilíbrio entre a
tradição e as inovações. Como tendência atual, além da maturação em
novos tipos de madeiras, Porto aponta para o surgimento de novas opções
de uísques Single Malt, impulsionadas por um mercado de crescente
interesse no gênero.
No Brasil, há duas destilarias destacadas por Maurício Porto como as principais no cenário. A Union, de Bento Gonçalves, produz uísques com cara de Scotch, e a Lamas, de Minas Gerais, que produz o que o especialista chama de um autêntico ‘craft whisky brasileiro’, feito com ingredientes e produtos nacionais e que tentam construir uma identidade própria para os uísques daqui.
Quer aprender a preparar drinques com uísque? Separamos aqui uma seleção de coquetéis clássicos e autorais, que ressaltam diferentes qualidades da bebida.
Por Sean Evers, VP de Vendas e Parcerias da Pipedrive
Todos os vendedores sabem que não existe uma fórmula secreta para
conquistar o coração de cada cliente, não importa quantos anúncios
existam nas redes sociais oferecendo estratégias garantindo um sucesso
rápido. Embora você nunca consiga fechar 100% das suas vendas, existem
princípios quase tão antigos quanto o amor em si que ajudarão os
clientes a se apaixonarem pelo seu produto e tornarão o processo de
vendas muito mais fácil. Sem mágica, sem fórmula secreta, apenas anos de
testes e refinamentos de vendas que você pode implementar na próxima
vez que falar com um cliente.
1 – Os melhores relacionamentos começam com uma conversa
Os humanos usam a arte da narrativa por milhares de anos para
transmitir informações, ensinar lições, evocar empatia e criar lealdade.
Contando histórias era como as pessoas avisavam colegas de tribo sobre
um predador no ponto de água ou compartilhavam o melhor lugar para
pescar, sempre criando algum tipo de valor para o ouvinte. Algumas das
empresas modernas de maior sucesso têm uma narrativa forte e funcional.
Mesmo que você não tenha uma história interessante de criação de
produto, considere desenvolver narrativas para marketing ou
apresentações de vendas. Será mais fácil para a equipe de vendas lembrar
uma história convincente ou uma anedota profissional que pode ajudar a
manter a conversa fluindo, invés de ter que pensar rápido.
2 – Fazer o cliente se sentir ouvido e compreendido
Os clientes já têm bastante com o que lidar quando se trata de
operações comerciais, então certifique-se de manter o foco neles. Você
pode achar que está sendo rejeitado enquanto atende potenciais
consumidores se tudo o que fizer for elogiar a si ou o próprio negócio.
Você precisa tornar sua mensagem relevante para o cliente e abordar a
venda a partir da perspectiva deles. Qual problema específico você pode
resolver? Como seu produto ou serviço vai torná-los mais bem-sucedidos?
Antes de um primeiro encontro, a maioria das pessoas quer saber um
pouco sobre a outra pessoa. O mesmo vale para vendas — a pesquisa é
fundamental para entender as necessidades, desejos e preferências de
alguém. Certifique-se de pesquisar minuciosamente a empresa e a
indústria de um prospecto antes de iniciar a abordagem de vendas. Além
disso, você pode eticamente aproveitar os vieses cognitivos para ajudar
os prospectos a superar objeções e ver como seu produto pode ser a
solução deles. E, mais importante ainda, você pode pensar nos desafios e
necessidades do cliente em potencial e como pode formar uma parceria
sólida.
3 – Conheça a história do seu cliente
Como mencionado, a pesquisa é sempre fundamental para entender os
clientes. Mas também é importante saber em que pé seu prospecto está
atualmente em relação ao interesse ou necessidade em seu produto, ou se
já está conversando com outra pessoa — por exemplo, se um colega já
conversou com um cliente no passado. Afinal, você não quer desperdiçar o
tempo de ninguém. Nada arruína mais um negócio do que um vendedor
despreparado.
Como um “pequeno guia” auspicioso em encontros, um CRM de vendas bem
gerenciado e mantido é sua arma secreta aqui, já que a história da sua
empresa com um prospecto sempre será bem documentada e prontamente
disponível. Começar uma conversa com um rápido resumo dessa história
mostra esforço — você dedicou tempo para conhecê-los.
4 – Aprenda a ouvir
Ninguém se apaixona por roteiro — se você deseja conquistar um
cliente em potencial, terá que conseguir deslumbrá-lo com sua capacidade
de falar e responder no momento. Um roteiro bem preparado é sempre
útil, mas pode te colocar em apuros se você não conseguir mudar de
direção e se desviar dele quando necessário. Você sempre deve dar tempo
aos clientes para expressarem suas opiniões e necessidades, e garantir
que realmente os escute. Personalizar a proposta de vendas facilita se
conectar com o prospecto. Conforme o Relatório de Personalização 2021 da
McKinsey & Company, 71% dos consumidores esperam que as empresas
ofereçam interações personalizadas. E 76% ficam frustrados quando isso
não acontece.
5 – O amor sempre começa quando nos amamos primeiro
Se sua equipe de vendas ama seu produto e empresa, eles são muito
mais bem-sucedidos em transmitir isso aos potenciais clientes.
Motivação, conhecimento e paixão podem ser inspirados por uma grande
liderança. Portanto, certifique-se de que você e sua equipe amam seu
produto. Se você não amar o produto internamente, como pode esperar que
um cliente se apaixone por ele?
Você pode ler avaliações positivas para se animar numa segunda-feira
de manhã, conversar constantemente com a equipe de desenvolvimento para
se manter animado com os projetos futuros ou até mesmo ter reuniões
semanais com sua equipe de vendas para se manter atualizado com as
últimas inovações de produtos. Estar totalmente imerso no produto
dificulta se desapaixonar ao conversar com os clientes.
O caminho para vendas bem-sucedidas pode não ser pavimentado com
magia, mas os clientes em potencial ainda respondem a princípios
atemporais que resistem ao teste da experiência. À medida que você se
envolve com os clientes, entrelaçar esses princípios em sua abordagem
ajudará a transformar seu processo de vendas em uma jornada tranquila e
bem-sucedida, construindo um vínculo com os clientes que durará muito
além daquela primeira paixão inicial.
20 coisas que eu gostaria de saber aos 20 anos (mas tive que aprender sozinho)
“Espírito primeiro. Porque isso é o mais importante. Não é o quão bem
você pode executar ou quanto dinheiro você pode ganhar. Mas se você não
é o ser humano que deveria ser, você não está fazendo isso
corretamente.” — Gladys Knight.
Uma jovem cliente que estava terminando sua terapia tinha um pedido final.
Ela queria alguns conselhos genéricos de vida: que tal 20 coisas para 2020? ela disse, lançando um desafio.
Eu não tive que pensar sobre isso por muito tempo. Quanto mais velho
você fica, mais você vê, mais você erra, mais você tem a dizer.
MAS…
Quanto mais medo você tem de dizer isso, porque sabe que não existe
uma estratégia de tamanho único para a vida – que cada um de nós precisa
seguir seu próprio caminho.
Ainda assim, eu estava pronto para o desafio. Aqui estão algumas coisas para ponderar.
20 coisas que eu gostaria de ter sabido nos meus vinte anos
1. Bons amigos valem ouro.
Ao longo da vida, apenas algumas pessoas realmente “pegarão” você. E
alguns deles também não ficarão por aqui. Portanto, cuide de quem o faz.
Mas também vale a pena saber que a amizade (e o amor) se desenvolve em
lugares surpreendentes, em todas as idades e fases. Fique aberto a isso.
2. Ninguém se importa com o que você faz da sua vida.
Bem, alguns fazem um pouco – espero que isso inclua seus pais. Mas a
maioria das pessoas está muito ocupada trilhando seus próprios caminhos
para se preocupar com o que você está fazendo no seu. No final, até seus
pais só querem que você seja feliz e autossuficiente. Aponte para isso.
3. A paixão por hambúrgueres com queijo e batatas fritas tem consequências.
Apenas dizendo.
4. A vida não dura para sempre.
Certa vez, tive um colega de apartamento cujo resumo da experiência
humana era o seguinte: “você nasce, vive um pouco e depois morre”. Achei
que ele era um Bisonho; Acontece que ele estava certo. Espero que você
tenha um longo intervalo entre o começo e o fim. Mas nenhum de nós sabe o
que está por vir. Use bem o seu tempo.
5. Nem o planeta.
Você não pode salvar tudo sozinho, mas pode fazer a sua parte.
6. A vida às vezes é entediante – precisa ser.
Tente viver em altas rotações 24 horas por dia, 7 dias por semana, e
você saberá o que quero dizer. Tempo de inatividade, manchas planas,
tédio – como você quiser chamar – é necessário para recuperar e
recarregar, pensar e criar – e fazer mudanças.
O tédio crônico é um problema, portanto, se você se encontrar lá, faça tudo o que puder para mudá-lo.
7. Sua saúde mental é um trabalho em andamento.
Humores e emoções não são consistentes. É mais difícil do que você
pensa ficar em um bom espaço mentalmente. Haverá altos e baixos, dias
bons e ruins, então você precisa aprender ferramentas e estratégias para
lidar com ambos. E você precisa continuar usando-os.
8. Assim como sua saúde física.
Os corpos também não se cuidam. Eles brincam, ficam doentes, precisam
de remédios, exames de saúde e manutenção regular. Quanto mais velho
você fica, mais alto “use-o ou perca-o” soa em seus ouvidos. Quanto mais
cedo você prestar atenção nisso, melhor.
9. Mentiras são corredores rápidos.
Uma vez ouvi dizer: uma mentira pode dar meia volta ao mundo antes
mesmo de a verdade calçar seus sapatos de salto alto. É verdade. As
mentiras se espalham rapidamente – e machucam. Pense nisso por um tempo.
10. Você precisa usar tanto as mãos quanto a cabeça.
Passar muito tempo em sua cabeça o deixará louco – e fará de você um
insone. Fazer coisas é a melhor maneira de combatê-lo – tira você da
cabeça e o leva para o corpo. Isso é bom pra você.
11. A maioria das pessoas está fazendo o melhor que pode. Mas alguns não são.
Verdadeiramente, a maioria das pessoas está se esforçando com o que
tem. A maioria das pessoas quer ser um ser humano bom, gentil e que
contribui. Algumas pessoas são idiotas, e mesmo que tenham uma razão
válida para isso, você precisa ficar longe delas.
12. Poder regular tudo é tudo.
Comida, álcool, substâncias, pornografia/sexo, humores, emoções,
reações – ter propriedade sobre isso é possuir sua própria vida. NB: Não
espere muito em breve, leva tempo e prática.
13. Tentar fazer os outros felizes é perda de tempo.
Você não pode. Você pode apoiá-los e estar lá para eles, mas criar
uma vida boa é o trabalho deles. Assim como criar o seu é seu.
14. Ficar sozinho é legal. Estar sozinho é difícil.
Estar sozinho, para experimentar, pensar e sonhar, sustentará e até
fortalecerá sua saúde mental. Mas sentir-se isolado o levará para o
outro lado. Faça o possível para se manter conectado – com as pessoas,
com os vizinhos, com os animais de estimação, com o caixa do
supermercado. E se você não está sozinho, fique de olho nos que estão.
Uma palavra gentil faz uma grande diferença.
15. O arrependimento é bom; pendurar no passado é ruim.
Ter arrependimentos mostra que você está ciente dos erros que
cometeu, das maneiras não tão boas como tratou os outros ou a si mesmo.
Apegar-se a coisas que você não pode mudar irá destruí-lo, então treine
seus olhos na estrada à sua frente.
16. O luto é uma merda.
As pessoas que você ama e se preocupam estarão perdidas para você, e
você terá que encontrar maneiras de lidar com isso. Leva muito mais
tempo do que você pensa, às vezes para sempre. Mas você precisa saber
que pode viver uma vida boa, até ótima, ao lado dela.
17. As pessoas são criaturas de hábitos E incrivelmente imprevisíveis. Incluindo você.
Abandone suas elevadas expectativas em relação às pessoas. Até de si mesmo.
18. Você vai se machucar — mas não precisa se agarrar a isso.
Mágoa, rejeição e dor fazem parte do trato humano. Mas continue
aprendendo a deixar ir, ou pelo menos afrouxar seu controle sobre isso.
19. Coisas ruins acontecem com pessoas boas.
Sim, eles fazem. E grandes coisas acontecem para significar pessoas. Vai saber.
20. A diversão também está em toda parte – mas às vezes está escondida.
Para citar os atemporais Desiderata de Max Ehrmann: “Apesar de toda a
sua farsa, labuta e sonhos desfeitos, ainda é um mundo lindo.”
Nem sempre parece assim, eu sei. Às vezes parece que a beleza foi
sugada dele. Mas há muita coisa boa no mundo. Faça da sua missão
continuar procurando por ele.
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e lúdica a inclusão de informações úteis e necessárias aos consumidores
como:
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Passados quase dois anos, a Blue Origin
voltou a lançar um voo de turismo espacial. O foguete New Shepard deixou
a base no Texas, nos Estados Unidos, na manhã deste domingo (19). Na
cápsula colocada no topo dele, viajaram seis pessoas, entre as quais um
capitão aposentado da Força Aérea americana de 90 anos.
A missão é a 25º da companhia do bilionário Jeff Bezos, sendo a
sétima tripulada. As outras seis em que havia pessoas a bordo, algumas
como passageiras convidadas e outras como pagantes, se deram entre julho
de 2021 e agosto de 2022.
Delas participaram o próprio fundador da empresa, na estreia das
viagens suborbitais, e o engenheiro de produção Victor Correa Hespanha,
que se tornou, em maio de 2022, o primeiro turista espacial brasileiro e
o segundo brasileiro a voar para o espaço -o primeiro foi Marcos
Pontes, hoje senador.
No voo deste domingo, a tripulação era formada por pessoas de
diferentes perfis. Uma delas é Edward Dwight, 90. Nos anos 1960, ele foi
escolhido para ser o primeiro astronauta negro a orbitar a Terra. Mais
tarde, porém, acabou preterido, decisão que ele atribuiu a racismo.
“Um cara que não conseguiu voar para o espaço quando deveria, está
indo aos 90, no final de sua carreira. Algumas pessoas pensam nisso como
justiça. Mas não penso assim. Parece ser tarde demais para ser justiça.
Minha filosofia é que tudo tem seu tempo e lugar”, afirmou Dwight,
recentemente, em entrevista ao jornal The New York Times.
Outros quatros homens ocuparam a cápsula da missão NS-25: Mason
Angel, fundador da Industrious Ventures, que investe em startups;
Sylvain Chiron, fundador da cervejaria Brasserie Mont Blanc; Kenneth L.
Hess, engenheiro de software; e Gopi Thotakura, piloto de aviões.
Carol Schaller era a única mulher na missão. Segundo a Blue Origin, a
aposentada recebeu em 2017 o diagnóstico de que perderia a visão. Desde
então, ela viajou para 25 países, visitando, por exemplo, o Monte
Everest e o Parque Nacional Impenetrável de Bwind, em Uganda, para ver
gorilas.
Antes do voo deste domingo, o último da Blue Origin ocorrera em
dezembro de 2023, quando lançou a missão NS-24 com experimentos
científicos e sem nenhuma pessoa a bordo.
Esse lançamento pôs fim a uma pausa nas operações da empresa, iniciada depois de um acidente em setembro de 2022.
Na ocasião, foguete New Shepard caiu logo após decolar. Já a cápsula
que transportava experimentos de pesquisadores separou-se do primeiro
estágio e retornou em segurança à Terra.
Investigação da FAA (agência que regula aviação e lançamentos
espaciais comerciais nos EUA) apontou que temperaturas mais altas do que
o esperado resultaram numa falha no bocal do motor.
“Durante o acidente, os sistemas a bordo do veículo de lançamento
detectaram a anomalia, abortaram a operação, separaram a cápsula do
módulo de propulsão como planejado e desligaram o motor”, disse a FAA. O
fato de a cápsula ter sido ejetada imediatamente sugere que uma
eventual tripulação teria ficado a salvo.
O governador Tarcísio de Freitas pediu e a Assembleia Legislativa do
Estado de São Paulo (Alesp) atendeu. Na semana passada, a Alesp aprovou
um projeto de lei de iniciativa do Poder Executivo que concede mais um
privilégio aos procuradores do Estado – servidores que, não custa
lembrar, já compõem a elite do funcionalismo público no País.
Desde o dia 16 passado, o procurador que se sentir sobrecarregado por
“excesso de serviço” pode tirar um dia de folga a cada três
trabalhados, até o limite de sete dias de descanso por mês – além de
fins de semana e feriados. Se preferir, esse pobre servidor extenuado
pode converter as folgas extras em mais dinheiro no bolso – e,
naturalmente, a título de “verba compensatória”, ou seja, não sujeita a
abatimento devido ao teto constitucional para a remuneração do serviço
público.
Para adicionar insulto à injúria, Tarcísio encaminhou o projeto de
lei à Alesp com pedido de “urgência” – quando urgência, é óbvio, não há.
Ademais, o governador de São Paulo defendeu a necessidade da
“compensação” alegando que a medida, ora vejam, “decorre de estudos
realizados pela Procuradoria-Geral do Estado”. A Alesp, por sua vez,
aprovou o projeto sem dedicar um minuto sequer ao estudo de seus
impactos financeiros para o erário, até porque essa estimativa não foi
feita. Se foi, segue ao abrigo do escrutínio público.
O Estadão questionou tanto o Palácio dos Bandeirantes como a
Procuradoria-Geral do Estado sobre o custo desse novo benefício para os
contribuintes e, sobretudo, com quais ganhos de eficiência os paulistas
poderiam contar a partir da aprovação do novo incentivo financeiro aos
procuradores – afinal, é disso que se trata, pois é improvável que a
opção pelo pagamento da “compensação” em dinheiro não supere, de longe, a
requisição por mais folgas. Não houve resposta das autoridades a essas
perguntas.
Por meio de nota, a Associação dos Procuradores do Estado de São
Paulo (Apesp) se limitou a dizer que a “licença compensatória” é um
“mecanismo legítimo de compensação pelo desempenho de atividades
extraordinárias”. Sobre quais seriam essas tais “atividades
extraordinárias”, nem uma palavra da guilda. O presidente da Apesp, José
Luiz Souza de Moraes, jurou de pés juntos que a concessão do privilégio
“não será a farra do boi”, sublinhando que “esse dinheiro é arrecadado
pelo êxito das ações propostas pelos procuradores”. Nem ocorre ao líder
classista que os procuradores já ingressam na carreira com salário de
quase R$ 40 mil justamente para defender os interesses do Estado e da
sociedade, os reais beneficiários do sucesso das ações que patrocinam,
não os próprios servidores. É um escárnio a naturalidade com que se
defende o indefensável.
Ao que parece, os doutos procuradores – além dos demais membros do
Ministério Público e do Poder Judiciário – parecem acreditar piamente
que o Estado existe para lhes servir, talvez como uma espécie de
“prêmio” tão somente por terem sido aprovados num difícil concurso
público.
A desfaçatez e o alheamento da realidade do Brasil podem ser os
mesmos, mas a regalia para os procuradores estaduais não é original. Em
maio de 2022, convém lembrar, o Conselho Nacional do Ministério Público
aprovou a “gratificação por acúmulo de processos”. À época, isso
significava um aumento de até 33% – ou R$ 11 mil – nos salários dos
procuradores da República. Para além da defesa de mais um privilégio de
classe autoconcedido, neste caso, a proposta ainda estava inserida no
contexto da campanha aberta do então procurador-geral da República,
Augusto Aras, para angariar a simpatia de seus pares com vistas a uma
possível recondução, o que, para sorte do País, não ocorreu.
Tanto no caso dos procuradores do Ministério Público Federal como
agora, no caso dos procuradores do Estado de São Paulo, está-se diante
de um privilégio absolutamente incompatível com a mera ideia de
República. Como se isso não bastasse, premiar com dinheiro ou folga o
“excesso de serviço” é um evidente convite à ineficiência – além de ser
uma ofensa aos milhões de brasileiros que de fato trabalham demais e não
recebem um centavo a mais por isso.
A equipe econômica espera concluir e enviar até março ao Senado
acordos de renegociação de US$ 668,7 milhões – o equivalente a R$ 3,4
bilhões – em dívidas de outros países com o Brasil. Conforme informações
obtidas pelo Estadão/Broadcast (sistema de notícias em tempo
real do Grupo Estado) com o ministério da Fazenda, o valor representa um
quinto do total de US$ 3,1 bilhões, sendo US$ 2,1 bilhões em atraso,
das dívidas soberanas nas quais o Brasil é credor.
A pasta a não dá detalhes das condições negociadas, mas adianta que o
tratamento a cada país devedor varia de caso a caso, considerando o
cenário macroeconômico. Os acordos podem incluir a suspensão temporária
ou diferimento de obrigações e/ou a redução do valor presente da dívida.
Os processos mais avançados, nos quais há minutas de acordos
bilaterais, são referentes às dívidas de sete países: Guiné,
Guiné-Bissau, Mauritânia, São Tomé e Príncipe, Moçambique, Congo e
Senegal. Deste grupo, o Brasil é credor de US$ 441,6 milhões, sendo que
mais da metade (US$ 251,8 milhões) está com os pagamentos atrasados. A
expectativa é que esses acordos sejam encaminhados ao Senado até o fim
deste ano.
Em paralelo, existe uma negociação em curso com Gana, cuja dívida com
o Brasil é de US$ 227,1 milhões, porém com um montante em atraso menor:
US$ 11,9 milhões. Com Gana, ainda não foi acertada uma minuta da
reestruturação dos valores devidos, de modo que o governo só deve
concluir o processo no primeiro trimestre de 2025.
As negociações são feitas com base em parâmetros definidos pelo Clube
de Paris, um grupo informal de países credores criado para renegociar
as dívidas de nações em dificuldades financeiras. Nas reuniões que
preside neste ano no G20, o grupo das 20 maiores economias do mundo, o
Brasil defende um pacto global de renegociação das dívidas dos países
mais pobres para permitir que eles possam investir em projetos sociais e
de mitigação dos riscos das mudanças climáticas.
Ao todo, 13 países devem ao Brasil. As maiores dívidas, que somam US$
2,36 bilhões, dos quais US$ 1,79 bilhão estão em atraso, são de Cuba e
Venezuela. No momento, o Brasil discute uma conciliação dos valores
devidos com os dois países.
A retomada do diálogo bilateral sobre a dívida de Cuba – um total de
US$ 1,1 bilhão, com mais da metade (US$ 570 milhões) atrasada –
aconteceu em fevereiro, em reunião coordenada pelo ministério da Fazenda
com autoridades da ilha.
Já a dívida da Venezuela, cuja inadimplência passa de US$ 1,2 bilhão,
entrou em pauta durante a passagem do presidente Nicolás Maduro pelo
Brasil, em maio do ano passado, para a cúpula de líderes da América do
Sul. O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES), Aloizio Mercadante, disse na época que a Venezuela
poderia quitar sua dívida com energia elétrica e petróleo.
As dívidas soberanas vêm de financiamentos das exportações de
produtos e de obras no exterior executadas por construtoras brasileiras.
Ainda que o financiamento do BNDES fosse a empresas, em alguns casos a
dívida de exportadores brasileiros foi assumida pelo país importador.
Nos casos de inadimplência, a cobertura foi feita pelo Tesouro.
A partir do momento em que o acordo de renegociação é assinado pelos
governos, com aprovação no Senado, os pagamentos normalmente são
retomados em 60 dias. Esses recursos entram no orçamento, porém, como
operações de dívidas são classificadas como financeiras, não podem ser
contabilizados na meta do governo de zerar o déficit das contas
primárias.
No entanto, caso aconteçam, os pagamentos dessas dívidas ajudarão a
reforçar as reservas internacionais, atenuando as necessidades de
financiamento do Tesouro em dólar.
Enquanto renegocia com outros países, o governo busca no Congresso a
autorização para o BNDES voltar a financiar obras e serviços no
exterior. Nesse sentido, um projeto de lei encaminhado pelo Executivo
aguarda o despacho do presidente da Câmara, Arthur Lira.
Apesar de polêmica pelos casos de inadimplência e de corrupção
apontados pela operação Lava Jato, esse tipo de operação tem apoio no
setor produtivo. Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI),
financiamento de obras e serviços em outros países é uma prática comum
entre os grandes exportadores mundiais.
Ex-diretor do departamento responsável por estudos e políticas
macroeconômicas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), e
hoje economista-chefe da Leme Consultores, José Ronaldo Souza Júnior
observa que o financiamento de serviços no exterior precisa seguir
critérios técnicos rígidos e ser transparente para que tenha efeitos
realmente positivos. Em outras palavras, não deve se guiar por escolhas
políticas, em especial num país com poucos recursos disponíveis para
investimento como o Brasil.
“É normal que haja contestação em relação aos critérios de escolha
para o uso de recursos tão escassos para financiamento. Isso é tema
especialmente controvertido para um país como o Brasil, que tem baixa
taxa de poupança”, comenta Souza Júnior.
Karim Khan, o procurador-chefe do Tribunal Penal Internacional (TPI) fez pedidos de mandados de prisão contra o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e contra o líder do Hamas em Gaza, Yahya Sinwar.
Khan também também apresentou o mesmo pedido contra outros dois
líderes do Hamas, Ismail Haniyeh e Mohammed al-Masri, e contra o
ministro da defesa israelense, Yoav Gallant.
O procurador afirmou que tem “motivos razoáveis para acreditar” que esses indivíduos são responsáveis por crimes de guerra e crimes contra a humanidade.
No caso dos líderes do Hamas, os alegados crimes começaram “pelo menos a partir de 7 de outubro de 2023”, segundo Khan.
Já no caso dos líderes israelenses, os alegados crimes começaram “pelo menos a partir de 8 de outubro de 2023”, afirmou ele.
O promotor diz ter “motivos razoáveis” para acreditar que Sinwar,
al-Masri e Haniyeh “são responsáveis criminais” por “crimes de guerra e
crimes contra a humanidade cometidos no território de Israel e no Estado
da Palestina (na Faixa de Gaza) desde pelo menos pelo menos 7 de outubro de 2023″;
“Afirmamos que os crimes contra a humanidade faziam parte de um
ataque generalizado e sistemático contra a população civil de Israel
pelo Hamas e outros grupos armados de acordo com políticas
organizacionais”;
Sobre Netanyahu e Gallant, ele diz ter “motivos razoáveis” para
acreditar que eles “têm responsabilidade criminal” por “crimes de guerra
e crimes contra a humanidade cometidos no território do Estado da
Palestina (na Faixa de Gaza) desde pelo menos 8 de outubro de 2023”;
“Afirmamos que os crimes contra a humanidade foram cometidos como
parte de um ataque generalizado e sistemático contra a população civil
palestina, de acordo com a política estatal.”
A resposta de Israel
Logo após o anúncio do promotor do TPI, o ministro de Relações Internacionais de Israel anunciou que será criada uma comissão especial para lidar com a questão.
Israel Katz diz que o grupo será criado para contestar a decisão do
TPI que, segundo ele, pretende amarrar as mãos do Estado de Israel e
negar o direito à autodefesa.
Katz ainda classifica a medida do tribunal como um “ataque frontal” às vítimas dos acontecimentos de 7 de outubro e uma “desgraça histórica que será lembrada para sempre”.
“Nenhum poder no mundo” impedirá Israel de levar os reféns de volta para casa e derrubar o Hamas, afirmou Katz
Ele acrescentou que planeja falar com os chanceleres em todo o mundo para garantir uma oposição à decisão do procurador.
O ministro da Guerra israelense, Benny Gantz — um rival político de
Benjamin Netanyahu —, também criticou a decisão do promotor do TPI.
“Traçar paralelos entre os líderes de um país democrático determinado
a defender-se do terror desprezível e os líderes de uma organização
terrorista sanguinária é uma profunda distorção da justiça e uma
flagrante falência moral”, disse ele.
O líder da oposição, Yair Lapid, condenou o anúncio, chamando-o de “um desastre”.
“É imperdoável. Gerimos uma guerra justa, e é preciso que fique claro que não ficaremos calados sobre isso”, discursou ele.
Reação do Hamas
Sami Abu Zuhri, um alto funcionário do Hamas, disse à agência de
notícias Reuters que solicitar mandados de prisão para três líderes do
Hamas “equipara a vítima ao carrasco”.
Ele também afirma que a decisão incentiva Israel a continuar o que classificou como uma “guerra de extermínio”.
O que acontece agora?
O TPI, com sede em Haia, nos Países Baixos, investiga as ações de
Israel nos territórios ocupados durante os últimos três anos — e, mais
recentemente, passou a avaliar também as operações do Hamas.
Israel não faz parte do tribunal e não reconhece a jurisdição do TPI,
mas os territórios palestinos foram admitidos como Estado-membro em
2015.
Os juízes do TPI determinarão agora se acreditam que as provas
apresentadas pelo promotor são suficientes para emitir os mandados de
prisão.
O prazo para essa decisão pode variar.
Podem se passar semanas ou até meses entre o momento em que o procurador do TPI solicita um mandado e a decisão dos juízes.
O TPI é um tribunal global permanente formado em 2002 que tem o poder
de processar indivíduos e líderes por genocídio, crimes contra a
humanidade e crimes de guerra.
O tribunal não tem jurisdição retroativa — só pode lidar com crimes
cometidos após 1º de Julho de 2002, quando o Estatuto de Roma, que criou
o tribunal, entrou em vigor.
Ele foi ratificado por 124 países. Israel e os EUA não assinaram o tratado.
O tribunal não tem força policial própria para rastrear e prender
suspeitos. Ele depende dos serviços da polícia nacional para efetuar
detenções e solicitar a transferência para Haia.
O advogado escocês Karim Khan tornou-se promotor-chefe do TPI em 2021.
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A construção de um canal para melhorar o
escoamento da água do lago Guaíba e da lagoa dos Patos tem sido
apontada como uma das alternativas para evitar que se repitam tragédias
como a que coloca a cidade de Porto Alegre debaixo d’água. O próprio
governo federal admite que o canal é uma das possibilidades a serem
estudadas para aumentar a velocidade de escoamento da água da lagoa. Mas
não seria a única.
O ministro dos Transportes, Renan Filho, anunciou a intenção de abrir
concorrência internacional para contratar estudos para reduzir a
velocidade da descida das águas dos rios do planalto que desembocam no
lago Guaíba, para aprimorar o sistema de proteção de Porto Alegre e para
drenar mais rapidamente a água da lagoa dos Patos, que interliga o
Guaíba ao oceano Atlântico.
A primeira e principal oposição ao projeto de um canal vem do IPH
(Instituto de Pesquisas Hidrológicas) da UFRGS (Universidade Federal do
Rio Grande do Sul), que chegou a divulgar uma nota contra a proposta. De
acordo com o professor Fernando Meirelles, estudos feitos pela
universidade mostram que um canal teria pouco efeito para o escoamento
da água acumulada em Porto Alegre. “Um rebaixamento de um metro na lagoa
dos Patos significaria poucos centímetros a menos na enchente do
Guaíba”, diz.
Segundo ele, mesmo um canal de 10 km de largura teria efeitos
mínimos. Meirelles conta que a solução do canal já havia sido estudada
antes, com base na enchente de 1941, mas foi abandonado por causa da
ineficiência da proposta. Novas simulações foram feitas na semana
passada e confirmaram os resultados, ele diz.
Outros problemas para a construção do canal seriam os impactos
econômicos, sociais e ambientais provocados pela obra. Ele leva em conta
três pontos que poderiam ser usados para a abertura do canal, nos
municípios de Rio Grande, São José do Norte e Mostardas. Uma das
preocupações é com o impacto nas regiões das lagoas do Casamento e dos
Peixes, onde está localizado um parque nacional. A erosão poderia afetar
diversas praias dali, onde o terreno é arenoso.
Um canal aberto pode provocar a salinização da água da lagoa, o que
teria impacto nas plantações de arroz nas áreas alagadas, na pesca
artesanal e na criação de camarões na lagoa e no próprio abastecimento
de água de algumas cidades próximas.
Coordenador do programa de pós-graduação em engenharia civil da UFSM
(Universidade Federal de Santa Maria), o engenheiro hidráulico Daniel
Alassia diz que um novo canal poderia afetar a navegabilidade da lagoa.
“O que garante o acesso de navios para Porto Alegre é o efeito funil que
existe na lagoa, com a água que desce da área de planalto e o
escoamento lento na lagoa”, explica.
As outras soluções seriam um vertedor, que vazaria apenas a água que superasse determinado limite, e um canal fechado.
O problema do primeiro seria a área de alagamento, que obrigaria
obras de adaptação, como a construção de pontes na BR-101, além de
outros impactos ambientais, com o alagamento de terrenos onde hoje não
há água normalmente.
Um canal fechado, de sentido único, poderia evitar o processo de
salinização, porque garantiria que a água do mar não invadiria a lagoa. O
coordenador científico do Centro de Estudos e Pesquisas em Desastres
(CEPED) da USP (Universidade de São Paulo), Mário Mendiondo, cita a
situação atual para demonstrar preocupação com essa alternativa. “É uma
solução cara, com custos fixos ao longo do ano. A falta de manutenção no
sistema de proteção de Porto Alegre já demonstra como é difícil manter
esses cuidados ao longo dos anos”, analisa.
Para ele, soluções mais simples, eficientes e rápidas podem servir
melhor à situação. “O estudo para a construção de um canal demora anos, é
preciso analisar a eficiência e todos os impactos, para depois iniciar a
construção”, diz ele, que é professor do Departamento de Hidráulica e
Saneamento da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP.
O engenheiro João Acácio Gomes de Oliveira Neto, da DTA Engenharia,
responsável pela construção do porto Meridional, em Arroio do Sal, no
norte gaúcho, diz que o assoreamento já é um problema para o porto de
Rio Grande, o único porto marítimo do estado. A questão poderia se
agravar com a construção de um novo canal.
Oliveira diz que a prioridade do estado deveria ser uma melhor gestão
da água e lembra que 7% do território do Rio Grande do Sul é formado
por águas superficiais -é o maior percentual do país. “Há 50 anos, havia
um sistema hidroviário que ligava o estado inteiro, sob a gestão do
Departamento Estadual de Portos Rios e Canais, criado em 1906”, diz.
Segundo ele, o departamento, que era responsável por fazer o
desassoreamento dos rios, foi fechado nos anos 1970 e, desde então, não
há um trabalho regular para manter os rios com sua profundidade normal.
“A situação é tão grave que a Fundação Estadual de Proteção Ambiental
[Fepam] liberou, com a portaria 417/2024 publicada no último dia 9,
quando as enchentes já haviam atingido o estado, as dragagens sem
necessidade de licenciamento ambiental”, diz.
Oliveira defende a criação de caixas de sedimentos, com grande
profundidade, na entrada do lago Guaíba, como solução rápida e eficiente
para evitar novas enchentes não só na região metropolitana, mas também
em outras partes do estado. Para ele, seria uma forma de evitar o
assoreamento, e uma solução mais barata do que fazer desassoreamentos na
área total do lago. “Os rios estão entupidos. Onde havia uma
profundidade de dez metros, caiu para cinco, e depois para dois, sem que
nada tivesse sido feito”, diz.
O fluxo indesejável das adversidades frequentemente nos conduz a
percepções que vão além do que estamos habituados. Nos limitamos ao
nosso cotidiano e ficamos alheios a tudo que ultrapassa o círculo
pessoal e familiar. O espaço que nos separa das desigualdades faz com
que minimizemos tudo que não nos atinge.
Em uma equação existencial, percebemos que os dias felizes são mais
frequentes, porém, comumente deixamos de considerar essa matemática da
vida.
Quando somos surpreendidos por desastres inéditos ou situações que
nunca havíamos enfrentado, abrimos novos horizontes de discernimento da
fragilidade humana, compreendendo melhor as dores do outro. Estes novos
fatores, embora dramáticos, ampliam nossa empatia e solidariedade.
Nesse instante, os que eram atingidos com frequência, antes sozinhos
para saírem de seus próprios flagelos, são impulsionados pela urgência
dos demais afetados, promovendo a superação dos obstáculos que o momento
exige. São estímulos intrínsecos, uma consciência cósmica que provoca a
colaboração conjunta. Esta potência compulsória nos incita a
ultrapassar a indiferença afetiva e a inércia associada a uma visão
reducionista da vida.
É nessa corrente humana que a Divina Providência se revela, fazendo
com que todos se unam em auxílio mútuo, catalisando uma extraordinária
metamorfose social e renovação interior. Em outras palavras, a
visualização comunitária do drama foi ampliada e alcançou os mais
necessitados, aqueles que sempre sofreram as tragédias, mas não eram
plenamente reconhecidos pelas autoridades competentes.