sexta-feira, 3 de maio de 2024

CONCURSO NACIONAL UNIFICADO DO GOVERNO FEDERAL SERÁ REALIZADO NESSE DOMINGO DIA 5/5

História de TAMARA NASSIF – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – As provas do CNU (Concurso Nacional Unificado) vão ser aplicadas neste domingo (5) em 228 cidades de todo o país. Ao todo, 2,1 milhões de candidatos competem pelas 6.640 vagas disponíveis no serviço público, em 21 órgãos ligados ao governo federal.

Com a seleção batendo à porta, é preciso ficar atento ao que levar no dia da prova.

Todos os candidatos deverão apresentar o cartão de confirmação de inscrição impresso e um documento original com foto, como:

RG ou RG virtual

CNH ou CNH digital

Título de eleitor ou e-Título

Carteira de Identidade Militar

Certificado de reservista ou dispensa militar

Carteiras expedidas por órgãos fiscalizadores de exercício profissional, como OAB ou CRM

Carteira de Trabalho

Passaporte brasileiro

Não serão aceitas cópias, mesmo que autenticadas, e, no caso de um documento digital, é preciso que o candidato o mostre diretamente do aplicativo. A recomendação é que ele já esteja baixado, uma vez que fotos e capturas de tela não serão aceitos e o aplicativo funciona sem internet.

Caso o candidato não tenha o documento de identidade em mãos por motivos de perda, roubo ou furto, ele deverá entregar um boletim de ocorrência expedido até 90 dias antes do dia da prova.

Em relação ao material, é necessário levar caneta preta de material transparente. A dica de especialistas é levar mais de uma, por precaução, já que não serão aceitos lápis, lapiseiras ou canetas de tinta azul. Os concorrentes não poderão se comunicar durante as provas, nem para pedir uma caneta emprestada.

O candidato ainda pode levar alimentos e bebidas, desde que as embalagens estejam lacradas e as garrafas sejam transparentes.

É recomendado, ainda, o uso de roupas e sapatos confortáveis no dia da prova. O país vive uma onda de calor, então vale checar as temperaturas esperadas para domingo para evitar desconfortos térmicos.

Não serão permitidos relógios, tampouco o uso de óculos escuros ou acessórios de chapelaria, como chapéus, bonés, gorros, protetores auriculares, entre outros.

Também é vedado o uso de aparelhos eletrônicos de qualquer natureza, como agendas eletrônicas, livros digitais, gravadores, pendrives, tocadores de música, fones de ouvido e chaves com alarme. Se for constatado o uso ou porte de algum material não autorizado durante a prova, inclusive de apostilas, livros ou anotações, o candidato será desclassificado.

Será fornecido um envelope porta-objetos para guardar pertences, como telefone celular, que deverá ficar desligado durante toda a prova. Lembre-se de desativar alarmes e notificações que possam soar mesmo com o aparelho desligado, pois, caso emita algum barulho, o dono será imediatamente eliminado.

Após lacrado, o envelope só poderá ser aberto fora dos locais de prova.

Os candidatos também não poderão levar o caderno de provas para casa ou anotar as respostas no cartão de inscrição, que não poderá ter rasuras.

A ideia é “coibir que eventuais quadrilhas acessem as questões e, consequentemente, enviem as respostas para aplicantes que estão fazendo o concurso”, diz o MGI (Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, responsável pelo certame) em nota oficial.

Há ainda o tempo mínimo de permanência de duas horas em ambos os turnos. Caso o candidato saia do local de prova antes, será eliminado do concurso.

 

LULA NÃO CONSEGUE SE CONECTAR COM OS TRABALHADORES DO SÉCULO 21

 

História de Notas & Informações – Jornal Estadão

É histórica, desde já, a constrangedora foto do presidente Lula da Silva discursando para um punhado de gatos-pingados em pleno 1.º de Maio. A imagem não deixa margem para dúvida: a agenda política da esquerda – e a do PT, em particular – se desvela hoje tão vazia quanto a minguada plateia reunida anteontem no estacionamento do estádio do Corinthians, em Itaquera, zona leste da capital paulista. Pouca gente se abalou a ouvir o que Lula tinha a dizer no Dia do Trabalho porque o próprio presidente não consegue se conectar com os trabalhadores do século 21.

Em cima do palanque, confrontado por tantas clareiras diante de seus olhos mal-acostumados com aquela cena desoladora, especialmente no Dia do Trabalho, Lula se exasperou. “O ato está mal convocado”, resmungou o petista. “Nós não fizemos o esforço necessário para levar a quantidade de gente que era preciso levar”, reclamou, dirigindo a bronca ao secretário-geral da Presidência, Márcio Macedo, a quem Lula atribuiu a missão de ser o “responsável pelo movimento social brasileiro”, seja lá o que isso signifique.

Não se sabe qual foi a estratégia de comunicação do governo para a celebração do Dia do Trabalho, um marco importante para a construção da persona pública de Lula, por razões óbvias. O fato é que, por mais brilhante que essa estratégia tivesse sido – e ainda por cima contando com recursos dos contribuintes, por meio da Lei Rouanet, de patrocínio da Petrobras e de filmagem da estatal Empresa Brasileira de Comunicação (EBC) –, o ato não poderia ser diferente do fiasco que foi por uma razão fundamental: o Brasil é governado por um presidente que não viu o tempo passar.

Lula ainda pensa como o sindicalista que eletrizava os trabalhadores com seus discursos na Vila Euclides, São Bernardo do Campo (SP), no fim dos anos 1970. Não apenas o País não é o mesmo no qual Lula ascendeu como uma liderança política popular, como o mundo mudou por completo desde que o petista chegou à Presidência pela primeira vez, há mais de 20 anos. Ao longo desse tempo, houve transformações profundas não só das relações de trabalho – outrora baseadas na oposição entre patrões e empregados –, mas também, e principalmente, na visão que os próprios trabalhadores passaram a ter de seus meios de subsistência.

Fortíssimos durante décadas, até por força de imposição legal, os sindicatos e as centrais sindicais, que tradicionalmente enchiam as ruas no 1.º de Maio, hoje não passam de um decalque esmaecido de uma representação profissional que no auge do sindicalismo já era passível de críticas por suas vinculações partidárias. De uns anos para cá, as guildas estão irremediavelmente desacreditadas por uma massa de trabalhadores que não se sentem representados nem querem sê-lo, muito mais interessados que estão em empreender por conta própria.

Nem Lula nem o PT enxergam isso. Basta dizer que reduziram o fiasco do 1.º de Maio a um problema de “comunicação”. Tanto não compreendem a transformação da realidade que os cerca que, dia sim e outro também, insistem em condenar a reforma trabalhista aprovada pelo Congresso em 2017. Ao contrário de “precarizar” o mercado de trabalho, como acusam esses ditos “progressistas”, a reforma se impôs pela realidade de milhões de trabalhadores autônomos que já eram precarizados e, portanto, precisavam de um marco legal para protegê-los – e proteger, sobretudo, sua liberdade de tomar as rédeas da própria vida.

O mercado de trabalho está aquecido e a renda média aumentou, ainda que pouco. Mas nem assim os trabalhadores, ao que parece, conseguem vincular esse cenário menos adverso à figura do presidente da República. Decerto porque, como ficou claro em seu discurso em Itaquera, Lula não tem qualquer projeção de futuro mais auspiciosa a lhes oferecer. E, ademais, porque o petista insiste em uma agenda econômica fracassada, baseada no intervencionismo e no desbragado gasto estatal, que, ao longo dos governos petistas, prejudicou justamente a chamada classe trabalhadora.

Lula pode não ter visão sobre o novo mundo do trabalho. Mas os trabalhadores têm memória.

O MAIOR PRODUTOR DE ÁLCOOL E AÇUCAR DO MUNDO VAI RECEBER PRÊMIO NA ITÁLIA

BM COM

Como marco dos 150 anos da imigração italiana no Brasil, prêmio Ciccillo Matarazzo per italiani nel mondo vai homenagear descendentes de italianos que se notabilizaram nas áreas cultural e empresarial

No próximo dia 6 de maio, o empresário descendente de italianos Rubens Ometto, presidente do grupo Cosan, recebe o prêmio Ciccillo Matarazzo per italiani nel mondo, criado neste ano por Andrea Matarazzo com apoio da associação Promo Brasile Italia, presidida por Giacomo Guarnera. O prêmio será anual e é destinado a personalidades italianas que se notabilizaram em suas áreas no exterior. A homenagem envolve uma série de apresentações sobre o Brasil como local para se fazer negócios e da liderança de Rubens Ometto em sua vasta área de atuação empresarial. Voltados a cidadãos, agentes da política e empresários italianos, os eventos acontecem nos dias 6, 7 e 8 de maio, nas cidades de Roma e Milão, na Itália. A cerimônia de premiação será na noite do dia 6 de maio na embaixada do Brasil, em Roma.

“O prêmio foi criado neste ano dos 150 anos da imigração italiana no Brasil como um marco para reconhecer o heroísmo, a determinação e a coragem destes homens e mulheres que, deixando para trás sua terra e parte de sua história, ajudando a construir nosso país. Também tem como objetivo mostrar à Itália a dimensão do trabalho empresarial, intelectual e cultural do imigrantes italianos no Brasil”, explica o empresário e ex-embaixador do Brasil na Itália Andrea Matarazzo. Matarazzo é sobrinho-bisneto do imigrante italiano Francesco Matarazzo, que saiu da cidade de Castellabate em 1881 e veio para o Brasil, onde criou o maior conglomerado industrial da América Latina à época. O prêmio leva o nome de outro proeminente descendente de italianos, Ciccillo Matarazzo, filho do também imigrante senador Andrea Matarazzo, o maior mecenas brasileiro, que criou a Bienal de São Paulo, o MAM, o MAC, a Cia. Vera Cruz de Cinema e outras instituições culturais que representam seu imenso legado no Brasil.

Sobre o homenageado, Andrea Matarazzo resume, em uma frase, os motivos que levaram à escolha de Rubens Ometto: “Controla um dos maiores grupos empresariais do Brasil e é o maior produtor de açúcar e álcool do mundo. Ele é um italiano, que mora em São Paulo”. Bisneto de Antonio Ometto, que saiu de Padova, na Itália, em 1887 e se estabeleceu no interior do estado de São Paulo para trabalhar na agricultura, Rubens Ometto é engenheiro politécnico formado pela USP e presidente dos conselhos de administração da Cosan, Raízen, Compass Gás e Energia, Comgás e Rumo. Aos 24 anos, Ometto foi contratado como diretor financeiro de um dos maiores complexos industriais do Brasil, a Votorantim. Entrou na empresa de sua família em 1981 e, aos 38 anos, em 1988, assumiu a presidência das duas usinas de açúcar criadas pelo seu avô. Neste período, Rubens Ometto ampliou e diversificou a companhia transformando o grupo Cosan em um dos maiores grupos econômicos do país, que fatura, atualmente, 50 bilhões de euros por ano.

O grupo produz, hoje, açúcar e álcool em 25 usinas que cultivam 1,25 milhão de hectares de terra pelo Brasil. Com o tempo, Ometto tomou a decisão de realizar investimentos em gás natural, adquirindo e ampliando a Comgás, a maior empresa de gás natural do Brasil, que distribui 60% do gás encanado brasileiro a mais de quatro milhões de usuários. Na área de logística e transporte ferroviário, o grupo atua, através da Rumo, com uma frota de 1,2 mil locomotivas, 13,5 mil quilômetros de trilhos e 18 terminais, sendo a única empresa de transporte ferroviário privado do Brasil. Na área de etanol e lubrificantes, a empresa tem fábricas no Brasil, Estados Unidos e Europa e distribui seus produtos em mais de oito mil postos de combustível no Brasil. Em recente investimento, o grupo Cosan adquiriu cerca de 5% da Vale, a segunda maior mineradora do mundo.

Troféu assinado por Maria Bonomi – O prêmio Ciccillo Matarazzo per Italiani nel mondo terá a entrega de uma escultura feita pela artista plástica Maria Bonomi. Também italiana e imigrante, Maria Bonomi é nascida em Meina, no Piemonte. Bonomi se notabilizou no Brasil e no mundo como gravadora, escultora, pintora, muralista, curadora, figurinista, cenógrafa e professora, tendo participado da Bienal de Veneza e várias outras exposições internacionais. É autora do mural em concreto Ascenção, localizado no altar da Igreja da Cruz Torta em Pinheiros, entre diversos monumentos públicos em São Paulo, além de ter obras fazendo parte de acervos permanentes de museus como a Pinacoteca do Estado de São Paulo. A escultura da premiação assinada por Bonomi tem como temática os tema central do projeto, que são os 150 anos da imigração italiana no Brasil. O troféu, de estrutura pequena, é feito de bronze e aço, com diversas referências visuais de aspectos da imigração italiana ao Brasil, como a menção às origens destes viajantes – casas, povoados, cidades; a simplicidade dos cidadãos, em sua maioria vindos de zonas rurais; uma forma ascendente, fazendo referência ao desejo de trabalhar e prosperar no novo mundo; a vela de um navio, representando a travessia. Como materiais, Maria Bonomi escolheu o bronze representando o velho mundo – a Itália – se fundindo com o aço, que é o novo mundo, para onde se estava indo.

Júri – O júri que escolheu o homenageado deste ano e seguirá nos anos seguintes é formado pelo embaixador do Brasil na Itália Renato Mosca; embaixador da Itália no Brasil Alessandro Cortese; cônsul italiano em São Paulo Domenico Fornara; Sergio Comolatti; Sandra Papaiz; Rubens Ricupero; Maria Bonomi; Luisa Strina; José Luiz Farina, presidente do Colégio Dante Alighieri; representantes do Istituto Italiano di Cultura e da associação Promo Brasile, entre outros.

Imigração italiana no Brasil, breve contexto – Em 21 de fevereiro de 1874, o navio La Sofia chegou com o primeiro grupo de italianos em Vitória, Espírito Santo. A embarcação havia saído de Genova, no Norte da Itália, com cerca de 400 pessoas em uma viagem que, acompanhada por um médico e um padre, levou 45 dias para chegar no destino. Este momento marcaria o início da imigração em massa dos italianos ao Brasil, a partir do qual os fluxos seriam mais e mais intensos. Segundo o IBGE, de 1870 a 1920, um fluxo de cerca de 1,4 milhão de italianos entrou no Brasil, representando 42% do total de estrangeiros que vieram nesse período.

Sobre Andrea Matarazzo – De embaixador do Brasil na Itália a ministro e empresário ítalo-brasileiro, Andrea Matarazzo tem vasta experiência nas áreas pública e privada. No período em que chefiou a Embaixada do Brasil em Roma, promoveu intercâmbios empresariais, incentivando o comércio entre os dois países e fortalecendo a inovação e competência técnica das instituições. Levou o então presidente Fernando Henrique Cardoso duas vezes à Itália, onde assinou acordos e tratados. Presidente da Matarazzo Holding e diretor da Fiesp, Matarazzo tem mais de 30 anos de vida pública e atuou nos governos Federal, Estadual e Municipal. Por tantos serviços prestados, recebeu honrarias como Ordem do Rio Branco (Grau Grã Cruz), Gran Oficial Infante Dom Henrique (Governo de Portugal) e Grande Ufficiale (Mérito da República Italiana). Ministro da Comunicação no governo FHC, no estado de São Paulo foi secretário de Estado de Energia, secretário de Cultura e presidente da Companhia Energética de São Paulo (Cesp). No município, foi subprefeito da Sé; secretário Municipal de Serviços, secretário das Subprefeituras e vereador. Andrea Matarazzo é sobrinho-neto de Ciccillo Matarazzo, que batiza o prêmio.

Sobre Rubens Ometto – Rubens Ometto Silveira Mello é presidente dos Conselhos de Administração da Cosan, Raízen, Compass Gás e Energia, Comgás e Rumo, além de acionista controlador das empresas. Ele tem mais de 30 anos de experiência na gestão de grandes empresas, nas áreas administrativa e financeira. Um dos empresários mais atuantes no setor do agronegócio, é um dos fundadores da Associação Brasileira da Indústria de Cana (Única) e, desde 2015, membro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI). Foi condecorado com a Ordem do Mérito da República da Itália, em 2005; foi eleito Engenheiro do Ano pelo Instituto de Engenharia, em 2006; Empreendedor do Ano, em 2010, pela revista Dinheiro; Personalidade do Ano, em 2013, em Londres, pela Câmara de Comércio Brasil Reino Unido; Homem do Ano, em 2014, em Nova York, pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos. Em 2023, foi eleito destaque na premiação Executivo de Valor na categoria Presidente de Conselho de Administração, promovida pelo jornal Valor Econômico, e ganhou, no mesmo ano, a Gold Medal da Americas Society, por sua destacada liderança como um dos líderes empresariais mais importantes e impactantes do Brasil e do continente americano.

Sobre Ciccillo Matarazzo – Francisco Antônio Paulo Matarazzo Sobrinho, mais conhecido como Ciccillo Matarazzo, fundou a Pignatari e Matarazzo para, em seguida, ficar à frente da Metalurgica Matarazzo – hoje presidida por Andrea Matarazzo. Tomou a liderança do projeto de criação do Museu de Arte Moderna de São Paulo, o MAM, estabelecido em 1948. No mesmo ano, com o amigo e engenheiro Franco Zampari criou o Teatro Brasileiro de Comédia – TBC, e em 49 a Companhia Vera Cruz. Ciccillo presidiu a comissão que seria responsável pela comemoração dos 400 anos da cidade: a Comissão do IV Centenário da cidade. O local escolhido para sediar a maior parte dos eventos foi o Ibirapuera, onde ele planejou, com Manequinho Lopes, construir o Parque do Ibirapuera, para cujo conjunto de edificações, a comissão convidou o arquiteto Oscar Niemeyer. Mais tarde, Ciccillo propôs a realização de uma grande mostra internacional inspirada na Bienal de Veneza: a Bienal Internacional de São Paulo, que teve sua primeira edição em 1951.

Serviço

Programação prêmio Ciccillo Matarazzo per italiani nel mondo

Segunda-feira, 6 de maio de 2024 – Roma

15 horas: Evento da Organização Intarnacional Italo Americana (IILA) em colaboração com Lide Itália pelos 150 anos da imigração italiana no Brasil

19h30: Entrega do prêmio Italiani nel estero – Ciccillo Matarazzo

Embaixada do Brasil em Roma

Terça-feira, 7 de maio de 2024, 10 horas – Roma

Pronunciamento de Rubens Ometto no parlamento italiano no âmbito da Comissão de Relações Exteriores da Casa

Quarta-feira, 8 de maio de 2024, 10 horas – Milão

Palestra de Rubens Ometto “O Brasil: potência agrícola e energética” organizado pelo Lide Itália

 

EMPREENDER NO BRASIL É UM VERDADEIRO LABIRINTO ONDE OS ENTRAVES BUROCRÁTICOS E OS IMPOSTOS ALTOS PREJUDICAM A VIDA DO EMPREENDEDOR

 

André Charone é contador, professor universitário, Mestre em Negócios Internacionais pela Must University (Flórida-EUA), possui MBA em Gestão Financeira, Controladoria e Auditoria pela FGV (São Paulo – Brasil) e certificação internacional pela Universidade de Harvard (Massachusetts-EUA) e Disney Institute (Flórida-EUA).

Mesmo com um mercado gigantesco e um povo cheio de ideias, empreender no Brasil pode ser um verdadeiro labirinto. Estudos importantes como o Índice de Facilidade de Fazer Negócios, do Banco Mundial, e o Relatório Global de Competitividade, do Fórum Econômico Mundial, colocam o Brasil numa posição nada invejável. Eles mostram como a burocracia, os impostos altos e os problemas de infraestrutura complicam a vida de quem quer abrir e manter uma empresa aqui. Além disso, a economia do país sobe e desce como uma montanha-russa, tornando tudo ainda mais imprevisível para negócios e investidores.

Mas será que tudo está realmente perdido? O contador e mestre em negócios internacionais, André Charone, que estudou Empreendedorismo em Países Emergentes na Universidade de Harvard, acredita que, com algumas mudanças importantes, como simplificar as regras para as empresas, rever os impostos e melhorar estradas e portos, o Brasil pode sim se tornar um lugar incrível para empreender.

“O Brasil tem tudo para ser um líder econômico global, só precisa ajustar os trilhos para que os negócios possam acelerar sem tantos obstáculos”, André Charone.

Labirinto Burocrático: A Complexidade que Atrasa os Negócios

No Brasil, enfrentar a burocracia é como tentar sair de um labirinto sem fim, especialmente para quem está tentando dar vida a uma nova empresa. André Charone aponta que esse emaranhado de procedimentos e regulamentações não só atrasa a abertura de empresas, mas também faz com que os custos operacionais disparem. Em um cenário global onde agilidade e eficiência são fundamentais, essa realidade coloca as empresas brasileiras em uma posição desfavorável na corrida internacional.

Esse problema burocrático é tão sério que o Brasil figura na 124ª posição no Índice de Facilidade de Fazer Negócios, entre 190 países avaliados. Para se ter uma ideia do impacto disso no dia a dia das empresas, estudos apontam que, em média, são necessárias cerca de 1.500 horas por ano apenas para que uma empresa consiga cumprir com todas as exigências tributárias e fiscais do país. “Esse número exorbitante de horas dedicadas à burocracia não só consome um tempo valioso, mas também representa um custo elevado para as empresas, dificultando ainda mais a jornada de quem empreende no Brasil”, reforça Charone.

Carga Tributária Exorbitante e Complexidade Fiscal

No Brasil, lidar com os impostos é como tentar encontrar a saída de um labirinto especialmente complexo e cheio de armadilhas. As empresas se deparam com uma teia de taxas, contribuições e regras fiscais que frequentemente se contradizem ou se sobrepõem, tornando o sistema tributário brasileiro um dos mais complicados do mundo. André Charone ressalta que essa complexidade e a alta carga tributária não só reduzem os lucros das empresas, mas também as obrigam a buscar especialistas para não se perderem nesse emaranhado. Segundo o contador e mestre em negócios internacionais, isso eleva ainda mais os custos operacionais dos empreendimentos tupiniquins.

Para ilustrar o peso dessa carga, um estudo recente da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) revela que a carga tributária no Brasil é uma das mais elevadas entre os países emergentes, representando mais de 33% do Produto Interno Bruto (PIB). Esse índice coloca uma pressão enorme sobre as empresas, que precisam dedicar uma parcela significativa de seu tempo e recursos apenas para o cumprimento dessas obrigações fiscais.

Infraestrutura e Logística: Desafios na Distribuição

A infraestrutura e a logística no Brasil trazem desafios significativos para as empresas, impactando diretamente sua eficiência e elevando os custos de operação. Problemas como estradas em condições ruins, uma rede ferroviária limitada, e o alto custo de transporte são verdadeiras pedras no sapato para quem tenta fazer negócios no país. Estas questões não só aumentam as despesas com logística, mas também colocam um freio na capacidade das empresas de competir de igual para igual no mercado.

Dados indicam que o Brasil gasta apenas uma fração do que seria necessário em infraestrutura, com cerca de 2% do seu Produto Interno Bruto (PIB) investido na área, enquanto especialistas recomendam um investimento de pelo menos 4% para atender às necessidades básicas de desenvolvimento. Segundo André, essa deficiência se reflete diretamente no custo Brasil – um termo que descreve os diversos custos adicionais que as empresas enfrentam operando no país, incluindo, mas não limitado a, custos logísticos elevados. “Esses desafios infraestruturais e logísticos não apenas tornam mais caro fazer negócios no Brasil, mas também afetam a agilidade e a capacidade das empresas de servir seus clientes de maneira eficaz, sublinhando a urgente necessidade de investimentos e reformas nessa área”, ressalta o mestre em negócios internacionais.

Existe Luz no Fim do Túnel?

Apesar dos numerosos desafios que delineiam o cenário empresarial do Brasil, o país ostenta um potencial inegável para se tornar uma potência econômica. No entanto, para transformar esse potencial em realidade, é imperativo que sejam implementadas reformas estruturais profundas e coerentes. Segundo Charone, as soluções passam necessariamente por uma reforma tributária completa e abrangente que verdadeiramente simplifique o sistema de impostos, tornando-o mais justo e menos oneroso para as empresas. Tal medida reduziria a complexidade e o custo associado à conformidade fiscal, incentivando assim o empreendedorismo e atração de investimentos.

Além disso, o contador destaca que uma reforma administrativa que modernize a máquina pública é essencial para desburocratizar os processos de abertura e gestão de empresas no país. Segundo ele, isso inclui a digitalização de serviços, a implementação de janelas únicas para processos empresariais e a eliminação de redundâncias regulatórias que hoje asfixiam o potencial empresarial. Investimentos maciços em infraestrutura e educação também se fazem necessários para garantir que as empresas possam operar eficientemente e que o país possa desenvolver o capital humano capaz de sustentar e expandir a inovação. A colaboração entre o setor privado e o governo é fundamental nesse processo, requerendo um comprometimento conjunto para uma visão de longo prazo do desenvolvimento econômico do Brasil.

Para Charone, a implementação dessas reformas não apenas criaria um ambiente mais favorável aos negócios, mas também posicionaria o Brasil como um líder atrativo no mercado global, capaz de competir de igual para igual com outras economias avançadas. O caminho para um Brasil mais próspero e inovador está claro. Agora, é essencial que haja vontade política e um esforço conjunto da sociedade para realizar as mudanças necessárias, garantindo assim um futuro econômico brilhante para o país.PageMaker including versions of Lorem Ipsum.

A Startup Valeon reinventa o seu negócio

Enquanto a luta por preservar vidas continua à toda, empreendedores e gestores de diferentes áreas buscam formas de reinventar seus negócios para mitigar o impacto econômico da pandemia.

São momentos como este, que nos forçam a parar e repensar os negócios, são oportunidades para revermos o foco das nossas atividades.

Os negócios certamente devem estar atentos ao comportamento das pessoas. São esses comportamentos que ditam novas tendências de consumo e, por consequência, apontam caminhos para que as empresas possam se adaptar. Algumas tendências que já vinham impactando os negócios foram aceleradas, como a presença da tecnologia como forma de vender e se relacionar com clientes, a busca do cliente por comodidade, personalização e canais diferenciados para acessar os produtos e serviços.

Com a queda na movimentação de consumidores e a ascensão do comércio pela internet, a solução para retomar as vendas nos comércios passa pelo digital.

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Nossa Plataforma Comercial é dividida basicamente em página principal, páginas cidade e página empresas além de outras informações importantes como: notícias, ofertas, propagandas de supermercados e veículos e conexão com os sites das empresas, um mix de informações bem completo para a nossa região do Vale do Aço.

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quinta-feira, 2 de maio de 2024

CONTRATO CARO DO GOVERNO PARA AS REDES SOCIAIS PARA FAZER PROPAGANDA DO GOVERNO

 

História de FÁBIO ZANINI – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Duas associações liberais, o Instituto Ludwig von Mises Brasil e o Instituto Livre Mercado, ingressaram com ação civil pública na Justiça Federal de São Paulo contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro Paulo Pimenta, da Secretaria de Comunicação Social, em razão da licitação para contratação de agências para cuidar das redes sociais do governo. O custo é R$ 197,7 milhões anuais.

As entidades afirmam que a contratação viola os princípios constitucionais da moralidade, impessoalidade e isonomia, além de configurar abuso de poder econômico e possível influência indevida na eleição.

Elas pedem liminar para suspender a contratação até o final do período eleitoral. Em caráter definitivo, requerem a anulação da licitação, além do ressarcimento de prejuízos ao erário público.

Secom fecha contrato de R$ 197 mi com quatro agências para gerir redes sociais do governo
Movimentação da equipe de comunicação do presidente Lula para mudar estratégia nas redes foi revelada pelo Estadão; duas das quatro empresas vencedoras nunca fecharam contratos com o governo federal

Weslley Galzo - Terra 

BRASÍLIA – A Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom) anunciou nesta quarta-feira, 24, os vencedores da licitação de R$ 197,7 milhões, aberta em janeiro deste ano, para contratar quatro agências de publicidade que vão gerir as redes sociais do governo federal. O movimento da equipe do ministro Paulo Pimenta para melhorar a presença digital da gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi revelado pelo Estadão.

As vencedoras da concorrência foram as empresas Usina Digital, Área Comunicação, Moringa L2W3 e o Consórcio BR e Tal, composto pela BRMais e a Digi&Tal. Dentre as cinco agências ganhadoras, duas delas nunca firmaram contratos com o governo federal, segundo os dados do Portal da Transparência. Cada agência deve embolsar cerca de R$ 49 milhões cada por contratos com duração de um ano, que podem ser prorrogados.

A única agência vencedora que tem um histórico consolidado de contratos com órgãos federais é a BRMais, que já recebeu R$ 145 milhões por serviços prestados à União. As empresas Moringa L2W3 e Digi&Tal receberam cerca de R$ 202 mil e R$ 94 mil do governo federal, respectivamente. Já a Usina Digital e a Área Comunicação estão entre as iniciantes no rol de vencedoras.

A mudança na comunicação digital do governo é a nova aposta do Palácio do Planalto para elevar os índices de popularidade do governo Lula que caem em todas as pesquisas realizadas desde o início deste ano. O presidente já reclamou em diversas ocasiões, inclusive publicamente, que não vê as boas ações do governo repercutindo na população.

O governo Lula adotou como critério de escolha das agências a “melhor técnica” em vez do menor preço. As empresas vencedoras tiveram de apresentar propostas técnicas que comprovassem a capacidade de executar tarefas como mapeamento de presença digital dos Ministérios e podcasts. Participaram da disputa 24 empresas, dentre as as quais estão algumas agências de peso e com relação história com o governo federal.
Publicidade

A Secom justificou no edital que a contratação “tem como objetivo o atendimento ao princípio da publicidade e ao direito à informação, por meio de ações de comunicação digital que visam difundir ideias e princípios, posicionar instituições e programas, disseminar iniciativas e políticas públicas, informar e orientar o público em geral”.

As empresas serão responsáveis pela criação, a implementação e o desenvolvimento “de formas inovadoras de comunicação digital, destinadas a expandir os efeitos de mensagens e conteúdo do governo”. Como mostrou o Estadão, uma das principais apostas do governo Lula para ampliar a presença do petista nas redes sociais, o podcast semanal “Conversa com o presidente”, fracassou em índices de audiência e foi descontinuado.

As agências também terão que utilizar “técnicas de machine learning e A.I (inteligência artificial) para realizar a análise de sentimento de notícias de interesse do Governo Federal”. Outro requisito para seleção foi a capacidade das empresas de realizar pesquisas “de alta intensidade” nas redes sociais sobre temas relacionados ao governo. Essas ações mapeiam, por exemplo, a recepção das ações do presidente Lula e de seus ministros no ambiente digital.

Os contratos na área de comunicação e propaganda firmados pela Secom são historicamente elevados e figuram na casa dos três dígitos de milhão. A pasta possui atualmente acordos com quatros agências de publicidade que coordenam as campanhas midiáticas do primeiro escalão do governo. Cada uma dessas empresas ganhou pelo menos R$ 450 milhões na contratação inicial de um ano ocorrida em 2022.

O Estadão revelou que uma dessas empresas contratadas pela Secom ainda no governo Bolsonaro e que teve contratos renovados pela gestão Lula é investigada pela Controladoria-Geral da União (CGU) por fraude em licitação realizada durante a administração do ex-presidente Michel Temer (MDB). A Agência Nacional de Comunicação possui atualmente mais de R$ 920 milhões em contratos com o governo federal mesmo sob a mira da área de fiscalização. O sócio presidente da empresa já chegou a ser condenado por corrupção em campanhas publicitárias que teriam sido superfaturadas em Rondônia.

FRACASSO DE PÚBLICO NO PRIMEIRO DE MAIO DO PT EM S. PAULO

 

História de Redação – IstoÉ Dinheiro

Durante discurso no evento em comemoração do Dia do Trabalhador, organizado pelas centrais sindicais em São Paulo, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, mostrou incômodo com a mobilização realizada para o ato. Segundo o presidente, a convocação para o evento de 1º de Maio, realizado no estacionamento do estádio do Corinthians, em Itaquera, não foi feita como deveria, o que reduziu o público do evento.

No palco, ao apresentar seus ministros, ele falou que tratou do assunto com Márcio Macedo, titular da Secretaria-Geral da Presidência, mas tentou minimizar o problema de falar para menos gente do que o esperado.

“Ele (Márcio Macedo) é responsável pelo movimento social brasileiro. Não pense que vai ficar assim. Vocês sabem que ontem eu conversei com ele sobre esse ato e eu disse para ele: ‘Oh Márcio, o ato está mal convocado. O ato está mal convocado. Nós não fizemos o esforço necessário para levar a quantidade de gente que era preciso levar’. Mas, de qualquer forma, eu estou acostumado a falar com mil, com um milhão (de pessoas), mas também, se for necessário, eu falo apenas com a senhora maravilhosa que está aqui na minha frente pra conversar com a gente”, disse o presidente da República.

Antes da fala de Lula, outros dirigentes de centrais defenderam maior presença de grupos de esquerda nas ruas, em contraposição aos atos de direita convocados por Jair Bolsonaro, ainda que sem citá-lo.

Nas redes, aliados do ex-presidente ironizaram o que consideraram uma baixa participação dos atos das centrais, mesmo antes do evento começar efetivamente. “Um boneco do Bolsonaro coloca mais gente na rua”, ironizou o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG). “Lula bate mais um recorde de fiasco absoluto”, completou Gustavo Gayer (PL-GO).

Além de Lula e Macedo, também estavam presentes o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, e os ministros Cida Gonçalves (Mulheres), Anielle Franco (Igualdade Racial), Luiz Marinho (Trabalho), Alexandre Padilha (Relações Institucionais), André Fufuca (Esportes), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário), Silvio Almeida (Direitos Humanos) e Paulo Pimenta (Comunicações).

O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), pré-candidato de Lula nas eleições em São Paulo também compareceu e discursou.

O post Lula reclama de baixo público em ato do 1º de maio e diz que ‘evento foi mal convocado’ apareceu primeiro em ISTOÉ DINHEIRO.

EMPRESAS COM AÇÕES NO STF BANCARAM MINISTROS PALESTRANTES DO STF EM LONDRES

História de JOSÉ MARQUES – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Empresas com ações nos tribunais superiores bancaram palestrantes ou patrocinaram o 1º Fórum Jurídico Brasil de Ideias, evento em Londres que reuniu ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), do STJ (Superior Tribunal de Justiça) e do governo Lula (PT).

Entre essas empresas, estão a indústria de cigarros BAT Brasil (British American Tobacco) –antiga Souza Cruz– e o Banco Master.

O encontro foi organizado pelo Grupo Voto, presidido pela cientista política Karim Miskulin, que em 2022, às vésperas da campanha eleitoral, promoveu almoço de Jair Bolsonaro (PL) com 135 empresárias e executivas no Palácio Tangará, em São Paulo.

A imprensa foi impedida de acompanhar o evento, que ocorreu na semana passada no luxuoso hotel The Peninsula, que fica ao lado do Hyde Park e cujas diárias custam acima de 900 libras (cerca de R$ 5.800). Palestraram os ministros Dias Toffoli, Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes.

Na entrada, Gilmar Mendes afirmou não saber da proibição à imprensa. “Isso não nos foi informado”, disse. Na ocasião, questionado se falaria com jornalistas, Moraes respondeu, de forma irônica: “Nem a pau”.

A BAT Brasil tem ao menos duas ações no Supremo: uma delas trata de um decreto do Pará que mudou a base de cálculo de tributação relacionada ao fumo e outra questiona ação apresentada pelo Ministério Público do Trabalho contra a prova de cigarros por pessoas contratadas.

As ações têm como relatores os ministros Luís Roberto Barroso e Kassio Nunes Marques. Um dos advogados da empresa é Rodrigo Fux, filho do ministro Luiz Fux. Os três não estiveram no evento em Londres.

A empresa também integra a Abifumo, que é parte interessada em ação contra norma da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) que proíbe a comercialização de cigarros com sabor no país. Toffoli é o relator do processo.

O patrocínio da BAT Brasil foi revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo e confirmado pela Folha de S.Paulo.

Procurada, a BAT Brasil disse que “é parceira do Grupo Voto há mais de 15 anos em diversas iniciativas de comunicação organizadas pela entidade, assim como apoia outras organizações e veículos de comunicação que promovam o debate de temas relevantes para a sociedade, prática legítima no setor privado”.

“Em relação ao evento citado, a companhia entende tratar-se de um importante fórum de discussões sobre os desafios de investimentos no Brasil, especialmente no que se refere à segurança jurídica e à concorrência leal”, afirmou.

Já o Banco Master tem um recurso no STF a respeito de questão tributária que é relatada pelo ministro Gilmar Mendes.

Também procurado, o banco informou em nota que foi um dos “vários apoiadores” do evento “ao viabilizar a palestra do ex-primeiro-ministro britanico Tony Blair”.

“O presidente do banco, Daniel Vorcaro, ancorou o debate, que tratou de temas como economia verde, brexit e inteligência artificial. O banco tem apoiado diversos eventos, dentro e fora do Brasil, que promovam um amplo debate de ideias e representem avanços para o Brasil.”

Sem ações no STF, outra patrocinadora do evento foi a FS Security, cujo dono é o empresário Alberto Leite, que já fez elogios a Elon Musk, o dono do Space X e da rede social X (antigo Twitter).

No início do mês passado, Musk foi incluído por Alexandre de Moraes no inquérito que apura a existência de milícias digitais antidemocráticas e seu financiamento. Ele tem feito constantes ataques a Moraes e ao STF no X.

A FS Security afirma que foi uma das patrocinadores “ao ter sido convidada a participar de um debate na sua área de atuação, que é cybersegurança, inteligência artificial e tecnologia no geral, e declara que não tem nenhuma ação em tribunal superior”.

Além dos ministros do STF e do STJ, também participaram dos debates em Londres o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, o advogado-geral da União, Jorge Messias e o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues.

Estavam, ainda, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, integrantes do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), o ex-presidente Michel Temer (MDB) e os senadores Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) e Ciro Nogueira (PP-PI).

Outro representante de instituição bancária que participou do evento foi Fábio Faria, ministro das Comunicações no governo Bolsonaro e atual gerente de relações institucionais do banco BTG Pactual.

Ao ser questionado sobre quem pagou pela estadia e passagens das autoridades, o Grupo Voto disse que todos os custos operacionais do evento foram de sua responsabilidade.

“Os valores não são de domínio público porque não há verba pública envolvida na realização. O Grupo Voto, empresa privada, se dá ao direito de manter seus patrocinadores em sigilo em respeito às cláusulas contratuais”.

Nesta semana, ministros participarão de outros dois eventos na Europa, que acontecerão em Madri.

 

LEGALIZAÇÃO DA MACONHA NA ALEMANHA

 

História de Sofia Fernandes – DW Brasil

Ainda não há venda liberada, e Justiça ainda precisa fazer triagem de processos criminais passíveis de anistia. Cresce interesse por cultivo doméstico, e prescrição médica está mais fácil.

Marcha da Maconha em Berlim

Marcha da Maconha em Berlim© TOBIAS SCHWARZ/AFP/Getty Images

Passado um mês da legalização do uso recreativo da maconha para adultos na Alemanha, não dá pra dizer que muita coisa mudou no país. Não surgiram cafés especializados na venda de cannabis, nem hordas de turistas em busca do baseado liberado. Ao contrário do plano original do governo do chanceler federal Olaf Scholz, ainda não há lojas licenciadas nem qualquer outro meio para vender o produto de forma legal.

nova lei diz que associações sem fins lucrativos serão as responsáveis pelo plantio e comércio de cannabis. Porém, os chamados clubes de cultivo, ou clubes sociais, só começam a atuar em julho. Qualquer pessoa – contanto que maior de 18 anos e residente na Alemanha – que quiser comprar maconha legalmente deverá ser membro de um clube. Mas não será permitido consumir dentro desses espaços.

Também é proibido fumar na rua das 7h às 20h, assim como nas cercanias de parquinhos, quadras de esporte, escolas e áreas militares.

Dar um pulo na vizinha Holanda, conhecida por ter uma postura mais permissiva em relação às drogas (apesar de não haver uma legalização oficial), e voltar com alguns gramas no bolso tampouco é uma opção legal, pois a importação para fins não medicinais é proibida. Portanto, se houve pessoas fumando nas ruas alemãs no primeiro mês da legalização, foi em grande parte devido ao mercado ilegal de fácil acesso e já existente.

O governo decidiu liberar o consumo e o plantio de maconha sob o argumento de que a antiga política de drogas atingiu o seu limite. Apesar da proibição da compra e posse, o consumo da droga triplicou nos últimos 30 anos, de acordo com dados do Centro Alemão para Questões de Dependência. O mercado ilegal está associado ainda a um risco maior para a saúde, já que não se sabe o teor de THC da maconha traficada ou se há aditivos tóxicos ou impurezas que não podem ser avaliados pelo consumidor, alega a entidade.

A nova lei define que todos os adultos poderão manter até 50 gramas de cannabis em casa e carregar até 25 gramas.

Nessa semana, o prefeito de Berlim criticou o fato de a posse e o consumo serem permitidos, mas a venda e compra não. “Isto significa que no período de 1º de abril a julho, o governo federal está deliberadamente a enviar consumidores de cannabis para estruturas criminosas.” Disse Kai Wegner à imprensa alemã.

Evento

Evento© Liesa Johannssen/REUTERS

Cultivo privado

Para além do que as ruas mostram, a maior transformação nesse período aconteceu no mercado de produtos para o plantio da cannabis. A nova lei autoriza a importação de sementes da União Europeia e o cultivo doméstico de três plantas por pessoa. Nesses casos, só é permitido colher para consumo próprio e não para repassar a terceiros, sob o risco de pena de até três anos de prisão.

Pululam na internet as buscas por métodos de plantio, secagem e processo de cura da maconha. Empresas e start-ups têm apostado alto em sistemas personalizados e prontos para o cultivo em casa. A suíça Mabewo, por exemplo, tem anunciado a venda de uma estufa que por fora tem cara de armário e por dentro conta com irrigação, iluminação LED e controle em tempo real que exige esforço e conhecimento mínimos de plantio.

A Seeds 24, empresa austríaca que vende sementes, a Growmark, com sede em Hamburgo, e outros fornecedores afirmam que há longas esperas pela entrega. A loja online Grow Guru comenta: “Todas as nossas lojas e fornecedores estão atualmente sobrecarregados de clientes”.

Dirk Rehahn, dono de duas lojas de cultivo na Alemanha, falou à DW que espera duplicar suas vendas neste ano e que os estoques dos sistemas domésticos de cultivo prontos para o uso estão esgotados. “As pessoas estão perdendo o medo de cultivar cannabis”, disse Rehahn.

Governo alemão argumenta que a política de drogas anterior do país fracassou, criando um mercado negro

Governo alemão argumenta que a política de drogas anterior do país fracassou, criando um mercado negro© /AP Photo/picture alliance

Uso medicinal

A nova lei retirou a cannabis da lista de narcóticos. Dessa forma, está mais fácil para os médicos na Alemanha prescreverem flores secas de maconha ou extratos para seus pacientes.

Antes, era preciso uma receita médica especial para essa finalidade, cuja emissão era controlada pelo governo. A taxa adicional para esta prescrição de narcóticos também foi dispensada.

Como a cannabis ainda não está disponível nos clubes sociais, a única via disponível neste momento ainda é a do mercado ilegal ou sob a forma de medicação.

Clubes sociais

Plantar, compartilhar e cobrar o necessário para cobrir os custos de produção. É com essa premissa que os clubes de cultivo coletivos estão se estruturando na Alemanha.

Ainda não se sabe até que ponto empresas estrangeiras podem apoiar áreas de cultivo ou investidores podem ganhar dinheiro com clubes canábicos. A lei determina, em linhas gerais, que as associações de cultivo coletivo precisam ser organizações sem fins lucrativos com até 500 membros, e proíbe publicidade e patrocínio.

Apesar da regra, anúncios enormes de clubes sociais estampam outdoors e prédios em áreas movimentadas de cidades como Berlim, em busca de novos membros.

Os clubes de cultivo geralmente cobram uma mensalidade, de acordo com o perfil de consumo dos membros. Alguns estão planejando vender o grama por seis euros – em média

Segundo relatório da Whitney Economics, um serviço de análise focado na indústria da cannabis, serão necessários 50 mil quilos de erva para atender à demanda alemã no primeiro ano após a legalização, o que seria viabilizado por até 3.000 clubes sociais. Atualmente, há cerca de 200 dessas associações, estima a consultoria.

Especialistas acreditam que muitos ativistas e grupos de amigos inicialmente se reunirão para formar um clube social, mas desistirão rapidamente devido à complexidade da operação – e então possivelmente se tornarão os chamados produtores domésticos.

A lei é específica nas orientações de plantio e de venda. Detalha, por exemplo, quais fertilizantes os clubes podem usar e que informações precisam compartilhar com o consumidor: peso, data da colheita, prazo de validade, variedade, porcentagem de THC (tetra-hidrocanabinol) e CBD (canabidiol).

O governo terá acesso ao nome completo dos associados, quanto e quando compraram, além do teor médio de THC consumido. Cada clube deverá ter um membro dedicado à prevenção ao abuso de maconha.

Triagem de casos para anistia

A lei em vigor perdoa as penas de prisão ou multas já impostas por condutas que agora deixaram de ser crime. No entanto, o efeito da medida ainda não foi sentido e vai exigir um esforço adicional nos próximos meses dos tribunais e procuradores.

Haverá o trabalho de filtrar manualmente, da montanha de aproximadamente 100 mil processos criminais contra consumidores de maconha, aqueles que já não são puníveis à luz dos novos regulamentos e aqueles que ainda são.

Loja de cannabis da Holanda: modelo alemão não é tão liberal assim

Loja de cannabis da Holanda: modelo alemão não é tão liberal assim© Robin Utrecht/picture alliance

O ministro da Justiça, Marco Buschmann, afirmou à imprensa alemã que a mudança resultante da lei “significa um aumento pontual na carga de trabalho, mas a longo prazo o peso sobre a polícia e o judiciário será aliviado”, criando espaço para resolver crimes mais relevantes.

Segundo Buschmann, a regra antiga colocou um fardo sobre a polícia, o Ministério Público e o poder Judiciário, que no fim das contas não impediu o consumo. “Em vez disso, os consumidores foram levados para as mãos de traficantes com produtos de qualidade inferior e drogas pesadas.”

Cautela

Há muitas críticas ao plano do governo federal em vários estados, por parte de médicos, advogados e policiais. Estados como a Baviera já impuseram limites para o consumo – nesse caso específico, está proibido consumir maconha em festivais folclóricos e cervejarias.

Entre as críticas, está o fato de que os regulamentos são muito complexos e pouco práticos para a polícia. Não está claro, por exemplo, como os clubes sociais devem ser controlados ou como os usuários serão tratados em caso de infrações de trânsito.

O Centro Alemão para Questões de Dependência tem reforçado a importância de financiar medidas de aconselhamento sobre dependência no contexto da nova lei. A cannabis pode prejudicar o desempenho cerebral, sobretudo a uma idade precoce, com riscos psicossociais e de aprendizado, sublinhou a entidade.

Autor: Sofia Fernandes

COMO É A VISÃO DA GERAÇÃO Z SOBRE O MERCADO DE TRABALHO?

 

História de Mavi Faria – Capricho

O que a Geração Z pensa sobre trabalho?

O que a Geração Z pensa sobre trabalho?© Freepik/Reprodução

Falar de trabalho e de Geração Z pode ser bem complexo, afinal, polêmicas não faltam de que essa geração tem uma relação difícil com funções profissionais. Mas será que é assim mesmo?

O relatório “Tendências de Gestão de Pessoas”, do Ecossistema Great People & GPTWU, como levantado pela CNN, mostra que, 51,6% das pessoas que já estão no mercado de trabalho tem dificuldade de lidar com as expectativas do mundo corporativo e com as diferenças entre gerações.

Outro exemplo disso é a fala, em janeiro deste ano, da atriz e diretora norte-americana Jodie Foster, de 61 anos, ao dizer que tem dificuldade para entender as atitudes dos mais jovens em relação ao trabalho e que pode ser muito chato trabalhar com as pessoas da Geração Z.

Mas, se as gerações anteriores estão com este tipo de pensamento, como é a visão da própria Geração Z sobre o mercado de trabalho? A nossa galera dá “trabalho”, mesmo? Alguém já perguntou pra eles como se sentem?

Nós conversamos com a Galera CAPRICHO – nossa comunidade de leitores-colaboradores entre 13 e 18 anos – e descobrimos que a galera quer ter um ambiente saudável onde suas habilidades são promovidas e desafiadas, e não toleram ambientes de trabalho onde haja descriminação, abuso, assédio ou que prejudique suas respectivas saúdes mentais.

Emanuele Assereuy, por exemplo, de 17 anos, acredita que a geração z lida não só com carga de trabalho e pressão, mas também com saúde mental de forma diferente já que eles valorizam mais o “equilíbrio entre vida pessoal e profissional”, visão sobre o mercado de trabalho, muito diferente da que o pais tinham.

“Meus pais e pessoas mais velhas parecem valorizar mais a estabilidade e a segurança no emprego, enquanto nossa geração tende a buscar mais flexibilidade, propósito e realização pessoal no trabalho”, pontua.

Por esse pensamento, ela sabe o que não tolera: “É inaceitável um ambiente de trabalho com discriminação, falta de diversidade ou que não valorize o bem-estar dos funcionários. Essencialmente, um ambiente profissional deve ser inclusivo, respeitoso, oferecer oportunidades de crescimento e valorizar a saúde mental de todos os colaboradores”.

Além da carga horária de trabalho, outros pontos como realização pessoal, mobilidade geográfica e habilidades pessoais são lidados com mais cuidado e atenção pela geração z, é o que afirma a Laura Matos, de 15 anos. A própria definição e significado de “trabalho”, para ela, é muito mais sobre contribuição social e algo que os motiva a transformar a sociedade. A Ana Beatriz, de 18 anos, também vê o significado de “trabalho” diferente do que uma pessoa de outra geração possa enxergar, mas também não necessariamente pelo lado positivo.

“Ainda não estou trabalhando, mas não tem como não associar trabalho com algo negativo porque quando todo mundo pensa no trabalho, a gente pensa num desgaste e em quanto tempo as pessoas trabalham até se aposentar”, explica, ao mesmo tempo que, em contrapartida, sabe que um ambiente de trabalho dos sonhos é flexível, onde ela pode ter uma vida social, que não acabe com sua saúde mental.

Mais opções são sinônimo de mais liberdade de escolha?

O avanço da internet e das redes sociais proporcionam a criação e inovação de profissões que representarão o futuro — tecnológico, em boa medida. Sem dúvida, as possibilidades de carreira mudaram muito de gerações passadas até aqui e diversas carreiras foram deixadas no passado, enquanto muitas outras surgiram.

Para Paola Eduarda, ou ‘Lola’, de 17 anos, a Gen Z tem muito mais liberdade na escolha da profissão e, por isso, sua relação com o trabalho é de “buscar autonomia e independência financeira para, no futuro, ter conhecimento e aprendizagem na carreira que escolher seguir”.

Embora o desenvolvimento pessoal e a conquista dos sonhos ser uma prioridade para Lola, ela não acredita que sua geração aproveite essas oportunidades. “Percebo uma grande má vontade da minha geração de não querer trabalhar e ficar só nos celulares, que poderiam ser um instrumento facilitador para buscar mais oportunidades, mas parece que muitos não se interessam e só querem sobreviver do dinheiro dos pais”, argumenta.

Mais possibilidades, para Enzo Araújo, de 16 anos, não necessariamente significa mais liberdade porque ele percebe preconceito por parte dos pais sobre as escolhas da galera, em especial, na decisão entre “o trabalho que dá dinheiro versus o trabalho que sonhamos”.

Este tipo de preconceito, sentido pela nossa galera, se espalha não só para a escolha de profissão, mas também para as demandas da geração, que podem ser minimizadas e o ritmo de trabalho comum às gerações anteriores são banalizados, é o que pontua Danielle Peixoto, de 18 anos.

“Acho que a geração anterior a nossa glamouriza muito o cansaço às vezes, já a nossa geração não tem ‘papas na língua’ na hora de comunicar o que foi bacana ou não no ambiente de trabalho, não medem esforços para não levar trabalho para casa ou não passar do expediente de uma forma abusiva. Mas, creio que seja natural uma geração pegar no pé da outra nesse quesito”, aponta. E Dani tem razão.

O embate de gerações é inevitável e uma sempre irá tentar convencer a outra de que seus costumes são melhores que os da outra. Estabelecer que uma é melhor que a outra é difícil por envolver costumes, épocas, crenças e prioridades diferentes. Por hora, ficamos felizes pelo avanço na questão de tratamento para com os funcionários e com a priorização da saúde mental. Se tem uma coisa que aprendemos com as gerações passadas é que um profissional disposto a crescer precisa de um ambiente saudável, e torcemos que, daqui para frente, os avanços sigam na direção do bem-estar do profissional.

MOTORISTA DE APLICATIVOS RECHAÇAM SINDICATOS

 

História de CRISTIANE GERCINA E PAULO RICARDO MARTINS – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Motoristas de aplicativos que transportam passageiros são contra a possibilidade de sindicalização que consta no projeto de regulamentação da categoria. A proposta foi enviada à Câmara no início de março.

Os profissionais também discordam do valor mínimo, de R$ 32,10 a cada hora de trabalho. Cobram ainda maior transparência das empresas quanto aos valores arrecadados e pagos a eles.

O debate em torno de regras para os aplicativos esteve entre os pontos da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022. O tema apareceu no discurso do presidente no 1º de Maio de 2023.

No entanto, há resistências ao projeto de lei elaborado após dez meses de tratativas entre motoristas, empesas e representantes do Palácio do Planalto.

Não houve consenso com as empresas e os trabalhadores das chamadas duas rodas. Os motoboys ficaram fora da regulamentação.

Além disso, a urgência para o projeto do setor chamado quatro rodas, que transporta passageiros, foi retirada pelo ministro Luiz Marinho (Trabalho), após críticas na Câmara.

Agora, a relatoria é do deputado Augusto Coutinho (Republicamos-PE), e o texto deverá ser apresentado até 20 de maio.

Na terça-feira (6), ele deve se reunir com líderes dos motoristas e representantes das empresas. Depois, Coutinho seguirá em agendas com o governo.

O deputado diz que tenta entender questões ligadas à contribuição previdenciária, quer buscar uma forma de ampliar a transparência de informações das empresas e afirma que deve debater com profundidade a questão sindical.

Segundo ele, outro ponto que não agrada a categoria é o valor a ser pago. Os motoristas defendem o pagamento ao menos do dobro do que está proposto.

O medo é que o chamado piso mínimo, que garantiria remuneração mensal de ao menos o salário mínimo de R$ 1.412, torne-se o máximo.

Sobre os sindicatos, Coutinho diz ser contra qualquer obrigatoriedade.

“Não acho que obrigatoriedade não seja bom, mas espero que os sindicatos de fato sejam representativos para a classe. No projeto, está obrigando, mas é um assunto que preciso entender tecnicamente, ouvindo, para preparar o relatório”, afirma.

O texto, porém, não contém dispositivo que exija a sindicalização. Há a previsão de que a categoria seja representada por sindicato para negociações após a regulamentação, o que parte dos profissionais rejeita.

Daniel Piccinato, dono do canal Uber 24 Horas, diz que os sindicatos negociam em benefício próprio e não escutam os trabalhadores da categoria.

Além disso, segundo ele, com a previsão de contribuição pelas empresas para a aposentadoria dos motoristas, o custo pode ser repassado ao passageiro.

“O governo só está pensando em recolher imposto. Eles enchem o bolso de dinheiro, o sindicato ganha a parte dele, o motorista vai ganhar a mesma coisa ou menos, e o passageiro paga mais caro”, afirma.

O projeto prevê que o trabalhador contribua para o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) com uma alíquota de 7,5% sobre a renda bruta. As empresas terão de pagar 20% sobre a renda.

Motorista de aplicativo ouvido pela reportagem, Rosemar Pereira diz que a presença de sindicatos nas discussões da categoria é recente e não contempla negociações e manifestações mais antigas dos profissionais.

“Nós estamos na rua já desde 2014, nunca houve sindicato fazendo algo por mim nem pela minha categoria. Os caras caíram de paraquedas”, diz ele, que reclama de qualquer possibilidade de pagamento de taxas para entidades.

Os profissionais se queixam ainda de questões relacionadas à segurança e de falsas denúncias de passageiros, que podem bloqueá-los nos aplicativos. São temas que ficaram fora do projeto de lei.

Argumentam também que os motoristas de aplicativos já costumam ganhar, por hora, mais do que a quantia proposta.

O projeto considera, para o cálculo, o período entre a aceitação da viagem pelo motorista e a chegada do usuário ao destino. Do total, R$ 8,03 serão como remuneração pelos serviços prestados e R$ 24,07 serão para ressarcir custos com combustível, celular e o próprio veículo.

“Com R$ 8,03, se você for tomar uma água na rua, você volta para casa duro”, diz Pereira.

Procurada, a Amobitec (Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia), que representa empresas como Uber e 99, mantém posicionamento anterior, de que é a favor do projeto, da proteção previdenciária dos motoristas e de que as empresas aceitam pagar sua parte referente ao INSS.

O QUE DIZ O PROJETO

CONTRIBUIÇÃO AO INSS

– Os motoristas de aplicativo cadastrados em empresas como Uber e 99 terão de contribuir com 7,5% sobre a renda bruta, que corresponderá a 25% dos ganhos. As empresas também terão de pagar contribuição, que será de 20% sobre a renda

– O governo calcula que a regulamentação poderá ter um impacto de R$ 280 milhões por mês na arrecadação; a estimativa é que empresas contribuam com R$ 203 milhões e trabalhadores, com R$ 79 milhões

– Para o INSS, a categoria será considerada contribuinte individual, com alíquota diferente das que existem hoje para os demais autônomos, em 11% no plano simplificado e 20% no plano normal

QUAIS DIREITOS GANHAM OS MOTORISTAS

– Aposentadoria Auxílio-doença Pensão por morte

O QUE RECEBEM SEM O PROJETO

– Na informalidade, a categoria não tem acesso a esses benefícios

– Há direito apenas ao BPC (Benefício de Proteção Continuada), pago pelo INSS para idosos e pessoas com deficiência considerados de baixa renda

PROFISSIONAL AUTÔNOMO

– O artigo 3º do projeto de lei estabelece que o trabalhador que presta o serviço de transporte remunerado privado individual de passageiros em veículo de quatro rodas será considerado “trabalhador autônomo por plataforma”

– Seus direitos serão regidos pela lei aprovada no Congresso

– A plataforma de tecnologia será considerada uma intermediadora entre o profissional e o passageiro

– Essa era uma reivindicação das empresas e de parte da categoria, em contraponto ao governo, que entendia haver, em alguns casos, o enquadramento na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho)

– A lei, no entanto, deixa claro que o profissional precisa ter liberdade de trabalho: “Será regido por esta lei complementar sempre que prestar o serviço, desde que com plena liberdade para decidir sobre dias, horários e períodos em que se conectará ao aplicativo”

REMUNERAÇÃO MÍNIMA

– Remuneração mínima proporcional e equivalente ao salário mínimo, hoje em R$ 1.412

– Não significa, no entanto, que o profissional irá receber, ao final do mês, um salário mínimo; eles podem receber mais Hoje, o valor médio é de R$ 5.000 mensais

– O valor mínimo da hora será de R$ 32,10; desse total, R$ 8,03 serão como remuneração pelos serviços prestados e R$ 24,07 serão para ressarcir custos com combustível, celular e o próprio veículo

JORNADA DE TRABALHO

12 horas diárias Será considerada a hora trabalhada, ou seja, o período entre o aceite de uma viagem e o final dela

SINDICATOS

– Direito à associação sindical

– Empresas operadoras das plataformas também terão direito à associação

– Garantida a negociação salarial e de demais benefícios

– Não poderá ser feito acordo individual por trabalhador.

Dentre as atribuições dos sindicatos estão

– Negociação coletiva

– Celebração de acordo ou convenção coletiva

– Representação coletiva dos trabalhadores ou das empresas nas demandas judiciais e extrajudiciais de interesse da categoria

FISCALIZAÇÃO TRABALHISTA E TRANSPARÊNCIA

As empresas de aplicativo poderão ser fiscalizadas por:

– Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil

– Secretaria de Inspeção do Trabalho

ECONOMIA NO MUNDO E NO BRASIL

  Brasil e Mundo ...