No vasto e complexo mundo da criação, a figura materna é o epicentro
da congregação dos elementos necessários para dar origem a vida. O
surgimento de um novo ser não se dá por antagonismo, mas sim pela
convergência de elementos compatíveis que se combinam e unem-se.
A associação destes inúmeros fatores, eclodem das forças naturais. O
eletromagnetismo feminino atrai exatamente aquele ser apto para o laço
familiar evolutivo. Semelhante a uma turbina de geração energética,
magnetizando de forma seletiva a fisiologia e a paragenética, resultando
em uma herança de si mesmo. Isso decorre do acúmulo de experiências,
aprendizados e tendências capazes de influenciar a manifestação de uma
nova consciência, emergindo assim uma nova vida física e intrafísica.
Em outras palavras, o ventre materno é como um santuário, onde as
correntes espirituais atuam. Ali é formado um refúgio, um abrigo sob as
asas da proteção Divina. Nesse ambiente acolhedor, as linhas do destino
se incorporam com as fibras da alma, iniciando a transformação da
existência.
Nesse sagrado convívio, somos envolvidos por um amor que transcende
os limites do tempo e do espaço, uma essência que nos guia e nos protege
em todas as etapas da vida. Como seres luminescentes, refletimos a luz
materna, assimilando os ensinamentos sublimes que moldam nossos
caminhos.
Assim, reiniciamos a jornada que nos levará a “habitar no esconderijo
do Altíssimo”, encontrando a segurança necessária nos braços
Celestiais. Em uma dança eterna de amor e gratidão, pais e filhos se
unem, entrelaçando os fios dourados do destino em uma harmonia que ecoa
através dos tempos.
Veja as considerações dos especialista em gestão de empresas Aleksander Avalca e Renan Kaminski da 4blue.
O modelo de negócio de franquia tem desempenhado um papel fundamental
no cenário econômico brasileiro, moldando o panorama empreendedor das
últimas décadas. No entanto, surge a questão: as franquias ainda
representam um investimento viável? Para fornecer uma análise abrangente
sobre o tema, vamos explorar as considerações dos especialistas em
gestão de empresas, Aleksander Alalca e Renan Kaminski, da 4blue.
As franquias no Brasil não são apenas uma moda passageira, mas uma
resposta a uma série de fatores econômicos e sociais. Com o aumento do
poder de compra da classe média, o mercado de consumo se expandiu,
criando uma demanda por novos negócios e oportunidades de investimento.
As franquias surgiram como uma solução, oferecendo um modelo de negócio
comprovado e suporte estratégico para empreendedores em potencial.
“As franquias são um grande atrativo porque você compra um modelo de
negócio pronto e só precisa colocar em prática. Isso não é tão simples
quanto parece, mas com certeza é um caminho mais curto do que começar
tudo do zero. Além disso, hoje existem franquias de todos os valores,
então ficou mais acessível”- Aleksander Avalca
O sucesso das franquias no Brasil é inegável, evidenciado pela
diversidade e abrangência do setor. Desde alimentação e moda até
serviços automotivos e tecnologia, diversos setores encontraram espaço
dentro desse modelo de negócio. Grandes marcas, tanto nacionais quanto
internacionais, viram nas franquias uma forma eficaz de expandir sua
presença no mercado brasileiro, aproveitando o conhecimento local e
reduzindo os riscos associados à entrada em novos mercados.
No entanto, o rápido crescimento do mercado de franquias também
trouxe desafios significativos. A competição entre as marcas,
especialmente em setores saturados, é um obstáculo constante para os
franqueados. Além disso, as mudanças no comportamento do consumidor e no
ambiente de negócios exigem que as franquias estejam constantemente
inovando e se adaptando para manter sua relevância no mercado.
“Mesmo com muitas oportunidades, é preciso ter muito cuidado, porque o
empreendedor precisa estudar a fundo o modelo de negócio apresentado e
também o local onde ele deseja abrir. Uma franquia pode funcionar bem em
uma cidade ou bairro, mas em outro pode ir muito mal. Então, mesmo que
você compre um modelo de negócio pronto, não dá pra deixar de lado
aspectos básicos da gestão, como buscar conhecer quem é o seu cliente
ideal para abrir o negócio perto deles e também usar estratégias para
encantar esse cliente e fidelizar. Só assim um negócio vai pra frente,
sendo franquia ou não! – Renan Kaminski
Apesar desses desafios, as franquias continuam a desempenhar um papel
vital na economia brasileira. Elas geram empregos, estimulam o
empreendedorismo e contribuem para o desenvolvimento econômico em todo o
país. No entanto, a decisão de investir em uma franquia não deve ser
tomada de ânimo leve. Existem considerações importantes a serem feitas,
tanto em termos de benefícios quanto de desafios.
As franquias oferecem uma série de vantagens para empreendedores em
potencial. Primeiramente, a associação a uma marca reconhecida pode
impulsionar a atração de clientes, proporcionando uma base sólida para o
sucesso do negócio. Além disso, o modelo de negócio já testado reduz os
riscos inerentes ao empreendedorismo, oferecendo uma estrutura
comprovada para seguir adiante.
Outro ponto a favor é o suporte e treinamento contínuos fornecidos
pelas franqueadoras. Essa assistência ajuda os franqueados a alcançarem o
sucesso de forma mais rápida e eficiente, enquanto a rede de suporte
permite o compartilhamento de conhecimentos e experiências com outros
empreendedores na mesma situação.
“Quando o empreendedor escolhe uma franquia que dá o suporte
necessário e realmente se importa com o desenvolvimento dos seus
franqueados, a chance de dar certo é muito maior, por isso é muito
essencial fazer uma investigação completa antes de investir o seu
dinheiro. Vale a pena até perguntar para outros empreendedores que já
possuem lojas da franquia que você quer abrir. Porque se você não tem o
suporte necessário, pode virar um pesadelo.” Aleksander Avalca
Entretanto, é importante considerar também os aspectos negativos das
franquias. Os custos iniciais podem ser substanciais, incluindo taxas,
royalties e despesas operacionais, o que pode representar um desafio
financeiro significativo para alguns empreendedores.
Além disso, a falta de flexibilidade é uma desvantagem importante, já
que os franqueados devem aderir às diretrizes da franqueadora,
limitando sua capacidade de tomar decisões independentes. A dependência
da franqueadora para suporte e orientação também pode ser um obstáculo,
especialmente se a empresa-mãe enfrentar problemas internos.
Outras preocupações incluem a competição acirrada entre unidades da
mesma franquia, que pode dificultar a conquista de uma fatia
significativa do mercado, bem como a possível saturação do mercado em
alguns setores, o que pode comprometer o sucesso financeiro dos
franqueados a longo prazo.
A decisão de investir em uma franquia deve ser cuidadosamente
ponderada, levando em consideração tanto os prós quanto os contras.
Autor: Virgilio Marques dos Santos, sócio-fundador da FM2S Educação e Consultoria
No dia 30 de abril, tomei conhecimento dos resultados prévios sobre a
experiência de empresas no Brasil que adotaram a jornada reduzida da
famosa semana de 4 dias. Segundo o relatório divulgado pela própria
iniciativa, 4DayWeek, melhorias no comportamento e na produtividade dos
funcionários são algumas das primeiras impressões das instituições
participantes. Lendo essa informação, fiquei curioso e apreensivo.
Dados apontam que 22 empresas e “cerca de” 280 colaboradores
participaram, mas uma já desistiu. E o grupo controle? Houve algum grupo
de 22 empresas e o mesmo número de colaboradores que não entraram no
projeto? Pelo que vi, não.
O relatório cita, brevemente, que a pesquisa teve entrevista
qualitativa e questionário quantitativo ao longo do processo – a partir
do início da metodologia até o momento, de setembro de 2023 a abril de
2024.
O site da iniciativa diz, em seu FAQ, que as métricas são medidas de
acordo com referências já estabelecidas em cada empresa. Ou seja, cada
uma ao seu modo. Esta falta de detalhamento e de padronização me
preocupa – e friso que estou olhando sob a ótica da ciência, cuja
aplicação nesse tipo de estudo exige muito preparo.
Resultados prévios
Segundo os pesquisadores, constatou-se que 61,5% das companhias
notaram avanço na execução de projetos. E, em 58,5%, se obteve mais
criatividade na realização das atividades.
Mas como medir o avanço na execução de projetos? E como atribuir o
avanço exclusivamente à semana de 4 dias? O mesmo pode-se dizer da
medição de criatividade.
Estudo criatividade há tempos e até a sua definição abre espaço para
discussão. Em um artigo de 2018, a professora Tatiana Nakano explica a
dificuldade para se medir a criatividade. Em sua conclusão, ela cita o
estudo de Kyung Hee Kim (2011): “ao se abordar a possibilidade de
avaliar a criatividade e os diferentes métodos, técnicas e instrumentos
disponíveis, cuidado deve ser tomado em relação ao fato de que, ao
tentar medir um construto tão complexo, a criatividade acaba, muitas
vezes, sendo erroneamente tomada como um domínio geral, passível de ser
avaliado por meio de um único instrumento”.
No caso, pelo dado solto fornecido pelo estudo da semana de 4 dias,
não há menção, no relatório oficial, nem sobre a técnica utilizada, nem
como isso foi aferido. Se existe, sem dúvida o método científico deveria
constar na publicação, já que assegura a validade do estudo e a
confiabilidade de seus dados e técnicas empregadas, protegendo-o de
subjetividades – e demonstrando, inclusive, suas limitações, algo
natural na ciência.
Sendo assim, poderíamos imaginar que as pessoas apenas responderam a
questionários do tipo: “na sua percepção, a execução dos projetos
melhorou?”; “você sente seu time mais criativo nesse período?”; e
respostas assim podem ser enviesadas só pelas perguntas e estão longe de
garantir que algo realmente aconteceu.
A divulgação segue afirmando que cerca de 58% dos funcionários
beneficiados afirmam que passaram a conciliar melhor a vida pessoal e a
profissional após o projeto. Em seguida, menciona, dentre outras
porcentagens:
● Aumento de 78,1% na disposição para momentos de lazer;
● 50% reduziram os sintomas de insônia;
● 62,7%, reduziram o estresse no trabalho;
● 64,9% se sentem menos desgastados no final do dia; e
● 56,5% não estão frustrados como antigamente.
Ou seja, só sucesso, pelos resultados preliminares.
Agora, como medir a conciliação entre vida profissional e pessoal?
Disposição para momentos de lazer? Sintomas de insônia? Enfim, todas
variáveis cuja medição é bem complicada. Poderíamos medir o nível de
energia e sono dos participantes por meio de pulseiras e relógios que
inferem um valor de 0 a 100 baseando-se na frequência cardíaca e suas
variações; mas será que foi feito?
Como foram isolados os efeitos de variáveis externas ao estudo? Por
exemplo, se a empresa bateu meta ou se distribuiu lucro, isso foi
retirado do estudo, para que haja a certeza de que o estresse diminuiu
(ou o sono melhorou) unicamente por causa da semana mais curta? Como
dizia meu orientador de doutorado: a ciência avança conforme o sistema
de medição avança. Ou a famosa frase, atribuída ao Peter Drucker: se não
podemos medir, não podemos gerenciar e nem melhorar.
Portanto, caros leitores, mesmo tendo em mente que trabalhar um dia a
menos seja melhor para nossas vidas, se quisermos transformar isso em
ciência, precisamos de rigoroso método científico – o que vale para
pesquisas qualitativas e quantitativas.
Caso contrário, estamos falando em um estudo sobre percepções de 205
participantes, dos 280, que responderam ao questionário. E, assim, o
máximo que podemos provar é que, para aquele conjunto de dados, a
percepção foi de melhora. Enfatizo a palavra percepção, pois por meio
dela eu garanto que essa melhora está circunspecta ao grupo que
preencheu o questionário. Embora saibamos que é um projeto piloto, é
necessário ter cautela na forma como os dados são divulgados à
sociedade, por meio de notícias e redes sociais.
Efeito Hawthorne
Saindo um pouco dos entraves metodológicos, podemos perpassar pelos
desafios já conhecidos durante a realização de estudos desse tipo. O
mais famoso, o efeito Hawthorne. Esse é o nome dado ao fenômeno que
ocorre quando as pessoas se comportam de forma diferente porque sabem
que estão sendo observadas. Por exemplo, os trabalhadores podem aumentar
ou diminuir a sua produtividade em resposta à atenção que recebem.
Essa conclusão ficou famosa depois que o time de pesquisadores
aumentou a luminosidade na linha de produção e observou um aumento na
produtividade. Desconfiado do resultado, o pesquisador chefe resolveu
reduzir em outra área a produtividade, explicando que os estudos
mostravam que um pouco mais escuro era melhor.
Após o teste, tanto os trabalhadores que estavam no ambiente mais
iluminado como no mais escuro melhoraram significativamente sua
produtividade. Conclusão: o sentir-se observado/assistido era um fator
de impacto maior na produtividade do que a alteração na luminosidade.
Olhando para a pesquisa dos 4 dias, penso algo semelhante. Por que
não fazer um desafio de 6 dias, por exemplo, aumentando os salários de
forma proporcional? Inclusive, aparentemente na contramão desse
movimento, temos o caso recente da Samsung, que deverá adotar a semana
de 6 dias para executivos na Coreia do Sul.
Será que a percepção dos colaboradores também não será positiva? Se,
em 1927, os estudos realizados pela Western Electric Company, em
Chicago, do efeito Hawthorne, foram tão relevantes, por que não esperar
que o atual não faça isso, também? Para pensar.
De qualquer forma, a pluralidade de iniciativas e o rigor do método
científico podem nos ajudar a encontrar um caminho respeitoso, produtivo
e de bem-estar na vida profissional.
Virgilio Marques dos Santos é um dos fundadores da FM2S, doutor,
mestre e graduado em Engenharia Mecânica pela Unicamp e Master Black
Belt pela mesma Universidade. Foi professor dos cursos de Black Belt,
Green Belt e especialização em Gestão e Estratégia de Empresas da
Unicamp, assim como de outras universidades e cursos de pós-graduação.
Atuou como gerente de processos e melhoria em empresa de bebidas e foi
um dos idealizadores do Desafio Unicamp de Inovação Tecnológica.
O “não” do cliente a uma proposta. Por quê?
Moysés Peruhype Carlech
Fiquei pensando e ao mesmo tempo preocupado com o seu “não”,
sem nenhuma explicação, à nossa proposta de divulgação da sua loja e de
resto todas as lojas dessa cidade no Site da nossa Plataforma Comercial
da Startup Valeon.
Esse “não” quer dizer, estou cheio de compromissos para fazer
pagamentos mensais, não estou faturando o suficiente para cobrir as
minhas despesas, a minha loja está vendendo pouco e ainda me vem mais
uma “despesa” de publicidade da Startup Valeon?
Pergunto: como vou comprar na sua loja? Se não sei qual é a
sua localização aí no seu domicílio? Quais os produtos que você
comercializa? Se tem preços competitivos? Qual a sua interação online
com os seus clientes? Qual o seu telefone de contato? Qual é o seu
WhatsApp?
Hoje em dia, os compradores não têm tempo suficiente para
ficarem passeando pelos Bairros e Centros da Cidade, vendo loja por loja
e depois fazendo a decisão de compra, como antigamente.
A pandemia do Covid-19 trouxe consigo muitas mudanças ao
mundo dos negócios. Os empresários precisaram lutar e se adaptar para
sobreviver a um momento tão delicado como esse. Para muitos, vender em
Marketplace como o da Startup Valeon se mostrou uma saída lucrativa para
enfrentar a crise. Com o fechamento do comércio durante as medidas de
isolamento social da pandemia, muitos consumidores adotaram novos
hábitos para poder continuar efetuando suas compras. Em vez de andar
pelos corredores dos shoppings centers, bairros e centros da cidade,
durante a crise maior da pandemia, os consumidores passaram a navegar
por lojas virtuais como a Plataforma Comercial Valeon. Mesmo aqueles que
tinham receio de comprar online, se viram obrigados a enfrentar essa
barreira. Se os consumidores estão na internet, é onde seu negócio
também precisa estar para sobreviver à crise e continuar prosperando.
É importante você divulgar a sua loja na internet com a ajuda
do Site da Startup Valeon, que no caso não é uma despesa a mais e sim
um investimento para alavancar as suas vendas. Desse modo, o seu
processo de vendas fica muito mais profissional, automatizado e
eficiente. Além disso, é possível a captação de potenciais compradores e
aumentar o engajamento dos seus clientes.
Não adianta pensar dessa forma: “Eu faço assim há anos e deu
certo, porque eu deveria fazer diferente? Eu sei o que preciso fazer”. –
Se você ainda pensa assim, essa forma de pensar pode representar um
grande obstáculo para o crescimento do seu negócio, porque o que trouxe
você até aqui é o que você já sabe e não será o que levará você para o
próximo nível de transformação.
O que funcionava antes não necessariamente funcionará no
futuro, porque o contesto está mudando cada vez mais rápido, as formas
como os negócios estão acontecendo são diferentes, os comportamentos dos
consumidores está se alterando, sem contar que estão surgindo novas
tecnologias, como a da Startup Valeon, que vão deixar para trás tudo
aquilo que é ineficiente.
Aqui, na Startup Valeon, nós sempre questionamos as formas de
pensar e nunca estamos totalmente satisfeitos com o que sabemos
justamente por entender que precisamos estar sempre dispostos a conhecer
e aprender com o novo, porque ele será capaz de nos levar para onde
queremos estar.
Mas, para isso acontecer, você precisa estar disposto a
absorver novas formas de pensar também e não ficar amarrado só ao que
você já sabe.
Se este for seu caso, convido você a realizar seu novo começo
por meio da nossa forma de anunciar e propagar a sua empresa na
internet.
Todos eles foram idealizados para você ver o seu negócio e a
sua carreira de uma forma completamente diferente, possibilitando levar
você para o próximo nível.
Aproveite essa oportunidade para promover a sua próxima transformação de vendas através do nosso site.
Então, espero que o seu “não” seja uma provocação dizendo para nós da Startup Valeon – “convença-me”.
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O tamanho da ajuda federal ao Rio Grande
do Sul ainda é uma incógnita diante do fato de que a tragédia está em
andamento. Municípios inteiros seguem debaixo d’água, inviabilizando a
mensuração dos prejuízos, e a perspectiva de novas chuvas na região
desperta o temor de que a crise se estenda.
Bases de dados do próprio estado estão fora do ar e dificultam o
trabalho de pesquisadores locais que receberam a tarefa de tentar
calcular o estrago para a economia gaúcha.
O Executivo federal também enfrenta obstáculos para mapear as
necessidades diante da prioridade máxima dos órgãos locais em resgatar
quem segue ilhado.
Uma das frentes de trabalho é estruturar a busca de famílias que não
estão no Cadastro Único, mas muito provavelmente se tornarão
público-alvo do Bolsa Família após perder emprego, renda e bens
materiais.
Os desafios são variados. Faltam dados, equipamentos públicos foram
inundados, e as famílias que podem vir a receber o benefício tiveram
seus documentos carregados pela água.
Nas reuniões virtuais convocadas pelo governo federal para discutir o
plano de ação nessa área, a fala dos assistentes sociais gaúchos é
frequentemente interrompida pelo choro diante de uma tragédia da qual,
não raro, também são vítimas.
A ministra Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) viajou ao Rio
Grande do Sul nesta quarta-feira (8) e disse que “não há limite para os
gastos públicos que forem necessários” para combater a calamidade e
reconstruir o estado.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) propôs e o Congresso
aprovou um decreto de calamidade para facilitar a liberação de verbas.
Há a expectativa de lançamento de medidas nos próximos dias, com linhas
de crédito subsidiadas para empresas e famílias, suspensão da dívida do
estado com a União e repasses.
No Ministério da Fazenda, há uma preocupação em desenhar políticas
focalizadas e demonstrar que a calamidade gaúcha não será usada como
oportunidade para gastar mais e de forma generalizada –uma desconfiança
que já se instalou no mercado financeiro.
O problema é que ninguém consegue, neste momento, estimar o tamanho
do prejuízo nem qual pode ser a necessidade de ajuda da União ao estado e
às prefeituras.
A CNM (Confederação Nacional dos Municípios) divulgou na terça-feira
(7) um primeiro levantamento indicando estragos de R$ 4,6 bilhões nos
setores público e privado. Um dia depois, o valor foi atualizado a R$
6,3 bilhões e deve subir ainda mais.
“É muito difícil fazer qualquer afirmação neste momento [sobre
estimativas]”, diz Claudio Frischtak, ex-economista do Banco Mundial e
presidente da Inter.B, consultoria especializada em infraestrutura.
Porém, ele propõe um exercício que pode dar uma dimensão do problema.
O estoque de capital em infraestrutura no Brasil equivale hoje a 36%
do PIB (Produto Interno Bruto). Traçando um paralelo com a participação
do Rio Grande do Sul na economia nacional e na população, ele assume que
o território gaúcho reúne 5% desse estoque –ou cerca de 1,9% do PIB.
Se metade disso tiver sofrido danos severos, o prejuízo poderia ficar entre R$ 90 bilhões e R$ 100 bilhões.
“É [uma conta] preliminar? É. Mas já começa a dar uma ideia do
tamanho do buraco. Porque isso não inclui infraestrutura social [como
escolas e hospitais]. Não inclui a infraestrutura urbana [vias dentro da
cidade]. Nisso não está incluído a casa das pessoas, as fábricas. Vai
ser muito mais baixo isso? Não vejo. Pode ser muito mais alto? Sim”, diz
Frischtak.
Integrantes da equipe do ministro Fernando Haddad (Fazenda) veem as
cifras com certo ceticismo e avaliam que o custo não chegará a um décimo
da estimativa.
O economista da ASA Investments Jeferson Bittencourt, que foi
secretário do Tesouro Nacional entre abril e outubro de 2021 –durante a
pandemia de Covid-19–, diz que é possível traçar paralelo, apesar das
naturezas distintas das tragédias.
“Primeiro o governo tenta conter o dano, dando liquidez. Antecipa
recursos a que as pessoas já têm direito, como 13º, restituição do
Imposto de Renda, abono salarial. Faz empréstimos. Depois ele percebe
que tem uma questão de solvência, das prefeituras, das empresas, das
famílias. Aí o governo vai tendo que transferir dinheiro novo”, diz
Bittencourt.
O governo já começou a antecipar benefícios e liberou o saque do FGTS
(Fundo de Garantia do Tempo de Serviço). São R$ 2,9 bilhões em medidas
de alívio aos trabalhadores. Na assistência, as antecipações e a injeção
de verba extra devem somar outro R$ 1,3 bilhão.
Para Bittencourt, a principal fonte de dúvida hoje é o valor
necessário para reconstruir hospitais, unidades de saúde, escolas, entre
outros. “Tem muita coisa submersa”, diz. Ele cita como possibilidade um
custo de R$ 20 bilhões nessa frente.
A suspensão da dívida do estado com a União deve custar entre R$ 3
bilhões e R$ 4 bilhões. O ex-secretário ainda vê possíveis demandas de
até R$ 9 bilhões para o compensar a arrecadação perdida pelo estado com a
paralisação de empresas e até R$ 15 bilhões caso o governo federal
decida pagar auxílios às famílias.
O total poderia ficar perto de R$ 50 bilhões. Bittencourt diz que o
crítico neste momento é evitar que outros estados ou setores peguem
carona nas flexibilizações de políticas.
COMO DEVE SER A AJUDA AO RIO GRANDE DO SUL
Medidas em fase de elaboração:
Linha de crédito subsidiada para famílias e empresas dos municípios gaúchos em calamidade
Suspensão da dívida do governo do Rio Grande do Sul com a União
Repasse extra de recursos em diversas frentes
Medidas já anunciadas ou implementadas:
Decreto legislativo reconhecendo calamidade em decorrência das
enchentes, para facilitar a liberação de verbas fora das regras fiscais
Adiamento do CNU (Concurso Nacional Unificado) e de ao menos 17 outros processos seletivos do setor público
Prazo maior, até 31 de agosto, para enviar declaração do Imposto de Renda
Saque emergencial do FGTS, limitado a R$ 6.220 por conta vinculada (conforme saldo disponível)
Pagamento de duas parcelas extras do seguro-desemprego
Antecipação do abono salarial
Antecipação de benefícios previdenciários do INSS, pensões e BPC (Benefício de Prestação Continuada)
Quebra do escalonamento do calendário do Bolsa Família (todas as
famílias poderão sacar o dinheiro no primeiro dia de pagamento, 17 de
maio)
Suspensão temporária do recolhimento de tributos federais devidos por
médias e grandes empresas, do recolhimento mensal de MEIs
(microempreendedores individuais) e de companhias do Simples Nacional e
da contribuição dos empregadores ao FGTS (o pagamento será cobrado em
meses posteriores)
Suspensão temporária da cobrança de dívidas com Banco Central e PGFN (Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional)
Pausa de até três meses no financiamento habitacional com a Caixa
Pausa em financiamentos com bancos públicos e privados e renegociação de dívidas
O partido Novo apresentou uma notícia-crime na Procuradoria-Geral da
República contra os ministros Ricardo Lewandowski, da Justiça, e Paulo
Pimenta, da Secretaria de Comunicação (Secom), em razão da abertura de
um inquérito para apurar supostas notícias falsas sobre a tragédia
causada pelas chuvas no Rio Grande do Sul. A sigla pede que os ministros
sejam investigados por abuso de autoridade.
“Não há qualquer demonstração da prática de crime pelos ora
representados, mas sim a disseminação de informações e/ou a realização
de críticas políticas ao governo federal e às instituições públicas em
relação à omissão ou à falta de eficiência na adoção de providências de
socorro à população gaúcha”, escreveram os advogados do partido. A ação
tem como autores o ex-deputado federal Deltan Dallagnol, cujo mandato
foi cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e o presidente do
Novo, Eduardo Ribeiro.
O inquérito para apurar a disseminação de notícias falsas foi aberto
por Lewandowski a pedido de Pimenta. O ofício elaborado pela Secom elege
12 contas no Instagram, no Tik Tok e no X (antigo Twitter) que teriam
divulgado desinformação. Entre os alvos do inquérito estão o deputado
federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), o coach Pablo Marçal (PRTB-SP) e o
senador Cleitinho (Republicanos-MG).
“Destaco com preocupação o impacto dessas narrativas na credibilidade
das instituições como o Exército, FAB, PRF e Ministérios, que são
cruciais na resposta a emergências. A propagação de falsidades pode
diminuir a confiança da população nas capacidades de resposta do Estado,
prejudicando os esforços de evacuação e resgate em momentos críticos. É
fundamental que ações sejam tomadas para proteger a integridade e a
eficácia das nossas instituições frente a tais crises”, escreveu Pimenta
no ofício.
Em reunião no Planalto nesta terça-feira, 7, Pimenta chegou a dizer
que é preciso prender os responsáveis. Segundo o ministro, é preciso
“botar para f… com os caras” que divulgam fake news. Um interlocutor da
reunião então pergunta: “Mandar prendê-los?”. Pimenta, então, responde:
“Manda prender, não aguento mais fake news”.
Entre as publicações consideradas mentirosas pelo governo Lula está
um tuíte feito por Eduardo Bolsonaro no último domingo, 5. Na
publicação, o deputado compartilha uma reportagem feita pelo jornal
Folha de S. Paulo com o título “Após 4 dias de chuvas, governo Lula
autoriza envio da Força Nacional para o RS” e dispara: “Falta humanidade
neste DESgoverno Lula”. Na peça, a Secom não explica o motivo da
postagem ter sido considerada falsa. “Eduardo Bolsonaro criticou a ajuda
do Governo Federal ao Rio Grande do Sul, ao mencionar que o governo
levou quatro dias para enviar reforços a região”, escreveu Pimenta.
A Secom também cita perfis que compartilharam críticas ao show da
Madonna no Rio de Janeiro e que afirmavam que nove pessoas teriam
morrido em uma UTI do Hospital de Pronto Socorro de Canoas (RS) em razão
de uma suposta demora do Exército. A informação falsa, no entanto,
havia sido divulgada pelo próprio prefeito da cidade, Jairo Jorge (PSD),
e corrigida horas depois. Na verdade, a UTI tinha 13 pessoas e, dessas,
duas morreram. O chefe do Executivo municipal não é incluído no
relatório da Secom.
Outra fake news citada pelo governo federal na peça foi divulgada
pelo coach Pablo Marçal. Ele alegou que caminhões com doações para
vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul estariam sendo retidos pela
Secretaria da Fazenda do Rio Grande do Sul (Sefaz-RS) para cobrança de
nota fiscal e ICMS. Conforme mostrou o Estadão Verifica, não há ações de
fiscalização que impeçam o transporte de doações para os municípios
atingidos pelas chuvas. As Secretarias da Fazenda do Rio Grande do Sul e
de Santa Catarina, o governo gaúcho e a Polícia Rodoviária Federal
afirmaram que não há retenção de veículos na Receita. Uma conta no X
(antigo Twitter) que publicou relatos sobre caminhões retidos em postos
fiscais também disse que os veículos foram liberados algumas horas
depois do ocorrido.
“Precisamos parar de aceitar que as opiniões das pessoas sejam
criminalizadas e tratadas como desinformação. Isso é normalizar um
câncer que vai dragar a liberdade de expressão, de imprensa e de
protesto no país. Não importa se as opiniões estão certas ou erradas, ou
se são justas ou injustas: não cabe ao governo federal dizer o que as
pessoas devem pensar, sentir e dizer”, avalia Dallagnol, um dos autores
da ação do Novo.
A estrela pop embolsou um cachê milionário por duas horas de
playback. O fato de ela ter abanado a bandeira do Brasil no palco é
interpretado como um acerto de contas com a direita. Sério?Sempre gostei
do dito “O patriotismo é o último refúgio do canalha”. Talvez pelo fato
de eu – como muitos alemães, por causa da nossa história – ter
problemas com o patriotismo exacerbado, e ainda mais com o nacionalismo.
A frase, de acordo com a Wikipédia, é atribuída ao inglês Samuel
Johnson. Lá consta, ainda, que a crítica não é ao “amor real e generoso”
pela pátria, mas ao “pretenso patriotismo que tantos, em todas as
épocas e países, têm usado como um manto para os próprios interesses”.
Em nenhum outro campo o dito de Johnson se aplica tanto quanto na
política. Pois cada um pode definir para si mesmo – dependendo do que
convenha à agenda política pessoal no momento – o que quer dizer
concretamente o tal patriotismo, e o que se deve fazer ou deixar de
fazer para ser visto como patriota.
Também no Brasil o patriotismo e seus símbolos – a bandeira nacional e
a camisa da Seleção – são empregados como o instrumento com que o
Flautista de Hamelin atraiu os ratos e as crianças. Toda vez que um
político apela para o patriotismo, fico pensando que ele não tem mas
nenhum outro bom argumento.
Entendo bem a irritação de muitos de meus conhecidos e amigos, que
bem gostariam de torcer pela Seleção no futebol, mas que não suportam
mais as camisas amarelas por evocarem associações com a direita, que não
perde oportunidade de desfilar com esse uniforme e a bandeira
brasileira.
Mas agora, dizem, a cantora Madonna resgatou dos direitistas os
símbolos nacionais. Depois do show de duas horas no Rio de Janeiro, as
cores voltaram a representar um Brasil inclusivo e tolerante. Isso seria
realmente uma façanha incrível por parte da cantora: abanou um
pouquinho com a bandeira e tudo está bem de novo. Soa um pouco como
pensamento mágico infantil.
Quando eu era jovem, achava a Madonna realmente o máximo: boas
canções, e eu e os meus amigos éramos todos loucos por ela. Nos anos 90,
eu pulava pelas discotecas ao som da sua música. Nos últimos 25 anos,
porém, infelizmente a gente se afastou. A última canção dela que achei
boa era na verdade do Abba: Hung up. Mas tudo bem.
Madonna sempre foi uma personagem artificial. Compreendo que ela
queira continuar fazendo o mesmo número – embora eu mesmo não consiga
conceber como, aos 65 anos, ela continua fazendo o possível e o
impossível para parecer que tem 20.
Eu podia achá-la fantástica como modelo para uma forma saudável e
positiva de encarar o inevitável envelhecimento. Mas não sou grande
entendedor de personagens artificiais. Além disso, é algo que cabe a
cada um decidir por si.
Quando o grátis sai caro
Fui igualmente ingênuo ao ouvir que a estrela pop daria um show de
graça na praia de Copacabana. De fato, achei que ela ia pagar tudo do
próprio bolso: um gesto bacana para os fiéis fãs brasileiros, por
ocasião de seu jubileu de 40 anos no palco, pensei eu. Claro que ela ia
pagar tudo: eu também financiei o meu aniversário de 40 anos. E ela,
enquanto cantora mais rica de todo o mundo, sem dúvida pode arcar com
uma festa, sem o menor problema.
Errado: R$ 10 milhões saíram dos cofres municipais vazios; outros R$
10 milhões, dos ainda mais vazios cofres do estado do Rio de Janeiro,
que para isso teve que contornar suas regras de recuperação fiscal.
E o resto dos R$ 60 milhões que custou o espetáculo, em parte pagamos
eu e milhões de outros cidadãos que têm conta no maior patrocinador do
evento, o Banco Itaú. Ao que consta, Madonna recebeu R$ 17 milhões pela
apresentação. Nada mal, para duas horas de playback.
O fato de ela ter feito a TV Globo transmitir beijos, seios femininos
nus e cenas de masturbação provavelmente fez corar parte dos
telespectadores. Mas quem assistia à MTV nos anos 80 já conhecia isso.
Portanto, tudo no campo do previsível: afinal de contas, supostas
quebras de tabu são a essência da arte da Madonna e do seu sucesso
comercial. E a Globo embolsa um lucro de R$ 50 milhões pela transmissão
das bem calculadas quebras de tabu. Também nada mal.
Inusual, mas, ainda assim, também calculado, foi o comentário da
Madonna sobre as cores da bandeira brasileira: “That green and yellow
flag I see everywhere… I feel it in my heart, I feel it in my pussy”
(“Aquela bandeira verde-e-amarela que eu vejo por toda parte… Eu sinto
no meu coração, eu sinto na minha vulva”).
Será que isso vai gerar um mal-estar entre os Bolsonaros e companhia,
da próxima vez que eles desfilarem com a bandeira nacional?
Então: não achei fora do comum a aparição com camisa verde-e-amarelo e
bandeira. Isso já faz parte, toda vez que um/a artista estrangeiro/a se
apresenta no Brasil. Ela/es sabem como conquistar o público. Pois não
só os populistas de direita usam esse manto para os próprios interesses:
também artistas como a loura Madonna, que fazem os trouxas pagarem pela
própria festa.
Thomas Milz saiu da casa de seus pais protestantes há quase 20 anos e
se mudou para o país mais católico do mundo. Tem mestrado em Ciências
Políticas e História da América Latina e, há 15 anos, trabalha como
jornalista e fotógrafo para veículos como a agência de notícias KNA e o
jornal Neue Zürcher Zeitung. É pai de uma menina nascida em 2012 em
Salvador. Depois de uma década em São Paulo, mora no Rio de Janeiro há
quatro anos.
O texto reflete a opinião do autor, não necessariamente da DW.
Em julho daquele ano, a cantora desembarcou em Roma para uma
apresentação e a confirmação da chegada da artista gerou muito
burburinho. Uma série de protestos teve início com grupos e associações
privadas de católicos.
Pouco tempo depois, o Papa João Paulo II convocou um boicote dos
católicos ao show, que chamou de “circo do diabo” e “um dos shows mais
satânicos da história da humanidade”.
Descendente de italiano, Madonna iniciou o discurso com uma
celebração às raízes. “Orgulho de ser americana porque é o país onde
cresci, o país que me deu as oportunidades de ser quem sou hoje e um
país que acredita na liberdade de expressão e na expressão artística”,
disse ela.
Madonna pediu o fim da tentativa de boicote à sua apresentação. “Se
você tem certeza de que sou uma pecadora, então quem não pecou atire a
primeira pedra. Se você não tem certeza, então eu imploro a você, como
homens e mulheres justos da Igreja Católica que adoram um Deus que ama
incondicionalmente, que vejam meu show e então me julguem”, solicitou.
A cantora explicou o conceito provocador que a acompanharia durante
toda a carreira e comparou seus espetáculos a uma peça de teatro. “E tal
como o teatro, faz perguntas, provoca pensamentos e leva-o numa viagem
emocional, retratando o bem e o mal, a luz e as trevas, a alegria e a
tristeza, a redenção e a salvação. Não endosso um modo de vida, mas
descrevo um, e o público é deixado a tomar as suas próprias decisões e
julgamentos. Isto é o que considero liberdade de expressão, liberdade de
expressão e liberdade de pensamento”, refletiu.
Por fim, Madonna expôs de forma direta como interpretava a tentativa
de boicote. “Para me impedir de fazer o meu espetáculo, vocês, a Igreja
Católica, estão dizendo que não acreditam nessas liberdades. Se você não
acredita nessas liberdades você está aprisionando a mente de todos.
Quando uma mente está aprisionada, nossa luz espiritual morre. Quando o
espírito morre não há razão para viver”, disparou.
Madonna se apresentou no Estádio Flamínio em 10 de julho de 1990 com
ingressos esgotados, para um público de 30 mil pessoas. A apresentação
agendada para o dia seguinte, no entanto, foi cancelada por conta da
onda de protestos.
Pesquisa realizada em 33 países pela Ipsos avalia a percepção da população com relação ao meio ambiente
Sete em cada dez pessoas no Brasil e no mundo acreditam que “se todos
fizessem pequenas mudanças em suas vidas cotidianas, isso poderia ter
um grande impacto no combate às mudanças climáticas”, diz a pesquisa
Earth Day 2024.
Esse consenso, no entanto, varia entre as gerações e gêneros, diz o
levantamento realizado pela Ipsos, empresa de pesquisa de mercado
independente, com quase 25 mil pessoas em 33 países, sendo cerca de
1.000 respondentes no Brasil.
Embora as pessoas mais jovens costumem ser mais otimistas do que as
pessoas mais velhas numa série de questões, a pesquisa global conclui
que as mudanças climáticas parecem ser a exceção à regra.
Responderam positivamente à pergunta sobre se todos fizessem mudanças
individuais nas suas rotinas e hábitos isso causaria um grande impacto
no alívio à crise climática, 73% dos Boomers (geração nascida entre 1945
e 1964), 71% da Geração X (1965 até 1980), 68% dos Millennials ou
Geração Y (nascidos entre 1982 e 1994) e 63% da Geração Z (nascidos
entre 1995 e 2010).
As empresas, governos e demais organizações que estão elaborando
estratégias de ação climática podem precisar ajustar anúncios e
mensagens para uma linguagem que envolva melhor os funcionários,
clientes e fornecedores mais jovens.
Homens da geração Y e da geração Z são o grupo mais apático e
fatalista sobre as mudanças climáticas em comparação com as gerações
anteriores e as mulheres. Três em cada dez dizem que “já é tarde demais”
para enfrentar as alterações climáticas e acham que não podem fazer
diferença, se sentindo particularmente impotentes.
Proporções semelhantes de homens jovens acreditam que “não faz
sentido mudar o seu próprio comportamento para enfrentar o clima mudar
porque não vai fazer alguma diferença de qualquer maneira”.
Além disso, mesmo com o maior volume de reportagens sobre recordes de
calor, inundações e incêndios relacionados à crise climática nos
últimos anos, homens millennials e os homens da geração Z também são o
grupo de corte da pesquisa mais suscetível a acreditar que “o impacto
negativo das alterações do clima está muito distante no futuro para eles
se preocuparem”.
Mas a maioria das pessoas em todos os países pesquisados, com exceção
da Índia, pensa que não é tarde demais para enfrentar as alterações
climáticas. No entanto, a pesquisa descobriu que as pessoas não têm
conhecimento sobre quais ações individuais têm o maior impacto.
A conclusão mostra que há trabalho a fazer para comunicar quais as
ações que possuem maior impacto no corte de emissões e como fazê-las.
Para 37% dos entrevistados, ter acesso fácil a mais informações os
encorajaria a tomar mais medidas.
Governos
O número de pessoas que pensam que o seu governo tem um plano claro
para combater as mudanças climáticas diminuiu desde 2022. No Brasil, 73%
acreditam que o governo federal deveria intensificar seus esforços no
combate às mudanças climáticas.
Na média global, 63% das pessoas acreditam que seus países deveriam
fazer mais. Indonésia, China e Tailândia são os países onde mais pessoas
acreditam que seus governantes deveriam intensificar as ações.
Moradores da Alemanha, Holanda e Japão são os que menos concordam com
a necessidade de fazer mais para combater as mudanças climáticas. O
Brasil ocupa a 8º posição nesta lista. E a margem de erro para as
respostas no Brasil é de 3,5 pontos percentuais.
Para 40% dos brasileiros, o Brasil já é um líder mundial na luta
contra as mudanças climáticas. As nações com maiores índices de
concordância são China (75%), Índia (73%), e a Indonésia (54%), enquanto
os países com menores índices são Japão (12%), Romênia (10%) e Hungria
(9%).
Globalmente, o levantamento também revela que 63% acreditam que
países desenvolvidos, como os Estados Unidos, Reino Unido, Canadá,
Alemanha e França, devem pagar mais para resolver o problema climático,
dada sua maior responsabilidade histórica na produção de emissões de
carbono.
Mas quando questionados sobre “não podemos enfrentar plenamente as
alterações climáticas a menos que todos os países trabalhem em
conjunto”, três a cada quatro pessoas (74%) no mundo acreditam que todos
os países devem trabalhar juntos na resolução deste problema.
Empresas
Quase três em cada cinco pessoas concordam que se as empresas do seu
país não agirem agora para combater as alterações climáticas, estão
falhando com seus funcionários e clientes, com um consenso geral entre
as gerações sobre isso.
As marcas que falam e tomam medidas para combater as alterações
climáticas estão fazendo o que a maioria das pessoas espera, desde
estudantes iniciantes até veteranos e veteranas experientes.
Ainda não se sabe qual será o orçamento total necessário para reconstruir o Rio Grande do Sul e apoiar as famílias atingidas, após os estragos causados por fortes chuvas que afetaram 388 dos 497 municípios gaúchos, mas o Congresso Nacional, o governo federal e o governo gaúcho se articulam para agilizar a liberação de bilhões de reais.
Apenas a reconstrução de rodovias destruídas pelas enchentes do Sul
deve custar ao menos R$ 1 bilhão, segundo estimativa do ministro da
Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes.
As inundações atingiram mais de 1,3 milhão de pessoas, segundo a
administração estadual, com ao menos 100 mortes e 155,7 mil pessoas
desalojadas de suas casas. Muitos estão sem luz ou água potável.
As negociações para liberar recursos ocorrem em meio às restrições
fiscais que atingem tanto a União como o Estado, já que ambos estão com
as contas no vermelho.
Entre as medidas em discussão está a suspensão do pagamento da dívida
do Rio Grande do Sul com o governo federal (que pode liberar R$ 3,5
bilhões neste ano), a autorização de verbas extras fora do limite de
gastos da União, e o remanejamento de despesas já previstas no
Orçamento, como as emendas parlamentares (recursos que deputados e
senadores podem usar em investimentos e políticas públicas).
Alguns parlamentares, como o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco
(PSD-MG), têm defendido a criação de um “orçamento de guerra”, similar
ao adotado na pandemia da covid-19, quando as regras fiscais foram
flexibilizadas e o governo federal foi autorizado a assumir gastos
extras que somaram mais de R$ 600 bilhões em dois anos, segundo o Tribunal de Contas da União.
Propostas de alteração da Constituição (PEC) com esse teor já foram
apresentadas pela deputada Fernanda Melchionna (PSOL-RS) e o senador
Alessandro Vieira (MDB-SE).
A ideia, porém, está sendo criticada por especialistas em contas
públicas que consideram que o “orçamento de guerra” traria uma
flexibilização excessiva das regras fiscais.
Na visão desses analistas, há outros mecanismos para garantir verba
extra para o Estado fora do limite de gastos da União, sem necessidade
de alterar a Constituição Federal.
O principal deles é a adoção de créditos extraordinários em situações emergenciais.
Essa opção já está autorizada, após o Congresso aprovar na
terça-feira (7/5) uma proposta de decreto legislativo apresentada pelo
presidente Luiz Inácio Lula da Silva estabelecendo estado de calamidade pública no Rio Grande do Sul, até 31 de dezembro de 2024.
Isso permitirá ao governo liberar recursos além do limite de gastos
do ano e descontar essa despesa da meta de resultado primário (diferença
entre receitas e despesas não financeiras).
A meta estabelecida pela lei orçamentária de 2024 é que o governo
reverta o rombo registrado nos anos anteriores e feche o ano no zero a
zero, ou seja, sem economizar ou gastar mais do que arrecada.
Em 2023, a União registrou déficit primário de R$ 230,5 bilhões, valor equivalente a 2,12% do Produto Interno Bruto (PIB).
Apesar da meta de zerar o rombo neste ano, levantamento realizado
pelo Banco Central semanalmente mostra ceticismo do mercado financeiro. A
mediana das projeções dos analistas para este ano está em déficit de
0,67% do PIB.
Defensores da redução do rombo dizem que o equilíbrio das contas
públicas contribui para reduzir a inflação e os juros praticados no
país, com impactos positivos para o crescimento econômico.
Já os críticos das medidas de austeridade fiscal dizem que o corte de
gastos reduz a qualidade dos serviços públicos e a assistência do
governo aos mais pobres.
O presidente Lula voltou a garantir na terça-feira a rápida liberação de recursos emergenciais por meio dos ministérios.
Ele ressaltou que não se sabe ainda o total que será necessário para
recuperar o Estado e disse que o governo federal “vai trabalhar junto
com governador [Eduardo Leite, do PSDB] em um projeto”.
“A dificuldade inicial é que nenhum prefeito – o governador disse
isso com todas as letras no último domingo – tem noção do estrago que
foi feito. Por enquanto, as pessoas imaginam, pensam. Mas a gente só vai
ter o estado real quando a água baixar e a gente ver o que aconteceu de
fato no Rio Grande do Sul”, disse em entrevista a emissoras de rádio
durante o programa “Bom Dia, Presidente”, produzido pela Empresa Brasil
de Comunicação (EBC).
“O que eu posso garantir é que há 100% de vontade da Câmara, do
Senado, do Tribunal de Contas e do Poder Judiciário para que a gente
facilite o máximo possível os recursos”, acrescentou.
O economista Gabriel Barros, ex-diretor da Instituição Fiscal
Independente (órgão ligado ao Senado), considera inevitável o aumento de
gastos para apoiar a recuperação do Rio Grande do Sul, mas é contra o
“orçamento de guerra”.
“Não é necessário porque o crédito ordinário é suficiente para
prestar solidariedade necessária ao Estado e já foi utilizado em
situações anteriores similares, por exemplo momentos de seca no Nordeste“, exemplificou.
Na sua avaliação, alterar a Constituição para autorizar gastos extras
traz risco de um aumento descontrolado de despesas, em um momento em
que as contas públicas já estão apertadas.
Para Barros, o governo tem errado ao focar o ajuste fiscal
principalmente na geração de novas receitas, com mais tributos ou
retirada de benefícios fiscais, sem buscar uma contenção dos gastos.
Ele critica, por exemplo, a decisão de reajustar o salário mínimo
neste ano acima da inflação (para R$ 1.412), despesa que pressiona os
gastos públicos com Previdência Social, seguro desemprego e BPC
(Benefício de Prestação Continuada, salário mínimo pago a idosos e
pessoas com deficiência de baixa renda).
Já o governo diz que essa política reduz pobreza e estimula a economia, ao colocar mais dinheiro em circulação.
Para Barros, a estratégia do governo não deixa folga nas contas
públicas para reagir a situações excepcionais, como as inundações que
atingem o Rio Grande do Sul.
“A preferência do governo é para aumentar despesa e essa decisão está exaurindo todo o espaço fiscal que existia”, critica.
‘Reconstrução longa e difícil’
Autora de uma das propostas de “orçamento de guerra”, a deputada
gaúcha Fernanda Melchionna diz que a medida é necessária diante de “uma
reconstrução que vai ser longa, difícil e em muitas áreas”.
Na sua visão, é preciso adotar não só medidas de recuperação, mas
também para preparar o Estado para novos episódios de chuvas fortes, já
que os ambientalistas afirmam que as mudanças climáticas vão
intensificar eventos extremos como as inundações que atingiram o Rio
Grande do Sul.
“Os próprios sistemas de alerta e de monitoramento precisam ser
ampliados. As mudanças climáticas estão aí e a gente precisa mitigar os
impactos de um novo normal que, infelizmente, veio pra ficar, no sentido
de catástrofes ambientais”, defende Melchionna.
A deputada lembra ainda que o Rio Grande do Sul tem um problema
histórico de alto endividamento que limita a capacidade de investimentos
do Estado.
Devido aos juros altos, a dívida com a União cresceu 13% em 2023,
somando R$ 92,8 bilhões, segundo dados da Secretária Estadual de
Fazenda.
Sua proposta para o “orçamento de guerra” prevê a suspensão do
pagamento e que todo o recurso usado na recuperação do Estado seja
abatido da dívida.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad,
disse nesta quarta-feira (8/5) que o governo deve definir ainda nesta
semana as regras para suspender a cobrança da dívida gaúcha.
Mesmo antes das inundações, a Fazenda já discutia a renegociação dos
juros pagos por Rio Grande do Sul e outros Estados com alto
endividamento, como Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. Segundo
Haddad, essas conversas continuarão independentemente da suspensão da
dívida gaúcha.
Melchionna propõe ainda benefícios sociais para as famílias que
perderam casas e bens nas enchentes. A medida também é defendida por
outros parlamentares.
A bancada do PSDB na Câmara está propondo a criação do “Socorro
Emergencial Gaúcho”, benefício mensal de R$ 600 para famílias atingidas.
Recursos de emendas parlamentares
Enquanto a liberação de recursos extras é negociada, o governo
anunciou o remanejamento de recursos já previstos no Orçamento de 2024.
O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse na
terça-feira que o governo federal vai abrir, ainda em maio, uma janela
para que deputados e senadores possam remanejar parte de suas emendas
parlamentares para ações emergenciais no Rio Grande do Sul.
Segundo ele, isso permitirá redirecionar recursos que iriam para
obras e compras de equipamentos, para gastos mais imediatos no socorro
às vítimas das enchentes (defesa civil, saúde e assistência social).
“Só da bancada gaúcha, significa R$ 448 milhões”, afirmou,
ressaltando que parlamentares de outros Estados também poderão
redirecionar suas emendas para o Rio Grande do Sul.
Além disso, Padilha disse que o governo espera aprovar na
quinta-feira (9/5) no Congresso Nacional uma alteração na Lei de
Diretrizes Orçamentárias (LDO) que liberaria mais R$ 480 milhões de
transferências especiais para os municípios gaúchos, dentro das chamadas
“emendas pix”, que entram direto no caixa das prefeituras.
Já o relator da LDO, deputado Danilo Forte (União-CE), defende que
mais R$ 2 bilhões podem ser destinados de emendas parlamentares para a
recuperação do Rio Grande do Sul.
Segundo sua proposta, esses recursos viriam dos R$ 5,6 bilhões
previstos para emendas de comissões (recursos que os parlamentares podem
destinar por meio das comissões da Câmara e do Senado) na Lei
Orçamentária Anual (LOA) de 2024 que foram vetados pelo presidente Lula,
justamente como parte do esforço de reduzir o rombo nas contas
públicas.
A expectativa, porém, é que o Congresso derrube esse veto, liberando os recursos.
A prisão de Julius Kivimäki põe fim a uma onda de crimes cibernéticos de
11 anos, que começou quando ele ganhou notoriedade em uma rede de
gangues anarquistas de hackers adolescentes, quando ele tinha apenas 13
anos.
A seguir, conheça o caso.
Tiina Parikka estava se refrescando depois de fazer sua habitual sauna de sábado à noite, na Finlândia, quando recebeu uma notificação no telefone.
Era um e-mail de um remetente anônimo, que de alguma forma tinha seu nome, número de seguro social e outros detalhes privados.
“Inicialmente, fiquei impressionada com o quão educado era, como o tom era amistoso”, relembra.
“Prezada Sra. Parikka”, escreveu o remetente, antes de contar que
havia obtido suas informações privadas em uma clínica de psicoterapia da
qual ela era paciente.
Quase se desculpando, o autor do e-mail explicava que estava entrando
em contato diretamente porque a clínica estava ignorando o fato de que
dados pessoais haviam sido roubados.
Dois anos de registros minuciosos feitos por seu terapeuta durante
dezenas de sessões estavam agora nas mãos deste chantagista
desconhecido.
Se ela não pagasse o valor solicitado dentro de 24 horas, todas as anotações seriam publicadas online.
“Foi uma sensação sufocante”, diz ela. “Eu estava sentada lá, de
roupão, sentindo como se alguém tivesse invadido meu mundo privado e
estivesse tentando ganhar dinheiro com os traumas da minha vida.”
Tiina percebeu rapidamente que não estava sozinha.
Um total de 33 mil outros pacientes de terapia também tiveram seus
registros roubados — e milhares foram chantageados, o que resultou no
processo criminal com o maior número de vítimas na Finlândia.
O banco de dados roubado dos servidores da Vastaamo, rede finlandesa
de clínicas de psicoterapia, continha os segredos mais íntimos de uma
grande parte da sociedade, incluindo crianças.
Conversas delicadas sobre assuntos que iam desde casos extraconjugais
até confissões de crimesn estavam sendo usadas como moeda de troca.
Mikko Hyppönen, da empresa finlandesa de segurança cibernética
WithSecure, que pesquisou o ataque, conta que o caso teve repercussão e
alimentou o noticiário durante dias no país.
“Um ataque hacker com esta dimensão é um desastre para a Finlândia — todo mundo conhecia alguém afetado”, diz ele.
Tudo isso aconteceu em 2020, durante os lockdowns impostos em decorrência da pandemia de covid-19, e o caso surpreendeu o mundo da segurança cibernética.
O impacto dos e-mails foi imediato e devastador. A advogada Jenni
Raiskio representa 2,6 mil vítimas e, durante julgamento, ela disse que
seu escritório havia sido contratado por pessoas cujos parentes haviam
tirado a própria vida depois que seus registros foram publicados online.
Ela liderou um momento de silêncio no tribunal pelas vítimas.
O chantagista, identificado apenas como “ransom_man” por sua
assinatura online, exigia que as vítimas pagassem 200 euros (cerca de R$
1.090) no prazo de 24 horas, — do contrário, ele publicaria suas
informações. Se não cumprissem este prazo, ele aumentaria o valor para
500 euros (R$ 2,7 mil).
Cerca de 20 pessoas pagaram antes de perceber que já era tarde
demais. Suas informações haviam sido publicadas no dia anterior, quando
“ransom_man” vazou acidentalmente todo o banco de dados para um fórum
na dark web.
Está tudo lá até hoje.
Mikko e sua equipe passaram um tempo rastreando o hacker e tentando
ajudar a polícia. Foi quando começaram a surgir teorias de que o hacker
provavelmente seria da Finlândia.
Uma das maiores investigações policiais da história do país chegou a
um jovem finlandês que já era conhecido no mundo do crime cibernético.
Onda de crimes de ‘Zeekill’
Kivimäki, que se autodenominava Zeekill quando era um hacker
adolescente, não se tornou a figura conhecida que é por ser cuidadoso.
Na adolescência, ele só queria saber de hackear, extorquir e se gabar
o mais alto possível. Ao lado das equipes de hackers Lizard Squad e
Hack the Planet, ele se deleitava ao causar o caos no período
extremamente ativo de hackers adolescentes da década de 2010.
Mas ele não foi preso. Sua suspensão condicional da execução da pena
de dois anos gerou controvérsia, e foi criticada por muitos no mundo da
segurança cibernética. Apesar das sentenças notoriamente brandas da
Finlândia, o receio era que Kivimäki e seus cúmplices — em sua maioria,
outros adolescentes espalhados pelo mundo de língua inglesa — não fossem
dissuadidos.
Assim como muitos de seus colegas durante este período tumultuado,
Kivimäki não pareceu deixar os problemas com a polícia detê-lo.
Após sua prisão, e antes de sair sua sentença, ele realizou um dos
ataques mais audaciosos de qualquer gangue de hackers adolescentes.
Ele e o Lizard Squad deixaram as duas maiores plataformas de games offline na véspera e no dia de Natal.
A Playstation Network e o Xbox Live foram derrubados depois que seus
serviços foram atingidos por uma técnica pouco sofisticada, mas
poderosa, conhecida como ataque distribuído de negação de serviço.
Dezenas de milhões de jogadores foram impedidos de baixar jogos,
registrar novos consoles ou jogar com amigos online.
Kivimäki ganhou a atenção da imprensa mundial e até aceitou me dar
uma entrevista para o canal de televisão Sky News, na qual não
demonstrou nenhum remorso pelo ataque.
Outro hacker que também era da gangue Lizard Squad disse à BBC que
Kivimaki era um adolescente vingativo que adorava se vingar de rivais e
mostrar suas habilidades online.
“Ele era muito bom no que fazia, e não se importava com as consequências. Ele sempre ia mais além que os outros nos ataques.”
“Apesar da atenção que havia sobre ele, ele fazia ameaças de bomba e
passava trotes sérios sem disfarçar a voz”, conta Ryan, que não quis
divulgar seu sobrenome porque ainda é desconhecido das autoridades.
Além de Kivimäki ter sido vinculado a alguns ataques hackers de menor
escala após sua sentença, praticamente não se ouviu falar dele durante
anos, até que seu nome foi ligado ao ataque à clínica de psicoterapia
Vastaamo.
Alerta vermelho emitido
A polícia finlandesa demorou quase dois anos para reunir provas no
intuito de emitir um alerta vermelho de busca na Interpol (polícia
internacional) para Kivimäki — e ele se tornou um dos criminosos mais
procurados da Europa. Mas ninguém sabia onde estava o jovem de 25 anos.
Ele foi localizado por acaso em fevereiro passado, quando a polícia
de Paris foi ao seu apartamento após receber uma chamada falsa sobre
briga doméstica. Eles descobriram que Kivimäki vivia com documentos de
identidade falsos.
O jovem foi extraditado rapidamente para a Finlândia, onde a polícia
começou a se preparar para um dos julgamentos mais importantes da
história do país.
O detetive Marko Leponen liderou a investigação de três anos — e, segundo ele, foi o maior caso de sua carreira.
“Tivemos mais de 200 policiais no caso em determinado momento, e foi
uma investigação intensa com muitos depoimentos e histórias de vítimas
para analisar.”
O julgamento de Kivimäki foi uma notícia importante para o país,
acompanhado de perto por jornalistas locais — e, inclusive, pela
imprensa internacional, que compareceu para ouvir seu depoimento.
Eu estive no tribunal no primeiro dia em que ele depôs, quando
manteve sua declaração de inocência com calma e com piadas ocasionais
direcionadas ao tribunal em silêncio.
Mas as evidências contra ele eram esmagadoras.
Leponen diz que vincular a conta bancária de Kivimäki ao servidor usado para baixar os dados roubados foi crucial.
Seus agentes também usaram novas técnicas forenses para extrair a
impressão digital de Kivimäki de uma foto anônima que ele postou sob um
pseudônimo online.
“Conseguimos provar que essa pessoa anônima que postou no fórum era
Kivimäki. Foi inacreditável, mas mostra que é preciso usar todas as
medidas que conhecemos, e tentar aquelas que não conhecemos”, explica
Leponen.
No final, os juízes deram o veredito, declarando-o culpado de todas as acusações.
O tribunal considerou Kivimäki culpado de mais de 30 mil crimes — um para cada vítima.
Ele foi acusado de violação de dados qualificada, tentativa de
chantagem qualificada, 9.231 disseminações qualificadas de informações
violando a vida privada, 20.745 tentativas de chantagem qualificadas e
20 chantagens qualificadas.
Ele foi condenado a seis anos e três meses de prisão (a pena máxima
era de sete anos), mas é provável que cumpra apenas metade, devido ao
tempo já cumprido e ao sistema de justiça finlandês.
Para as vítimas, como Tiina, não é tempo suficiente.
“Tanta gente foi afetada por isso de tantas maneiras — 33 mil pessoas
são muitas vítimas. Isso afetou nossa saúde, e algumas pessoas foram
alvo de golpes financeiros também usando os dados roubados”, diz ela.
Enquanto isso, ela e as outras vítimas aguardam para ver se vão obter algum tipo de indenização.
Kivimäki concordou, em princípio, em chegar a um acordo extrajudicial
com um grupo de vítimas, mas outras estão planejando entrar com
processos civis contra ele ou contra a própria Vastaamo.
A clínica de psicoterapia está extinta agora, e seu fundador foi
condenado por não proteger os dados dos pacientes, com suspensão
condicional da execução da pena. Kivimäki não contou à polícia quanto
dinheiro ele tem em bitcoins, e afirma ter esquecido os detalhes de sua
carteira digital.
A advogada Jenni Raiskio espera que o Estado possa intervir, mas diz
que pode levar muitos meses, ou até mesmo anos, para analisar cada caso
individualmente e avaliar quanto dano foi causado.
Há, inclusive, pedidos para mudar a lei para ajudar a lidar com futuros casos de ataques hackers em massa como este.
“Isso é realmente histórico na Finlândia, porque o nosso sistema não
está preparado para esta quantidade de vítimas. A invasão da Vastaamo
nos mostrou que precisamos estar preparados para esses casos grandes,
então espero que haja uma mudança. Isso não vai acabar aqui”, diz ela.