segunda-feira, 8 de abril de 2024

ELON MUSK ASSUME BRIGA PELA LIBERDADE DE EXPRESSÃO

História de CAROLINA LINHARES E RENATA GALF – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) comentou, neste domingo (7), o ataque do dono da rede social X (antigo Twitter), Elon Musk, ao ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).

Ao convidar apoiadores para um novo ato de apoio no dia 21 de abril, no Rio de Janeiro, ele afirmou que, na ocasião, vai “falar do Estado democrático de Direito” e do “assunto do momento, que é a questão do Twitter”.

Em uma live do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Bolsonaro disse, porém, que não iria se precipitar, já que terá mais informações sobre o assunto na segunda-feira (8).

Segundo Bolsonaro, Musk assumiu a briga pela liberdade no Brasil, se tornou um símbolo dessa luta e “não tem se intimidado”. “A nossa liberdade em grande parte está nas mãos dele”, disse.

“Teremos mais notícia amanhã. Ele [Musk] diz que vai divulgar tudo que ele recebeu do TSE [Tribunal Superior Eleitoral] sobre como eles eram pressionados a interferir no destino da politica brasileira, dando força enorme para a esquerda. Isso vindo de fora, de forma documentada, é um alívio para nós”, completou.

Em publicação no seu perfil, Musk afirmou neste domingo que Moraes deveria renunciar ou sofrer impeachment. Ele disse ainda que em breve publicará tudo o que é exigido pelo ministro e “como essas solicitações violam a legislação brasileira”.

No sábado (6), menos de uma hora depois de um perfil institucional do X postar que bloqueou “determinadas contas populares no Brasil” devido a decisões judiciais, Musk retuitou mensagem em que diz que “estamos levantando todas as restrições” e que “princípios importam mais que o lucro”.

Neste domingo, Moraes determinou a inclusão de Musk como investigado no inquérito que apura a existência de milícias digitais antidemocráticas e seu financiamento. O ministro decidiu ainda que rede social X deve se abster de desobedecer qualquer ordem judicial já preferida pelo STF ou pelo TSE.

Bolsonaro, por sua vez, comentava o caso pouco antes da decisão de Moraes ser divulgada.

“Vamos ver o que nós podemos fazer via Partido Liberal para que realmente a nossa expressão seja garantida. Nós temos agora um apoio de fora do Brasil muito forte, esse assunto realmente está palpitando fora do Brasil. […] A nossa democracia está ameaçada, todo mundo sabe disso, a nossa liberdade de expressão nem se fala”, disse Bolsonaro

“A gente quer voltar à normalidade, quer paz, tranquilidade, mas as pessoas que estão se excedendo, e não é de agora, tem que realmente ter uma maneira para que elas voltem à normalidade, para que a gente possa sonhar no Brasil democrático”, completou o ex-presidente na live.

Ao longo dos últimos anos, Moraes tomou várias medidas frente a perfis de redes sociais e, tanto via STF quanto via TSE , determinou a suspensão de uma série de contas de alvos de investigações, inclusive de parlamentares e do PCO.

Tal atuação se intensificou em meio às eleições de 2022 e aos atos de teor golpista que se espalharam pelo país, pedindo uma intervenção militar.

O tema suscita um complexo debate sobre a proporcionalidade da medida frente à liberdade de expressão. No caso de investigações criminais, por exemplo, não há hoje na lei uma previsão específica autorizando este tipo de medida cautelar.

Na última quarta-feira (3), Michael Shellenberger fez um post na rede social com uma série de críticas a Moraes e à atuação do Judiciário brasileiro, sob o título “Twitter Files – Brazil” (Arquivos do Twitter, em português).

O nome “Twitter Files” começou a ser usado no final de 2022 para se referir a medidas de moderação, reveladas a partir de um conjunto de documentos internos da rede e que tratavam de anos anteriores à gestão Musk.

Musk se descreve como um “absolutista da liberdade de expressão” e desde que adquiriu a rede social, em 2022, tem enfrentado polêmicas. Um dos principais focos do empresário foram as políticas de moderação da rede, sob a crítica de que teriam viés político.

A plataforma reduziu as equipes de moderação de conteúdo, e usuários e especialistas apontam o crescimento do discurso de ódio e da desinformação

 

CERCEAMENTO DE LIBERDADE COM DERRUBA DE PERFIS EM REDES SOCIAIS NÃO TEM PREVISÃO LEGAL

História de Redação – IstoÉ Dinheiro

O ex-deputado federal (cassado) e ex-chefe da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba criticou neste domingo, 7, o que chamou de ‘crescente arbítrio judicial’ no Brasil. “Se criou um ambiente de medo, porque não existe regra. Quando você sabe que se você passar da regra você vai ser punido. Mas a gente não vive mais o império das leis, mas de pessoas”, afirmou o ex-procurador da República na Brazil Conference.

“Esse é o ponto comum ente a Lava jato e o que vemos hoje no STF. A Lava Jato combateu um tipo de abusos de donos de poder que praticavam corrupção. Nós vemos hoje um outro tipo de abuso de poder, que é o arbítrio e o abuso judicial”, seguiu.

O ex-procurador também criticou a ‘hipocrisia’ de pessoas que criticavam ‘supostos abusos da Lava Jato e agora silenciam diante de abusos escancarados, 100 mil vezes pior, praticados na mais alta esfera do nosso país’.

Pré-candidato à Prefeitura de Curitiba pelo Novo, Deltan participou do painel ‘Desafios e Perspectivas no Combate à Corrupção’ elencando uma série de tópicos ligados ‘a destruição da Lava Jato’. Ele destacou três ‘ondas de reação do sistema’ à Operação: ‘a mudança de regras do jogo’; a ‘perseguição’ dos agentes que buscaram combater a corrupção; e a anulação ‘casuística’ de casos.

“O que está acontecendo é o que sempre aconteceu no Brasil. Elites extrativistas se uniram ao longo da história para roubar o Brasil, extrair riquezas, se proteger e a impunidade é só a cereja do bolo dessa extração de riqueza que gera um capitalismo de compadrio, que prejudica o desenvolvimento nacional. E quando elas se vem ameaçadas pela revelação dos escândalos de corrupção, essas pessoas ameaçadas mudam as regras do jogo e criam um fundo bilionário para elas possas perpetuar no poder”, indicou.

Nesse contexto, a avaliação de Deltan é que, hoje, a corrupção se uniu a um segundo problema, o ‘crescente arbítrio judicial’. O ex-procurador citou, por exemplo, o que considera ‘cerceamento de liberdade de expressão no conteúdo’. Para ele, ‘pessoas que deram opiniões’ foram restringidas no período eleitoral e não cabe à Justiça ‘sindicar opiniões’. “Se criou um conceito de desordem informacional para tirar do ar um vídeo com informações verdadeiras”, sustentou.

Além disso, o ex-chefe da Lava Jato apontou o suposto cerceamento de liberdade de expressão via meio de comunicação, com a derrubada de perfis em redes sociais. Para Deltan, a medida configura ‘censura prévia’: “Não tem previsão legal. É o equivalente a cortar a língua de uma pessoa”.

Outros pontos criticados pelo deputado são ‘medidas invasivas sem fundamento aparente, com objetivo de pesca probatória’, o avanço de investigações ‘sem competência no Supremo Tribunal Federal’, sobre pessoas sem foro por prerrogativa de função e o julgamento de réus do 8 de janeiro. “Condenações por crimes impossíveis, a penas desproporcionais. Mensalão desviaram R$ 100 milhões foram punidos com 7 anos de pisão. E senhorinhas presas com Bíblia e um terço na mão pegaram 17 anos de prisão”, sustentou.

“Violações do devido processo legal no inquérito das fake news, milícias digitais e atos antidemocráticos; inquéritos temáticos; sigilo, criando ambiente de terror”, seguiu.

 

LIDAMOS COM UMA SOCIEDADE COM MÃO DE OBRA MAL PREPARADA E INFELIZ

História de ALEX SABINO – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Zeina Latif não deseja passar imagem de ingratidão. Diz ter sido feliz como gestora no mercado financeiro, mas chegou o momento em que o curto ou curtíssimo prazo de carteira de investimentos não a satisfazia. Ela queria mais.

Uma das poucas mulheres em cargos de chefia nas finanças, ela deixou a XP, onde era economista-chefe, em 2020. Foi secretária de Desenvolvimento Econômico do estado de São Paulo por seis meses em 2022 até se tornar sócia-diretora da Gibraltar Consulting.

É onde tenta achar o consenso entre economia, demandas sociais e, principalmente, educação em um mundo que, ela mesmo concorda, é cada vez mais complicado.

“Hoje lidamos com uma sociedade com uma mão de obra mal preparada e infeliz. Muitas vezes, os jovens que vão para a escola não veem o retorno daquele tempo investido, e isso afeta a produtividade, a mão de obra e a cidadania”, disse ela à Folha antes de palestra sobre o cenário econômico e o impacto na educação, na posse, em março, de Lúcia Teixeira na presidência do Semesp, entidade que representa instituições de ensino superior no Brasil.

Para a doutora em economia pela USP (Universidade de São Paulo), a maior ameaça ao crescimento do Brasil está em uma cisão que provoca um clima de desconfiança generalizada. Algo que pode chegar ao “ponto de não retorno”, como define. Especialmente em como pobres e ricos enxergam uns aos outros.

*Folha – Em 2022, a sra. publicou o livro “Nós do Brasil: Nossa Herança e Nossas Escolhas”, que fala sobre questões históricas e como elas se relacionam no histórico de subdesenvolvimento nacional. O país mudou desde então?*

*Zeina Latif -* Do que escrevi, reafirmo a convicção de ver um país que aos poucos amadurece. Preocupa o ritmo lento. Nós temos situações muito preocupantes na parte da educação, dos indicadores sociais, no meio ambiente, da violência.

A preocupação dos economistas é que vamos muito devagar nesses avanços, e isso gera pontos de não retorno.

Um ponto de amadurecimento é ter concorrência na política. A gente pode gostar ou não de um lado ou se decepcionar com um político ou outro, mas o fato é que temos hoje um país com visões da sociedade que se refletem na política.

*Folha – Mas não há também um clima de decepção quanto ao crescimento da economia?

*Zeina Latif -* A gente tem, desde os protestos de 2013, uma sociedade que se tornou mais exigente. Aquele fenômeno da nova classe média é um grupo que está frustrado. O sonho prometido não foi entregue.

Nós tivemos uma recessão gravíssima no país. Ainda não houve a volta para os patamares pré-recessão. Por exemplo, nos bens de consumo, não retornamos ao nível pré-crise, sendo que a nova classe média vinha em uma rampa de crescimento.

Ao mesmo tempo, esta é uma sociedade mais vibrante. Ficaria preocupada em ter um quadro econômico como esse em uma sociedade apática.

*Folha – É mais difícil encaixar uma política econômica em sociedade polarizada com anseios opostos?*

*Zeina Latif -* A maioria dos países ricos é democrática. O que temos é de reforçar os canais de comunicação. E aqui vou além da economia. Quanto mais a gente tiver um sistema que consegue traduzir esses anseios dos diferentes grupos na agenda pública, mais maduro está ao país.

Hoje em dia não vejo políticos desconectados da sociedade. A grave recessão de 2014 a 2016 foi fruto de uma desconexão da classe política com os problemas econômicos do país. Houve muitos erros de política econômica apesar dos alertas.

*Folha – A sra. percebe um descontentamento com os rumos dos últimos anos?*

*Zeina Latif -* É para ter descontentamento mesmo porque a gente está falando de um país que, se por um lado tem algum crescimento da economia, por outro cresce de forma muito desigual. Isso reforça a necessidade de acelerar a reforma do Estado.

A gente falha miseravelmente na questão da igualdade de oportunidades. Criamos uma cisão na sociedade, e o aspecto que me preocupa mais é a sensação de pobre contra rico.

Preocupa a desconfiança das classes mais populares em relação à elite. Ninguém confia no governo, o pobre não confia no rico, que não confia nas instituições. Isso é um problemão, é uma falha do Estado na provisão de serviços públicos de qualidade de forma acessível.

Por isso, a gente precisa acelerar as reformas para ter uma ação estatal mais justa.

*Folha – Por isso que a sra. escreveu que o pecado original foi negligenciar a educação?*

*Zeina Latif -* Ah, foi. Historicamente a nossa elite não valorizou a educação. Isso desde a forma como o país nasceu como nação e que teve uma escravidão tão longa.

Não havia interesse do proprietário rural porque não queria perder essa mão de obra, o olhar racista de que não era preciso cuidar do negro depois de ele ser liberto.

No dia seguinte [ao fim da escravidão], ninguém lembrou que tinha uma sociedade a ser cuidada. Os Estados Unidos têm racismo? Têm racismo, mas o país cuidou da educação dos libertos.

Uma coisa é universalizar a educação, outra é conseguir ensino de qualidade. Ensino de qualidade não é só pôr recurso. Você tem uma questão de gestão, tem de enfrentar sindicatos, precisa ter uma sofisticação institucional muito maior.

A gente, na prática, não conseguiu ainda universalizar, né? Se essa é a melhor forma de ascensão, se é a melhor forma de distribuição de renda, a gente tem falhado muito.

Hoje lidamos com uma sociedade com uma mão de obra mal preparada e infeliz. Muitas vezes, os jovens que vão para a escola não veem o retorno daquele tempo investido, e isso afeta a produtividade, a mão de obra e a cidadania.

Se a sociedade não teve acesso à educação de qualidade, cai em discursos populistas, não consegue ter uma visão crítica.

*Folha – Por isso que a sra. disse que, apesar de ser considerado um país emergente, o Brasil, na prática, não é?*

*Zeina Latif -* O Brasil é um país emergente. Mas, em relação ao grupo dos demais chamados emergentes, temos um desempenho muito pior. Somos emergentes no sentido da renda média. Mas naquela ideia de país emergente que exibe altas taxas de crescimento, da acumulação de capital, não somos. Não exibimos o desempenho esperado de um país emergente.

*Folha – A sra. é um caso de sucesso, mas há uma pesquisa do ano passado da Fesa Group mostrando que apenas 17% dos cargos de liderança no mercado financeiro são ocupados por mulheres.*

*Zeina Latif -* O mercado financeiro é um capítulo à parte. Só 27% das cadeiras nas faculdades de economia são ocupadas por mulheres. Depois, quando vai para a pós-graduação, se torna um funil. São menos mulheres fazendo mestrado e doutorado.

O fato de as mulheres estarem menos presentes nas carreiras ligadas a exatas afeta a participação feminina no mercado financeiro. Melhorou muito, mas há uma barreira.

A gente precisa entender por que as mulheres procuram menos esses cursos. E não é só algo do Brasil. Tem alguma coisa ali atrapalhando as mulheres, e não sei dizer se é cultural ou se não damos os incentivos corretos para as meninas quando são jovens. Mas é claro que a participação tem crescido, e isso gera uma dinâmica favorável para as mulheres.

Quando você está no ambiente masculino, pode ser difícil distinguir o que é machismo, o que é preconceito, o que é o estranhamento do ambiente. Eu passei por algumas situações que foram nitidamente machistas. Mas passei por outras em que havia um estranhamento da presença da mulher.

*Folha – A sra. se refere a comentários que escutou?*

*Zeina Latif -* Comentários, atitudes, não ser chamada para reuniões. Passei por tudo isso.

*Folha – A mulher tem um olhar diferente para as coisas também no mercado financeiro?*

*Zeina Latif -* No geral, a gente tem uma forma mais ampla de ver os problemas. Os homens costumam focar um determinado assunto. As mulheres conseguem ter olhar mais amplo, mais rico nesse aspecto.

Na pandemia da Covid-19, países dirigidos por mulheres se saíram melhor, eu acho que essa é uma característica feminina, de olhar o problema por vários aspectos.

Isso tem melhorado e vai além da presença feminina. Vale também para diferentes etnias, orientações sexuais. Enfim, a gente está falando de um mundo muito mais complexo.

Não é mais “business as usual”. Cada hora é um tema novo que aparece de saúde, de geopolítica e de uma sociedade muito mais complexa. Ter a diversidade nos seus vários aspectos fortalece.

*Folha – Mas ao mesmo tempo construir um consenso nesse cenário é muito mais difícil?*

*Zeina Latif -* Muito mais. Construir consensos com o grupo diferente dá mais trabalho. Só que ainda é a melhor forma de lidar com esse mundo mais complexo porque, diante de um problema, são olhares diferentes para a mesma questão.

Cada hora é uma coisa nova a que as empresas têm que se adaptar. É preciso monitorar o que acontece nas redes sociais, monitorar o ambiente de trabalho… São muitas variáveis. Mesmo que seja mais trabalhoso, é o melhor caminho.

*Folha – Economistas podem ter uma visão muito mais financista do mundo, de “business as usual”. A sra. tem uma perspectiva um pouco diferente, mais guiada para o lado social na economia. É um pouco difícil conciliar a sua visão com a do mundo empresarial, mais pragmática?*

*Zeina Latif -* Mercado financeiro é muito focado no curto prazo. É um ambiente extremamente competitivo. Não é mais o meu dia a dia porque trabalho como consultora. Mas é um local com grau de ansiedade muito grande porque você não tem bola de cristal, mas precisa construir cenários o tempo todo.

Se você erra e o teu concorrente acerta… É uma vida dura ali, entendeu? Se errar um cenário e por causa disso o rendimento daquela aplicação financeira frustrar o cliente, você vai perdê-lo.

Todo o mundo quer olhar sua carteira no fim do dia e falar: “Nossa, foi bom investimento”. E esquece o resto.

O mercado financeiro está ali analisando as questões que vão impactar os investimentos. Não está discutindo o racismo, não está discutindo questões identitárias. Não está porque não bate.

Você tem uma missão, que é fazer aquele aquela carteira de investimento render, tem que dar bons conselhos. E, sendo que ninguém tem bola de cristal, não é um ambiente fácil. Para mim, foi um ciclo que completou, eu fui buscar outras coisas.

*Folha – Para os bancos, também?*

*Zeina Latif -* As instituições financeiras, olhando de uma forma geral, cada vez mais têm olhar para outros temas. Por exemplo, carteiras relacionadas a projetos sustentáveis.

Há um tema que é hoje cada vez mais dos bancos centrais: como fatores climáticos podem gerar choques na economia. Para a economia, o mundo é cada vez mais complicado. Às vezes, se espera demais no mercado financeiro.

Raio-X

Zeina Latif, 56

Nascida em Campinas (SP), é economista formada pela USP (Universidade de São Paulo). Atualmente, é diretora da Gibraltar Consulting. Foi professora e pesquisadora antes de entrar no mercado financeiro em 2000. Ocupou o cargo de economista-chefe em diferentes bancos. O último deles foi a XP Investimentos. Foi secretária de Desenvolvimento Econômico do estado de São Paulo em 2022. É autora do livro “Nós do Brasil: Nossas Heranças e Nossas Escolhas”, lançado pela Record

 

MINDSET É A CONFIGURAÇÃO DA MENTE E SE REFERE A FORMA COMO O INDIVÍDUO PENSA, COMPORTA E TOMA DECISÕES

Descomplica Blog

Entenda o significado do termo mindset e conheça a sua importância para a vida pessoal e profissional dos indivíduos. Acesse!

Um termo que tem sido abordado no mundo do empreendedorismo nos últimos anos é o mindset.

Trata-se de um conceito que busca compreender os diferentes fatores que influenciam nas decisões dos indivíduos, determinando o seu sucesso ou fracasso na vida pessoal e profissional.

Por outro lado, apesar da importância de entender o que é mindset e conhecer os perfis comportamentais, muitos têm dúvidas em relação ao termo.

Pensando nisso, e buscando esclarecer o seu significado prático, a gente separou alguns esclarecimentos básicos sobre o conceito. Se liga!

Afinal, o que significa mindset?

Em tradução livre, mindset significa ‘configuração da mente’. O termo, dessa forma, se refere a uma série de características mentais que influenciam na forma como o indivíduo pensa, se comporta e toma decisões.

Em outras palavras, mindset está relacionado a uma predisposição psicológica que repousa em cada sujeito e aponta pra determinados modos de operar.

Pra entender o significado de mindset, basta pensar em como cada pessoa cultiva uma visão de mundo ao longo da vida que interfere em seu posicionamento diante da realidade.

Qual a importância deste conceito?

Embora ao longo da vida algumas situações fujam ao nosso controle, muito da nossa realidade tem a ver com a forma como nos colocamos diante dela.

Pequenas decisões cotidianas, hábitos e perspectivas dizem muito sobre o nosso sucesso, independentemente do que isso significa pra cada um.

Nesse sentido, a importância do mindset repousa justamente na observação de como a mentalidade molda a realidade.

A partir de então, é possível compreender quais são as mudanças necessárias pra chegar onde se deseja.

Por exemplo, se alguém almeja estar à frente de cargos de chefia na empresa, precisa observar como o seu modo de pensar e agir influencia no desenvolvimento de habilidades de um líder de sucesso.

Dado que os padrões psicológicos não são imutáveis, é possível adotar diferentes perspectivas pra que comportamentos, atitudes e decisões que tomamos nos coloquem em direção aos nossos projetos pessoais e profissionais.

Quais são os tipos de mindset?

Agora que você já sabe o que é mindset, deve estar se perguntando qual o seu perfil mental. Nesse sentido, há dois tipos principais que merecem destaque. São eles:

    mindset fixo: fundamenta-se na perspectiva de que o fracasso está relacionado à pessoa e não à situação ou forma como se encara um desafio. Pessoas com esse mindset não se sentem confiantes e não aplicam esforços pra superar limites.

    mindset de crescimento: está relacionado à ideia de que não existem pessoas fracassadas ou de sucesso, mas aquelas que buscam suas potencialidades e aplicam esforço para superar desafios. Pessoas com este pensamento encaram o fracasso como resultado situacional e se motivam em busca do crescimento.

Sem dúvidas, entender o que é mindset contribui pro processo de desenvolver pessoas em busca do sucesso na vida pessoal e profissional.

Ao descobrir qual seu mindset, afinal, é possível identificar padrões de comportamento que interferem na sua tomada de decisão diária. E isto, é claro, implica na realização ou não dos seus próprios objetivos.

Mindset correto é o que vai fazer você alcançar (ou não) o sucesso

Junior Borneli, co-fundador do StartSe

Mulher negra e sorridente segurando um IPad e olhando para frente (Fonte: Getty Images)

Mindset é a sua programação mental, é como você encara tudo que está ao teu redor

Mindset. Você já ouviu essa palavinha algumas vezes aqui no StartSe. Ela é importante, talvez uma das coisas mais importantes para “chegar lá” (seja lá onde for que você quiser chegar).

É sua habilidade de pensar o que você precisa para ter sucesso. E como a maioria das coisas que você possui dentro de você, ela é uma espécie de programação do seu ser. Tanto que é possível que você adquira outro mindset durante a vida, convivendo com as pessoas corretas, conhecendo culturas diferentes.

Algumas pessoas dizem que é isso das pessoas que faz o Vale do Silício ser a região mais inovadora do mundo. Eu, pessoalmente, não duvido. Fato é: você precisa de ter a cabeça no lugar certo, pois a diferença entre um mindset vencedor e um perdedor é o principal fator entre fracasso e sucesso.

Para isso, é importante você começar do ponto inicial: um objetivo. “Todo empreendedor precisa ter um objetivo. Acordar todos os dias e manter-se firme no propósito de fazer o máximo possível para chegar lá é fundamental”, diz Junior Borneli, co-fundador do StartSe e uma das pessoas mais entendidas de mindset no ecossistema brasileiro.

De lá, é importante você fazer o máximo que puder e não perder o foco, mantendo-se firme. “Não importa se no final do dia deu tudo certo ou errado. O importante é ter a certeza de que você fez tudo o que foi possível para o melhor resultado”, avisa.

Com a atitude certa, é capaz que você sempre consiga canalizar as coisas como positivas. “Você sempre tem duas formas de olhar um a mesma situação: aquela em que você se coloca como um derrotado e a outra onde você vê os desafios como oportunidades. Escolha sempre o melhor lado das coisas, isso fará com que sua jornada seja mais leve”, alerta o empreendedor.

Esses tipo de sentimento abre espaço para uma característica importantíssima dos principais empreendedores: saber lidar com grandes adversidades. “Um ponto em comum na maioria os empreendedores de sucesso é a superação”, destaca Junior Borneli.

Saber lidar com essas adversidades vai impedir que você pare no primeiro problema (ou falência) que aparecer na sua frente. “São muito comuns as histórias de grandes empresários que faliram várias vezes, receberam diversos ‘nãos’ e só venceram porque foram persistentes”, afirma.

É importante ter esse mindset resiliente, pois, nem sempre tudo será fácil para você – na verdade, quase nunca será. “Empreender é, na maior parte do tempo, algo muito doloroso. Até conseguir algum resultado expressivo o empreendedor passa por muitos perrengues. A imensa maioria fica pelo caminho”, diz.

É como uma luta de boxe, onde muitas vezes, para ganhar, você terá que apanhar e apanhar e apanhar até conseguir desferir o golpe (ou a sequência) certo. “Na minha opinião, não há melhor frase que defina a trajetória de um empreendedor de sucesso do que aquela dita por Rocky Balboa, no cinema: ‘não importa o quanto você bate, mas sim o quanto aguenta apanhar e continuar. É assim que se ganha’”, ilustra.

O problema talvez seja que alguns aspectos do empreendedorismo tenham glamour demais. “Empreender não é simplesmente ter uma mesa com super-heróis e uma parede cheia de post-its coloridos. Você vive numa espécie de montanha russa de emoções, onde de manhã você é ‘o cara’ e à tarde não tem dinheiro pro café”, salienta.

Vale a pena, porém, perseverar neste caminho. “Para aqueles que são persistentes e têm foco, a jornada será difícil, mas o retorno fará valer a pena!,” destaca o empreendedor.

DERROTA TAMBÉM ENSINA

Um ponto importante do sucesso é saber lidar com o fracasso e, de lá, tomar algumas lições para sair mais forte ainda. “Toda derrota nos ensina algumas lições e assim nos tornamos mais fortes a cada nova tentativa. A cultura do fracasso, aqui no Brasil, é muito diferente dos Estados Unidos”, afirma Junior.

No Vale do Silício, falhar é encarado algo bom, na verdade – e aumenta suas chances de sucesso futuro. “Por lá, empreendedor que já falhou tem mais chances de receber investimentos porque mostrou capacidade de reação e aprendeu com os erros”, conta o empreendedor.

Mas ao pensar sobre fracasso, você precisa ter o filtro correto para não deixar a ideia escapar. “Encarar os erros como ensinamentos e entender que falhar é parte do jogo torna as coisas mais fáceis e suportáveis”, salienta.

Foco é a palavra de ordem para você conseguir alcançar os objetivos traçados no caminho, mesmo que em alguns momentos pareça que está tudo dando errado. “Por fim, buscar o equilíbrio mental e o foco são fundamentais. Nas vitórias, tendemos a nos render à vaidade e ao orgulho. E nas derrotas nos entregamos ao desânimo e a depressão. Mentalize seus objetivos, foque nos caminhos que vão leva-lo até eles e siga firme em frente”, afirma.

É importante que você tenha noção de que para ser uma exceção, você não pode pensar da maneira comodista que a maior parte das pessoas. “Se você quer chegar onde poucos chegaram, precisará fazer o que poucos têm coragem e disposição para fazer”, completa.

                   O “não” do cliente a uma proposta. Por quê?                  

Moysés Peruhype Carlech

Fiquei pensando e ao mesmo tempo preocupado com o seu “não”, sem nenhuma explicação, à nossa proposta de divulgação da sua loja e de resto todas as lojas dessa cidade no Site da nossa Plataforma Comercial da Startup Valeon.

Esse “não” quer dizer, estou cheio de compromissos para fazer pagamentos mensais, não estou faturando o suficiente para cobrir as minhas despesas, a minha loja está vendendo pouco e ainda me vem mais uma “despesa” de publicidade da Startup Valeon?

Pergunto: como vou comprar na sua loja? Se não sei qual é a sua localização aí no seu domicílio? Quais os produtos que você comercializa? Se tem preços competitivos? Qual a sua interação online com os seus clientes? Qual o seu telefone de contato? Qual é o seu WhatsApp?

Hoje em dia, os compradores não têm tempo suficiente para ficarem passeando pelos Bairros e Centros da Cidade, vendo loja por loja e depois fazendo a decisão de compra, como antigamente.

A pandemia do Covid-19 trouxe consigo muitas mudanças ao mundo dos negócios. Os empresários precisaram lutar e se adaptar para sobreviver a um momento tão delicado como esse. Para muitos, vender em Marketplace como o da Startup Valeon se mostrou uma saída lucrativa para enfrentar a crise. Com o fechamento do comércio durante as medidas de isolamento social da pandemia, muitos consumidores adotaram novos hábitos para poder continuar efetuando suas compras. Em vez de andar pelos corredores dos shoppings centers, bairros e centros da cidade, durante a crise maior da pandemia, os consumidores passaram a navegar por lojas virtuais como a Plataforma Comercial Valeon. Mesmo aqueles que tinham receio de comprar online, se viram obrigados a enfrentar essa barreira. Se os consumidores estão na internet, é onde seu negócio também precisa estar para sobreviver à crise e continuar prosperando.

É importante você divulgar a sua loja na internet com a ajuda do Site da Startup Valeon, que no caso não é uma despesa a mais e sim um investimento para alavancar as suas vendas. Desse modo, o seu processo de vendas fica muito mais profissional, automatizado e eficiente.  Além disso, é possível a captação de potenciais compradores e aumentar o engajamento dos seus clientes.

Não adianta pensar dessa forma: “Eu faço assim há anos e deu certo, porque eu deveria fazer diferente? Eu sei o que preciso fazer”. – Se você ainda pensa assim, essa forma de pensar pode representar um grande obstáculo para o crescimento do seu negócio, porque o que trouxe você até aqui é o que você já sabe e não será o que levará você para o próximo nível de transformação.

O que funcionava antes não necessariamente funcionará no futuro, porque o contesto está mudando cada vez mais rápido, as formas como os negócios estão acontecendo são diferentes, os comportamentos dos consumidores está se alterando, sem contar que estão surgindo novas tecnologias, como a da Startup Valeon, que vão deixar para trás tudo aquilo que é ineficiente.

Aqui, na Startup Valeon, nós sempre questionamos as formas de pensar e nunca estamos totalmente satisfeitos com o que sabemos justamente por entender que precisamos estar sempre dispostos a conhecer e aprender com o novo, porque ele será capaz de nos levar para onde queremos estar.

Mas, para isso acontecer, você precisa estar disposto a absorver novas formas de pensar também e não ficar amarrado só ao que você já sabe.

Se este for seu caso, convido você a realizar seu novo começo por meio da nossa forma de anunciar e propagar a sua empresa na internet.

Todos eles foram idealizados para você ver o seu negócio e a sua carreira de uma forma completamente diferente, possibilitando levar você para o próximo nível.

Aproveite essa oportunidade para promover a sua próxima transformação de vendas através do nosso site.

Então, espero que o seu “não” seja uma provocação dizendo para nós da Startup Valeon – “convença-me”.

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Fones: (31) 98428-0590 / (31) 3827-2297

 

domingo, 7 de abril de 2024

CONGRESSISTAS DETERMINAM AS EMPRESAS ONDE AS ESTATAIS VÃO COMPRAR OS EQUIPAMENTOS

 

História de FLÁVIO FERREIRA E ARTUR RODRIGUES – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Políticos escolhem a dedo as empresas que vão receber o dinheiro de suas emendas parlamentares no momento de indicar à estatal Codevasf, controlada pelo centrão, a destinação de máquinas, equipamentos ou serviços, o que revela risco de favorecimento a fornecedoras.

O apontamento chega a ocorrer com menção direta às empresas, conforme ofícios encaminhados à Codevasf e identificados pela Folha. Em outros casos, é indireta, quando o congressista aponta uma espécie de “contrato guarda-chuva” assinado com as fornecedoras.

Na estatal os políticos podem saber de antemão quais serão as empresas que fornecerão os produtos ou serviços, uma vez que suas escolhas ocorrem dentro dos contratos “guarda-chuva” em vigor no órgão. A empresa diz seguir a lei.

A Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba) foi criada para promover projetos de irrigação no semiárido, mas foi transformada em uma espécie de loja para os políticos no governo Jair Bolsonaro (PL), sendo mantida assim na gestão Lula (PT).

Especialistas dizem que o fato de os políticos terem como saber quais serão as empresas que fornecerão os produtos ou serviços configura indício de ilegalidade e pode violar o princípio da impessoalidade na administração pública.

Na prática, os deputados e senadores usam a estatal como se tivessem um “cartão pré-pago” para movimentar dinheiro público e direcionar doações e serviços para seus redutos eleitorais sem qualquer critério técnico.

Os políticos colocam as verbas na Codevasf e depois vão usando os recursos aos poucos, até que o valor de suas emendas parlamentares se esgote em cada ano.

Essas situações foram identificadas pela Folha a partir da análise de mais de 2.000 ofícios encaminhados por deputados e senadores à estatal entre 2018 e 2023, obtidos via LAI (Lei de Acesso à Informação).

As operações feitas pelo ministro das Comunicações, Juscelino Filho, na época em que ele era deputado federal, exemplificam o mecanismo dentro do órgão.

Em ofício de agosto de 2022, ele apontou expressamente à Codevasf os nomes das empresas fornecedoras dos produtos que ele escolheu para entrega em seus redutos eleitorais.

Dois dos itens tiveram como favorecida a Prefeitura de Vitorino Freire (MA), governada pela irmã de Juscelino, Luanna Rezende (União Brasil-MA).

No ofício, o então deputado pediu à Codevasf que usasse “contratos guarda-chuva” assinados com as empresas Fortlev, para destinação de 40 caixas d’água de 500 litros, e pela PH Barros Santana Comércio, para fornecimento de 25 motores de rabeta.

A reportagem também encontrou casos em que os congressistas citam máquinas da empresa chinesa XCMG.

Ofício assinado pelo então deputado Fábio Reis (MDB-SE), relativo a emenda de bancada do Sergipe, por exemplo, relacionou duas retroescavadeiras da XCMG, avaliadas no total de R$ 491 mil.

Em 2022, o também então deputado Osires Damaso (PSD-TO) cita em ofícios cidades beneficiárias de doações de motoniveladoras da marca, também em caso de emenda de bancada.

Tanto Damaso quanto Reis não cumprem mandato atualmente.

Ofícios dos políticos mostram com detalhes como os congressistas manejam as verbas públicas dentro da Codevasf, calculando o saldo em conta.

O deputado federal Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) enviou ofício em outubro de 2022 à regional da Codevasf em Juazeiro (BA) para solicitar que o “saldo financeiro resultante das licitações realizadas para o cumprimento da emenda” de sua autoria, de cerca de R$ 30 mil, fosse convertido na aquisição de caixas d’água de 5.000 litros.

No fim do documento, um quadro aponta o saldo final de sua emenda: R$ 454,79.

O hoje ministro Juscelino, em seu tempo de congressista, encaminhou ofício à Codevasf para pedir que uma “sobra” de R$ 72 mil de uma emenda dele fosse somada a um recurso de cerca de R$ 1,8 milhão para a compra de máquinas e equipamentos a serem distribuídos a seus redutos eleitorais.

Na mensagem, Juscelino afirmou que para elaborar o requerimento estava de “posse dos novos valores das atas de registro de preços” da estatal.

Ata de registro de preços é o nome técnico do contrato “guarda-chuva” usado na Codevasf. Nas atas as empresas se comprometem a fechar um preço para o fornecimento de uma determinada quantia de bens ou serviços. Ou seja, ao pedir o uso de uma ata de registro de preço da estatal, o deputado ou senador já sabe qual é a empresa que será favorecida com a indicação de sua emenda parlamentar.

Os princípios da administração pública como impessoalidade, igualdade e moralidade podem estar sendo violados, segundo especialistas.

O professor de direito administrativo da PUC-SP Pedro Estevam Serrano diz que “há fortes indícios de agressão aos princípios da impessoalidade, igualdade e moralidade administrativa”.

De acordo com Adriana Portugal, presidente do Ibraop (Instituto Brasileiro de Auditoria de Obras Públicas), o sistema na Codevasf permite a “algum agente público mal-intencionado sugerir a contratação de uma empresa específica para igualmente obter vantagem indevida na contratação, abrindo-se uma brecha clara para a corrupção”.

Segundo Anderson Medeiros Bonfim, advogado especialista em licitações, o “arranjo de possível contratação futura para objetos licitatórios indeterminados vem sendo utilizado pelo Legislativo para, em determinados casos, estabelecer uma relação pouco republicana com empresas já sabidamente integrantes de determinadas atas de registro de preço. É um jogo de cartas marcadas.”

Para Roberto Lambauer, mestre em direito público pela PUC-SP, “a escolha de uma ata específica, com uma empresa específica, é decisão que extrapola a competência do congressista e favorece a violação dos princípios da administração pública”.

Bruno Brandão, diretor executivo da Transparência Internacional Brasil, afirma que a situação na Codevasf poderá ter reflexo nas eleições municipais deste ano. “Criou-se um ciclo vicioso em que parlamentares, principalmente do Centrão, se fortalecem a cada ciclo eleitoral. Ganham mais votos pelo uso eleitoreiro das emendas e voltam cada vez mais fortes politicamente”, diz.

Estatal diz que compras são lícitas

A Codevasf afirmou que segue a lei e que as atas de registro de preços são públicas. “Nos ofícios, a companhia considera apenas as características e finalidades dos bens indicados. Os itens apresentados para atendimento das demandas parlamentares serão aqueles disponíveis em atas de registro de preços da Codevasf vigentes na unidade da federação em que os beneficiários estiverem localizados”, disse a empresa.

A estatal afirmou ainda que, quando os bens indicados pelos parlamentares consomem valores inferiores aos estimados, o remanescente é utilizado em novas ações. No entanto, a empresa ressaltou que todos os projetos são precedidos de estudos e análises de adequação técnica.

Juscelino Filho disse que as emendas são instrumentos legais e que os ofícios enviados à Codevasf mostram a transparência da relação, não havendo qualquer ilegalidade.

“As atas de registro de preços cumprem ritos determinados pela legislação, que inclui total transparência e ampla participação de qualquer empresa –portanto, não há como alegar direcionamento, visto que as empresas foram contratadas após ampla concorrência.”

Por meio de sua assessoria, o deputado federal Félix Mendonça Júnior afirmou que todas as suas ações relativas às emendas são feitas em conformidade com a lei.

A Folha procurou Osires Damaso e Fábio Reis, mas eles não foram localizados.

A reportagem também entrou em contato com as empresas citadas. A Fortlev afirmou que é uma empresa consolidada no mercado e que que foi regularmente habilitada no processo após concorrer com diversas empresas. Disse ainda que não possui relacionamento com políticos e que é apartidária.

A XCMG não se manifestou, e a reportagem não localizou nenhum responsável pela PH Barros Santana Comércio.

STF É UMA CORTE CONSTITUCIONAL MAS JULGA TODO TIPO DE QUESTÃO

 

História de Weslley Galzo e Tácio Lorran – Jornal Estadão

ENVIADO ESPECIAL A CAMBRIDGE (EUA) – Em debate sobre o uso de inteligência artificial (IA) no sistema judiciário brasileiro, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux criticou neste sábado, 6, uma eventual sobrecarga da Suprema Corte do País.

“Tudo hoje se empurra para o Supremo Tribunal Federal. ‘Ah, o processo… Quando é que o processo vai para o Supremo?’ O pessoal pergunta quando vai, não quando volta. Nós somos 11 ministros, fazemos as vezes de 20 mil magistrados”, afirmou Fux, na 10ª edição do Brasil Conference, em Boston, nos Estados Unidos.

Fux participou de uma mesa ao lado do procurador-geral da República, Paulo Gonet, do advogado-geral da União, Jorge Messias, e da conselheira do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) Renata Gil.

Ministro do STF Luiz Fux em evento em Boston, nos EUA Foto: Foto: Brazil Conference/Youtube

Ministro do STF Luiz Fux em evento em Boston, nos EUA Foto: Foto: Brazil Conference/Youtube© Fornecido por Estadão

O ministro do STF também afirmou que o Brasil precisa efetivamente de uma “grande regulação” da IA. “A inteligência artificial é muito mais inteligente que a inteligência humana”, disse o magistrado.

Antes da fala de Fux, Jorge Messias, da AGU, destacou a necessidade de se enfrentar questões básicas de aplicação ética ao se avançar com o uso da inteligência artifical no judiciário do País. “Temos, sim, questões éticas que precisam ser debatidas. Em que medida essa vigilância intrusiva, esse excesso de automação, ele não levará a uma reprodução de padrões de injustiças, que são padrões históricos da sociedade brasileira ainda mantém”, afirmou o advogado-geral da União.

“Eu tenho uma aversão à possibilidade que a inteligência artificial seja preditiva no sentido de definir o Estado de Direito, liberdade e a vida das pessoas. Por outro lado, também entendo que devemos voltar os olhos para essa novidade”, disse Fuz. “Imagina uma inteligência artificial alimentada por vieses discriminatórios e que não obedecem direitos fundamentais”, acrescentou.

Para Renata Gil, o nosso desafio, dentro desse contexto, é saber usar essas ferramentas. “Substituição ao ser humano nunca vai acontecer. E [sobre a] preocupação com as discriminações, o ser humano atua com preconceitos também quando ele julga. Então a máquina e o ser humano tem os mesmos problemas”, afirmou. Ela acrescentou que a inteligência artificial poderá atuar efetivamente no combate à violência contra a mulher.

Após o evento, o PGR Paulo Gonet afirmou que a inteligência artificial vai ajudar em pesquisas e busca por evidências. “O caso Marielle, por exemplo, é muito interessante. Os executores foram descobertos a partir da combinação de elementos de dados. A triangulação de antenas de internet permitia saber, com base na hora do evento e o lugar, quem tinha circulado naquela área naquele momento foi possível para reduzir o âmbito dos suspeitos”, relatou.

“Essa combinação de dados afunilou o campo dos suspeitos. Para a busca da verdade, de fatos, é importante a inteligência artificial. Mas no momento do julgamento de quem participou dos fatos é importante que tenha o fator humano, que é insubstituível”, acrescentou Gonet.

ELON MUSK PERGUNTA A ALEXANDRE DE MORAIS O PORQUÊ DE TANTA CENSURA

 

História de CONSTANÇA REZENDE – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O empresário Elon Musk, dono da rede social X (antigo Twitter) e presidente-executivo da Tesla, respondeu em tom de crítica um post feito pelo ministro do STF (Supremo Tribunal) Alexandre de Moraes, neste sábado (6).

Em publicação em que o Moraes parabenizava o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski pelo seu cargo, em 11 de janeiro, o empresário questionou o por que de ‘tanta censura no Brasil’.

“Parabéns ao Ministro Ricardo Lewandowski pelo novo e honroso cargo de Ministro da Justiça e Segurança Pública. Magistrado exemplar, brilhante jurista, professor respeitado e, acima de tudo, uma pessoa com espírito público incomparável e preparada para esse novo desafio. Desejo muito sucesso”, tinha escrito Moraes.

Ao longo dos últimos anos, Moraes tomou várias medidas frente a perfis de redes sociais, tanto via STF quanto via TSE (Tribunal Superior Eleitoral) o ministro determinou a suspensão de uma série de contas de alvos da investigações, inclusive de parlamentares e do PCO.

O tema suscita um complexo debate sobre a proporcionalidade da medida frente à liberdade de expressão. No caso de investigações criminais, por exemplo, não há hoje na lei uma previsão específica autorizando este tipo de medida cautelar.

Musk se descreve como um “absolutista da liberdade de expressão” e desde que adquiriu a rede social, em 2022, tem enfrentado polêmicas. A plataforma reduziu as equipes de moderação de conteúdo, e usuários e especialistas apontam o crescimento do discurso de ódio e da desinformação.

No ano passado, o bilionário se pronunciou sobre o PL das Fake News. Na ocasião, a Câmara dos Deputados ignorou a pressão das big techs e aprovou a urgência do projeto de lei que regulamenta as redes sociais e impõe sanções a plataformas que não retirarem do ar, até 24 horas após decisão judicial, conteúdos ilícitos. Com uma exclamação, o empresário reagiu à publicação do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), endereçada a ele. Depois disso, entretanto, a tramitação do PL ficou parada.

MERCADANTE VAI POR EM RISCO O MERCADO DA PETROBRAS

História de admin3 – IstoÉ

Cotado para assumir o comando da Petrobras ou a presidência do conselho de administração da estatal, o atual presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, provoca temor entre investidores. Ele é visto por analistas e agentes de mercado como uma figura essencialmente política e de inclinação intervencionista, um figurino que não seria o ideal para uma empresa do porte e da importância da Petrobras. No banco de desenvolvimento, porém, Mercadante tem feito gestão considerada “sóbria” e respaldada pelo corpo de funcionários de carreira.

Objetivamente, o mercado financeiro receia que Mercadante instrumentalize a Petrobras para tentar estimular a economia, por exemplo, a partir da ampliação massiva de investimentos em embarcações construídas no Brasil e refinarias sem retorno adequado para a companhia.

O analista da Ativa Investimentos, Ilan Arbetman, diz que o atual presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, faz uma gestão reconhecida como “satisfatória” pelo mercado e que uma eventual substituição por Aloizio Mercadante emite sinal ruim ao investidor, independente do trabalho realizado recentemente no BNDES.

“Mercadante não é bom nome para uma empresa de petróleo. Prates tem um histórico no setor e vem tendo gestão satisfatória, tentando conciliar ao máximo os interesses da empresa e do governo. Isso ficou claro quando ele desenhou a nova política de preços, que saiu da paridade de importação (PPI), mas foi bem aceita pelo mercado”, diz. “O mesmo aconteceu quando ele aprovou uma política de dividendos mais fraca que a anterior e um plano estratégico maior, mas que também foram bem aceitos pelos investidores.”

“Por mais que Prates tenha dificuldades, é uma gestão satisfatória, e não me parece boa ideia trocá-lo por um nome com peso político muito grande”, continua o analista.

No ano passado, em um seminário sobre transição energética, Mercadante deu uma pista da visão que tem sobre a Petrobras. “Eu podia ficar quieto aqui porque nós temos cerca de R$ 20 bilhões em ações da Petrobras e nós recebemos, ano passado, 100% do que aplicamos. Isso é excelente. É uma vaca leiteira pagando dividendo. Mas o Brasil precisa muito mais da Petrobras”, disse.

É uma visão que se encaixa no que o presidente Lula prega como função da empresa. Investir em refinarias, estaleiros, gasodutos, como forma de estimular a economia e gerar empregos. Mas analistas lembram que essa é fórmula que foi usada nas primeiras gestões petistas e quase levou a empresa à falência, em meio a um grande escândalo de corrupção.

Procurado, Mercadante não comentou as críticas. Sua assessoria se limitou a enviar os números de sua gestão no BNDES.

Montanha-russa das ações A possibilidade de troca no comando da Petrobras, que ganhou mais força esta semana com o nome de Mercadante à frente, provocou uma verdadeira montanha-russa nas ações da empresa. Durante a sexta-feira, 5, os papéis da estatal alternaram quedas agudas relacionadas à crise do comando e recuperações ancoradas na possível liberação de dividendos extraordinários, na alta da cotação internacional do petróleo e, também, numa possível inclinação do próprio Mercadante em permanecer no BNDES, como apontou o Broadcast/Estadão.

Perto do meio-dia da sexta-feira, 5, a companhia chegou a exibir valor de mercado inferior a R$ 500 bilhões, queda relevante para uma empresa que atingiu a marca histórica de R$ 571,4 bilhões há pouco mais de um mês, em fevereiro. No início da tarde, a Petrobras recuperou o fôlego em função da alta da commodity e de uma articulação que começou a ser construída para levar Mercadante não mais ao comando executivo da Petrobras, mas à presidência do seu conselho de administração. No fim do dia, refletindo o dia confuso, as ações ordinárias (ON, com direito a voto) caíram 0,20%, enquanto as preferenciais (PN, sem direito a voto) subiram 0,58%.

O martelo sobre a crise na Petrobras deve ser batido nos próximos dias. O presidente Lula voltou para Brasília na sexta-feira, após um périplo pelo Rio de Janeiro e Estados do Nordeste. Prates tenta uma reunião com Lula na próxima segunda-feira para selar o seu destino.

Retrospecto no BNDES

Em seu primeiro ano de gestão no BNDES, Mercadante enfrentou o ceticismo do mercado financeiro e, no fim das contas, correspondeu ao objetivo do governo de aumentar o volume de crédito ofertado pelo banco, que havia encolhido no governo de Jair Bolsonaro.

O BNDES teve atuação importante em meio à retração do mercado de crédito que marcou o pós-crise das varejistas, desencadeado pelo caso Americanas. Segundo um alto funcionário de carreira do banco, que pediu para não ser identificado, a administração Mercadante é bem vista internamente e a operação do banco tem fluído bem, sem anomalias.

Presidente do BNDES no primeiro governo Fernando Henrique Cardoso, Luiz Carlos Mendonça de Barros avalia que Mercadante faz bom trabalho, sem confrontar a “burocracia” do banco e respeitando mecanismos de controle. Ele destaca que o mandatário entendeu a importância de aumentar o crédito do banco ao agronegócio, historicamente limitado. Uma das inovações nesse sentido foi a criação de uma linha em dólar para o setor.

E adverte: “Ele (Mercadante) que pense bem antes de fazer essa mudança, porque Petrobras é algo completamente diferente. O banco é uma instituição mais protegida, que não tem nenhuma atividade de maior inserção política e existe para responder às provocações do governo, aos projetos do Executivo. Na Petrobras não é bem assim que funciona”, diz Mendonça de Barros. “Se o Lula pedir, ele vai ter de ir, não vai ter jeito. Mas sairia de lugar confortável para entrar numa briga.”

Para o ex-presidente do BNDES, Mercadante tem marcado um retorno do banco à normalidade. “O Paulo Guedes queria ver o BNDES morto. O banco passou por um período de ‘super irritação’ com a Dilma e, depois, mergulhou em governos que eram contrários à sua função. No governo Bolsonaro, havia um consenso de que o banco não fazia diferença na economia. Mas há empresas que só existem hoje graças ao BNDES. Sem as garantias de performance que o BNDES deu aos aviões da Embraer, essa empresa não existiria, para citar só uma”, afirma.

Números do banco

De acordo com o BNDES, as aprovações de operações de crédito, que representam a formação de uma carteira de projetos de investimento para “transformar o País”, atingiram R$ 175 bilhões neste primeiro ano, o maior valor desde 2015. Já os desembolsos de recursos foram de R$ 114 bilhões, um incremento de 17% em relação a 2022.

Houve aumento no financiamento à indústria (R$ 40 bilhões); inovação, com mais R$ 5 bilhões, e exportações, com aprovações acima de R$ 13 bilhões. Operações com Estados e municípios foram retomadas, com mais de R$ 20 bilhões em crédito para entes subnacionais, e fundos como o Amazônia e Clima foram reativados e reforçados, para suportar o Plano de Transformação Ecológica do Ministério da Fazenda.

Durante a divulgação do último resultado financeiro, relativo ao quarto trimestre, o diretor de Planejamento e Estruturação de Projetos do BNDES, Nelson Barbosa, disse que trabalha com uma expectativa de desembolsos entre R$ 125 bilhões e R$ 160 bilhões ao longo de 2024, o que ficaria entre 1,1% e 1,4% do PIB do País. Em 2023, os desembolsos do BNDES alcançaram 1,1% do PIB, ante 1% em 2022. A ideia, portanto, é promover aumento gradual na participação do banco no mercado de crédito, sem aventuras que poderiam comprometer a credibilidade da gestão.

Alvos de questionamento, as operações subsidiadas em 2023 não teriam passado da faixa de 18% dos desembolsos, sendo o restante, 82%, realizadas a taxas de mercado, conforme disse Barbosa na ocasião. A fonte do banco ouvida pela reportagem afirma que esse porcentual aponta para bom nível de controle nessa frente.

No fim de janeiro, o mercado reagiu mal ao enxergar um “voo ao passado”, quando o BNDES anunciou a gestão de R$ 250 bilhões em recursos voltados ao financiamento da indústria, no âmbito do programa Nova Indústria Brasil (NIB). A leitura foi de novo risco de inchaço à operação e volta de subsídios excessivos, na contramão das políticas de saneamento fiscal da Fazenda. Sobre isso, Barbosa já disse que, aí, 64% dos recursos serão financiados a taxas de mercado e que taxas direcionadas ficarão restritas ao Fundo Clima e iniciativas voltadas à inovação.

 

DEPOIS DE SEIS MESES DE GUERRA ISRAEL ESTÁ PERTO DE ELIMINAR O HAMAS?

 

História de Merlyn Thomas e Jake Horton – BBC Verify – BBC News Brasil

Seis meses depois, Israel está perto de eliminar o Hamas?

Seis meses depois, Israel está perto de eliminar o Hamas?© BBC

Já se passaram seis meses desde que os integrantes do Hamas invadiram Israel em 7 de outubro e mataram cerca de 1.200 pessoas, além de terem feito centenas de reféns.

Em resposta, Israel prometeu “esmagar e destruir o Hamas” para que este não representasse mais qualquer ameaça e trazer todos os reféns para casa.

Na guerra brutal que se seguiu, pelo menos 33 mil palestinos foram mortos, segundo o Ministério da Saúde gerido pelo Hamas, e grande parte de Gaza foi destruída.

Israel afirma ter matado milhares de combatentes do Hamas e desmantelado grande parte da vasta rede de túneis que o Hamas tem usado para realizar ataques.

A BBC Verify, o serviço de verificação da BBC, vasculhou declarações públicas e postagens nas redes sociais das Forças de Defesa de Israel (FDI) e avaliou as evidências por trás das declarações de Israel.

Quantos líderes do Hamas foram mortos?

Antes de 7 de Outubro, acreditava-se que o Hamas tinha cerca de 30 mil combatentes em Gaza, de acordo com relatórios que citam comandantes das FDI.

Muitas das principais figuras políticas do Hamas, como Ismail Haniyeh, amplamente considerado o líder geral do grupo, vivem no exterior. Mas acredita-se que grande parte da sua estrutura de liderança militar esteja dentro de Gaza.

Em um comunicado recente, as FDI afirmaram ter matado cerca de 13 mil combatentes do Hamas desde o início da guerra, embora não tenham dito como calcularam esse número.

Israel também publica os nomes de líderes individuais do Hamas que afirma terem sido mortos.

Um total de 113 pessoas foram nomeadas desta forma desde outubro, sendo que a imensa maioria delas foi dada como morta nos primeiros três meses do conflito. Neste ano, em comparação, o exército israelense não havia comunicado oficialmente a morte de qualquer líder importante do Hamas em Gaza até março.

Em 26 de março, as FDI afirmaram ter matado Marwan Issa, vice-comandante da ala militar do Hamas. Considerado um dos homens mais procurados de Israel, ele seria o líder mais importante do grupo que foi morto desde o início da guerra. Os Estados Unidos disseram acreditar que ele foi morto, mas o Hamas não confirmou.

As FDI publicam nomes de indivíduos que dizem serem líderes do Hamas que foram mortos, mas não é possível verificar se são membros do grupo. Um dos citados nessa categoria foi Mustafa Thuraya, que trabalhava como jornalista freelance no sul de Gaza quando o seu veículo foi atingido em janeiro.

Também encontramos nomes duplicados na lista, que descontamos do total.

Fora de Gaza, o líder político do Hamas, Saleh al-Arouri, morreu em uma explosão no subúrbio de Dahiyeh, no sul de Beirute, em janeiro. Israel é amplamente considerado responsável por esse ataque.

No entanto, especialistas com quem conversamos disseram que muitos dos líderes de destaque do grupo em Gaza, incluindo Yahya Sinwar, ainda estão vivos.

Acredita-se que muitos dos principais líderes do grupo em Gaza, incluindo Yahya Sinwar, ainda estejam vivos

Acredita-se que muitos dos principais líderes do grupo em Gaza, incluindo Yahya Sinwar, ainda estejam vivos© Reuters

“As FDI não conseguiram chegar ao alto escalão da liderança do Hamas”, diz Mairav ​​Zonszein, analista de assuntos sobre Israel e Palestina do Grupo de Crise Internacional.

“Tanto a nível simbólico de chegar aos principais líderes, como também a nível de substituição do Hamas como detentor do território, isso é algo que não foi capaz de alcançar”, acrescenta Zonszein.

Quantos reféns permanecem em Gaza?

Segundo dados oficiais israelenses, 253 pessoas foram feitas reféns no dia 7 de outubro. Destas:

  • 109 foram libertadas como parte de trocas de prisioneiros ou em acordos separados
  • 3 foram resgatadas diretamente pelo exército israelense em operações militares
  • Os corpos de 12 reféns foram recuperados, incluindo três que as FDI admitiram ter matado em uma de suas operações

O refém vivo mais jovem confirmado tem 18 anos e o mais velho 85.

Dos 129 reféns restantes, Israel afirma que pelo menos 34 estão mortos.

O Hamas diz que o número de reféns mortos é maior – resultado dos ataques aéreos das FDI. Mas não é possível verificar essas afirmações.

Os dois reféns mais jovens nos ataques do Hamas foram Ariel e Kfir, que tinham 4 anos e 9 meses, respetivamente, no momento em que foram raptados. Suas mortes foram relatadas, mas não confirmadas.

Fernando Simon Marman e Louis Hare foram libertados em fevereiro

Fernando Simon Marman e Louis Hare foram libertados em fevereiro© Reuters

Quanto da rede de túneis do Hamas foi destruída?

Como parte da sua promessa de eliminar o Hamas, Israel prometeu destruir a extensa rede de túneis que o grupo utiliza para transportar mercadorias e pessoas.

“Pense na Faixa de Gaza como uma camada para os civis e depois outra camada para o Hamas. Estamos tentando chegar a essa segunda camada que o Hamas construiu”, disse o porta-voz das FDI, Jonathan Conricus, em outubro.

O Hamas disse anteriormente que a sua rede de túneis se estende por 500 km, embora não haja forma de verificar isso de forma independente.

O Hamas disse que os seus túneis se estendem por 500 km, embora não seja possível verificar essa informação

O Hamas disse que os seus túneis se estendem por 500 km, embora não seja possível verificar essa informação© Reuters

Perguntamos às FDI quantos túneis e que proporção da rede total de túneis eles haviam destruído. Na resposta, eles afirmaram que as suas forças tinham “destruído grande parte da infraestrutura terrorista em Gaza”.

As FDI ocasionalmente mostraram evidências de túneis do Hamas que descobriram. Por exemplo, em novembro, divulgaram imagens de parte de uma rede de túneis por baixo do hospital al-Shifa, na cidade de Gaza, que, segundo as FDI, estava sendo usado como centro de comando.

Para tentar determinar a extensão da rede descoberta pelas forças israelenses, a BBC Verify analisou todas as mensagens das FDI no Telegram fazendo referência aos túneis em Gaza, entre 7 de outubro de 2023 e 26 de março de 2024.

Destas, 198 mencionaram a descoberta de túneis, onde o exército afirmou ter localizado túneis ou poços de túneis. Outras 141 mensagens afirmam que um túnel foi destruído ou desmantelado.

A maioria delas não forneceu detalhes precisos ou localizações específicas, por isso não é possível corroborar a extensão da rede que as FDI descobriram ou destruíram.

O labirinto abaixo de Gaza é composto por vários componentes, incluindo rotas de túneis e salas de vários tamanhos, bem como o ponto em que o túnel encontra a superfície – estes são conhecidos como poços de túneis.

Seis meses depois do início da guerra, grande parte de Gaza está em ruínas

Seis meses depois do início da guerra, grande parte de Gaza está em ruínas© Reuters

Das mensagens que analisamos, 36 faziam referência a ataques a mais de 400 poços de túneis. No entanto, equiparar um poço a um túnel inteiro seria um equívoco, diz Daphné Richemond-Barak, especialista em guerra subterrânea que leciona na Universidade Reichman, em Israel.

A simples destruição dos poços dos túneis deixa a rede intacta, diz ela. “Não creio que tenhamos visto muita destruição total de túneis nesta guerra”, acrescenta.

A ofensiva de Israel teve um preço alto

Os objetivos de guerra de Israel tiveram um custo imenso para os palestinos em Gaza. Mais de 33 mil pessoas foram mortas, segundo o Ministério da Saúde administrado pelo Hamas.

A última análise demográfica do ministério, de 5 de abril, indica que mais de 70% dos mortos eram mulheres e crianças.

Muitos outros foram deslocados e ficaram desabrigados enquanto as forças israelenses tentavam destruir a infraestrutura do Hamas. Mais de 1,7 milhão de pessoas foram deslocadas internamente, segundo as Nações Unidas.

As áreas residenciais ficaram em ruínas, as ruas movimentadas foram reduzidas a escombros, as universidades foram destruídas e as terras agrícolas foram duramente afetadas.

Mais de 56% dos edifícios de Gaza foram danificados ou destruídos desde 7 de outubro, de acordo com a análise de dados de satélite.

Seis meses desde o início da guerra, ainda não está claro se Israel atingiu os seus objetivos.

Com informações adicionais de Rob England, Maryam Ahmed, Jamie Ryan e Emma Pengelly.

TODO EXPEDIENTE POLÍTICO É OPORTUNO EM ANO ELEITORAL

 

História de Notas & Informações – Jornal Estadão

Pinçar o trecho que determinava o fim da desoneração dos municípios com até 156 mil habitantes da Medida Provisória (MP) 1.202/23, antes de prorrogá-la, foi um recado claro do presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), de que todo expediente político é oportuno em ano eleitoral. Amputar a MP da parte potencialmente prejudicial a acordos regionais é apenas um deles, e o fato de ter retirado em torno de R$ 10 bilhões do cálculo fiscal do Ministério da Fazenda para este ano, um mero efeito colateral.

As prefeituras – que teriam, no dia seguinte à prorrogação da MP, suas alíquotas de contribuição previdenciária elevadas de 8% para 20% – foram “salvas” da reoneração pela providencial borracha de Pacheco, que apagou da medida a parte que o incomodava. Alegou, na sucinta justificativa, estar garantindo “a segurança jurídica de todos os envolvidos”. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que negociava com Pacheco as medidas fiscais e disse não ter sido consultado pelo senador, pediu em seguida, quixotescamente, um “pacto” entre Executivo, Legislativo e Judiciário para reorganizar as finanças públicas. A história brasileira mostra que só pede “pacto” quem já não tem muito poder político.

Há tempos a planilha de prioridades político-econômicas do País muda a cada dois anos, de acordo com a temporada eleitoral da vez. E isso não apenas no Congresso, mas no próprio Palácio do Planalto. Difícil imaginar que o bom senso fiscal encontre guarida em um ambiente em que os interesses eleitoreiros tendem a favorecer a farta distribuição de benesses. É cada vez mais evidente que os obstáculos à austeridade fiscal pretendida por Haddad virão não apenas dos parlamentares, mas também de seu chefe, Lula da Silva, que já participa ativamente da formação de alianças municipais para as eleições de outubro.

O ministro da Fazenda aguarda parecer da Advocacia-Geral da União (AGU) sobre sua intenção de ingressar com recurso no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a desoneração tributária dos municípios. Com um argumento simples, reforça o que diz a lei, que exige compensação financeira para acompanhar todo novo gasto tributário. Trata-se do óbvio, mas neste país o óbvio nem sempre prevalece, sobretudo em meio a campanha eleitoral.

A MP prorrogada (com cortes) por Pacheco prevê também como medidas para aumentar a arrecadação federal a reoneração de 17 setores econômicos, revogada pelo governo em fevereiro, e o fim gradual do Programa Emergencial de Retomada de Eventos (Perse), medida criada durante a pandemia para socorrer setores diretamente afetados pelo isolamento social. O Perse foi mantido apenas formalmente, já que, atendendo aos lobbies do setor, os parlamentares conseguiram que o assunto passasse a ser discutido em projeto de lei. Outro item é a limitação de compensação de créditos tributários por meio judicial acima de R$ 10 milhões.

Se a sustentação prioritária da meta fiscal em medidas arrecadatórias – e não no corte de despesas, como deveria – já compromete sobremaneira o objetivo da equipe econômica, o evidente descompromisso demonstrado pelas lideranças políticas com o equilíbrio fiscal torna a meta inatingível por definição.

VÁRIOS RECADOS SOBRE O CONTROLE DAS BIG TECHS

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