SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – O senador e ex-vice-presidente da
República Hamilton Mourão (Republicanos-RS) disse que o fim do governo
Bolsonaro foi melancólico e que a derrota nas urnas deveria ter sido
admitida.
Em entrevista ao UOL News nesta segunda-feira (11), ele disse também
que o tenente-coronel Mauro Cid é a parte mais fraca no processo contra o
ex-presidente e defendeu o general Freire Gomes.
“Acho que o governo teve coisas muito boas e, no final, teve esse fim
que considero melancólico. Não fiquei satisfeito com o final do nosso
governo”, disse.
“Tínhamos que ter reconhecido a derrota. Perdemos por pouco, mas
perdemos. Tinha que ter dado uma resposta clara: perdemos agora, mas
vamos melhorar para voltar mais forte em 2026. Acho que isso é do jogo
democrático.”
‘Golpe pra mim não tem minuta’
Mourão diz acreditar que não se dá golpe de Estado com a elaboração
de uma minuta, como apontaram as investigações da Polícia Federal sobre
atos golpistas do governo Bolsonaro.
“Tentativa de golpe é como Hugo Chávez fez em 1992, na Venezuela,
quando mobilizou a tropa dele, atacou o palácio presidencial e atacou a
residência do presidente da República. Isso é tentativa de golpe. O
resto é só discussão”, afirmou.
“Golpe, para mim, não tem minuta […] Se o presidente iria me
apresentar, ou não, julgo que esse assunto, como nunca foi discutido,
não tenho como chegar e dizer que ia olhar e ler. Não tratamos disso.”
Freire Gomes tentou manter Exército unido, diz Mourão
O senador defendeu o ex-comandante do Exército Marco Antônio Freire
Gomes, que, segundo ele, foi bem-sucedido ao manter a união do Exército.
Freire Gomes e o ex-comandante da Aeronáutica, Carlos Baptista
Júnior, relataram à Polícia Federal os detalhes sobre as articulações
golpistas conduzidas por Jair Bolsonaro e confirmaram a participação em
uma reunião convocada pelo ex-presidente para discutir uma minuta de um
decreto golpista.
“Freire Gomes assume o comando do Exército em 2022, já no tumulto da
comissão junto do TSE, e ele procurou manter o Exército unido em um
momento de ‘disse me disse’. Acho que ele foi bem-sucedido nisso.”
O senador também disse que não concordava com as funções de Mauro Cid
no governo e que ele é a parte mais fraca no processo sobre a tentativa
de golpe de Estado para manter Bolsonaro no poder.
“Cid é a parte mais fraca neste processo. É um oficial jovem,
brilhante, que conheço desde criança […] Tinha uma carreira
extraordinária e estava pronto para ir para os Estados Unidos fazer um
curso, quando Bolsonaro o chamou para ser ajudante de ordem”, afirmou.
“Ele teve uma série de funções que lhe foram dadas, que não
concordava por ele ser um oficial da ativa participando de atividades
políticas”, disse. “Não vejo questão de [Mauro Cid] entregar
[Bolsonaro]. Ele é a parte mais fraca […] A carreira dele acabou, para a
qual ele se preparou.”
‘Bolsonaro não me chamava nem pro cafezinho’
Mourão também voltou a falar que ele e Bolsonaro não se conversavam mais após as eleições.
Em edição do UOL Entrevista de fevereiro de 2023, Mourão havia dito
que conversou com Bolsonaro pela última vez em dezembro de 2022, pelo
WhatsApp.
“A partir do momento que o ex-presidente Bolsonaro escolheu Braga
Netto para ser seu candidato a vice, antes de eu pensar a me candidatar
ao senado, ele me colocou de lado. Ele não me chamava nem pro cafezinho.
Fiquei tocando minhas atribuições restritas de vice-presidente e, em
fevereiro, tomei a decisão de me candidatar ao Senado”, disse.
“Naqueles dois meses, pós-resultado eleitoral, sabia que tinha
algumas reuniões ocorrendo lá no Palácio da Alvorada. Ninguém comentou
nada comigo e eu não tinha acesso a nada.”
“Fui lá duas vezes para falar com o presidente: no dia da derrota da
eleição, ele não me recebeu porque não queria receber ninguém, e após
retornarmos da cerimônia de aspirantes da Aman (Academia Militar das
Agulhas Negras) eu fui conversar com ele e pedi que fizesse um discurso à
nação reconhecendo que tinha perdido a eleição, criticando o que ele
quisesse criticar, que passasse a faixa ao presidente Lula e que pedisse
que as pessoas que estavam na frente dos quartéis que retornassem para
suas casas.”
Lula está dando um bom passo para pacificação, diz Mourão
Na visão de Mourão, Lula acerta em não celebrar atos dos 60 anos do
golpe militar. O presidente cancelou atos que marcariam a data.
“O presidente está tomando uma atitude correta e, com o passar do
tempo, precisamos entender que somos fruto de todo esse passado
histórico, com seus acertos e erros”, disse.
“Vai ao encontro de pacificar o país […] Dessa forma, o presidente Lula está dando um bom passo.”
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O projeto que flexibiliza as regras do
licenciamento ambiental pode também se debruçar sobre as regras acerca
de autorizações para mineração.
Atualmente no Senado, a proposta busca alterar as regras para o
processo de licenciamento ambiental em nível federal, mas também
estadual e municipal.
Por exemplo, ele regulamenta para todo o país a LAC (Licença por
Adesão e Compromisso), um termo autodeclaratório de que o empreendimento
está de acordo com as regras exigidas, e estipula prazos máximos para
esses processos.
Críticos afirmam que a LAC vai servir como um “autolicenciamento” e
que o limite de tempo vai inviabilizar a análise de casos mais
complexos. Defensores, por outro lado, dizem que a proposta vai
desburocratizar os procedimentos e dará segurança jurídica para os
empreendimentos.
Atualmente o projeto tramita em duas comissões concomitantemente, a
de Agricultura e a de Meio Ambiente, sob relatoria de Tereza Cristina
(PP-MS) e Confúcio Moura (MDB-RO), respectivamente.
A expectativa é que o tema seja pautado nas comissões nas próximas
semanas, e a intenção é que seja construído um texto em comum, mas até
agora os dois vêm divergindo sobre uma série de pontos.
O último relatório apresentado por Confúcio, por exemplo, agradou
ambientalistas ao reduzir a flexibilização aos processos de
licenciamento. Cristina, no entanto, quer um relatório com menos
alterações possível.
Parlamentares e integrantes do governo de Luiz Inácio Lula da Silva
(PT) também veem a aprovação da proposta como importante para dar
celeridade às obras do Novo PAC.
A tendência é que o texto se aproxime mais do que defende a
ex-ministra da Agricultura do governo de Jair Bolsonaro (PL), que
pretende que a proposta seja bastante semelhante à aprovada na Câmara
dos Deputados em 2021 alvo de críticas de ambientalistas.
Como o texto deve sofrer alterações, mesmo que pequenas, o projeto
precisará passar novamente apreciação dos deputados caso seja aprovado
no Senado.
Nos últimos debates, ganhou força a possibilidade de o texto passar a
tratar também sobre mineração, ou pelo menos aplicar as regras gerais
do licenciamento ao setor.
A inclusão, ou não, da mineração dentro das regras gerais do
licenciamento ambiental é motivo de discussão desde que o projeto foi
aprovado na Câmara.
Inicialmente, o texto não tinha termos relacionados a qualquer
atividade. Ou seja, as regras seriam aplicadas a todos os setores.
Quando a proposta chegou ao plenário, no entanto, foi feito um acordo
para incluir um dispositivo retirando “empreendimentos minerários de
grande porte e/ou de alto risco”. Esses deveriam seguir regras
específicas, em razão de sua complexidade e especificidade.
O acordo, à época, foi que a atividade teria suas regras para
autorização e estudos ambientais tratados em um projeto de lei
específico.
Ainda não está certo como serão feitas as alterações no projeto do
licenciamento ambiental que foi aprovado na Câmara, mas parlamentares já
dão como certo que pelo menos o dispositivo excludente será retirado.
Um grupo defende, sob reserva, que a proposta se debruce mais
detalhadamente sobre o setor.
Procurados, nenhum dos dois relatores se manifestou até a publicação desta reportagem.
O Ibram (Instituto Brasileiro de Mineração) afirma que o dispositivo
colocado pela Câmara fere a isonomia legislativa e cria insegurança
jurídica.
“Essencial o retorno do setor ao texto considerando todo o seu
potencial basilar para a promoção de políticas públicas voltadas à
proteção do meio ambiente incluindo a flora, a fauna, o clima e a
cultura regional, à sustentabilidade social das comunidades próximas aos
territórios minerados e ao desenvolvimento econômico das cadeias
produtivas”, afirma a entidade, em nota.
Mas a possibilidade segue contestada por ambientalistas.
Suely Araújo, ex-presidente do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais e Renováveis) e coordenadora de
políticas públicas do Observatório do Clima, chama o projeto do
licenciamento ambiental de a “mãe de todas as boiadas”, por flexibilizar
as regras que deveriam garantir a proteção ambiental.
“As regras mais flexíveis presentes na proposta da lei geral [do
licenciamento] não são condizentes com os riscos associados aos
empreendimentos minerários”, afirma.
O licenciamento minerário hoje é atribuição federal apenas em casos
específicos, por exemplo, quando é próximo à fronteiras estaduais ou
nacionais, entre outros casos. Na maioria das vezes, são os estados que
devem analisar a viabilidade desses empreendimentos.
Assim, há uma série de normas diferentes pelo Brasil para o funcionamento de minas.
Maurício Guetta, consultor jurídico do ISA (Instituto
Socioambiental), entende que a inclusão da mineração pode causar novas
tragédias como as de Mariana e Brumadinho, ambas em Minas Gerais.
“O projeto é a maior tragédia legislativa em curso contra o meio
ambiente, pois resultará em descontrole generalizado da poluição e
demais impactos ambientais causados por toda ordem de empreendimentos”,
afirma.
“A exclusão da mineração de grande porte ou alto risco feita na
Câmara se deu justamente porque alertamos sobre o radicalismo
antiambiental da proposta. Incluí-la novamente só vai ampliar ainda mais
os riscos contra a saúde, a vida e a segurança da população”, completa.
Já o Ibram afirma que, desde as tragédias mencionadas, o setor passou
por diversas melhorias, inclusive no que diz respeito à construção de
barragens, e que tais atualizações estão contempladas, por exemplo, em
normas da ANM (Agência Nacional de Mineração).
“A mineração passou por profundas transformações em níveis de gestão,
segurança operacional, transparência, boas práticas internacionais”,
diz o instituto, em nota.
O Ministério do Planejamento pretende apresentar uma proposta de
reforma do Orçamento. Segundo apurou o Estadão, um dos objetivos é criar
mecanismos que impeçam o acúmulo dos restos a pagar, ou seja, despesas
que o governo se comprometeu a quitar em um determinado ano, mas que,
por variadas razões, ficaram para depois. Pode parecer inacreditável,
mas os restos a pagar somam hoje um montante de R$ 284,8 bilhões.
Ao contrário do que se imagina, embora estejam vinculados ao
Orçamento de um período que já se encerrou, esses dispêndios não são
automaticamente cancelados na passagem de um ano para o outro. Ficam
“pendurados” em um orçamento paralelo, competindo com o espaço das
despesas da peça orçamentária em vigor.
Neste ano, 80,4% desse saldo é composto por despesas de 2023 – muito
em razão da recomposição dos gastos autorizada pela emenda
constitucional da transição. Mas há, entre os restos a pagar, gastos que
foram originalmente propostos há mais de dez anos, o equivalente a 1%
do total.
Não parece nada razoável que um gasto com o qual o governo se
comprometeu há tanto tempo seja adiado indefinidamente e fique em
suspenso. Afinal, se a despesa era realmente relevante, já deveria ter
sido executada; se perdeu a importância ao longo da passagem do tempo,
já deveria ter sido cancelada.
Parte disso se deve ao fato de que muitos dos restos a pagar
simplesmente não podem ser cancelados. As emendas parlamentares
individuais e as emendas de bancada, por seu caráter impositivo,
tampouco podem ser cortadas pelo Executivo e somam, respectivamente, R$
7,3 bilhões e R$ 8,2 bilhões dos restos a pagar.
Mas mesmo as antigas emendas de relator, que não apenas nunca foram
obrigatórias, como também já foram extintas, aumentam o bolo dos restos a
pagar. Base do chamado orçamento secreto, esquema revelado pelo
Estadão, elas foram declaradas inconstitucionais por decisão do Supremo
Tribunal Federal (STF), mas, ainda hoje, correspondem a R$ 9,3 bilhões
do total de restos a pagar.
Tentativas de correção pontuais desse enorme problema têm sido
inócuas. Para colocar alguma ordem nessa bagunça, o governo bloqueou, no
início do ano passado, todas as despesas com valor superior a R$ 1
milhão, que somavam, à época, R$ 33,6 bilhões. Desse pente-fino, a
montanha pariu um rato, e apenas R$ 679 milhões – ou 2% do total – foram
efetivamente cancelados.
Ora, não há como fazer uma gestão fiscal minimamente responsável sem
respeitar o princípio da anualidade orçamentária. Não há como fazer uma
gestão fiscal digna do nome quando há tantas despesas antigas competindo
pelo mesmo espaço orçamentário, cada vez mais exíguo em razão do avanço
das despesas obrigatórias.
Nesse sentido, uma reforma na lei de finanças públicas, como propõe o
Ministério do Planejamento, seria muito bem-vinda. Prestes a completar
60 anos, a legislação se tornou, ao longo desse tempo, um emaranhado de
regras que somente técnicos experientes são capazes de entender.
Já aprovada no Senado, a proposta de reforma estabelece prazos mais
curtos para cancelar automaticamente os restos a pagar por tipo de
despesa, mas acumula poeira nos escaninhos da Câmara desde 2016. A falta
de consenso e de vontade política para referendá-la não surpreende.
Parlamentares não querem abrir mão do poder que acumularam nos últimos
anos, e o Executivo não tem sido capaz de mobilizá-los.
Qualquer mudança proposta pelo governo no Orçamento precisa do aval
do Congresso, e as emendas se tornaram a maneira mais simples de o
Executivo arbitrar qualquer disputa. Há que reconhecer, no entanto, que o
problema antecede ao governo Lula.
Os restos a pagar exacerbam a recusa do Executivo e do Legislativo em
entrar em acordo e fazer escolhas baseadas no melhor interesse público.
Esse é apenas um dos aspectos, entre tantos, a explicar como o
Orçamento se tornou uma peça de ficção que não traduz as escolhas da
sociedade. Daí se entende por que o País não consegue vencer desafios
históricos como a baixa qualidade da educação e as persistentes
desigualdades sociais.
Ives Gandra da Silva Martins é
Professor Emérito das Universidades Mackenzie, UNIP, UNIFIEO,UNIFMU, do
CIEE/O ESTADO DE SÃO PAULO, das Escolas de Comando e Estado-Maior do
Exército – ECEME, Superior de Guerra – ESG e da Magistratura do Tribunal
Regional Federal – 1ª Região;
Ao ministrar palestra para a primeira turma do curso de Direito da
Faculdade Bela Vista, um dos temas que abordei foi a diferença entre o
jurista e o advogado, que gostaria de compartilhar também com os
leitores.
Muitas vezes os senhores ouvem a mídia referir-se aos juristas e aos
advogados como sinônimos, mas vale ressaltar, desde logo, que são
funções diferentes.
O jurista nasce com o Direito Romano. Eram os jurisconsultos que
tinham autoridade e conhecimento para interpretar a lei. Por conta
disso, escreviam livros e códigos, auxiliando os imperadores. O jurista
é, portanto, um profundo conhecedor do Direito e, quando emite uma
opinião, o faz na condição de intérprete imparcial do direito.
O jurista é aquele que interpreta o Direito e, quando se convence de
uma tese, vai apresentar todo o seu conhecimento para explicar qual é a
correta interpretação. Logo, o jurista é alguém que tem a função de
dizer o direito com imparcialidade, mesmo que o parecer seja para alguém
que está necessitando de uma determinada interpretação.
Sendo assim, nós, pareceristas, negamos, repetidas vezes, a
possibilidade de redigir um parecer por não estarmos convencidos das
teses apresentadas. Fizemos uma análise, outro dia no escritório, e
verificamos que dos mil e poucos pareceres que eu dei na vida, devo ter
negado, pelo menos mil, por não estar convencido da tese exposta.
Já o advogado tem a obrigação fundamental de defender o seu cliente
e, para isso, tem que ser honesto e ético. Aliás, esse é um conselho que
dou: nos primeiros tempos do exercício da advocacia, pode haver até
alguma perda em relação àqueles profissionais menos éticos, mas com o
tempo, eles serão conhecidos por não serem éticos, enquanto que os que o
são também serão reconhecidos e, pelo seu próprio conhecimento, serão
gradativamente mais valorizados.
Eu sempre disse para os meus alunos – atuei no magistério desde 1964 e
fui professor universitário durante 60 anos -,como aqueles que crescem
na vida podem não ter crescido tão rapidamente quanto os desonestos no
início, mas, com o tempo, os desonestos são ultrapassados com uma
velocidade extraordinária. Ocorre que aqueles que atuam por convicção
são sempre mais confiáveis, pois só aceitam as questões de que estão
convencidos que podem defender. Mesmo diante de questões mais
complicadas, o advogado, tem a obrigação de dedicar-se ao máximo para
vencer, não desonestamente, mas utilizando -se de todas as virtualidades
da lei para que isso possa ocorrer.
Essa é a grande diferença: o advogado não tem responsabilidade de
elaborar doutrina, o jurista sim. O advogado tem obrigação de buscar na
lei a vitória do seu cliente, ou minimizar, no caso do direito penal, a
pena dele.
É por essa razão que o advogado está no tripé que forma o Poder
Judiciário: Ministério Público, Magistratura e a Advocacia, que, a meu
ver, é a minha vocação.
Ives Gandra da Silva Martins é Professor Emérito das Universidades
Mackenzie, UNIP, UNIFIEO,UNIFMU, do CIEE/O ESTADO DE SÃO PAULO, das
Escolas de Comando e Estado-Maior do Exército – ECEME, Superior de
Guerra – ESG e da Magistratura do Tribunal Regional Federal – 1ª Região;
Professor Honorário das Universidades Austral (Argentina), San Martin
de Porres (Peru) e Vasili Goldis (Romênia); Doutor Honoris Causa das
Universidades de Craiova (Romênia) e das PUCs-Paraná e RS, e Catedrático
da Universidade do Minho (Portugal); Presidente do Conselho Superior de
Direito da FECOMERCIO – SP; ex-Presidente da Academia Paulista de
Letras-APL e do Instituto dos Advogados de São Paulo-IASP.
Quer deixar imagens mais leves, ocupar menos espaço em disco e
aumentar a velocidade do site? Veja como comprimir imagens de forma
otimizada!
Parece complicado, mas acredite: comprimir imagens é um trabalho
muito fácil. E se feito do jeito certo, suas imagens não irão ficar com a
qualidade ruim!
Se você trabalha com conteúdo na internet, já deve saber que deixar
imagens mais leves em seu site só traz benefícios: contribui para um
carregamento de página mais rápido, economia de espaço em disco, SEO e
deixa seu usuário mais feliz.
Afinal, quanto mais compactas forem as imagens do seu site, menos o
visitante precisa se preocupar com o consumo de dados de seu plano de
internet.
Pensando nisso, fiz esse post com três passos fundamentais para uma boa compressão de imagens. Vamos lá?!
Índice
1. Defina um tamanho e resolução para a imagem
2. Utilize o formato de imagem mais otimizado
JPG: extensão de fotos
PNG: extensão de ilustrações e elementos de layout
SVG: extensão de elementos de layout
WebP e AVIF: extensões campeãs
3. Salve imagens leves sem perda de qualidade
Como comprimir, compactar ou reduzir o tamanho das imagens?
Ferramentas online para deixar imagens mais leves
Plugins para WordPress para reduzir o peso das imagens
Programas para compactação de imagens
Hospedagem com compressão de imagens
Tire suas dúvidas
Receba posts em seu e-mail
1. Defina um tamanho e resolução para a imagem
A primeira coisa que você deve fazer é definir as medidas e uma resolução para cada imagem que for utilizar.
Não deixe para fazer isso depois de fazer o upload da imagem no
WordPress, porque o resultado não será o mesmo – e muito menos a
qualidade.
Meu site, por exemplo, tem uma área de conteúdo de no máximo 730px de
largura. Mas também consigo utilizar imagens de até 1110px de largura,
como essa acima.
Ou seja, não faz sentido eu publicar imagens com largura maior do que
essas definidas. Seria um desperdício de recursos, já que a imagem
ficaria desnecessariamente bem mais pesada.
Tenha em mente!
Você sabia que escolher a hospedagem errada pode reduzir sua nota no
Google, causar lentidão e até mesmo deixar seu site vulnerável para
invasões e vírus?
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Então, quando for publicar uma imagem na internet, salve-a com a
medida correta (que são justamente a largura e a altura que o usuário
verá em seu site).
Aqui você pode ver quais são as medidas de diversos tipos de imagens para a internet.
Já sobre a resolução, há muito se indica 72 PPI (ou DPI) ao salvar
imagens para a web. Mas a verdade é que isso não faz diferença porque
diz respeito à resolução para impressão, e não para telas.
O mesmo vale para retina display: Aqui, a diferença é que você deve
salvar a mesma imagem com largura e altura de pixels duas vezes maior,
por exemplo.
2. Utilize o formato de imagem mais otimizado
Comparação: de um lado, a imagem salva como JPG (351kb); do outro, como AVIF (76,7kb).
Não adianta nada tentar otimizar uma imagem se ela está com o formato (ou seja, extensão) errado.
Isso pode alterar, e muito, o peso, a qualidade e as cores do arquivo.
Então, utilize essas recomendações da WOWF para extensão de imagens:
JPG: extensão de fotos
Além de fotografias, o formato JPG também pode ser utilizado para alguns tipos de ilustrações – mas é mais adequado para fotos.
Isso porque ao comprimir uma imagem em JPG que tenha texto, por
exemplo, pode fazer com que esse texto fique borrado. Repare a imagem
acima, salva como JPG: a fotografia está perfeita, mas o texto e os
ícones, não.
Ao trabalhar com a extensão JPG é possível ter controle total de
compressão e qualidade da imagem. É o formato que permite mais opções de
otimização – o que deve ser feito com cautela para que a qualidade da
foto seja mantida.
Há, por exemplo, como definir a qualidade de uma imagem entre 0 a
100. A recomendação fica entre 84 e 95, já que abaixo de 84 a qualidade
começa a cair e acima de 95 praticamente não há redução do tamanho do
arquivo.
PNG: extensão de ilustrações e elementos de layout
O pior erro que você pode cometer é salvar uma fotografia com essa extensão.
Uma foto em PNG poderá ficar muito – mas MUITO – mais pesada do que
se fosse salva como JPG. E a qualidade nos detalhes da imagem seria bem
menor.
O formato de imagem PNG é excelente para imagens como logo, ícones, desenhos, infográficos, imagens com texto etc.
Outra vantagem do PNG é a possibilidade de salvar imagens com fundo
transparente. E ao comprimir imagens com essa extensão, praticamente não
há chance de perda de qualidade.
SVG: extensão de elementos de layout
O formato SVG é indicado para casos parecidos com as recomendações para PNG.
A diferença essencial entre os dois é que SVG é um formato de imagem
vetorial. Ou seja: enquanto uma imagem em PNG tem uma medida fixa, o SVG
pode ser “esticado” infinitamente e manterá a mesma qualidade com os
mesmos detalhes.
Então, na grande maioria das vezes, utilizar SVG para imagens como
logo, ícones e outros elementos de layout é bem mais vantajoso.
No entanto, o formato pode ficar muito mais pesado se usado para
imagens de conteúdo como ilustrações e infográficos. Além disso, o
WordPress costuma bloquear o upload de imagens com extensão SVG.
WebP e AVIF: extensões campeãs
WebP e AVIF normalmente são, de longe, os formatos mais leves de imagem. Mas são mais complexos de lidar.
A extensão WebP já é velha, mas ganhou suporte de todos os navegadores recentemente. Já o AVIF ainda não é tão suportado.
Então, seria preciso trabalhar com um código fonte condicional como
esse exemplo, que faz com que o navegador exiba a melhor opção de
formato de imagem de acordo com seu suporte:
<img src=”endereco-da-imagem.jpg” alt=”Descrição da imagem”>
</picture>
Considerando que isso não é nada prático para quem posta conteúdos
frequentemente, é preciso fazer um malabarismo entre servidor e CDN para
identificar o navegador do visitante e entregar o formato adequado para
que ele possa ver a imagem, como explicou Janio Sarmento nesse texto.
Assim o processo fica automatizado e você só deve se preocupar em
salvar suas imagens em JPG, PNG ou SVG (além das dicas 1 e 3 deste post,
é claro).
3. Salve imagens leves sem perda de qualidade
Agora que você já tem a imagem com tamanho e extensão definidos, falta só um passo: salvar de maneira otimizada.
Sim, ter uma medida específica e utilizar o formato correto já irão
deixar sua imagem mais leve. Mas esse último passo trará o melhor
resultado possível.
Como comprimir, compactar ou reduzir o tamanho das imagens?
O ideal é utilizar ferramentas para isso, seja de maneira manual ou automática.
Separei quatro dicas para você otimizar suas imagens da melhor maneira possível. Dá uma olhada:
Ferramentas online para deixar imagens mais leves
printscreen do site TinyPNG
Se você tem poucas imagens pra comprimir ao mesmo tempo, utilize os compressores abaixo!
TinyPNG: Meu favorito. Otimiza não só PNG, mas JPG também. E a
compressão é excelente: já tive 90% de otimização em alguns casos, e as
imagens continuaram com a mesma qualidade.
Squoosh: Opção mais avançada, pois permite selecionar as opções
de otimização e ver as alterações em tempo real antes de baixar a
imagem. Além disso, também permite converter suas imagens para WebP e
AVIF.
Bulk Resize Photos: Permite alterar não só a largura e/ou altura
da imagem, mas também ajustar a qualidade. Além disso, é possível até
mesmo definir o peso ideal que você deseja para o arquivo.
Online Image Optimizer: Essa é uma opção mais simples, mas tem a
vantagem de também otimizar imagens com o formato GIF. Há um limite de
2,86MB por imagem, no entanto.
Plugins para WordPress para reduzir o peso das imagens
logo do plugin para WordPress EWWW Image Optimizer
Se você utiliza o WordPress, há dois plugins que ajudam bastante com essa tarefa de comprimir e redimensionar imagens:
EWWW Image Optimizer: É só instalar, configurar e pronto! Todas
as imagens que você subir em seu site serão otimizadas automaticamente, e
você também poderá otimizar as antigas.
Imsanity: Dos mesmos criadores do plugin acima, o foco deste
plugin é o redimensionamento de imagens. Ideal para quem fez (ou faz) o
upload de imagens grandes e precisa mantê-las com medidas adequadas.
Regenerate Thumbnails: Já esse plugin ajuda a redimensionar as
miniaturas (ou thumbnails) do seu site e apagar o que não estiver em
uso. Essencial para quem acabou de trocar de tema.
Há vários outros plugins com funções semelhantes, mas não indico nenhum além desses.
Programas para compactação de imagens
prinscreen do programa ImageOptim
Se você trabalha com um grande volume de imagens, o ideal é ter um programa em seu computador para fazer o trabalho.
ImageOptim (Mac): Esse é o app que uso. Bem leve e simples de utilizar, reduz o peso das imagens sem nenhum problema!
Trimage (Linux): Inspirado no software acima, então não preciso dizer muito: é uma boa opção para comprimir imagens!
RIOT (Windows): O mais completo de todos, o programa também permite redimensionar imagens e arquivos PSD.
Todos os programas são gratuitos e bem fáceis de usar.
ESCALANDO NEGÓCIOS DA VALEON
1 – Qual é o seu mercado? Qual é o tamanho dele?
O nosso mercado será atingir os 766 mil habitantes do Vale do
Aço e poder divulgar os produtos / serviços para vocês clientes,
lojistas, prestadores de serviços e profissionais autônomos e obter dos
consumidores e usuários a sua audiência.
A ValeOn atenderá a todos os nichos de mercado da região e
especialmente aos pequenos e microempresários da região que não
conseguem entrar no comércio eletrônico para usufruir dos benefícios que
ele proporciona. Pretendemos cadastrar todas as empresas locais com
CNPJ ou não e coloca-las na internet.
2 – Qual problema a sua empresa está tentando resolver? O mercado já expressou a necessidade dessa solução?
A nossa Plataforma de Compras e Vendas que ora
disponibilizamos para utilização das Empresas, Prestadores de Serviços e
Profissionais Autônomos e para a audiência é um produto inovador sem
concorrentes na região e foi projetada para atender às necessidades
locais e oferecemos condições de adesão muito mais em conta que qualquer
outro meio de comunicação.
Viemos para suprir as demandas da região no que tange a
divulgação de produtos/serviços cuja finalidade é a prestação de
serviços diferenciados para a conquista cada vez maior de mais clientes e
públicos.
O nosso diferencial está focado nas empresas da região ao
resolvermos a dor da falta de comunicação entre as empresas e seus
clientes. Essa dor é resolvida através de uma tecnologia eficiente que
permite que cada empresa / serviços tenha o seu próprio site e possa
expor os seus produtos e promoções para os seus clientes / usuários ao
utilizar a plataforma da ValeOn.
3 – Quais métodos você usará para o crescimento? O seu mercado está propício para esse tipo de crescimento?
Estratégias para o crescimento da nossa empresa
Investimento na satisfação do cliente. Fidelizar é mais barato do que atrair novos clientes.
Equilíbrio financeiro e rentabilidade.
Capital de giro, controle de fluxo de caixa e análises de rentabilidade
são termos que devem fazer parte da rotina de uma empresa que tenha o
objetivo de crescer.
Desenvolvimento de um planejamento
estratégico. Planejar-se estrategicamente é como definir com
antecedência um roteiro de viagem ao destino final.
Investimento em marketing. Sem marketing,
nem gigantes como a Coca-Cola sobreviveriam em um mercado feroz e
competitivo ao extremo.
Recrutamento e gestão de pessoas. Pessoas são sempre o maior patrimônio de uma empresa.
O mercado é um ambiente altamente volátil e competitivo. Para
conquistar o sucesso, os gestores precisam estar conectados às demandas
de consumo e preparados para respondê-las com eficiência.
Para isso, é essencial que os líderes procurem conhecer (e
entender) as preferências do cliente e as tendências em vigor. Em um
cenário em que tudo muda o tempo todo, ignorar as movimentações externas
é um equívoco geralmente fatal.
Planeje-se, portanto, para reservar um tempo dedicado ao
estudo do consumidor e (por que não?) da concorrência. Ao observar as
melhores práticas e conhecer quais têm sido os retornos, assim podemos
identificar oportunidades para melhorar nossa operação e, assim,
desenvolver a bossa empresa.
4 – Quem são seus principais concorrentes e há quanto tempo
eles estão no mercado? Quão grandes eles são comparados à sua empresa?
Descreva suas marcas.
Nossos concorrentes indiretos costumam ser sites da área,
sites de diretório e sites de mídia social. Nós não estamos apenas
competindo com outras marcas – estamos competindo com todos os sites que
desejam nos desconectar do nosso potencial comprador.
Nosso concorrente maior ainda é a comunicação offline que é
formada por meios de comunicação de massa como rádios, propagandas de
TV, revistas, outdoors, panfletos e outras mídias impressas e estão no
mercado há muito tempo, bem antes da nossa Startup Valeon.
5 – Sua empresa está bem estabelecida? Quais práticas e procedimentos são considerados parte da identidade do setor?
A nossa empresa Startup Valeon é bem estabelecida e
concentramos em objetivos financeiros e comerciais de curto prazo,
desconsideramos a concorrência recém chegada no mercado até que deixem
de ser calouros, e ignoramos as pequenas tendências de mercado até que
representem mudanças catastróficas.
“Empresas bem estabelecidas igual à Startp Valeon devemos começar a pensar como disruptores”, diz Paul Earle,
professor leitor adjunto de inovação e empreendedorismo na Kellogg
School. “Não é uma escolha. Toda a nossa existência está em risco”.
6 – Se você quiser superar seus concorrentes, será necessário escalar o seu negócio?
A escalabilidade é um conceito administrativo usado para
identificar as oportunidades de que um negócio aumente o faturamento,
sem que precise alavancar seus custos operacionais em igual medida. Ou
seja: a arte de fazer mais, com menos!
Então, podemos resumir que um empreendimento escalável é
aquele que consegue aumentar sua produtividade, alcance e receita sem
aumentar os gastos. Na maioria dos casos, a escalabilidade é atingida
por conta de boas redes de relacionamento e decisões gerenciais bem
acertadas.
Além disso, vale lembrar que um negócio escalável também
passa por uma fase de otimização, que é o conceito focado em enxugar o
funcionamento de uma empresa, examinando gastos, cortando desperdícios e
eliminando a ociosidade.
Sendo assim, a otimização acaba sendo uma etapa inevitável
até a conquista da escalabilidade. Afinal de contas, é disso que se
trata esse conceito: atingir o máximo de eficiência, aumentando clientes, vendas, projetos e afins, sem expandir os gastos da operação de maneira expressiva.
Pretendemos escalar o nosso negócio que é o site marketplace da Startup Valeon da seguinte forma:
objetivo final em alguma métrica clara, como crescimento percentual em vendas, projetos, clientes e afins;
etapas e práticas que serão tomadas ao longo do ano para alcançar a meta;
decisões acertadas na contratação de novos colaboradores;
gerenciamento de recursos focado em otimização.
Nossos contatos: Fones: (31) 3827-2297 e (31) 98428-0590 (App)
Poucos brasileiros assistiram e a mídia nacional praticamente
ignorou, mas no dia 01/março/2024 ocorreu um evento histórico na América
Latina!
Em específico, ocorreu na cidade de Buenos Aires, no Congreso de Lá
Nacion Argentina, em que o Presidente Javier Milei proferiu um discurso
histórico, um discurso épico, certamente o discurso mais pró-liberdade
da história da América Latina e quiçá do mundo.
De fato, não me recordo nem mesmo de figuras como Margaret Thatcher
ou Ronald Reagan proferirem um discurso tão convivente como fez Javier
Milei no dia 01/marco/2024.
Em resumo, o Presidente Milei disse que não irá titubear e continuará
o seu programa de redução do Estado e promoção de mais liberdade aos
argentinos. Avisou que irá enviar um novo projeto de Lei para o
Congresso, chamado “anti-casta”, em que irá EXTINGUIR O FINANCIAMENTO
PÚBLICO PARA PARTIDOS POLÍTICOS, reduzir o número de assessores de todos
os Congressistas, obrigará os sindicatos a eleger seus mandatários de 4
em 4 anos (permitido só uma reeleição), permitirá que os acordos
fechados entre a empresa e os trabalhadores prevaleçam sobre os acordos
estipulados pelos sindicatos, proibirá que uma pessoa condenada por
corrupção em 2a instância se candidate a cargo político, obrigará o
desconto na folha de pagamento daquele funcionário que aderir a greve,
tornará crime de responsabilidade do Presidente da República e do
Ministro da Fazenda financiar o Tesouro com emissão de dinheiro pelo
Banco Central, dentre diversas outras medidas históricas.
A oposição ficou totalmente sem reação: está perdida, não sabe como
irá agir a partir de agora. Basta ver a cara do Governador Kichnerista
de Buenos Aires, Axel Kicillof, que parece mais perdido que cego em
tiroteio.
Por fim, Milei convocou todos os Governadores e líderes partidários
para estabelecer um novo pacto em prol da Argentina, o “Pacto de Mayo”,
que ocorrerá em Córdoba no dia 25/maio/2024. Esse pacto terá os
seguintes princípios como diretrizes:
1. A inviolabilidade da propriedade privada;
2. O equilíbrio fiscal inegociável;
3. A redução dos gastos públicos para níveis históricos, em torno de 25% do Produto Interno Bruto (PIB);
4. Uma reforma tributária que reduza a pressão tributária, simplifique a vida dos argentinos e promova o comércio;
5. A rediscussão da partilha de impostos federais para acabar para sempre com o atual modelo extorsivo;
6. Um compromisso das províncias para promover a exploração dos recursos naturais do país;
7. Uma reforma trabalhista moderna que promova o trabalho formal;
8. Uma reforma previdenciária que dê sustentabilidade ao sistema,
respeite quem contribuiu e permita a quem preferir aderir a um sistema
de previdência privada;
9. Uma reforma política estrutural que modifique o sistema atual e
realinhe os interesses dos representantes e dos representados.
10. A abertura ao comércio internacional, para que a Argentina volte a ser protagonista no mercado global.
Envio para vocês o discurso traduzido para português na íntegra!
A Liberdade volta a respirar na América Latina e dessa vez não se trata de um ignorante perdido na cadeira presidencial.
História de IDIANA TOMAZELLI – Folha de S. Paulo BRASÍLIA, DF
(FOLHAPRESS) – O governo de Jair Bolsonaro (PL) deixou um esqueleto de
R$ 6,3 bilhões do seguro-desemprego para a gestão de Luiz Inácio Lula da
Silva (PT) pagar no início de 2023.
A atual equipe do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego) admitiu em
nota que houve insuficiência orçamentária no fim de 2022 –em outras
palavras, não havia como pagar todas as parcelas do benefício previstas
para aquele ano
As despesas foram quitadas com o orçamento já do governo Lula e, na
visão de técnicos, parecem ter gerado uma bola de neve. No fim de 2023,
nova insuficiência orçamentária obrigou a pasta a empurrar gastos com o
seguro-desemprego para o começo de 2024, num montante calculado até
agora em R$ 5,66 bilhões.
Os números foram extraídos pela reportagem do painel Siga Brasil.
Após serem procurados pela reportagem, o Tesouro Nacional, a Secretaria
de Orçamento Federal e o MTE fizeram uma reunião técnica em 29 de
fevereiro para discutir o problema.
Depois do encontro, o Ministério do Planejamento e Orçamento disse em
nota que os órgãos estão em tratativas para a “correção dos
procedimentos de execução dessas despesas”, mas não detalhou o
diagnóstico nem quais soluções serão adotadas.
O MTE informou que os segurados receberam os pagamentos em dia e não
foram afetados, mas não explicou as razões da insuficiência
orçamentária. A pasta disse que “envida esforços” para executar todas as
obrigações e solicitará novos créditos, caso seja necessário.
O Tesouro foi procurado em 27 de fevereiro, mas preferiu não responder.
A correção da execução dessas despesas pode gerar pressão no
Orçamento, pois seria necessário reduzir outros gastos. Por isso,
pessoas envolvidas nas discussões afirmam que a solução não virá “da
noite para o dia” e demandará gradualismo.
A natureza do problema está na cronologia da execução orçamentária.
A Lei de Finanças Públicas diz que o empenho da despesa (primeira
fase do gasto) deve ocorrer no momento da criação de uma obrigação de
pagamento. Já a liquidação (segunda fase) consiste na verificação do
direito adquirido de quem vai receber o dinheiro.
Ao homologar um pedido de seguro-desemprego, o governo se compromete a
pagar de três a cinco parcelas ao trabalhador. Para a CGU
(Controladoria-Geral da União), esse reconhecimento já equivale à
liquidação da despesa, e o ministério deveria empenhar e liquidar o
valor de todas as prestações –ainda que o direito de saque seja exercido
só nos meses seguintes.
O MTE tem fugido desse roteiro e empenhado as despesas apenas no mês
de pagamento. Na prática, isso permite ao ministério contratar um gasto
sem registrá-lo no Orçamento, enquanto o espaço disponível é usado para
outras ações. Em mudança de governo, a conta fica para o sucessor.
O problema foi abordado pela CGU em auditoria nas contas do FAT
(Fundo de Amparo ao Trabalhador) de 2021 que indicou R$ 2,01 bilhões em
benefícios homologados sem o empenho e inscritos em restos a pagar para o
ano seguinte.
A cifra era maior que a dotação disponível (R$ 343,4 milhões). Ou
seja, R$ 1,67 bilhão em despesas contraídas nem sequer possuíam
autorização legislativa, “em confronto às regras orçamentárias”, diz o
relatório.
A CGU atribuiu a irregularidade à decisão do governo Bolsonaro de
reduzir as dotações do seguro-desemprego na reta final de 2021 –ano
marcado por apelos do centrão por liberação de emendas e pela pressão do
então presidente para turbinar gastos sociais de olho nas eleições de
2022.
Segundo os auditores, entre 30 de novembro e 31 de dezembro de 2021, a
verba para o benefício sofreu um corte de R$ 3,76 bilhões.
“A gestão do FAT, ao não adotar providências para garantir a
disponibilidade orçamentária para fazer frente a parte das despesas do
seguro-desemprego homologadas em 2021, incorreu em ato de gestão em
desconformidade com regras legais e constitucionais”, diz o relatório.
Segundo a CGU, os fatos narrados ainda aguardam julgamento no TCU
(Tribunal de Contas da União).
O ex-ministro Onyx Lorenzoni, que chefiou o Ministério do Trabalho de
julho de 2021 a março de 2022, disse em nota que a execução
orçamentária sempre acompanhou o fluxo de pagamento. Ele atribuiu à PGFN
(Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional) o entendimento de que recursos
previstos no Orçamento são “aqueles destinados ao pagamento das
despesas do exercício de pagamento”.
Para o ex-ministro, o modelo da CGU tornaria a tarefa “bastante complexa”.
Seu sucessor no cargo, o ex-ministro José Carlos Oliveira, foi procurado, mas não respondeu.
Os relatórios oficiais mostram que as despesas pendentes de 2021
foram executadas com o Orçamento de 2022, mas a própria contabilidade do
FAT apontou outra distorção. Elas deveriam ter sido classificadas como
“Despesas de Exercícios Anteriores” –o que passou a ser feito a partir
de 2023 e permitiu o rastreio dos valores no painel do Siga Brasil.
As DEAs, no jargão orçamentário, são um procedimento de exceção que
os gestores podem adotar para empenhar obrigações de anos anteriores que
não foram processadas a tempo ou para as quais não havia dotação
suficiente.
Seu uso não configura, por si só, uma irregularidade. O incomum é
quando as DEAs tomam uma proporção significativa como agora. Elas
somaram R$ 36,4 bilhões em 2022 e alcançaram R$ 37,9 bilhões no ano
passado, em valores já atualizados. São cifras maiores até do que o
registrado em 2015, ano de regularização das chamadas “pedaladas
fiscais”.
Além de parte do seguro-desemprego, o MTE também está classificando
como DEA o gasto integral do abono salarial. O problema tem origem
semelhante.
Até 2021, o calendário de pagamento do abono ia de julho a junho do
ano seguinte, e o ministério reconhecia a despesa apenas no pagamento,
rachando o empenho em dois exercícios.
Em duas auditorias, de 2020 e 2021, a CGU disse que o procedimento
era inadequado e recomendou o empenho total dos valores no momento em
que o direito ao abono é reconhecido.
Como não havia reserva suficiente no Orçamento de 2021 para acatar a
medida, o governo decidiu adiar todo o calendário para 2022, o que não
só evitou o estouro do teto de gastos como também liberou R$ 7,5 bilhões
para turbinar emendas. Técnicos à época viram a mudança como uma
espécie de pedalada.
Desde então, o abono salarial é classificado como DEA e pago com dois
anos de defasagem (em 2024, recebe o benefício quem trabalhou com
carteira assinada em 2022).
A CGU disse em nota que, desde 2021, não foram realizadas outras
auditorias sobre o tema. “Dessa forma, a emissão de juízo sobre a
adequação dos procedimentos adotados pelo MTE e sobre os fatos ocorridos
a partir do período do exercício de 2022 requer nova auditoria.”
O órgão afirmou ainda que “não há recomendação que trate
especificamente de registro de pagamento de seguro-desemprego como
despesas de exercícios anteriores”.
RIAD, ARÁBIA SAUDITA, E DUBAI, EMIRÁDOS ÁRABES (FOLHAPRESS) –
“Acredite, é bem mais difícil fazer um bom gim-tônica sem álcool”,
afirma Mohammed, bartender do badalado restaurante francês LPM, no
centro de Riad. Marroquino, ele costumava trabalhar em hotéis de Dubai
com a bebida de fato, mas no ano passado resolveu arriscar a sorte no
reino do xará Mohammed bin Salman.
MbS, como o príncipe herdeiro e real chefe do país desde 2017 é
conhecido, vive dilema semelhante ao lançar a Arábia Saudita em mergulho
modernizante tentando evitar uma ruptura com o conservadorismo
muçulmano e sob desconfiança internacional.
“Estamos nos abrindo, mas não vamos vender nossa alma. Queremos que
vocês apreciem a nossa cultura”, afirmou na semana passada Abdelrahman
al-Anbar, do programa Qualidade de Vida do governo saudita, a uma
plateia de empresários brasileiros levados para prospectar negócios no
reino pelo Grupo Lide.
Como tudo sob MbS, a marca fantasia Visão 2030 cobre as 12
iniciativas de Al-Anbar. Projeto de US$ 3,2 trilhões (R$ 15,8 trilhões),
ou 1,5 vez o PIB brasileiro, ele abarca de tudo, de infraestrutura
básica à realização da Expo 2030 e da Copa-2034, passando pela troca da
matriz petrolífera pela energia limpa.
Este é um dos dois pilares principais da crítica a MbS. Os planos
sauditas de transição verde querem reduzir à metade sua pegada de
carbono até 2030, mas às expensas de mais exportação de petróleo e
consequente aumento das emissões de outros países, manipulando no
processo o mercado para manter preços favoráveis do barril.
A contradição vem acompanhada pela realidade: a Arábia Saudita é uma
monarquia absolutista com restrições a direitos civis, particularmente
de mulheres. É acusada de violações aos direitos humanos, simbolizadas
pelo assassinato do jornalista Jamal Khashoggi em 2018, e por seu
envolvimento na brutal guerra civil no vizinho Iêmen. MbS é premiê desde
2022.
A importação de jogadores como Cristiano Ronaldo e Neymar para o
inexpressivo futebol local é, para os críticos, mera lavagem de imagem
por meio do esporte, o “sportswashing”. Para entidades como a Fifa, o
pragmatismo se impõe: são países sem controles democráticos de gastos e
práticas, além de riquíssimos e seguros.
Na Visão, o exemplo que vem à mente é Dubai, a joia reluzente dos
sete Emirados Árabes Unidos, ainda que o poder político esteja na mais
austera Abu Dhabi. Os domínios da família Al-Maktoun nunca foram ricos
em petróleos como os vizinhos, apostando a partir dos anos 1970 em
serviços e turismo para criar o polo ultratecnológico atual.
Por óbvio, o modelo saudita parte de outra premissa, já que o reino
tem a segunda maior reserva petrolífera do mundo. Mas há a questão
cultural: “Vamos construir casas tradicionais com facilidades modernas”,
afirma o consultor da presidência do projeto Diriyah, Abdullah
Alghanim.
Obra de R$ 265 bilhões em torno do sítio arqueológico que é o marco
zero do reino, o bairro não terá as torres espelhadas gigantes que
floresceram a partir dos 2000 em Dubai. Os megaprédios sauditas estão
por ora ao longo do eixo norte-sul de Riad, com destaque aos 300 metros
da Torre do Centro do Reino, um edifício que lembra um abridor de
garrafas gigante.
Nada perto dos 828 metros do maior prédio do mundo, o Burj Khalifa de
Dubai. Mas MbS costuma jogar com as duas pernas: se terá casinhas cor
de terra em Diriyah, pretende gastar até R$ 25 bilhões com um mastodonte
de 2 km de altura em sua capital.
As ruas desafiam um pouco os estereótipos. Sim, é um país pio: não há
Constituição no reino, e o Corão e os ditos atribuídos ao profeta Maomé
no século 7º são a lei. O Estado é pervasivo, mas discreto à parte dos
pôsteres do rei e seu herdeiro: não há policiamento ostensivo, e a taxa
de homicídio está pouco abaixo de 1 por 100 mil habitantes ao ano, 21
vezes menos do que no Brasil.
O Estado executou 170 pessoas em 2023, e um aplicativo permite que
cidadãos denunciem outros em caso de comportamento que seja visto como
inadequado.
Mulheres cobertas com o manto abaya e usando o véu niqab, que só
permite a visão dos olhos, são onipresentes apesar da liberalização
desde que MbS chegou ao poder. “O véu ainda nos protege, mas não é tão
obrigatório quanto parece”, disse Nor, consultora de uma empresa de
recursos humanos que pediu, assim como o barman Mohammed, para não ter o
sobrenome divulgado.
De traços libaneses, Nor tem 34 anos, é casada e tem dois filhos.
Elogia MbS: “Antes eu não podia dirigir, agora saio sozinha para jantar
com minhas amigas”. Um dos locais favoritos é o Mefic, centro de
restaurantes e lojas frequentado por grupos mistos, algo impensável há
alguns anos. Mas ainda há desconforto entre homens mais velhos, diz ela,
com a presença feminina.
Em shoppings de luxo como o Al-Faisliah, senhoras envelopadas de
preto ou algumas cores mais discretas compram lingerie na Victoria’s
Secret. Já o fosso salarial não difere muito daquele no resto do mundo:
em 2023, o trabalhador do setor privado saudita ganhava em média R$ 14
mil mensais; mulheres, pouco mais da metade disso.
Isso dito, ainda há uma distância oceânica entre a ideia ocidental de
liberdade feminina e o que se vê no país, particularmente entre os mais
pobres. A ONU calculou em 2023 em 13,6% os que moram na pobreza no
reino, a maioria entre os imigrantes (14 milhões dos 34 milhões de
moradores, 3 milhões deles ilegais).
Na capital, em quatro dias foi possível vê-los em bairros na área sul
da cidade, além de uma solitária vendedora de flores com suas duas
filhas pequenas numa noite. Já a riqueza mais evidente está nas ruas: os
muitos carros “normais” sul-coreanos e japoneses disputam espaço com
nem tantos modelos esportivos e de ultraluxo –numa loja de usados, um
SUV Rolls Royce Cullinan de 2018 saía por R$ 2,7 milhões.
Dificilmente acessível a quem não fosse um dos 2 milhões de
muçulmanos que fazem a peregrinação a Meca anualmente, o país se abriu
em 2019, com vistos online de um ano a cerca de R$ 500.
Mas os grandes eventos colocarão à prova mais que as belas
apresentações virtuais e maquetes de megaprojetos, como a megalomaníaca
cidade futurista Neom, de R$ 2,5 trilhões. Bala, há: só o fundo soberano
saudita, o maior do mundo, gerencia R$ 3,4 trilhões.
Um diplomata ocidental em Riad pondera que MbS não pode se dar ao
luxo de excluir a liderança conservadora, lembrando o que aconteceu
quando a Al Qaeda do saudita Osama bin Laden (1957-2011) lançou uma
guerra contra a monarquia e o Ocidente pelo que chamava de
desvirtuamento do Islã.
Um foco nevrálgico é o álcool, central na estratégia de ocasiões como
a Copa, que é banido no país. Se você tentar entrar com uma garrafa de
vinho na mala e for pego, está sujeito a prisão e até açoite. Como se
viu no vizinho Qatar em 2022, a Fifa terá de achar um caminho
intermediário.
Isso não significa que as pessoas não bebam álcool na Arábia, ao
contrário. Assim como no Paquistão, outra terra de purismo islâmico, a
elite o consome de forma escondida, como nos condomínios fechados das
estrelas do futebol. Se no país do sul da Ásia a fonte são os cristãos
com licença para venda, na Arábia as embaixadas e as porosas fronteiras
fornecem o produto.
Segundo dois empresários locais apreciadores de uísque, uma garrafa
do escocês The Macallan 12 anos sai pelo equivalente a R$ 2.500, preço
brasileiro. Uma de vodca russa Beluga, R$ 2.000.
A resposta que o governo achou foi dupla. Em 31 de janeiro, abriu no
Distrito Diplomático a primeira loja oficial de bebidas para
representantes estrangeiros não muçulmanos no reino. Só entra lá quem
tiver autorização, e há cotas visando limitar e legalizar o consumo.
Na outra mão, há uma moda que é incentivada na mídia local, a maioria
privada e toda governista: os bares de mocktails, os “coquetéis
falsos”, no caso, sem álcool. Locais como o do LPM cobram R$ 80 pelo tal
gim-tônica, produzido com uma beberagem inglesa cujo etanol foi
desnaturado.
O barman Mohammed está certo: é mais difícil fazer uma receita tão
tradicional de forma potável sem o produto principal. O gosto, ainda que
lembre o original, ao fim não passa daquele de uma água aromatizada
algo vulgar. Cerveja sem álcool custa R$ 50 a lata, em hotéis e bares.
A quase 900 km de lá, no Time Out Market de Dubai, outro barman
chamado Mohammed, esse tunisiano e também com 25 anos, servia na noite
de quarta (6) uma cerveja normal também a R$ 50. A Arábia Saudita será a
nova Dubai? “Eles estão tentando, e muitos amigos meus estão indo
trabalhar lá”, diz.
Em meio ao avanço de investigações da Polícia Federal sobre as suspeitas de um plano de golpe de Estado por parte de Jair Bolsonaro e
seus aliados, o ex-presidente reuniu milhares de apoiadores na avenida
Paulista no dia 25 de fevereiro. Para o historiador e professor de
literatura comparada na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj)
João Cezar de Castro Rocha, no futuro os historiadores verão essa
manifestação como um momento sintomático de algo que há muito tempo se
articula nos bastidores: pela primeira vez, tornou-se explícito o
projeto da teologia do domínio.
No episódio 109 do podcast Pauta Pública, o professor explica as
dimensões religiosas da manifestação bolsonarista. Segundo Castro Rocha,
a teologia do domínio usada nos discursos de Michelle Bolsonaro e
Nikolas Ferreira foi desenvolvida nos Estados Unidos e, recentemente,
adotada no Brasil. Ela é a base da doutrina de várias igrejas, como a da
Lagoinha, diz o professor.
O historiador explica que a declaração de Michelle Bolsonaro foi
flagrantemente inconstitucional e representa uma enorme ameaça. “Eles
não estão brincando, os evangélicos estão de fato partindo para o
momento em que a teologia do domínio tentará chegar ao poder político”,
afirma. Para ele, a democracia corre o risco de se transformar numa
distopia teonomista, ou seja, que pretende subordinar toda a vida à
religião.
EP 109 Bolsonarismo é uma distopia teocrática? – com João Cezar de Castro Rocha
[Andrea Dip] A teologia do domínio tem aparecido nos
congressos de extrema direita em todo o mundo. Ou seja, a religião
cristã é posta como uma verdade absoluta. E tem um outro movimento que a
Michelle Bolsonaro encarna perfeitamente – que o bolsonarismo tem
tentado vender –, o Mulheres com Bolsonaro. Como você vê isso e qual é a
importância da Michelle para o bolsonarismo?
Partindo do princípio da ideia da teologia do domínio em algumas
passagens da Bíblia, no Antigo Testamento, Gênesis, capítulo 1,
versículo 27, diz: “Criou Deus o homem e a sua imagem, a imagem de Deus o
criou, homem e mulher os criou”. Agora o versículo seguinte,
fundamental para a discussão: “Deus os abençoou e lhes disse, sejam
férteis e multipliquem-se. Encham e subjulguem a terra. Dominem sobre os
peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se
movem pela terra’”.
Porém a tradução foi fundamental, é o monumento da literatura
ocidental. É da tradução da Bíblia, patrocinada pelo rei James, que vem a
ideia, no capítulo 1, versículo 28, de uma leitura literal da passagem,
especialmente na parte “have dominion over”. O que se entende é que todos aqueles eleitos por Deus devem ter domínio sobre tudo, especialmente na condução do Estado.
Essa teologia foi desenvolvida inicialmente nos Estados Unidos e
recentemente foi adotada no Brasil. Ela está na base da doutrina da
Igreja da Lagoinha, onde Nikolas Ferreira (PL-MG) professa sua fé. A
teologia do domínio está na base de outras igrejas que contaminaram as
concepções de Damares Alves e Michelle Bolsonaro. Quando Michelle diz
que chegou a hora da libertação, o que ela está dizendo é: chegou a hora
do Estado civil subordinar-se à fé, não à espiritualidade, mas à crença
deles. Pensando nisso, no nosso país tudo começa a ficar bastante claro
e muito preocupante, muito preocupante.
Nós não podemos, em relação à teologia do domínio, fazer como fizemos
com Jair Bolsonaro. Não podemos reduzir essa teologia a uma caricatura
do programa CQC, uma caricatura do sofá da Luciana Gimenez no programa Super Pop. A teologia do domínio é muito mais perigosa do que Bolsonaro.
A Igreja Universal do Reino de Deus é de 1977. Em 1988, a
Constituição Federal do Brasil, no seu artigo 5º, assegura o caráter
laico do Estado e o direito inviolável da dignidade da pessoa humana de
professar a sua fé. Portanto, não apenas o Estado é considerado laico,
mas todas as religiões são vistas em pé de igualdade. Em 1988, nenhuma
liderança evangélica se opôs ao artigo 5º da Constituição. A resposta a
isso nos conduz a um dos principais pensadores da teologia do domínio,
um economista muito importante: Gary North.
Gary North era um defensor da escola austríaca, portanto neoliberal,
autor de uma obra muito vasta, com uma profunda reflexão sobre economia,
política e comunidade cristã. North era adepto à teologia do domínio e
defendia um movimento em dupla etapa.
Na primeira etapa, dizia o Gary North, como a liberdade de culto é
assegurada, vamos expandir o número dos fiéis e propagar a nossa
doutrina. Quando o número for suficiente para interferir na vida
política, o faremos. É o que aconteceu no Brasil. Em 1977 a Igreja
Universal do Reino de Deus é criada e, como eu disse anteriormente, em
1988, a Constituição Federal é promulgada com o Estado laico.
Agora vamos pular no tempo: em 2008 foi lançado o livro de Edir
Macedo. O livro tem como base teórica Thomas Hobbes e o Antigo
Testamento, porque Deus, diz Edir Macedo, é um estadista, Deus é,
sobretudo, um gestor da coisa pública. Na última página do livro, Edir
Macedo esclarece o potencial que tem um Estado adormecido e chama a
atenção do leitor para que não deixe essa “potencialidade” ser
desperdiçada.
Para compreender essa questão, podemos citar o seu livro A bancada evangélica e seu projeto de poder.
No depoimento do senador Haroldo Oliveira (– que eu considero um dos
mais preciosos jamais feitos para compreender essa questão –,ele diz
que, em 2018, os evangélicos seriam um terço da população do Brasil. É
um público relevante na sociedade. Haroldo também diz que a Igreja
Universal foi a primeira a ter consciência política logo depois da
Constituinte e elegeu os seus representantes para a Câmara dos
Deputados.
Um ano depois dessa entrevista, pela primeira vez na história os
evangélicos elegeram um presidente da República. A diferença de votos
evangélicos dados para Jair Messias Bolsonaro e Fernando Haddad é a
diferença de votos que o levou à vitória. A primeira vez que isso
aconteceu na política brasileira numa eleição presidencial foi em 2002.
Ganhou a eleição o presidente Lula, em segundo lugar ficou José Serra,
em terceiro lugar, de maneira surpreendente, o Anthony Garotinho, que
obteve 10% dos votos em todo o Brasil em 2002. Eram votos
majoritariamente evangélicos.
O Anthony Garotinho foi de fato o primeiro político a compreender que
os evangélicos levariam um candidato à Presidência. Em 2018 isso se
materializou. Agora eles já não são mais minoria, estamos na segunda
etapa do projeto do Gary North. A declaração de Michelle Bolsonaro é
flagrantemente inconstitucional, mas ela é, sobretudo, uma enorme
ameaça. Eles não estão brincando, os evangélicos estão de fato partindo
para o momento em que a teologia do domínio tentará chegar ao poder
político. Nada pode ser mais perigoso do que isso. Isso é mais perigoso
para a democracia brasileira do que o bolsonarismo. Se é que isso é
possível de acreditar.
[Clarissa Levy] Eu queria emendar uma pergunta exatamente sobre isso que você está falando,como
essa extrema direita no Brasil tem os pés absolutamente fincados na
religião. A teologia do domínio que o senhor menciona abarca um projeto
de nacionalismo cristão? De que maneira você acha que vamos ver isso nas
eleições municipais?
O nacionalismo cristão também é um movimento norte-americano, assim
como o sionismo cristão. No Brasil, há uma mescla, às vezes de difícil
distinção, entre o nacionalismo e o sionismo cristão – que teve como um
dos líderes no Brasil um dos mais importantes propagadores do sionismo
cristão, o Márcio Valadão, criador da Igreja da Lagoinha, e hoje tem seu
filho, André Valadão, como líder. André Valadão, que há dois ou três
meses, num culto de sua igreja nos Estados Unidos, na Flórida, disse com
todas as palavras que, se fosse necessário para “resolver o problema
LGBT”, os fiéis deveriam agir. Essa declaração foi uma coisa
absolutamente espantosa, mas muito reveladora do que é de fato a
teologia do domínio e o nacionalismo cristão.
Para André Valadão, o nacionalismo cristão de Nikolas Ferreira, de
Damares Alves, de Michelle Bolsonaro não o inclui. É como se ele não
fosse digno deste nacionalismo cristão que eles defendem. Isso é muito
perigoso, mas ajuda a compreender algo da fala de Michelle Bolsonaro e
nos permite ir ainda mais longe.
Passo a passo, a Michelle Bolsonaro, logo depois de dizer que houve o
equívoco de separar religião e política, o que ela basicamente quis
dizer é que ela pretende voltar ao século XVII, que é a monarquia
absoluta e direito divino. Ela usou a categoria do mal, “o mal dominou”,
“o mal ocupou o terreno”, e o mal é uma das mais importantes e
fascinantes categorias filosóficas e teológicas. É uma questão
filosófica de enorme importância, uma questão teológica central. Crime e castigo, de Dostoiévski, é uma reflexão profunda sobre a presença do mal no cotidiano.
Na esfera da política, o mal é uma categoria absolutamente
inadequada. Porque, toda vez que eu falo em mal, eu tenho que supor o
bem, e, se de fato existe o bem supremo, o mal absoluto não pode senão
ser negado ou rejeitado, se possível, eliminado.
A política é a esfera da negociação, é importante recuperar a
palavra. Negociação não é negociata. A política só faz sentido porque
na pólis convivem diversos, que não são necessariamente
opostos, mas diversos. A política é sobretudo a arte de falar, mas
especialmente de escutar o outro, implica a negociação, a concessão. Mas
não há política, cotidiano, nenhum de nós seria capaz de ter uma
relação com um companheiro, com uma companheira, com um filho, se nós
não fizermos concessões. Só é possível fazer concessão se eu reconheço a
plena dignidade do outro. Mas se o outro, aquele que é diverso de mim,
aquele que não é meu espelho, não tem dignidade, eu nunca vou fazer
concessão.
Quando Michelle Bolsonaro traz para a esfera da política a categoria
do mal, é uma indicação precisa de que se trata de uma distopia. Usando
as palavras corretas, é uma distopia teocrática, fundamentalista. No
termo correto derivado da teologia do domínio, teonomista – Teo em grego Deus, nomos, ordem, lei.
É uma distopia teonomista porque é uma distopia que pretende
subordinar toda a nossa vida à religião. Mas vou repetir, não é
subordinar a vida à espiritualidade, mas à religião tal qual eles
professam. Isso ajuda a entender um fenômeno desta manifestação do dia
25 de fevereiro. Salvo o engano, eu não me lembro de escutar o nome de
Jesus, as referências eram todas do Antigo Testamento.
A Igreja Universal do Reino de Deus surge em 1977, é a Igreja do
Cristo e é a mensagem do Cristo, sobretudo. Nos últimos 15, 20 anos, em
todo o mundo, nas igrejas neopentecostais que favorecem o nacionalismo
cristão, o sionismo cristão ou a teologia do domínio, muitas vezes
mesclando essas teorias, há uma transferência teológica muito
reveladora. Mas o motivo de ser o Antigo Testamento é porque não é
possível encontrar no Novo Testamento nenhuma passagem que favoreça um
projeto político. Afinal, Jesus foi muito claro: “A César, o que é de
César, ao Senhor, o que é do Senhor”. Poder temporal, poder espiritual. O
reino de Deus não se confunde com o reino de césares.
Além do mais, não é possível pensar no Novo Testamento e ter a
intolerância implícita na teologia do domínio. Quando um gentio qualquer
busca a Cristo para salvação ou para cura de alguma enfermidade, Cristo
sempre atendeu. Quando eles criticam dizendo mas é um gentio – ou seja,
um não judeu –, Cristo respondeu: mas ele me procurou com fé no
coração. O cristianismo como religião só se tornou possível quando Paulo
desenvolveu a ideia de que é possível ser cristão sem necessitar a
circuncisão, o que quase levou Paulo à morte num debate no templo. Em
outras palavras, é possível ser cristão não sendo judeu. Nesse momento
surge o princípio básico da Igreja Católica; em latim, catolicus é
universal e ecumênico, depende da fé que você tem no coração. Isso
implica dizer que você não é necessariamente uma exclusividade, não é
apenas uma doutrina que não aceite nenhuma outra.
O Antigo Testamento, buscado pela teologia do domínio, não é um
Antigo Testamento como um todo. Isso faz a diferença, não é de Moisés,
que recebe a Tábua das Leis no monte Sinai; não é de José, que, tendo
sido vendido pelos irmãos, quando tem a chance de se vingar, perdoa. Em
uma das mais bonitas cenas do Antigo Testamento, ele perdoa os irmãos e
reúne a sua família numa espécie de imagem do futuro Cristo que também
perdoa. Há muitos exemplos no Antigo Testamento, mas o que foi dito no
dia
25 de fevereiro pela mescla de locutor de rodeio e pastor, antes de
passar a palavra ao ex-presidente foi: Deus não evitou que Golias
enfrentasse a Davi. Em seguida, ele disse “e agora eu chamo o mito Jair
Messias Bolsonaro”.
Nesse momento temos a ponte, Davi para Bolsonaro, do pecador ungido
para o mito igualmente ungido. Mas por que Davi? É um fenômeno que faz
parte da teologia do domínio. Um fenômeno que não é brasileiro.
Trump é Davi, Bolsonaro é Davi, Milei é Davi. Porque Davi aqui é
privilegiado, não é o menino que derrota Golias, que vence a força bruta
com a inteligência e a astúcia. Aqui é o rei Davi, um modelo do pecador
ungido, porque ele é o senhor das armas, ele é o rei de batalhas, ele é
o senhor de um império, mas depois ele se arrepende, torna-se outro.
Davi é abraçado pela teologia do domínio. Em outras palavras, Trump,
Milei e Jair Bolsonaro, pouco importa os pecados que cometam, eles são
ungidos.
Nesta semana, três institutos divulgaram pesquisas que apontaram queda na avaliação positiva do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Quaest, Atlas/Intel e Ipec (antigo Ibope) indicam que mais
entrevistados “desaprovam” a gestão do petista, enquanto os índices dos
que avaliam o governo como “ruim” ou “péssimo” têm subido.
Cada instituto adota metodologias distintas e entrevista um universo
diferente de entrevistados, mas a tendência geral é a mesma nos três
levantamentos.
A pesquisa Ipec não apontou motivos possíveis para o crescimento da
avaliação negativa, enquanto os levantamentos dos institutos Atlas/Intel
e Quaest indicaram, entre os motivos para a queda, as declarações
recentes do petista que abalaram sua imagem com o público.
Além disso, a percepção a respeito da Economia nacional e dos preços
dos insumos do dia a dia piorou em comparação com levantamentos
recentes. O governo também não consegue performar bem nos temas mais
importantes para os entrevistados, como segurança pública e corrupção.
A polarização política, por fim, pesa como um “teto” que o petista ainda não conseguiu superar em suas avaliações.
Veja as principais razões para a queda na popularidade do governo Lula.
Fala que comparou Israel ao Holocausto
Em 18 de fevereiro, durante entrevista coletiva em Adis Abeba, capital da Etiópia, Lula comparou a incursão de Israel na Faixa de Gaza com o Holocausto.
“O que está acontecendo em Gaza não aconteceu em nenhum outro momento
histórico, só quando Hitler resolveu matar os judeus”, disse o
presidente.
O episódio se destaca como o evento de maior impacto na imagem do
petista desde quando as últimas pesquisas de opinião haviam sido feitas
e, por conta disso, institutos se debruçaram especificamente em relação
ao tema.
Na pesquisa Quaest, constatou-se que a declaração foi percebida como um “exagero” e teve influência na avaliação de Lula. Para 60% dos entrevistados, o presidente “exagerou” na comparação.
Entre os evangélicos, o índice chegou a 69%. E é justamente entre os
evangélicos que a popularidade de Lula despencou mais nitidamente.
Segundo a Quaest, a avaliação negativa do governo subiu de 36% a 48%
entre pessoas dessa denominação religiosa, enquanto no geral ela foi de
29% a 34%. Na pesquisa Atlas/Intel, 57% dos evangélicos avaliam o
governo como “ruim/péssimo”. No geral são 41%.
Já no levantamento do Ipec, a administração Lula é vista como ruim ou
péssima por 41% dos entrevistados evangélicos e 32% no total da
população.
Em janeiro, segundo o Atlas/Intel, a imagem do Lula, como presidente,
era positiva para 51% e negativa para 45% dos entrevistados. Agora, o
quadro se inverteu, com imagem negativa para 49% e positiva para 47%.
Andrei Roman, CEO do instituto, aponta a fala dele sobre os ataques de
Israel como um dos motivos para essa piora, junto da postura do
presidente sobre as eleições venezuelanas.
A pesquisa divulgada pela Quaest indica um aumento substancial na
percepção de aumento de preços de insumos básicos. O índice diz respeito
ao que o entrevistado sente no momento de realizar as compras e não
corresponde, necessariamente, aos índices de inflação auferidos por institutos especializados em estatísticas econômicas.
Ainda assim, a percepção de preço é suficiente para influenciar a
opinião pública em relação à atuação do governo na área econômica.
Em dezembro, data em que foi realizado o levantamento anterior da
Quaest, 48% dos entrevistados disseram ao instituto que, para eles, os
preços dos alimentos “subiram no último mês”. Na pesquisa de fevereiro, o
índice disparou para 73%. No mesmo sentido, na pesquisa anterior, 36%
disseram que sentiram um aumento no preço dos combustíveis. Em
fevereiro, a percepção subiu 15 pontos porcentuais, indo a 51%.
Economia
A Atlas/Intel apurou que a percepção geral dos entrevistados é de que
a economia brasileira vai mal. Para 53%, a situação econômica do País é
“ruim”. É a primeira vez desde o início do terceiro mandato de Lula que
o porcentual supera os 50%. Na pesquisa anterior, realizada em janeiro,
47% dos brasileiros afirmaram que a economia estava indo mal.
Em comparação, na análise da semana passada, 28% disseram que a economia está “boa” e 19% que está “normal”.
Na pesquisa Quaest, 38% disseram que a economia do País piorou nos
últimos 12 meses, frente a 26% que opinaram que ela melhorou. Em
dezembro, na pesquisa anterior, a situação estava invertida: 34%
avaliavam que a economia melhorou, enquanto quem viu ela piorando foram
31%.
Segurança pública e corrupção
A Atlas/Intel entrevistou 3.154 pessoas e pediu para cada
entrevistado elencar quais seriam os três principais problemas do País.
As áreas mais citadas foram “Criminalidade e tráfico de drogas”, com
59,9% mencionando a questão como um problema para o Brasil, e
“Corrupção”, com 58,8%.
Os temas destoam de forma disparada em relação aos demais: a terceira
área mais citada foi “Pobreza, desemprego e desigualdade social”,
lembrada por 20,6% dos pesquisados. E, justamente nas áreas apontadas
como mais importantes para a formação de opinião dos entrevistados, o governo Lula não tem apresentado bons índices de avaliação, como demonstra a Atlas/Intel.
Em janeiro de 2024, 52% haviam dito ao instituto que avaliavam o governo como “ruim” ou “péssimo” na área de segurança pública,
porcentual que já representava, na ocasião, a área com avaliação mais
problemática para o governo. Na pesquisa divulgada nesta semana, o
índice foi a 66%.
No quesito “Justiça e combate à corrupção”, a avaliação também
piorou. Em janeiro, a opinião de que o governo era “ruim” ou “péssimo”
nessa área era de 48%. No início de março, o índice foi a 55%.
Cada instituto possui uma metodologia de pesquisa distinta para
auferir os índices de opinião, mas os três levantamentos são unânimes em
indicar que, quase um ano e meio depois do segundo turno presidencial
em 2022, a polarização entre Lula e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) segue viva na mente do entrevistado.
As pesquisas têm diferenciado as respostas em relação ao candidato
escolhido na eleição passada. O Ipec, por exemplo, questionou os
pesquisados sobre a aprovação ao governo de Lula e cruzou os dados em relação aos diferentes eleitorados. Entre eleitores de Lula, 84% aprovam a gestão federal. Entre os que votaram em Bolsonaro, a desaprovação é de 83%.
Os índices apontam que Lula não consegue influenciar a opinião de
quem não votou nele em 2022, o que cria um teto estreito para o petista
aumentar sua aprovação.
Saiba mais sobre as pesquisas de opinião
O Quaest fez 2.000 entrevistas presenciais entre os dias 25 e 27 de
fevereiro. A margem de erro é de 2,2 pontos porcentuais e o índice de
confiança é de 95%. A pesquisa Atlas/Intel entrevistou 3.154 pessoas
pela internet entre os dias 2 e 5 de março de 2024, com margem de erro
de 2 pontos porcentuais e índice de confiança de 95%. O levantamento do
Ipec ouviu 2.000 pessoas presencialmente, com margem de erro de 2 pontos
porcentuais e índice de confiança de 95%.