segunda-feira, 13 de maio de 2024

O BRASIL TEM A POPULAÇÃO MAIS DEPRESSIVA DA AMÉRICA LATINA

História de Rone Carvalho – De São José do Rio Preto (SP) para BBC News Brasil

Por que o Brasil tem a população mais depressiva da América Latina

Por que o Brasil tem a população mais depressiva da América Latina© Getty Images

Foi a dificuldade para dormir e o constante desânimo que fizeram Maria*, de 60 anos, procurar ajuda médica.

Na consulta, ela descobriu uma doença que nunca imaginou ter, mas que tem se tornado cada vez mais comum nos consultórios brasileiros: a depressão.

“É uma doença que vai te afundando, pois você fica angustiada constantemente. Tanto que você não quer levantar da cama, pois é só dormindo que você não sente nada”, descreve.

Assim como Maria, 300 milhões de pessoas no mundo sofrem de depressão, segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).

O Brasil é o país com a maior prevalência desta doença na América Latina, de acordo com o relatório “Depressão e outros transtornos mentais”, da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Dados do último mapeamento sobre a doença realizado pela OMS apontam que 5,8% da população brasileira sofre de depressão, o equivalente a 11,7 milhões de brasileiros.

Em seguida, aparecem Cuba (5,5%), Barbados (5,4%), Paraguai (5,2%), Bahamas (5,2%), Uruguai (5%) e Chile (5%).

A nível continental, o Brasil aparece atrás apenas dos Estados Unidos, onde segundo a OMS, 5,9% da população sofre de transtornos de depressão.

Um estudo epidemiológico mais recente do Ministério da Saúde revela que nos próximos anos até 15,5% da população brasileira pode sofrer depressão ao menos uma vez ao longo da vida.Uma soma de fatores explica a alta incidência de depressão entre os brasileiros, segundo especialistas ouvidos pela BBC News Brasil:

  • Dificuldade de acesso a tratamento de qualidade na rede pública de saúde;
  • Forte estigma social ainda existente no país em relação aos transtornos mentais;
  • Falta de um protocolo de atendimento para a depressão.

A OMS aponta que o número de pessoas que sofrem de doenças mentais comuns está aumentando no mundo inteiro, principalmente em países de baixa renda.

E alerta que, apesar da depressão atingir pessoas de todas as idades e nível de renda, o risco de alguém ficar deprimido aumenta com a pobreza, o desemprego e com fatos da vida, como a morte de uma pessoa próxima, o fim de um relacionamento, debilitação física ou problemas causados pelo consumo de álcool ou drogas.

5,8% da população brasileira sofrem com depressão, segundo OMS

5,8% da população brasileira sofrem com depressão, segundo OMS© Getty Images

“O Brasil é um país com uma carga tributária alta e com uma remuneração média baixa. Isso faz com que a população tenha que trabalhar muito mais do que outras para conseguir atingir serviços básicos que não são oferecidos com qualidade pelo Estado, o que acaba sobrecarregando a saúde mental dos brasileiros e desencadeando transtornos mentais, como a depressão”, diz Volnei Costa, médico psiquiatra e presidente do conselho científico da Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos (Abrata).

O chefe do grupo de Psiquiatria Intervencionista do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (USP), André Brunoni, destaca a forte desigualdade existente no país, inclusive no acesso a tratamento adequado.

“Estudos mostram que pessoas expostas a situações de violência, estresse e vulnerabilidade social tendem a ter maiores chances de diagnóstico e sabemos que, infelizmente, ainda existe essa diferença até no tratamento oferecido entre a rede pública e particular”, afirmou o pesquisador.

Ainda segundo os pesquisadores ouvidos pela BBC News Brasil, o menor índice de subnotificação de casos de transtornos mentais, em relação aos demais países, pode também explicar o Brasil ter mais casos de depressão na América Latina.

Mulheres são mais suscetíveis

Na lista de pessoas mais suscetíveis a ter depressão, mulheres aparecem na liderança. Segundo a OMS, elas apresentam duas vezes mais chances de terem o diagnóstico da doença do que os homens.

“Do ponto de vista biológico, os menores níveis de testosterona acabam deixando a mulher mais exposta à doença. Por outro lado, na questão social e psicológica, a mulher corriqueiramente está em uma posição de maior vulnerabilidade que o homem e acaba ficando com muitas obrigações, o que aumenta as chances delas terem mais diagnósticos do que eles”, disse Volnei.

Dartiu Xavier da Silveira, pesquisador da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que estuda depressão há anos, também ressalta que historicamente idosos e adultos jovens (18 a 29 anos) apresentam mais chances de terem o diagnóstico da doença do que outras faixas etárias.

“Trata-se de uma doença cuja gênese é multifatorial. Ocorre em decorrência da somatória de fatores diversos, tais como: predisposição genética, meio ambiente adverso ou hostil, relações interpessoais insatisfatórias, dificuldades em ser reconhecido dentro de uma comunidade. No entanto, quanto melhor for a qualidade de vida como um todo, menores serão as chances de uma pessoa desenvolver um quadro de depressão”, ressaltou.

Preconceito ainda é barreira

Maria, que resolveu procurar ajuda após diversas tentativas de se “curar” sozinha da depressão, considera que o forte estigma ainda existente sobre a doença cerceia mulheres de procurar ajuda.

“Infelizmente, o preconceito contra a depressão é real. Cansei de ouvir gente dizer que o que tinha era frescura. No meu antigo trabalho, por exemplo, nunca pude falar que tinha depressão, pois eles não queriam me entender. Em uma das minhas crises, a gerente de RH subiu para falar comigo e me deu uma bronca por estar chorando na frente dos meus colegas.”

Volnei Costa, da Abrata, diz que a percepção estigmatizada do passado sobre transtornos mentais é um problema que precisa ser encarado pelo Brasil junto com o aumento de casos da doença.

“Por cerca de 16 séculos, os transtornos mentais ficaram retardos de serem cientificamente pesquisadas e ficaram no controle da igreja, que tratava os fenômenos de saúde mental como manifestações demoníacas. Isso cravou na percepção humana o entendimento que transtorno mental é algo errado, algo de quem não tem fé, é fraco ou não consegue se comunicar com o divino. É um pensamento que até hoje tentamos combater”, afirmou Volnei.

O problema é que o estigma muitas vezes desencadeia o diagnóstico tardio, tornando a doença crônica, segundo especialistas.

“O ideal é que desde cedo o paciente seja tratado, mas o que acontece muitas vezes é que procurar ajuda especializada é um dos últimos atos. Antes, o paciente tenta de tudo para evitar ser taxado como doente mental pela sociedade”, disse Mariza Theme, pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Com o objetivo de combater este preconceito, desde 2014, a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) lançou uma campanha contra a psicofobia – como é chamado o preconceito sofrido pelas pessoas que padecem de doenças mentais.

“O combate ao estigma e a psicofobia são primordiais para salvar vidas e auxiliar a sociedade a compreender e identificar casos. É extremamente importante falar sobre saúde mental, discutir os principais sinais e fatores de alerta para identificar uma doença, assim tratar do assunto sem preconceito e o tabu que já lhe são atribuídos”, diz Antônio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).

Atendimento especializado

Contudo, engana-se quem pensa que o preconceito é a única barreira enfrentada por quem tem depressão no Brasil.

O acesso ao atendimento especializado na rede pública de alguns municípios brasileiros também dificulta a vida de quem tem depressão no país, segundo especialistas.

Levantamento feito pelo Instituto República.org com base em dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), mostra que existem apenas 19 psicólogos para cada 100 mil habitantes no Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil.

Em alguns países da Europa, esse número de profissionais chega a ser superior a 40 para cada 100 mil habitantes.

“A ausência desses profissionais nas unidades públicas de saúde, seja no suporte individual ou coletivo, contribui para uma falta de prevenção de transtornos e também dificulta um tratamento mais adequado em relação a transtornos e doenças mentais”, disse Paula Frias, mestre em Ciência Política pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e analista de dados da República.org.

No Brasil, os estados do Pará, Ceará, Amazonas e Maranhão aparecem como os que possuem o menor número de psicólogos atendendo na rede pública de saúde.

“Isso acaba dificultando o diagnóstico, fazendo com que muitas pessoas sejam subtratadas e, quando tratadas, o tratamento é feito de forma tardia ou até com medicamentos incorretos”, disse Elton Kanomata, médico psiquiatra do Hospital Israelita Albert Einstein.

Ao mesmo tempo, segundo a cientista política Paula Frias, ainda paira no senso comum do brasileiro uma ideia de que o cuidado com a saúde mental é um luxo ou algo que deve ficar em segundo plano.

“Isso se deve muito a uma noção de que apenas a saúde física importa e em primeira instância é ela que torna a pessoa ‘funcional’. Essa ideia de tornar o indivíduo funcional e não ter uma preocupação com o seu completo bem-estar afasta, muitas vezes, o senso de urgência em absorver para a competência do Estado essa assistência à saúde mental e psíquica”, afirmou Paula.

Por que o Brasil tem a população mais depressiva da América Latina

Por que o Brasil tem a população mais depressiva da América Latina© Getty Images

‘Falta protocolo de atendimento’

Para o médico psiquiatra André Brunoni, da USP, muito além de profissionais, falta um protocolo de atendimento aos pacientes com depressão na rede pública de saúde do Brasil.

“Nossa rede de atenção à saúde mental não é bem estruturada de ponta a ponta. Hoje em dia, por exemplo, é muito difícil ter acesso a psicoterapia pelo SUS. Sem contar que muitos antidepressivos que existem na rede pública não são atualizados há anos. Isso cria um abismo de tratamento de transtornos mentais entre rede particular e pública”, disse Brunoni.

Para ele, é necessário um maior investimento do poder público brasileiro na rede de atendimento as vítimas de transtornos mentais.

“Pode parecer que o tratamento de transtornos mentais é caro, mas isso nem se compara com outras áreas da Medicina. Hoje, infelizmente, os gastos com saúde mental normalmente representam apenas 2% do orçamento da saúde.”

A opinião é compartilhada pelo presidente do conselho científico da Abrata, Volnei Costa.

“A maior parte da população brasileira precisa do SUS e muitas vezes os profissionais da rede não estão treinados para diagnosticar precocemente a saúde mental, fazendo com que o quadro da doença avance para uma depressão mais grave”, explicou.

Volnei também defende uma ampliação do horário de atendimento especializado.

“Hoje, o sistema de saúde a nível ambulatorial do Brasil não está preparado para atender aquelas pessoas com depressão que trabalham no horário comercial. É preciso facilitar esse atendimento para que mais pessoas tenham acesso.”

O que diz o governo

O Ministério da Saúde disse à BBC News Brasil, por meio de nota, que vem trabalhando para aumentar o atendimento em saúde mental e que presta atendimentos para pessoas com depressão na Rede de Atenção Psicossocial (RAPS).

“Para promoção de amplo atendimento em saúde mental, o Ministério da Saúde ampliou o orçamento da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) com investimento de mais de R$ 200 milhões em 2023. Ao todo, o recurso destinado para todos os estados e Distrito Federal será de R$ 414 milhões no período de um ano. A expectativa é que a Rede de Atenção Psicossocial tenha crescimento anual superior a 5% nos próximos quatro anos”.

Ainda segundo a pasta, o repasse será direcionado para os 2.855 Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) existentes no país e para os 870 Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT).

Por que o Brasil tem a população mais depressiva da América Latina

Por que o Brasil tem a população mais depressiva da América Latina© Getty Images

“Além do investimento, o Ministério da Saúde habilitou novos serviços para expansão da rede em todo país. Desde março, foram 27 novos CAPS, 55 SRT, 4 Unidades de Acolhimento e 159 leitos em hospitais gerais – a maioria nos estados do Nordeste. Os novos serviços foram habilitados em Alagoas, Bahia, Maranhão, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe, Acre, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul. Para o custeio desses novos serviços serão investidos R$ 32.389.256,00 ao ano”, disse a nota.

O Ministério da Saúde também informou que, atualmente, a organização da rede pública para atendimento de pacientes com transtornos mentais está configurada em quatro níveis:

  • Organização por níveis de cuidado: a Atenção Primária é a principal porta de entrada para o SUS. Esta envolve promoção, prevenção, proteção, diagnóstico, tratamento, reabilitação, redução de danos, vigilância em saúde, com atendimento preferencial para casos de depressão e ansiedade leve e moderada. Até junho de 2023, foram realizados 10.866.381 atendimentos na Atenção Primária à Saúde (APS) a pessoas que apresentavam condições relacionadas à saúde mental.
  • Serviços especializados: para casos mais complexos, o acompanhamento é prioritariamente realizado pelos serviços especializados da RAPS. Isso inclui atendimento em Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), serviços de urgência e emergência, UPAs e Pronto Atendimento. Além disso, havendo justificativa clínica, há a possibilidade de cuidado em leitos de saúde mental em hospital geral.
  • Acolhimento e encaminhamento: outra forma de acesso é quando o próprio usuário do SUS procura diretamente os serviços de saúde, ou por meio de encaminhamento de outros setores interligados, como Assistência Social, Educação e Justiça.
  • Medicação gratuita: por fim, o Ministério da Saúde informou que o SUS também fornece medicação para o tratamento de depressão em unidades de saúde pública e Centros de Atenção Psicossocial (CAPS).

Tipos de depressão

Transtorno depressivo maior (depressão clássica): o indivíduo apresenta humor deprimido quase todos os dias, grande diminuição do interesse ou prazer em todas ou quase todas as atividades; perda ou ganho significativo de peso sem estar fazendo dieta; insônia ou hipersonia diária; agitação ou retardo psicomotor; fadiga ou perda de energia; sentimentos de culpa e inutilidade; capacidade reduzida para pensar, concentrar-se ou indecisão; e pensamentos de morte (medo de morrer e ideação suicida).

Transtorno depressivo persistente (distimia): este transtorno representa uma consolidação dos transtornos depressivo maior crônico e transtorno distímico e tem como sintomas o humor deprimido constante por pelo menos dois anos (para adultos) ou pelo menos um ano (para crianças e adolescentes) em conjunto de duas ou mais das seguintes características: apetite diminuído ou alimentação em excesso; insônia ou hipersonia; baixa energia ou fadiga; baixa autoestima; ou sentimentos de desesperança.

Depressão pós-parto: é um transtorno que acomete mulheres após o parto, sendo caracterizada por uma tristeza profunda. Pode promover falta de interesse por atividades diárias, insônia, cansaço extremo, ansiedade, sentimento de culpa, falta de conexão com o bebê, entre outros sintomas.

Transtorno disfórico pré-menstrual: os sintomas deste transtorno apresentam-se na maioria dos ciclos menstruais na semana final antes do início do ciclo e apresenta melhora poucos dias depois do início da menstruação, até se tornarem mínimos ou ausentes na semana pós-menstrual e pode apresentar sintomas como: instabilidade afetiva acentuada; irritabilidade ou raiva acentuada; ansiedade e tensão acentuados; e baixo interesse em atividades habituais.

Transtorno bipolar: é uma condição de saúde mental que causa mudanças extremas de humor. Conhecido anteriormente como psicose maníaco-depressiva, se caracteriza pela alternância de períodos em que a pessoa fica mais exaltada (mania), de episódios de depressão (hipomania) e de normalidade.

*A reportagem resguardou o nome verdadeiro de Maria.

 

NOTÍCIAS DIVERSAS

 

Folha de S. Paulo

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – RS tem novo alerta com chuvas e temor de novas inundações, Putin derruba aliado do Ministério da Defesa e outras notícias para começar esta segunda-feira (13).

CHUVAS NO SUL

Chuvas deixam RS em alerta em meio a temor de nova inundação recorde no Guaíba. Lago de Porto Alegre pode chegar a 5,5 m, diz UFRGS; número de mortes com enchentes no estado é de ao menos 145.

GUERRA DA UCRÂNIA

Putin surpreende e derruba aliado do Ministério da Defesa. Troca ocorre em meio a ofensiva na Ucrânia; principal linha-dura do governo também caiu.

POLÍTICA

Tarcísio pretende entregar com desconto a fazendeiros área equivalente a 4 cidades de SP. Governo diz que verba arrecadada virará investimento nas regiões; oposição vê concentração entre clãs do agro.

CHUVAS NO SUL

De nova certidão de nascimento a estrada improvisada, Porto Alegre tenta retomar vida cotidiana. Apesar de ter serviços de água, luz, saúde e transporte ainda limitados, capital do RS se reergue aos poucos.

VIOLÊNCIA

Após atrito, Polícia Civil passa a investigar morte de idoso por PM no Tatuapé. Secretaria da Segurança Público disse que ação foi tomada após pedido do Ministério Público; apuração na Justiça Militar continua.

ORIENTE MÉDIO

Israel volta a atacar norte de Gaza, e número de palestinos mortos chega a 35 mil. Tel Aviv conduz operações em Jabalia ao mesmo tempo em que aumenta pressão sobre Rafah, no sul.

OBITUÁRIO

Morre Paulo César Pereio, ícone rebelde do cinema nacional, aos 83 anos. Ator morreu no Rio de Janeiro, onde morava; informação foi confirmada pelo amigo Stepan Nercessian.

CHUVAS NO SUL

Cavalo Caramelo, que deve ter sido usado para puxar carroça, pode ficar em fazenda de universidade. Pessoas têm aparecidos dizendo ser tutoras, mas não comprovam; animal segue em boa recuperação.

OBITUÁRIO

Morre Amália Barros, deputada e vice-presidente do PL Mulher, aos 39 anos. Congressista passou por série de cirurgias após retirada de nódulo no pâncreas, mas situação se agravou.

TELEVISÃO

Luciano Huck tem doação milionária ao Rio Grande do Sul exposta por Dona Déa: ‘Ele doou R$ 1 milhão’. Apresentador ainda conta que gostaria de ter ido ajudar as vítimas das enchentes na primeira semana da tragédia.

CELEBRIDADES

Juliana Didone pede desculpas por vídeo sobre chuvas no Rio Grande do Sul: ‘Me perdi nos meus sentimentos’. Atriz apagou o vídeo, mas imagens viralizaram nas redes sociais: ‘Virei meme na internet. Me deixa chateada, sim’.

MAIS CHUVAS E MAIS INUNDAÇÃO NO RIO GRANDE DO SUL

História de Luiz Antônio Araujo – De Torres (RS) para a BBC News Brasil

A cidade de Eldorado do Sul foi uma atingida pelas inundações

A cidade de Eldorado do Sul foi uma atingida pelas inundações© Reuters

Centenas de quilômetros e 12 dias depois de iniciar seu caminho de destruição no Rio Grande do Sul, as águas de uma das maiores enchentes já vistas no mundo aproximam-se da fase final da jornada ao atingir a porção sul da Lagoa dos Patos.

É o fim, mas já foi o começo. Quando o brigadeiro português José da Silva Paes avistou do oceano a embocadura aberta da lagoa, em 1737, julgou que estava diante de um grande rio.

A ideia inspirou o nome da vila que fundou às margens do canal, Rio Grande, futura capital da província de mesmo nome.

Quase trezentos anos depois, os gaúchos que contemplam o canal natural que liga a lagoa ao Atlântico têm a impressão oposta à de Silva Paes: ele nunca pareceu tão pequeno diante da enxurrada que terá de despejar.

A Lagoa dos Patos estende-se por 250 km de comprimento e 10,3 mil km quadrados de área. Serve de receptáculo a uma bacia hidrográfica 12 vezes mais extensa.

Em comparação, o Canal do Norte é diminuto: tem 22 km de comprimento e 2 km de largura. Nesse duelo de Davi contra Golias, poucos apostam no canal.

Prefeito da cidade fundada por Silva Paes, Fábio Branco (MDB) torce pelo melhor, mas prepara a população para o pior.

Acostumado a enchentes em razão da vizinhança da lagoa, o município de 211 mil habitantes trabalha com cenários que apontam para 35 mil a 40 mil desalojados pelas águas. Até o momento, a cheia em alguns bairros já empurrou 500 pessoas para abrigos.

Como boa parte dos gaúchos, os habitantes de Rio Grande acostumaram-se nos últimos dias a tirar a sorte com réguas de medição.

Às 19h40min de ontem, o nível da Lagoa dos Patos medido pelo Centro de Comando da Marinha (CCMar) era de 2 metros e 36 centímetros, 1 metro e 56 centímetros acima do normal.

A prefeitura identificava 29 áreas de risco, nas quais o trânsito de automóveis era desaconselhado, havia interrompido totalmente o acesso rodoviário às ilhas e suspendido as aulas na rede municipal.

“Estou na área de risco”, diz Branco à BBC News Brasil, por telefone. Morador do bairro Saco da Mangueira, ele já tirou móveis e objetos de valor de casa e prepara a transferência da família para a casa de parentes.

Por sorte, o cenário dos próximos dias depende de fatores situados além das margens da lagoa e do canal. Estendido sobre a grande planície litorânea gaúcha, sem serras ou morros no entorno, o mar de água doce que se aproxima depende, para se movimentar, da direção do vento e da ação das marés oceânicas.

Essas variáveis podem ser acompanhadas em modelos computadorizados impenetráveis para pessoas comuns, mas manejados como artefatos cotidianos por pesquisadores como Lauro Barcellos.

O 'berço do Rio Grande do Sul' que se prepara para avanço das águas que já desvastaram parte do Estado

O ‘berço do Rio Grande do Sul’ que se prepara para avanço das águas que já desvastaram parte do Estado© Reuters

“Sofreremos um impacto de água numa quantidade que nunca antes conseguimos observar”, afirma o diretor do Museu Oceanográfico de Rio Grande. Aos 68 anos, Barcellos dedica-se há 55 aos estudos oceanográficos, numa trajetória que lhe rendeu o título de doutor honoris causa pela Universidade de Rio Grande (Furg).

Muito além de uma luta entre a lagoa e o canal, o especialista mira águas mais profundas. “É difícil fazer uma identificação dos responsáveis. São os grandes sistemas que controlam a evolução da economia do mundo, o desmatamento, a mudança do clima. São vários fatores, umas pessoas acreditam e outras não”, reflete.

Não se trata, sobretudo, de caso isolado. “Tudo que acontece já aconteceu. A diferença é que, hoje, ocorre com maior velocidade e a intervalos menores. De setembro até hoje, tivemos oito episódios de eventos semelhantes”, explica.

Nem toda boa notícia para Rio Grande é alvissareira para quem está no percurso das águas. O vento do quadrante sul, que deve soprar por pelo menos mais oito dias no sentido contrário ao da corrente, contribui para represar a enxurrada e empurrá-la Lagoa dos Patos acima, prolongando o infortúnio de municípios situados a meio do caminho.

Na segunda-feira (6/5), quando ainda havia pessoas em telhados em Porto Alegre, Canoas, Guaíba e Eldorado do Sul, a lagoa já engolia a orla da Praia das Nereidas, em Arambaré, 144 km ao sul da capital. Na manhã de sexta-feira (10/5), três bairros registravam alagamentos e outros dois apresentavam risco.

Em São Lourenço do Sul, 218 km ao sul de Porto Alegre, muitas casas tinham sido inundadas no final da tarde de sexta-feira (10/5). A prefeitura tinha instalado quatro abrigos, e dois já operavam com lotação máxima.

Em nenhum município das margens da Lagoa, porém, o dia 10 foi tão tenso como em Pelotas. Maior cidade da Metade Sul do Estado, com 343 mil habitantes, esse antigo centro da indústria gaúcha de carne já computava a essa altura 632 desalojados distribuídos em sete abrigos da prefeitura e um número incerto de instalações particulares em igrejas, clubes e escolas.

Com o bloqueio da BR-290 em vários pontos e a suspensão da balsa em São José do Norte que faz a travessia do Canal do Norte, Pelotas estava no dia 10 isolada de Porto Alegre por via rodoviária.

A prefeitura começou a remover moradores das áreas de risco na quinta-feira (2/5). na Colônia de Pescadores Z-3, comunidade de 2 mil habitantes distante 22 km do centro, à margem da lagoa, moradores transferiram-se para a igreja da paróquia João Paulo II. Situado na própria colônia, o templo é célebre por nunca ter sido inundado.

Na noite de sexta-feira (10/5), a prefeita Paula Mascarenhas (PSDB) fez uma live diretamente do Laranjal, balneário na Lagoa dos Patos, onde 80 pessoas e 60 animais tiveram de ser removidos às pressas ao longo do dia.

“Desde terça-feira que a gente vem fazendo um apelo, a gente fez um mapa das áreas de risco, pedindo que as pessoas deixassem as suas casas. Muitas deixaram, mas outras tantas não acreditaram, quiseram esperar para ver e, com isso, se prejudicaram porque tiveram de sair às pressas, com pânico, correria”, disse Paula.

Dois dias antes, a água cobriu o trapiche do Laranjal. Agora, o balneário corre o risco de ter cortada a ligação por terra com o resto do município.

Com água não se brinca, ensina Lauro Barcellos. “Água é um elemento extremamente pesado. Um metro cúbico de água pesa aproximadamente uma tonelada. Temos muitas pessoas em áreas onde já se sabe que haverá uma importante subida de nível (da lagoa). Não se pode ficar cego diante disso”, afirma.

Para agravar a situação, o sul do Estado é castigado desde quinta-feira (9/5) por uma chuva intensa que desliza na ponta-de-lança de uma frente fria na direção norte. Com as quedas nos termômetros, uma pessoa submersa pode ter a temperatura corporal derrubada para cerca de 9ºC.

“Precisamos agir preventivamente”, diz Fábio Branco. “E orar para que São Pedro esteja conosco nesta hora.”

O santo que detém as chaves do céu – e, por conseguinte, da chuva –, segundo a crença católica, é o padroeiro de Rio Grande. E também do Rio Grande do Sul.

 

ARREPENDIMENTO DE QUEM CRIOU O DIA DAS MÃES

História de Vivian de Souza Campos – Mega Curioso

Dia das Mães, celebrado em muitos países no segundo domingo de maio, tem uma história intrigante por trás de sua criação. 

A data tão especial foi criada por Anna Jarvis, uma ativista que iniciou uma campanha para honrar todas as mães e seu papel na sociedade. No entanto, o feriado acabou se tornando o oposto do planejado originalmente, transformando-se em um fenômeno comercial que a deixou profundamente desiludida.

A origem altruísta do Dia das Mães

Ann Reeves Jarvis, mãe de Anna. (Fonte: Wikimedia Commons)

Ann Reeves Jarvis, mãe de Anna. (Fonte: Wikimedia Commons)© Fornecido por Mega Curioso

Anna Jarvis nasceu em 1864, em Webster (Virgínia), nos Estados Unidos. Ela era filha de Ann Reeves Jarvis, uma ativista comunitária dedicada ao trabalho social e ao cuidado de crianças, por isso, Anna cresceu em um ambiente influenciado pela dedicação de sua mãe à comunidade.

Após a morte da mãe, em 1905, Anna ficou determinada a honrar o legado deixado por ela. Ela começou uma campanha para criar um dia nacional dedicado às mães, inspirada pela dedicação e amor incondicional que Ann Reeves demonstrou ao longo da vida.

Anna organizou as primeiras celebrações do Dia das Mães no ano de 1908, em Grafton (Virgínia) e na Filadélfia (Pensilvânia). Sua escolha do segundo domingo de maio para o feriado foi uma homenagem ao aniversário da morte de sua mãe.

A vida de Anna Jarvis foi marcada por um forte senso de propósito e dedicação à sua causa. Ela não tinha filhos próprios, mas sua determinação em honrar todas as mães se tornou uma missão pessoal.

O conflito com a comercialização

Conforme o Dia das Mães cresceu em popularidade, Anna se viu em conflito com a crescente comercialização da data. O feriado rapidamente se tornou um sucesso comercial, com floristas, lojas e fabricantes de cartões aproveitando a data para aumentar as vendas. Ela lamentou profundamente ver o feriado se transformar em um evento comercial, distante de sua visão original de um momento íntimo e pessoal de gratidão e reflexão. 

Anna ficou cada vez mais frustrada como o feriado se desviou de sua visão original. Ela denunciou publicamente os floristas e as empresas que lucravam com a data, e até mesmo processou aqueles que usavam a expressão “Dia das Mães” sem sua permissão.

Ela se opôs tão veementemente à exploração comercial do feriado que até mesmo tentou rescindir sua criação, marcando sua vida pela luta contra a comercialização desenfreada da data que ela mesma criou. Embora o Dia das Mães seja hoje celebrado de várias maneiras, desde jantares especiais até presentes elaborados, vale a pena lembrar as origens humildes desse feriado e a paixão de sua fundadora por um reconhecimento simples e sincero do papel das mães na sociedade.

 

A MEMÓRIA É O DIÁRIO QUE TODOS NÓS CARREGAMOS CONOSCO - OSCAR WILDE

 

História de Juan Francisco Alonso – BBC News Mundo – BBC News Brasil

4 maus hábitos que afetam a memória quando envelhecemos (e como corrigir isso)

4 maus hábitos que afetam a memória quando envelhecemos (e como corrigir isso)© Getty Images

“A memória é o diário que todos nós carregamos conosco.”

Foi assim que o escritor irlandês Oscar Wilde (1854-1900) definiu a memória.

No entanto, à medida que envelhecemos, algumas páginas deste registro das nossas vidas podem se extraviar ou se perder. E isso não é apenas desconcertante, mas também doloroso.

O professor Charan Ranganath, diretor do Laboratório de Memória Dinâmica da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, é um dos neurocientistas mais renomados no estudo da memória — e ele garante que o risco de isso acontecer pode ser minimizado.

Em conversa com a BBC News Mundo, serviço de notícias em espanhol da BBC, o autor do livro Why We Remember (“Por que nos lembramos”, em tradução livre) identificou quatro maus hábitos que a maioria das pessoas tem — e que, segundo ele, afetam a capacidade do nosso cérebro de lembrar das coisas.

Ele deu também algumas dicas para corrigi-los.

O neurocientista Charan Ranganath passou os últimos 25 anos de sua carreira estudando como o cérebro funciona

O neurocientista Charan Ranganath passou os últimos 25 anos de sua carreira estudando como o cérebro funciona© Michael Rock/Cortesía Editorial Península

1. Não descansar o suficiente

À medida que os seres humanos envelhecem, tendem a dormir menos horas e, como se não bastasse isso, problemas no trabalhoeconômicos e de saúde podem afetar a qualidade do sono, uma combinação que pode ser bastante prejudicial para a saúde.

“Sabemos agora que o cérebro possui um sistema que drena as toxinas que se acumulam nele, incluindo a proteína amiloide, que está envolvida no desenvolvimento de Alzheimer. Este sistema é ativado durante a noite”, observa Ranganath.

O neurocientista, que há 25 anos estuda o funcionamento do cérebro, explica que o sono também tem uma função restauradora.

“Se uma pessoa não dorme o suficiente, a função frontal do cérebro é reduzida, assim como o seu nível de tolerância ao estresse; e, por isso, ela não é capaz de se concentrar adequadamente.”

Mas, durante a noite, o cérebro não só elimina elementos nocivos e recarrega as baterias, como também organiza as nossas memórias.

“Durante o sono, a memória é reativada, e é a isso que muitos atribuem a origem dos sonhos (…) Dormir facilita a retenção das informações que aprendemos”, acrescenta o especialista.

Não usar celular e computador, evitar refeições pesadas, bebida alcoólica e cafeína antes de dormir são algumas das recomendações que Ranganath dá para tentar ter um sono reparador.

E para aquelas pessoas que, por um motivo ou outro, têm dificuldade de dormir à noite, o especialista afirma que tirar uma soneca durante o dia também pode ser muito benéfico.

“Os benefícios [do sono] para a memória também podem ser alcançados durante o dia”, diz ele.

Dormir bem é, segundo o especialista, uma das principais coisas que você pode fazer para preservar a memória

Dormir bem é, segundo o especialista, uma das principais coisas que você pode fazer para preservar a memória© Getty Images

2. Ser multitarefa

No mundo competitivo e atribulado de hoje, a capacidade de ser multitarefa — ou seja, de fazer várias coisas ao mesmo tempo — é vista como algo positivo. Mas Ranganath alerta que isso pode ser “muito ruim” para a memória.

O motivo? “O córtex pré-frontal nos ajuda a focar no que precisamos fazer para atingir nossos objetivos, mas esta habilidade maravilhosa fica prejudicada se pularmos continuamente de um objetivo para outro”, explica.

Segundo ele, existe em nosso cérebro uma competição entre os conjuntos de neurônios que participam de diferentes tarefas — e esta competição é o que dificulta que a gente realize várias tarefas ao mesmo tempo de maneira correta e eficiente.

Por isso, o neurocientista adverte que verificar o e-mail enquanto se assiste a uma palestra ou uma aula só vai levar a uma coisa: não se lembrar do que estava ouvindo inicialmente.

“Ao mudar de objetivo (começar a verificar o e-mail), os neurônios se distraem e registram memórias fragmentadas da conferência, porque você está usando muitas funções executivas para gerenciar a mudança de uma atividade para outra, e isso dificulta a formação de uma memória duradoura”, observa.

Tentar realizar várias tarefas simultaneamente afeta negativamente a nossa memória

Tentar realizar várias tarefas simultaneamente afeta negativamente a nossa memória© Getty Images

Mas, como acontece com toda regra, há pelo menos uma exceção: tarefas que estão associadas ou relacionadas.

“Se você está fazendo um bolo, tem que pré-aquecer o forno, e depois voltar a preparar a massa, ou algo do tipo. Mas se você juntar todas essas tarefas em uma grande tarefa, vai conseguir”, ilustra.

Para evitar ser multitarefa, Ranganath não apenas recomenda tentar terminar uma atividade antes de iniciar outra, como também evitar o que pode nos distrair do objetivo.

Assim, ele sugere colocar o celular no modo silencioso, principalmente as notificações de e-mail e mensagens, enquanto uma ação está sendo executada.

Também recomenda fazer pausas para sonhar acordado ou esticar as pernas.

A questão do tempo que gastamos verificando o celular também leva a outra pergunta: que efeitos isso vai ter para os jovens de hoje?

“Possivelmente haverá algumas consequências positivas, e outras negativas, mas o relevante é que eles estão desenvolvendo hábitos que não fazem bem à memória”, diz o especialista.

Um estudo publicado em 2023 revelou que adolescentes e crianças americanas passam entre cinco e oito horas por dia grudados no celular.

3. Cair na monotonia

Diferentemente do que se imagina, o cérebro humano não está programado para lembrar de tudo. Pelo contrário, ele é seletivo.

“A maioria das experiências que vivemos ou das informações às quais fomos expostos vai ser esquecida”, explica Ranganath.

Apenas aquelas experiências ou eventos associados ao medo, raiva, desejo, felicidade, surpresa ou outras emoções que sejam capazes de liberar substâncias químicas como adrenalina, serotonina, dopamina ou cortisol em nosso cérebro vão acabar fixados em nossos neurônios.

Estas substâncias químicas ajudam na plasticidade cerebral, que é essencial para a memória.

“A plasticidade no cérebro nos ajuda a realizar tarefas, especialmente aquelas que são repetitivas, de forma mais eficiente”, explica o professor da Universidade da Califórnia, acrescentando que esta capacidade diminui com a idade.

Por isso, ações como lembrar a senha que acabamos de alterar para acessar nossa conta bancária, celular ou e-mail ficam mais difíceis com o passar do tempo.

“Uma vez que você altera a senha, os neurônios que tinham a senha antiga armazenada vão brigar com aqueles que possuem a nova”, afirma.

Quebrar a monotonia e sair da rotina é, segundo o especialista, a melhor maneira de tentar preservar a plasticidade cerebral.

As novas gerações estão desenvolvendo hábitos prejudiciais à memória, com a superexposição às tecnologias de comunicação

As novas gerações estão desenvolvendo hábitos prejudiciais à memória, com a superexposição às tecnologias de comunicação© Getty Images

4. Ser confiante demais

“As pessoas pensam que sua memória é muito boa até que, em algum momento da vida, percebem que não é o caso”, observa Ranganath.

E não é para menos, já que o cérebro não foi projetado para lembrar literalmente de tudo aquilo que vivenciamos — o que, segundo o especialista, seria uma tarefa muito árdua.

“Estima-se que o americano médio esteja exposto a 34 gigabytes (o equivalente a 11,8 horas) de informação por dia”, afirma o professor.

“O propósito da memória não é recordar o passado, embora possa fazer isso — mas, sim, retirar do passado as informações importantes de que necessitamos para compreender o presente, e nos preparar para o futuro”, explica, recomendando não recorrer apenas à memorização para aprender algo.

“A aprendizagem mais eficaz ocorre em circunstâncias em que nos esforçamos para evocar uma memória, e depois obtemos a resposta que buscamos”, indica.

“Por exemplo, alguns minutos depois de ser apresentado a alguém, desafie-se e tente dizer o nome da pessoa. E à medida que a conversa fluir, faça isso novamente. Quanto mais espaçadas forem essas tentativas, melhor.”

Os trabalhos repetitivos e monótonos também afetam a nossa memória, por isso o especialista recomenda sair da rotina

Os trabalhos repetitivos e monótonos também afetam a nossa memória, por isso o especialista recomenda sair da rotina© Getty Images

Outras recomendações

Além de combater os quatro hábitos mencionados acima, Ranganath garante que existem outras formas de proteger nossa memória — e desfrutar de uma boa saúde mental.

“Há muitas coisas óbvias que as pessoas podem fazer para cuidar da memória, mas não fazem porque estão à espera de um comprimido ou de uma vacina, porque é mais fácil, e não precisam mudar seu estilo de vida“, diz ele.

Mas quais são estas coisas óbvias?

“No curto prazo, busque dormir melhor, aprenda a lidar com o estresse (ou tente diminuir as causas que o desencadeiam) e adote práticas de mindfulness (atenção plena), que servem para detectar quando você está distraído”, afirma.

No longo prazo, a lista é um pouco mais comprida.

“A alimentação pode fazer muito, a dieta mediterrânea tem provado ter resultados muito bons no que diz respeito à promoção da saúde mental”, diz ele.

“O exercício físico, principalmente o exercício aeróbico, é bom porque aumenta a secreção de substâncias que aumentam a plasticidade e melhoram a vascularização do cérebro”.

Praticar exercício físico e adotar uma alimentação equilibrada pode ajudar a manter a saúde do seu cérebro

Praticar exercício físico e adotar uma alimentação equilibrada pode ajudar a manter a saúde do seu cérebro© Getty Images

“Uma boa saúde bucal e auditiva também é importante, porque estudos constataram que pessoas com problemas de higiene oral ou que não cuidam dos ouvidos tendem a sofrer de problemas cognitivos”, acrescenta. “E, por último, as relações sociais e a exposição a coisas novas estimulam a plasticidade cerebral.”

Por fim, o especialista afirma que estudos revelaram que estas boas práticas permitiram a algumas pessoas manter sua memória até uma idade avançada — e reduzir em um terço o risco de demência.

Os dados são animadores, especialmente considerando que 40% das pessoas podem ter algum tipo de problema de memória ao completar 65 anos, segundo a Sociedade de Alzheimer do Canadá.

TODOS OS LÍDERES SE TORNARAM BEM-SUCEDIDOS APÓS ENTENDEREM QUE A COMPETIVIDADE ESTÁ NO COLETIVO

 

Por André Girotto*

Todos os grandes líderes se tornaram bem-sucedidos após entenderem, consciente ou inconscientemente, que a vantagem competitiva está no coletivo. A sabedoria e o aprendizado coletivo fornecem um modelo de negócios que é benéfico tanto no sentido material quanto no emocional.

O equilíbrio entre desafio e competências, alinhado a um propósito e um ambiente que proporcione segurança, autonomia e colaboração, cria aspectos vitais de conexão do ser humano com o meio. Essa conexão faz com que nosso potencial seja de certa forma liberado com mais intensidade. Com isso, passamos a ter um ambiente muito mais criativo, inovador e propício a mudanças e resultados acima do normal.

Conheça os dois pilares da felicidade no trabalho

O primeiro pilar é alguém poder cumprir totalmente seu potencial na função que desempenha. Isso passa por dois processos. O processo de diferenciação envolve percebermos que somos indivíduos únicos, responsáveis por nossa própria sobrevivência e bem-estar, dispostos a desenvolver essa singularidade onde quer que ela nos leve, enquanto desfrutamos da expressão de nosso ser em ação. Já o processo de integração envolve a percepção de que, por mais únicos que sejamos, também estamos completamente envolvidos em redes de relacionamentos com outros seres humanos, com símbolos culturais e artefatos, bem como com o ambiente à nossa volta.

Pode-se dizer que uma pessoa que está totalmente diferenciada e integrada torna-se um indivíduo completo – e, por consequência, aquele que tem a melhor chance de levar uma vida feliz, vital e significativa.

Contudo, a felicidade não simplesmente acontece. Pelo contrário, é algo que nós mesmo fazemos acontecer, resultado de nosso esforço máximo nesse sentido. Sentir-se realizado quando alcançamos nosso potencial é o que motiva a diferenciação e leva à evolução. A experiência da felicidade em ação é o resultado de nossos esforços e realizações. Às vezes, é necessária muita dedicação, e o mais importante é que quanto maior o desejo e maior o empenho, maior se torna a recompensa.

Quando estamos por completo com um propósito claro, que realmente nos desafia a sermos melhores do que já somos e exige que estejamos presentes de corpo e alma, plenos, focados, sem medo de fazer o próximo movimento, convictos do que deve ser feito, pouco a pouco percebemos o quão bem estamos realizando nosso trabalho. É então que sentimos a sensação de conexão, de plenitude.

Nesse momento, entra em cena o segundo Pilar da Felicidade, um estado que os estudiosos apelidaram de flow (fluxo, em português). Ele descreve a maestria máxima que alguém pode atingir. O ápice do ápice. Quando estamos conectados, concentrados, focados, confiantes, isso faz toda a diferença. Não há distinção entre pensamento e ação, entre o eu e o ambiente. O importante é executar cada movimento da melhor forma possível.

Quatro pontos-chave para alguém se conectar com o estado de fluxo

• Objetivos claros: para que uma pessoa se envolva profundamente em qualquer atividade, é essencial que ela saiba precisamente quais tarefas deve realizar, momento a momento.

• Feedback imediato: é difícil para as pessoas se manterem engajadas em qualquer atividade a menos que recebam informações oportunas e “em tempo real” sobre o quão bem estão se saindo. A sensação de envolvimento total da experiência de fluxo deriva em grande parte do fato de que o que se faz importa, que têm consequências. O feedback pode vir do comentário de colegas ou supervisores sobre o desempenho, mas, preferivelmente, é a própria atividade que deve fornecer essa informação.

• Equilíbrio entre oportunidade e capacidade: é mais fácil se envolver completamente em uma tarefa se acreditarmos que ela é importante e está ao nosso alcance. Se parecer estar além de nossa capacidade, tendemos a ficar ansiosos; se a tarefa for muito fácil, ficamos entediados. Em ambos os casos, a atenção se desvia do que precisa ser realizado, a pessoa ansiosa fica distraída, e a entediada, também. Portanto, o equilíbrio entre a dificuldade da tarefa e nossa capacidade de realizá-la desempenha um papel crucial na experiência de fluxo.

• Concentração profunda: quando começamos a responder a uma atividade que possui objetivos claros e fornece feedback imediato, é provável que nos envolvamos nela, mesmo que a atividade em si não seja muito “importante”.

Ao somar todos esses elementos, temos uma sensação de plenitude, de conexão presente, que alguns estudiosos chamam de fluxo (flow, em inglês). Proporcionar isso para as pessoas também é papel de um líder.

*André Girotto, o empresário e palestrante paulista, é considerado o maior treinador de líderes da atualidade, e compartilha o conhecimento que acumula desde 2002 em seu quarto livro, intitulado “Framework da Liderança 10x: A Nova Era da Liderança”. Aos 18 anos, fundou a Sport Moving, que se transformou rapidamente em uma rede de seis academias. Aos 24, se formou Treinador de líderes pela empresa global Dale Carnegie Training. Aos 27, fundou a Netprofit Training, expandindo-a para 27 unidades com mais de 1.000 empresas atendidas, 50 mil líderes treinados e 300 mil pessoas impactadas pelos programas Netprofit.

Marketplaces em alta: o sucesso no mercado

Tiago Sanches, gerente comercial da Total IP

Certas estratégias são cruciais para alavancar as vendas e isso começa com o primeiro contato

Marketplaces são uma tendência no e-commerce. Isso porque, os benefícios existem tanto para quem tem seu próprio ambiente, quanto para os sellers, os quais vendem nas plataformas de outros empreendedores. Entretanto, apesar dessa alta, é fundamental as organizações se prepararem da melhor forma para receberem seus grupos alvo, independentemente da época do ano. Isso inclui uma elaboração iniciada pelo atendimento.

O que são marketplaces e qual a sua realidade no mercado?

Esse conceito se remete a uma noção mais coletiva de vendas on-line. Nessa plataforma, diferentes lojas podem anunciar seus artigos, dando ao cliente um leque de opções. Desse jeito, trata-se de uma rede cujos vendedores podem fazer suas ofertas dentro da mesma página. Ou seja, é como um shopping center virtual cujos visitantes têm acesso a vários estabelecimentos. Sites como Mercado Livre, Magalu, Americanas, Amazon e a Valeon são ótimos exemplos, inclusive, de acordo com o último relatório Webshoppers, 84% dos empreendedores brasileiros possuem canais ativos em ambientes como esses.

Conforme a ChannelAdvisor, na China, esse tipo de comércio já representa 90% do faturamento do varejo on-line e, nos EUA, 33%. Já no Brasil, segundo a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), o crescimento do setor em 2021 foi de 19%.

Principalmente em temporadas de forte atividade, como o Natal, Dia dos Namorados, das Mães e dos Pais, as movimentações tendem a ser significativas. O Dia do Consumidor, por exemplo, em 2022, chegou a um faturamento de R$ 722 milhões, com elevação de 22% em comparação a 2021, de acordo com dados da Neotrust. Contudo, para, de fato, chamar a atenção dos fregueses, apenas preços atrativos e propagandas não são o suficiente, é preciso oferecer uma experiência completa. “Para deixar uma marca positiva é necessário garantir um primeiro contato excelente, indo até o pós-venda. Os responsáveis por esse tipo de negócio tendem a pensar só no produto final entregue, mas toda interação importa”, explica Tiago Sanches, gerente comercial da Total IP.

Um destaque em meio à concorrência é fundamental

Ciente de como apenas qualidade final não é o suficiente, diversos quesitos tendem a ajudar uma empresa a se destacar em meio a tanta concorrência. Logo, diferentes fatores influenciam a posição ocupada nas buscas, seja preço, custo do frete, avaliações, etc. Além disso, é imprescindível identificar como chamar a atenção em detrimento de sellers ocupando o mesmo espaço. Nesse contexto, conhecimento nunca é demais para descobrir como planejar condições visando se sobressair.

Outra questão importante diz respeito aos parceiros mantidos por perto e a estrutura do negócio em geral. Para a quantidade de vendas alcançadas por um programa como esse, investir na atração de indivíduos para promover suas corporações lá dentro, diversificando e ampliando o portfólio torna tudo mais robusto. Além disso, deve haver uma atenção especial à otimização das operações.

Todavia, de nada adianta tomar cuidado com tudo isso e não promover uma boa gestão operacional. Dentre diversos benefícios, a transformação de um e-commerce em um marketplace proporciona ganho de escala das demandas. A partir desse ponto é crucial redobrar a cautela com estratégias adotadas no local omnichannel. Uma administração eficiente é o meio para a criação de modelos de vivência da persona para ela ter uma boa prática nessa aquisição. “Hoje em dia, uma pessoa transita por diferentes pontos de contato. É relevante, então, conseguir alcançar o preciso da melhor forma e naquele momento, assim, há grandes chances de fidelizar”, comenta o especialista.

Dicas para se sair bem no mercado

Antes de tudo é sempre interessante se colocar no lugar dos frequentadores, pois, somente conhecendo bem eles é viável proporcionar oportunidades e elementos favoráveis. Em circunstâncias assim, um bom levantamento de dados para analisar as dores e as necessidades é uma excelente alternativa, tendo em vista como, por meio dessas informações, é fácil identificar qual a busca e como agradar.

No entanto, o ditado é real e, de fato, a primeira impressão fica. Logo, a assistência inicial desse sujeito deve ser levada em consideração de forma primordial. Como anda o seu atendimento? Quais as abordagens utilizadas para lidar com esses interessados? Independentemente de qual seja, a Startup Valeon consegue auxiliar, incrementar e melhorar qualquer estratégia de forma inovadora.

A tecnologia de robôs tem sido cada vez mais utilizada em diversas esferas do cotidiano da população. No geral, essa indústria está em crescimento, de acordo com a VDMA (Associação Alemã de Fabricantes de Máquinas e Instalações Industriais), as vendas do setor aumentaram em 13% em 2022. Nos primeiros quatro meses, os pedidos recebidos foram elevados em 38%, também em relação ao ano anterior, na Alemanha.

Em todo o mundo, já existem mais de três milhões deles operando em fábricas e pelo menos US$ 13,2 bilhões foram gastos nos últimos anos em novas instalações utilizando esse tipo de modernização. Pelo menos 76% desses investimentos foram feitos por cinco países: China, Japão, Estados Unidos, Coreia do Sul e Alemanha. As indústrias automotiva, elétrica, eletrônica e metálica se destacam nesse uso em seus parques industriais. Porém, no caso do apoio ao consumidor esse artifício também não poderia ficar de fora. Com a Startup Valeon isso é possível para todos os âmbitos. “Nós enxergamos essa assistência como parte do processo de conquista e a colocamos como um pilar principal para os nossos usuários.

Dessa maneira, a firma oferece serviços baseados na aprimoração desse suporte para as companhias parceiras, seja com os tão comentados robôs, responsáveis por atender chamadas e responder mensagens automaticamente, ou com outras ferramentas. Ao todo, há uma flexibilidade sem igual para atender a todo tipo de instituição, com humanos, chat, voz, redes sociais e WhatsApp, o propósito é aumentar os resultados e promover atualização constante.

O que é marketplace e por que investir nessa plataforma

ÚnicaPropaganda e Moysés Peruhype Carlech

Milhares de internautas utilizam o marketplace diariamente para fazer compras virtuais. Mas muitos ainda desconhecem seu conceito e como ele funciona na compra e venda de produtos.

Afinal, o que é marketplace?

O marketplace é um modelo de negócio online que pode ter seu funcionamento comparado ao de um shopping center.

Ao entrar em um shopping com a intenção de comprar um produto específico, você encontra dezenas de lojas, o que lhe permite pesquisar as opções e os preços disponibilizados por cada uma delas. Além de comprar o que você planejou inicialmente, também é possível consumir outros produtos, de diferentes lojas, marcas e segmentos.

Leve isso ao mundo virtual e você entenderá o conceito de marketplace: um lugar que reúne produtos de diversas lojas, marcas e segmentos. A diferença é que no ambiente virtual é mais fácil buscar produtos, e existe a facilidade de comprar todos eles com um pagamento unificado.

Os principais marketplaces do Brasil

A Amazon foi a primeira a popularizar esse modelo de negócio pelo mundo, e até hoje é a maior referência no assunto

No Brasil, o marketplace teve início em 2012. Quem tornou a plataforma mais conhecida foi a CNova, responsável pelas operações digitais da Casas Bahia, Extra, Ponto Frio, entre outras lojas.

Hoje, alguns nomes conhecidos no marketplace B2C são: Americanas, Magazine Luiza, Netshoes, Shoptime, Submarino e Walmart. No modelo C2C, estão nomes como Mercado Livre e OLX. Conheça os resultados de algumas dessas e de outras lojas no comércio eletrônico brasileiro.

Aqui no Vale do Aço temos o marketplace da Startup Valeon que é uma Plataforma Comercial de divulgação de Empresas, Serviços e Profissionais Liberais que surgiu para revolucionar o comércio do Vale do Aço através de sua divulgação online.

Como escolher o marketplace ideal para sua loja

Para ingressar em um marketplace, é preciso cadastrar sua loja, definir os produtos que serão vendidos e iniciar a divulgação. Mas é fundamental levar em consideração alguns pontos importantes antes de decidir onde incluir sua marca:

Forma de cobrança: cada marketplace possui seu modelo de comissão sobre as vendas realizadas, que pode variar de 9,5% a 30%. O que determina isso é a menor ou maior visibilidade que o fornecedor atribuirá a seus produtos. Ou seja, o lojista que quer obter mais anúncios para seus produtos e as melhores posições em pesquisas pagará uma comissão maior.

Na Startup Valeon não cobramos comissão e sim uma pequena mensalidade para a divulgação de seus anúncios.

Público-alvo: ao definir onde cadastrar sua loja, é essencial identificar em quais marketplaces o seu público está mais presente.

Garantimos que na Valeon seu público alvo estará presente.

Concorrentes: avalie também quais são as lojas do mesmo segmento que já fazem parte da plataforma e se os seus produtos têm potencial para competir com os ofertados por elas.

Felizmente não temos concorrentes e disponibilizamos para você cliente e consumidores o melhor marketplace que possa existir.

Reputação: para um marketplace obter tráfego e melhorar seus resultados em vendas precisa contar com parceiros que cumpram suas promessas e atendam aos compradores conforme o esperado. Atrasos na entrega, produtos com qualidade inferior à prometida e atendimento ineficiente são fatores que afastam os usuários que costumam comprar naquele ambiente virtual. Ao ingressar em um marketplace, certifique-se de que a sua loja irá contribuir com a boa reputação da plataforma e pesquise as opiniões de compradores referentes às outras lojas já cadastradas.

Temos uma ótima reputação junto ao mercado e consumidores devido a seriedade que conduzimos o nosso negócio.

Vantagens do marketplace

A plataforma da Valeon oferece vantagens para todos os envolvidos no comércio eletrônico. Confira abaixo algumas delas.

Para o consumidor

Encontrar produtos de diversos segmentos e preços competitivos em um único ambiente;

Efetuar o pagamento pelos produtos de diferentes lojistas em uma única transação.

Para o lojista

Ingressar em um comércio eletrônico bem visitado e com credibilidade, o que eleva a visibilidade de seus produtos;

Fazer parte de uma estrutura completa de atendimento e operação de vendas com um menor investimento, considerando que não será necessário pagar um custo fixo básico, como aconteceria no caso de investir na abertura de uma loja física ou online.

Provas de Benefícios que o nosso site produz e proporciona:

• Fazemos muito mais que aumentar as suas vendas com a utilização das nossas ferramentas de marketing;

• Atraímos visualmente mais clientes;

• Somos mais dinâmicos;

• Somos mais assertivos nas recomendações dos produtos e promoções;

• O nosso site é otimizado para aproveitar todos os visitantes;

• Proporcionamos aumento do tráfego orgânico.

• Fazemos vários investimentos em marketing como anúncios em buscadores, redes sociais e em várias publicidades online para impulsionar o potencial das lojas inscritas no nosso site e aumentar as suas vendas.

Para o Marketplace

Dispor de uma ampla variedade de produtos em sua vitrine virtual, atraindo ainda mais visitantes;

Conquistar credibilidade ao ser reconhecido como um e-commerce que reúne os produtos que os consumidores buscam, o que contribui até mesmo para fidelizar clientes.

Temos nos dedicado com muito afinco em melhorar e proporcionar aos que visitam o Site uma boa avaliação do nosso canal procurando captar e entender o comportamento dos consumidores o que nos ajuda a incrementar as melhorias e campanhas de marketing que realizamos.

domingo, 12 de maio de 2024

MICHEL TEMER DIZ QUE OS CULPADOS PELA NÃO PACIFICAÇÃO POLÍTICA SÃO LULA E A OPOSIÇÃO

 

História de Monica Gugliano e Eliane Cantanhêde – Jornal Estadão

Três vezes presidente da Câmara dos Deputados e presidente da República após um conturbado processo de impeachment presidencial, o segundo em 25 anos no Brasil, Michel Temer acreditava que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ia fazer uma espécie de redenção nacional durante seu terceiro mandato, unindo um País que vem sofrendo com um rompimento social desde 2013. Não foi isso o que aconteceu, lamenta o político.

Apesar da decepção, Temer reconhece que a falta de vontade política não ficou apenas na conta do atual detentor da cadeira mais importante do terceiro andar do Palácio do Planalto. “Foi a oposição que radicalizou? Eu não saberia dizer. Mas acho que foi. Faltou vontade política de um lado e do outro”, analisou o ex-presidente em entrevista exclusiva ao Estadão.

Ao longo da conversa, Temer destaca a importância da oposição para o exercício da democracia.

“A oposição existe para ajudar a governar na democracia. Por que ela ajuda a governar? Porque ela critica, observa, contesta, contraria”, diz, lamentando, porém, que o conceito de oposição foi radicalizado: “Aqui no Brasil nós temos a ideia de que cada governo que chega precisa destruir os governos anteriores, tanto que o vocábulo herança maldita se incorporou ao vocabulário político do País”.

O ex-mandatário também defende que é preciso por fim à disputa entre Poderes: “Cada um ficando no seu quadrado ajuda muito o País porque as pessoas têm que ter ciência e consciência da posição que ocupam”.

Ex-presidente da República, Michel Temer defende que é preciso trabalhar na ideia de um governo de união nacional Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Ex-presidente da República, Michel Temer defende que é preciso trabalhar na ideia de um governo de união nacional Foto: Daniel Teixeira/Estadão© Fornecido por Estadão

Veja os principais trechos da entrevista:

O que o senhor está achando desta confusão entre Legislativo, Executivo…?

Não é por culpa nem do presidente da República, nem evidentemente por conta dos presidentes da Câmara e do Senado, o clima que se criou…

Falta um terceiro agente. Não é só um mal-estar entre Executivo e Legislativo, é entre Executivo, Legislativo e Judiciário, mas especificamente o Supremo Tribunal Federal, não?

Tem razão. Mas, para governar, quem manda no País é o Executivo com o Legislativo. O Judiciário só comparece quando provocado e quando provocado ele tem que dar uma decisão. Mas ele não é um agente governativo do País.

Mas quando há uma crise do Executivo com o Legislativo quem manda mais? Quem é que arbitra? O Supremo, que hoje é acusado de ser que manda no País.

É uma acusação inadequada. Por que é que o Supremo se intromete em tudo? Porque a Constituição é muito ampla. Como ela é muito detalhista, muito pormenorizada, todas as questões vão parar no Supremo. O segundo ponto é que a jurisdição é inerte, mas quando ela é provocada, tem que decidir. Ou vão cobrar: “como é que nós provocamos e não decidiram?” Lamento dizer que muitas e muitas vezes a classe política provoca muito o Supremo. Seja do Executivo, seja do Legislativo. O que se pode é criticar uma ou outra decisão do Supremo sob o foco jurisdicional. Era Rui Barbosa quem dizia: “O Supremo tem o direito de errar por último”. Você pode questionar juridicamente a matéria. Agora, dizer que ele se intromete em tudo por conta própria, não acho.

Há um excesso de críticas ao Supremo?

Crítica tem. Não há dúvida. E essa crítica deriva do que se estabeleceu no País em meio a um conflito muito grande entre dois setores, isto todo mundo sabe. É a radicalização. A polarização é sempre uma coisa útil, porque se usa a palavra polarização para o conflito de ideias, de programas, sistemas. Mas o que há no País é radicalização. A radicalização é que opera os conflitos, porque ela é um passo muito além da polarização. E isto toma conta do País. (…) A Constituição não determina essa radicalização de posições. Ela determina um Estado baseado na ideia da paz interna e internacional. Essa é a regra, é o recado político. Quando a Constituição diz que todos são iguais perante a lei, isso não significa que não vai haver divergência. A divergência tipifica a democracia.

A radicalização é puxada pela oposição?

A democracia impõe a divergência. A oposição existe para ajudar a governar na democracia. Por que ela ajuda a governar? Porque ela critica, observa, contesta, contraria. Na Inglaterra, por exemplo, você tem o shadow cabinet, que é um gabinete que se forma (pela oposição) em paralelo ao gabinete da situação para criticar, para ajudar a governar.

No Brasil não é assim, é?

Não. A oposição tem um sentido político, ou seja, se eu perder a eleição o meu dever é destruir aqueles que ganharam. No Brasil nós temos a ideia de que cada governo que chega precisa destruir os anteriores. Tanto que o vocábulo herança maldita se incorporou ao vocabulário político do País. Se você examinar desde o presidente (José) Sarney até hoje, cada presidente no seu momento histórico fez uma coisa útil. Você não pode negar. O que se estabeleceu no País – não de agora, mas lá de trás – foi uma radicalização brutal. Cada governo que chega, quando critica o governo anterior, não está ajudando a harmonia do País. Eu digo sempre: o presidente Lula vive falando do presidente (Jair) Bolsonaro. Ele é quem mais divulga o presidente Bolsonaro. Imagina se eu fosse fazer isso no meu governo, quando as pessoas me criticavam… E eu ficasse: “Mas a ex-presidente, a ex-presidente…” Eu não dizia nada. Eu ia tocando o governo.

O que o senhor acha dessas emendas que estão correndo no Congresso criando a possibilidade de impeachment e também estabelecendo mandato para os ministros do Supremo?

O impeachment já é previsto. Se houver uma representação do Senado, pode haver um processo de impeachment de ministro do Supremo. A questão do mandato é uma coisa antiga. Na Constituinte, eu sugeri uma emenda propondo nove membros para o Supremo, que seria uma corte exclusivamente constitucional. Seriam indicados três pelo Legislativo, três pelo Executivo e três pelo Judiciário, com mandato de 12 anos. Não foi aprovado. Agora se volta a esse tema. Não tenho nenhuma objeção a que se estabeleça uma emenda dessa natureza. Mas eu digo que fala-se isso porque os ministros atuais são responsáveis por esse quadro? Não. É porque o quadro geral político institucional do País está inteiramente radicalizado.

Michel Temer considera que crítica ao STF advém da radicalização política que tomou conta do País Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Michel Temer considera que crítica ao STF advém da radicalização política que tomou conta do País Foto: Daniel Teixeira/Estadão© Fornecido por Estadão

O que se vê é a troca de acusações, brigas…

Cada um ficando no seu quadrado ajuda muito o País, porque as pessoas têm que ter ciência e consciência da posição que ocupam. É claro que eu sempre dou exemplo da minha vida pública. Eu, quando era líder do MDB, defendia os interesses do partido. Quando fui presidente da Câmara, representava todos os membros da Câmara. Quando era presidente da República, era para todos. Vocês se lembram que a oposição política minha era feroz. Havia uma posição institucional para me derrubar do governo. Não conseguiram, eu passei a faixa. Mas houve uma tentativa brutal, sabe por quê? Porque, em certas ocasiões, eu não dava atenção ao que as pessoas diziam, o que significava até às vezes economizar tempo.

Logo no começo do governo Lula, o senhor defendeu que houvesse um movimento de união nacional. Lula assumiu com esse discurso, mas nada aconteceu. O que faltou?

Faltou ação.

Ação do presidente Lula?

Houve um equívoco, uma distância entre a palavra e a ação. Eu achei ele faria uma espécie de governo de redenção nacional. Ele declararia: ‘eu vou pacificar o País’, o que significa que você vai governar para todos os brasileiros. Não significa que não haverá divergência. Acabei de dizer no início da minha fala, você tem que ter oposição, divergência, tem temas que são delicados. Mas existe a figura do presidente da República, e aqui eu faço um pequeno corte: sempre lembro da figura de Juscelino Kubitschek (1902-1976). Foi um presidente que governou o País há mais de 60 anos. Ele era um homem da pacificação.

O que o senhor acha que aconteceu com Lula? Não soube fazer, o PT não deixou, a oposição não deixou, foi a radicalização?

Acho que faltou talvez um pouco de vontade política de um lado e, de outro lado, como o Brasil já estava radicalizado, houve agressão de todos os lados. Teve também aquele 8 de janeiro que foi um desastre, porque era uma invasão de prédios públicos. Atingiu os prédios numa tentativa de eliminar os Poderes, o que é gravíssimo. Qualquer ataque a essas instituições democráticas é proibido pelo texto constitucional. É um atentado à democracia. Não há dúvidas sobre isso.

Quem tem militância hoje? Bolsonaro tem gente na rua. O presidente Lula e o PT não chegaram a colocar 2.000 pessoas no evento do 1o de Maio. O que está acontecendo com essa radicalização ou polarização que um põe gente na rua e o outro não?

Se Bolsonaro coloca tanta gente na rua, não se pode negar prestígio a ele. Agora, não se podem negar as circunstâncias em que Lula foi eleito. Teve a maioria dos votos, embora com pequena diferença. A circunstância de não ter colocado gente na rua não sei se é problema de organização, de simpatia. Colocar gente na rua não ganha eleição. Mas mostra prestígio.

O senhor falou que a situação do País já foi pior e que agora houve uma melhora. Por quê?

Acho que o Haddad (Fernando Haddad, ministro da Fazenda) está fazendo o possível. A economia começa ou tem perspectiva de ir bem. Não vai indo bem ainda. Li um artigo do Armínio Fraga (ex-presidente do Banco Central), dizendo que não é tão bom como diz. Acho que a economia começa a aparentar melhor. É preciso seguir adiante. Por exemplo: qual é a vantagem do teto para os gastos públicos que eu fiz? Você reduz a dívida pública. A ideia é essa. Agora não é mais teto, é arcabouço. Sabe o que é o arcabouço? É o teto readaptado.

Haddad tem certo apoio do sistema financeiro e de boa parte da mídia. O problema dele está dentro do governo: a relação com a Casa Civil e Lula desautorizando. O senhor acha que é possível conviver com essa situação, onde o ministro da Fazenda é desautorizado pelo presidente e pelo próprio partido do governo?

Isso atrapalha. No meu governo, quando havia uma pequena faísca entre um e outro ministro, eu juntava, às vezes, na minha sala só os dois para conversar. Eu não tinha esse problema. Se você disser: “Isso é útil para o governo?”. Eu creio que não é.

Opinião

Lula foi elogiado a vida inteira por ter uma grande habilidade política para compor. Essa habilidade ainda existe?

Por isso que eu, quando ele assumiu o governo, pensei: “Ele vai dedicar toda a vida dele para tranquilizar o País”. Eu fiquei com isso na cabeça, mas as palavras muitas vezes não corresponderam à ação.

Como o senhor avalia a atuação e as polêmicas em torno do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo?

Alexandre de Moraes é um grande constitucionalista. Eu conheço o Alexandre muito antes de ele ser ministro. E ele fez muito pelo País. Sou obrigado a dizer que, se não fosse a atuação jurídica e corajosa do Alexandre Moraes, talvez não tivesse havido eleições. Ele faz um papel adequado. E é interessante, observando um pouco a distância, que ele agora começa a amenizar algumas situações, você percebe que ele está liberando gente, vai liberando situações, não é? Acho que ele é competente para tanto.

E o que o senhor está achando da mudança do foro?

Na medida em que a jurisprudência é estável, ela também ajuda a estabilizar o País. Você decidir de uma maneira, depois decidir de outra maneira não é bom. É claro que muitas e muitas vezes a jurisprudência também tende ao momento. A pergunta é: o Supremo tem competência para fazer isso? Se tem, não creio que seja um malefício para o País.

Como o senhor viu o papel dos militares no 8 de janeiro? Como avalia a evolução desse ajuste de funções e qual deve ser a reação se houver generais presos?

A hierarquia militar é obediente à Constituição Federal. Eu não tenho dúvidas disso porque eu convivi muito com eles, fosse como o presidente ou vice-presidente da República e até como presidente da Câmara. Há um preconceito contra os militares no Brasil, fruto de 64. Eu nunca tive preconceito. Eu não faço a distinção que as pessoas costumam fazer entre militar e civil porque são brasileiros. Eu não sei se individualmente, a, b, c, d, e, por exemplo, propuseram coisas inadequadas. Mas eles não toparam isso em momento algum. Aliás, convenhamos: golpe no País você só tem se as Forças Armadas quiserem. Como não quiseram, não teve. Dizem que uma parte queria, mas não sei dizer. Talvez algumas pessoas, mas o que vale é a instituição, e na instituição eu nunca vi uma palavra de desapreço pela democracia. Agora, como é que eles vão reagir se houver general preso, confesso a você que eu acho que não será agradável para eles. Mas não creio que isto gere uma espécie de rebelião.

O senhor acha que essa sua declaração vale para Bolsonaro se ele for preso?

Aí eu não sei dizer. Eu não acredito em uma prisão dele, nem acho conveniente criar uma confusão.

Durante seu governo a segurança pública era separada das demais atribuições do Ministério da Justiça. O senhor acha que esse modelo funciona melhor?

Hoje só se fala em segurança. Eu restauraria o Ministério da Segurança. É preciso um organismo nacional que coordene a segurança pública no País, até porque o crime não é apenas estadual. Ele é nem nacional. É transnacional.

Leia a entrevista com o secretário nacional de Segurança Pública

O senhor acha que a segurança pública será um tema central na campanha deste ano?

Em certas capitais, não tenho dúvida. Eu acho que nas cidades médias e pequenas, não creio que seja o ponto central. O que não se pode é transformar uma eleição municipal em uma disputa nacional, porque você tem que pensar no munícipe. Porque mais uma vez as pessoas estão saindo do seu quadrado. O que o morador quer? Quer a rua asfaltada, ele quer ter iluminação, quer ter água, quer ter bom transporte.

O senhor tem conversado sobre isso com o prefeito Ricardo Nunes, que disputa a reeleição?

Eu digo: “Você tem que mostrar por que que é bom viver em São Paulo”. É para o munícipe de São Paulo, não de Alagoas, nem do Ceará. Tem que dizer que é bom viver em São Paulo, porque você está fazendo creches. Obras para a população.

O que uma aliança em torno de Nunes significa em termos de apoio futuro para o governador paulista Tarcísio de Freitas? Seria reunir o eleitorado numa bolha pela candidatura dele à Presidência?

É possível. Se houver essa essa conjugação agora ela vai estabelecer uma reunião de forças políticas para a próxima eleição. Quem vai ser o candidato? Não se sabe ainda. O Tarcísio, evidentemente, é um nome muito cogitado. Ele tem classe, sabe o que diz. E ele é muito disciplinado, ele estuda as questões antes de falar. No meu governo ele foi um dos principais responsáveis pelo programa de parceria e investimentos.

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