quinta-feira, 21 de março de 2024

MACRON VISITARÁ O BRASIL EM BELÉM DO PARÁ

 

História de admin3 – IstoÉ

O presidente da França, Emmanuel Macron, visitará a Guiana Francesa e o Brasil na próxima semana para promover um desenvolvimento econômico respeitoso da Amazônia e discutir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva o reforço da cooperação bilateral, anunciou o Eliseu nesta quarta-feira (20).

O giro será de segunda a quinta-feira, com os dois primeiros dias na Guiana, um departamento ultramarino francês fronteiriço com o estado do Amapá.

Macron visitará o Parque Amazônico da Guiana, na zona fronteiriça, para discutir sua valorização e se reunir com militares que participam, junto com o Exército brasileiro, no combate ao garimpo ilegal de ouro.

“Nos recusamos a escolher entre a proteção das florestas tropicais e o desenvolvimento econômico”, insistiu a Presidência francesa, sublinhando que os dois temas não são “incompatíveis”.

Macron iniciará a visita brasileira do giro na quarta-feira em Belém, no Pará, na foz do rio Amazonas, onde terá um primeiro encontro com Lula para tratar dos desafios florestais, que se intensificaram com o aumento do desmatamento durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Os dois presidentes abordarão o lançamento de “iniciativas estruturantes” em matéria de “bioeconomia, questões de biodiversidade e os grandes desafios da transição ecológica”, precisou o Palácio do Eliseu, sede da Presidência francesa.

“A questão é como o presidente Lula pode limitar o desmatamento em seu país sem alimentar o populismo que poderia levar à eleição de um novo Bolsonaro”, acrescentou.

Macron irá então ao estaleiro em Itaguaí, perto do Rio de Janeiro, onde estão sendo construídos submarinos de design francês, a São Paulo e a Brasília, onde se reunirá novamente com Lula na quinta-feira, para abordar questões diplomáticas e econômicas.

O Eliseu indicou que espera que a situação da Ucrânia, que enfrenta uma invasão russa, ocupe este ano um lugar central na agenda da Presidência brasileira do G20 de potências industrializadas e emergentes.

Lula se opôs à política de isolamento da Rússia adotada pelos Estados Unidos desde a invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022, por considerar que o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, e as potências ocidentais compartilham a responsabilidade pela guerra.

“Estamos relançando nossa relação bilateral e nossa parceria estratégica com o Brasil”, após um período difícil sob a presidência de Bolsonaro, indicou o Eliseu.

“Com o Brasil, queremos construir uma relação com os grandes países emergentes”, acrescentou.

REDUFLAÇÃO É O ENCOLHIMENTO DE TAMANHO DOS PRODUTOS ENQUANTO SEUS PREÇOS CAMINHAM NA DIREÇÃO OPOSTA

André Charone – Contador, professor universitário, Mestre em Negócios Internacionais

À medida que as festividades da Páscoa se aproximam, consumidores de todo o país se deparam com uma realidade amarga no doce universo dos chocolates: os tradicionais ovos de Páscoa e barras de chocolate estão encolhendo em tamanho, enquanto seus preços caminham na direção oposta. Esse fenômeno, conhecido como reduflação, vem se tornando uma estratégia cada vez mais adotada por fabricantes para enfrentar o aumento dos custos de produção e matéria-prima, mantendo a rentabilidade.

André Charone, contador e professor universitário com formação em empreendedorismo em países emergentes em Harvard e mestrado em negócios internacionais, nos oferece uma visão aprofundada sobre o assunto.

Antes falarmos sobre os chocolates de Páscoa, é essencial compreender o que caracteriza a reduflação e como ela se compara à inflação. “A inflação é um aumento generalizado dos preços, afetando um amplo espectro de bens e serviços dentro de uma economia,” explica Charone. “A reduflação, por outro lado, é mais sorrateira. Em vez de aumentar os preços, as empresas reduzem a quantidade ou o tamanho do produto, mantendo ou até aumentando o preço. Embora, no final das contas, o impacto no bolso do consumidor seja similar ao da inflação, a reduflação muitas vezes passa despercebida.”

Nos últimos anos, essa prática tem sido particularmente visível na indústria de chocolates durante a Páscoa. Consumidores observaram que os ovos de chocolate, além de barras tradicionais, sofreram reduções significativas em tamanho e quantidade, mas essa mudança não se refletiu em preços mais baixos. Pelo contrário, os preços permaneceram os mesmos ou aumentaram. “Isso é reduflação em ação,” aponta Charone. “Uma estratégia para as empresas lidarem com custos crescentes sem alienar os consumidores com aumentos de preço visíveis.

A reduflação traz implicações importantes para a fidelidade à marca e a percepção de valor por parte dos consumidores. “Quando os consumidores percebem que estão recebendo menos pelo seu dinheiro, isso pode afetar negativamente sua relação com a marca,” adverte Charone. A longo prazo, essa estratégia pode corroer a confiança do consumidor.

No entanto, a transparência pode atenuar esses efeitos. “As empresas devem esforçar-se para manter uma comunicação clara e honesta sobre as mudanças em seus produtos, especialmente em tempos de festividades como a Páscoa, quando o consumo de chocolate dispara,” sugere Charone.

Para os consumidores, a dica é ficar de olhos abertos. Comparar cuidadosamente os preços, tamanhos e quantidades dos produtos antes de efetuar a compra é fundamental. “A informação é a melhor ferramenta que os consumidores têm para se protegerem da reduflação,” conclui Charone.

Embora a reduflação seja menos perceptível do que a inflação, tem um impacto direto e significativo no custo de vida dos consumidores, especialmente em períodos de consumo intensificado como a Páscoa. A compreensão desse fenômeno é crucial tanto para consumidores, que buscam o melhor valor para seu dinheiro, quanto para empresas, que enfrentam o desafio de manter sua base de clientes fiéis em um ambiente econômico desafiador. À medida que avançamos para a Páscoa, a transparência e a consciência se tornam ainda mais importantes, mantendo o espírito de renovação e alegria que caracteriza esta época do ano.

 

REPELENTES DEVERIAM SER ISENTOS DE IMPOSTOS

 

João Eloi Olenike – Presidente executivo do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT)

Tabela do Instituto mostra que itens mais superficiais têm pouca taxação no país se comparados aos necessários; presidente alerta para os direitos sociais dos cidadãos na Constituição Federal.

Nas últimas semanas, alguns estados decretaram situação de emergência devido ao aumento de casos de dengue no Brasil e, mesmo com o decreto, os preços de itens indispensáveis para a prevenção e tratamento da doença, como é o caso do “repelente de mosquitos”, segue encarecido. Em alerta sobre a alta taxação de produtos no país, o presidente executivo do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), João Eloi Olenike, critica o preço dos repelentes (com carga de 39,47%), defendendo a isenção e defesa dos direitos sociais dos cidadãos na Constituição Federal.

“Nós entendemos que a Reforma Tributária aprovada através de Projeto de Emenda Constitucional poderia ter incluído em seu bojo a imunidade de produtos utilizados para garantir os direitos sociais lá assegurados aos cidadãos, como educação, saúde, alimentação, trabalho, moradia, transporte, lazer, segurança e previdência social, proteção à maternidade e infância e a assistência aos desamparados.”

João Eloi complementa: “Infelizmente, a taxação desses itens, como agora o tão necessário repelente faz com que o próprio governo, pela tributação alta, faça com que, pelo alto preço, não possa ser adquirido em grande quantidade pela população mais carente. Com certeza, essa atitude contribui, sobremaneira, para que o Brasil tenha uma das piores qualidades de vida, refletido no nosso baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) entre todas as nações do mundo”, alerta o presidente executivo do IBPT.

Eloi defende exatamente o artigo 6º, da Constituição Federal de 1988, em que são direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.

A indignação do especialista também se dá ao comparar a tributação de itens de menor importância, com uma carga tributária inferior, igual ou pouco maior do que a utilizada para o repelente de mosquito (39,47%). Um exemplo comparativo é a cerveja (42,69%), chocolate (39,61%), serviço de TV por assinatura (24,20%) entre outros valores de mercadorias mais dispensáveis que estão disponíveis na tabela elaborada pelo IBPT.

A dengue, causada pela picada do mosquito Aedes aegypti, exige tratamento com medicações específicas, recomendadas pelas autoridades de saúde.  A tabela do IBPT também revela outros produtos, que neste contexto de epidemia, poderiam ter carga tributária menor ou isenta – por exemplo, os “medicamentos de uso humano” que sofrem 33,87% de taxas e um mosquiteiro, que é utensílio necessário para distanciamento entre o inseto e a criança, soma 46,23% de impostos.

O cenário de taxações altas também pode refletir diretamente na vida dos brasileiros, como mostra o estudo mais recente do IBPT, sobre o Índice de Retorno ao Bem Estar da Sociedade (IRBES), criado a partir da junção da Carga Tributária X PIB e do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano). No levantamento, o Brasil, com arrecadação alta e péssimo retorno desses valores, se posiciona, mais uma vez, como último em retorno de seus impostos à sociedade, ficando atrás de países da América do Sul, como Uruguai (12º) e Argentina (13º).

“O país é “lanterninha” quando se apresenta como último colocado, ou seja, de pior retorno aos cidadãos de investimentos destinados à melhoria da qualidade de vida dos brasileiros, ante à expressiva arrecadação de tributos. A razão principal dessa situação vexatória de nosso país é o não direcionamento dos recursos arrecadados para objetivos mais importantes como os direitos assegurados pela nossa Lei Maior”, pondera o presidente executivo do IBPT, João Eloi Olenike.

A urgência para acessibilidade nos preços dos “repelentes” é uma medida de proteção necessária, já que são mais de 1,8 milhão de casos de dengue no Brasil, com números de mortes constantemente aumentando – segundo atualizações do levantamento do Ministério da Saúde.

O especialista conclui que o Governo Federal, ao tributar itens essenciais para os direitos sociais previstos na Constituição Federal, encarece esses produtos e serviços para a população mais necessitada, impedindo seu acesso. “Esclarecemos, então, que as autoridades estão dando um tiro no seu próprio pé e auxiliando em inviabilizar os objetivos prometidos constitucionalmente”, finaliza Eloi.

Sobre o IBPT

O Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) foi fundado em 1992, com o objetivo inicial de congregar estudiosos das ciências jurídica, contábil, social e econômica para debater sobre temas relacionados ao planejamento tributário. Desde sua fundação, o IBPT se dedica ao estudo do complexo sistema tributário no país, sendo reconhecido pela adoção de uma linguagem clara e precisa à sociedade sobre a realidade tributária brasileira. O IBPT também lançou bases e fundamentos para viabilizar a lógica da transparência fiscal, promovendo conscientização tributária.

Pioneiro na criação de estratégias de mercado para empresas e entidades setoriais a partir da análise de dados fiscais, públicos e abertos, o IBPT mantém investimentos contínuos em tecnologia e na capacitação de sua equipe para viabilizar pesquisas, estudos e serviços, possuindo o maior banco de dados privado com informações tributárias e empresariais.

A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL GENERATIVA MUDA O SISTEMA DE AUTOATENDIMENTO

 

Por Kleber Santos, VP of Digital Value Creation da multinacional brasileira FCamara

As estratégias para incentivar clientes a adotarem sistemas de autoatendimento estão mudando radicalmente com a Inteligência Artificial Generativa. Ao observar o desenvolvimento de um software que usa essa tecnologia para entender o que influencia a adesão dos consumidores ao self-checkout, notei que os primeiros resultados foram surpreendentes e tive bonsinsights.

Parto da premissa de que o valor do produto ou do serviço se dá a partir da percepção das pessoas; ou seja, quanto mais elas se identificarem e aderirem àquela proposta, maior será seu valor.

Um bom exemplo de adoção tecnológica pode ser observado no caso das telas táteis (touch screens). Para os celulares, essa tecnologia é vital, mas nem tanto para as TVs, já que as pessoas preferem comandar seus dispositivos do sofá. Isso significa que a mesma tecnologia tem duas percepções de valor completamente diferentes.

Esse é um dos principais desafios na jornada de implementação dos caixas de autoatendimento no varejo. Não há dúvidas que vale muito a pena para o varejista, principalmente na redução de custos operacionais e eficiência dos processos. A questão que está sobre a mesa é: faz sentido para o consumidor?

As variáveis mais óbvias estão em dezenas de estudos publicados, como tamanho da fila, usabilidade, meios de pagamento, segurança e características da operação (se requer pesagem, se precisa remover sensor antifurto, etc).

Outro fator que aumenta ainda mais o desafio é o dinamismo de contexto. As coisas mudam tão rapidamente que uma vantagem pode perder relevância de um dia para o outro. 

Gen AI: Boa tarde, como posso ajudar?

A IA Generativa tem a capacidade de processar grande volume de informações, cruzar todo o banco de conhecimento disponível e chegar em sugestões não convencionais.

O produto que estive observando nasceu para responder continuamente a mesma pergunta: o que influencia o consumidor a aderir ao autoatendimento? 

Os jovens já nasceram conectados e tendem a aceitar mais facilmente novas tecnologias, portanto, são capazes de aderir aos sistemas de self checkout sem qualquer restrição. Mas eles também são tipicamente mais sensíveis a questões sociais; se entenderem que o uso de soluções autônomas implicará no nível de desemprego, irão refutar e “sabotar” o uso. Embora sejam consideradas informações verdadeiras, isoladamente são incompletas para uma boa tomada de decisão.

Esse modelo de AI tem habilidade de identificar relações que aparentemente não são tão evidentes, como é o caso do conflito geracional mencionado acima; o que é crucial para soluções criativas. Por isso ela é tão valiosa em cenários com alto grau de incerteza. 

Estudando dados de uma loja mais de perto, percebemos que em determinado horário dos dias de semana, em que há maior quantidade de transações, o percentual de uso dos caixas de autoatendimento sobe. Essa informação sugere que o tamanho da fila faz diferença.

Em paralelo, a IA identificou que, no mesmo intervalo de tempo em que se observa o pico de transações, as cores dos cabelos dos clientes na fila dos caixas autônomos são mais diversas em comparação com a fila dos caixas convencionais. 

A equipe achou o insight curioso. Um dos membros percebeu que a loja em questão estava próxima de uma grande universidade e que o horário com mais pico de utilização coincide com o horário de chegada dos alunos. Parte deles, antes de entrar em aula, acabava aproveitando para fazer uma compra ou outra. Sendo assim, concluiu-se que o perfil daquele cliente fazia mais diferença do que o tamanho da fila.

Esse é somente um pequeno exemplo com poucas variáveis que nos mostra o grande potencial da IA Generativa. É claro que a qualidade do insight dependerá muito do volume, da diversidade e da qualidade dos conhecimentos que alimentam o motor.

Quando falo sobre a quantidade, me refiro aos dados da transação, como duração, ticket médio e meio de pagamento; do cliente, como gênero, idade, poder aquisitivo; e do produto, como preço, tipo, se requer pesagem, entre outros. Já sobre a diversidade de informações, é importante usar outros dados para complementar conhecimentos. As câmeras, por exemplo, capturam o ambiente e armazenam informações como tamanho de fila, características físicas e ruídos.

Vale destacar que, para garantir informações e insights de qualidade, é preciso alimentar o aprendizado da IA e criar um sistema de feedbacks. A partir disso, os conhecimentos originais vão ficando mais afiados, fundamental para a evolução da solução.

Como última recomendação, é imprescindível considerar duas inteligências nessa jornada, a artificial e a humana.

Avaliando o último exemplo, se fosse necessário depender somente da inteligência das pessoas, dificilmente chegaríamos àquela conclusão com rapidez e precisão. Por outro lado, ainda não seria possível para a IA observar o fluxo de alunos de uma universidade e chegar àquela conclusão sozinha. 

O máximo do potencial está exatamente na combinação entre essas duas inteligências. Não adiantará investir muitos milhões para trazer as melhores tecnologias e não investir proporcionalmente para trazer as pessoas certas.

CARACTERÍSTICAS DA VALEON

Perseverança

Ser perseverante envolve não desistir dos objetivos estipulados em razão das atividades, e assim manter consistência em suas ações. Requer determinação e coerência com valores pessoais, e está relacionado com a resiliência, pois em cada momento de dificuldade ao longo da vida é necessário conseguir retornar a estados emocionais saudáveis que permitem seguir perseverante.

Comunicação

Comunicação é a transferência de informação e significado de uma pessoa para outra pessoa. É o processo de passar informação e compreensão entre as pessoas. É a maneira de se relacionar com os outros por meio de ideias, fatos, pensamentos e valores. A comunicação é o ponto que liga os seres humanos para que eles possam compartilhar conhecimentos e sentimentos. Ela envolve transação entre pessoas. Aquela através da qual uma instituição comunica suas práticas, objetivos e políticas gerenciais, visando à formação ou manutenção de imagem positiva junto a seus públicos.

Autocuidado

Como o próprio nome diz, o autocuidado se refere ao conjunto de ações que cada indivíduo exerce para cuidar de si e promover melhor qualidade de vida para si mesmo. A forma de fazer isso deve estar em consonância com os objetivos, desejos, prazeres e interesses de cada um e cada pessoa deve buscar maneiras próprias de se cuidar.

Autonomia

Autonomia é um conceito que determina a liberdade de indivíduo em gerir livremente a sua vida, efetuando racionalmente as suas próprias escolhas. Neste caso, a autonomia indica uma realidade que é dirigida por uma lei própria, que apesar de ser diferente das outras, não é incompatível com elas.

A autonomia no trabalho é um dos fatores que impulsionam resultados dentro das empresas. Segundo uma pesquisa da Page Talent, divulgada em um portal especializado, 58% dos profissionais no Brasil têm mais facilidade para desenvolver suas tarefas quando agem de maneira independente. Contudo, nem todas as empresas oferecem esse atributo aos colaboradores, o que acaba afastando profissionais de gerações mais jovens e impede a inovação dentro da companhia.

Inovação

Inovar profissionalmente envolve explorar novas oportunidades, exercer a criatividade, buscar novas soluções. É importante que a inovação ocorra dentro da área de atuação de um profissional, evitando que soluções se tornem defasadas. Mas também é saudável conectar a curiosidade com outras áreas, pois mesmo que não represente uma nova competência usada no dia a dia, descobrir novos assuntos é uma forma importante de ter um repertório de soluções diversificadas e atuais.

Busca por Conhecimento Tecnológico

A tecnologia tornou-se um conhecimento transversal. Compreender aspectos tecnológicos é uma necessidade crescente para profissionais de todas as áreas. Ressaltamos repetidamente a importância da tecnologia, uma ideia apoiada por diversos especialistas em carreira.

Capacidade de Análise

Analisar significa observar, investigar, discernir. É uma competência que diferencia pessoas e profissionais, muito importante para contextos de liderança, mas também em contextos gerais. Na atualidade, em um mundo com abundância de informações no qual o discernimento, seletividade e foco também se tornam grandes diferenciais, a capacidade de analisar ganha importância ainda maior.

Resiliência

É lidar com adversidades, críticas, situações de crise, pressões (inclusive de si mesmo), e ter capacidade de retornar ao estado emocional saudável, ou seja, retornar às condições naturais após momentos de dificuldade. Essa é uma das qualidades mais visíveis em líderes. O líder, mesmo colocando a sua vida em perigo, deve ter a capacidade de manter-se fiel e com serenidade em seus objetivos.

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quarta-feira, 20 de março de 2024

NOVO ENSINO MÉDIO SERÁ APROVADO COM ALTERAÇÕES

 

História de MATHEUS TEIXEIRA

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O governo Lula (PT) cedeu na negociação sobre a reforma do ensino médio e a matéria deve ir à votação na Câmara nos próximos dias.

A base aliada do Executivo permitiu a previsão para flexibilizar a carga horária obrigatória do currículo comum para os estudantes que optarem, entre os cinco itinerários formativos, por fazer cursos profissionalizantes. Esta era a principal demanda do relator, o deputado Mendonça Filho (União Brasil-PE), e dos partidos que apoiam a redação do projeto proposto por ele.

É no currículo comum que estão disciplinas tradicionais, como português, matemática, história e física, entre outras.

A articulação em busca de consenso contou com a participação direta do ministro da Educação, Camilo Santana. Na noite de segunda-feira (18), ele esteve em uma reunião com Mendonça na residência oficial do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

Deputados que estiveram presentes afirmaram sob reserva que o encontro teve clima de tensão e troca de farpas entre Santana e Mendonça. Ao final, ambos pediram desculpas um ao outro. Nesta terça-feira (19), houve nova reunião sobre o tema e o representante do governo e o relator da proposta chegaram a um acordo.

A proposta do governo previa 2.400 horas obrigatórias do currículo comum para todos os itinerários formativos. O relator, com apoio da maioria dos secretários estaduais de educação, afirmava que o patamar obrigatório inviabilizaria os cursos profissionalizantes.

O MEC, no entanto, aceitou reduzir para 1.800 horas a grade comum de todos os estudantes para casos em que o estudante opte por cursos profissionalizantes. Assim, os alunos poderão fazer curso técnico de enfermagem, por exemplo, de 1.200 horas –ao todo, são 3.000 horas anuais no ensino médio.

Nos demais itinerários formativos, que são as áreas que os estudantes têm que optar para se aprofundar no ensino médio, a obrigatoriedade permanece em 2.400 horas.

O governo já previa a necessidade de ter que ceder em alguns pontos para evitar uma derrota maior. O pessimismo do Palácio do Planalto em relação ao tema na Câmara começou no momento em que Lira indicou Mendonça para relatar a matéria.

Isso porque, o deputado foi o ministro da Educação na gestão de Michel Temer (MDB) e responsável por formular a reforma do ensino médio sancionada em 2017 que, agora, o atual governo tenta derrubar.

A aprovação no fim do ano passado de um requerimento de urgência para o projeto também indicou a dificuldade do governo com a matéria na Casa. A contragosto do Executivo, a urgência foi aprovada por 351 votos favoráveis a 102 contrários.

Outra mudança no texto implementada por Mendonça em relação à proposta para tornar o espanhol como segunda língua obrigatória –a primeira é o inglês.

O texto acordado trata o espanhol como preferencial, em uma redução na importância dada inicialmente pelo MEC.

O ministério também já aceitou uma mudança no projeto no que diz respeito à possibilidade de implementação de educação a distância no ensino médio.

O relatório prevê, na contramão da proposta inicial do Executivo, a formação via “mediação por tecnologia”, o que não quer dizer que necessariamente irá tratar-se de uma aula gravada, sem professor do outro lado do vídeo, mas que abre margem para o ensino a distância.

Arthur Lira se empenhou em busca de acordo e afirmou em entrevista antes da votação que trata-se de um assunto urgente porque “8 milhões de estudantes dependem dessa definição”.

“Defendemos que em um tema como esse, que é tão sensível, a gente não tenha vencidos nem vencedores, que a gente construa um caminho médio para poder votar com ampliação de quórum e de apoio necessários para que não haja mudança amanhã a depender do sabor de uma urna ou outra”, disse.

Filho disse à Folha de S.Paulo que o acordo viabiliza os cursos técnicos, que era um dos principais pontos que havia levantado desde o início do debate. “Mais de 60% da demanda de cursos profissionalizantes exigem 1.200 horas”, diz.

A deputada Dandara Tonantzin (PT-MG), que é pedagoga e pertence à base do governo, é uma crítica da redução da base curricular comum.

“Precisamos dar liberdade para o estudante escolher qual área do ensino técnico ele vai fazer ao longo do ensino médio, mas não podemos comprometer a formação geral básica”, diz.

E prossegue: “O ensino de formação profissionalizante não pode ser utilizado para diminuir a carga de sociologia, química, filosofia, entre outras matérias obrigatórias. O estudante não pode ficar entre um ou outro. Não dá para o estudante ter que perder uma aula de história para aprender a fazer um brigadeiro gourmet, com todo respeito ao brigadeiro gourmet”, diz.

Como a Folha de S.Paulo mostrou em março do ano passado, as Secretarias de Educação estaduais (que são responsáveis por mais de 80% das matrículas do ensino médio) oferecem ao menos 1.526 opções de disciplinas eletivas. A lista inclui matérias de RPG e e Brigadeiro Gourmet.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), por sua vez, se reuniu com bancadas de partidos na semana passada na Câmara para defender o relatório de Mendonça.

“A gente está colocando nossa preocupação de manter a flexibilidade no que diz respeito à carga horária para gente tocar o ensino profissionalizante. Isso é fundamental, a gente quer que jovens tenham acesso ao ensino profissionalizante, a gente quer aumentar o percentual de concludentes do ensino médio com ensino profissional”, disse.

LULA É UM GERENTE MUITO RUIM DA SUA BASE ALIADA DIZ CIENTISTA POLÍTICO

 

História de Thais Carrança – Da BBC News Brasil em São Paulo

Queda de popularidade do presidente Lula se deve principalmente à inflação, fruto de política fiscal frouxa, mas ainda há tempo de mudar, diz professor da FGV

Queda de popularidade do presidente Lula se deve principalmente à inflação, fruto de política fiscal frouxa, mas ainda há tempo de mudar, diz professor da FGV© Reuters

O segundo ano de mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) começa marcado por reveses para o presidente. Apesar do desempenho acima do esperado da economia, o petista vê sua popularidade cair nas pesquisas de opinião e sofre derrotas no Congresso, como a eleição de nomes da oposição para a presidência de comissões estratégicas na Câmara dos Deputados.

Seria um sinal de fracasso do presidencialismo de coalizão, modelo político em que a governabilidade é garantida através da distribuição de cargos e verbas aos diferentes partidos?

Carlos Pereira, professor de Ciência Política da Fundação Getúlio Vargas (FGV), acredita que não.

“O presidencialismo de coalizão está mais firme do que nunca. O problema é que o presidente Lula é um mau gerente de coalizão. Ele montou uma coalizão grande demais – tem 16 partidos, é uma coalizão gigante, muito difícil de coordenar”, diz Pereira, em entrevista à BBC News Brasil.

Para o analista, a queda de popularidade de Lula se deve principalmente à inflação resiliente, que é impactada pela política fiscal frouxa adotada pelo governo. A boa notícia é que ainda dá tempo de mudar, diz Pereira.

“Ainda é cedo. Início do segundo ano de mandato, o governo ainda tem tempo para recuperar. Mas ele não dá sinais críveis de que irá implementar uma política responsável do ponto de vista fiscal e orçamentário. Pelo contrário, o governo tem sinalizado que a saída para aumentar sua popularidade é aumentar gasto”, critica.

Em meio ao avanço das investigações sobre suposta tentativa de golpe conduzida pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o cientista político tem sido uma das poucas vozes a defender reiteradamente que não houve chance real de ruptura ou mesmo fragilização da democracia no governo Bolsonaro.

“Minha interpretação é de que os generais se recusaram [a embarcar no golpe] porque os custos políticos, institucionais e reputacionais, para qualquer um que pudesse enveredar em uma tentativa de ataque à democracia, são impagáveis”, afirma.

“No momento em que esses generais peitam Bolsonaro, eles não o fazem apenas motivados pelas suas preferências individuais ou pelo seu heroísmo individual, mas porque estão inseridos em um contexto institucional que os constrange.”

Pereira discute este e outros temas no livro Por que a democracia brasileira não morreu?, escrito em coautoria com Marcus André Melo, e que deverá ser lançado pela Companhia das Letras em maio

Para o cientista político, o cenário que se coloca para as eleições municipais com Lula com a popularidade em queda e Bolsonaro pressionado pela Justiça é de oportunidade.

“Bolsonaro, com os custos políticos de uma eventual condenação judicial, possivelmente vai perder capital político. E Lula vai perder esse antagonismo, que também o beneficia”, afirma.

“Com um dos polos se tornando carta fora do baralho e o outro fragilizado, é uma oportunidade para os partidos e os candidatos tentarem outras agendas e não essa agenda nacional polarizada.”

Confira os principais trechos da entrevista.

Carlos Pereira (foto) lança em maio, pela Companhia das Letras, o livro Por que a democracia brasileira não morreu? , em coautoria com Marcus André Melo

Carlos Pereira (foto) lança em maio, pela Companhia das Letras, o livro Por que a democracia brasileira não morreu? , em coautoria com Marcus André Melo© Divulgação

BBC News Brasil – O senhor tem defendido que não houve chance real de ruptura no governo Bolsonaro, devido à resiliência das instituições brasileiras. À luz dos depoimentos dos comandantes das Forças Armadas que revelaram que o ex-presidente chegou a conduzir reuniões para discutir documentos com teor golpista, o senhor ainda avalia que a democracia do país não correu risco?

Carlos Pereira – Sim. Acredito que os depoimentos confirmam exatamente o que eu venho defendendo.

BBC News Brasil – Por quê?

Pereira – Porque existem duas avaliações nisso. Quanto a esse general e esse tenente-brigadeiro [os ex-comandantes do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, e da Aeronáutica, tenente-brigadeiro Carlos Almeida Baptista Junior] que foram os que deram depoimentos e que, de certa forma, se opuseram à ideia golpista de Bolsonaro, uma interpretação é percebê-los como heróis.

O próprio presidente Lula disse isso na reunião ministerial [realizada na segunda-feira, 18/3]. Ele faz uma análise individual, como se o Brasil tivesse escapado do risco porque esses generais se recusaram a embarcar no golpe.

Já a minha interpretação é de que esses generais se recusaram porque os custos políticos, institucionais e reputacionais para qualquer um que pudesse enveredar em uma tentativa de ataque à democracia são impagáveis.

A sociedade brasileira é uma sociedade muito sofisticada, que tem múltiplos interesses, mas que tem a democracia como um valor de agregação importante e revela essa agregação em vários momentos

'Generais se recusam a embarcar no golpe e peitam Bolsonaro, não motivados por preferências individuais ou heroísmo, mas porque estão inseridos em um contexto institucional que os constrange', diz cientista política da FGV

‘Generais se recusam a embarcar no golpe e peitam Bolsonaro, não motivados por preferências individuais ou heroísmo, mas porque estão inseridos em um contexto institucional que os constrange’, diz cientista política da FGV© Reuters

BBC News Brasil – Quais momentos, por exemplo?

Pereira – Por exemplo, quando o governo Bolsonaro se recusou a compartilhar os dados de contaminação e mortes na pandemia, ocorreu um movimento espontâneo de competidores no mercado de mídia – Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo, O Globo, G1, Extra e UOL – todos eles montarem um consórcio de imprensa em que eles se responsabilizaram por pesquisar dados sobre contaminação e morte das pessoas na pandemia.

Isso mostra uma capacidade absurda, mesmo de competidores, de abrir mão da sua competição diante de um bem coletivo maior.

Outro exemplo importante foi quando Bolsonaro chamou aquela fatídica reunião com os embaixadores contra a urna eletrônica e organizou uma parada militar em Brasília no dia da votação [na Câmara dos Deputados da proposta de emenda constitucional] do voto impresso.

A sociedade deu uma resposta fortíssima, com mobilizações puxadas pelo departamento de Direito da USP, em que mais de 1 milhão de pessoas assinaram a carta em defesa da democracia, mostrando que uma diversidade enorme de pessoas que pensam diferente, que têm ideologias diferentes, que têm preferências políticas e partidárias diferentes, se agregaram em torno da democracia.

BBC News Brasil – E quanto às instituições?

Pereira – Você tem o multipartidarismo, que torna muito difícil para um populista, seja ele de esquerda ou de direita, fazer valer sua preferência de forma autoritária. Ele vai ter que convencer muita gente, porque são muitos partidos, com vários pontos de veto em potencial.

Temos o federalismo, constituições estaduais, judiciários estaduais, governadores.

Quer dizer, é um gama tão grande de atores que um populista tem que convencer em torno de um projeto autoritário, que esse projeto não tem chance de vingar.

Então, no momento que esses generais se recusam e peitam Bolsonaro, eles não o fazem apenas motivados pelas suas preferências individuais ou pelo seu heroísmo individual, mas porque eles estão inseridos em um contexto institucional que os constrange e que restringe o leque de opções que esses caras teriam para atuar fora do campo democrático.

Então o golpe fracassou porque esse conjunto complexo de instituições da sociedade impõe custos muito altos – custos impagáveis – para quem decide trilhar um caminho dessa natureza.

BBC News Brasil – O senhor citou a questão do multipartidarismo e como é difícil para um populista fazer valer suas preferências nesse cenário. Isso leva à minha próxima pergunta: por que o presidencialismo de coalizão parece não ter sido capaz de moderar Bolsonaro, já que ele aparentemente cogitou a possibilidade de golpe até o fim do governo?

Pereira – Eu acredito que moderou sim. Veja, Bolsonaro foi eleito negando a própria política. Ele fez uma associação direta entre o presidencialismo de coalizão e a corrupção do PT no passado.

Com poucos meses de governo, em que ele não tinha maioria [no Congresso], não tinha coalizão, ele saiu de seu próprio partido [então o PSL] e governou por quase um ano e meio sem qualquer partido.

Nesse momento, Bolsonaro era muito perigoso, porque ele estava negando as instituições e surfando de forma não institucional.

Mas veio a pandemia e uma série de pedidos de impeachment começaram a chegar na mesa do presidente da Câmara – ainda um presidente da Câmara hostil a Bolsonaro, que era Rodrigo Maia [então do DEM-RJ] na época. E Bolsonaro saiu desesperado tentando construir uma coalizão.

No momento em que Bolsonaro faz uma coalizão com o Centrão, ele se domestica, ele perde esse discurso antipolítica, e ele começa a fazer política.

Entretanto, todo bom populista não pode abrir mão na sua totalidade do discurso que o faz viável eleitoralmente.

Então ele foi nesse fio da navalha até o final de seu governo, namorando com o perigo, mas com as instituições o tempo inteiro dando limites para ele.

Por exemplo, o governo Bolsonaro foi o governo que mais enfrentou derrotas sucessivas no Judiciário e derrotas sucessivas no Legislativo.

Isso significa que as instituições estavam muito atentas e muito vigilantes, a despeito de ele ficar namorando com o perigo não institucional o tempo inteiro, enquanto também jogava o jogo institucional o tempo inteiro.

Foi esse jogo duplo que Bolsonaro jogou a partir do momento em que procurou o Centrão em 2020.

O deputado federal bolsonarista Nikolas Ferreira (PL-MG) foi eleito presidente da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados

O deputado federal bolsonarista Nikolas Ferreira (PL-MG) foi eleito presidente da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados© Agência Câmara de Notícias

BBC News Brasil – Falando então de derrotas do governo, mas agora puxando para o governo atual. O governo petista tem enfrentado sucessivas derrotas no Congresso, sendo a mais recente a vitória da oposição para o comando de comissões estratégicas, como CCJ [Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania] e Educação. Na sua visão, ainda faz sentido falar em presidencialismo de coalizão na conjuntura atual ou isso parou de funcionar?

Pereira – O presidencialismo de coalizão está mais firme do que nunca. O problema é que o presidente Lula é um mau gerente de coalizão. Ele montou uma coalizão grande demais – tem 16 partidos na sua coalizão, é uma coalizão gigante, muito difícil de coordenar.

E ele chamou 16 partidos muito heterogêneos, completamente diferentes um do outro, com preferências ideológicas e políticas muito díspares.

Há desde a extrema esquerda, como Psol, PCdoB, até partidos de direita, como União Brasil, PSD, como partidos de centro, como o MDB.

Então o presidente Lula enfrenta altíssimos custos de coordenação. Além disso, o governo Lula também não compartilha poder e recursos com os parceiros, levando em consideração o peso proporcional de cada um deles no Congresso.

Por exemplo, dos 37 ministérios do governo Lula atual, o PT tem 22 ministérios.

Então se coloque na posição do União Brasil, que tem mais ou menos o mesmo número de cadeiras do PT no Congresso, e tem três ministério. Por que que ele vai ser disciplinado na coalizão, se não está sendo recompensado?

Isso obviamente vai criar animosidades entre os parceiros, vai criar ressentimentos. E esses parceiros vão se posicionar estrategicamente a cada votação.

Quando o presidente sinaliza que precisa muito aprovar alguma coisa, esse é o momento por excelência de um parceiro que está sendo sub recompensado de tentar equilibrar o jogo.

Então o problema não é do presidencialismo de coalizão, o problema é do gerente. O problema é que o gerente é muito ruim.

'Problema não é do presidencialismo de coalizão, o problema é do gerente, que é muito ruim', diz Pereira, sobre Lula

‘Problema não é do presidencialismo de coalizão, o problema é do gerente, que é muito ruim’, diz Pereira, sobre Lula© Lula Marques/Agência Brasil

BBC News Brasil – Como o senhor avalia o cenário atual do governo Lula? Esse momento de perda de popularidade do presidente, que realizou até essa reunião ministerial na última segunda-feira.

Pereira – Nos meus estudos, a popularidade impacta muito pouco sobre a taxa de sucesso do presidente no Congresso, bem como sobre o custo de governabilidade. A popularidade não é a variável mais importante. Entretanto, ela é fundamental para a relação do presidente com a sociedade.

Então é um momento em que o governo sinaliza vulnerabilidade. Em que, de certa forma, a política econômica do governo está em xeque, porque, em última instância, a população está reagindo à inflação de alimentos. Acho que esse é o ponto-chave.

Normalmente, a popularidade tem duas variáveis-chaves: a inflação e o desemprego. O eleitor brasileiro é avesso à inflação. E o governo Lula tem tido políticas frouxas do ponto de vista fiscal, e isso tem gerado déficits crescentes, que têm um impacto inflacionário.

Então é uma escolha também do presidente namorar com o perigo.

Ainda é muito cedo. Início do segundo ano [de mandato], o governo ainda tem tempo para recuperar. Mas ele não dá sinais críveis de que irá implementar uma política responsável do ponto de vista fiscal e orçamentário. Pelo contrário, o governo tem sinalizado que a saída para aumentar sua popularidade é aumentar gasto.

Então essa é uma lição de casa que o PT e o governo Lula não aprenderam. Porque eles já viveram isso no passado e eles continuam se comportando do mesmo jeito, acreditando que o Estado tem um papel importante na economia. E essa postura mais frouxa em relação ao controle das contas públicas tem um preço.

Cedo ou tarde, [a conta] vai chegar. A grande oportunidade do governo Lula é que tenha chegado cedo. Então dá tempo para o governo fazer ajustes no sentido de sinalizar mas crivelmente compromissos com o equilíbrio macroeconômico.

BBC News Brasil – E como essa questão da popularidade em queda pesa sobre as relações entre Executivo e Legislativo?

Pereira – Eu interpreto isso muito mais com uma restrição do que com um impeditivo. Então vai dificultar, vai criar mais um barulho, mas não vai impedir o presidente de desenvolver uma relação boa com o Legislativo, se ele fizer as escolhas certas de como se relacionar com seus parceiros.

O problema é que, como o presidente Lula não sinaliza nenhuma reforma ministerial que pudesse acomodar melhor os seus parceiros, e cortar na própria carne, no próprio PT, esses problemas vão estar presentes sempre no governo.

Vai ter momentos em que o governo vai conseguir aprovar mais, gastando mais, e vai ter momentos que vai aprovar menos.

O custo de governabilidade vai ser diretamente proporcional à necessidade que o governo terá de aprovar essa ou aquela matéria.

Quanto mais o governo sinalizar que precisa muito que o legislador vote com ele, mais o Legislativo vai se posicionar de forma estratégica, inflacionando o custo do voto dele.

BBC News Brasil – E que cenário Lula com popularidade em queda e Bolsonaro pressionado pelas investigações sobre a tentativa de golpe colocam para as eleições municipais desse ano?

Pereira – Estamos com um cenário muito polarizado. Tem algumas pessoas até defendendo a ideia de que essa polarização está calcificada.

Mas um cenário em que Bolsonaro muito provavelmente vai enfrentar punições judiciais daqui a algum tempo, e com Lula perdendo conexões eleitorais, é uma oportunidade para os partidos que não estão diretamente vinculados a esses dois polos e para que o eleitorado busque alternativas.

Então talvez seja uma oportunidade boa para diminuir essa polarização entre Lula e Bolsonaro.

Porque Bolsonaro, com os custos políticos de uma eventual condenação judicial, possivelmente vai perder capital político. E Lula vai perder esse antagonismo, que também o beneficia, porque ele também nutre essa polarização.

E quanto mais o jogo é polarizado, mais difícil é para uma alternativa aos polos se tornar competitiva.

Com um dos polos se tornando carta fora do baralho e o outro fragilizado, é uma oportunidade para os partidos e os candidatos tentarem outras agendas e não essa agenda nacional polarizada.

É uma oportunidade para os outros partidos se livrarem desse karma, se livrarem desses pesos. Porque, se por um lado Lula e Bolsonaro são um ativo, uma ferramenta, são ferramentas muito pesadas. A esquerda já teve chance de se livrar de Lula no passado e não conseguiu.

Está se aproximando uma oportunidade para a direita se livrar de Bolsonaro e buscar outros candidatos melhores, mais comprometidos com a democracia, com as instituições, então pode ser uma chance, pode ser uma oportunidade.

Ainda é muito cedo para dizer, mas talvez abra-se essa janela para que os partidos considerem outras estratégias, ao ancorar suas candidaturas a prefeito em 2024 em outros temas e outras alternativas.

FORTE CRISE NA AGRICULTURA DESMANTELOU O SITEMA FERROVIÁRIO DESDE 1929 A 1960

 

História de MARCELO TOLEDO – Folha de S. Paulo

RIBEIRÃO PRETO, SP (FOLHAPRESS) – Com apenas duas linhas regulares de passageiros e uma em processo de implantação, o sistema ferroviário brasileiro se desmanchou após uma forte crise na agricultura, o interesse de governos pela expansão do transporte rodoviário e a não obrigatoriedade de manter rotas para o transporte de pessoas nas privatizações das ferrovias.

O desinteresse brasileiro por ferrovias ocorreu de forma gradativa com o passar das décadas no século passado. Depois de forte expansão com o ciclo cafeeiro na segunda metade do século 19, a quebra da Bolsa de Nova York, em 1929, paralisou investimentos e fez com que companhias ferroviárias sofressem impacto em suas receitas após cafeicultores não conseguirem exportar o café, à época chamado de “ouro verde” no interior paulista.

O período coincidiu com o governo do ex-presidente Washington Luís (1926-30), que tinha entre seus objetivos criar rodovias no país. Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek também incentivaram de alguma forma em seus governos o transporte rodoviário, o que degradou as ferrovias.

“São Paulo se desenvolveu a partir das ferrovias, foram elas que o tornaram forte economicamente, não faz sentido não ter transporte de passageiros no estado”, disse José Manoel Ferreira Gonçalves, presidente da Ferrofrente (Frente Nacional pela Volta das Ferrovias).

Apesar do desincentivo, na década de 1960 o país ainda chegou a transportar 89 milhões de passageiros por ano em ferrovias de médias e longas distâncias, segundo dados da ANPTrilhos (Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos).

Na década seguinte, o total já tinha sido reduzido para 55 milhões anuais, num movimento que cada vez mais se acelerou, até chegar aos atuais 1,139 milhão dos dois trens sob concessão da Vale —Estrada de Ferro Vitória a Minas e Estrada de Ferro Carajás.

Nos anos 80, a inexistência foi acelerada quando a extinta Fepasa (estatal paulista) fechou estações e suprimiu trilhos.

As privatizações ferroviárias feitas na segunda metade da década de 90 pelo governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) são apontadas como o capítulo derradeiro para a quase extinção do transporte de passageiros.

Os contratos, em sua maioria, não exigiam do concessionário a manutenção de trens de passageiros. Foi isso, por exemplo, que decretou o fim do transporte de passageiros na Noroeste do Brasil, que ligava Bauru, no interior de São Paulo, a Corumbá (MS).

A Novoeste, que levou a concessão, descartou recuperar o meio de transporte e afirmou que ele não era lucrativo. Só trens de carga operam em todo o trecho desde então, hoje sob gestão da Rumo Logística.

Sem investimentos em trilhos, nas locomotivas e no conforto para os passageiros, os trens nos anos 80 e 90 chegavam a trafegar com velocidade inferior a 20 km/h em alguns trechos de São Paulo e viagens feitas em três horas em ônibus levavam até sete nos trens.

As duas rotas interestaduais de passageiros em operação no país, ambas operadas pela Vale, transportam em média 3.120 passageiros por dia.

A mais movimentada, segundo a empresa, é a Estrada de Ferro Vitória a Minas, que liga Cariacica (ES) a Belo Horizonte numa rota de 664 quilômetros e que transportou no ano passado 741 mil passageiros. Já a Estrada de Ferro Carajás (São Luís-Parauapebas) levou 398 mil passageiros em 2023 em seus 861 quilômetros.

Com a característica de serem trens “paradores”, as viagens são longas. O Vitória a Minas parte às 7h de Cariacica e chega por volta das 20h30 à capital mineira, enquanto o Carajás deixa São Luís às 8h e chega a Parauapebas às 23h50.

Antes da pandemia de Covid-19 —que afetou praticamente todos os sistemas de trens urbanos e metrôs no país—, a Vitória-Minas chegou a transportar 1 milhão de passageiros. Nos dois casos, as rotas de passageiros compartilham as vias dos trens de carga.

A perda de passageiros ocorreu também no setor metroferroviário, composto por trens urbanos em regiões metropolitanas e sistemas como metrôs e VLTs (Veículos Leves sobre Trilhos). O total transportado hoje equivale a cerca de 80% do período pré-Covid, segundo Joubert Fortes Flores Filho, presidente do conselho administrativo da ANPTrilhos.

Mas, mesmo no transporte de cargas, o Brasil patina em relação a outros países. De acordo com a ANTF (Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários), apenas 21,5% das cargas brasileiras são transportadas por ferrovias. É mais do que a China (14%), mas abaixo de Estados Unidos (27%), Canadá (34%), Austrália (55%) e Rússia (81%).

Enquanto o país tem 3,62 quilômetros de ferrovias para cada mil quilômetros quadrados de área, nos Estados Unidos há 29,86 quilômetros e, na Índia, 33,04.

INAUGURAÇÃO DO PRIMEIRO TREM QUE LIGA O CENTRO DE S. PAULO AO AEROPORTO DE GUARULHOS

 

História de FÁBIO PESCARINI – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O primeiro dos três trens que ligarão a estação da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) aos terminais de embarque e desembarque do aeroporto de Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo, chegou ao local na última sexta-feira (15).

O “people mover” aeromóvel, como é chamado o trem que irá circular em uma estrutura elevada, foi colocado no trilho com um guindaste.

Ainda não há previsão para a chegada das outras duas composições. A ligação terá uma extensão de 2,7 km.

O sistema que ligará a estação aos terminais foi inicialmente prometido para o primeiro trimestre deste ano. Depois, o prazo passou para até até o segundo semestre. Agora, a Gru Airport, concessionária que administra o aeroporto internacional, afirma que a entrega do projeto está prevista para 2024.

O aeromóvel terá capacidade para transportar 2.000 usuários por hora em cada direção

O trem é composto por dois carros articulados que pesam 16 toneladas e deverá levar até 200 passageiros por viagem. Mas é possível fazer outras configurações. Cada partida é estimada em quatro minutos.

A obra está sendo executada pelo consórcio AeroGRU e contempla a construção de uma estação em cada um dos três terminais de passageiros do aeroporto e uma estação junto à da CPTM.

Segundo o Ministério de Portos e Aeroportos, agora será feito o processo de comissionamento, testes e certificação de segurança.

Atualmente há duas opções para se chegar pelo sistema ferroviário ao aeroporto de Cumbica. Uma delas é a linha 13-jade, com saída da estação Engenheiro Goulart, na zona leste de São Paulo, com primeira partida às 4h, em dias úteis, aos domingos e feriados, e às 4h40, aos sábados, sempre com embarques até meia-noite. Nos dias úteis os intervalos entre os trens variam de 15 a 20 minutos.

A outra alternativa é o Expresso Aeroporto, que também circula na linha 13, a partir da estação Barra Funda, na zona oeste de São Paulo, com embarque de de hora em hora a partir das 5h até a meia-noite. Nos dois casos, a tarifa custa R$ 5.

O problema é que os terminais do aeroporto ficam a cerca de 2,5 km da estação da CPTM, o que obriga os usuários a pegarem um dos ônibus gratuitos cedidos pela GRU Airport para completar o deslocamento.

A instalação de vigas, cuja altura varia de 4 metros a 11 metros, começou em 2022, após autorização do TCU (Tribunal de Contas da União). Cada uma pesa 136 toneladas e tem 30 metros de comprimento.

O custo total foi estimado no ano passado em R$ 301 milhões. No anúncio do início das obras pelo então governador João Doria (hoje sem partido, na época no PSDB), em fevereiro de 2022, o investimento estava orçado em R$ 272 milhões -os valores não foram corrigidos pela inflação. O pagamento será custeado com recursos da outorga da concessionária.

Na época do anúncio do início das obras, Doria disse ser “bizarra” a desconexão entre a linha 13-jade com o aeroporto de Cumbica.

“Não faz sentido transporte público que não leva até o aeroporto. É tão bizarro que é difícil acreditar que isso tenha sido feito no estado de São Paulo”, disse Doria, em entrevista no inicio do ano passado.

A estação de trem nas imediações do aeroporto foi inaugurada pelo então governador e atual vice-presidente Geraldo Alckmin (na época no PSDB e hoje no PSB) dias antes de ele deixar o Palácio dos Bandeirantes para disputar a Presidência da República, em 2018, mas sem chegar a Cumbica.

A estação Aeroporto-Guarulhos chegou a ser prometida para a Copa do Mundo de 2014, no Brasil, e foi entregue a 75 dias da competição, só que a da Rússia, em 2018.

MINISTRA DA SAÚDE VEM SENDO MUITO CRITICADA POR PROBLEMAS NO SEU MINISTÉRIO

 

Pressão pela demissão de Nísia Trindade diz muito mais sobre as suspeitíssimas intenções de seus detratores do que sobre sua competência científica e administrativa para estar onde está

Por Notas & Informações – Jornal Estadão

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, está sob ataque. Alvo de cobiça pelo volume de recursos que administra (um orçamento de cerca de R$ 220 bilhões apenas para este ano), o cargo de Nísia fez crescer os olhos do Centrão – sempre voraz, mas ainda mais em ano eleitoral – e de alas do próprio PT, partido do presidente Lula da Silva, especialmente do diretório do Rio, Estado de origem da ministra.

Em que pesem algumas justas críticas que possam ser feitas à gestão de Nísia à frente da Saúde, a ministra tem sido atacada por motivos que dizem muito mais sobre as intenções suspeitíssimas de seus detratores do que sobre sua competência científica e administrativa para estar onde está.

Que fique claro: é de muito dinheiro e poder de influenciar Lula que se está falando. Nem os incuráveis adictos por emendas do Centrão nem tampouco os petistas fluminenses, entre outros, estão interessados, minimamente que seja, em fazer mais e melhor do que Nísia tem feito no Ministério da Saúde.

Se a pasta, hoje, ainda claudica em algumas de suas frentes de atuação, é de justiça reconhecer que, quando chegou a Brasília, a ministra encontrou terra arrasada. A razia promovida pelo governo de Jair Bolsonaro na área da saúde não encontra paralelo em nenhuma outra da administração pública federal – talvez só na seara ambiental os bolsonaristas tenham feito estrago semelhante.

Em meio a essa faina de reconstrução, Nísia tem encontrado resistências de onde menos deveriam partir. Lula pode dizer quantas vezes quiser que “confia” na ministra e que ela “será mantida” no cargo, pois só ele tem a prerrogativa de nomear e demitir ministros – de resto, uma obviedade. Mas suas atitudes não se coadunam com essa confiança. Mais bem dito: Nísia não parece contar com o apoio irrestrito do presidente da República para levar adiante um esforço de moralização do Ministério da Saúde, como ficou claro pela irritação do chefe ao se dirigir a ela, à beira do desrespeito, durante a reunião ministerial realizada há poucos dias.

Como tem sido noticiado, a ministra estaria sofrendo fortes pressões políticas porque não daria vazão à liberação de emendas parlamentares na velocidade exigida pelos glutões da República. Outras críticas pesadas sobre Nísia vieram de Lula, ninguém menos, após a TV Globo exibir uma reportagem sobre o estado de calamidade em que se encontram os seis hospitais federais no Rio. É curioso que essas pressões tenham aumentado no exato momento em que a ministra, ora vejam, decidiu mexer justo nesse vespeiro.

Até a estátua de Drummond na orla de Copacabana sabe que, ao longo dos anos, a rede de hospitais federais no Rio foi tomada como uma mina de ouro por uma bandidagem multifacetada. Numa espécie de rodízio, quadrilhas ora formadas por políticos locais, ora por milicianos ou traficantes, quando não por consórcios entre dois ou mais desses grupos, têm saqueado o erário por meio de licitações fraudulentas, superfaturamento de insumos médico-hospitalares e realização de procedimentos fantasmas, entre outros malfeitos. Tudo, claro, à custa do bem-estar físico e emocional da população que mais carece de serviços públicos de saúde.

Recentemente, a ministra editou uma portaria que aumentava os poderes do Departamento de Gestão Hospitalar (DGH), responsável pela administração dos hospitais federais – sobretudo o poder de gerir as compras estatais, talvez o maior sorvedouro de dinheiro público dessa rede. O então chefe do DGH, Alexandre Telles, médico da confiança de Nísia, foi exonerado pela ministra no dia 18 passado. Em seu lugar assumiu um quadro do PT fluminense, a ex-deputada Cida Diogo.

São péssimos sinais que Lula dá à sociedade. Nísia, como qualquer outro membro do primeiro escalão do governo, à exceção de Geraldo Alckmin, pode ser demitida a qualquer momento. Porém, pelo que se sabe até agora, essa demissão, caso ocorra, terá sido pela razão errada: a capitulação do governo às chantagens do Centrão, no melhor cenário, ou às pressões do crime organizado, no pior.

LIRA QUER UMA REFORMA ADMINISTRATIVBA MAIS AMPLA DO QUE A DO GOVERNO

‘O que a gente quer é uma previsão de médio e longo prazo de diminuição das despesas’, disse presidente da Câmara

Por Mariana Carneiro e Iander Porcella (Broadcast) – Jornal Estadão

BRASÍLIA – O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse nesta terça-feira, 19, defender uma reforma administrativa mais ampla do que vem pregando o governo Lula.

A ministra da Gestão, Esther Dweck, já disse que a reforma administrativa do atual governo não tem como finalidade reduzir gastos, e que o principal foco é limitar os salários de servidores ao teto do funcionalismo, atualmente em R$ 44 mil. O projeto de lei, que ganhou o apelido dos “super salários”, tramita no Senado.

(O projeto de lei) dos supersalários já foi aprovado na Câmara há dois anos. Não é isso o que a gente quer. O que a gente quer é uma previsão de médio e longo prazo de diminuição do crescimento exponencial das despesas”, afirmou Lira.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL)
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) Foto: Wilton Junior

O presidente da Câmara acrescentou que “não falta coragem” de colocar o tema em votação, caso haja o entendimento pela reforma. Ele defendeu ainda a proposta que começou a tramitar na Câmara, de iniciativa do governo Jair Bolsonaro, a PEC 32 – amplamente criticada pela ministra Esther Dweck.

“A proposta foi branda para quem paga imposto, foi branda para os liberais. E ao mesmo tempo não tira um centímetro de direito de quem é servidor público hoje”, disse Lira.

Lira falou a uma plateia de empresários e de parlamentares ligados a bancadas próximas ao setor produtivo em jantar na Frente Parlamentar do Empreendedorismo.

Varejistas e automóveis

Ele ouviu queixas dos presentes, como o presidente do Grupo Riachuelo, Flávio Rocha, sobre a falta de tributação de mercadorias chinesas de pequeno valor. O varejo brasileiro vem tentando convencer o governo a aplicar a tributação sobre compras de até US$ 50, isentas dentro do programa Remessa Conforme, mas enfrenta resistência política – a primeira-dama, Janja da Silva, já disse ser contra em suas redes sociais.

“Estamos dando de mão beijada 30% de um setor que é gerador de empregos para dar a concorrentes asiáticos que não têm nenhum compromisso em gerar empregos e renda no Brasil”, disse Rocha. “Não é protecionismo, o que reivindicamos é igualdade de condições”.

Lira respondeu aos empresários que deverá incluir a proposta de tributação no projeto de lei que cria o Mover, o programa voltado à indústria automotiva e que concede benefícios tributários a montadoras que investirem no Brasil.

“A tese é a mesma”, disse Lira. “O que é bom para a indústria automotiva e para a industrialização do Brasil tem que ser bom para os outros setores também”.

O presidente da Câmara afirmou que espera receber do governo o anteprojeto de lei do governo ainda nesta semana, após fechar um acordo com o ministro e vice-presidente Geraldo Alckmin de que o tema tramitará como projeto de lei e não como medida provisória, como propôs o governo.

Lira disse antever polêmica com a ideia, mas defendeu que o governo não pode dar tratamento diferenciado a setores industriais.

A solução pode causar ruídos políticos na base do governo Lula, que vem resistindo à taxação das mercadorias chinesas – uma vez que o tema é altamente impopular nas redes sociais.

Em sua fala, Lira também mandou um recado ao ministro do Trabalho, Luiz Marinho, que negocia com o Parlamento um projeto de lei para regular o trabalho aos feriados. Como mostrou o Estadão, o governo pretende incluir no texto a proposta de criar a contribuição negocial para financiar os sindicatos, à mingua desde a extinção do imposto sindical.

Lira disse que a Câmara já se manifestou contra iniciativas que não tenham apoio do setor privado e citou como exemplo a tentativa de revisar o marco do saneamento.

“Essa investida não terá apoio na Casa, nem desse presidente. Houve uma postergação da discussão para se encontrar um acordo, e se não houver acordo vai ter um projeto que regulamente para não impor mais custos (ao setor privado)”, disse Lira.

 

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

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