domingo, 24 de março de 2024

EPIDEMIA DE DENGUE QUE SE ALASTRA PELO BRASIL ASSUSTA O PRESIDENTE FRANCÊS

 

História de Redação – IstoÉ Dinheiro

Autoridades do governo francês admitiram ao Estadão preocupação com a epidemia de dengue no Brasil, por causa da visita do presidente Emmanuel Macron, na próxima semana.

A convite do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Macron passará três dias no País e visitará três lugares que vivem uma situação de emergência por surto de dengue: Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro.

O País já registrou 2 milhões de casos de dengue, o recorde histórico desde o ano 2000. Houve 715 mortes – a maior parte delas no Distrito Federal, com 152 vítimas fatais. Há ainda 1.078 óbitos em investigação, segundo o painel do Ministério da Saúde.

O presidente francês passará a quinta-feira, dia 28, em compromissos no Distrito Federal, que tem o mais grave surto de dengue do Brasil no momento.

Ao ser questionada sobre o assunto, uma importante autoridade francesa, que falou sob a condição de ter sua identidade preservada, disse que sim havia motivo para preocupação e cuidados, embora não tenha certeza de que o próprio Macron esteja ciente da gravidade dos casos.

Além de medidas de praxe relativas à segurança, os governos da França e do Brasil trataram de restrições alimentares do chefe de Estado francês e de desejos específicos como fazer uma caminhada na Avenida Paulista. O Palácio de Eliseu comunicou ao Itamaraty que Macron tem costume de fazer atividades assim quando viaja ao exterior e gosta da prática esportiva.

Os preparativos mobilizaram o escritório de Macron, a embaixada e consulados franceses no Brasil, além do Palácio do Planalto e do Itamaraty. Entrou no radar das autoridades de Paris o risco de contrair a dengue e outras doenças transmitidas por mosquitos no Brasil, como febre amarela e malária, comuns sobretudo na Região Norte – a última é mais frequente em áreas remotas. Todas tendem a ser potencializadas no período de chuvas do inverno amazônico.

O primeiro compromisso de Macron será em Belém, no Pará, onde circulará por ambientes abertos e fechados. Com Lula, ele irá tomar um barco e se deslocar até a Ilha do Combú para conhecer o cultivo de cacau e conversar com lideranças ribeirinhas e indígenas.

Macron desembarcará na tarde de terça-feira, dia 26, vindo da Guiana Francesa, um departamento ultramarino de Paris que também abrange uma porção da floresta amazônica.

São Paulo registrou até o momento 110 mortes pela dengue, o Rio de Janeiro, 63, e o Pará apenas 2 óbitos.

O post Dengue assusta autoridades francesas para visita de mácron ao Brasil apareceu primeiro em ISTOÉ DINHEIRO.

LULA E O PT HOSTILIZAM DEMOCRACIAS E APLAUDEM DITADORES COMO PUTIN

 

História de Notas & Informações – Jornal Estadão

O PT do presidente Lula da Silva cumpriu fielmente o roteiro que se esperava de um partido que hostiliza democracias e aplaude ditadores só porque estes se opõem aos valores ocidentais: em “nota de saudação” assinada pelo secretário de Relações Internacionais do partido, Romênio Pereira, o comissariado petista chamou de “feito histórico” a eleição do companheiro Vladimir Putin. Dirigindo-se hiperbolicamente a Dmitri Medvedev, presidente do partido Rússia Unida, vice-presidente do Conselho de Segurança daquele país e sabujo de Putin, o PT rogou pelo fortalecimento dos “laços de parceria e amizade” entre ambos e reforçou a tese delirante de que, juntos, trabalham por “um mundo mais justo, multilateral e plural”. Não há limites para a Doutrina Lula, a sua política externa ancorada numa coalizão internacional antiestadunidense, o tal “Sul Global”.

A ampla disseminação da saudação petista serviu de contraponto curioso ao silêncio do Itamaraty, que até aqui não divulgou nota sobre a eleição russa, e à carta do presidente Lula, cujo teor se ignora porque o Palácio do Planalto não lhe deu publicidade. Difícil escolher o que é pior e mais vexaminoso, se o silêncio obsequioso da diplomacia brasileira neste mandato – equivalente, no caso, a uma cumplicidade envergonhada – ou a saudação tresloucada do dirigente do PT.

Na tal “eleição” que o PT festejou, talvez com uma ponta de inveja, o vencedor disputou sozinho (os “adversários” foram escolhidos pelo regime entre os mais leais a Putin). Muitos dos 77% de eleitores que compareceram às urnas o fizeram porque foram obrigados por patrões, chefes, forças armadas e vizinhos delatores. Além disso, a Constituição foi adulterada para permitir a nova reeleição do presidente, certamente será adulterada de novo sempre que Putin assim o desejar. Por fim, mas não menos importante, não há imprensa livre na Rússia, as instituições são todas controladas pelo regime e os principais opositores que poderiam enfrentá-lo estão todos presos ou foram assassinados.

Se o PT de Lula da Silva aplaudiu Putin, a parte civilizada do mundo tratou a coisa em seus devidos termos. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse que as eleições russas não foram nem livres nem justas, mesma conclusão do chanceler do Reino Unido, David Cameron. A Alemanha classificou-as de “pseudoeleições”.

Não era possível esperar nada diferente do PT. Ao bajular o tirano russo, a nomenklatura petista acrescentou mais um capítulo ao longo enredo de apoio a ditaduras e de convivência com ditadores sanguinários. A lista é extensa, fruto de uma política externa inconsistente, como definiu a revista The Economist, e da ideologia rupestre do lulopetismo.

Depois de Putin ter ordem de prisão emitida pelo Tribunal Penal Internacional por crimes de guerra na agressão à Ucrânia, Lula e seu principal conselheiro na área, Celso Amorim, ofereceram-lhe solidariedade – além de dedicar um providencial silêncio diante da guerra criminosa. O presidente brasileiro também minimizou a morte do maior rival político de Putin, Alexei Navalni, provavelmente assassinado enquanto estava sob custódia do governo de Putin. “Para que pressa de acusar?”, questionou, numa prudência que raramente adota diante de crimes cometidos por seus adversários. Lula também disse acreditar nas garantias da ditadura venezuelana de que a eleição marcada para julho será limpa e livre – uma evidente impostura, diante do fato de que o ditador companheiro Nicolás Maduro controla totalmente o processo eleitoral, sufoca a imprensa, obriga eleitores a votar sob pena de perderem benefícios sociais e impede que opositores com chances de vitória concorram.

É difícil identificar o que o Brasil ganha se aproximando desse tipo de parceiro. Enquanto exercita seu conhecido terceiro-mundismo travestido de um multilateralismo de conveniência, Lula e o PT servem de peões úteis aos interesses russos e chineses contra os Estados Unidos e a Europa e fazem o Brasil passar vergonha.

DECLARAÇÕES DE CID PODEM ANULAR A SUA DELAÇÃO

 

História de ANA GABRIELA OLIVEIRA LIMA – Folha de S. Paulo SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Uma eventual nulidade ou rescisão da delação de Mauro Cid, fragilizada depois de vazamento de áudio em que o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) afirma ter sido coagido pela Polícia Federal, divide a opinião de especialistas em relação ao impacto que pode causar na validade das provas já levantadas pela investigação.

A possibilidade de invalidá-la está sob análise no STF (Superior Tribunal Federal).

O tenente-coronel foi preso nesta sexta-feira (22) depois de audiência na corte a respeito do áudio vazado. Na oitiva, o militar negou ter havido coação da PF e não revelou com quem conversava quando deu as declarações gravadas, na qual afirmava ter sido pressionado a dizer “o que não aconteceu”.

Segundo o STF, Cid foi preso por “descumprimento das medidas cautelares e por obstrução da Justiça”. Integrantes da PF afirmam que o militar teria ferido o acordo de confidencialidade da colaboração com o objetivo de atrapalhar a apuração. Afirmam também que uma possível anulação da delação não invalidaria as provas levantadas na investigação.

Especialistas ouvidos pela reportagem, entretanto, divergem sobre um possível comprometimento das provas em caso de nulidade da colaboração premiada.

Para o advogado criminalista Fabrízio Feliciano, o áudio em que Cid afirma ter sido coagido pela PF não afeta a validade do que ele já disse à polícia se já foram encontrados elementos que corroboram trechos da delação.

Mas, se comprovado que Cid desrespeitou o compromisso de falar a verdade na delação e mentiu em algum trecho não corroborado por provas, então o militar pode perder os benefícios da colaboração.

“Os benefícios podem ser perdidos, mas o que ele [Cid] levou como informação não é anulado, continua sendo usado pela investigação”, afirma. No caso de comprovada uma coação, entretanto, então todas as provas se perderiam.

Segundo Arthur Prado, advogado criminalista e mestrando em ciências políticas sobre análise, prevenção e combate ao crime organizado e à corrupção na Universidade de Pisa, na Itália, uma eventual nulidade ou rescisão da delação implica a proibição do uso de provas que Cid tenha entregado contra ele mesmo.

Já provas que implicam terceiros podem ser usadas, de acordo com ele. “Se o acordo vier a ser rescindido, provavelmente as provas que ele trouxe sobre outras pessoas ainda serão válidas, só não serão usadas contra ele mesmo.”

Ricardo Yamin, advogado criminalista e professor de direito constitucional da PUC-SP, afirma que é necessário iniciar investigação para averiguar se de fato houve coação no caso. “Se for provado que ele foi coagido, as provas ficam contaminadas pela ilicitude da delação”, afirma.

Já numa rescisão da delação por falta de cumprimento do acordo por parte de Cid, as provas produzidas por ele continuariam válidas e o militar poderia perder os benefícios da delação.

Segundo a advogada criminalista Carolina Carvalho de Oliveira, nada da delação pode ser utilizado se ela for anulada por comprovada ilicitude como uma coação. Já se a colaboração não for anulada, mas rescindida por outras razões, ainda há brecha para tentar invalidar as provas decorrentes dela.

A colaboração premiada é um acordo entre investigador e investigado, no qual o segundo se compromete a ajudar na investigação em troca de benefícios negociados, como a diminuição de pena.

Segundo Arthur Prado, qualquer uma das partes pode pedir a rescisão da delação se houver quebra no acordo. No caso de Cid, quem daria o aval para a rescisão é Alexandre de Moraes, ministro do STF relator do processo.

A delação premiada passou a ser usada de maneira mais expressiva no Brasil a partir da operação Lava Jato, momento em que recebeu críticas por irregularidades, como a coação de autoridades. Os especialistas, entretanto, concordam que o instituto foi aperfeiçoado desde aquela época e que seu uso já é pacificado no Brasil.

Citam como importante aperfeiçoamento a lei anticrime (13.964/2019), que, dentre outros aspectos, aperfeiçoou o instituto ao garantir que a delação precisa ser corroborada por provas e não pode ensejar medidas cautelares ou o oferecimento de denúncia com base apenas na fala do delator.

“Hoje em dia é muito mais seguro que a colaboração premiada esteja sendo firmada de livre e espontânea vontade, de que a polícia está de fato correndo atrás de elementos concretos de prova que possam corroborar aquela delação”, afirma Arthur Prado.

BOLSONAR EXIGE NA JUSTIÇA INDENIZAÇÃO DE LULA POR DANOS MORAIS

 

História de AFP

(Arquivo) O ex-presidente Jair Bolsonaro entrou com uma ação contra Luiz Inácio Lula da Silva na qual exige do atual presidente uma retratação pública e indenização, por ter sugerido o desaparecimento de móveis do Palácio da Alvorada

(Arquivo) O ex-presidente Jair Bolsonaro entrou com uma ação contra Luiz Inácio Lula da Silva na qual exige do atual presidente uma retratação pública e indenização, por ter sugerido o desaparecimento de móveis do Palácio da Alvorada© EVARISTO SA

O ex-presidente Jair Bolsonaro entrou com uma ação contra Luiz Inácio Lula da Silva na qual exige do atual presidente uma retratação pública e indenização, por ter sugerido o desaparecimento de móveis do Palácio da Alvorada, informou neste sábado seu advogado.

A ação por danos morais foi apresentada ontem por Bolsonaro e sua mulher, Michelle, ao Juizado Especial Cível do Distrito Federal, segundo documento enviado à AFP pelo advogado Fábio Wajngarten.

Na última quarta-feira, o governo Lula divulgou uma nota em que afirma ter encontrado 261 itens do palácio presidencial que não haviam sido localizados em janeiro de 2023, quando ele assumiu o poder, e que estavam “abandonados em depósitos externos”.

Bolsonaro e Michelle pedem que Lula se retrate “na mesma proporção do dano” que causou, além de uma indenização de 20 mil reais, a ser revertida para uma ONG.

Lula quis “atribuir aos autores fatos inverídicos, com o nítido intuito de manchar a sua reputação”, diz o documento. “Convocar a mídia para afirmar que os autores teriam ‘levado’ e ‘sumido’ com os bens públicos” é “reprovável e irresponsável”, acrescenta.

Lula tomou posse em 1º de janeiro de 2023, mas sua mudança levou pouco mais de um mês, por motivos de segurança, reformas e compras, tendo sido concretizada no mês seguinte.

Em 8 de janeiro de 2023, uma multidão de apoiadores de Bolsonaro invadiu o Palácio do Planalto e outras sedes do poder em Brasília. O ex-presidente havia viajado para os Estados Unidos antes desse episódio.

CALÚNIA DE LULA SOBRE BOLSONARO E SUA MULHER SOBRE SUMIÇO DE MÓVEIS DO PALÁCIO

História de Notas & Informações – Jornal Estadão

Com estardalhaço incompatível com a dignidade da Presidência da República, Lula da Silva acusou Jair Bolsonaro e sua mulher, Michelle Bolsonaro, de terem “levado tudo” com eles do Palácio da Alvorada – cerca de 260 móveis e objetos de decoração. Ou seja, patrimônio público. “Se fosse dele, ele tinha razão de levar mesmo, mas ali é uma coisa pública. Eu não sei por que tem que levar uma cama embora”, afirmou Lula durante um café da manhã com jornalistas no dia 12 de janeiro de 2023.

Exatamente uma semana antes do encontro do petista com a imprensa, a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, havia conduzido uma equipe de reportagem da GloboNews por uma espécie de tour pela área privativa da residência oficial. Por meio da imprensa, Janja queria denunciar ao País o tal “sumiço” dos móveis e exibir o grau da degradação que Bolsonaro e Michelle teriam promovido no Alvorada.

A suposta rapinagem da residência oficial da família presidencial ensejou um gasto de quase R$ 200 mil para aquisição de novo mobiliário, incluindo um sofá reclinável que custou R$ 65 mil. Porém, muito mais escandalosas que o dispêndio desse montante de recursos públicos – que, a bem da verdade, caso fosse justificável, não seria excessivo considerando o local – são a mentira e a dissimulação do atual governo.

Os cerca de 260 móveis e peças de decoração que teriam sido surrupiados pelo casal Bolsonaro foram encontrados, ora vejam, nas dependências do próprio Palácio da Alvorada. E o governo Lula da Silva sabia disso desde ao menos setembro do ano passado, mas nada disse. A informação foi obtida pelo jornal Folha de S.Paulo por meio da Lei de Acesso à Informação.

É estarrecedor. O governo Lula da Silva escondeu da sociedade durante seis meses uma informação de interesse público – afinal, o presidente havia acusado seu antecessor de ter furtado patrimônio público, nada menos – apenas e tão somente para encobrir o que se revelou ser uma calúnia do petista. É disso que se trata. E um governo capaz disso, única e exclusivamente para sustentar um discurso político de oposição radical a um adversário político, é capaz de mentir sobre qualquer coisa para os cidadãos.

Ao supremo mandatário do País é imposto o dever da transparência, salvo casos excepcionalíssimos que envolvem questões ligadas à segurança nacional, entre outros temas previstos em lei. O sigilo dos atos da administração pública é exceção em qualquer país democrático. Ademais, espera-se que quem se dispõe a governar o País não precise exclusivamente de comandos legais para se comportar de maneira ética e responsável. Mas, nessa rinha particular entre Lula e Bolsonaro, parece valer tudo.

Fosse mais prudente, Lula aguardaria o inventário feito pela Diretoria Curatorial dos Palácios Presidenciais, além de levantamentos de outros órgãos ligados ao patrimônio público, antes de lançar suas aleivosias. Mas contenção e humildade nunca foram o forte do petista – menos ainda nestes tempos em que os fatos parecem ter pouca importância.

 

TUMOR DO AUTORITARISMO VIRA METÁSTASES PELO BRASIL - CUIDADO COM O GUARDA DA ESQUINA

 

História de Notas & Informações – Jornal Estadão

Em fevereiro passado, um jornalista português passou por interrogatório de quatro horas ao desembarcar no Aeroporto de Guarulhos. Ele havia feito críticas a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e às urnas eletrônicas em suas redes sociais. Segundo informou o diretor de Polícia Administrativa da Polícia Federal (PF), delegado Rodrigo de Melo Teixeira, à Comissão de Segurança Pública do Senado, na terça-feira passada, essa foi a razão pela qual o tal jornalista foi tratado pela PF como suspeito – sabe-se lá de que crime. Como não há delito de opinião no Brasil, ficou claro que se tratou de abuso de autoridade – que, nestes tempos estranhos, está longe de ser isolado. Ao contrário, o caso do jornalista é apenas a mais recente metástase de um tumor autoritário que se espalha em nome da defesa da democracia.

É uma célebre alegoria do autoritarismo difuso. Diz-se que em 1968, às vésperas da instauração do AI-5, o vice-presidente Pedro Aleixo teria alertado o presidente Costa e Silva: “Presidente, o problema de uma lei assim não é o senhor, nem os que com o senhor governam o País; o problema é o guarda da esquina”.

Em 2021, o Congresso aprovou a Lei de Defesa do Estado Democrático de Direito para extirpar o risco pela raiz e garantir que todo presidente governará sob leis iguais para todos, criadas pelos parlamentares eleitos e interpretadas caso a caso com isonomia pelo Judiciário, tudo conforme a vontade soberana da Nação consagrada na Constituição. Mas não se defende a Constituição com armas inconstitucionais; não se fortalece o Estado de Direito atropelando o devido processo legal; e o melhor remédio contra os inimigos da democracia é mais, e não menos, democracia.

Em tempos normais, essas variações do princípio segundo o qual os fins não justificam os meios seriam platitudes ociosas. Mas estes não são tempos normais. A República ainda se recompõe após o abalo sísmico das invasões bárbaras aos Três Poderes, em janeiro do ano passado, e prepara-se para julgar um ex-presidente, provavelmente por tentativa de golpe de Estado.

Na raiz dos reveses impostos pelo Supremo Tribunal Federal à operação Lava Jato está a autoatribuição da 13.ª Vara Federal de Curitiba de uma espécie de competência universal contra a corrupção. Mas agora é o Supremo que parece se atribuir a condição de juízo universal de defesa da democracia.

Há cinco anos a Corte conduz inquéritos secretos e elásticos para apurar fake news. Nas mesmas condições, instaurou inquéritos contra milícias digitais e as manifestações golpistas. Sob a justificativa da excepcionalidade, hermenêuticas extensivas e fundamentações heterodoxas motivaram censuras, bloqueios de contas, quebras de sigilos bancários e telemáticos, multas exorbitantes e indiciamentos e prisões preventivas no atacado.

Antes mesmo da apuração de um bate-boca envolvendo o ministro Alexandre de Moraes e seus familiares em Roma, o então ministro da Justiça, Flávio Dino, hoje ministro do STF, declarou que o assédio poderia ser tipificado como crime contra o Estado Democrático de Direito. O presidente Lula sentenciou que o suspeito era um “animal selvagem” e prometeu “extirpar” essa “gente que renasceu no neofascismo”. O STF assumiu a jurisdição de um caso típico de primeira instância e despachou mandados de busca e apreensão na investigação da Polícia Federal por suposta tentativa de “abolição violenta do Estado Democrático de Direito”. Um óbvio absurdo – que ameaça se normalizar. Antes do caso do jornalista português, manifestantes contra o aumento da tarifa de ônibus em São Paulo foram detidos e autuados por “abolição violenta do Estado Democrático de Direito”. Com a mesma justificativa, um juiz de Carauari deu voz de prisão a um delegado que o acusou de corrupção.

De tanto martelar que o País está à mercê de extremistas, magistrados como Alexandre de Moraes forjaram tipos penais adaptáveis sob medida para o guarda de esquina perseguir “fascistas”. Inebriados pela síndrome do pequeno poder, esses “superamigos” da democracia se proliferam. Mas com amigos assim, quem precisa de inimigos?

PETROBRAS ENCONTRA ENTRAVES AMBIENTAIS PARA EXPLORAR PETRÓLEO NA FOZ DO AMAZONAS

 

História de Redação – IstoÉ Dinheiro

A Petrobras realizou, nos últimos dias, dois eventos para defender a exploração de petróleo e gás na margem equatorial brasileira. Considerado um possível “novo pré-sal”, a região abrange uma área que vai da costa marítima do Rio Grande do Norte à do Amapá, se estendendo da foz do rio Oiapoque ao litoral norte do Rio Grande do Norte, abrangendo as bacias hidrográficas da foz do rio Amazonas.

A exploração da região, que inclui áreas marítimas localizadas a cerca de 550 quilômetros da foz do rio Amazonas, sofre forte oposição de grupos ambientalistas, midiáticos e internacionais que questionam a expansão da exploração de hidrocarbonetos, apontados como os principais responsáveis pelo aquecimento da terra. 

Cientes da oposição que enfrentam para explorar a região, a petroleira promoveu encontros sobre o tema nos últimos: um em São Luís, no Maranhão, com governadores do Norte e Nordeste, e outro nessa quinta-feira (21), em Brasília, com representantes do Legislativo, Executivo, da imprensa e da sociedade civil. 

Em Brasília, o gerente executivo de exploração da Petrobras, Jonilton Pessoa, defendeu que é preciso mostrar à sociedade que ainda não é possível abandonar a produção de petróleo, e que o objetivo deve ser o de diversificar as fontes renováveis de energia. Ele destacou que é o petróleo que vai financiar a transição energética para fontes menos poluentes.

“Temos que comunicar que é necessário, para sobreviver no futuro, ter uma diversidade de fontes de energia, não acabando com uma determinada fonte. Isso é fato. Não tem como você acabar hoje com o petróleo com a dependência que ainda temos dele em todas as indústrias”, argumentou.

Além disso, afirmou, se o Brasil não descobrir novos campos, precisará aumentar a importação de óleo a partir de 2028. “O pré-sal é pujante. É uma grande descoberta, mas ele é finito. Se a gente não fizer essa descoberta agora, daqui a sete ou dez anos poderemos ter que importar hidrocarboneto”, afirmou.

Brasília (DF), 21/03/2024 – O Deputado Federal Rubens Pereira Júnior, durante o evento “Diálogos Petrobras com o Poder Público”, com o tema “Novas Fronteiras de produção: Margem Equatorial Brasileira”. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O encontro da Petrobras, em Brasília, contou com a participação da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que defendeu os possíveis ganhos para o setor, que a exploração da margem equatorial pode trazer.

Para o superintendente do Observatório Nacional da Indústria, da CNI, Márcio Guerra, o debate contra e a favor da exploração na margem equatorial é uma batalha de comunicação. “Este é um desafio que, geralmente, quem faz tem dificuldade de comunicar. E esse é o desafio não só da Petrobras, é o desafio da indústria como um todo.”  

Energia sem petróleo

Entre as entidades que criticam a expansão da exploração de petróleo na margem equatorial está a WWF Brasil, organização não governamental focada na preservação ambiental. O especialista em conservação do grupo, Ricardo Fujii, contradiz os argumentos da empresa e defende que o Brasil está bem servido de reservas de petróleo.

“A demanda mundial por petróleo pode ser atendida pelos campos já existentes e projetos aprovados, conforme cenário da Agência Internacional de Energia para atendimento do Acordo de Paris”, destacou.

Ricardo Fujii acrescentou que há recursos para transição energética sem precisar de mais poços de óleo e gás. “À medida em que investidores, empresas e governos alocam recursos financeiros na busca e desenvolvimento de reservas de petróleo, diminui a capacidade de investimento em projetos de fontes renováveis de energia”, disse à Agência Brasil.

Questão ambiental

Outra crítica de ambientalistas é para os riscos de um derramamento de óleo na costa brasileira do Norte e Nordeste. Em maio de 2023, a Petrobras teve o pedido para pesquisar próximo à costa do Amapá rejeitado pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que pediu mais dados sobre os possíveis impactos ambientais de um desastre naquela região.

A petroleira então apresentou recurso ao órgão ambiental com mais informações. 

Em agosto de 2023, a Advocacia-Geral da União (AGU) afirmou que um dos principais estudos solicitados – o da Avaliação Ambiental de Área Sedimentar (AAAS) – não precisa ser feito, uma vez que a área já foi leiloada.

Por enquanto, a Petrobras está explorando um poço no Rio Grande do Norte e aguarda mais autorizações para realizar estudos em outros blocos. 

A gerente de licenciamento e meio ambiente da Petrobras, Daniele Lomba, defendeu que a empresa tem condições de proteger a fauna e a flora da região e que é preciso investir em comunicação para fazer esse debate com a sociedade.  

“Temos que realmente investir na comunicação, investir nos esclarecimentos, em eventos como esse, e nos aproximar da imprensa”, destacou Lomba, acrescentando que é preciso demonstrar para a sociedade “nossa capacidade de fazer [a exploração] com segurança e com sustentabilidade.”

Para o gerente de exploração da estatal, Jonilton Pessoa, o histórico da empresa comprova que ela opera com a máxima segurança. “Somos referência mundial em águas profundas e ultra profundas. Operando com foco intensivo na segurança, já perfuramos mais de 3 mil poços em águas profundas, sem acidentes com pessoas ou dando ao meio ambiente.”

A margem equatorial brasileira é uma região geográfica que se estende da foz do rio Oiapoque ao litoral norte do Rio Grande do Norte, abrangendo as bacias hidrográficas da foz do rio Amazonas

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EMPRESAS DESTACAM QUE ENCONTRAR PROFISSIONAIS QUALIFICADOS É O MAIOR DESAFIO

 

Rogério Magalhães – Bacharel em Ciências Contábeis

Contratar novos funcionários pode ser uma grande dor de cabeça para quem não tem experiência e não sabe como proceder.

*Um levantamento feito pela Infojobs, empresa de soluções para recursos humanos, mostra que 84,1% das empresas entrevistadas estão com mais dificuldades para contratar profissionais do que em anos anteriores à pandemia, 62,6% dos entrevistados destacam que encontrar profissionais qualificados é o maior desafio, seguido por engajar os candidatos nas etapas do processo, com 9,2% dos votos, concluir o processo dentro do prazo (7,6%) e garantir que todos os candidatos recebam feedback (7,3%).

O mentor e gestor de carreiras de grandes executivos, empresários e médicos, Rogério Magalhães, confere sete dicas de como planejar a contratação de novos profissionais para a empresa.

1ª dica- Estabeleça o perfil do profissional. “Apesar de parecer algo que deveria ser rotina, infelizmente algumas empresas falham nesse quesito, ou seja, as pessoas não colocam o perfil que desejam. Se a empresa quer um perfil comercial, é preciso observar se essa pessoa tem experiência com vendas, se aprecia lidar com pessoas, se tem boa comunicação, se apresenta poder de persuasão;

2ª dica – Estruture como será a seleção dos candidatos – “Este é o momento de definir como será a seleção dessas pessoas. Qual o método que será utilizado, se a entrevista será pessoal ou ser terá algum tipo de teste, se terá que passar por um teste psicotécnico o será feita uma análise de perfil comportamental”;

3ª dica – Atente-se aos valores pessoais do profissional. “Muitas vezes olhamos os valores apenas profissionais e os pessoais. Quais são as principais características? Quais são os valores em relação à família, em relação ao comportamento? Quem são as pessoas que mais inspiram esse candidato? Quem são as que eles mais se espelham?;

4ª dica – Utilize as redes sociais para a divulgação dessas vagas. “As redes sociais, assim como o LinkedIn, são importantes para a empresa captar as pessoas, currículos e perfis. E também, não só para divulgar, mas também note se essa pessoa se comporta nas redes sociais. Muitas vezes isso não é obrigatório, no entanto, pode ser um fator primordial e decisório. Se o candidato tem as suas redes sociais públicas, então fique sabendo que as redes sociais também são utilizadas, não só para captar, mas para verificar o comportamento e o perfil dessa pessoa perante ao mercado profissional”;

5ª dica – Dê chance também para quem possa ser neófito e a quem não tem experiência no cargo. “Muitas vezes a empresa quer contratar alguém que tenha experiência. Todavia, um neófito também pode trazer novas ideias, criatividade. Pode ter a mente limpa, ou seja, livre de preconceitos. Não apresenta vícios de trabalho. Então, valorize as pessoas também que não têm experiência;

6ª dica – Dar valor à indicação profissional. “Valorize o famoso QI, a quem indica. Quem está indicando também é importante. Se aquela pessoa está indicando algum profissional, saiba que ela já é bem vista por algum player da área. A indicação de um contato possibilita menores custos referentes ao processo seletivo. Porém, a escolha precisa ser feita com cautela. Até porque a contratação errônea pode atrasar as metas da própria empresa;

7ª dica – Não contrate pessoas somente pelo fator “idade”. “Se a empresa precisa contratar mais jovens ou pessoas mais experientes, isso não vem ao caso. O que vem ao caso é contratar a pessoa que tenha energia, que tenha vontade de trabalhar, que realmente está precisando daquela oportunidade! Um profissional que visualiza o que deseja daqui dez anos; que atente ao crescimento dentro da empresa. Preste atenção nisso! A contratação não é pela idade, não é pela experiência, não é somente pela não experiência. Isso tem um peso, mas o peso maior são as soft skills, isto é, o profissional que realmente vai agregar no negócio e a empatia que tem pela empresa.

Eu e o ChatGPT sobre Divulgação Empresarial na Internet

Eu: Moysés Peruhype Carlech

Os empresários hoje fazem as suas compras de mercadorias para os atacadistas através da internet, usa-se muito pouco vendedores hoje em dia, poucas empresas anunciam os seus produtos pela internet e a maioria não. Por qual motivo isso acontece. Aqui no Vale do Aço temos o Marketplace Valeon criado para alavancar as vendas dessas empresas que não divulgam os seus produtos e através do site da valeon marketplace isso é possível por um preço bem razoável e barato. Por que não o fazem? Favor descrever esse assunto.

ChatGPT

Existem várias razões pelas quais algumas empresas podem hesitar em utilizar plataformas online, como o Valeon Marketplace, para divulgar e vender seus produtos. Algumas das razões mais comuns incluem:

Falta de Conhecimento Tecnológico:

Muitos empresários podem não estar familiarizados com a tecnologia necessária para operar uma loja online. Isso pode incluir a criação e manutenção de um site, a gestão de inventário online, e a compreensão de como lidar com transações eletrônicas.

Resistência à Mudança:

Algumas empresas têm uma cultura organizacional tradicional e são resistentes à adoção de novas tecnologias. A mudança para um modelo de negócios online pode ser vista como disruptiva e, portanto, não é implementada.

Custos Iniciais e Investimento:

Embora você mencione que o Valeon Marketplace oferece preços razoáveis, algumas empresas podem perceber a criação e manutenção de uma presença online como um investimento inicial significativo. Elas podem não estar dispostas a alocar recursos financeiros para essa transição.

Segurança e Privacidade:

Algumas empresas podem ter preocupações sobre a segurança de transações online e a privacidade dos dados do cliente. O receio de falhas de segurança pode dissuadi-las de adotar uma presença online.

Foco em Clientela Local:

Empresas que têm uma clientela local consolidada podem não ver a necessidade imediata de expandir para o mercado online. Elas podem acreditar que o modelo de negócios tradicional atende bem às demandas locais.

Falta de Conhecimento sobre Oportunidades Online:

Algumas empresas podem não estar cientes das oportunidades que a presença online pode proporcionar. A falta de educação sobre os benefícios do comércio eletrônico pode ser um obstáculo.

Concorrência com Grandes Plataformas:

Algumas empresas podem hesitar em competir com grandes plataformas de e-commerce, temendo que seus produtos se percam na concorrência com outras ofertas mais populares.

Logística e Distribuição:

A gestão da logística e da distribuição de produtos comprados online pode ser complexa para algumas empresas, especialmente aquelas que não estão preparadas para lidar com o aumento potencial na demanda.

Incentivar e educar as empresas sobre os benefícios de estar online, além de oferecer soluções acessíveis como o Valeon Marketplace, pode ajudar a superar algumas dessas barreiras e incentivar uma maior participação no comércio eletrônico.

Eu

Fale mais sobre educar os empresários a divulgarem mais os seus produtos através do site marketplace da valeon do Vale do Aço.

ChatGPT

Claro, vou abordar alguns pontos que podem ser relevantes ao educar empresários sobre a divulgação de produtos através do site marketplace da Valeon no Vale do Aço:

Consciência sobre o Potencial do Marketplace:

Destaque a importância do marketplace como um canal de vendas eficaz e acessível.

Explique como a Valeon, por ser uma plataforma consolidada na região, oferece visibilidade adicional aos produtos.

Treinamento sobre Uso da Plataforma:

Desenvolva programas de treinamento para ensinar os empresários a criar e gerenciar suas lojas virtuais na Valeon.

Inclua tutoriais práticos sobre a listagem de produtos, precificação, gestão de pedidos e interação com clientes.

Otimização de Páginas de Produtos:

Eduque sobre a importância de descrições detalhadas e imagens de alta qualidade para atrair consumidores.

Enfatize a necessidade de utilizar palavras-chave relevantes para aumentar a visibilidade nos resultados de pesquisa do site.

Estratégias de Marketing Digital:

Ensine estratégias de marketing digital específicas para o marketplace, como o uso de anúncios patrocinados na plataforma.

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sábado, 23 de março de 2024

PRIMEIRO ATENTADO NA RÚSSIA NA ERA PUTIN

 

História de IGOR GIELOW – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Moscou sofreu nesta sexta-feira (22) o primeiro ataque terrorista desde que o presidente Vladimir Putin ordenou a invasão da Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022. Ao menos 40 pessoas morreram e 47 foram feridas na ação, que ainda não tem autoria conhecida.

É o maior atentado na capital do país em 11 anos. Segundo os canais de emergência da prefeitura moscovita, houve tiros e pelo menos duas explosões em torno do Crocus City Hall, uma sala de concerto ao lado de um shopping que fica 20 km a noroeste do Kremlin, o coração da capital russa.

O assessor presidencial ucraniano Mikhailo Podoliak negou qualquer envolvimento da Ucrânia no caso, que tem de todo modo os sinais do modus operandi de grupos terroristas islâmicos que atacaram a capital no passado.

Nos canais de Telegram, fonte zero de informação dos russos hoje em dia, imagens chocantes do ataque fizeram lembrar um trauma nacional, a sangrenta tomada de um teatro por terroristas do Cáucaso no começo do governo de Vladimir Putin, em 2002.

O número de mortos e feridos ainda não é final. Segundo a prefeitura moscovita, cem pessoas foram retiradas do local após o início do ataque, na noite desta sexta, início da tarde no Brasil.

As imagens disponíveis mostram ao menos três pessoas camufladas atirando contra a plateia do local. Houve um incêndio no teatro, registrado por imagens externas. O governo municipal de Moscou disse que 70 ambulâncias estão agora do lado de fora do ponto do incidente.

“Uma tragédia terrível aconteceu no shopping hoje”, disse no Telegram o prefeito da capital, Serguei Sobianin. Ao menos um helicóptero foi ao local ajudar a combater as chamas, segundo imagens da agência RIA-Novosti.

O ataque é o primeiro desde o início da guerra, mas não há necessariamente envolvimento com ela. Algumas horas antes do atentado, o FSB (Serviço Federal de Segurança, o sucessor principal da KGB soviética), afirmou que havia um alerta de atentado após o que chamou de um ataque desbaratado contra uma sinagoga moscovita pelo grupo terrorista Estado Islâmico.

Não há novidade aqui. A Rússia, que lutou duas guerras sangrentas contra secessionistas da Tchetchênia, república autônoma no Cáucaso (sul do país), enfrentou diversos atentados provocados por radicais islâmicos ligados à região.

O mais recente grande atentado em Moscou ocorreu em 2011, quando 37 pessoas morreram numa explosão no aeroporto internacional de Domodedovo. Naquela ocasião, um militante islâmico foi culpado pela ação. Depois disso, a mais chamativa ação havia ocorrido em São Petersburgo em 2017.

Ao longo dos anos 2000, houve diversas ações, todas atribuídas a rebeldes insatisfeitos com o controle russo sobre as repúblicas muçulmanas do Cáucaso.

De toda forma, o “timing” da tragédia chama a atenção. Nesta sexta, o Kremlin pela primeira vez chamou a Guerra da Ucrânia pelo nome, e não “operação militar especial”, o eufemismo oficial do conflito, numa escalada retórica na qual acusa o Ocidente por ter transformado o embate em algo maior.

Meio perdida com o desenrolar dos acontecimentos, a Casa Branca disse por meio de um porta-voz que desencoraja quaisquer ações dentro do território russo. A reação epidérmica vai em linha com o relato do jornal britânico Financial Times de que os EUA pediram para Kiev parar de atacar refinarias russas, por temer escalada.

A essa altura, nada está claro sobre os eventos em Moscou. Muitos atribuem aos atentados colocados na conta de rebeldes islâmicos contra cidades russas em 1999 o ponto de partida do estabelecimento do então premiê Putin no poder: ele determinou uma guerra brutal e bem-sucedida na Tchetchênia, pavimentando a primeira de suas cinco eleições como presidente.

Não falta quem diga que tudo não passou de um ardil de serviços secretos para impulsionar o novo governante da época, mas provas nunca surgiram para tais alegações.

Para os moscovitas, após um dia em que seu governo reeleito com 87% de aprovação no domingo (17) disse enfim que o país está em guerra, a ação contra a sala de espetáculos é um lembrete vivo sobre os tempos perigosos que vivem, apesar da calma e bem-estar que se veem na superfície cotidiana da capital.

Nesta sexta, dia em que o novo status do conflito foi entronizado pelo porta-voz Dmitri Peskov no Kremlin, a Rússia promoveu um grande ataque com mísseis e drones contra o sistema energético ucraniano, deixando ao menos 1,2 milhão dos 36 milhões de moradores sob controle de Kiev no escuro.

HISTÓRIA DE JOÃO GOULART PRESIDENTE DERRUBADO PELO GOLPE DE 1964

 

História de Vinícius Mendes – Para a BBC News Brasil

Populista, comunista, de esquerda, popular? Quem foi Jango, o presidente derrubado pelo golpe militar de 1964, que completa 60 anos

Populista, comunista, de esquerda, popular? Quem foi Jango, o presidente derrubado pelo golpe militar de 1964, que completa 60 anos© Arquivo PDT

Quem escutava rádio na tarde de 25 de agosto de 1961 foi surpreendido, de repente, com um boletim fora de hora do Repórter Esso, principal noticiário do país à época.

Não era trivial, dada a importância do acontecimento: “o senhor Jânio Quadros acaba de renunciar à Presidência da República!”.

Seu vice-presidente, João Goulart, de quem, aliás, era adversário político, só saberia da notícia no dia seguinte, em Cingapura, aonde chegara após uma longa viagem pela China.

Começaria ali um périplo de 12 dias até que João Goulart – ou Jango, como era chamado desde a infância – saísse do país asiático e fosse empossado presidente do Brasil. Nesse intervalo de duas semanas, enquanto o cargo máximo da República titubeava na capital do país, Jango girou parte do mundo esperando uma definição.

“Se tratando de um líder trabalhista combatido pelos conservadores militares e civis desde os anos 1950, e ainda voltando de uma viagem a um país comunista, era esperada uma reação das Forças Armadas”, contextualiza seu biógrafo mais famoso, o historiador Jorge Ferreira, professor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), em João Goulart: uma biografia (Record, 2011).

“Foi uma reação golpista, acima de tudo, porque ele tinha o direito constitucional de assumir o cargo”, continua Ângela de Castro Gomes, professora emérita do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil da Fundação Getúlio Vargas (FGV-RJ), lembrando que, naquela época, a vice-presidência era um cargo eletivo – e que, no pleito de 1960, Jango ganhara de Milton Campos, candidato da chapa de Jânio, com 41% dos votos.

No Brasil, essa reação havia começado, na verdade, horas depois da renúncia de Jânio Quadros, quando o então presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzilli, tomou uma posse provisória do governo anunciando que, se Jango voltasse ao Brasil, seria preso ainda no aeroporto – mesmo sem nenhuma acusação formal. Antes de ser dele, aquela era uma decisão da junta das Forças Armadas que, no pano de fundo, assumira o comando do país, e que quase impetrou o golpe militar três anos antes de se consumar.

De Cingapura, o ainda vice-presidente brasileiro voou para Paris, na França, onde convocou uma entrevista coletiva para confirmar seu regresso.

“Pelos dispositivos constitucionais do meu país, considero-me o novo presidente do Brasil”, afirmou. Depois, porém, foi a Nova York, nos EUA, esperar os desdobramentos do seu anúncio.

No Brasil, a divisão se acirrava primeiro nos bastidores e, depois, nas ruas. Em Porto Alegre, o governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, reuniu chefes militares locais em torno de um movimento que ficaria conhecido como “Campanha da Legalidade” e que, como diz o nome, reforçava o rito legal sobre a posse de Jango.

Em paralelo, protestos convocados por sindicatos e movimentos sociais irrompiam em favor do ainda vice-presidente em São Paulo, em Pernambuco e no extinto estado da Guanabara, hoje Rio de Janeiro.

“A sensação era de que ia explodir uma guerra civil”, diz o historiador Rodrigo Patto Sá, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e autor de vários livros sobre aquela época – entre eles, Passados presentes: o golpe de 1964 e a ditadura militar (Cia. Das Letras, 2021).

“Foi quando as vozes da moderação – que sempre surgem no Brasil – entraram em cena.”

Populista ou popular? Quem foi João Goulart, presidente derrubado pelo golpe militar de 1964

Populista ou popular? Quem foi João Goulart, presidente derrubado pelo golpe militar de 1964© Acervo Última Hora

Mesmo diante dos riscos, Brizola era a única alternativa segura para a volta de João Goulart ao país. Assim, de Nova York, ele foi a Buenos Aires, na Argentina, e depois a Montevidéu, no Uruguai, por onde finalmente penetrou o território brasileiro em um avião alugado às pressas pelo governador gaúcho.

Nesse interim, os militares iam costurando, tensos, um acordo político com os partidos no Congresso, admitindo a posse desde que ela acontecesse dentro de um novo desenho institucional: o parlamentarismo. “Aquilo foi um arranjo para evitar a guerra, mas os envolvidos sabiam, mesmo os opositores do Jango, que não ia funcionar por muito tempo. O sistema nasceu morto”, avalia Patto Sá.

“Era a saída mais honrosa para eles”, prossegue Jorge Ferreira. O historiador conta como o ainda vice-presidente relutou, mas, ao fim de uma longa negociação conduzida por um político mineiro sem cargo à época, Tancredo Neves, que viajara a Montevidéu representando Mazzilli, acabou por aceitar a proposta.

Ele fez uma rápida escala em Porto Alegre para acenar ao povo nas ruas e, então, voou a Brasília – onde, em paralelo, os deputados ratificavam o combinado e tornavam o governo do Brasil parlamentarista.

Jango ficaria no poder, oficialmente, até o primeiro dia de abril de 1964.

Capa da revista Fatos e Fotos de setembro de 1961, com retorno de Jango ao Brasil para assumir presidência

Capa da revista Fatos e Fotos de setembro de 1961, com retorno de Jango ao Brasil para assumir presidência© Reprodução

De deputado a ministro

Gaúcho de São Borja, mesma cidade de Getúlio Vargas, a cerca de 580 km da capital do Estado, João Goulart nasceu em uma família proprietária de grandes porções de terras no interior do Rio Grande do Sul. Entrou na Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais de Porto Alegre (hoje parte da Universidade Federal do Rio Grande do Sul) em 1935, com 16 anos.

Segundo Jorge Ferreira, foi nessa mesma época que Jango conheceu Getúlio, e que o então ditador do Estado Novo teria lhe dado um conselho definitivo: entrar para a política, já que ele “falava muito bem”.

João Goulart começou a cumprir aquele destino pouco mais de uma década depois, com o pai já morto e quando ele assumira o controle dos negócios familiares.

Aconteceu também pelas mãos de Getúlio, que o convidou para presidir a filial local do seu recém-fundado Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Tempos depois, em 1947, ele assumiu seu primeiro cargo público, de deputado estadual, após somar 4,1 mil votos nas eleições locais.

Em 1952, enquanto trabalhadores faziam greves por todo o país, Getúlio (ao centro) chamou Jango (dir. com charuto na mão) para ser seu ministro do Trabalho

Em 1952, enquanto trabalhadores faziam greves por todo o país, Getúlio (ao centro) chamou Jango (dir. com charuto na mão) para ser seu ministro do Trabalho© Wikimedia Commons

“O PTB era um partido progressista”, explica Ângela Gomes. “Isso significa dizer, principalmente, que era um partido de esquerda, embora essas classificações fossem diferentes naquela época, em que a esquerda muito mais ligada ao PCB [Partido Comunista Brasileiro]”, completa.

Rodrigo Patto Sá lembra como o PTB, que havia sido criado por Getúlio justamente para antagonizar com o PCB, foi se inclinando à esquerda nos anos 1950, embora dentro dos seus próprios limites. “O programa do partido era melhorar as condições dos trabalhadores. Os comunistas queriam acabar com a propriedade privada e colocar os operários no poder. Eram duas coisas bastante diferentes.”

Jango deixou a presidência nacional do PTB já no exílio no Uruguai, em 1965, mas permaneceria no partido até sua morte, em 1976.

Em 1950, Jango e Getúlio eram mais do que conterrâneos: haviam se tornado confidentes. “É que ali existia uma questão central na política brasileira: quem seria o herdeiro político de Getúlio? Ela era relevante, já que uma característica inata dos líderes carismáticos é a intransmissibilidade”, aponta Christian Lynch, que leciona Pensamento Político Brasileiro no Instituto de Estudos Políticos e Sociais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP-UERJ).

“Jango só foi ocupando esse lugar porque ambos sabiam que ele nunca seria uma sombra ao carisma do Getúlio.”

As eleições daquele ano marcaram essa relação de complementariedade e, enquanto Goulart subia um degrau na carreira política, elegendo-se deputado federal pelo Rio Grande do Sul, Vargas voltava ao poder com os votos de quase metade do eleitorado brasileiro à época (48%).

Foi, antes de tudo, um período tumultuado na vida de Goulart – ou, na percepção de Lynch, de “provação”. “Era um sacrifício que ele precisava cumprir para mostrar a Getúlio que tinha condições de ser seu herdeiro”, analisa.

O professor do IESP-UERJ se refere a um intervalo de meia década em que Jango passou por vários postos públicos: foi deputado federal, secretário do Interior e Justiça do Rio Grande do Sul e ministro do Trabalho.

Este último cargo foi, aliás, a prova final. Em 1952, enquanto trabalhadores organizados faziam greves seguidas pelo país e a União Democrática Nacional (UDN) tensionava o campo político como oposição, Getúlio chamou seu candidato a herdeiro para costurar uma relação melhor do governo com os sindicatos.

“Os militares não gostaram. Principalmente quando ele tomou a decisão de tirar a antiga interferência da pasta na definição das lideranças sindicais, que abriu espaço para comunistas encabeçarem os sindicatos. O temor das Forças Armadas era que a esquerda começasse a ascender demais no país por meio do Jango”, diz Rodrigo Patto Sá, da UFMG.

A maior crise do cargo aconteceu pouco mais de um ano depois de assumi-lo, em 1954, quando, em meio à revisão do salário mínimo, protestos tomaram as ruas das capitais brasileiras reivindicando um ajuste de 100%. O empresariado, por sua vez, concordava com um aumento de até 40%.

Em fevereiro daquele ano, a tensão escalou ainda mais quando coronéis do Exército formalizaram uma reclamação do sucateamento das Forças Armadas ao Ministério da Guerra, apontando a “má administração da coisa pública” como causa da situação.

Publicados nos jornais, o “Manifesto dos Coronéis” virou uma arma apontada, pela UDN, na direção de Jango, que deixou o ministério naquele mesmo mês – não sem deixar nas mãos de Getúlio uma proposta de reajuste do salário mínimo em 100%, ratificada pelo presidente três meses depois.

Viria, então, a maior crise pessoal, naquele agosto, quando Getúlio se suicidou dentro do Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, então sede do governo federal.

“Quando o telefone [dele] tocou, ele achou que tinha acontecido um golpe de Estado. Nem de longe imaginava que se tratava do suicídio do Getúlio”, conta Jorge na biografia. Para Lynch, não se tratava só de uma impressão.

“Não há dúvidas de que Getúlio foi deposto”, afirma ele. “Mas, acima de tudo, foi um momento crucial na história brasileira, porque mostrou a força do trabalhismo como movimento e, ao mesmo tempo, deixou evidente que as elites não controlavam mais o poder político. Ali, João Goulart já era protagonista.”

Oswaldo Aranha discursando no enterro de Getúlio Vargas, em São Borja (RS), em agosto de 1954. Ao centro, cabisbaixo, o herdeiro político do ex-presidente, João Goulart

Oswaldo Aranha discursando no enterro de Getúlio Vargas, em São Borja (RS), em agosto de 1954. Ao centro, cabisbaixo, o herdeiro político do ex-presidente, João Goulart© Gervásio Baptista/Agência Brasil

O ‘perigo’ comunista

No final de 1954, convencido pelo PTB, Jango concorreu ao Senado pelo Rio Grande do Sul, mas perdeu a eleição para a coligação liderada pela UDN.

Foi um período rápido de incertezas: no começo do ano seguinte, em meio às investidas dos militares no entorno do governo provisório de Café Filho, ele negociou um acordo do seu partido com o PSD, do então governador mineiro, Juscelino Kubitschek, para concorrer como vice na chapa na eleição presidencial de 1955.

Foi nessa época que João Goulart passou a ser chamado mais firmemente de “comunista”, inicialmente por um de seus opositores mais ferrenhos, o jornalista Carlos Lacerda, dono do jornal Tribuna da Imprensa, e gradativamente em todos os conflitos políticos. O “comunismo de Jango” se tornaria uma acusação grave, primeiro tomada pelos militares, depois pela população e, então, pela própria história, com consequências significativas na trama do golpe de 1964.

“Até hoje chamá-lo de comunista é, para alguns setores da sociedade, um jeito de legitimar o que aconteceu”, diz Ângela Gomes, da FGV-RJ.

Esse diagnóstico tem, de fato, impactos presentes. A BBC News Brasil revelou, em abril de 2019, por exemplo, que o governo do então presidente Jair Bolsonaro enviou um telegrama à ONU afirmando que, em 1964, não houve golpe de Estado no Brasil, e que o regime militar instaurado naquele ano fora necessário para “afastar a crescente ameaça de uma tomada comunista” do país.

O texto ainda citava que Jango fora deposto com “o apoio da maioria da população”.

Dois anos depois, Bolsonaro vetou um projeto de lei aprovado amplamente no Congresso que nomeava quase a totalidade da rodovia BR-153, entre Cachoeira do Sul (RS) e Marabá (PA), com o nome de João Goulart.

A justificativa do governo à época era que homenagens como essas não devem se inspirar em “práticas dissonantes das ambições de um Estado democrático”.

Pesquisando aquele período para o último livro que publicou, Patto Sá percebeu que, ao contrário da narrativa que ficou para a história, era raro encontrar menções diretas a Jango como um “comunista”. Para o professor da UFMG, esse sequer foi o álibi para justificar a saída dele do cargo, em 1964, mas sim o fato de o presidente ter ampliado o espaço de atuação política de grupos à esquerda dentro do governo.

“Até porque ele era herdeiro de Vargas, que combatia o comunismo, além de ser um dos fazendeiros mais ricos do Brasil à época”, relembra ele.

O resultado da eleição presidencial de 1955 é usado hoje como demonstração inequívoca da popularidade de Jango: com 44,2% dos votos, ele voltou a bater Milton Campos, da UDN, e se elegeu vice-presidente com sobras. Sua votação foi maior do que a do próprio Juscelino, que venceu Juarez Távora com 35,6%.

Reformas de base

O discurso de posse de João Goulart como presidente do Brasil, após a renúncia de Jânio, naquele 7 de setembro de 1961, caberia perfeitamente no Brasil de hoje. Diante de uma polarização violenta nas ruas, ele usou a ocasião para se colocar como “guardião da unidade nacional”, pedindo que que, dali em diante, se “dissipassem todos os ódios e ressentimentos pessoais”.

“A conjuntura era muito difícil”, afirma Jorge Ferreira em seu livro. “Ele assumiu a Presidência em uma situação emergencial: uma gravíssima crise militar, contas públicas descontroladas, o país endividado interna e externamente, além da delicada situação política. Ainda mais grave, Jango não tinha como implementar seus projetos reformistas”.

A impossibilidade estava, em primeiro lugar, no novo desenho institucional. “Ele achava que poderia superar essas limitações com a força que tinha nas ruas – e ele tinha mesmo”, explica Christian Lynch, do IESP-UERJ. Institucionalmente, sua estratégia foi tentar ampliar espaço ao centro, usando, como ferramenta, a aliança anterior com o PSD que havia elegido a chapa com Juscelino.

Mas, para além disso, havia uma impossibilidade de agenda. Segundo Ângela Gomes, da FGV-RJ, o programa político de Jango já estava estabelecido desde os anos 1950, sobretudo por meio de Francisco San Tiago Dantas – que seria seu ministro da Fazenda até meses antes do golpe.

Jornalista e advogado, ele era o autor intelectual das chamadas “reformas de base”: um conjunto de leis que pretendiam transformar, entre outras coisas, o acesso à terra, à cidadania e às universidades públicas.

Havia também planos de mexer no sistema eleitoral, acabando com o impedimento de voto aos analfabetos e permitindo eleições de soldados e cabos, e de rever todo o sistema fiscal, eliminando o déficit do Tesouro Público, além de um projeto para enxugar a máquina pública.

Para Rodrigo Patto Sá, não eram propostas radicais em si mesmas, embora ativassem conflitos com a direita. “O ponto central não era tanto empreender as reformas, mas sim o protagonismo das alianças de esquerda que o governo de Jango estava fazendo – que, no clima da época, tinha um efeito muito mais intenso.”

Christian Lynch, por sua vez, salienta como ainda hoje há um erro histórico em ler as reformas de base de Jango como demandas apenas do campo da esquerda. Ao contrário, existia um consenso entre todo o espectro ideológico de que o país vinha sendo administrado por leis anacrônicas – e que era preciso mudá-las para desenvolver o país.

“A divisão residia aí, porque desenvolvimento, para a esquerda, era um projeto vindo de baixo para cima, distribuindo renda e propriedade. Para a direita, por sua vez, era estipular uma ordem sem dividir o poder com o ‘andar de baixo'”, explica.

Para ele, não é trivial que muitas reformas de base tenham sido implementadas pelos próprios militares posteriormente, como o Estatuto da Terra, promulgado em novembro de 1964 pelo governo do general Humberto Castelo Branco.

Às voltas com as limitações do parlamentarismo, Jango conseguiu antecipar o plebiscito previsto quando da sua posse, sobre a continuidade do modelo, de 1965 para dois anos antes. Ergueu uma coalizão à esquerda, angariou apoio na imprensa e até nas Forças Armadas e venceu o pleito com 80% dos eleitores decidindo pelo retorno do presidencialismo. Assim, entrou em janeiro de 1963 como queria ter feito em setembro de 1961: como presidente, de fato, do Brasil.

Na sua segunda posse, Jango ainda nunciou seu programa econômico, chamado de Plano Trienal e assinado por um economista de peso: Celso Furtado, ligado ao grupo da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), da ONU.

Jorge Ferreira elenca as prioridades daquele projeto: combater a inflação sem comprometer o crescimento e, depois, reformar o aparelho administrativo – bancos, regime fiscal e, então, fazer a reforma agrária.

“Reforma agrária era vista, até por setores que não estavam à esquerda, como um jeito de desenvolver o país, dada a quantidade de trabalhadores rurais que o Brasil possuía. Mesmo alguns nomes da direita defendiam isso. Mas o anticomunismo e principalmente as ações das Ligas Camponesas começaram a mudar essa percepção comum”, diz Lynch, se referindo aos grupos de camponeses organizados que passaram a invadir fazendas no interior do país.

No ano do golpe, Jango se agarrou ainda mais às suas reformas de base – principalmente à agrária que, também segundo Ângela Gomes, lhe aparecia como a solução para todos os problemas econômico do Brasil. Nas ruas, a disputa narrativa começava a ganhar corpo pela perspectiva à direita e, em março, segundo Jorge Ferreira, já havia um “anticomunismo espalhado pela sociedade”, mas sobretudo apontado na direção de Jango.

Foram alguns dos meses mais críticos do século 20 do Brasil. No dia 13 de março de 1964, o presidente falou de improviso em um comício organizado por grupos à esquerda, ligados ao PCB e ao Comando Geral dos Trabalhadores (CGT), em frente à estação Central do Brasil, no Rio de Janeiro.

Segundo os jornais da época, 200 mil pessoas estavam no evento, e ouviram Jango defender novamente suas reformas – especialmente a agrária.

“[Ela] não é capricho de um governo ou programa de um partido. É produto da inadiável necessidade de todos os povos do mundo”, disse ele, em meios aos aplausos da multidão. “Aqui no Brasil, constitui a legenda mais viva da reivindicação do nosso povo, sobretudo daqueles que lutaram no campo”, prosseguiu.

Jango durante Comício das Reformas, na Central do Brasil, às vésperas do golpe militar, em 1964

Jango durante Comício das Reformas, na Central do Brasil, às vésperas do golpe militar, em 1964© Memorial da Democracia

Em um momento definitivo daquela fala – e do futuro do país –, Jango atacou parte da Igreja Católica, contrária à reforma, vociferando que “nem os rosários podem ser erguidos como armas contra os que reclamam a disseminação da propriedade privada da terra”.

A frase foi tomada, dias depois, por uma freira anônima de São Paulo, Ana de Lourdes, para acusar o presidente de atacar a fé católica. A reação seria outro comício, na Praça da Sé, na capital paulista, chamada Marcha da Família com Deus Pela Liberdade, que acabou se transformando na maior demonstração da oposição a Jango. Pelos números oficiais, 200 mil pessoas participaram.

“Nos cartazes, a tônica era o anticomunismo”, conta Jorge Ferreira. “‘Verde e amarelo, sem foice e sem martelo’ ou ‘Abaixo os pelegos e os comunistas'”.

Em 2003, o antigo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope) doou à Unicamp, em São Paulo, um calhamaço de pesquisas políticas feitas nas décadas anteriores e, em uma delas, aparecia que Jango tinha, naquele mês de 1964, 70% de aprovação popular.

“Mas ali já estavam acontecendo várias conspirações militares. Algumas em curso desde 1961”, conta Patto Sá. “Na altura dos comícios, elas apenas se intensificaram”.

Em paralelo, o governo planejava novos eventos públicos, à luz da Central do Brasil, e que desaguariam em um grande evento também na Praça da Sé.

Os comícios planejados não tiveram tempo de acontecer: depois de radicalizar o discurso em meio a revoltas na caserna, Jango despachava no gabinete do Palácio das Laranjeiras, na Guanabara, no dia 31 de março de 1964. Enquanto isso, um general de Minas Gerais, Olímpio Mourão Filho, antecipava o movimento previsto inicialmente pelas Forças Armadas para o dia 2 de abril e colocou suas tropas em direção ao Estado, saindo de Juiz de Fora, a uma distância de não mais do que 185 km.

Jango voou para Brasília, e depois para Porto Alegre, onde esperava liderar outra resistência ao golpe iminente mobilizada pelo mesmo Brizola.

Foi quando Auro de Moura Andrade, presidente do Senado indicado por Jango – e que lhe empossara presidente em 1961 –, decretou, em Brasília, a vacância do cargo, justificando que o presidente havia deixado o país.

“Foi uma manipulação para viabilizar o golpe e conseguir reconhecimento internacional imediato, principalmente dos EUA”, explica Patto Sá.

A história parecia se repetir: enquanto Ranieri Mazzili assumiu a Presidência provisória das mãos de Moura Andrade, João Goulart preparava sua saída do território brasileiro pelo Uruguai – por onde entrara quatro anos antes. Ainda passou alguns dias em São Borja e depois em Itaqui (RS), numa fazenda que foi a leilão no ano passado, sem acabar com nenhum comprador.

Segundo os jornais da época, sete pessoas morreram nos protestos de rua no Rio e em Recife, no Pernambuco, em meio à transição.

Jango ficou no Uruguai até 1973, quando o país também sofreu um golpe militar. Não sem preocupações: em 2019, a viúva dele, Maria Thereza Goulart, contou ao jornal Folha de S. Paulo que, certa vez, foi detida em um posto do exército do país durante uma viagem com amigos, e que ela chegou a ficar nua diante dos soldados.

“Meu marido nunca ficou sabendo”, disse. Em janeiro deste ano, a Justiça Federal exigiu que a União pague uma indenização de cerca de R$ 80 mil a ela pelos episódios daqueles dias de março de 1964, como o saque de bens que a família tinha no Rio Grande do Sul.

Naquele mesmo ano de 1973, Juan Domingo Perón se reelegeu presidente na Argentina, e acenou positivamente à ideia de receber o colega brasileiro como exilado político. Jango permaneceria no país vizinho por mais três anos, até morrer, em sua fazenda em Mercedes, na província de Buenos Aires, em 1976. Ele foi enterrado em São Borja, sua terra natal.

Restos mortais de Jango foram enviados a Brasília, em 2013, para processo de exumação. Na chegada, caixão foi recebido com honras militares e presença de ex-presidentes

Restos mortais de Jango foram enviados a Brasília, em 2013, para processo de exumação. Na chegada, caixão foi recebido com honras militares e presença de ex-presidentes© Jane Araújo/Agência Senado

Em novembro de 2013, em um dos raros consensos dentro do Congresso, a sessão que declarou a vacância do cargo, em abril de 1964, abrindo caminho para o golpe, foi oficialmente anulada.

Naquela mesma época, o corpo de Goulart foi retirado do túmulo para uma exumação – já que corria a dúvida de que ele tinha sido assassinado no exílio. O processo durou até o ano seguinte e não chegou a nenhuma conclusão.

Um mês depois, na esteira das solenidades, foi organizada uma sessão na Câmara para devolver o cargo de presidente a Goulart. Uma única voz dissonante subiu à tribuna, segundo o arquivo do Câmara: a do então deputado federal Jair Bolsonaro.

“Querem apagar um fato histórico de modo infantil. (…) Tiremos o peso dos militares. Salvamos o país de um regime ditatorial.”

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

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