A Química Amparo, fabricante do
detergente para louças, disse em nota ter iniciado o recolhimento dos
produtos há mais de um mês, depois de seu controle de qualidade interno
identificar possíveis alterações. A empresa fez pesadas doações à
campanha do candidato do PL, Jair Bolsonaro, derrotado nas últimas
eleições presidenciais e fez questão de anunciar a colaboração ao
ex-mandatário.
Por Redação – de São Paulo
Uma determinação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa), nesta quinta-feira, retirou das prateleiras de todos os
supermercados do país lotes dos detergentes Ypê após identificar, em
análise, um “potencial risco de contaminação microbiológica”.
A resolução foi publicada na edição do ‘Diário Oficial da União (D.O.U)’ e determina também a suspensão da comercialização e distribuição dos lotes contaminados.
A Química Amparo, fabricante do detergente para louças, disse em nota
ter iniciado o recolhimento dos produtos há mais de um mês, depois de
seu controle de qualidade interno identificar possíveis alterações. A
empresa fez pesadas doações à campanha do candidato do PL, Jair
Bolsonaro, derrotado nas últimas eleições presidenciais e fez questão de
anunciar a colaboração ao ex-mandatário.
Risco
Segundo a Anvisa, a fabricante disse ter identificado “desvio em
resultado de análise de monitoramento de parâmetro de produção que
ensejam potencial risco de contaminação microbiológica”.
Em nota, a empresa diz que “após uma rigorosa análise interna”,
identificou mudança no odor tradicional do produto de limpeza, sem
potencial risco à saúde ou à segurança dos consumidores, “porém, em
alguns casos, perceptível ao olfato”.
As linhas de detergentes afetadas foram as de limão, maçã, neutro, capim limão, coco e clear care.
História de MATHEUS TEIXEIRA E PEDRO LADEIRA – Folha de S. Paulo
ROCA SALES, RS (FOLHAPRESS) – Uma das cidades que mais sofreu com as
enchentes do Rio Grande do Sul que já deixaram cem mortos, Roca Sales (a
143 km de Porto Alegre) precisará não apenas ser reconstruída, mas
também mudar de lugar. O município viveu na semana passada a terceira
grande enxurrada nos últimos oito meses.
Agora, o prefeito Amilton Fontana (MDB) decidiu que não adianta
reconstruir os prédios públicos e parte dos bairros residenciais no
mesmo local em que sempre estiveram.
A estimativa é que ao menos 50% do município mude de endereço. O
objetivo, após limpar as ruas, desobstruir vias e retomar os serviços
públicos é fazer um estudo para identificar uma área segura para
construir novas casas, escolas, indústrias, hospital e sede da
prefeitura.
A situação de Muçum (115 km da capital gaúcha) é parecida. A cidade
também foi atingida pelas enchentes de setembro e novembro do ano
passado e novamente neste ano. O prefeito Mateus Trojan (MDB) diz que ao
menos 30% das construções terão que ser transferidas para outra área.
Antes de setembro do ano passado, a última grande enchente havia
acontecido em 1941. Nos últimos 83 anos, nenhum dos dois municípios
tinha vivido algo parecido. No máximo, grandes chuvas causavam
alagamentos pontuais, sem invadir residências tampouco destruí-las e
arrastá-las, como tem acontecido.
As cidades tiveram áreas completamente devastadas. As placas de
trânsito, agora, foram improvisadas com pichações em muros, que indicam o
rumo dos municípios vizinhos.
Na maioria das casas que foram inundadas, mas seguem de pé, pessoas
com mangueiras e lava-jato expulsam o barro de dentro. Na parte da
frente, vê-se entulhos e móveis sujos de barro.
Alguns, os moradores ainda tentam recuperar, outros já estão
perdidos, mas não há um local para jogar fora e eles ficam empilhados.
Roca Sales ficou sem comunicação e energia por três dias, o que
dificultou o trabalho de retomada da normalidade. Muçum, por sua vez,
está sem energia até hoje e a previsão é que fique mais quatro dias
nessa condição.
Os dois municípios estão situados no Vale do Taquari, região banhada pelo Rio Taquari.
“Vamos ter que deixar o rio passar onde ele quer. É a natureza. O rio
quer passar e nós estamos aqui trancando a passagem dele. Então, o
município precisa arrumar um local para a gente trabalhar a questão da
área central e realocar aos poucos, começando pelos prédios públicos”,
afirma Fontana.
A cidade tem 12 mil habitantes e teve suas três grandes indústrias, o
frigorífico JBS, a calçadista Beira Rio e o curtume Couro Bom Retiro,
que empregam 2.500 pessoas, destruídas. Choveu em seis dias o que
geralmente chove em um ano.
A costureira Celoir Casemiro, 52, que mora em Roca Sales há 25 anos,
reconhece a necessidade de transferir a cidade de local, mas lamenta o
fato de os pontos históricos terem que deixar de existir.
“É o mais certo a se fazer, infelizmente” diz. Ela afirma que é
preciso encontrar uma maneira de a cidade sobreviver, porque não
pretende se mudar.
“De Roca Sales não vamos embora. Aqui é a nossa cidade, que
escolhemos para viver o resto das nossas vidas. Graças a Deus temos
força ainda pra lutar e conseguir vencer”.
A Prefeitura está instalada na sede do CRAS (Centro de Referência da
Assistência Social), que ficou alagada, mas não foi destruída. Os
funcionários ainda limpam o local enquanto o prefeito e secretários
trabalham para atenuar os danos causados pelas chuvas.
Ao lado do local, um grande churrasco de linguiça com pão é preparado
para distribuir à população atingida. Por ali também chegam e são
distribuídas as doações.
Em Muçum o cenário é similar. A equipe da prefeitura trabalha no
hospital, único local com energia, devido a um gerador. A população se
aglomera nos arredores para dividir tomadas para carregar o celular e
conectar na internet.
O prefeito diz que 85% da área urbana é inundável e que o ideal seria
fazer a transferência de toda essa área, mas considera a ideia
inviável.
Diante disso, o plano é transferir cerca 30% dos locais mais
suscetíveis para outra área. “Teremos que remanejar para regiões mais
altas”, diz.
Ele fala da dificuldade de implementar o projeto. “É complexo.
Envolve toda uma questão cultural, direito de propriedade das pessoas,
viabilidade de logística. Uma série de fatores para consolidar todas
etapas. Nossa intenção é gradativamente retirar da parte considerada de
risco iminente praticamente toda a área da cidade, mas é gradativo, não
acontece de uma hora para outra”, afirma.
A aposentada Lorena Zanete, 72, que mora há 38 anos em Muçum, teve a
casa inundada na enchente de setembro. Ela decidiu reformar a casa e as
obras ficaram prontas dois dias antes de a enchente voltar com ainda
mais força.
“Agora vai ser difícil. Estou hospedada no meu compadre porque não tenho para onde ir”, diz.
Ela acha difícil prever o futuro após as enchentes. “A gente espera
ajuda para construir a casa de novo, mas é difícil, porque não adianta,
todo mundo ficou sem nada”, diz.
O Vale do Taquari sofreu com as enchentes pela primeira vez em
setembro de 2023, quando morreram 54 pessoas. Muçum registrou o maior
número de mortes: foram 20 ao todo, sendo que dois corpos não foram
encontrados.
Desta vez, não houve óbito. Em Roca Sales, por sua vez, o prefeito
diz que já houve 5 mortes. Além disso, há seis pessoas que estavam em um
local em que houve deslizamento e que ainda não foram encontradas.
O local é de difícil acesso e o Corpo de Bombeiros acessa o local de
helicóptero e barco para fazer as buscas. A área rural da cidade, que
tem 700 km de estrada de chão, é extensa e em muitos locais as chuvas
obstruíram vias. Até o momento, só foi encontrado uma perna de uma
pessoa.
Ao todo, os dados oficiais afirmam que já foram registradas 107
pessoas mortas em decorrência das chuvas. A quantidade de óbitos foi
informada pela Defesa Civil estadual pela manhã e confirmada às 18h.
Além disso, o boletim da noite desta quarta-feira (9) apontou que há 327.105 pessoas desalojadas.
No vasto e complexo mundo da criação, a figura materna é o epicentro
da congregação dos elementos necessários para dar origem a vida. O
surgimento de um novo ser não se dá por antagonismo, mas sim pela
convergência de elementos compatíveis que se combinam e unem-se.
A associação destes inúmeros fatores, eclodem das forças naturais. O
eletromagnetismo feminino atrai exatamente aquele ser apto para o laço
familiar evolutivo. Semelhante a uma turbina de geração energética,
magnetizando de forma seletiva a fisiologia e a paragenética, resultando
em uma herança de si mesmo. Isso decorre do acúmulo de experiências,
aprendizados e tendências capazes de influenciar a manifestação de uma
nova consciência, emergindo assim uma nova vida física e intrafísica.
Em outras palavras, o ventre materno é como um santuário, onde as
correntes espirituais atuam. Ali é formado um refúgio, um abrigo sob as
asas da proteção Divina. Nesse ambiente acolhedor, as linhas do destino
se incorporam com as fibras da alma, iniciando a transformação da
existência.
Nesse sagrado convívio, somos envolvidos por um amor que transcende
os limites do tempo e do espaço, uma essência que nos guia e nos protege
em todas as etapas da vida. Como seres luminescentes, refletimos a luz
materna, assimilando os ensinamentos sublimes que moldam nossos
caminhos.
Assim, reiniciamos a jornada que nos levará a “habitar no esconderijo
do Altíssimo”, encontrando a segurança necessária nos braços
Celestiais. Em uma dança eterna de amor e gratidão, pais e filhos se
unem, entrelaçando os fios dourados do destino em uma harmonia que ecoa
através dos tempos.
Veja as considerações dos especialista em gestão de empresas Aleksander Avalca e Renan Kaminski da 4blue.
O modelo de negócio de franquia tem desempenhado um papel fundamental
no cenário econômico brasileiro, moldando o panorama empreendedor das
últimas décadas. No entanto, surge a questão: as franquias ainda
representam um investimento viável? Para fornecer uma análise abrangente
sobre o tema, vamos explorar as considerações dos especialistas em
gestão de empresas, Aleksander Alalca e Renan Kaminski, da 4blue.
As franquias no Brasil não são apenas uma moda passageira, mas uma
resposta a uma série de fatores econômicos e sociais. Com o aumento do
poder de compra da classe média, o mercado de consumo se expandiu,
criando uma demanda por novos negócios e oportunidades de investimento.
As franquias surgiram como uma solução, oferecendo um modelo de negócio
comprovado e suporte estratégico para empreendedores em potencial.
“As franquias são um grande atrativo porque você compra um modelo de
negócio pronto e só precisa colocar em prática. Isso não é tão simples
quanto parece, mas com certeza é um caminho mais curto do que começar
tudo do zero. Além disso, hoje existem franquias de todos os valores,
então ficou mais acessível”- Aleksander Avalca
O sucesso das franquias no Brasil é inegável, evidenciado pela
diversidade e abrangência do setor. Desde alimentação e moda até
serviços automotivos e tecnologia, diversos setores encontraram espaço
dentro desse modelo de negócio. Grandes marcas, tanto nacionais quanto
internacionais, viram nas franquias uma forma eficaz de expandir sua
presença no mercado brasileiro, aproveitando o conhecimento local e
reduzindo os riscos associados à entrada em novos mercados.
No entanto, o rápido crescimento do mercado de franquias também
trouxe desafios significativos. A competição entre as marcas,
especialmente em setores saturados, é um obstáculo constante para os
franqueados. Além disso, as mudanças no comportamento do consumidor e no
ambiente de negócios exigem que as franquias estejam constantemente
inovando e se adaptando para manter sua relevância no mercado.
“Mesmo com muitas oportunidades, é preciso ter muito cuidado, porque o
empreendedor precisa estudar a fundo o modelo de negócio apresentado e
também o local onde ele deseja abrir. Uma franquia pode funcionar bem em
uma cidade ou bairro, mas em outro pode ir muito mal. Então, mesmo que
você compre um modelo de negócio pronto, não dá pra deixar de lado
aspectos básicos da gestão, como buscar conhecer quem é o seu cliente
ideal para abrir o negócio perto deles e também usar estratégias para
encantar esse cliente e fidelizar. Só assim um negócio vai pra frente,
sendo franquia ou não! – Renan Kaminski
Apesar desses desafios, as franquias continuam a desempenhar um papel
vital na economia brasileira. Elas geram empregos, estimulam o
empreendedorismo e contribuem para o desenvolvimento econômico em todo o
país. No entanto, a decisão de investir em uma franquia não deve ser
tomada de ânimo leve. Existem considerações importantes a serem feitas,
tanto em termos de benefícios quanto de desafios.
As franquias oferecem uma série de vantagens para empreendedores em
potencial. Primeiramente, a associação a uma marca reconhecida pode
impulsionar a atração de clientes, proporcionando uma base sólida para o
sucesso do negócio. Além disso, o modelo de negócio já testado reduz os
riscos inerentes ao empreendedorismo, oferecendo uma estrutura
comprovada para seguir adiante.
Outro ponto a favor é o suporte e treinamento contínuos fornecidos
pelas franqueadoras. Essa assistência ajuda os franqueados a alcançarem o
sucesso de forma mais rápida e eficiente, enquanto a rede de suporte
permite o compartilhamento de conhecimentos e experiências com outros
empreendedores na mesma situação.
“Quando o empreendedor escolhe uma franquia que dá o suporte
necessário e realmente se importa com o desenvolvimento dos seus
franqueados, a chance de dar certo é muito maior, por isso é muito
essencial fazer uma investigação completa antes de investir o seu
dinheiro. Vale a pena até perguntar para outros empreendedores que já
possuem lojas da franquia que você quer abrir. Porque se você não tem o
suporte necessário, pode virar um pesadelo.” Aleksander Avalca
Entretanto, é importante considerar também os aspectos negativos das
franquias. Os custos iniciais podem ser substanciais, incluindo taxas,
royalties e despesas operacionais, o que pode representar um desafio
financeiro significativo para alguns empreendedores.
Além disso, a falta de flexibilidade é uma desvantagem importante, já
que os franqueados devem aderir às diretrizes da franqueadora,
limitando sua capacidade de tomar decisões independentes. A dependência
da franqueadora para suporte e orientação também pode ser um obstáculo,
especialmente se a empresa-mãe enfrentar problemas internos.
Outras preocupações incluem a competição acirrada entre unidades da
mesma franquia, que pode dificultar a conquista de uma fatia
significativa do mercado, bem como a possível saturação do mercado em
alguns setores, o que pode comprometer o sucesso financeiro dos
franqueados a longo prazo.
A decisão de investir em uma franquia deve ser cuidadosamente
ponderada, levando em consideração tanto os prós quanto os contras.
Autor: Virgilio Marques dos Santos, sócio-fundador da FM2S Educação e Consultoria
No dia 30 de abril, tomei conhecimento dos resultados prévios sobre a
experiência de empresas no Brasil que adotaram a jornada reduzida da
famosa semana de 4 dias. Segundo o relatório divulgado pela própria
iniciativa, 4DayWeek, melhorias no comportamento e na produtividade dos
funcionários são algumas das primeiras impressões das instituições
participantes. Lendo essa informação, fiquei curioso e apreensivo.
Dados apontam que 22 empresas e “cerca de” 280 colaboradores
participaram, mas uma já desistiu. E o grupo controle? Houve algum grupo
de 22 empresas e o mesmo número de colaboradores que não entraram no
projeto? Pelo que vi, não.
O relatório cita, brevemente, que a pesquisa teve entrevista
qualitativa e questionário quantitativo ao longo do processo – a partir
do início da metodologia até o momento, de setembro de 2023 a abril de
2024.
O site da iniciativa diz, em seu FAQ, que as métricas são medidas de
acordo com referências já estabelecidas em cada empresa. Ou seja, cada
uma ao seu modo. Esta falta de detalhamento e de padronização me
preocupa – e friso que estou olhando sob a ótica da ciência, cuja
aplicação nesse tipo de estudo exige muito preparo.
Resultados prévios
Segundo os pesquisadores, constatou-se que 61,5% das companhias
notaram avanço na execução de projetos. E, em 58,5%, se obteve mais
criatividade na realização das atividades.
Mas como medir o avanço na execução de projetos? E como atribuir o
avanço exclusivamente à semana de 4 dias? O mesmo pode-se dizer da
medição de criatividade.
Estudo criatividade há tempos e até a sua definição abre espaço para
discussão. Em um artigo de 2018, a professora Tatiana Nakano explica a
dificuldade para se medir a criatividade. Em sua conclusão, ela cita o
estudo de Kyung Hee Kim (2011): “ao se abordar a possibilidade de
avaliar a criatividade e os diferentes métodos, técnicas e instrumentos
disponíveis, cuidado deve ser tomado em relação ao fato de que, ao
tentar medir um construto tão complexo, a criatividade acaba, muitas
vezes, sendo erroneamente tomada como um domínio geral, passível de ser
avaliado por meio de um único instrumento”.
No caso, pelo dado solto fornecido pelo estudo da semana de 4 dias,
não há menção, no relatório oficial, nem sobre a técnica utilizada, nem
como isso foi aferido. Se existe, sem dúvida o método científico deveria
constar na publicação, já que assegura a validade do estudo e a
confiabilidade de seus dados e técnicas empregadas, protegendo-o de
subjetividades – e demonstrando, inclusive, suas limitações, algo
natural na ciência.
Sendo assim, poderíamos imaginar que as pessoas apenas responderam a
questionários do tipo: “na sua percepção, a execução dos projetos
melhorou?”; “você sente seu time mais criativo nesse período?”; e
respostas assim podem ser enviesadas só pelas perguntas e estão longe de
garantir que algo realmente aconteceu.
A divulgação segue afirmando que cerca de 58% dos funcionários
beneficiados afirmam que passaram a conciliar melhor a vida pessoal e a
profissional após o projeto. Em seguida, menciona, dentre outras
porcentagens:
● Aumento de 78,1% na disposição para momentos de lazer;
● 50% reduziram os sintomas de insônia;
● 62,7%, reduziram o estresse no trabalho;
● 64,9% se sentem menos desgastados no final do dia; e
● 56,5% não estão frustrados como antigamente.
Ou seja, só sucesso, pelos resultados preliminares.
Agora, como medir a conciliação entre vida profissional e pessoal?
Disposição para momentos de lazer? Sintomas de insônia? Enfim, todas
variáveis cuja medição é bem complicada. Poderíamos medir o nível de
energia e sono dos participantes por meio de pulseiras e relógios que
inferem um valor de 0 a 100 baseando-se na frequência cardíaca e suas
variações; mas será que foi feito?
Como foram isolados os efeitos de variáveis externas ao estudo? Por
exemplo, se a empresa bateu meta ou se distribuiu lucro, isso foi
retirado do estudo, para que haja a certeza de que o estresse diminuiu
(ou o sono melhorou) unicamente por causa da semana mais curta? Como
dizia meu orientador de doutorado: a ciência avança conforme o sistema
de medição avança. Ou a famosa frase, atribuída ao Peter Drucker: se não
podemos medir, não podemos gerenciar e nem melhorar.
Portanto, caros leitores, mesmo tendo em mente que trabalhar um dia a
menos seja melhor para nossas vidas, se quisermos transformar isso em
ciência, precisamos de rigoroso método científico – o que vale para
pesquisas qualitativas e quantitativas.
Caso contrário, estamos falando em um estudo sobre percepções de 205
participantes, dos 280, que responderam ao questionário. E, assim, o
máximo que podemos provar é que, para aquele conjunto de dados, a
percepção foi de melhora. Enfatizo a palavra percepção, pois por meio
dela eu garanto que essa melhora está circunspecta ao grupo que
preencheu o questionário. Embora saibamos que é um projeto piloto, é
necessário ter cautela na forma como os dados são divulgados à
sociedade, por meio de notícias e redes sociais.
Efeito Hawthorne
Saindo um pouco dos entraves metodológicos, podemos perpassar pelos
desafios já conhecidos durante a realização de estudos desse tipo. O
mais famoso, o efeito Hawthorne. Esse é o nome dado ao fenômeno que
ocorre quando as pessoas se comportam de forma diferente porque sabem
que estão sendo observadas. Por exemplo, os trabalhadores podem aumentar
ou diminuir a sua produtividade em resposta à atenção que recebem.
Essa conclusão ficou famosa depois que o time de pesquisadores
aumentou a luminosidade na linha de produção e observou um aumento na
produtividade. Desconfiado do resultado, o pesquisador chefe resolveu
reduzir em outra área a produtividade, explicando que os estudos
mostravam que um pouco mais escuro era melhor.
Após o teste, tanto os trabalhadores que estavam no ambiente mais
iluminado como no mais escuro melhoraram significativamente sua
produtividade. Conclusão: o sentir-se observado/assistido era um fator
de impacto maior na produtividade do que a alteração na luminosidade.
Olhando para a pesquisa dos 4 dias, penso algo semelhante. Por que
não fazer um desafio de 6 dias, por exemplo, aumentando os salários de
forma proporcional? Inclusive, aparentemente na contramão desse
movimento, temos o caso recente da Samsung, que deverá adotar a semana
de 6 dias para executivos na Coreia do Sul.
Será que a percepção dos colaboradores também não será positiva? Se,
em 1927, os estudos realizados pela Western Electric Company, em
Chicago, do efeito Hawthorne, foram tão relevantes, por que não esperar
que o atual não faça isso, também? Para pensar.
De qualquer forma, a pluralidade de iniciativas e o rigor do método
científico podem nos ajudar a encontrar um caminho respeitoso, produtivo
e de bem-estar na vida profissional.
Virgilio Marques dos Santos é um dos fundadores da FM2S, doutor,
mestre e graduado em Engenharia Mecânica pela Unicamp e Master Black
Belt pela mesma Universidade. Foi professor dos cursos de Black Belt,
Green Belt e especialização em Gestão e Estratégia de Empresas da
Unicamp, assim como de outras universidades e cursos de pós-graduação.
Atuou como gerente de processos e melhoria em empresa de bebidas e foi
um dos idealizadores do Desafio Unicamp de Inovação Tecnológica.
O “não” do cliente a uma proposta. Por quê?
Moysés Peruhype Carlech
Fiquei pensando e ao mesmo tempo preocupado com o seu “não”,
sem nenhuma explicação, à nossa proposta de divulgação da sua loja e de
resto todas as lojas dessa cidade no Site da nossa Plataforma Comercial
da Startup Valeon.
Esse “não” quer dizer, estou cheio de compromissos para fazer
pagamentos mensais, não estou faturando o suficiente para cobrir as
minhas despesas, a minha loja está vendendo pouco e ainda me vem mais
uma “despesa” de publicidade da Startup Valeon?
Pergunto: como vou comprar na sua loja? Se não sei qual é a
sua localização aí no seu domicílio? Quais os produtos que você
comercializa? Se tem preços competitivos? Qual a sua interação online
com os seus clientes? Qual o seu telefone de contato? Qual é o seu
WhatsApp?
Hoje em dia, os compradores não têm tempo suficiente para
ficarem passeando pelos Bairros e Centros da Cidade, vendo loja por loja
e depois fazendo a decisão de compra, como antigamente.
A pandemia do Covid-19 trouxe consigo muitas mudanças ao
mundo dos negócios. Os empresários precisaram lutar e se adaptar para
sobreviver a um momento tão delicado como esse. Para muitos, vender em
Marketplace como o da Startup Valeon se mostrou uma saída lucrativa para
enfrentar a crise. Com o fechamento do comércio durante as medidas de
isolamento social da pandemia, muitos consumidores adotaram novos
hábitos para poder continuar efetuando suas compras. Em vez de andar
pelos corredores dos shoppings centers, bairros e centros da cidade,
durante a crise maior da pandemia, os consumidores passaram a navegar
por lojas virtuais como a Plataforma Comercial Valeon. Mesmo aqueles que
tinham receio de comprar online, se viram obrigados a enfrentar essa
barreira. Se os consumidores estão na internet, é onde seu negócio
também precisa estar para sobreviver à crise e continuar prosperando.
É importante você divulgar a sua loja na internet com a ajuda
do Site da Startup Valeon, que no caso não é uma despesa a mais e sim
um investimento para alavancar as suas vendas. Desse modo, o seu
processo de vendas fica muito mais profissional, automatizado e
eficiente. Além disso, é possível a captação de potenciais compradores e
aumentar o engajamento dos seus clientes.
Não adianta pensar dessa forma: “Eu faço assim há anos e deu
certo, porque eu deveria fazer diferente? Eu sei o que preciso fazer”. –
Se você ainda pensa assim, essa forma de pensar pode representar um
grande obstáculo para o crescimento do seu negócio, porque o que trouxe
você até aqui é o que você já sabe e não será o que levará você para o
próximo nível de transformação.
O que funcionava antes não necessariamente funcionará no
futuro, porque o contesto está mudando cada vez mais rápido, as formas
como os negócios estão acontecendo são diferentes, os comportamentos dos
consumidores está se alterando, sem contar que estão surgindo novas
tecnologias, como a da Startup Valeon, que vão deixar para trás tudo
aquilo que é ineficiente.
Aqui, na Startup Valeon, nós sempre questionamos as formas de
pensar e nunca estamos totalmente satisfeitos com o que sabemos
justamente por entender que precisamos estar sempre dispostos a conhecer
e aprender com o novo, porque ele será capaz de nos levar para onde
queremos estar.
Mas, para isso acontecer, você precisa estar disposto a
absorver novas formas de pensar também e não ficar amarrado só ao que
você já sabe.
Se este for seu caso, convido você a realizar seu novo começo
por meio da nossa forma de anunciar e propagar a sua empresa na
internet.
Todos eles foram idealizados para você ver o seu negócio e a
sua carreira de uma forma completamente diferente, possibilitando levar
você para o próximo nível.
Aproveite essa oportunidade para promover a sua próxima transformação de vendas através do nosso site.
Então, espero que o seu “não” seja uma provocação dizendo para nós da Startup Valeon – “convença-me”.
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O tamanho da ajuda federal ao Rio Grande
do Sul ainda é uma incógnita diante do fato de que a tragédia está em
andamento. Municípios inteiros seguem debaixo d’água, inviabilizando a
mensuração dos prejuízos, e a perspectiva de novas chuvas na região
desperta o temor de que a crise se estenda.
Bases de dados do próprio estado estão fora do ar e dificultam o
trabalho de pesquisadores locais que receberam a tarefa de tentar
calcular o estrago para a economia gaúcha.
O Executivo federal também enfrenta obstáculos para mapear as
necessidades diante da prioridade máxima dos órgãos locais em resgatar
quem segue ilhado.
Uma das frentes de trabalho é estruturar a busca de famílias que não
estão no Cadastro Único, mas muito provavelmente se tornarão
público-alvo do Bolsa Família após perder emprego, renda e bens
materiais.
Os desafios são variados. Faltam dados, equipamentos públicos foram
inundados, e as famílias que podem vir a receber o benefício tiveram
seus documentos carregados pela água.
Nas reuniões virtuais convocadas pelo governo federal para discutir o
plano de ação nessa área, a fala dos assistentes sociais gaúchos é
frequentemente interrompida pelo choro diante de uma tragédia da qual,
não raro, também são vítimas.
A ministra Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) viajou ao Rio
Grande do Sul nesta quarta-feira (8) e disse que “não há limite para os
gastos públicos que forem necessários” para combater a calamidade e
reconstruir o estado.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) propôs e o Congresso
aprovou um decreto de calamidade para facilitar a liberação de verbas.
Há a expectativa de lançamento de medidas nos próximos dias, com linhas
de crédito subsidiadas para empresas e famílias, suspensão da dívida do
estado com a União e repasses.
No Ministério da Fazenda, há uma preocupação em desenhar políticas
focalizadas e demonstrar que a calamidade gaúcha não será usada como
oportunidade para gastar mais e de forma generalizada –uma desconfiança
que já se instalou no mercado financeiro.
O problema é que ninguém consegue, neste momento, estimar o tamanho
do prejuízo nem qual pode ser a necessidade de ajuda da União ao estado e
às prefeituras.
A CNM (Confederação Nacional dos Municípios) divulgou na terça-feira
(7) um primeiro levantamento indicando estragos de R$ 4,6 bilhões nos
setores público e privado. Um dia depois, o valor foi atualizado a R$
6,3 bilhões e deve subir ainda mais.
“É muito difícil fazer qualquer afirmação neste momento [sobre
estimativas]”, diz Claudio Frischtak, ex-economista do Banco Mundial e
presidente da Inter.B, consultoria especializada em infraestrutura.
Porém, ele propõe um exercício que pode dar uma dimensão do problema.
O estoque de capital em infraestrutura no Brasil equivale hoje a 36%
do PIB (Produto Interno Bruto). Traçando um paralelo com a participação
do Rio Grande do Sul na economia nacional e na população, ele assume que
o território gaúcho reúne 5% desse estoque –ou cerca de 1,9% do PIB.
Se metade disso tiver sofrido danos severos, o prejuízo poderia ficar entre R$ 90 bilhões e R$ 100 bilhões.
“É [uma conta] preliminar? É. Mas já começa a dar uma ideia do
tamanho do buraco. Porque isso não inclui infraestrutura social [como
escolas e hospitais]. Não inclui a infraestrutura urbana [vias dentro da
cidade]. Nisso não está incluído a casa das pessoas, as fábricas. Vai
ser muito mais baixo isso? Não vejo. Pode ser muito mais alto? Sim”, diz
Frischtak.
Integrantes da equipe do ministro Fernando Haddad (Fazenda) veem as
cifras com certo ceticismo e avaliam que o custo não chegará a um décimo
da estimativa.
O economista da ASA Investments Jeferson Bittencourt, que foi
secretário do Tesouro Nacional entre abril e outubro de 2021 –durante a
pandemia de Covid-19–, diz que é possível traçar paralelo, apesar das
naturezas distintas das tragédias.
“Primeiro o governo tenta conter o dano, dando liquidez. Antecipa
recursos a que as pessoas já têm direito, como 13º, restituição do
Imposto de Renda, abono salarial. Faz empréstimos. Depois ele percebe
que tem uma questão de solvência, das prefeituras, das empresas, das
famílias. Aí o governo vai tendo que transferir dinheiro novo”, diz
Bittencourt.
O governo já começou a antecipar benefícios e liberou o saque do FGTS
(Fundo de Garantia do Tempo de Serviço). São R$ 2,9 bilhões em medidas
de alívio aos trabalhadores. Na assistência, as antecipações e a injeção
de verba extra devem somar outro R$ 1,3 bilhão.
Para Bittencourt, a principal fonte de dúvida hoje é o valor
necessário para reconstruir hospitais, unidades de saúde, escolas, entre
outros. “Tem muita coisa submersa”, diz. Ele cita como possibilidade um
custo de R$ 20 bilhões nessa frente.
A suspensão da dívida do estado com a União deve custar entre R$ 3
bilhões e R$ 4 bilhões. O ex-secretário ainda vê possíveis demandas de
até R$ 9 bilhões para o compensar a arrecadação perdida pelo estado com a
paralisação de empresas e até R$ 15 bilhões caso o governo federal
decida pagar auxílios às famílias.
O total poderia ficar perto de R$ 50 bilhões. Bittencourt diz que o
crítico neste momento é evitar que outros estados ou setores peguem
carona nas flexibilizações de políticas.
COMO DEVE SER A AJUDA AO RIO GRANDE DO SUL
Medidas em fase de elaboração:
Linha de crédito subsidiada para famílias e empresas dos municípios gaúchos em calamidade
Suspensão da dívida do governo do Rio Grande do Sul com a União
Repasse extra de recursos em diversas frentes
Medidas já anunciadas ou implementadas:
Decreto legislativo reconhecendo calamidade em decorrência das
enchentes, para facilitar a liberação de verbas fora das regras fiscais
Adiamento do CNU (Concurso Nacional Unificado) e de ao menos 17 outros processos seletivos do setor público
Prazo maior, até 31 de agosto, para enviar declaração do Imposto de Renda
Saque emergencial do FGTS, limitado a R$ 6.220 por conta vinculada (conforme saldo disponível)
Pagamento de duas parcelas extras do seguro-desemprego
Antecipação do abono salarial
Antecipação de benefícios previdenciários do INSS, pensões e BPC (Benefício de Prestação Continuada)
Quebra do escalonamento do calendário do Bolsa Família (todas as
famílias poderão sacar o dinheiro no primeiro dia de pagamento, 17 de
maio)
Suspensão temporária do recolhimento de tributos federais devidos por
médias e grandes empresas, do recolhimento mensal de MEIs
(microempreendedores individuais) e de companhias do Simples Nacional e
da contribuição dos empregadores ao FGTS (o pagamento será cobrado em
meses posteriores)
Suspensão temporária da cobrança de dívidas com Banco Central e PGFN (Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional)
Pausa de até três meses no financiamento habitacional com a Caixa
Pausa em financiamentos com bancos públicos e privados e renegociação de dívidas
O partido Novo apresentou uma notícia-crime na Procuradoria-Geral da
República contra os ministros Ricardo Lewandowski, da Justiça, e Paulo
Pimenta, da Secretaria de Comunicação (Secom), em razão da abertura de
um inquérito para apurar supostas notícias falsas sobre a tragédia
causada pelas chuvas no Rio Grande do Sul. A sigla pede que os ministros
sejam investigados por abuso de autoridade.
“Não há qualquer demonstração da prática de crime pelos ora
representados, mas sim a disseminação de informações e/ou a realização
de críticas políticas ao governo federal e às instituições públicas em
relação à omissão ou à falta de eficiência na adoção de providências de
socorro à população gaúcha”, escreveram os advogados do partido. A ação
tem como autores o ex-deputado federal Deltan Dallagnol, cujo mandato
foi cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e o presidente do
Novo, Eduardo Ribeiro.
O inquérito para apurar a disseminação de notícias falsas foi aberto
por Lewandowski a pedido de Pimenta. O ofício elaborado pela Secom elege
12 contas no Instagram, no Tik Tok e no X (antigo Twitter) que teriam
divulgado desinformação. Entre os alvos do inquérito estão o deputado
federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), o coach Pablo Marçal (PRTB-SP) e o
senador Cleitinho (Republicanos-MG).
“Destaco com preocupação o impacto dessas narrativas na credibilidade
das instituições como o Exército, FAB, PRF e Ministérios, que são
cruciais na resposta a emergências. A propagação de falsidades pode
diminuir a confiança da população nas capacidades de resposta do Estado,
prejudicando os esforços de evacuação e resgate em momentos críticos. É
fundamental que ações sejam tomadas para proteger a integridade e a
eficácia das nossas instituições frente a tais crises”, escreveu Pimenta
no ofício.
Em reunião no Planalto nesta terça-feira, 7, Pimenta chegou a dizer
que é preciso prender os responsáveis. Segundo o ministro, é preciso
“botar para f… com os caras” que divulgam fake news. Um interlocutor da
reunião então pergunta: “Mandar prendê-los?”. Pimenta, então, responde:
“Manda prender, não aguento mais fake news”.
Entre as publicações consideradas mentirosas pelo governo Lula está
um tuíte feito por Eduardo Bolsonaro no último domingo, 5. Na
publicação, o deputado compartilha uma reportagem feita pelo jornal
Folha de S. Paulo com o título “Após 4 dias de chuvas, governo Lula
autoriza envio da Força Nacional para o RS” e dispara: “Falta humanidade
neste DESgoverno Lula”. Na peça, a Secom não explica o motivo da
postagem ter sido considerada falsa. “Eduardo Bolsonaro criticou a ajuda
do Governo Federal ao Rio Grande do Sul, ao mencionar que o governo
levou quatro dias para enviar reforços a região”, escreveu Pimenta.
A Secom também cita perfis que compartilharam críticas ao show da
Madonna no Rio de Janeiro e que afirmavam que nove pessoas teriam
morrido em uma UTI do Hospital de Pronto Socorro de Canoas (RS) em razão
de uma suposta demora do Exército. A informação falsa, no entanto,
havia sido divulgada pelo próprio prefeito da cidade, Jairo Jorge (PSD),
e corrigida horas depois. Na verdade, a UTI tinha 13 pessoas e, dessas,
duas morreram. O chefe do Executivo municipal não é incluído no
relatório da Secom.
Outra fake news citada pelo governo federal na peça foi divulgada
pelo coach Pablo Marçal. Ele alegou que caminhões com doações para
vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul estariam sendo retidos pela
Secretaria da Fazenda do Rio Grande do Sul (Sefaz-RS) para cobrança de
nota fiscal e ICMS. Conforme mostrou o Estadão Verifica, não há ações de
fiscalização que impeçam o transporte de doações para os municípios
atingidos pelas chuvas. As Secretarias da Fazenda do Rio Grande do Sul e
de Santa Catarina, o governo gaúcho e a Polícia Rodoviária Federal
afirmaram que não há retenção de veículos na Receita. Uma conta no X
(antigo Twitter) que publicou relatos sobre caminhões retidos em postos
fiscais também disse que os veículos foram liberados algumas horas
depois do ocorrido.
“Precisamos parar de aceitar que as opiniões das pessoas sejam
criminalizadas e tratadas como desinformação. Isso é normalizar um
câncer que vai dragar a liberdade de expressão, de imprensa e de
protesto no país. Não importa se as opiniões estão certas ou erradas, ou
se são justas ou injustas: não cabe ao governo federal dizer o que as
pessoas devem pensar, sentir e dizer”, avalia Dallagnol, um dos autores
da ação do Novo.
A estrela pop embolsou um cachê milionário por duas horas de
playback. O fato de ela ter abanado a bandeira do Brasil no palco é
interpretado como um acerto de contas com a direita. Sério?Sempre gostei
do dito “O patriotismo é o último refúgio do canalha”. Talvez pelo fato
de eu – como muitos alemães, por causa da nossa história – ter
problemas com o patriotismo exacerbado, e ainda mais com o nacionalismo.
A frase, de acordo com a Wikipédia, é atribuída ao inglês Samuel
Johnson. Lá consta, ainda, que a crítica não é ao “amor real e generoso”
pela pátria, mas ao “pretenso patriotismo que tantos, em todas as
épocas e países, têm usado como um manto para os próprios interesses”.
Em nenhum outro campo o dito de Johnson se aplica tanto quanto na
política. Pois cada um pode definir para si mesmo – dependendo do que
convenha à agenda política pessoal no momento – o que quer dizer
concretamente o tal patriotismo, e o que se deve fazer ou deixar de
fazer para ser visto como patriota.
Também no Brasil o patriotismo e seus símbolos – a bandeira nacional e
a camisa da Seleção – são empregados como o instrumento com que o
Flautista de Hamelin atraiu os ratos e as crianças. Toda vez que um
político apela para o patriotismo, fico pensando que ele não tem mas
nenhum outro bom argumento.
Entendo bem a irritação de muitos de meus conhecidos e amigos, que
bem gostariam de torcer pela Seleção no futebol, mas que não suportam
mais as camisas amarelas por evocarem associações com a direita, que não
perde oportunidade de desfilar com esse uniforme e a bandeira
brasileira.
Mas agora, dizem, a cantora Madonna resgatou dos direitistas os
símbolos nacionais. Depois do show de duas horas no Rio de Janeiro, as
cores voltaram a representar um Brasil inclusivo e tolerante. Isso seria
realmente uma façanha incrível por parte da cantora: abanou um
pouquinho com a bandeira e tudo está bem de novo. Soa um pouco como
pensamento mágico infantil.
Quando eu era jovem, achava a Madonna realmente o máximo: boas
canções, e eu e os meus amigos éramos todos loucos por ela. Nos anos 90,
eu pulava pelas discotecas ao som da sua música. Nos últimos 25 anos,
porém, infelizmente a gente se afastou. A última canção dela que achei
boa era na verdade do Abba: Hung up. Mas tudo bem.
Madonna sempre foi uma personagem artificial. Compreendo que ela
queira continuar fazendo o mesmo número – embora eu mesmo não consiga
conceber como, aos 65 anos, ela continua fazendo o possível e o
impossível para parecer que tem 20.
Eu podia achá-la fantástica como modelo para uma forma saudável e
positiva de encarar o inevitável envelhecimento. Mas não sou grande
entendedor de personagens artificiais. Além disso, é algo que cabe a
cada um decidir por si.
Quando o grátis sai caro
Fui igualmente ingênuo ao ouvir que a estrela pop daria um show de
graça na praia de Copacabana. De fato, achei que ela ia pagar tudo do
próprio bolso: um gesto bacana para os fiéis fãs brasileiros, por
ocasião de seu jubileu de 40 anos no palco, pensei eu. Claro que ela ia
pagar tudo: eu também financiei o meu aniversário de 40 anos. E ela,
enquanto cantora mais rica de todo o mundo, sem dúvida pode arcar com
uma festa, sem o menor problema.
Errado: R$ 10 milhões saíram dos cofres municipais vazios; outros R$
10 milhões, dos ainda mais vazios cofres do estado do Rio de Janeiro,
que para isso teve que contornar suas regras de recuperação fiscal.
E o resto dos R$ 60 milhões que custou o espetáculo, em parte pagamos
eu e milhões de outros cidadãos que têm conta no maior patrocinador do
evento, o Banco Itaú. Ao que consta, Madonna recebeu R$ 17 milhões pela
apresentação. Nada mal, para duas horas de playback.
O fato de ela ter feito a TV Globo transmitir beijos, seios femininos
nus e cenas de masturbação provavelmente fez corar parte dos
telespectadores. Mas quem assistia à MTV nos anos 80 já conhecia isso.
Portanto, tudo no campo do previsível: afinal de contas, supostas
quebras de tabu são a essência da arte da Madonna e do seu sucesso
comercial. E a Globo embolsa um lucro de R$ 50 milhões pela transmissão
das bem calculadas quebras de tabu. Também nada mal.
Inusual, mas, ainda assim, também calculado, foi o comentário da
Madonna sobre as cores da bandeira brasileira: “That green and yellow
flag I see everywhere… I feel it in my heart, I feel it in my pussy”
(“Aquela bandeira verde-e-amarela que eu vejo por toda parte… Eu sinto
no meu coração, eu sinto na minha vulva”).
Será que isso vai gerar um mal-estar entre os Bolsonaros e companhia,
da próxima vez que eles desfilarem com a bandeira nacional?
Então: não achei fora do comum a aparição com camisa verde-e-amarelo e
bandeira. Isso já faz parte, toda vez que um/a artista estrangeiro/a se
apresenta no Brasil. Ela/es sabem como conquistar o público. Pois não
só os populistas de direita usam esse manto para os próprios interesses:
também artistas como a loura Madonna, que fazem os trouxas pagarem pela
própria festa.
Thomas Milz saiu da casa de seus pais protestantes há quase 20 anos e
se mudou para o país mais católico do mundo. Tem mestrado em Ciências
Políticas e História da América Latina e, há 15 anos, trabalha como
jornalista e fotógrafo para veículos como a agência de notícias KNA e o
jornal Neue Zürcher Zeitung. É pai de uma menina nascida em 2012 em
Salvador. Depois de uma década em São Paulo, mora no Rio de Janeiro há
quatro anos.
O texto reflete a opinião do autor, não necessariamente da DW.
Em julho daquele ano, a cantora desembarcou em Roma para uma
apresentação e a confirmação da chegada da artista gerou muito
burburinho. Uma série de protestos teve início com grupos e associações
privadas de católicos.
Pouco tempo depois, o Papa João Paulo II convocou um boicote dos
católicos ao show, que chamou de “circo do diabo” e “um dos shows mais
satânicos da história da humanidade”.
Descendente de italiano, Madonna iniciou o discurso com uma
celebração às raízes. “Orgulho de ser americana porque é o país onde
cresci, o país que me deu as oportunidades de ser quem sou hoje e um
país que acredita na liberdade de expressão e na expressão artística”,
disse ela.
Madonna pediu o fim da tentativa de boicote à sua apresentação. “Se
você tem certeza de que sou uma pecadora, então quem não pecou atire a
primeira pedra. Se você não tem certeza, então eu imploro a você, como
homens e mulheres justos da Igreja Católica que adoram um Deus que ama
incondicionalmente, que vejam meu show e então me julguem”, solicitou.
A cantora explicou o conceito provocador que a acompanharia durante
toda a carreira e comparou seus espetáculos a uma peça de teatro. “E tal
como o teatro, faz perguntas, provoca pensamentos e leva-o numa viagem
emocional, retratando o bem e o mal, a luz e as trevas, a alegria e a
tristeza, a redenção e a salvação. Não endosso um modo de vida, mas
descrevo um, e o público é deixado a tomar as suas próprias decisões e
julgamentos. Isto é o que considero liberdade de expressão, liberdade de
expressão e liberdade de pensamento”, refletiu.
Por fim, Madonna expôs de forma direta como interpretava a tentativa
de boicote. “Para me impedir de fazer o meu espetáculo, vocês, a Igreja
Católica, estão dizendo que não acreditam nessas liberdades. Se você não
acredita nessas liberdades você está aprisionando a mente de todos.
Quando uma mente está aprisionada, nossa luz espiritual morre. Quando o
espírito morre não há razão para viver”, disparou.
Madonna se apresentou no Estádio Flamínio em 10 de julho de 1990 com
ingressos esgotados, para um público de 30 mil pessoas. A apresentação
agendada para o dia seguinte, no entanto, foi cancelada por conta da
onda de protestos.
Pesquisa realizada em 33 países pela Ipsos avalia a percepção da população com relação ao meio ambiente
Sete em cada dez pessoas no Brasil e no mundo acreditam que “se todos
fizessem pequenas mudanças em suas vidas cotidianas, isso poderia ter
um grande impacto no combate às mudanças climáticas”, diz a pesquisa
Earth Day 2024.
Esse consenso, no entanto, varia entre as gerações e gêneros, diz o
levantamento realizado pela Ipsos, empresa de pesquisa de mercado
independente, com quase 25 mil pessoas em 33 países, sendo cerca de
1.000 respondentes no Brasil.
Embora as pessoas mais jovens costumem ser mais otimistas do que as
pessoas mais velhas numa série de questões, a pesquisa global conclui
que as mudanças climáticas parecem ser a exceção à regra.
Responderam positivamente à pergunta sobre se todos fizessem mudanças
individuais nas suas rotinas e hábitos isso causaria um grande impacto
no alívio à crise climática, 73% dos Boomers (geração nascida entre 1945
e 1964), 71% da Geração X (1965 até 1980), 68% dos Millennials ou
Geração Y (nascidos entre 1982 e 1994) e 63% da Geração Z (nascidos
entre 1995 e 2010).
As empresas, governos e demais organizações que estão elaborando
estratégias de ação climática podem precisar ajustar anúncios e
mensagens para uma linguagem que envolva melhor os funcionários,
clientes e fornecedores mais jovens.
Homens da geração Y e da geração Z são o grupo mais apático e
fatalista sobre as mudanças climáticas em comparação com as gerações
anteriores e as mulheres. Três em cada dez dizem que “já é tarde demais”
para enfrentar as alterações climáticas e acham que não podem fazer
diferença, se sentindo particularmente impotentes.
Proporções semelhantes de homens jovens acreditam que “não faz
sentido mudar o seu próprio comportamento para enfrentar o clima mudar
porque não vai fazer alguma diferença de qualquer maneira”.
Além disso, mesmo com o maior volume de reportagens sobre recordes de
calor, inundações e incêndios relacionados à crise climática nos
últimos anos, homens millennials e os homens da geração Z também são o
grupo de corte da pesquisa mais suscetível a acreditar que “o impacto
negativo das alterações do clima está muito distante no futuro para eles
se preocuparem”.
Mas a maioria das pessoas em todos os países pesquisados, com exceção
da Índia, pensa que não é tarde demais para enfrentar as alterações
climáticas. No entanto, a pesquisa descobriu que as pessoas não têm
conhecimento sobre quais ações individuais têm o maior impacto.
A conclusão mostra que há trabalho a fazer para comunicar quais as
ações que possuem maior impacto no corte de emissões e como fazê-las.
Para 37% dos entrevistados, ter acesso fácil a mais informações os
encorajaria a tomar mais medidas.
Governos
O número de pessoas que pensam que o seu governo tem um plano claro
para combater as mudanças climáticas diminuiu desde 2022. No Brasil, 73%
acreditam que o governo federal deveria intensificar seus esforços no
combate às mudanças climáticas.
Na média global, 63% das pessoas acreditam que seus países deveriam
fazer mais. Indonésia, China e Tailândia são os países onde mais pessoas
acreditam que seus governantes deveriam intensificar as ações.
Moradores da Alemanha, Holanda e Japão são os que menos concordam com
a necessidade de fazer mais para combater as mudanças climáticas. O
Brasil ocupa a 8º posição nesta lista. E a margem de erro para as
respostas no Brasil é de 3,5 pontos percentuais.
Para 40% dos brasileiros, o Brasil já é um líder mundial na luta
contra as mudanças climáticas. As nações com maiores índices de
concordância são China (75%), Índia (73%), e a Indonésia (54%), enquanto
os países com menores índices são Japão (12%), Romênia (10%) e Hungria
(9%).
Globalmente, o levantamento também revela que 63% acreditam que
países desenvolvidos, como os Estados Unidos, Reino Unido, Canadá,
Alemanha e França, devem pagar mais para resolver o problema climático,
dada sua maior responsabilidade histórica na produção de emissões de
carbono.
Mas quando questionados sobre “não podemos enfrentar plenamente as
alterações climáticas a menos que todos os países trabalhem em
conjunto”, três a cada quatro pessoas (74%) no mundo acreditam que todos
os países devem trabalhar juntos na resolução deste problema.
Empresas
Quase três em cada cinco pessoas concordam que se as empresas do seu
país não agirem agora para combater as alterações climáticas, estão
falhando com seus funcionários e clientes, com um consenso geral entre
as gerações sobre isso.
As marcas que falam e tomam medidas para combater as alterações
climáticas estão fazendo o que a maioria das pessoas espera, desde
estudantes iniciantes até veteranos e veteranas experientes.