quinta-feira, 11 de abril de 2024

ESTADOS UNIDOS PUNE EMPRESA POR CORRUPÇÃO AQUI NO BRASIL JUSTIÇA ANULA TODAS AS PROVAS DE CORRUPÇÃO

 

História de Notas & Informações – Jornal Estadão

De 2003, primeiro ano da primeira gestão Lula da Silva, a 2014, ano em que foi deflagrada a Lava Jato, investigação policial que abalou os alicerces políticos do País, a multinacional sueca Trafigura, especializada na comercialização de commodities, pagou propina religiosamente a um executivo da Petrobras para intermediar a venda de petróleo brasileiro. Para cada barril, vinte centavos de dólar iam para o bolso do então gerente de Comércio Externo de Óleos Combustíveis da petroleira, num esquema que movimentou milhões de reais.

Nos sete anos de duração da Lava Jato, o nome da Trafigura – e de dois representantes no Brasil – integrou o rol de dezenas de empresas, nacionais e estrangeiras, suspeitas de favorecimento mediante suborno a políticos e a executivos da Petrobras. Há poucos dias, decisão do Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DoJ) trouxe a trading de volta aos holofotes ao estabelecer multa de US$ 127 milhões para encerrar processo sobre os atos de corrupção, dos quais a própria empresa se confessou culpada.

Impossível não traçar paralelo com o que ocorre no Brasil em relação às empresas que, como a Trafigura, também assumiram participação na sangria de recursos envolvendo a Petrobras. Malgrado irregularidades constatadas posteriormente na força-tarefa da Lava Jato, a corrupção existiu, vigorou durante anos, enriqueceu ex-executivos, privilegiou empresas e desviou cifras astronômicas. Mas tudo o que foi provado, documentado e confessado ganhou um novo rumo com a mudança dos ventos políticos e o retorno do lulopetismo ao Palácio do Planalto.

No mesmo mês em que o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), movido sabe-se lá por quais propósitos, decidiu anular todas as provas de corrupção e as multas imputadas à Odebrecht (atual Novonor), em setembro de 2023, o ex-executivo da Trafigura Marcio Pinto de Magalhães pediu à Justiça Federal uma declaração de “imprestabilidade de todo o acervo probatório”.

Como era previsível, a decisão individual de Toffoli puxou imediatamente o fio para outros delatores e empresas se pendurarem na inacreditável tese de confissão sob “coação institucional” defendida pelo magistrado. Algo que se torna ainda mais inconcebível diante das inúmeras gravações em vídeo de executivos durante os depoimentos que efetivaram as delações. Somente um cinismo sem precedentes poderia inferir ali algum tipo de coação. Por óbvio, confissão não tem um valor absoluto como prova, mas é, sim, um meio de prova, pois é a admissão do delito cometido pelo acusado.

Nos EUA, o Departamento de Justiça concluiu que a Trafigura “subornou integrantes do governo brasileiro entre 2003 e 2014 para fechar negócios com a Petrobras”. Já no Brasil, o processo contra a Trafigura está suspenso há dois anos, como outros também esmagados pelo rolo compressor da “Vaza Jato”, nome dado às denúncias de arbitrariedades detectadas em mensagens trocadas entre Sérgio Moro e Deltan Dallagnol, respectivamente juiz e procurador responsáveis pela Lava Jato.

No caso da Trafigura, constavam do processo dois ex-executivos da multinacional, um operador financeiro e um gerente da Petrobras. Aí está um detalhe importante para compreender o nível da roubalheira institucionalizada nos anos de maior instrumentalização da Petrobras – coincidente com as gestões petistas. A intermediação das facilidades com fornecedores, prestadores de serviços, tradings e outras empresas contratadas não se limitava ao primeiro escalão administrativo: desciam até o nível de gerência, comprovação de absoluta ausência de governança e fiscalização.

Daí a importância dos mecanismos de proteção para impedir a repetição de tamanho estrago. Tão importante quanto punir culpados – o que vem sendo desconsiderado, com a providencial contribuição do STF – é manter as regras de governança na Petrobras. Infelizmente, o governo Lula da Silva vem desmontando uma a uma as salvaguardas montadas em torno da empresa.

ELON MUSK DIZ QUE RESPEITA LEIS BRASILEIRAS MAS NÃO CONCORDA COM ORDENS QUE AS CONTRARIEM

 

História de Rafaela Ferreira – Jornal Estadão

BRASÍLIA – O empresário e dono do X (antigo Twitter), Elon Musk, usou, novamente, a rede social para comentar sobre as decisões do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes para suspensão de contas na plataforma. Na publicação desta quarta-feira, 10, o bilionário disse que o X respeita as leis brasileiras, mas que tem que recusar ordens que as contrariem.

“X respeita as leis do Brasil e de todos os países em que atuamos. Quando recebemos uma ordem para infringir a lei, devemos recusar”, escreveu em publicação na plataforma.

Desde sábado, 6, o empresário sul-africano tem utilizado a rede social para tecer críticas ao ministro. Elon Musk afirmou que removeria as restrições determinadas por Moraes e que o ministro da Suprema Corte deveria “renunciar ou sofrer um impeachment” por “trair descaradamente e repetidamente a Constituição e a população do Brasil”.

Em resposta, Moraes incluiu o bilionário como investigado no inquérito das milícias digitais por “dolosa instrumentalização” da rede social. O ministro também ordenou a abertura de um inquérito à parte sobre o empresário por suposta obstrução de Justiça “inclusive em organização criminosa e incitação ao crime”.

Elon Musk é dono do X (antigo Twitter) Foto: Gonzalo Fuentes/Reuters

Elon Musk é dono do X (antigo Twitter) Foto: Gonzalo Fuentes/Reuters© Fornecido por Estadão

A publicação feita por Musk nesta quarta foi em resposta a uma nota publicada no perfil da equipe de Assuntos Governamentais Globais do X. O texto diz que as ordens judiciais que a empresa recebeu não estão de acordo com o Marco Civil da Internet e com a Constituição Federal brasileira.

“As pessoas devem saber por que suas contas estão bloqueada ou por que estão sendo investigadas, e devem ter direito ao devido processo para se defenderem em um tribunal público. Acreditamos que esse direito é garantido pela Lei do Marco Civil e pela Constituição Federal do Brasil. O sigilo em torno desse processo está prejudicando a confiança nas instituições públicas”, diz a postagem da equipe.

Durante sessão plenária do STF, nesta quarta, o ministro Alexandre de Mores se manifestou publicamente sobre a polêmica iniciada pelo empresário. “Talvez alguns alienígenas não não saibam, mas passaram a aprender e tiveram conhecimento, da coragem e seriedade do Poder Judiciário brasileiro”, disse.

“A população brasileira, as pessoas de bem, sabem que liberdade de expressão não é liberdade de agressão, não é liberdade para proliferação do ódio, do racismo, da misoginia, da homofobia, não é liberdade de defesa da tirania”, emendou o ministro.

CONSTRUÇÃO DE VILA DA VELHICE

 

História de Vinícius Lemos – Da BBC News Brasil em São Paulo

Muitos membros do grupo não se conheciam e já se tornaram amigos

Muitos membros do grupo não se conheciam e já se tornaram amigos© Arquivo pessoal

Um grupo de mais de 25 pessoas, composto em sua maioria por idosos, quer recomeçar a vida em uma área verde no interior de São Paulo.

Um de seus principais objetivos é viver em comunidade para fugir da solidão, um dos problema que muitas pessoas enfrentam com o avançar da idade.

“Cada vez mais que você vai envelhecendo, a tendência acaba sendo ficar mais isolado”, diz um dos responsáveis pela criação do projeto, o economista Norival de Oliveira, de 60 anos, à BBC News Brasil.

“Esse tipo de comunidade tem justamente o objetivo de trazer mais convivência social e não permitir que os idosos sejam deixados de lado.”

Junto com o companheiro, o arquiteto Ricardo Pessoa, de 62 anos, Norival queria alguma forma de fazer com que o envelhecimento fosse menos solitário.

Os dois buscaram alguns conceitos já adotados em outros países e se encantaram por aquilo que é conhecido como cohousing.

É um estilo de vida em comunidade na qual as pessoas têm suas próprias casas, mas compartilham vários espaços coletivos.

O conceito surgiu na década de 1970 na Dinamarca e passou a ser adotado em outras partes do mundo.

Essas comunidades costumam ser formadas por grupos que têm algum tipo de afinidade, como, por exemplo, pessoas que têm em comum o desejo de viverem juntas na velhice.

Ricardo e Norival, que estão juntos há 13 anos, deram início ao projeto que atraiu outras pessoas

Ricardo e Norival, que estão juntos há 13 anos, deram início ao projeto que atraiu outras pessoas© Arquivo pessoal

cohousing brasileira

Em 2019, Norival e Ricardo falaram com amigos sobre a criação de uma comunidade com outras pessoas na mesma faixa etária.

“Preparamos um material sobre o tema e chamamos 13 amigos mais próximos para tentar colocar a ideia em prática”, diz Norival.

No entanto, grande parte não seguiu no projeto, por questões financeiras ou outros motivos pessoais. Só outros três, além de Norival e Ricardo, continuaram a apostar na ideia.

O casal decidiu buscar mais gente que se encaixasse no perfil que eles traçaram para a cohousing, como ter mais de 50 anos e querer viver em comunidade.

“Abrimos para o público em geral porque a gente percebeu que, no fundo, não dava para ser só com os amigos que eu já conhecia”, explica Norival.

“Na verdade, a gente precisa encontrar pessoas que têm afinidade com esse modo de vida.”

Assim, a comunidade batizada de Bem Viver ganhou novos moradores, que haviam descoberto o projeto por meio de comentários de conhecidos ou pela internet.

As redes sociais ajudaram a divulgar a iniciativa e atrair mais pessoas interessadas, principalmente no auge da pandemia de covid-19.

No perfil da Bem Viver no Instagram, Norival começou a postar sobre o projeto. Isso atraiu muitos curiosos e também quem estava realmente interessado na proposta.

Cada candidato passou por um período de teste em interação com os demais moradores para conhecer melhor o projeto.

O candidato só poderia decidir se viveria na comunidade caso fosse aprovado pelos demais.

Para integrar o projeto, há uma parte fundamental: ter recursos financeiros para ajudar a bancar a ideia.

Cada morador arca de partida com uma cota única, que corresponde ao pagamento pela sua parte do terreno, e, depois, pagará a construção da casa.

Grupo se reuniu para viver em comunidade e fugir da solidão

Grupo se reuniu para viver em comunidade e fugir da solidão© Arquivo pessoal

“Alguns já tinham esse dinheiro guardado e pretendiam usar de alguma forma nessa fase de terceira idade, mas também teve gente vendendo casa na praia ou apartamento para participar”, explica Norival.

Os idealizadores do projeto calculam que o custo total pode ultrapassar os R$ 500 mil, um valor que pode tornar a ideia inviável para muitos brasileiros aposentados.

Por outro lado, quem consegue fazer isso considera que é um investimento para ter uma velhice saudável, diz Norival.

Um lugar para passar a velhice

Terreno em Mogi das Cruzes (SP) foi escolhido para abrigar a cohousing

Terreno em Mogi das Cruzes (SP) foi escolhido para abrigar a cohousing© Arquivo pessoal

O grupo buscou por terrenos em cidades do interior do Estado de São Paulo. Eles queriam estar em uma área verde, mas também próximos de infraestrutura com comércio, lazer e hospitais.

Havia alguns critérios, como não ser muito longe da capital e ser um local com muito contato com a natureza.

No fim de 2022, eles encontraram o lugar que consideraram ideal: uma área verde, com cerca de 63,5 mil m², ainda no perímetro urbano de Mogi das Cruzes.

Com o terreno comprado, começaram a buscar um profissional para cuidar do projeto arquitetônico.

Foi nesse período que o grupo conheceu o arquiteto Roberto Kubota, de 62 anos.

Os moradores da Bem Viver o procuraram porque Kubota compartilhava nas redes sociais algumas informações sobre cohousing, ainda que não tivesse trabalhado em nenhuma iniciativa assim até então.

“Eu tinha tentado morar em uma cohousing antes da pandemia, que seria em uma praia. Mas veio a pandemia e o projeto não avançou”, conta Kubota.

Projeto mostra como devem ser as casas de cohousing no interior de SP

Projeto mostra como devem ser as casas de cohousing no interior de SP© Reprodução

Quando soube da Bem Viver, ele diz que se encantou e, além de ser escolhido para trabalhar como arquiteto, comprou uma das cotas para morar na comunidade.

“Foram dois desejos de anos atendidos ao mesmo tempo: trabalhar na construção dessa forma de moradia e morar perto da natureza e em comunidade”, diz o arquiteto.

Ele conta que, desde que era jovem, tinha vontade de viver em comunidade.

“Quando me formei, fiz um mochilão e fui parar em um kibutz [comuna agrícola israelense] e vi que morar em comunidade era um negócio que poderia dar certo”, afirma.

Ao longo das décadas, ele deixou esse desejo de lado, mas admite que sempre pensou na possibilidade.

“Cheguei a comprar um terreno para compartilhar no fim de semana com amigos, mas não deu certo porque meus amigos estavam em outro momento da vida”, comenta.

Sem filhos e divorciado, Roberto se preocupava com a solidão ao envelhecer.

“A gente vê que a população está envelhecendo, e existe esse medo. A vida em comunidade pode ser benéfica para a saúde e até para ganhar alguns anos de vida”, diz.

“Quem participa dessas iniciativas está realmente aberto a viver em comunidade. Talvez seja até mesmo uma herança hippie da geração anos 1970.”

O projeto da comunidade

A vista aérea de como deve ficar o projeto: casas não podem ser muito distantes umas das outras

A vista aérea de como deve ficar o projeto: casas não podem ser muito distantes umas das outras© Reprodução

Uma das regras do projeto é que todos poderiam opinar sobre como a comunidade deveria ser.

Roberto diz que a participação foi intensa: “Foi um processo colaborativo, e a inteligência de todos os membros do grupo também foi muito importante para definirmos tudo”.

O arquiteto afirma que tudo foi pensado para se viver da forma mais simples possível e com facilidades para os moradores, por serem mais velhos.

O terreno escolhido, por exemplo, não tem uma grande inclinação, o que facilita a acessibilidade. No local, há inúmeras árvores e um pequeno lago natural.

No entorno, há áreas preservadas, nas quais existem diversos tipos de árvores, diferentes animais silvestres, além de lugares para trilhas e alguns sítios que oferecem turismo rural.

Todas as casas também serão térreas e compactas, com espaços pensados para o uso de idosos.

As casas ficarão próximas, cerca de 15 metros de porta a porta uma da outra, para facilitar a interação entre os moradores.

Todas as casas seguirão um mesmo estilo arquitetônico, e há projetos de três tamanhos: 89 m², 98 m² e 110 m².

Uma área coletiva, que ficará a 200 metros de distância das casas na borda do terreno, terá um refeitório, com varanda e cozinha; uma sala para atividades artísticas (música e dança principalmente); um ateliê de artesanato; bar e churrasqueira.

A comunidade terá ainda piscina, sala de ginástica ou outras atividades físicas, lavanderia coletiva, uma pequena praça, hortas e pomares.

Cerca de um terço do terreno tem uma área verde permanente.

“O princípio é o respeito à natureza. Queremos construir tudo em direção à sustentabilidade, com melhorias socioambientais para conservar e preservar a natureza”, diz Norival.

Membros da Bem Viver costumam visitar com frequência o terreno onde as casas serão construídas

Membros da Bem Viver costumam visitar com frequência o terreno onde as casas serão construídas© Arquivo pessoal

A expectativa é de que a construção comece em meados deste ano. O grupo espera a aprovação do projeto pela prefeitura.

Norival explica que filhos ou netos poderão visitar ou viver temporariamente com os moradores.

“Mas é fundamental entender que as áreas e as atividades são voltadas para as pessoas com 50 anos ou mais”, explica.

Entre os moradores, há pessoas com idades que variam de 56 a 79 anos. Muitos já são aposentados.

“A média de idade é de 65 anos”, diz Norival.

Atualmente, quase todas as cotas da cohousing já foram vendidas, e o grupo espera vender as que faltam nos próximos meses.

Não será permitido alugar ou usar a casa por temporada.

“Isso foi estabelecido no contrato social que fizemos com todos, com documentos legais e apoio de advogados”, diz Norival.

Os membros do grupo também já definiram até mesmo algumas regras em relação aos herdeiros.

“Quem for herdar o patrimônio, vai ter que ter perfil para se mudar, senão descaracteriza”, diz Norival.

Caso o herdeiro não se enquadre no perfil, a orientação será vender para um novo morador que tenha mais de 50 anos e queira viver em comunidade.

O arquiteto Roberto Kubota foi escolhido para desenvolver o projeto e acabou se tornando um dos futuros moradores

O arquiteto Roberto Kubota foi escolhido para desenvolver o projeto e acabou se tornando um dos futuros moradores© Arquivo pessoal

Os benefícios da companhia durante a velhice

O conceito de moradias como o cohousing é defendido por especialistas como uma forma de favorecer a saúde mental dos idosos.

A aposentada Marisa Fumanti, de 66 anos, viu a mãe sofrer com a solidão durante a velhice.

“Ela se sentia muito sozinha e me cobrava muito por isso. Mas eu trabalhava bastante, então acabava não conseguindo acompanhá-la tanto”, diz.

Quando viram os filhos saindo de casa, Marisa e o companheiro perceberam que era o momento de realizar o sonho de morar na área rural.

O casal comprou uma chácara no interior de São Paulo. No entanto, Marisa diz que as coisas estão pesadas para serem divididas só pelo casal.

Em 2021, a aposentada foi chamada por Norival, que ela havia conhecido anos antes em um curso, para fazer parte da Bem Viver e logo aceitou.

“Desde que tinha 30 anos, sempre quis morar em comunidade, mas nem imaginava que existia algo como uma cohousing”, diz.

“Trabalhei na área da educação a vida toda e sempre entendi que a capacidade regenerativa do homem está no coletivo, por isso sempre busquei isso.”

Os futuros moradores da Bem Viver moram em diferentes cidades atualmente, enquanto o projeto não fica pronto.

Mesmo assim, eles já se consideram grandes amigos e costumam se reunir pessoalmente com frequência para interagir e falar sobre o projeto, conta Marisa

“Já construímos uma grande parceria. Nós não nos conhecíamos e, hoje, somos amigos de infância.”

O principal fator para que essas comunidades sejam benéficas é que elas costumam ajudar a evitar a solidão, que atinge muitos idosos enquanto filhos ou netos seguem suas vidas para longe deles.

A solidão, segundo os estudos, não prejudica apenas o bem-estar emocional dos idosos, mas também tem características de problema de saúde pública, porque aumenta os riscos de doenças mentais ou outros problemas de saúde.

Marisa Fumanti viu a mãe sofrer com a solidão durante a velhice e não quer enfrentar situação semelhante

Marisa Fumanti viu a mãe sofrer com a solidão durante a velhice e não quer enfrentar situação semelhante© Arquivo pessoal

Pesquisas recentes apontaram, por exemplo, que a solidão pode causar alterações no cérebro que favorecem o surgimento de doenças degenerativas, como Parkinson, Alzheimer, e outros tipos de demência.

Estudos anteriores já indicavam maior risco de perda cognitiva leve e desenvolvimento de demência entre idosos solitários.

Essa falta de interações sociais pode prejudicar a memória, a capacidade de atenção prolongada e a flexibilidade cognitiva, além de aumentar o risco de depressão, ansiedade e estresse crônico.

Os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que 10,2% das pessoas com 18 anos ou mais disseram ter recebido o diagnóstico de depressão no país.

A faixa etária proporcionalmente mais afetada é a dos idosos com 60 a 64 anos, com 13,2%. Os de 65 a 74 anos aparecem com 11,8%. E, por último, os de 75 ou mais, 10,2%.

Um estudo publicado no ano passado mostrou que a depressão é quatro vezes mais comum entre idosos que dizem que se sentem sempre sozinhos.

Aqueles que moram sozinhos apresentam índices mais altos de solidão do que os que viviam com uma ou mais pessoas.

Para a aposentada Marisa Fumanti, a cohousing vai ser a chance de não passar pela mesma solidão enfrentada pela mãe dela, já falecida.

“É um novo modelo de vida que atende a muitas necessidades das pessoas mais velhas, minimiza a depressão e propicia exercícios coletivos”, afirma.

Outros projetos pelo Brasil

Enquanto a população brasileira envelhece — e a estimativa é de que os números de idosos aumentem cada vez mais em todo o mundo —, iniciativas como a Bem Viver chamam a atenção.

Existem outros projetos semelhantes no país. Uma das mais conhecidas é a Vila ConViver, que deve reunir principalmente professores aposentados da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

A ConViver começou a ser discutida em 2017 e devera ter 46 moradores. A área já foi escolhida, mas atualmente aguarda aprovação do projeto pela prefeitura.

“Há outras iniciativas pelo Brasil, como no Rio de Janeiro ou em outras cidades, mas o processo de formação é bem lento”, explica o arquiteto Roberto Kubota.

Roberto ressalta que o movimento de cohousing no país é recente, tendo surgido há cerca de seis ou sete anos.

Mas ele acredita que a ideia deve ganhar força por causa da mudança no perfil etário da população, da maior preocupação com a solidão e o isolamento, da maior atenção à sustentabilidade e do desejo por uma vida simples, em contato com a natureza.

“Será muito interessante acompanhar a evolução do movimento ao longo do tempo”, comenta.

“Acredito que o Brasil vai gerar um modelo próprio, mesmo usando como base a experiência de fora.”

PARALISIA DO SONO É UM FENÔMENO NATURAL OU ESPIRITUAL?

 

História de Nathalie Paiva – João Bidu

Paralisia do sono é um fenômeno espiritual? Saiba toda verdade

Paralisia do sono é um fenômeno espiritual? Saiba toda verdade© 1

É de noite, você está dormindo e derrepente começa ter um sonho vivido onde algo te ataca dentro do seu quarto e ao acordar desse pesadelo, você não consegue se mexer e nem vocalizar uma palavra para pedir ajuda. O medo assim te consome e é como se algo te deixasse totalmente travado. Se tudo isso é familiar para você, certamente já vivenciou o terror nortuno

Para te explicar como isso acontece de acordo com a ciência conversamos com Maurício Hoshino, neurologista e membro do Colégio Médico Brasileiro de Acupuntura. E para te falar desse fenômeno pela perspectiva espiritual falamos com Liliane Moura, pesquisadora de Projeciologia e autora dos livros “Projeção astral, o despertar da consciência” e o infanto juvenil, “Viajando nas estrelas”. Veja tudo a seguir:

Paralisia do sono de acordo com a ciência

A paralisia do sono é uma doença relacionada ao ciclo vigília-sono, quando o paciente fica temporariamente incapaz de se movimentar naquela fase de transição entre o alerta e início e/ou fim do sono. “Durante o sono REM, nossos músculos ficam em estado de relaxamento e se a pessoa desperta sem passar pelas fases de superficialização usuais, acorda sem conseguir se movimentar. A etiologia da paralisia do sono é desconhecida, mas há relação com privação do sono, distúrbios psico afetivos como depressão, ansiedade, outras parassonias como a narcolepsia e grande influência genética”, informa o neurologista.

Como sair do estado de paralisia?

“Uma vez nesta situação, é fundamental relaxar e compreender que esses episódios são auto limitados, aguardando retorno gradual do tônus muscular fisiológico”, explica.

Tem um jeito de evitar que elas aconteçam?

Por estarem relacionados a distúrbio do ciclo vigília-sono, é importante adotar hábitos saudáveis de higienização do sono.”ter um horário regular para dormir, ambiente propício, evitar exercícios físicos ou psicoestimulantes como café, chá, refrigerantes após 16 horas,  refeições de difícil digestão antes de dormir e ter métodos de fuga do stress, tais como meditação, acupuntura, yoga ou exercícios regulares, por exemplo”, recomenda. 

Paralisias frequentes podem ser um alerta para problemas de saúde?

“Os episódios de paralisia do sono podem ser os sintomas de alguma alteração estrutural do sistema nervoso central, bem como estarem envolvidos em outros transtornos do sono ou da esfera psicoativa. É importante procurar orientação com médicos especialistas em Distúrbios do Sono para avaliação e orientação adequadas”, conclui Maurício. 

Paralisia do sono de acordo com a espiritualidade 

Liliane explica que a paralisia do sono é um  fenômeno parapsíquico, que acontece independente do horário em que a pessoa está dormindo. ”Temos o corpo físico e o espiritual. No físico carregamos nossa mente que projeta nossas ideias e pensamentos. O espiritual, é onde nós manifestamos as nossas emoções e sentimentos”, explica. 

Na hora que vamos adormecer acontece uma desconexão energética e espiritual. “A mente desperta e no momento dessa desconexão, temos a paralisia. Nossa consciência não sabe se está acordada ou dormindo. E nessa hora ela paralisa”, afirma. 

É possível sair do corpo físico durante a paralisia do sono

Outra coisa que acontece de acordo com a especialista é a catalepsia. “Ela também é conhecida como catalepsia projetiva. Durante a paralisia pode ser que você tenha uma experiência fora do corpo através da sua consciência.  Você pode se ver fora do seu corpo, no seu quarto, flutuando por exemplo. Além disso, você pode usar esse fenômeno para intensificar o momento de você querer sair do corpo, mantendo a lucidez”, informa.  

De acordo com Liliane, muitos acordam no meio da noite  paralisados e acham que estão acordados com os olhos abertos, mas o que está aberto são os olhos do espírito, os olhos da consciência e não os olhos físicos. 

Como sair do terror noturno?

A pesquisadora recomenda relaxar na hora que se sentir paralisado. “Imagine que você é um balão, que está cada vez mais crescendo e voando. Visualize que você está flutuando para cima do seu corpo físico e saindo pelo teto do seu quarto, atravessando a janela”, conta e continua. “Tente mexer um dedo, a pálpebra, para que essa desconexão se encerre e você se conecte  novamente com o seu corpo físico”, finaliza.

A NOVA ERA DA LIDERANÇA POR LÍDERES MAIS DINÂMICOS QUE BUSCAM SOLUÇÕES MAIS VIÁVEIS

 

André GirottoTreinador de Líderes

Consolidar uma empresa adquirindo clientes, aumentando seu faturamento e ao mesmo tempo, dando conta da satisfação dos colaboradores e demais parceiros certamente não é tarefa fácil. Na expectativa de auxiliar empreendedores e profissionais, o empresário e palestrante paulista André Girotto, considerado o maior treinador de líderes da atualidade, compartilha o conhecimento que acumula desde 2002 em seu quarto livro, intitulado “Framework da Liderança 10x: A Nova Era da Liderança”. Na obra, o profissional compartilha alguns dos segredos que impulsionam a motivação humana em método prático, objetivo e 100% aplicável.

O livro será lançado em Belo Horizonte (MG) no dia 18 de abril, às 19h, na Livraria Leitura localizada no Shopping Diamond (Av. Olegário Maciel, 1600 – Santo Agostinho).

A arrecadação do livro será 100% convertida em apoio ao PAC – Projeto Amigos da Comunidade, em São Paulo. Atualmente, a casa ajuda mais de 7 mil pessoas. “Minha pretensão é poder, por meio desta obra, gerar 10.000 pratos de comida ao ano”, diz André, que é Fundador e CEO da Netprofit, centro de programas de alta performance que conta com 27 unidades. Em sua jornada, já ajudou mais de 50 mil líderes a florescerem e prosperarem, tendo em sua cartela de clientes grandes empresas como Viacom, Vale, Unilever, Sicoob, Tigre, Philco, Melissa, Colgate, Algar e Carrefour.

Para este novo livro o autor, que é natural de Campinas, interior paulista, passou a registrar parte dos resultados de seus clientes e imaginou como esses dados poderiam ajudar empresas em busca de orientações criativas para os desafios constantes da gestão moderna, especialmente sobre o que diz respeito aos recursos humanos. ‘‘Já testei diversas formas, métodos e aplicações desses conceitos, me baseando nos resultados e experiências práticas acumuladas em mais de vinte mil horas de aplicação de treinamentos, coaching e mentorias para líderes em quase mil empresas diferentes, dentro e fora do Brasil, colhendo dados, compilando informações, obtendo insights valiosos, feedbacks surpreendentes e registrando resultados extraordinários – os quais compartilho pela primeira vez”, detalha.

No cerne de “Liderança 10x” está a exigência do mercado por líderes mais dinâmicos. Profissionais que não apenas observem como as engrenagens da empresa e dos parceiros operam, mas que assumam seu protagonismo em coordenar equipes e buscar soluções viáveis.

Este, na verdade, foi o “pitch” do projeto. Através dos formulários da Netprofit, André percebeu que havia uma tremenda inércia dos inscritos em seus treinamentos. Sendo que muitos deles estavam presentes quando matriculados por suas companhias, e não por iniciativa própria. Ao investigar, descobriu que essa “apatia” se dava por esses líderes já se considerarem bem qualificados o suficiente para o exercício que ocupava dentro de sua organização. Um erro que compromete empresas, setores e equipes, uma vez que o líder que pensa assim subestima o mercado, os clientes (e suas necessidades), além da concorrência. Na obra, o autor reforça que não existe alta performance de verdade, se não houver inteligência e adaptação, ou seja, mudanças, como consta na página 19: “As coisas estão mudando rápido, e se você não mudar na mesma velocidade, os riscos para sua empresa podem ser bem maiores que o conforto de continuar fazendo tudo da mesma maneira.”

Por uma liderança disruptiva

É certo que a maioria dos líderes carregam consigo a consciência de que precisam alinhar objetivos com seus times, incentivar as individualidades e criatividade de seus colaboradores, acompanhar e avaliar métricas, além de observar o desenvolvimento do mercado para encontrarem oportunidades e obterem resultados satisfatórios. Mas se sabem, por que não executam? É por isso que André preza pela aplicabilidade de seu método através dos capítulos, para que o leitor não se atenha apenas às páginas, mas vivencie uma liderança disruptiva. Além dos exercícios, ferramentas esmiuçadas, dados e pesquisas oferecidos, o autor cede acesso a uma plataforma digital gamificada – com recompensas de moedas virtuais que podem ser resgatadas na própria plataforma, que ainda conta com vídeo-aulas.

Entre as referências utilizadas para tecer o método estão o renomado autor americano Daniel H. Pink e Jim Collins, que são comumente citados em algumas passagens do livro através de suas experiências com psicologia humana. Os brasileiros Eugênio Mussak e Carlos Alberto Julho também inspiraram o empresário.

Os “10 X” do título se referem a comportamentos descritos por palavras-chave escolhidas pelo autor. “eXperimentar, eXpandir, eXecutar, eXcepcional, eXemplar, eXpedicionário, eXcelência, eXtraordinário, eXplorador e eXponencial.” Ao longo do livro, escrito de maneira direta e algumas vezes até coloquial, o leitor pode assimilar como seu negócio absorve tais valores, enquanto constrói ambientes participativos de verdade. Onde as pessoas estão no centro de todos os processos – gerando resultados para o gestor, para a empresa e quem sabe, para o mundo. Uma liderança 10X coordena tais elementos. Ela é capaz de unificar propósitos, melhorar o fluxo de trabalho entre setores e estabelecer uma cultura de comunicação, colaboração e criatividade.

André se graduou em Ed. Física e logo aos 18 anos, fundou a Sport Moving, que em questão de pouco tempo se tornou uma rede de seis academias. Durante esse processo, tomou gosto pela gestão e começou a se capacitar para treinar outros empresários e líderes através da global Dale Carnegie Training. Isso aos 24 anos – quando se tornou o mais jovem certificado como “trainer” da instituição. Aos 27, deu início a Netprofit e tem realizado treinamentos, programas e palestras em todo Brasil.

Através dos desafios experimentados na Netprofit, lidando com líderes e empresários inspiradores, André oferece sob este “Framework”, uma bússola para guiar gestores e suas equipes diante os desafios de um mundo profissional que está cada dia mais volátil, para que possam encarar cada novo desafio como uma oportunidade. Para atuar dez vezes mais, melhor, mais rápido e por incrível que pareça, com menos recursos.

Com outros três livros publicados (“High Performance”, “Menos Rambo, Mais Sniper” e “A Arte de Ser Efetivo”), André vislumbra agora um projeto onde serão incluídas as histórias, insights e experiências de seus clientes, explanando a presença de sua metodologia no sucesso deles. Batizado “Líderes 10x: Na Prática”, o objetivo é que o livro esteja disponível ainda em 2024.

Leia um trecho de “Framework da Liderança 10x: A Nova Era da Liderança”

“A jornada que estamos prestes a empreender tem sua base na mentalidade e no comportamento do que denominamos de “líder expedicionário”. Esse líder intrépido se destaca por possuir uma mentalidade aventureira e corajosa, sempre pronto para explorar territórios desconhecidos e enfrentar desafios com determinação. Em um contexto empresarial, ele adota uma abordagem mais aberta, que se estende para os lados, em vez de se aprofundar de maneira convencional.” (Pág. 165)

Adquira “Liderança 10x” pelo site do autor:

STARTUP VALEON UMA HOMENAGEM AO VALE DO AÇO

Moysés Peruhype Carlech

Por que as grandes empresas querem se aproximar de startups? Se pensarmos bem, é muito estranho pensar que um conglomerado multibilionário poderia ganhar algo ao se associar de alguma forma a pequenos empresários que ganham basicamente nada e tem um produto recém lançado no mercado. Existe algo a ser aprendido ali? Algum valor a ser capturado? Os executivos destas empresas definitivamente acreditam que sim.

Os ciclos de desenvolvimento de produto são longos, com taxas de sucesso bastante questionáveis e ações de marketing que geram cada vez menos retorno. Ao mesmo tempo vemos diariamente na mídia casos de jovens empresas inovando, quebrando paradigmas e criando novos mercados. Empresas que há poucos anos não existiam e hoje criam verdadeiras revoluções nos mercados onde entram. Casos como o Uber, Facebook, AirBnb e tantos outros não param de surgir.

E as grandes empresas começam a questionar.

O que estamos fazendo de errado?

Por que não conseguimos inovar no mesmo ritmo que uma startup?

Qual a solução para resolver este problema?

A partir deste terceiro questionamento, surgem as primeiras ideias de aproximação com o mundo empreendedor. “Precisamos entender melhor como funciona este mundo e como nos inserimos!” E daí surgem os onipresentes e envio de funcionários para fazer tour no Vale e a rodada de reuniões com os agentes do ecossistema. Durante esta fase, geralmente é feito um relatório para os executivos, ou pelas equipes de inovação ou por uma empresa (cara) de consultoria, que entrega as seguintes conclusões:

* O mundo está mudando. O ritmo da inovação é acelerado.

* Estes caras (startups) trabalham de um jeito diferente, portanto colhem resultados diferentes.

* Precisamos entender estas novas metodologias, para aplicar dentro de casa;

* É fundamental nos aproximarmos das startups, ou vamos morrer na praia.

* Somos lentos e burocráticos, e isso impede que a inovação aconteça da forma que queremos.

O plano de ação desenhado geralmente passa por alguma ação conduzida pela área de marketing ou de inovação, envolvendo projetos de aproximação com o mundo das startups.

Olhando sob a ótica da startup, uma grande empresa pode ser aquela bala de prata que estávamos esperando para conseguir ganhar tração. Com milhares de clientes e uma máquina de distribuição, se atingirmos apenas um percentual pequeno já conseguimos chegar a outro patamar. Mas o projeto não acontece desta forma. Ele demora. São milhares de reuniões, sem conseguirmos fechar contrato ou sequer começar um piloto.

Embora as grandes empresas tenham a ilusão que serão mais inovadoras se conviverem mais com startups, o que acaba acontecendo é o oposto. Existe uma expectativa de que o pozinho “pirlimpimpim” da startup vá respingar na empresa e ela se tornará mais ágil, enxuta, tomará mais riscos.

Muitas vezes não se sabe o que fazer com as startups, uma vez se aproximando delas. Devemos colocar dinheiro? Assinar um contrato de exclusividade? Contratar a empresa? A maioria dos acordos acaba virando uma “parceria”, que demora para sair e tem resultados frustrantes. Esta falta de uma “estratégia de casamento” é uma coisa muito comum.

As empresas querem controle. Não estão acostumadas a deixar a startup ter liberdade para determinar o seu próprio rumo. E é um paradoxo, pois se as empresas soubessem o que deveria ser feito elas estariam fazendo e não gastando tempo tentando encontrar startups.

As empresas acham que sabem o que precisam. Para mim, o maior teste é quando uma empresa olha para uma startup e pensa: “nossa, é exatamente o que precisamos para o projeto X ou Y”.

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quarta-feira, 10 de abril de 2024

CÂMARA DOS DEPUTADOS VOTA PRISÃO OU NÃO DE DEPUTADO BRAZÃO

 

História de MATHEUS TEIXEIRA E VICTORIA AZEVEDO – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A Câmara dos Deputados deve votar nesta quarta-feira (10) a manutenção da prisão do deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ) em meio a um clima de revolta com o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes e a indefinição de líderes das bancadas sobre o tema.

Um dos principais nomes do centrão na Casa já anunciou que é a favor da soltura de Brazão.

O caso será votado na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) pela manhã e a previsão é que o plenário da Casa analise a situação do parlamentar acusado de mandar matar a vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) no mesmo dia.

A votação ocorre porque qualquer prisão de parlamentares ocorrida no exercício do mandato precisa ser referendada pelo Congresso Nacional.

O presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), informou na reunião de líderes que a detenção de Brazão será pautada e deixou cada partido decidir como se posicionará. “A CCJ vota amanhã o relatório e vem ao plenário na tarde de amanhã mesmo. Sobre mérito, ninguém falou absolutamente nada”, afirmou nesta terça-feira (9).

Deputados do centrão e de direita ouvidos pela Folha entendem que a avaliação crítica da atuação de Moraes tornou o cenário do caso Brazão indefinido. A detenção do congressista foi ordenada pelo magistrado em março.

Por um lado, a maioria da Casa deseja mandar um recado ao ministro por ver violações de prerrogativas de parlamentares em decisões recentes. Por outro, reconhecem que a brutalidade e a comoção social envolvidas na morte de Marielle dificultam a formação de uma maioria para libertar o acusado de ordenar a morte da vereadora.

Os defensores da derrubada da prisão dizem que manter a decisão fortaleceria ainda mais o magistrado, enquanto a articulação na Casa nos últimos meses vai no sentido oposto, de impor freios a Moraes.

Um dos principais líderes do centrão afirmou sob reserva que há chances de não manter a prisão, mas reconhece o potencial constrangimento em tomar uma decisão nesse sentido.

Expoente do centrão, Elmar Nascimento (União Brasil-BA) falou que votará pela soltura. “O meu voto é que não há previsão legal de prisão preventiva para parlamentar. Vou votar pela Constituição. Cada deputado vota com a sua consciência”, afirmou.

Ele disse que vai liberar a bancada de seu partido para que cada deputado se posicione como preferir.

Um dos receios de parlamentares diz respeito ao temor de que essa situação abra um precedente para casos no futuro —por isso, dizem que é necessário cautela sobre o tema.

Apesar disso, a aposta nos bastidores é que a prisão será mantida, ainda mais pelo fato de se tratar de uma votação aberta. A previsão é que as bancadas se reúnam para debater o tema, mas muitas delas não devem fechar questão, liberando os deputados para votarem como quiser.

Uma estratégia estudada seria derrubar a prisão e, na sequência, cassar o mandato do deputado, como forma de mostrar que a Casa não é condescendente com a impunidade, mas também não tolera ofensivas do Judiciário contra os parlamentares. A Comissão de Ética irá instaurar o processo de cassação do mandato do deputado também nesta quarta.

A insatisfação em relação a Moraes tem sido a tônica de reuniões sobre o tema. O ministro determinou neste ano busca e apreensão nos gabinetes dos deputados Carlos Jordy (PL-RJ) e Alexandre Ramagem (PL-RJ), no âmbito das investigações que apuram se o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e pessoas próximas tentaram dar um golpe para impedir a posse de Lula (PT).

O magistrado também é criticado por dar ordens judiciais na contramão de pareceres da PGR (Procuradoria-Geral da República) e por não dar acesso aos autos dos processos a investigados.

Até mesmo os críticos da atuação desses parlamentares consideram exageradas algumas decisões de Moraes e violadoras das prerrogativas de parlamentares.

Além disso, há deputados que não veem no caso de Brazão os requisitos para prisão de deputado no curso do mandato: pego em flagrante e por crime inafiançável. Outro ponto é que não teriam provas suficientes contra o deputado e que seria um equívoco respaldar a prisão que teria sido decretada apenas com base em delação premiada.

O referendo à decisão chegou a ser pautado na CCJ, mas os deputados Gilson Marques (Novo-SC), Fausto Pinato (PP-SP) e Roberto Duarte (Republicanos-AC) pediram vista (mais tempo para analisar o caso) e adiaram a definição no colegiado, o que atrasou também a análise em plenário.

Na semana seguinte, a Câmara estava esvaziada devido ao fim do prazo de filiações para concorrer no pleito municipal deste ano e, mais uma vez, foi remarcada a votação do tema.

A demora em apreciar o caso já indica a resistência de parte da Casa com a atuação de Moraes. Agora, no entanto, Lira decidiu levar o caso adiante. Primeiro, a comissão analisará o parecer do relator, deputado Darci de Matos (PSD-SC), pela manutenção da prisão. Depois, o tema vai a plenário.

Após ser preso em 24 de março, Brazão foi expulso da União Brasil. O deputado, porém, já estava com migração certa para o Republicanos, partido que, na prática, já comandava na capital do Rio de Janeiro.

O ex-conselheiro do TCE (Tribunal de Contas do Estado) do Rio Domingos Brazão, irmão do parlamentar, e o delegado Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil fluminense, também foram presos na Operação Murder Inc., realizada em conjunto pela Polícia Federal com a PGR e o Ministério Público Federal do estado.

Além dos mandados de prisão, a polícia cumpriu 12 mandados de busca e apreensão, todos no Rio. Segundo a PF, as diligências foram cumpridas em um domingo para surpreender os suspeitos. Há indícios de que eles tentariam fugir.

Foram ainda alvo de busca o delegado Giniton Lages, que esteve à frente do caso Marielle no início das investigações, na delegacia de homicídios do Rio; Marcos Antônio de Barros Pinto, que foi seu auxiliar; Erika Araújo, esposa de Rivaldo; e Robson Calixto Fonseca.

Brazão já apresentou sua defesa perante a CCJ e afirmou que tinha “ótima relação” com Marielle quando era vereador com ela.

Ele citou projeto de lei que a Polícia Federal apontou em seu inquérito como um dos indícios da motivação para o crime, em março de 2018. Os investigadores afirmaram que Marielle foi assassinada “por ser vista como um obstáculo aos interesses” da família.

No inquérito, a polícia destacou divergência entre Marielle e Chiquinho Brazão em uma discussão na Câmara carioca sobre projeto. Brazão, porém, disse que isso é uma “coisa simples demais para tomar uma dimensão tão louca”.

“O tema que está sendo debatido hoje aconteceu na Câmara Municipal do Rio de Janeiro num debate. Foi um debate onde eu debatia com a vereadora, uma coisa simples. Não vejo esse elo gerando o que gerou para o mundo todo, pelo Brasil, pela simples discordância de pontos de vistas. Onde eu estava lutando para aprovar o projeto de lei 174”, disse o deputado.

MORO AGRADECE E ELOGIA O VOTO DOS JUÍZES TÉCNICO E NÃO CONTAMINADO PELA POLÍTICA

 

História de THAÍSA OLIVEIRA – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O senador Sergio Moro (União Brasil-PR) afirmou que o julgamento no TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Paraná que o manteve no mandato foi “técnico e impecável” e “representa um farol para a independência da magistratura frente ao poder político”.

Em pronunciamento à imprensa ao final do julgamento, na noite desta terça-feira (9), o ex-juiz da Operação Lava Jato afirmou que “há juiz em Curitiba”, que sempre teve a consciência tranquila e que o tribunal “preservou a soberania popular”, respeitando os votos dos paranaenses.

“Sempre tive minha consciência tranquila em relação ao que foi feito em minha campanha eleitoral. Seguimos estritamente as regras, as despesas foram todas registradas”, disse. “As ações rejeitadas estavam repletas de mentiras e de teses jurídicas sem o menor respaldo.”

Após o resultado, Moro saiu de seu gabinete no Senado de mãos dadas com a esposa, a deputada federal Rosângela Moro (União Brasil-SP). O senador leu um texto que havia preparado e não quis responder a perguntas. O discurso durou menos de cinco minutos.

“Há ainda um caminho pela frente, e eu sei disso, mas eu espero que a solidez desse julgamento sirva como freio à perseguição absurda que eu e minha família sofremos desde o início deste mandato”, disse com a voz embargada ao agradecer Rosângela e os filhos.

Senadores de oposição cumprimentaram Moro. Líder do PL, partido que acusa Moro ao lado do PT, o senador Carlos Portinho (PL-RJ) disse que a decisão era uma “boa notícia”. “O respeito aos seus eleitores foi dado pelo tribunal. Eu espero que continue assim.”

Já o líder do PT no Senado, Beto Faro (PA), preferiu não comentar. “É um processo, vai ser julgado ainda no TSE [Tribunal Superior Eleitoral]. Tem que aguardar. Não conheço o processo em si, não tenho como opinar”, afirmou à reportagem após a decisão do TRE-PR.

Moro também foi cumprimentado pelo paranaense Flávio Arns (PSB), que integra a base do governo Lula (PT). Arns disse que o tribunal deu um sinal de respeito à população do Paraná.

“Eu penso que realmente o quadro foi bem analisado e se chegou à conclusão da condução correta dos recursos empregados pelo senador durante a campanha. E, de fato, isso é um sinal de respeito com a população do Paraná, que votou no senador Sergio Moro, que está representando o estado Paraná aqui junto com os colegas.”

Senadores bolsonaristas ressaltaram a situação do senador Jorge Seif (PL-SC), que também corre o risco de perder o mandato. O julgamento dele no TSE começou na quinta-feira passada (4) e será retomado no próximo dia 16.

“Esse tipo de intimidação, essa questão da vingança está muito forte. Tem outro colega, o senador Jorge Seif, com a espada na cabeça, absolvido no estado dele por unanimidade, 6 a 0. Que coisa impressionante, estar com a espada na cabeça a qualquer momento para ser julgado”, disse Eduardo Girão (Novo-CE).

O senador Márcio Bittar (União Brasil-AC) afirma que o TRE paranaense deu uma “demonstração de lisura, de transparência e de respeito a milhões de paranaenses” e que “nada vai apagar o que Moro fez de bem para o Brasil”.

“Fica aqui o registro da minha alegria, da comemoração. Nos tempos sombrios que vivemos hoje, o TRE do Paraná toma uma decisão, que é um sopro que anima o nosso coração a continuar nessa luta.”

Moro foi absolvido nesta terça da acusação de abuso de poder econômico na campanha de 2022 por 5 votos a 2. Todos os juízes rejeitaram a acusação de uso indevido dos meios de comunicação social. Eles também não reconheceram indícios de caixa dois e triangulação de recursos.

Ainda cabe recurso ao TSE. Se condenado, Moro perde o mandato e se torna inelegível a partir de 2022, ficando impedido de concorrer a pleitos até 2030. Neste caso, novas eleições serão convocadas no Paraná para a cadeira no Senado.

As representações do PT e PL, que tramitam em conjunto, apontam que o senador teria feito gastos excessivos no pleito de 2022 e se beneficiado da pré-campanha à Presidência da República —quando estava no partido Podemos.

Uma das controvérsias ao longo do processo foi justamente a definição de quais despesas seriam ou não de pré-campanha, para avaliar se houve ou não desequilíbrio na disputa.

RISCO DE GUERRA GENERALIZADA NO ORIENTE MÉDIO COM A ENTRADA DO IRÃ NA GUERRA

 

História de Jeremy Bowen – Editor para o Oriente Médio, BBC News Brasil

A rivalidade entre Irã e Israel se tornou uma das principais fontes de instabilidade no Oriente Médio

A rivalidade entre Irã e Israel se tornou uma das principais fontes de instabilidade no Oriente Médio© Getty Images

Seis meses depois dos ataques do Hamas a Israel, guerra, doenças, fome e mortes fazem parte da devastação sofrida pelos palestinos em Gaza.

Já Israel é hoje um país profundamente dividido e o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, tenta com dificuldade manter sua promessa de vitória total na guerra.

Os Estados Unidos, principal aliado de Israel, passaram a discordar da forma como este país está tocando a guerra.

Com o Irã jurando vingança pelo assassinato por Israel de um importante general iraniano na Síria, e após meses de tensão na fronteira entre Israel e Líbano, onde o Hezbollah atua com apoio do Irã, o risco de uma guerra generalizada no Oriente Médio está aumentando.

Os números mostram recordes no horror dos últimos seis meses. Mais de 33 mil pessoas foram mortas em Gaza, a maioria delas civis, de acordo com o Ministério da Saúde controlado pelo Hamas.

Sem um cessar-fogo, organizações preveem que o número de crianças morrendo por desnutrição seguirá crescendo rapidamente

Sem um cessar-fogo, organizações preveem que o número de crianças morrendo por desnutrição seguirá crescendo rapidamente© Getty Images

De acordo com a instituição Save the Children, 13,8 mil crianças palestinas foram mortas em Gaza e mais de 12 mil ficaram feridas. A Unicef relata que mil crianças tiveram uma ou duas pernas amputadas.

Mais de 1,2 mil israelenses, a maioria civis, foram mortos pelo ataque do Hamas em 7 de outubro, e 253 pessoas foram levadas pra Gaza como reféns. Israel diz que 130 reféns ainda estão em cativeiro e ao menos 34 estão mortos.

Uma equipe das Nações Unidas relatou em março ter informações confiáveis de que os reféns foram alvo de violência sexual, incluindo “estupro, tortura sexual e tratamento cruel, desumano e degradante”.

A equipe também disse que há indícios suficientes para acreditar que a violência contra os reféns continua.

Kibutz devastado

O kibutz Nir Oz fica bem na fronteira de Israel com Gaza.

Ele parece uma cápsula do tempo ainda presa aos horrores de 7 de outubro de 2023. Naquela manhã, logo após o amanhecer, o Hamas rompeu os muros e entrou no local.

Até o Exército israelense chegar, no início da tarde, um quarto dos cerca de 400 israelenses que viviam ali foram ou mortos pelo Hamas ou levados como reféns.

Ron Bahat, um homem com cerca de 50 anos que cresceu no Nir Oz, mostra como o local está hoje. Ele e sua família sobreviveram por sorte e por conseguir segurar a porta do quarto do pânico quando o Hamas entrou em sua casa.

A BBC caminhou por fileiras de pequenas casas, com jardins que hoje estão crescendo sem cuidados. Muitas exibem buracos de bala ou estão queimadas.

Outras não foram tocadas desde que os corpos dos mortos foram encontrados e retirados dali.

Ron aponta as casas de amigos e vizinhos que foram mortos e sequestrados. Em uma casa bastante danificada, uma pilha de roupas infantis cuidadosamente passadas havia de alguma forma sobrevivido ao fogo. Já a família que morava ali não sobreviveu.

Agasalhos e mochila de criança ainda estão pendurados em uma casa que foi incendiada no kibutz

Agasalhos e mochila de criança ainda estão pendurados em uma casa que foi incendiada no kibutz© OREN ROSENFELD

Uma ironia triste é que o Nir Oz é parte de um movimento de esquerda que historicamente defende a paz com os palestinos.

Seis meses depois do ataque do Hamas, Ron não está disposto a fazer quaisquer concessões ao Hamas.

“Olha, eu desejo que haja um líder que leve alguma prosperidade [a Gaza], porque no fim nós precisamos ter paz”, diz ele.

“Mas qualquer um que apoie o Hamas é um inimigo. No momento em que eles largarem as armas, a guerra acaba. No momento em que Israel largar as armas, nós deixamos de existir. Essa é a diferença.”

Em Nir Oz, cacos de vidro ainda quebram sob os sapatos e casas destruídas têm cheiro de plástico e madeira queimados. Não há ninguém ali para limpar.

Alguns dos moradores que sobreviveram até voltaram para visitas rápidas, mas a maioria se mantém à distância, vivendo em hotéis mais para dentro de Israel.

Cerca de 100 pessoas, de um total de 400 moradores desse kibutz, foram sequestradas ou assassinadas pelo Hamas

Cerca de 100 pessoas, de um total de 400 moradores desse kibutz, foram sequestradas ou assassinadas pelo Hamas© Getty Images

A jovem Yamit Avital voltou para mostrar o local a um amigo por algumas horas.

Naquela manhã de outubro, ela estava em Tel Aviv. Seu marido estava em casa e conseguir fugir com as crianças. O irmão dele, que morava perto, foi morto.

As mãos de Yamit tremiam levemente enquanto ela falava sobre a possibilidade de voltar a morar em Nir Oz.

“Eu não sei, é muito cedo… Talvez a gente possa começar a pensar sobre isso quando os reféns voltarem. Não conseguimos pensar sobre isso agora”, diz ela.

Não há quem possa mostrar à BBC as ruínas de Khan Younis ou da Cidade de Gaza, ou as barracas dos 1,4 milhão de civis desalojados em Rafah, da mesma forma como Ron Bahat mostrou o kibutz de Nir Oz.

Isso porque jornalistas internacionais não podem entrar em Gaza, já que Israel e o Egito, que têm controle das fronteiras, não o permitem.

A única exceção são viagens organizadas pelas Forças de Defesa de Israel (FDI) — somente a convite e altamente supervisionadas.

Yamit Avital se mostra reticente sobre voltar a morar em Nir Oz

Yamit Avital se mostra reticente sobre voltar a morar em Nir Oz© BBC

Eu participei de uma dessas viagens, ao norte de Gaza, no início de novembro.

Com apenas cerca de um mês de guerra, o poder de fogo israelense já tinha reduzido a área a um deserto.

Acumulam-se provas de que tanto o Hamas como Israel podem ter cometido crimes de guerra.

O Tribunal Internacional de Justiça de Haia está investigando Israel por alegações “plausíveis” de genocídio contra os palestinos num caso movido pela África do Sul.

Mas o tribunal não pode julgar uma acusação contra o Hamas porque não se trata de um Estado. O grupo é classificado como uma organização terrorista pelos EUA, pelo Reino Unido e por vários outros países.

Israel rejeita a acusação de que é culpado por um genocídio. Para muitos dos seus cidadãos e apoiadores, é grotesco e ofensivo alegar que o Estado criado depois do Holocausto está ele próprio cometendo um genocídio.

Um dos conselheiros jurídicos de Israel, Tal Becker, disse aos juízes do tribunal de Haia que “o terrível sofrimento dos civis, tanto israelenses como palestinos, é antes de mais nada o resultado da estratégia do Hamas”.

Os palestinos veem as acusações por uma lente diferente, moldada por anos de ocupação militar por Israel.

Muitos palestinos acreditam que Israel já criou um estado de apartheid que lhes nega os direitos mais básicos.

Em Jerusalém, na Páscoa, um proeminente ativista cristão palestino, Dimitri Diliani, disse-me que “matar crianças é matar crianças”.

“Não importa quem é a criança que está sendo morta e não importa quem está matando”, defendeu.

“Reconheço o Holocausto, mas isso não significa um sinal verde para Israel cometer genocídio contra o meu povo ou qualquer outro povo.”

Depois do 7 de outubro, Israel tem bombardeado Gaza dia e noite

Depois do 7 de outubro, Israel tem bombardeado Gaza dia e noite© Getty Images

Ponto de virada na guerra?

A análise no Tribunal Internacional de Justiça deve levar anos e os acusadores de Israel terão de provar a intencionalidade do país nos atos de guerra para ganhar o caso.

O conflito e as mortes de civis não constituem tecnicamente, por si só, genocídio.

A equipe jurídica da África do Sul argumenta que declarações como a feita pelo ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, em 9 de outubro, mostram intenções genocidas.

“Ordenei um cerco completo à Faixa de Gaza. Não haverá eletricidade, nem comida, nem combustível. Tudo está fechado”, disse ele depois de visitar o Comando Sul das FDI em Beersheba.

“Estamos lutando contra animais humanos e agindo de acordo com isso.”

Israel foi forçado pela pressão internacional, especialmente de Washington, a afrouxar planos do bloqueio que o ministro previa.

A quantidade de assistência chegando a Gaza ainda era claramente inadequada.

Após seis meses de conflito, Gaza enfrenta uma fome iminente, de acordo com a Classificação Integrada das Fases de Segurança Alimentar.

A organização Oxfam calcula que 300 mil pessoas isoladas no norte de Gaza vivem desde janeiro com uma média de 245 calorias por dia — o equivalente a uma lata de feijão.

A catástrofe humanitária de Gaza também foi registrada em detalhe por jornalistas palestinos, por civis nas redes sociais e pelas organizações humanitárias cujos funcionários estão autorizados a entrar no território.

Sete membros da World Central Kitchen (WCK), que fornecia milhões de refeições aos palestinos em Gaza, foram mortos pelo Exército israelense em 1º de abril.

As mortes indignaram o presidente americano Joe Biden e outros líderes de países aliados ferrenhos de Israel. As críticas deixaram Israel ainda mais isolado.

O país não espera simpatia de grande parte do mundo, mas esperava apoio e compreensão de poderosos aliados ocidentais.

Em vez disso, esses aliados estão rejeitando a alegação de Israel de que não impede a entrada e circulação de ajuda humanitária.

Muitas cidades em Gaza foram reduzidas a escombros por ataques israelenses

Muitas cidades em Gaza foram reduzidas a escombros por ataques israelenses© Getty Images

Biden conseguiu extrair concessões incomumente rápidas de Israel, que prometeu maior acesso humanitário a Gaza. Talvez a Casa Branca tenha ameaçado impor condições ao uso de armas americanas em Gaza.

As mortes da equipe da WCK parecem ter sido um ponto de virada para o presidente Biden, cujo apoio a Israel tem sido uma constante ao longo da sua carreira política.

Apoiar Israel ainda é o seu princípio firme, mas os EUA já não estão preparados para transformar isso numa rede de proteção para Benjamin Netanyahu e seus parceiros extremistas da coligação.

Os palestinos perguntam, com alguma raiva e frustração, porque foram necessárias as mortes de sete trabalhadores humanitários, incluindo seis ocidentais, para se ver alguma mudança — depois das mortes de milhares de palestinos em Gaza.

As agências humanitárias atuando em Gaza afirmam que o ataque aos trabalhadores da WCK não foi um incidente isolado, mas o resultado de um desrespeito enraizado pelas vidas dos civis palestinos.

As mulheres e as crianças estão entre os mais afetados pelas operações militares de Israel em Gaza

As mulheres e as crianças estão entre os mais afetados pelas operações militares de Israel em Gaza© Getty Images

A indignação do presidente Biden pode ter demorado a chegar, mas poderia criar um ponto de virada na guerra.

No próximo mês, uma forma de avaliar a possível mudança é simplesmente contabilizar se Israel está matando menos civis palestinos ou se o aumento do fluxo de assistência alimentar e médica pode resgatar Gaza da fome.

Outro teste será observar se Netanyahu vai desafiar as críticas americanas e avançar com um ataque terrestre a Rafah, onde Israel afirma que unidades restantes do Hamas devem ser destruídas.

Os EUA dizem que isso não deve acontecer até que Israel consiga encontrar uma forma de proteger as vidas de quase 1,5 milhão de palestinos que estão refugiados lá.

Lalzawmi 'Zomi' Frankcom (à esq.) foi uma das funcionárias da WCK mortas em Gaza

Lalzawmi ‘Zomi’ Frankcom (à esq.) foi uma das funcionárias da WCK mortas em Gaza© Getty Images

Pressão interna em Israel

Benjamin Netanyahu entregou a “poderosa vingança” que prometeu aos israelenses em 7 de outubro.

As suas outras promessas, de vitória total, destruição do Hamas e volta dos reféns, não foram cumpridas.

Dentro de Israel, Netanyahu enfrenta forte pressão política. Seus índices de aprovação nas pesquisas de opinião despencaram.

Na semana passada, milhares de manifestantes agitando bandeiras israelenses bloquearam as ruas ao redor do Parlamento em Jerusalém, exigindo a demissão do primeiro-ministro e novas eleições.

“Netanyahu tem interesse em prolongar a guerra tanto quanto puder, porque enquanto a guerra continuar, ele pode dizer que agora não é o momento para novas eleições”, afirmou Nava Rosalio, uma das líderes do movimento contra Netanyahu.

Seu grupo se chama Busha em hebraico, que se traduz como “Vergonha”.

“Ele diz que agora não é hora de procurar quem é o responsável, que é ele. Ele prefere manter os reféns em Gaza e prolongar a guerra”.

Quando o Hamas atacou, Israel estava profundamente dividido em relação às políticas de direita do governo e às guerras culturais entre israelenses seculares e religiosos.

Desde então, os reservistas que haviam suspendido em protesto seu alistamento militar voltaram a vestir o uniforme.

As manifestações foram interrompidas em prol da unidade nacional.

Seis meses depois, já não é mais considerado antipatriótico protestar contra o fracasso do governo em pôr fim à guerra e em resgatar os reféns.

As divisões em Israel estão mais uma vez escancaradas.

Manifestantes em Jerusalém pediram recentemente a saída de Netanyahu

Manifestantes em Jerusalém pediram recentemente a saída de Netanyahu© OREN ROSENFELD

Netanyahu enfrenta acusações contundentes de que a sua prioridade é a própria sobrevivência política.

Para permanecer no poder, ele deve preservar a sua coligação, que é construída com o apoio de partidos judeus ultranacionalistas.

Eles não se opõem apenas à libertação em massa de prisioneiros palestinos em troca da libertação de reféns israelenses, sem a qual um cessar-fogo não acontecerá.

Os dois principais aliados ultranacionalistas de Netanyahu, o ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, e o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, vão mais longe. Ambos querem que os palestinos deixem Gaza para que os judeus possam estabelecer-se lá.

O primeiro-ministro, conhecido pelas suas competências nas artes obscuras da política, está tentanto se equilibrar para manter essa ala da coligação feliz, ao mesmo tempo que nega que as opiniões de Smotrich e Ben-Gvir reflitam a política do governo.

Antes de outubro, as divisões de Israel devem ter feito com que o país parecesse vulnerável ao Hamas.

Seis meses depois, as mesmas rupturas dentro de Israel estão dificultando a vitória na guerra.

Futuro palestino

Yahya Sinwar é o líder do Hamas em Gaza e autor intelectual dos ataques de 7 de outubro

Yahya Sinwar é o líder do Hamas em Gaza e autor intelectual dos ataques de 7 de outubro© Getty Images

Capturar ou matar Yahya Sinwar, o líder do Hamas em Gaza e mentor dos ataques de 7 de outubro, daria a Israel a oportunidade de declarar vitória.

Mas ele ainda está vivo, enviando de onde quer que esteja posicionamentos em sucessivas etapas de negociação de um cessar-fogo.

Acredita-se que ele esteja em algum ponto da rede de túneis subterrâneos do Hamas, protegido por guarda-costas e por um escudo humano de reféns israelenses.

Yahya Sinwar deve estar decepcionado pelo fato de os palestinos na Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental, não terem demonstrado apoio massivo a Gaza.

Alguns devem estar pensando a longo prazo, esperando para ver como os acontecimentos se desenrolam em Gaza e no Oriente Médio em geral.

Outros estão lutando para alimentar as suas famílias agora que milhares de palestinos foram impedidos de trabalhar em Israel.

Israel lançou muitos ataques mortais contra grupos armados na Cisjordânia, matando inocentes no processo e prendendo milhares de pessoas que estão detidas sem julgamento.

Alguns agricultores palestinos foram expulsos das suas terras após intimidação violenta — e por vezes mortal — por parte de colonos judeus extremistas.

Acampamento improvisado para em Rafah, no sul da Faixa de Gaza

Acampamento improvisado para em Rafah, no sul da Faixa de Gaza© Getty Images

As pesquisas de opinião mostram um forte apoio dos palestinos aos ataques de 7 de outubro, embora muitos rejeitem as evidências de que o Hamas tenha cometido atrocidades.

Numa manifestação barulhenta contra os israelenses em Ramallah, na Cisjordânia, perguntei a Joharah Baker, uma ativista palestina, se os ataques do Hamas tinham aproximado os palestinos da libertação do poder israelense.

Ela respondeu que esse não era o ponto.

“O que aconteceu em 7 de outubro é apenas uma coisa que aconteceu em muitos anos de opressão… A nossa luta continuará até sermos livres. Isso é o que qualquer povo sob ocupação, sob opressão, sob colonos faria”, argumentou Baker.

De acordo com o pesquisador palestino Khalil Shikaki, especialista em pesquisas de opinião, mesmo aqueles que não gostam do Hamas aprovam que os ataques tenham recolocado o desejo palestino de independência no mapa político do Oriente Médio.

E as mais recentes pesquisas indicam que os jovens palestinos não acreditam que a solução de dois Estados — com uma Palestina independente ao lado de Israel —algum dia acontecerá.

Em vez disso, diz ele, vários jovens com menos de 30 anos querem um Estado único entre o Mar Mediterrâneo e o rio Jordão, no qual acreditam que poderiam batalhar e conquistar direitos democráticos.

Esses jovens comparam a sua luta com aquela contra o Apartheid na África do Sul e acreditam que há um Nelson Mandela palestino em uma prisão israelense.

Trata-se de Marwan Barghouti, preso desde 2002 e cumprindo cinco penas de prisão perpétua por homicídio.

Se ele concorresse à presidência, as estimativas mostram que ele venceria facilmente.

Embora ele seja líder da facção palestina rival, Fatah, o Hamas colocou o nome de Marwan Barghouti na lista de prisioneiros palestinos que pretende libertar em troca de reféns israelenses.

É impossível imaginar judeus israelenses desistindo da natureza judaica do seu Estado.

O fato de os palestinos verem isso como uma possibilidade é outro sinal da distância entre eles.

Uma idosa palestina entre escombros

Uma idosa palestina entre escombros© Getty Images

Após seis meses de guerra, não há sinais imediatos de que ela esteja terminando.

Benjamin Netanyahu evitou expor quaisquer detalhes sobre seus planos para o controle de Gaza após a guerra, exceto quando defendeu que Israel deveria estar no poder — em outras palavras, com uma ocupação.

Ele rejeitou a proposta dos EUA de substituir as tropas israelenses por uma força da Autoridade Palestina (AP), que administra partes da Cisjordânia.

Os americanos querem uma AP revitalizada, que eventualmente governe Gaza.

Isso provavelmente exigiria uma nova liderança. O atual presidente palestino, Mahmoud Abbas, é idoso e extremamente impopular.

Os palestinos dizem que ele não conseguiu combater a corrupção, não demonstrou empatia por Gaza e não conseguiu que a polícia palestina protegesse a população dos agressivos colonos judeus, enquanto ele mantém uma cooperação com Israel na segurança.

Benjamin Netanyahu também rejeitou a proposta de Joe Biden de um grande acordo que transformaria o Oriente Médio.

Em troca de permitir a independência palestina, Israel seria reconhecido pela Arábia Saudita, e os sauditas obteriam um acordo de defesa ao estilo da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) com os EUA.

Em vez disso, o primeiro-ministro diz aos israelenses que ele é o único homem capaz de salvá-los do perigo mortal de um Estado palestino.

Isto é música para os ouvidos dos ultranacionalistas do seu governo, que estão muito mais interessados em manter a Cisjordânia e toda Jerusalém do que em fazer um acordo com a Arábia Saudita.

Longe das salas de conferências onde os líderes discutem o futuro, a guerra criou outro enorme obstáculo à paz.

Palestinos e israelenses nunca estiveram tão desconfiados uns dos outros desde as décadas turbulentas de assassinatos, sequestros e guerras de 1950 e 1960.

O pesquisador Khalil Shikaki identifica um processo mútuo e acelerado de desumanização desde 7 de outubro.

“Os palestinos não são vistos como parceiros para a paz. Eles não são vistos como pessoas que merecem igualdade, por conta do que fizeram em 7 de outubro. Portanto, eles [israelenses] questionam a sua humanidade. Infelizmente, vemos consequências semelhantes também entre os palestinos, que vêem o que está acontecendo em Gaza.”

“Esta desumanização é absolutamente desastrosa para o futuro.”

*Com reportagem adicional de Oren Rosenfeld, Fred Scott e Kathy Long

ORAÇÃO PROFÉTICA DE UM PASTOR DOS EUA

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