sexta-feira, 10 de maio de 2024

A FIGURA MATERNA É O EPICENTRO DA ORIGEM DA VIDA

 

Mauro Saraiva Falcão – Escritor brasileiro

MÃE, O SANTUÁRIO DIVINO

No vasto e complexo mundo da criação, a figura materna é o epicentro da congregação dos elementos necessários para dar origem a vida. O surgimento de um novo ser não se dá por antagonismo, mas sim pela convergência de elementos compatíveis que se combinam e unem-se.

A associação destes inúmeros fatores, eclodem das forças naturais. O eletromagnetismo feminino atrai exatamente aquele ser apto para o laço familiar evolutivo. Semelhante a uma turbina de geração energética, magnetizando de forma seletiva a fisiologia e a paragenética, resultando em uma herança de si mesmo. Isso decorre do acúmulo de experiências, aprendizados e tendências capazes de influenciar a manifestação de uma nova consciência, emergindo assim uma nova vida física e intrafísica.

Em outras palavras, o ventre materno é como um santuário, onde as correntes espirituais atuam. Ali é formado um refúgio, um abrigo sob as asas da proteção Divina. Nesse ambiente acolhedor, as linhas do destino se incorporam com as fibras da alma, iniciando a transformação da existência.

Nesse sagrado convívio, somos envolvidos por um amor que transcende os limites do tempo e do espaço, uma essência que nos guia e nos protege em todas as etapas da vida. Como seres luminescentes, refletimos a luz materna, assimilando os ensinamentos sublimes que moldam nossos caminhos.

Assim, reiniciamos a jornada que nos levará a “habitar no esconderijo do Altíssimo”, encontrando a segurança necessária nos braços Celestiais. Em uma dança eterna de amor e gratidão, pais e filhos se unem, entrelaçando os fios dourados do destino em uma harmonia que ecoa através dos tempos.

FRANQUIA AINDA É UM BOM NEGÓCIO?

Veja as considerações dos especialista em gestão de empresas Aleksander Avalca e Renan Kaminski da 4blue.

O modelo de negócio de franquia tem desempenhado um papel fundamental no cenário econômico brasileiro, moldando o panorama empreendedor das últimas décadas. No entanto, surge a questão: as franquias ainda representam um investimento viável? Para fornecer uma análise abrangente sobre o tema, vamos explorar as considerações dos especialistas em gestão de empresas, Aleksander Alalca e Renan Kaminski, da 4blue.

As franquias no Brasil não são apenas uma moda passageira, mas uma resposta a uma série de fatores econômicos e sociais. Com o aumento do poder de compra da classe média, o mercado de consumo se expandiu, criando uma demanda por novos negócios e oportunidades de investimento. As franquias surgiram como uma solução, oferecendo um modelo de negócio comprovado e suporte estratégico para empreendedores em potencial.

“As franquias são um grande atrativo porque você compra um modelo de negócio pronto e só precisa colocar em prática. Isso não é tão simples quanto parece, mas com certeza é um caminho mais curto do que começar tudo do zero. Além disso, hoje existem franquias de todos os valores, então ficou mais acessível”- Aleksander Avalca

O sucesso das franquias no Brasil é inegável, evidenciado pela diversidade e abrangência do setor. Desde alimentação e moda até serviços automotivos e tecnologia, diversos setores encontraram espaço dentro desse modelo de negócio. Grandes marcas, tanto nacionais quanto internacionais, viram nas franquias uma forma eficaz de expandir sua presença no mercado brasileiro, aproveitando o conhecimento local e reduzindo os riscos associados à entrada em novos mercados.

No entanto, o rápido crescimento do mercado de franquias também trouxe desafios significativos. A competição entre as marcas, especialmente em setores saturados, é um obstáculo constante para os franqueados. Além disso, as mudanças no comportamento do consumidor e no ambiente de negócios exigem que as franquias estejam constantemente inovando e se adaptando para manter sua relevância no mercado.

“Mesmo com muitas oportunidades, é preciso ter muito cuidado, porque o empreendedor precisa estudar a fundo o modelo de negócio apresentado e também o local onde ele deseja abrir. Uma franquia pode funcionar bem em uma cidade ou bairro, mas em outro pode ir muito mal. Então, mesmo que você compre um modelo de negócio pronto, não dá pra deixar de lado aspectos básicos da gestão, como buscar conhecer quem é o seu cliente ideal para abrir o negócio perto deles e também usar estratégias para encantar esse cliente e fidelizar. Só assim um negócio vai pra frente, sendo franquia ou não! – Renan Kaminski

Apesar desses desafios, as franquias continuam a desempenhar um papel vital na economia brasileira. Elas geram empregos, estimulam o empreendedorismo e contribuem para o desenvolvimento econômico em todo o país. No entanto, a decisão de investir em uma franquia não deve ser tomada de ânimo leve. Existem considerações importantes a serem feitas, tanto em termos de benefícios quanto de desafios.

As franquias oferecem uma série de vantagens para empreendedores em potencial. Primeiramente, a associação a uma marca reconhecida pode impulsionar a atração de clientes, proporcionando uma base sólida para o sucesso do negócio. Além disso, o modelo de negócio já testado reduz os riscos inerentes ao empreendedorismo, oferecendo uma estrutura comprovada para seguir adiante.

Outro ponto a favor é o suporte e treinamento contínuos fornecidos pelas franqueadoras. Essa assistência ajuda os franqueados a alcançarem o sucesso de forma mais rápida e eficiente, enquanto a rede de suporte permite o compartilhamento de conhecimentos e experiências com outros empreendedores na mesma situação.

“Quando o empreendedor escolhe uma franquia que dá o suporte necessário e realmente se importa com o desenvolvimento dos seus franqueados, a chance de dar certo é muito maior, por isso é muito essencial fazer uma investigação completa antes de investir o seu dinheiro. Vale a pena até perguntar para outros empreendedores que já possuem lojas da franquia que você quer abrir. Porque se você não tem o  suporte necessário, pode virar um pesadelo.” Aleksander Avalca

Entretanto, é importante considerar também os aspectos negativos das franquias. Os custos iniciais podem ser substanciais, incluindo taxas, royalties e despesas operacionais, o que pode representar um desafio financeiro significativo para alguns empreendedores.

Além disso, a falta de flexibilidade é uma desvantagem importante, já que os franqueados devem aderir às diretrizes da franqueadora, limitando sua capacidade de tomar decisões independentes. A dependência da franqueadora para suporte e orientação também pode ser um obstáculo, especialmente se a empresa-mãe enfrentar problemas internos.

Outras preocupações incluem a competição acirrada entre unidades da mesma franquia, que pode dificultar a conquista de uma fatia significativa do mercado, bem como a possível saturação do mercado em alguns setores, o que pode comprometer o sucesso financeiro dos franqueados a longo prazo.

A decisão de investir em uma franquia deve ser cuidadosamente ponderada, levando em consideração tanto os prós quanto os contras.

 

EMPRESAS ADOTAM A JORNADA REDUZIDA SEMANAL DE 4 DIAS. É BOM?

Autor: Virgilio Marques dos Santos, sócio-fundador da FM2S Educação e Consultoria

No dia 30 de abril, tomei conhecimento dos resultados prévios sobre a experiência de empresas no Brasil que adotaram a jornada reduzida da famosa semana de 4 dias. Segundo o relatório divulgado pela própria iniciativa, 4DayWeek, melhorias no comportamento e na produtividade dos funcionários são algumas das primeiras impressões das instituições participantes. Lendo essa informação, fiquei curioso e apreensivo.

Dados apontam que 22 empresas e “cerca de” 280 colaboradores participaram, mas uma já desistiu. E o grupo controle? Houve algum grupo de 22 empresas e o mesmo número de colaboradores que não entraram no projeto? Pelo que vi, não.

O relatório cita, brevemente, que a pesquisa teve entrevista qualitativa e questionário quantitativo ao longo do processo – a partir do início da metodologia até o momento, de setembro de 2023 a abril de 2024.

O site da iniciativa diz, em seu FAQ, que as métricas são medidas de acordo com referências já estabelecidas em cada empresa. Ou seja, cada uma ao seu modo. Esta falta de detalhamento e de padronização me preocupa – e friso que estou olhando sob a ótica da ciência, cuja aplicação nesse tipo de estudo exige muito preparo.

Resultados prévios

Segundo os pesquisadores, constatou-se que 61,5% das companhias notaram avanço na execução de projetos. E, em 58,5%, se obteve mais criatividade na realização das atividades.

Mas como medir o avanço na execução de projetos? E como atribuir o avanço exclusivamente à semana de 4 dias? O mesmo pode-se dizer da medição de criatividade.

Estudo criatividade há tempos e até a sua definição abre espaço para discussão. Em um artigo de 2018, a professora Tatiana Nakano explica a dificuldade para se medir a criatividade. Em sua conclusão, ela cita o estudo de Kyung Hee Kim (2011): “ao se abordar a possibilidade de avaliar a criatividade e os diferentes métodos, técnicas e instrumentos disponíveis, cuidado deve ser tomado em relação ao fato de que, ao tentar medir um construto tão complexo, a criatividade acaba, muitas vezes, sendo erroneamente tomada como um domínio geral, passível de ser avaliado por meio de um único instrumento”.

No caso, pelo dado solto fornecido pelo estudo da semana de 4 dias, não há menção, no relatório oficial, nem sobre a técnica utilizada, nem como isso foi aferido. Se existe, sem dúvida o método científico deveria constar na publicação, já que assegura a validade do estudo e a confiabilidade de seus dados e técnicas empregadas, protegendo-o de subjetividades – e demonstrando, inclusive, suas limitações, algo natural na ciência.

Sendo assim, poderíamos imaginar que as pessoas apenas responderam a questionários do tipo: “na sua percepção, a execução dos projetos melhorou?”; “você sente seu time mais criativo nesse período?”; e respostas assim podem ser enviesadas só pelas perguntas e estão longe de garantir que algo realmente aconteceu.

A divulgação segue afirmando que cerca de 58% dos funcionários beneficiados afirmam que passaram a conciliar melhor a vida pessoal e a profissional após o projeto. Em seguida, menciona, dentre outras porcentagens:

● Aumento de 78,1% na disposição para momentos de lazer;

● 50% reduziram os sintomas de insônia;

● 62,7%, reduziram o estresse no trabalho;

● 64,9% se sentem menos desgastados no final do dia; e

● 56,5% não estão frustrados como antigamente.

Ou seja, só sucesso, pelos resultados preliminares.

Agora, como medir a conciliação entre vida profissional e pessoal? Disposição para momentos de lazer? Sintomas de insônia? Enfim, todas variáveis cuja medição é bem complicada. Poderíamos medir o nível de energia e sono dos participantes por meio de pulseiras e relógios que inferem um valor de 0 a 100 baseando-se na frequência cardíaca e suas variações; mas será que foi feito?

Como foram isolados os efeitos de variáveis externas ao estudo? Por exemplo, se a empresa bateu meta ou se distribuiu lucro, isso foi retirado do estudo, para que haja a certeza de que o estresse diminuiu (ou o sono melhorou) unicamente por causa da semana mais curta? Como dizia meu orientador de doutorado: a ciência avança conforme o sistema de medição avança. Ou a famosa frase, atribuída ao Peter Drucker: se não podemos medir, não podemos gerenciar e nem melhorar.

Portanto, caros leitores, mesmo tendo em mente que trabalhar um dia a menos seja melhor para nossas vidas, se quisermos transformar isso em ciência, precisamos de rigoroso método científico – o que vale para pesquisas qualitativas e quantitativas.

Caso contrário, estamos falando em um estudo sobre percepções de 205 participantes, dos 280, que responderam ao questionário. E, assim, o máximo que podemos provar é que, para aquele conjunto de dados, a percepção foi de melhora. Enfatizo a palavra percepção, pois por meio dela eu garanto que essa melhora está circunspecta ao grupo que preencheu o questionário. Embora saibamos que é um projeto piloto, é necessário ter cautela na forma como os dados são divulgados à sociedade, por meio de notícias e redes sociais.

Efeito Hawthorne

Saindo um pouco dos entraves metodológicos, podemos perpassar pelos desafios já conhecidos durante a realização de estudos desse tipo. O mais famoso, o efeito Hawthorne. Esse é o nome dado ao fenômeno que ocorre quando as pessoas se comportam de forma diferente porque sabem que estão sendo observadas. Por exemplo, os trabalhadores podem aumentar ou diminuir a sua produtividade em resposta à atenção que recebem.

Essa conclusão ficou famosa depois que o time de pesquisadores aumentou a luminosidade na linha de produção e observou um aumento na produtividade. Desconfiado do resultado, o pesquisador chefe resolveu reduzir em outra área a produtividade, explicando que os estudos mostravam que um pouco mais escuro era melhor.

Após o teste, tanto os trabalhadores que estavam no ambiente mais iluminado como no mais escuro melhoraram significativamente sua produtividade. Conclusão: o sentir-se observado/assistido era um fator de impacto maior na produtividade do que a alteração na luminosidade.

Olhando para a pesquisa dos 4 dias, penso algo semelhante. Por que não fazer um desafio de 6 dias, por exemplo, aumentando os salários de forma proporcional? Inclusive, aparentemente na contramão desse movimento, temos o caso recente da Samsung, que deverá adotar a semana de 6 dias para executivos na Coreia do Sul.

Será que a percepção dos colaboradores também não será positiva? Se, em 1927, os estudos realizados pela Western Electric Company, em Chicago, do efeito Hawthorne, foram tão relevantes, por que não esperar que o atual não faça isso, também? Para pensar.

De qualquer forma, a pluralidade de iniciativas e o rigor do método científico podem nos ajudar a encontrar um caminho respeitoso, produtivo e de bem-estar na vida profissional.

Virgilio Marques dos Santos é um dos fundadores da FM2S, doutor, mestre e graduado em Engenharia Mecânica pela Unicamp e Master Black Belt pela mesma Universidade. Foi professor dos cursos de Black Belt, Green Belt e especialização em Gestão e Estratégia de Empresas da Unicamp, assim como de outras universidades e cursos de pós-graduação. Atuou como gerente de processos e melhoria em empresa de bebidas e foi um dos idealizadores do Desafio Unicamp de Inovação Tecnológica.

                      O “não” do cliente a uma proposta. Por quê?                 

Moysés Peruhype Carlech

Fiquei pensando e ao mesmo tempo preocupado com o seu “não”, sem nenhuma explicação, à nossa proposta de divulgação da sua loja e de resto todas as lojas dessa cidade no Site da nossa Plataforma Comercial da Startup Valeon.

Esse “não” quer dizer, estou cheio de compromissos para fazer pagamentos mensais, não estou faturando o suficiente para cobrir as minhas despesas, a minha loja está vendendo pouco e ainda me vem mais uma “despesa” de publicidade da Startup Valeon?

Pergunto: como vou comprar na sua loja? Se não sei qual é a sua localização aí no seu domicílio? Quais os produtos que você comercializa? Se tem preços competitivos? Qual a sua interação online com os seus clientes? Qual o seu telefone de contato? Qual é o seu WhatsApp?

Hoje em dia, os compradores não têm tempo suficiente para ficarem passeando pelos Bairros e Centros da Cidade, vendo loja por loja e depois fazendo a decisão de compra, como antigamente.

A pandemia do Covid-19 trouxe consigo muitas mudanças ao mundo dos negócios. Os empresários precisaram lutar e se adaptar para sobreviver a um momento tão delicado como esse. Para muitos, vender em Marketplace como o da Startup Valeon se mostrou uma saída lucrativa para enfrentar a crise. Com o fechamento do comércio durante as medidas de isolamento social da pandemia, muitos consumidores adotaram novos hábitos para poder continuar efetuando suas compras. Em vez de andar pelos corredores dos shoppings centers, bairros e centros da cidade, durante a crise maior da pandemia, os consumidores passaram a navegar por lojas virtuais como a Plataforma Comercial Valeon. Mesmo aqueles que tinham receio de comprar online, se viram obrigados a enfrentar essa barreira. Se os consumidores estão na internet, é onde seu negócio também precisa estar para sobreviver à crise e continuar prosperando.

É importante você divulgar a sua loja na internet com a ajuda do Site da Startup Valeon, que no caso não é uma despesa a mais e sim um investimento para alavancar as suas vendas. Desse modo, o seu processo de vendas fica muito mais profissional, automatizado e eficiente.  Além disso, é possível a captação de potenciais compradores e aumentar o engajamento dos seus clientes.

Não adianta pensar dessa forma: “Eu faço assim há anos e deu certo, porque eu deveria fazer diferente? Eu sei o que preciso fazer”. – Se você ainda pensa assim, essa forma de pensar pode representar um grande obstáculo para o crescimento do seu negócio, porque o que trouxe você até aqui é o que você já sabe e não será o que levará você para o próximo nível de transformação.

O que funcionava antes não necessariamente funcionará no futuro, porque o contesto está mudando cada vez mais rápido, as formas como os negócios estão acontecendo são diferentes, os comportamentos dos consumidores está se alterando, sem contar que estão surgindo novas tecnologias, como a da Startup Valeon, que vão deixar para trás tudo aquilo que é ineficiente.

Aqui, na Startup Valeon, nós sempre questionamos as formas de pensar e nunca estamos totalmente satisfeitos com o que sabemos justamente por entender que precisamos estar sempre dispostos a conhecer e aprender com o novo, porque ele será capaz de nos levar para onde queremos estar.

Mas, para isso acontecer, você precisa estar disposto a absorver novas formas de pensar também e não ficar amarrado só ao que você já sabe.

Se este for seu caso, convido você a realizar seu novo começo por meio da nossa forma de anunciar e propagar a sua empresa na internet.

Todos eles foram idealizados para você ver o seu negócio e a sua carreira de uma forma completamente diferente, possibilitando levar você para o próximo nível.

Aproveite essa oportunidade para promover a sua próxima transformação de vendas através do nosso site.

Então, espero que o seu “não” seja uma provocação dizendo para nós da Startup Valeon – “convença-me”.

E-Mail: valeonbrasil@gmail.com

Site: https://valedoacoonline.com.br/

Fones: (31) 98428-0590 / (31) 3827-2297

 

quinta-feira, 9 de maio de 2024

QUAL SERÁ O TAMANHO DA AJUDA QUE O GOVERNO FEDERAL TERÁ QUE FAZER PARA O RIO GRANDE DO SUL?

 

História de IDIANA TOMAZELLI – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O tamanho da ajuda federal ao Rio Grande do Sul ainda é uma incógnita diante do fato de que a tragédia está em andamento. Municípios inteiros seguem debaixo d’água, inviabilizando a mensuração dos prejuízos, e a perspectiva de novas chuvas na região desperta o temor de que a crise se estenda.

Bases de dados do próprio estado estão fora do ar e dificultam o trabalho de pesquisadores locais que receberam a tarefa de tentar calcular o estrago para a economia gaúcha.

O Executivo federal também enfrenta obstáculos para mapear as necessidades diante da prioridade máxima dos órgãos locais em resgatar quem segue ilhado.

Uma das frentes de trabalho é estruturar a busca de famílias que não estão no Cadastro Único, mas muito provavelmente se tornarão público-alvo do Bolsa Família após perder emprego, renda e bens materiais.

Os desafios são variados. Faltam dados, equipamentos públicos foram inundados, e as famílias que podem vir a receber o benefício tiveram seus documentos carregados pela água.

Nas reuniões virtuais convocadas pelo governo federal para discutir o plano de ação nessa área, a fala dos assistentes sociais gaúchos é frequentemente interrompida pelo choro diante de uma tragédia da qual, não raro, também são vítimas.

A ministra Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) viajou ao Rio Grande do Sul nesta quarta-feira (8) e disse que “não há limite para os gastos públicos que forem necessários” para combater a calamidade e reconstruir o estado.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) propôs e o Congresso aprovou um decreto de calamidade para facilitar a liberação de verbas. Há a expectativa de lançamento de medidas nos próximos dias, com linhas de crédito subsidiadas para empresas e famílias, suspensão da dívida do estado com a União e repasses.

No Ministério da Fazenda, há uma preocupação em desenhar políticas focalizadas e demonstrar que a calamidade gaúcha não será usada como oportunidade para gastar mais e de forma generalizada –uma desconfiança que já se instalou no mercado financeiro.

O problema é que ninguém consegue, neste momento, estimar o tamanho do prejuízo nem qual pode ser a necessidade de ajuda da União ao estado e às prefeituras.

A CNM (Confederação Nacional dos Municípios) divulgou na terça-feira (7) um primeiro levantamento indicando estragos de R$ 4,6 bilhões nos setores público e privado. Um dia depois, o valor foi atualizado a R$ 6,3 bilhões e deve subir ainda mais.

“É muito difícil fazer qualquer afirmação neste momento [sobre estimativas]”, diz Claudio Frischtak, ex-economista do Banco Mundial e presidente da Inter.B, consultoria especializada em infraestrutura. Porém, ele propõe um exercício que pode dar uma dimensão do problema.

O estoque de capital em infraestrutura no Brasil equivale hoje a 36% do PIB (Produto Interno Bruto). Traçando um paralelo com a participação do Rio Grande do Sul na economia nacional e na população, ele assume que o território gaúcho reúne 5% desse estoque –ou cerca de 1,9% do PIB.

Se metade disso tiver sofrido danos severos, o prejuízo poderia ficar entre R$ 90 bilhões e R$ 100 bilhões.

“É [uma conta] preliminar? É. Mas já começa a dar uma ideia do tamanho do buraco. Porque isso não inclui infraestrutura social [como escolas e hospitais]. Não inclui a infraestrutura urbana [vias dentro da cidade]. Nisso não está incluído a casa das pessoas, as fábricas. Vai ser muito mais baixo isso? Não vejo. Pode ser muito mais alto? Sim”, diz Frischtak.

Integrantes da equipe do ministro Fernando Haddad (Fazenda) veem as cifras com certo ceticismo e avaliam que o custo não chegará a um décimo da estimativa.

O economista da ASA Investments Jeferson Bittencourt, que foi secretário do Tesouro Nacional entre abril e outubro de 2021 –durante a pandemia de Covid-19–, diz que é possível traçar paralelo, apesar das naturezas distintas das tragédias.

“Primeiro o governo tenta conter o dano, dando liquidez. Antecipa recursos a que as pessoas já têm direito, como 13º, restituição do Imposto de Renda, abono salarial. Faz empréstimos. Depois ele percebe que tem uma questão de solvência, das prefeituras, das empresas, das famílias. Aí o governo vai tendo que transferir dinheiro novo”, diz Bittencourt.

O governo já começou a antecipar benefícios e liberou o saque do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço). São R$ 2,9 bilhões em medidas de alívio aos trabalhadores. Na assistência, as antecipações e a injeção de verba extra devem somar outro R$ 1,3 bilhão.

Para Bittencourt, a principal fonte de dúvida hoje é o valor necessário para reconstruir hospitais, unidades de saúde, escolas, entre outros. “Tem muita coisa submersa”, diz. Ele cita como possibilidade um custo de R$ 20 bilhões nessa frente.

A suspensão da dívida do estado com a União deve custar entre R$ 3 bilhões e R$ 4 bilhões. O ex-secretário ainda vê possíveis demandas de até R$ 9 bilhões para o compensar a arrecadação perdida pelo estado com a paralisação de empresas e até R$ 15 bilhões caso o governo federal decida pagar auxílios às famílias.

O total poderia ficar perto de R$ 50 bilhões. Bittencourt diz que o crítico neste momento é evitar que outros estados ou setores peguem carona nas flexibilizações de políticas.

COMO DEVE SER A AJUDA AO RIO GRANDE DO SUL

Medidas em fase de elaboração:

Linha de crédito subsidiada para famílias e empresas dos municípios gaúchos em calamidade

Suspensão da dívida do governo do Rio Grande do Sul com a União

Repasse extra de recursos em diversas frentes

Medidas já anunciadas ou implementadas:

Decreto legislativo reconhecendo calamidade em decorrência das enchentes, para facilitar a liberação de verbas fora das regras fiscais

Adiamento do CNU (Concurso Nacional Unificado) e de ao menos 17 outros processos seletivos do setor público

Prazo maior, até 31 de agosto, para enviar declaração do Imposto de Renda

Saque emergencial do FGTS, limitado a R$ 6.220 por conta vinculada (conforme saldo disponível)

Pagamento de duas parcelas extras do seguro-desemprego

Antecipação do abono salarial

Antecipação de benefícios previdenciários do INSS, pensões e BPC (Benefício de Prestação Continuada)

Quebra do escalonamento do calendário do Bolsa Família (todas as famílias poderão sacar o dinheiro no primeiro dia de pagamento, 17 de maio)

Suspensão temporária do recolhimento de tributos federais devidos por médias e grandes empresas, do recolhimento mensal de MEIs (microempreendedores individuais) e de companhias do Simples Nacional e da contribuição dos empregadores ao FGTS (o pagamento será cobrado em meses posteriores)

Suspensão temporária da cobrança de dívidas com Banco Central e PGFN (Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional)

Pausa de até três meses no financiamento habitacional com a Caixa

Pausa em financiamentos com bancos públicos e privados e renegociação de dívidas

NOVO CONDENA CENSURA DO GOVERNO A COMENTÁRIOS CONTRA QUE O GOVERNO CHAMA DE FAKE NEWS

História de Redação – IstoÉ Dinheiro

O partido Novo apresentou uma notícia-crime na Procuradoria-Geral da República contra os ministros Ricardo Lewandowski, da Justiça, e Paulo Pimenta, da Secretaria de Comunicação (Secom), em razão da abertura de um inquérito para apurar supostas notícias falsas sobre a tragédia causada pelas chuvas no Rio Grande do Sul. A sigla pede que os ministros sejam investigados por abuso de autoridade.

“Não há qualquer demonstração da prática de crime pelos ora representados, mas sim a disseminação de informações e/ou a realização de críticas políticas ao governo federal e às instituições públicas em relação à omissão ou à falta de eficiência na adoção de providências de socorro à população gaúcha”, escreveram os advogados do partido. A ação tem como autores o ex-deputado federal Deltan Dallagnol, cujo mandato foi cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e o presidente do Novo, Eduardo Ribeiro.

O inquérito para apurar a disseminação de notícias falsas foi aberto por Lewandowski a pedido de Pimenta. O ofício elaborado pela Secom elege 12 contas no Instagram, no Tik Tok e no X (antigo Twitter) que teriam divulgado desinformação. Entre os alvos do inquérito estão o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), o coach Pablo Marçal (PRTB-SP) e o senador Cleitinho (Republicanos-MG).

“Destaco com preocupação o impacto dessas narrativas na credibilidade das instituições como o Exército, FAB, PRF e Ministérios, que são cruciais na resposta a emergências. A propagação de falsidades pode diminuir a confiança da população nas capacidades de resposta do Estado, prejudicando os esforços de evacuação e resgate em momentos críticos. É fundamental que ações sejam tomadas para proteger a integridade e a eficácia das nossas instituições frente a tais crises”, escreveu Pimenta no ofício.

Em reunião no Planalto nesta terça-feira, 7, Pimenta chegou a dizer que é preciso prender os responsáveis. Segundo o ministro, é preciso “botar para f… com os caras” que divulgam fake news. Um interlocutor da reunião então pergunta: “Mandar prendê-los?”. Pimenta, então, responde: “Manda prender, não aguento mais fake news”.

Entre as publicações consideradas mentirosas pelo governo Lula está um tuíte feito por Eduardo Bolsonaro no último domingo, 5. Na publicação, o deputado compartilha uma reportagem feita pelo jornal Folha de S. Paulo com o título “Após 4 dias de chuvas, governo Lula autoriza envio da Força Nacional para o RS” e dispara: “Falta humanidade neste DESgoverno Lula”. Na peça, a Secom não explica o motivo da postagem ter sido considerada falsa. “Eduardo Bolsonaro criticou a ajuda do Governo Federal ao Rio Grande do Sul, ao mencionar que o governo levou quatro dias para enviar reforços a região”, escreveu Pimenta.

A Secom também cita perfis que compartilharam críticas ao show da Madonna no Rio de Janeiro e que afirmavam que nove pessoas teriam morrido em uma UTI do Hospital de Pronto Socorro de Canoas (RS) em razão de uma suposta demora do Exército. A informação falsa, no entanto, havia sido divulgada pelo próprio prefeito da cidade, Jairo Jorge (PSD), e corrigida horas depois. Na verdade, a UTI tinha 13 pessoas e, dessas, duas morreram. O chefe do Executivo municipal não é incluído no relatório da Secom.

Outra fake news citada pelo governo federal na peça foi divulgada pelo coach Pablo Marçal. Ele alegou que caminhões com doações para vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul estariam sendo retidos pela Secretaria da Fazenda do Rio Grande do Sul (Sefaz-RS) para cobrança de nota fiscal e ICMS. Conforme mostrou o Estadão Verifica, não há ações de fiscalização que impeçam o transporte de doações para os municípios atingidos pelas chuvas. As Secretarias da Fazenda do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, o governo gaúcho e a Polícia Rodoviária Federal afirmaram que não há retenção de veículos na Receita. Uma conta no X (antigo Twitter) que publicou relatos sobre caminhões retidos em postos fiscais também disse que os veículos foram liberados algumas horas depois do ocorrido.

“Precisamos parar de aceitar que as opiniões das pessoas sejam criminalizadas e tratadas como desinformação. Isso é normalizar um câncer que vai dragar a liberdade de expressão, de imprensa e de protesto no país. Não importa se as opiniões estão certas ou erradas, ou se são justas ou injustas: não cabe ao governo federal dizer o que as pessoas devem pensar, sentir e dizer”, avalia Dallagnol, um dos autores da ação do Novo.

O post Tragédia no RS: Novo aciona PGR contra Pimenta e Lewandowski por inquérito que apura fake news apareceu primeiro em ISTOÉ DINHEIRO.

 

COMENTÁRIOS SOBRE O SHOW DA MADONNA NO RIO DE JANEIRO

História de Redação – IstoÉ Dinheiro

A estrela pop embolsou um cachê milionário por duas horas de playback. O fato de ela ter abanado a bandeira do Brasil no palco é interpretado como um acerto de contas com a direita. Sério?Sempre gostei do dito “O patriotismo é o último refúgio do canalha”. Talvez pelo fato de eu – como muitos alemães, por causa da nossa história – ter problemas com o patriotismo exacerbado, e ainda mais com o nacionalismo.

A frase, de acordo com a Wikipédia, é atribuída ao inglês Samuel Johnson. Lá consta, ainda, que a crítica não é ao “amor real e generoso” pela pátria, mas ao “pretenso patriotismo que tantos, em todas as épocas e países, têm usado como um manto para os próprios interesses”.

Em nenhum outro campo o dito de Johnson se aplica tanto quanto na política. Pois cada um pode definir para si mesmo – dependendo do que convenha à agenda política pessoal no momento – o que quer dizer concretamente o tal patriotismo, e o que se deve fazer ou deixar de fazer para ser visto como patriota.

Também no Brasil o patriotismo e seus símbolos – a bandeira nacional e a camisa da Seleção – são empregados como o instrumento com que o Flautista de Hamelin atraiu os ratos e as crianças. Toda vez que um político apela para o patriotismo, fico pensando que ele não tem mas nenhum outro bom argumento.

Entendo bem a irritação de muitos de meus conhecidos e amigos, que bem gostariam de torcer pela Seleção no futebol, mas que não suportam mais as camisas amarelas por evocarem associações com a direita, que não perde oportunidade de desfilar com esse uniforme e a bandeira brasileira.

Mas agora, dizem, a cantora Madonna resgatou dos direitistas os símbolos nacionais. Depois do show de duas horas no Rio de Janeiro, as cores voltaram a representar um Brasil inclusivo e tolerante. Isso seria realmente uma façanha incrível por parte da cantora: abanou um pouquinho com a bandeira e tudo está bem de novo. Soa um pouco como pensamento mágico infantil.

Quando eu era jovem, achava a Madonna realmente o máximo: boas canções, e eu e os meus amigos éramos todos loucos por ela. Nos anos 90, eu pulava pelas discotecas ao som da sua música. Nos últimos 25 anos, porém, infelizmente a gente se afastou. A última canção dela que achei boa era na verdade do Abba: Hung up. Mas tudo bem.

Madonna sempre foi uma personagem artificial. Compreendo que ela queira continuar fazendo o mesmo número – embora eu mesmo não consiga conceber como, aos 65 anos, ela continua fazendo o possível e o impossível para parecer que tem 20.

Eu podia achá-la fantástica como modelo para uma forma saudável e positiva de encarar o inevitável envelhecimento. Mas não sou grande entendedor de personagens artificiais. Além disso, é algo que cabe a cada um decidir por si.

Quando o grátis sai caro

Fui igualmente ingênuo ao ouvir que a estrela pop daria um show de graça na praia de Copacabana. De fato, achei que ela ia pagar tudo do próprio bolso: um gesto bacana para os fiéis fãs brasileiros, por ocasião de seu jubileu de 40 anos no palco, pensei eu. Claro que ela ia pagar tudo: eu também financiei o meu aniversário de 40 anos. E ela, enquanto cantora mais rica de todo o mundo, sem dúvida pode arcar com uma festa, sem o menor problema.

Errado: R$ 10 milhões saíram dos cofres municipais vazios; outros R$ 10 milhões, dos ainda mais vazios cofres do estado do Rio de Janeiro, que para isso teve que contornar suas regras de recuperação fiscal.

E o resto dos R$ 60 milhões que custou o espetáculo, em parte pagamos eu e milhões de outros cidadãos que têm conta no maior patrocinador do evento, o Banco Itaú. Ao que consta, Madonna recebeu R$ 17 milhões pela apresentação. Nada mal, para duas horas de playback.

O fato de ela ter feito a TV Globo transmitir beijos, seios femininos nus e cenas de masturbação provavelmente fez corar parte dos telespectadores. Mas quem assistia à MTV nos anos 80 já conhecia isso. Portanto, tudo no campo do previsível: afinal de contas, supostas quebras de tabu são a essência da arte da Madonna e do seu sucesso comercial. E a Globo embolsa um lucro de R$ 50 milhões pela transmissão das bem calculadas quebras de tabu. Também nada mal.

Inusual, mas, ainda assim, também calculado, foi o comentário da Madonna sobre as cores da bandeira brasileira: “That green and yellow flag I see everywhere… I feel it in my heart, I feel it in my pussy” (“Aquela bandeira verde-e-amarela que eu vejo por toda parte… Eu sinto no meu coração, eu sinto na minha vulva”).

Será que isso vai gerar um mal-estar entre os Bolsonaros e companhia, da próxima vez que eles desfilarem com a bandeira nacional?

Então: não achei fora do comum a aparição com camisa verde-e-amarelo e bandeira. Isso já faz parte, toda vez que um/a artista estrangeiro/a se apresenta no Brasil. Ela/es sabem como conquistar o público. Pois não só os populistas de direita usam esse manto para os próprios interesses: também artistas como a loura Madonna, que fazem os trouxas pagarem pela própria festa.

Thomas Milz saiu da casa de seus pais protestantes há quase 20 anos e se mudou para o país mais católico do mundo. Tem mestrado em Ciências Políticas e História da América Latina e, há 15 anos, trabalha como jornalista e fotógrafo para veículos como a agência de notícias KNA e o jornal Neue Zürcher Zeitung. É pai de uma menina nascida em 2012 em Salvador. Depois de uma década em São Paulo, mora no Rio de Janeiro há quatro anos.

O texto reflete a opinião do autor, não necessariamente da DW.

O post Madonna, festa cara em Copacabana e os trouxas da bandeira apareceu primeiro em ISTOÉ DINHEIRO.

 

MADONNA REBATE AS CRÍTICAS DIZENDO QUE O SEU SHOW É UM TEATRO COM LIBERDADE DE EXPRESSÃO E PENSAMENTO

 

História de Matheus Queiroz – Purepeople.br

'Liberdade de expressão e pensamento': a forte resposta de Madonna ao Papa após seu show ser chamado de 'o mais satânico'

‘Liberdade de expressão e pensamento’: a forte resposta de Madonna ao Papa após seu show ser chamado de ‘o mais satânico’© Getty Images

Madonna realizou um show histórico no Rio de Janeiro no último dia 4 e acumulou uma série de polêmicas em terras tupiniquins por conta das performances ousadas e transgressoras. Outro país onde ela deixou um rastro de controvérsia foi na Itália, por conta da conturbada relação com a Igreja Católica.

O auge da briga da artista com a instituição aconteceu em 1990, quando Madonna rodava o mundo com a histórica “Blond Ambition Tour”. No palco, a popstar simulava masturbação e exorcismo e cantava em um altar de uma igreja, causando, mais uma vez, revolta entre a comunidade católica.

Em julho daquele ano, a cantora desembarcou em Roma para uma apresentação e a confirmação da chegada da artista gerou muito burburinho. Uma série de protestos teve início com grupos e associações privadas de católicos.

Pouco tempo depois, o Papa João Paulo II convocou um boicote dos católicos ao show, que chamou de “circo do diabo” e “um dos shows mais satânicos da história da humanidade”.

O MANIFESTO HISTÓRICO DE MADONNA PARA O VATICANO

A resposta de Madonna veio já nos primeiros instantes em Roma. Ainda no aeroporto e diante de uma multidão de jornalistas, a cantora leu uma carta ao Vaticano. Considerado um dos grandes momentos da cultura pop das últimas décadas, o momento está eternizado no icônico filme “Na Cama com Madonna”.

Descendente de italiano, Madonna iniciou o discurso com uma celebração às raízes. “Orgulho de ser americana porque é o país onde cresci, o país que me deu as oportunidades de ser quem sou hoje e um país que acredita na liberdade de expressão e na expressão artística”, disse ela.

Madonna pediu o fim da tentativa de boicote à sua apresentação. “Se você tem certeza de que sou uma pecadora, então quem não pecou atire a primeira pedra. Se você não tem certeza, então eu imploro a você, como homens e mulheres justos da Igreja Católica que adoram um Deus que ama incondicionalmente, que vejam meu show e então me julguem”, solicitou.

A cantora explicou o conceito provocador que a acompanharia durante toda a carreira e comparou seus espetáculos a uma peça de teatro. “E tal como o teatro, faz perguntas, provoca pensamentos e leva-o numa viagem emocional, retratando o bem e o mal, a luz e as trevas, a alegria e a tristeza, a redenção e a salvação. Não endosso um modo de vida, mas descrevo um, e o público é deixado a tomar as suas próprias decisões e julgamentos. Isto é o que considero liberdade de expressão, liberdade de expressão e liberdade de pensamento”, refletiu.

Por fim, Madonna expôs de forma direta como interpretava a tentativa de boicote. “Para me impedir de fazer o meu espetáculo, vocês, a Igreja Católica, estão dizendo que não acreditam nessas liberdades. Se você não acredita nessas liberdades você está aprisionando a mente de todos. Quando uma mente está aprisionada, nossa luz espiritual morre. Quando o espírito morre não há razão para viver”, disparou.

Madonna se apresentou no Estádio Flamínio em 10 de julho de 1990 com ingressos esgotados, para um público de 30 mil pessoas. A apresentação agendada para o dia seguinte, no entanto, foi cancelada por conta da onda de protestos.

AÇÕES INDIVIDUAIS PODEM ALVIAR A CRISE CLIMÁTICA?

CNN Brasil

Pesquisa realizada em 33 países pela Ipsos avalia a percepção da população com relação ao meio ambiente

Sete em cada dez pessoas no Brasil e no mundo acreditam que “se todos fizessem pequenas mudanças em suas vidas cotidianas, isso poderia ter um grande impacto no combate às mudanças climáticas”, diz a pesquisa Earth Day 2024.

Esse consenso, no entanto, varia entre as gerações e gêneros, diz o levantamento realizado pela Ipsos, empresa de pesquisa de mercado independente, com quase 25 mil pessoas em 33 países, sendo cerca de 1.000 respondentes no Brasil.

Embora as pessoas mais jovens costumem ser mais otimistas do que as pessoas mais velhas numa série de questões, a pesquisa global conclui que as mudanças climáticas parecem ser a exceção à regra.

Responderam positivamente à pergunta sobre se todos fizessem mudanças individuais nas suas rotinas e hábitos isso causaria um grande impacto no alívio à crise climática, 73% dos Boomers (geração nascida entre 1945 e 1964), 71% da Geração X (1965 até 1980), 68% dos Millennials ou Geração Y (nascidos entre 1982 e 1994) e 63% da Geração Z (nascidos entre 1995 e 2010).

As empresas, governos e demais organizações que estão elaborando estratégias de ação climática podem precisar ajustar anúncios e mensagens para uma linguagem que envolva melhor os funcionários, clientes e fornecedores mais jovens.

Homens da geração Y e da geração Z são o grupo mais apático e fatalista sobre as mudanças climáticas em comparação com as gerações anteriores e as mulheres. Três em cada dez dizem que “já é tarde demais” para enfrentar as alterações climáticas e acham que não podem fazer diferença, se sentindo particularmente impotentes.

Proporções semelhantes de homens jovens acreditam que “não faz sentido mudar o seu próprio comportamento para enfrentar o clima mudar porque não vai fazer alguma diferença de qualquer maneira”.

Além disso, mesmo com o maior volume de reportagens sobre recordes de calor, inundações e incêndios relacionados à crise climática nos últimos anos, homens millennials e os homens da geração Z também são o grupo de corte da pesquisa mais suscetível a acreditar que “o impacto negativo das alterações do clima está muito distante no futuro para eles se preocuparem”.

Mas a maioria das pessoas em todos os países pesquisados, com exceção da Índia, pensa que não é tarde demais para enfrentar as alterações climáticas. No entanto, a pesquisa descobriu que as pessoas não têm conhecimento sobre quais ações individuais têm o maior impacto.

A conclusão mostra que há trabalho a fazer para comunicar quais as ações que possuem maior impacto no corte de emissões e como fazê-las. Para 37% dos entrevistados, ter acesso fácil a mais informações os encorajaria a tomar mais medidas.

Governos

O número de pessoas que pensam que o seu governo tem um plano claro para combater as mudanças climáticas diminuiu desde 2022. No Brasil, 73% acreditam que o governo federal deveria intensificar seus esforços no combate às mudanças climáticas.

Na média global, 63% das pessoas acreditam que seus países deveriam fazer mais. Indonésia, China e Tailândia são os países onde mais pessoas acreditam que seus governantes deveriam intensificar as ações.

Moradores da Alemanha, Holanda e Japão são os que menos concordam com a necessidade de fazer mais para combater as mudanças climáticas. O Brasil ocupa a 8º posição nesta lista. E a margem de erro para as respostas no Brasil é de 3,5 pontos percentuais.

Para 40% dos brasileiros, o Brasil já é um líder mundial na luta contra as mudanças climáticas. As nações com maiores índices de concordância são China (75%), Índia (73%), e a Indonésia (54%), enquanto os países com menores índices são Japão (12%), Romênia (10%) e Hungria (9%).

Globalmente, o levantamento também revela que 63% acreditam que países desenvolvidos, como os Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Alemanha e França, devem pagar mais para resolver o problema climático, dada sua maior responsabilidade histórica na produção de emissões de carbono.

Mas quando questionados sobre “não podemos enfrentar plenamente as alterações climáticas a menos que todos os países trabalhem em conjunto”, três a cada quatro pessoas (74%) no mundo acreditam que todos os países devem trabalhar juntos na resolução deste problema.

Empresas

Quase três em cada cinco pessoas concordam que se as empresas do seu país não agirem agora para combater as alterações climáticas, estão falhando com seus funcionários e clientes, com um consenso geral entre as gerações sobre isso.

As marcas que falam e tomam medidas para combater as alterações climáticas estão fazendo o que a maioria das pessoas espera, desde estudantes iniciantes até veteranos e veteranas experientes.

 

DE ONDE VIRÁ O ORÇAMENTO PARA A RECONSTRUÇÃO DO RIO GRANDE DOSUL?

Pessoas andam em meio à destruição em Roca Sales, Rio Grande do Sul
Legenda da foto,Moradores caminham em meio à destruição, no município de Roca Sales

Article information

  • Author,Mariana Schreiber
  • Role,Da BBC News Brasil em Brasília
  • 8 maio 2024

Ainda não se sabe qual será o orçamento total necessário para reconstruir o Rio Grande do Sul e apoiar as famílias atingidas, após os estragos causados por fortes chuvas que afetaram 388 dos 497 municípios gaúchos, mas o Congresso Nacional, o governo federal e o governo gaúcho se articulam para agilizar a liberação de bilhões de reais.

Apenas a reconstrução de rodovias destruídas pelas enchentes do Sul deve custar ao menos R$ 1 bilhão, segundo estimativa do ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes.

As inundações atingiram mais de 1,3 milhão de pessoas, segundo a administração estadual, com ao menos 100 mortes e 155,7 mil pessoas desalojadas de suas casas. Muitos estão sem luz ou água potável.

As negociações para liberar recursos ocorrem em meio às restrições fiscais que atingem tanto a União como o Estado, já que ambos estão com as contas no vermelho.

Entre as medidas em discussão está a suspensão do pagamento da dívida do Rio Grande do Sul com o governo federal (que pode liberar R$ 3,5 bilhões neste ano), a autorização de verbas extras fora do limite de gastos da União, e o remanejamento de despesas já previstas no Orçamento, como as emendas parlamentares (recursos que deputados e senadores podem usar em investimentos e políticas públicas).

Alguns parlamentares, como o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), têm defendido a criação de um “orçamento de guerra”, similar ao adotado na pandemia da covid-19, quando as regras fiscais foram flexibilizadas e o governo federal foi autorizado a assumir gastos extras que somaram mais de R$ 600 bilhões em dois anos, segundo o Tribunal de Contas da União.

Propostas de alteração da Constituição (PEC) com esse teor já foram apresentadas pela deputada Fernanda Melchionna (PSOL-RS) e o senador Alessandro Vieira (MDB-SE).

A ideia, porém, está sendo criticada por especialistas em contas públicas que consideram que o “orçamento de guerra” traria uma flexibilização excessiva das regras fiscais.

Na visão desses analistas, há outros mecanismos para garantir verba extra para o Estado fora do limite de gastos da União, sem necessidade de alterar a Constituição Federal.

O principal deles é a adoção de créditos extraordinários em situações emergenciais.

Essa opção já está autorizada, após o Congresso aprovar na terça-feira (7/5) uma proposta de decreto legislativo apresentada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva estabelecendo estado de calamidade pública no Rio Grande do Sul, até 31 de dezembro de 2024.

Isso permitirá ao governo liberar recursos além do limite de gastos do ano e descontar essa despesa da meta de resultado primário (diferença entre receitas e despesas não financeiras).

Rodovia destruída pelas chuvas em Lajeado (RS)
Legenda da foto,Reconstrução de estradas deve custar ao menos R$ 1 bilhão, estimou ministério

A meta estabelecida pela lei orçamentária de 2024 é que o governo reverta o rombo registrado nos anos anteriores e feche o ano no zero a zero, ou seja, sem economizar ou gastar mais do que arrecada.

Em 2023, a União registrou déficit primário de R$ 230,5 bilhões, valor equivalente a 2,12% do Produto Interno Bruto (PIB).

Apesar da meta de zerar o rombo neste ano, levantamento realizado pelo Banco Central semanalmente mostra ceticismo do mercado financeiro. A mediana das projeções dos analistas para este ano está em déficit de 0,67% do PIB.

Defensores da redução do rombo dizem que o equilíbrio das contas públicas contribui para reduzir a inflação e os juros praticados no país, com impactos positivos para o crescimento econômico.

Já os críticos das medidas de austeridade fiscal dizem que o corte de gastos reduz a qualidade dos serviços públicos e a assistência do governo aos mais pobres.

Governos não sabem quanto será necessário

Logo: WhatsApp BBC Brasil

No WhatsApp

O presidente Lula voltou a garantir na terça-feira a rápida liberação de recursos emergenciais por meio dos ministérios.

Ele ressaltou que não se sabe ainda o total que será necessário para recuperar o Estado e disse que o governo federal “vai trabalhar junto com governador [Eduardo Leite, do PSDB] em um projeto”.

“A dificuldade inicial é que nenhum prefeito – o governador disse isso com todas as letras no último domingo – tem noção do estrago que foi feito. Por enquanto, as pessoas imaginam, pensam. Mas a gente só vai ter o estado real quando a água baixar e a gente ver o que aconteceu de fato no Rio Grande do Sul”, disse em entrevista a emissoras de rádio durante o programa “Bom Dia, Presidente”, produzido pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC).

“O que eu posso garantir é que há 100% de vontade da Câmara, do Senado, do Tribunal de Contas e do Poder Judiciário para que a gente facilite o máximo possível os recursos”, acrescentou.

O economista Gabriel Barros, ex-diretor da Instituição Fiscal Independente (órgão ligado ao Senado), considera inevitável o aumento de gastos para apoiar a recuperação do Rio Grande do Sul, mas é contra o “orçamento de guerra”.

“Não é necessário porque o crédito ordinário é suficiente para prestar solidariedade necessária ao Estado e já foi utilizado em situações anteriores similares, por exemplo momentos de seca no Nordeste“, exemplificou.

Na sua avaliação, alterar a Constituição para autorizar gastos extras traz risco de um aumento descontrolado de despesas, em um momento em que as contas públicas já estão apertadas.

Para Barros, o governo tem errado ao focar o ajuste fiscal principalmente na geração de novas receitas, com mais tributos ou retirada de benefícios fiscais, sem buscar uma contenção dos gastos.

Ele critica, por exemplo, a decisão de reajustar o salário mínimo neste ano acima da inflação (para R$ 1.412), despesa que pressiona os gastos públicos com Previdência Social, seguro desemprego e BPC (Benefício de Prestação Continuada, salário mínimo pago a idosos e pessoas com deficiência de baixa renda).

Já o governo diz que essa política reduz pobreza e estimula a economia, ao colocar mais dinheiro em circulação.

Para Barros, a estratégia do governo não deixa folga nas contas públicas para reagir a situações excepcionais, como as inundações que atingem o Rio Grande do Sul.

“A preferência do governo é para aumentar despesa e essa decisão está exaurindo todo o espaço fiscal que existia”, critica.

Pessoas andam sobre escombros em Relvado (RS)
Legenda da foto,Parlamentares querem auxílio emergencial para vítimas das enchentes

‘Reconstrução longa e difícil’

Autora de uma das propostas de “orçamento de guerra”, a deputada gaúcha Fernanda Melchionna diz que a medida é necessária diante de “uma reconstrução que vai ser longa, difícil e em muitas áreas”.

Na sua visão, é preciso adotar não só medidas de recuperação, mas também para preparar o Estado para novos episódios de chuvas fortes, já que os ambientalistas afirmam que as mudanças climáticas vão intensificar eventos extremos como as inundações que atingiram o Rio Grande do Sul.

Especialistas têm apontado, por exemplo, a necessidade de construir pontes mais altas ou até deslocar cidades erguidas em vales para áreas menos sujeitas a inundações.

“Os próprios sistemas de alerta e de monitoramento precisam ser ampliados. As mudanças climáticas estão aí e a gente precisa mitigar os impactos de um novo normal que, infelizmente, veio pra ficar, no sentido de catástrofes ambientais”, defende Melchionna.

A deputada lembra ainda que o Rio Grande do Sul tem um problema histórico de alto endividamento que limita a capacidade de investimentos do Estado.

Devido aos juros altos, a dívida com a União cresceu 13% em 2023, somando R$ 92,8 bilhões, segundo dados da Secretária Estadual de Fazenda.

Sua proposta para o “orçamento de guerra” prevê a suspensão do pagamento e que todo o recurso usado na recuperação do Estado seja abatido da dívida.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quarta-feira (8/5) que o governo deve definir ainda nesta semana as regras para suspender a cobrança da dívida gaúcha.

Mesmo antes das inundações, a Fazenda já discutia a renegociação dos juros pagos por Rio Grande do Sul e outros Estados com alto endividamento, como Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. Segundo Haddad, essas conversas continuarão independentemente da suspensão da dívida gaúcha.

Melchionna propõe ainda benefícios sociais para as famílias que perderam casas e bens nas enchentes. A medida também é defendida por outros parlamentares.

A bancada do PSDB na Câmara está propondo a criação do “Socorro Emergencial Gaúcho”, benefício mensal de R$ 600 para famílias atingidas.

Recursos de emendas parlamentares

Enquanto a liberação de recursos extras é negociada, o governo anunciou o remanejamento de recursos já previstos no Orçamento de 2024.

O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse na terça-feira que o governo federal vai abrir, ainda em maio, uma janela para que deputados e senadores possam remanejar parte de suas emendas parlamentares para ações emergenciais no Rio Grande do Sul.

Segundo ele, isso permitirá redirecionar recursos que iriam para obras e compras de equipamentos, para gastos mais imediatos no socorro às vítimas das enchentes (defesa civil, saúde e assistência social).

“Só da bancada gaúcha, significa R$ 448 milhões”, afirmou, ressaltando que parlamentares de outros Estados também poderão redirecionar suas emendas para o Rio Grande do Sul.

Além disso, Padilha disse que o governo espera aprovar na quinta-feira (9/5) no Congresso Nacional uma alteração na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) que liberaria mais R$ 480 milhões de transferências especiais para os municípios gaúchos, dentro das chamadas “emendas pix”, que entram direto no caixa das prefeituras.

Já o relator da LDO, deputado Danilo Forte (União-CE), defende que mais R$ 2 bilhões podem ser destinados de emendas parlamentares para a recuperação do Rio Grande do Sul.

Segundo sua proposta, esses recursos viriam dos R$ 5,6 bilhões previstos para emendas de comissões (recursos que os parlamentares podem destinar por meio das comissões da Câmara e do Senado) na Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2024 que foram vetados pelo presidente Lula, justamente como parte do esforço de reduzir o rombo nas contas públicas.

A expectativa, porém, é que o Congresso derrube esse veto, liberando os recursos.

PRESO O CRIMINOSO HACKER ADOLESCENTE MAIS PROCURADO DA EUROPA

 

Foto de Juilius Kivimaki em cartaz de procurado pela polícia
Legenda da foto,Julius Kivimäki foi condenado a seis anos e três meses de prisão

Article information

  • Author,Joe Tidy – BBC News Brasil
  • Role,Correspondente de cibersegurança, BBC World Service
  • Twitter,@joetidy
  • 7 maio 2024

Um conhecido hacker que era um dos criminosos mais procurados da Europa foi preso por chantagear 33 mil pessoas, ameaçando publicar online as anotações das suas sessões de terapia.

A prisão de Julius Kivimäki põe fim a uma onda de crimes cibernéticos de 11 anos, que começou quando ele ganhou notoriedade em uma rede de gangues anarquistas de hackers adolescentes, quando ele tinha apenas 13 anos.

A seguir, conheça o caso.

Tiina Parikka
Legenda da foto,Tiina Parikka é uma das vítimas do ataque à Vastaamo, uma rede finlandesa de clínicas de psicoterapia

Tiina Parikka estava se refrescando depois de fazer sua habitual sauna de sábado à noite, na Finlândia, quando recebeu uma notificação no telefone.

Era um e-mail de um remetente anônimo, que de alguma forma tinha seu nome, número de seguro social e outros detalhes privados.

“Inicialmente, fiquei impressionada com o quão educado era, como o tom era amistoso”, relembra.

“Prezada Sra. Parikka”, escreveu o remetente, antes de contar que havia obtido suas informações privadas em uma clínica de psicoterapia da qual ela era paciente.

Logo: WhatsApp BBC Brasil

Quase se desculpando, o autor do e-mail explicava que estava entrando em contato diretamente porque a clínica estava ignorando o fato de que dados pessoais haviam sido roubados.

Dois anos de registros minuciosos feitos por seu terapeuta durante dezenas de sessões estavam agora nas mãos deste chantagista desconhecido.

Se ela não pagasse o valor solicitado dentro de 24 horas, todas as anotações seriam publicadas online.

“Foi uma sensação sufocante”, diz ela. “Eu estava sentada lá, de roupão, sentindo como se alguém tivesse invadido meu mundo privado e estivesse tentando ganhar dinheiro com os traumas da minha vida.”

Tiina percebeu rapidamente que não estava sozinha.

Um total de 33 mil outros pacientes de terapia também tiveram seus registros roubados — e milhares foram chantageados, o que resultou no processo criminal com o maior número de vítimas na Finlândia.

O banco de dados roubado dos servidores da Vastaamo, rede finlandesa de clínicas de psicoterapia, continha os segredos mais íntimos de uma grande parte da sociedade, incluindo crianças. Conversas delicadas sobre assuntos que iam desde casos extraconjugais até confissões de crimesn estavam sendo usadas como moeda de troca.

Mikko Hyppönen, da empresa finlandesa de segurança cibernética WithSecure, que pesquisou o ataque, conta que o caso teve repercussão e alimentou o noticiário durante dias no país.

“Um ataque hacker com esta dimensão é um desastre para a Finlândia — todo mundo conhecia alguém afetado”, diz ele.

Tudo isso aconteceu em 2020, durante os lockdowns impostos em decorrência da pandemia de covid-19, e o caso surpreendeu o mundo da segurança cibernética.

O impacto dos e-mails foi imediato e devastador. A advogada Jenni Raiskio representa 2,6 mil vítimas e, durante julgamento, ela disse que seu escritório havia sido contratado por pessoas cujos parentes haviam tirado a própria vida depois que seus registros foram publicados online. Ela liderou um momento de silêncio no tribunal pelas vítimas.

O chantagista, identificado apenas como “ransom_man” por sua assinatura online, exigia que as vítimas pagassem 200 euros (cerca de R$ 1.090) no prazo de 24 horas, — do contrário, ele publicaria suas informações. Se não cumprissem este prazo, ele aumentaria o valor para 500 euros (R$ 2,7 mil).

Cerca de 20 pessoas pagaram antes de perceber que já era tarde demais. Suas informações haviam sido publicadas no dia anterior, quando “ransom_man” vazou acidentalmente todo o banco de dados para um fórum na dark web.

Está tudo lá até hoje.

Mikko e sua equipe passaram um tempo rastreando o hacker e tentando ajudar a polícia. Foi quando começaram a surgir teorias de que o hacker provavelmente seria da Finlândia.

Uma das maiores investigações policiais da história do país chegou a um jovem finlandês que já era conhecido no mundo do crime cibernético.

Julius Kivimaki em entrevista ao canal de televisão Sky News
Legenda da foto,Kivimäki em entrevista à Sky News em 2014, na qual se autodenominou Ryan

Onda de crimes de ‘Zeekill’

Kivimäki, que se autodenominava Zeekill quando era um hacker adolescente, não se tornou a figura conhecida que é por ser cuidadoso.

Na adolescência, ele só queria saber de hackear, extorquir e se gabar o mais alto possível. Ao lado das equipes de hackers Lizard Squad e Hack the Planet, ele se deleitava ao causar o caos no período extremamente ativo de hackers adolescentes da década de 2010.

Kivimäki era um dos protagonistas, realizando dezenas de grandes ataques até que foi preso em 2014, aos 17 anos, e posteriormente considerado culpado de 50.700 casos de invasão de computadores.

Mas ele não foi preso. Sua suspensão condicional da execução da pena de dois anos gerou controvérsia, e foi criticada por muitos no mundo da segurança cibernética. Apesar das sentenças notoriamente brandas da Finlândia, o receio era que Kivimäki e seus cúmplices — em sua maioria, outros adolescentes espalhados pelo mundo de língua inglesa — não fossem dissuadidos.

Assim como muitos de seus colegas durante este período tumultuado, Kivimäki não pareceu deixar os problemas com a polícia detê-lo.

Após sua prisão, e antes de sair sua sentença, ele realizou um dos ataques mais audaciosos de qualquer gangue de hackers adolescentes.

Ele e o Lizard Squad deixaram as duas maiores plataformas de games offline na véspera e no dia de Natal.

A Playstation Network e o Xbox Live foram derrubados depois que seus serviços foram atingidos por uma técnica pouco sofisticada, mas poderosa, conhecida como ataque distribuído de negação de serviço. Dezenas de milhões de jogadores foram impedidos de baixar jogos, registrar novos consoles ou jogar com amigos online.

Logo do Lizard Squad
Legenda da foto,O Lizard Squad se gabava de seus ataques no Twitter, fazendo postagens com seu logotipo

Kivimäki ganhou a atenção da imprensa mundial e até aceitou me dar uma entrevista para o canal de televisão Sky News, na qual não demonstrou nenhum remorso pelo ataque.

Outro hacker que também era da gangue Lizard Squad disse à BBC que Kivimaki era um adolescente vingativo que adorava se vingar de rivais e mostrar suas habilidades online.

“Ele era muito bom no que fazia, e não se importava com as consequências. Ele sempre ia mais além que os outros nos ataques.”

“Apesar da atenção que havia sobre ele, ele fazia ameaças de bomba e passava trotes sérios sem disfarçar a voz”, conta Ryan, que não quis divulgar seu sobrenome porque ainda é desconhecido das autoridades.

Além de Kivimäki ter sido vinculado a alguns ataques hackers de menor escala após sua sentença, praticamente não se ouviu falar dele durante anos, até que seu nome foi ligado ao ataque à clínica de psicoterapia Vastaamo.

Kivimaki no tribunal
Legenda da foto,O julgamento de Kivimäki em Helsinque foi um dos maiores da história do país

Alerta vermelho emitido

A polícia finlandesa demorou quase dois anos para reunir provas no intuito de emitir um alerta vermelho de busca na Interpol (polícia internacional) para Kivimäki — e ele se tornou um dos criminosos mais procurados da Europa. Mas ninguém sabia onde estava o jovem de 25 anos.

Ele foi localizado por acaso em fevereiro passado, quando a polícia de Paris foi ao seu apartamento após receber uma chamada falsa sobre briga doméstica. Eles descobriram que Kivimäki vivia com documentos de identidade falsos.

O jovem foi extraditado rapidamente para a Finlândia, onde a polícia começou a se preparar para um dos julgamentos mais importantes da história do país.

O detetive Marko Leponen liderou a investigação de três anos — e, segundo ele, foi o maior caso de sua carreira.

“Tivemos mais de 200 policiais no caso em determinado momento, e foi uma investigação intensa com muitos depoimentos e histórias de vítimas para analisar.”

O julgamento de Kivimäki foi uma notícia importante para o país, acompanhado de perto por jornalistas locais — e, inclusive, pela imprensa internacional, que compareceu para ouvir seu depoimento.

Eu estive no tribunal no primeiro dia em que ele depôs, quando manteve sua declaração de inocência com calma e com piadas ocasionais direcionadas ao tribunal em silêncio.

Mas as evidências contra ele eram esmagadoras.

Leponen diz que vincular a conta bancária de Kivimäki ao servidor usado para baixar os dados roubados foi crucial.

Seus agentes também usaram novas técnicas forenses para extrair a impressão digital de Kivimäki de uma foto anônima que ele postou sob um pseudônimo online.

Kivimaki segurando uma garrafa de água
Legenda da foto,A polícia apresentou evidências de impressão digital de que esta foto era de Kivimäki

“Conseguimos provar que essa pessoa anônima que postou no fórum era Kivimäki. Foi inacreditável, mas mostra que é preciso usar todas as medidas que conhecemos, e tentar aquelas que não conhecemos”, explica Leponen.

No final, os juízes deram o veredito, declarando-o culpado de todas as acusações.

O tribunal considerou Kivimäki culpado de mais de 30 mil crimes — um para cada vítima.

Ele foi acusado de violação de dados qualificada, tentativa de chantagem qualificada, 9.231 disseminações qualificadas de informações violando a vida privada, 20.745 tentativas de chantagem qualificadas e 20 chantagens qualificadas.

Ele foi condenado a seis anos e três meses de prisão (a pena máxima era de sete anos), mas é provável que cumpra apenas metade, devido ao tempo já cumprido e ao sistema de justiça finlandês.

Para as vítimas, como Tiina, não é tempo suficiente.

“Tanta gente foi afetada por isso de tantas maneiras — 33 mil pessoas são muitas vítimas. Isso afetou nossa saúde, e algumas pessoas foram alvo de golpes financeiros também usando os dados roubados”, diz ela.

Enquanto isso, ela e as outras vítimas aguardam para ver se vão obter algum tipo de indenização.

Kivimäki concordou, em princípio, em chegar a um acordo extrajudicial com um grupo de vítimas, mas outras estão planejando entrar com processos civis contra ele ou contra a própria Vastaamo.

A clínica de psicoterapia está extinta agora, e seu fundador foi condenado por não proteger os dados dos pacientes, com suspensão condicional da execução da pena. Kivimäki não contou à polícia quanto dinheiro ele tem em bitcoins, e afirma ter esquecido os detalhes de sua carteira digital.

A advogada Jenni Raiskio espera que o Estado possa intervir, mas diz que pode levar muitos meses, ou até mesmo anos, para analisar cada caso individualmente e avaliar quanto dano foi causado.

Há, inclusive, pedidos para mudar a lei para ajudar a lidar com futuros casos de ataques hackers em massa como este.

“Isso é realmente histórico na Finlândia, porque o nosso sistema não está preparado para esta quantidade de vítimas. A invasão da Vastaamo nos mostrou que precisamos estar preparados para esses casos grandes, então espero que haja uma mudança. Isso não vai acabar aqui”, diz ela.

DEMOCRACIA RELATIVA DE LULA E MADURO CADA UM AO SEU MODO

  Brasil e Mundo ...