Ministro das Comunicações montou grupo de
trabalho da pasta com a participação de integrantes dos Correios para
discutir os termos da proposta a ser apresentada até agosto, e diz que,
hoje, a estatal está em desvantagem com o setor privado
Por Roseann Kennedy – Jornal Estadão
O ministro das Comunicações, Juscelino Filho, quer regulamentar o serviço de entregas e-commerce no País e montou um grupo de trabalho com integrantes da pasta e dos Correios para apresentar a proposta até agosto.
Ele afirma que a medida visa fortalecer a estatal para que possa
competir “em pé de igualdade” com as concorrentes privadas. Juscelino
avalia que os Correios operam em desvantagem e argumenta que a
legislação postal de 1978 está defasada, limitando a atuação da empresa.
”As regras têm que ser justas para todos, ainda mais em um mercado em
crescimento. Além disso, não podemos deixar que o setor de entregas de
e-commerce não tenha uma regulamentação para garantir níveis de
qualidade, padrões e uma instância de reclamação”, afirmou à Coluna do Estadão.
O ministro diz que os Correios enfrentam regras antiquadas como
proibição de envio de plantas vivas e de animais. Ressalta que isso
impede o transporte de vírus inativo para estudos ou de sêmen de animais
para criação.
O ministro das Comunicações, Juscelino Filho. Foto: Divulgação/Ministério das Comunicaç
Em outra frente, os Correios vão receber investimento de R$ 856
milhões, no Novo PAC, para sistemas automatizados de triagem e centros
de serviços postais.
Governo Lula retirou os Correios e outras seis estatais de programa de privatização
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva retirou em abril do
ano passado sete empresas do Programa Nacional de Desestatização (PND) e
três do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI). Entre as empresas
removidas, estão os Correios e a Empresa Brasileira de Comunicação
(EBC).
As estatais foram incluídas nos programas de desestatização durante o
governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. O governo Lula já havia
assinado um despacho determinando a revogação de processos de
privatização de oito estatais, incluindo os Correios, no dia da posse,
em 1º de janeiro.
Governo Lula fecha contratos de R$ 14
milhões com empresa ré por garimpo ilegal na AmazôniaGarimpo fica dentro
de reserva biológica e família de fundador enriqueceu sob a
ilegalidade, segundo a PF; Ministério da Saúde diz que romperá contrato
se a empresa for condenada e o advogado da companhia não se manifestou
Por Tácio Lorran – Jornal Estadão
BRASÍLIA – Sob a gestão de Nísia Trindade, o Ministério da Saúde firmou dois contratos em 2023, no valor total de R$ 14,4 milhões, com uma empresa de táxi aéreo que responde na Justiça por garimpo de ouro ilegal em uma reserva biológica (Rebio) na Amazônia.
A Piquiatuba Táxi Aéreo tem sede em Santarém (PA) e é acusada pela Polícia Federal (PF) e pelo Ministério Público Federal (MPF) de
usar aeronaves para auxiliar um garimpo dentro da Reserva Biológica
Maicuru, no norte do Pará, e próximo a indígenas isolados. O fundador do
garimpo é pai dos sócios da Piquiatuba e construiu o grupo empresarial
da família a partir da extração ilegal de ouro. A denúncia foi aceita
pela Justiça Federal, e a empresa responde ao processo em primeira
instância.
Procurado, o Ministério da Saúde disse que não compactua com o
garimpo ilegal e informou que vai suspender os contratos com a
Piquiatuba somente se a empresa for condenada na Justiça. O advogado da
companhia não se manifestou.
Os contratos foram firmados em junho e agosto do ano passado pelos
Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs) de Tapajós e de Kaiapó
Redenção, vinculados ao Ministério da Saúde, ambos no Pará, para serviço
de fretamento de aeronaves nas regiões. Esses aviões são usados em
missões de equipes de saúde para atendimento em comunidades indígenas. A
denúncia do MPF foi aceita pela Justiça Federal em maio de 2021, ou
seja, os contratos firmados com o governo Lula ocorreram depois disso.
Os acordos feitos pelo Ministério da Saúde vão na contramão da política ambiental anunciada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que prometeu tolerância zero contra o garimpo ilegal e que tem usado a defesa da Amazônia como pauta internacional.
A relação da Piquiatuba com a gestão pública, porém, não é de agora.
Desde 2014, quando assinou o primeiro contrato, durante a gestão de Dilma Rousseff,
a empresa ganhou R$ 181,7 milhões do governo federal, segundo dados do
Portal da Transparência. Desse total, R$ 24,9 milhões foram repassados
pela atual gestão petista.
Além dos dois novos contratos, o Ministério de Nísia Trindade renovou
outros dois acordos com a empresa denunciada. Um deles foi feito com o
DSEI Amapá e Norte do Pará. A região, inclusive, abrange o garimpo
ilegal de onde a companhia extraiu ouro de forma criminosa, segundo
Ministério Público Federal e a Polícia Federal. O outro foi renovado com
o distrito de Guamá-Tocantins.
Garimpeiro construiu maior empresa de táxi aéreo do Norte e Nordeste com a extração ilegal de ouro
A Piquiatuba e seus dois sócios, Edson Barros da Silva e Patrick
Paiva da Silva, foram denunciados pelo MPF em maio de 2021 por atuarem
na extração ilegal de ouro numa região conhecida como Garimpo do Limão,
que fica a 10 quilômetros do território indígena Rio Paru d’Este. A
terra abrange os povos Aparai, Wayana e isolados do alto Rio Ipitinga.
De acordo com a denúncia, a Piquiatuba usou seus aviões para auxiliar
o empreendimento criminoso. A empresa realizou entre 2015 e 2018 cerca
de 200 voos para o Garimpo do Limão. Nesse mesmo período, Armando
Amâncio da Silva vendeu e esquentou ao menos R$ 13,4 milhões de ouro
ilegal, segundo os investigadores.
Edson Barros da Silva, Armando Amâncio da Silva e Patrick Paiva da Silva, da esquerda para a direita Foto: @Edson7777 via Instagram e @patrickpaiva via Facebook
Armando é fundador da Piquiatuba e pai dos atuais sócios da empresa.
Ele morreu em outubro de 2020, três semanas depois de ter sido alvo da
operação Ouro Frio, da Polícia Federal. Os investigadores encontraram
44,9 quilogramas de ouro ilegal na casa do empresário.
Armando nasceu em Gilbués, no sul do Piauí, e foi um dos milhares de
nordestinos que se mudaram para a Amazônia atrás de ouro, na década de
1970. O garimpo fundado por ele, segundo a Polícia Federal, jamais teve
autorização para extrair o minério.
O único jeito possível para acessar o Garimpo do Limão é por via
aérea. Armando comprou seu primeiro monomotor logo na década de 1980. A
partir daí, criou uma empresa de aviação – ao mesmo tempo em que extraía
ouro de forma ilegal. Hoje, a Piquiatuba é a maior empresa de táxi
aéreo do Norte e do Nordeste do País, com uma frota de 23 aeronaves e
mais de 15 mil decolagens, segundo números publicados pela própria
companhia.
Armando teve a punibilidade extinta em 2020 devido ao seu óbito. A
ação penal se manteve, no entanto, contra a Piquiatuba e os irmãos Edson
e Patrick.
Edson é piloto de avião, assim como o pai, e casado com a vereadora
de Santarém Adriana Almeida (União Brasil), aliada do ministro do
Turismo, Celso Sabino (União Brasil). Patrick é responsável pelo setor de recursos humanos da companhia.
Empresa de táxi aéreo causou ‘ampla gama de danos’ à Amazônia, segundo denúncia
Além da ação penal em curso, o MPF apresentou uma ação civil pública
contra a Piquiatuba. A Procuradoria pede que a empresa seja condenada a
pagar R$ 395,4 milhões por venda ilegal de ouro, danos ambientais e
danos coletivos aos povos indígenas da terra Paru D’Este.
“Fora identificada uma ampla gama de danos à unidade de conservação,
que vão desde o emprego absolutamente inadequado de substâncias tóxicas à
saúde e altamente poluentes ao meio ambiente – no caso, mercúrio e
cianeto –, ao revolvimento do solo e supressão vegetal, todos estes
danos diretamente relacionados à atuação dos denunciados”, diz o MPF.
Garimpo
do Limão fica dentro de uma reserva biológica no norte do Pará e ao
lado de uma pista de pouso usada pela Piquiatuba Táxi Aéreo Foto: Reprodução/ MPF
A Controladoria-Geral da União (CGU) também já apontou um favorecimento da Piquiatuba Táxi Aéreo durante uma licitação feita em 2019 pelo governo Jair Bolsonaro para
atendimento na região da Terra Indígena Yanomami. O relatório de
auditoria identificou que a escolha da empresa durante o pregão ocorreu
antes mesmo da elaboração do projeto básico, o que reforça a tese de
direcionamento. O caso é investigado pela Polícia Federal.
Já em março do ano passado, a CGU levantou uma série de
irregularidades na execução do contrato do DSEI Guamá-Tocantins com a
Piquiatuba. Os prejuízos somam mais de R$ 790 mil. Esse foi um dos
acordos renovados pela gestão de Nísia Trindade.
Ministério da Saúde diz que não compactua com garimpo ilegal
Em nota ao Estadão, o Ministério da Saúde ressaltou
que não compactua com ações de garimpo ilegal e informou que vai aplicar
“rigorosamente a legislação cabível no sentido de suspender
imediatamente quaisquer relações com empresas comprovadamente envolvidas
com atividades ilegais”.
A pasta relatou acompanhar com atenção a conclusão dos inquéritos
conduzidos e disse estar à disposição para colaborar com os órgãos de
controle e autoridades judiciais.
O Ministério destacou que o fretamento de aeronaves é de fundamental
importância para a condução das ações de atenção à saúde dos povos
indígenas, já que em várias aldeias o acesso é realizado apenas por via
aérea.
“Sem esses serviços, os profissionais de saúde que prestam
assistência aos indígenas ficam impossibilitados de acessar as aldeias
nos territórios, além de resgates para remoção de indígenas que precisam
de atendimento especializado. A contratação desses serviços segue o
rito legal e os procedimentos administrativos regulares, e o Ministério
adotará as medidas cabíveis assim que tomar conhecimento das decisões
judiciais”, informou a nota.
Dados internos da empresa global mostram
que o tempo médio para a criação do site com IA até a sua publicação é
inferior a meia hora
CONTEÚDO DE TERCEIROS – Band Vale – Hostinger
TOPO
Sites com IA
Divulgação / Banco de Imagens
Quem poderia imaginar que ferramentas de Inteligência Artificial
conseguiriam fazer parte da rotina de diversas profissões tradicionais e
não-tradicionais em tão pouco tempo? Fato é que o uso da IA tem se
tornado imprescindível para alguns setores, e o cenário pode ser ainda
mais transformador em um futuro próximo.
É o que já acontece, atualmente, com a criação de sites na internet. AHostinger,
que oferece serviços de hospedagem web, indicou que pelo menos 60% dos
mais de 50 mil sites criados todos os meses pela plataforma ao redor do
mundo estão sendo gerados pelo Criador de Sites com IA da empresa.
Vale ressaltar que esses dados fazem referência apenas ao ano de 2023 e, por esse motivo, um boom na publicação de páginas online criadas com a ajuda de ferramentas de IA é aguardado ao longo de 2024.
Inteligência Artificial pode impulsionar a visibilidade dos sites em um curto período
A Hostinger também analisou que sites com domínios gerados por
Inteligência Artificial demonstram desempenho igual ou superior ao das
páginas criadas a partir de modelos prontos.
Com relação à atratividade dos sites gerados por IA, a Hostinger
avaliou que, nos primeiros meses no ar, estes atraem mais visitantes do
que aqueles criados por outros meios.
E-commerce no topo dos sites criados com IA
Grande parte dos sites construídos pelo Criador de Sites com IA da
Hostinger são vitrines de negócios (29%) e lojas online (23%), o que
sugere que o comércio eletrônico também será cada vez mais impactado
pelas tecnologias de Inteligência Artificial.
Porém, é importante considerar que o lançamento de um site – criado
por IA ou não – é apenas o primeiro passo para o sucesso online.
Conteúdo relevante e exclusivo, otimização de mecanismos de pesquisa,
previsão do comportamento do usuário e utilização de ferramentas de
marketing para otimização de campanhas ainda precisam ser trabalhados
para que o domínio ganhe autoridade e relevância no ambiente digital.
Com a chegada da IA, o trabalho dos Web Designers irá acabar?
Assim como em outras profissões, o papel dos Web Designers no mercado
de trabalho digital em um cenário onde a IA prevalece também é marcado
por muitos questionamentos. No entanto, é preciso enxergar essa
realidade sob um novo ângulo.
As provedoras de hospedagem na internet já estão na corrida para
transformar seus serviços de IA em ferramentas únicas e promissoras. A
própria Hostinger, por exemplo, recentemente atualizou seu Criador de
Sites com Inteligência Artificial a fim de que a solução seja capaz de
gerar sites cada vez mais exclusivos.
Portanto, a inovação deve se tornar uma tendência no trabalho dos Web
Designers e outras profissões ligadas ao setor. Será imprescindível que
os profissionais da área sejam capazes de refinar o design e o conteúdo
dos sites gerados por IA a fim de oferecer um toque cada vez mais
personalizado às marcas.
A IA deve ser vista como um auxílio, uma vez que acelera
significativamente o trabalho. Dados internos da Hostinger mostram que o
tempo médio para a criação do site com IA até a sua publicação é de
apenas 28 minutos e 46 segundos. A ferramenta é capaz de gerar um site
em poucos minutos e, a partir de então, os clientes ficam livres para
personalizá-lo e aprimorá-lo de acordo com suas preferências e
necessidades.
Enquanto a luta por preservar vidas continua à toda,
empreendedores e gestores de diferentes áreas buscam formas de
reinventar seus negócios para mitigar o impacto econômico da pandemia.
São momentos como este, que nos forçam a parar e repensar os
negócios, são oportunidades para revermos o foco das nossas atividades.
Os negócios certamente devem estar atentos ao comportamento
das pessoas. São esses comportamentos que ditam novas tendências de
consumo e, por consequência, apontam caminhos para que as empresas
possam se adaptar. Algumas tendências que já vinham impactando os
negócios foram aceleradas, como a presença da tecnologia como forma de vender e
se relacionar com clientes, a busca do cliente por comodidade,
personalização e canais diferenciados para acessar os produtos e
serviços.
Com a queda na movimentação de consumidores e a ascensão do
comércio pela internet, a solução para retomar as vendas nos comércios
passa pelo digital.
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rapidamente para o digital, lançamos a Plataforma Comercial Valeon. Ela é
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inédito, traz vantagens econômicas para a sua empresa e pode contar com a
Startup Valeon que tem uma grande penetração no mercado consumidor da
região capaz de alavancar as suas vendas.
História de IDIANA TOMAZELLI E JULIA CHAIB – Folha de S. Paulo
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O governo de Luiz Inácio Lula da Silva
(PT) quer usar os ganhos de arrecadação no começo de 2024 para empurrar a
discussão sobre eventual mudança na meta fiscal para o segundo semestre
deste ano.
O objetivo central da estratégia é garantir um ambiente propício para
que o Banco Central continue cortando a taxa básica de juros, a Selic,
hoje em 11,25% ao ano.
A equipe econômica considera ideal ter ao menos três reduções
adicionais de 0,5 ponto percentual cada uma, nas reuniões de março, maio
e junho do Copom (Comitê de Política Monetária).
O foco do governo, segundo interlocutores, é “dar um sinal fiscal
mais forte” para que a Selic volte a um dígito pela primeira vez desde
fevereiro de 2022. Flexibilizar o alvo da política fiscal antes do
relatório bimestral de julho poderia abortar o processo e fazer com que a
Selic estacione em patamar mais elevado.
O Banco Central já transmitiu, em mais de uma ocasião, a mensagem de
que é importante o governo perseverar na busca pelo déficit zero, embora
diga que não há relação mecânica entre o quadro fiscal e a decisão
sobre os juros.
O plano de adiar o debate sobre a meta, porém, tem riscos políticos.
Em um cenário de frustração de receitas, o envio tardio do projeto de
lei para flexibilizá-la tende a encontrar um Congresso Nacional já
esvaziado pelas eleições municipais. Para conseguir a aprovação célere
de um texto do governo, só em caso de acordo prévio, pontuam
parlamentares.
Sem aval do Legislativo, a equipe econômica continuaria na obrigação
de perseguir o déficit zero e implementar contingenciamentos bilionários
em caso de frustração de receitas, já que o simples envio da proposta
não é salvo-conduto para afrouxar os gastos.
Além disso, a cúpula do Congresso pressiona o governo a resolver o
impasse em torno dos R$ 5,6 bilhões em emendas de comissão que foram
vetadas pelo presidente, para dar lugar a despesas do próprio Executivo
com políticas como Auxílio Gás e Farmácia Popular.
Como mostrou a Folha de S. Paulo, integrantes do governo entraram em
campo para convencer os congressistas a aguardarem até o final de março,
quando sai o primeiro relatório de avaliação do Orçamento, para ter uma
posição mais clara sobre a possibilidade de repor o dinheiro das
emendas.
Segundo interlocutores, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL),
sinalizou concordância com o pedido, mas tem feito pressão para que a
questão seja resolvida até o início de abril.
Os parlamentares têm urgência em recompor as verbas para conseguir
iniciar o processo de execução das despesas antes do período eleitoral,
quando há restrições à assinatura de novos convênios. Viabilizar esses
instrumentos é visto como algo prioritário pelos congressistas para
assegurar o envio de dinheiro a seus redutos em ano de disputas locais.
Também está no radar o risco de acirramento nas mobilizações de
servidores, pressionando o Executivo a arranjar verba para conceder
reajustes.
Para sanar esses problemas, o governo conta com a possibilidade de
abrir um crédito adicional de cerca de R$ 16 bilhões no relatório de
avaliação de maio, graças a uma regra especial válida em 2024 aprovada
no novo arcabouço fiscal.
O dispositivo permite ao Executivo elevar suas despesas para alcançar
a expansão real máxima de 2,5% autorizada pela regra do arcabouço
(hoje, o Orçamento aprovado contempla uma correção de 1,7% acima da
inflação).
Para isso, a reavaliação bimestral de maio precisa indicar um aumento
na arrecadação de pelo menos 3,6% acima da inflação neste ano em
relação a 2023 –o que deve ser alcançado mesmo que o governo reconheça
frustração de receitas.
O problema é que há um entendimento de que o crédito só pode ser
usado se o saldo entre receitas e despesas estiver dentro da margem de
tolerância da meta fiscal, que permite um déficit de até R$ 29 bilhões
sem necessidade de bloquear recursos.
Com arrecadação menor e gasto maior, a flexibilização da meta já em
maio poderia ser necessária para destravar o uso do crédito adicional.
Técnicos experientes ponderam que, mesmo que a revisão do alvo da
política fiscal ocorra no fim de maio, o risco da demora na votação
permanece.
Parlamentares já estarão envolvidos nas negociações políticas que
antecedem as convenções partidárias, que a partir de 20 de julho vão
deliberar sobre coligações e indicar seus candidatos.
No ano passado, mesmo sem eleições, o Congresso realizou apenas sete
sessões conjuntas, três delas no mês de dezembro. O número é considerado
baixo e é visto como um indicativo ruim da atividade legislativa neste
ano.
Interlocutores do governo reconhecem que empurrar a mudança da meta
para o segundo semestre pode se transformar em um desafio “dificílimo”.
Mas o discurso atual é o de que ainda é prematuro debater se a
flexibilização será de fato necessária.
De um lado, há receitas significativas que ainda são incertas, como
os R$ 34,5 bilhões esperados com a repactuação de contratos de
ferrovias.
Mas a aposta do Executivo é que a retomada de investimentos ajudará
na reativação da economia após o segundo semestre de 2023 de estagnação.
Se isso acontecer, poderia ajudar na arrecadação e reduzir eventual
necessidade de contingenciar despesas ou mexer na meta.
Outra medida que pode colaborar é a criação de um limite para o uso
de créditos judiciais pelas empresas no abatimento de tributos. Valores
preliminares citados nos bastidores vão de R$ 20 bilhões a R$ 60
bilhões, mas os números ainda estão sendo refinados pela equipe técnica.
Por isso, o primeiro relatório bimestral, programado para 22 de
março, é considerado como um importante sinalizador da tendência para os
meses seguintes.
Secretário de Relações Internacionais de Nunes, ex-ministro é contato para ser vice do emedebista
“Usam contra Bolsonaro os mesmos métodos usados para inviabilizar Lula”, diz Aldo Rebelo
Ex-ministro de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ex-quadro do PCdoB
por mais de 30 anos, o atual secretário de Relações Internacionais da
prefeitura de São Paulo, Aldo Rebelo, disse à CNN que o ex-presidente
Jair Bolsonaro (PL) enfrenta hoje o mesmo processo que inviabilizou a
candidatura do petista em 2018.
“Os métodos que estão sendo usados contra o Bolsonaro hoje são os
mesmos que foram usados para inviabilizar a candidatura do Lula (em
2018), e com os mesmos protagonistas: Judiciário, Ministério Público,
Polícia Federal e mídia”, disse Rebelo.
O ex-ministro disse ter uma relação “muito boa” com o ex-presidente e
contou que mantém contato regular com Bolsonaro por mensagem e
WhatsApp.
“Bolsonaro não tentou dar golpe nenhum. Um golpe exige uma
articulação e um protagonismo que não houve. Golpe não se dá em uma
reunião pública gravada”, disse Aldo Rebelo.
Questionado sobre a possibilidade de ser vice de Ricardo Nunes, Aldo desconversou: “Estou sabendo pela imprensa”.
Mas a guerra pode escalar rapidamente para um conflito aberto,
envolvendo grandes bombardeios pela Força Aérea de Israel, uma invasão
da região sul do Líbano e um inevitável revide do Hezbollah –com os seus
mais de 30 mil mísseis, um arsenal muitas vezes superior, em número e
sofisticação, aos armamentos utilizados pelo Hamas nas atrocidades do
dia 7 de outubro.Vídeo do exército israelense mostra explosão em
instalações de armas do Hezbollah / REUTERS
Este foi apenas mais um dos repetidos avisos israelenses, que exigem
uma retirada total das forças do Hezbollah da região de fronteira, como
foi estabelecido pela resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU.
A resolução pôs fim à última guerra entre os dois lados, em 2006,
quando o Hezbollah concordou em retirar suas forças para o norte do rio
Litani. O grupo xiita, no entanto, nunca cumpriu a determinação. E são
justamente as suas forças especiais entre o rio e a fronteira que atacam
e ameaçam seguidamente os militares e civis de Israel.
CNN percorre a zona de tensão
Viajando nos últimos dez dias por diversas cidades de Israel,
ouvi muitos relatos de representantes do governo, militares,
especialistas e da própria sociedade civil sobre a quase inevitabilidade
da guerra.Militares realizam exercícios com tanques e helicópteros no
norte de Israel / REUTERS
O experiente jornalista Ehud Yaari, do canal 12 de TV, especialista
nos conflitos do Oriente Médio, disse que a guerra vai acontecer mais
cedo ou mais tarde. “Não é bom lutar naquela região nesta época do ano.
Pode demorar semanas ou meses, mas o conflito vai acontecer”, disse.
Nas cidades do norte de Israel a tensão é palpável, assim como o
desejo da população local de eliminar os riscos dos ataques do Hezbollah
–que forçaram a retirada de cerca de 80 mil civis da região.
O kibutz Kfar Blum, que fica a menos de sete quilômetros da
fronteira, está quase totalmente abandonado, mas reservistas do Exército
e algumas famílias voltaram depois de cinco meses de guerra.
Lá, um reservista que lutou na guerra de 2006 falou de forma enfática
à CNN sobre a “necessidade” de se escalar a guerra e derrotar o
Hezbollah.Aviões de guerra israelenses voam em direção à fronteira com o
Líbano / REUTERS
“Você gostaria que sua família e amigos vivessem num lugar que pode
ser atingido a qualquer momento por esses terroristas?”, disse ele
indignado.
Um colega dele, também reservista, foi ainda mais determinado.
“O risco do Hezbollah precisa ser eliminado. E será”, disse.
“Meu único arrependimento é não termos terminado o trabalho na guerra
de 2006”, disse ele, batendo uma mão contra a outra numa demonstração
de irritação contra o grupo xiita.
Menos de duas horas depois da visita, na noite de terça-feira (5), o kibutz foi bombardeado pelo Hezbollah, sem vítimas.
Sarit Zahavi, a presidente e fundadora do centro de pesquisas Alma,
um centro de investigação e educação especializado nos desafios de
segurança de Israel na sua fronteira norte, disse que uma ação militar
contra o Hezbollah é inevitável caso o grupo continue mantendo seus
militares na região de fronteira.
“Israel não quer a guerra. Já dissemos isso várias vezes. Mas estamos
determinados a fazer com que os ataques de 7 de outubro nunca mais se
repitam. Se for necessário enfrentar o Hezbollah para que isso nunca
mais aconteça, assim o faremos”, disse ela.
Zahavi diz que, como moradora da região de fronteira, quer que sua
família e amigos tenham paz e não precisem ser retirados da área nunca
mais.
Representantes das Forças de Defesa de Israel e do governo também
afirmaram que a guerra é inevitável, caso o Hezbollah não desarme o sul
do Líbano.
O representante de um importante ministério isralense preferiu usar a
expressão “opção militar” para se referir às possíveis soluções para a
questão.
O Hezbollah, por sua vez, não dá nenhum sinal de que vai atender às
demandas israelenses. Seu líder Hassan Nasrallah diz que o grupo vai
continuar combatendo os israelenses e que só suspenderá os ataques se um
cessar-fogo permanente com o Hamas acontecer.
Israel, no entanto, dá todas as pistas de que vai atuar para neutralizar o risco do Hezbollah. Muito provavelmente, pela força.
O presidente Lula parece, ou finge não ver, mas as coisas estão desandando e as pesquisas apontam para desaprovação maior do que aprovação já nas próximas rodadas, com queda de popularidade nos diferentes segmentos. Fazer mea culpa não
é e nunca foi seu forte, mas cadê o decantado faro político, a
perspicácia e o carisma de Lula? Está sempre sério, mal-humorado, com
declarações recheadas de erros, não só de comunicação, mas de informação
e compreensão do mundo.
O que Lula e o Brasil ganham com sua teimosia em negar o óbvio, que Nicolás Maduro é
ditador, a Venezuela está em frangalhos e os venezuelanos vivem no pior
dos mundos? A líder oposicionista Maria Corina, impedida de disputar as
eleições de julho por instituições viciadas, cobrou duramente a posição
dele. Lula deu de ombros:
“Eu não fiquei chorando quando não pude concorrer”. E, depois de
relativizar o conceito de democracia, agora avaliza a lisura das
eleições convocadas por Maduro, sem que se saiba com base em quê.
Lula está em seu terceiro mandato à frente da Presidência Foto: Wilton Junior/Estadão
Estamos bem. Jair Bolsonaro,
presidente golpista, reclamava de quem reagia à covid-19 “com mimimi”
ou “como maricas”. E Lula, o presidente democrata, manda a perseguida
pela ditadura parar de chorar e cala sobre Alexei Navalny, morto pelo
autocrata russo Vladimir Putin, sob indignação e raiva de, literalmente, todo o mundo.
Também não se ouviu uma palavra de Lula sobre a dengue, por exemplo,
nem que fosse para explicar que não há produção suficiente de vacinas e
estimular medidas básicas de prevenção. Tudo ficou nas costas da
ministra Nísia Trindade, mas epidemia não é problema exclusivo da Saúde, mas do País. O líder precisa mostrar presença.
Na economia, Lula também insiste em desdenhar do bom senso e da política econômica de Fernando Haddad,
exercitando seu velho populismo e defendendo mais gastos, quando o
principal problema é exatamente o equilíbrio fiscal. Haddad se esfalfa
pela arrecadação, Lula só quer gastar. Sua base petista acha lindo, mas a
realidade grita. Isso não vai melhorar sua popularidade.
As intervenções políticas e voluntariosas na Petrobras e na Vale custam
caro e Lula tem de engolir que, no seu primeiro ano de governo, o lucro
das duas principais empresas do País despencou em relação ao do último
ano de Jair Bolsonaro. As ações seguiram o mesmo caminho. Além de
péssima notícia para o Brasil, é um prato feito para a oposição.
Na sexta-feira, 8, as ações da Petrobras chegaram a cair 13% e
a empresa perdeu R$ 55 bilhões em valor de mercado. O motivo imediato
foi a decisão da cúpula petista da companhia sobre distribuição de
dividendos, mas o que mais pesa é a intervenção política de Lula, na
Petrobras e na Vale. Como o setor de energia, os investidores, o Brasil e
o mundo veem isso?
A pauta econômica e ambiental do governo está parada, com o Congresso
digladiando com o Executivo por emendas e com o Judiciário em temas de
costume. É ano eleitoral e o tempo corre sem perspectiva de
regulamentação da reforma tributária, sem nem sequer início da discussão
sobre tributação da renda e sem avanço em questões essenciais para
recepcionar a COP 28 em 2025. E a articulação política do governo?
Não adianta Lula reclamar de “má vontade” da mídia, porque quem
derruba as manchetes que seriam positivas por negativas é ele próprio.
Um exemplo é o massacre de palestinos, que só piora e cada vez dá mais
razão à dura condenação que Lula faz a Israel. Até os EUA calibram sua
posição: dá armas para Israel, mas começou a jogar comida de aviões para
os famintos de Gaza. Lula poderia ganhar manchetes com suas duras
cobranças, mas atraiu críticas mundo afora com a comparação, errada sob vários ângulos, da ação israelense com Hitler e nazismo, logo, com o Holocausto.
Em vez de “Lula condena massacre”, as manchetes foram, acertadamente,
“Lula compara ação de Israel a Holocausto”. Em vez de “Lula lidera
pressão por democracia na Venezuela”, “Lula relativiza democracia”, ou
“Lula avaliza ditadura de Maduro”. Em vez de “Lucro e ações da Petrobras
e da Vale disparam”, “Lucro da Petrobras cai 33% e valor da companhia
cai R$ 55 bilhões num dia”. Em vez de “Lula cobra controle das contas
públicas”, “Lula exige mais gastos, ignorando equilíbrio fiscal”.
Seus seguidores aplaudem, como aplaudiriam qualquer coisa. E o resto
do País, inclusive o que votou nele em 2022, sem ser petista? A resposta
pode estar nas pesquisas Quaest e Ipec. A popularidade dele caiu entre
os que já eram contra, como os evangélicos, e entre os que eram a favor,
como as mulheres. Logo, logo, as curvas acabam cruzando, com aprovação
menor do que desaprovação. Lula vai finalmente compreender que as coisas
estão desandando?
Vantagens nascem em decisões e portarias e
são compartilhadas por diferentes categorias; só no Judiciário e no
Ministério Público benefícios custaram R$ 9,3 bilhões em 2023
Por Daniel Weterman – Jornal Estadão
BRASÍLIA – O Conselho Nacional de Justiça (CNJ),
que representa os juízes do Brasil, aprovou em 2011 uma resolução
dizendo que todos os magistrados, procuradores e promotores têm direito
aos mesmos benefícios e vantagens no salário. O que era para ser uma
norma de simetria e equilíbrio entre as categorias abriu caminho para a
criação de “penduricalhos” no serviço público. Além disso, é exemplo de
como nasce esse tipo de privilégio na elite do funcionalismo.
Estátua ‘A Justiça’, em frente ao prédio do Supremo Tribunal Federal (STF) Foto: Marcello Casa Jr./Agência Brasil
Quatro anos depois da resolução, o Congresso aprovou uma lei criando
um benefício específico para juízes federais que trabalham em mais de
uma comarca ou acumulam muitos processos. O projeto foi sancionado pela então presidente Dilma Rousseff em 2015.
Em 2020, o CNJ ampliou o pagamento para juízes estaduais. Até então,
esse valor ficava dentro do teto constitucional, que determina que
nenhum servidor público pode receber mais do que um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). O que passa do teto é descontado.
Em 2022, foi a vez dos promotores e procuradores terem acesso ao benefício. O Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP)
recomendou que os membros da categoria tivessem acesso à gratificação,
mas sem vincular o recurso ao teto. Em janeiro do ano passado, o
conselho regulamentou a gratificação, com uma adaptação: ela passou a
ser paga para compensar dias de folga não tirados, se transformando em
“licença compensatória”. O novo penduricalho foi aprovado em 1 minuto e 17 segundos, conforme mostrou o Estadão. Tudo
ficou fora do teto, fazendo com que o benefício se transformasse em
mais um “penduricalho” para aumentar os salários. Procurado pelo Estadão, o CNMP não respondeu o contato até a publicação desta reportagem.
Vendo a manobra dos promotores, o CNJ entendeu que os juízes ficaram
em desvantagem. Afinal, tinham os salários descontados por causa do
teto. O Conselho, então, aprovou outra resolução em outubro de 2023,
ampliando o pagamento fora do teto para todos os juízes do País. Foi um
efeito cascata no “penduricalho”, sacramentando a dobradinha entre
Judiciário e Ministério Público, considerados hoje “elite” do
funcionalismo público. O benefício varia conforme o acúmulo de processos
e pode representar, em um único mês, R$ 40 mil a mais no salário de um
magistrado. Fora a lei de 2015, tudo foi aprovado pelas próprias
categorias, por meio de decisões internas, sem discussão no Congresso.
“Se não fosse com recursos públicos, seria uma brincadeira de
criança”, afirma a diretora de programas da ONG Transparência Brasil,
Marina Atoji, ao falar da ampliação do benefício. De acordo com ela, a
gratificação é um exemplo de como um privilégio nasce no serviço
público: começa de um jeito e é ampliado de outro até ser desvirtuado.
“O que se tem agora é que existe uma elite do funcionalismo. É urgente
fazer uma discussão sobre a legalidade e a constitucionalidade desses
benefícios, especialmente os que são criados para um grupo por uma lei e
depois e ampliados por meio de resoluções e respostas a consultas, à
margem da legislação.”
Os benefícios pagos a juízes e promotores somaram R$ 9,3 bilhões em
2023, de acordo com levantamento da Transparência Brasil. A título de
comparação, é mais do que o governo gasta o ano inteiro com meio
ambiente. Não entram na conta apenas os penduricalhos, mas todas as
vantagens, como auxílio-moradia, adicional de férias, licenças
compensatórias e a gratificação por acúmulo de serviço. A criação de
novos benefícios aumenta, ano a ano, os gastos com funcionários públicos
e o salário médio das categorias.
Dentro do serviço público, o Judiciário é privilegiado. Um integrante
do Judiciário recebia, em média, R$ 8,9 mil por mês em 1985, em valores
atuais. Em 2021, o valor saltou para R$ 16 mil, mais que o dobro do que
um funcionário do Legislativo (R$ 7,3 mil) ou do Executivo (R$ 4,5
mil), segundo dados do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
Esse e outros privilégios surgiram como compensação às mudanças no
auxílio-moradia, que ficou mais rígido. Em 2018, o pagamento começou a
ser feito apenas para juízes que atuam fora da comarca de origem, que
não tenham casa própria no novo local ou residência oficial à
disposição. O CNJ defende a ampliação da gratificação, citando a
equiparação entre juízes e integrantes do Ministério Público como
cumprimento da Constituição e
da resolução de 2011. “Do valor total destinado a recursos humanos que
envolve pagamento de subsídios e remunerações de magistrados e
servidores, apenas 8,2% são referentes ao pagamento de benefícios (ex.:
auxílio-alimentação, auxílio-saúde)”, disse o conselho ao Estadão.
Em nota, a Associação dos Magistrados do Brasil (AMB) afirmou que as
resoluções do CNJ seguem o que está disposto na lei e que a remuneração
dos juízes “é compatível com a relevância da função desempenhada e
similar à de juízes de países que adotam um sistema de justiça
semelhante ao nosso”. “Infelizmente, a correção do subsídio, que deveria
ocorrer anualmente, conforme a Constituição, não tem conseguido sequer
repor a inflação – o que resulta em um número cada vez maior de
profissionais que deixam a carreira pública em busca de melhores
oportunidades na iniciativa privada”, destacou a entidade.
Passagem aérea e bônus de aposentadoria também viram privilégios
Os privilégios não ficam restritos ao Judiciário. O Congresso aprovou
uma proposta que garante o pagamento de passagens aéreas para
parlamentares e ministros do governo ao irem para Brasília e voltarem
para casa, nos Estados. O gasto é bancado com dinheiro público. Os
parlamentares, no entanto, não apresentaram nenhuma estimativa de
impacto da medida, e não se sabe quanto as passagens vão custar no
Orçamento.
O presidente Lula sancionou a medida. O pagamento de passagens aéreas
foi aprovado enquanto Congresso e Executivo debatiam outras medidas
incluídas no mesmo projeto de lei, como o calendário de pagamento das
emendas parlamentares e o valor do fundo eleitoral. As passagens saíram
ilesas da discussão, sem oposição. De última hora, o Congresso retirou
os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) do benefício, que haviam
sido incluídos na versão inicial.
“Do ponto de vista fiscal, o penduricalho é quase irrelevante, mas
levanta uma discussão sobre a qualidade do gasto, e serve para perceber
como os governos começam a pagar mais salário com outro nome”, diz o
economista Raul Velloso, especialistas em contas públicas. Ele observa
que esses benefícios não se incorporam na aposentadoria, onde está o
maior problema financeiro da União, dos Estados e dos municípios. “Por
isso, é muito fácil defender os penduricalhos.”
Militares receberam privilégios e oficiais chegaram a receber R$ 1 milhão em um único mês
Em 2019, enquanto o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro e o
Congresso discutiam uma reforma da Previdência para reduzir os
benefícios pagos para futuros aposentados e segurar o aumento dos gastos
do governo, Executivo e Legislativo se juntaram para ampliar os
privilégios de uma categoria específica de servidores públicos: os
integrantes das Forças Armadas. Na reforma dos militares,
feita por meio de um projeto de lei paralelo, a indenização paga quando
eles são transferidos para a reserva subiu de quatro para oito vezes o
valor do soldo. A medida fez com que oficiais recebessem até R$ 1 milhão em um único mês em plena pandemia de covid-19.
O presidente Lula,
com os aplausos de si próprio, da primeira-dama e do maior cordão de
bajuladores que já se formou na história da República, entrou em estado
de coma moral. A coisa não é de agora – Lula, há muito tempo, vem
sofrendo de falência geral dos órgãos que determinam a conduta das
pessoas de bem. Mas esse processo se acelerou notavelmente depois que
assumiu a presidência pela terceira vez. Não é que ele não seja capaz de
entender a diferença entre o bem e o mal. Ele entende, sim – mas
escolhe sempre ficar com o mal. Ficou de novo ao lançar sua última ideia
como “líder mundial”, uma das piores que já teve em catorze meses de
governo.
Lula
exaltou marcação de eleições na Venezuela e não pareceu preocupado com o
fato de a opositora de Maduro, seu aliado, ter sido impedida de
disputar Foto: Wilton Junior/Estadao
Foi um momento de superação. Lula conseguiu dizer que a maior vítima da ditadura da Venezuela no momento, a candidata de oposição que foi proibida pelo TSE local de disputar a próxima eleição com Nicolás Maduro, deveria parar de “ficar chorando”. É assim, exatamente, que funcionam hoje os circuitos mentais do presidente: a luta de Corina Machado em defesa da liberdade, da vontade popular e das regras mais elementares da democracia é uma “choradeira”.
Corina se propõe a derrotar nas urnas um ditador que está lá há 11
anos, apenas isso; é vista em todo o mundo civilizado como uma
combatente da democracia. Para o presidente do Brasil, porém, ela está
sendo apenas uma mulher histérica. O herói, para ele, é o ditador.
Lula, nas suas miragens de “líder latino-americano”, tinha conseguido
até agora um fracasso em estado puro: meteu-se pateticamente na última
eleição da Argentina, e o seu candidato levou uma surra. Mete-se, no
momento, no que a ditadura da Venezuela chama de “eleição” – uma fraude
já contratada e especialmente grotesca, em que a mera marcação de uma
data para as eleições é festejada por Lula como um triunfo da
democracia. Já não havia candidata de oposição, declarada “inelegível” e
ameaçada de prisão. Não havia nem a data para as pessoas votarem.
Agora, a oposição continua proibida de concorrer, mas a data foi
marcada. Tudo resolvido, para Lula. O ditador, a ditadura e o amor
venceram – e quem acha isso errado está apenas “chorando”.
Ao contrário do que aconteceu na Argentina, Lula está garantido na Venezuela: o seu candidato é o único.
O Brasil, porém, é submetido por ele a mais uma humilhação na
comunidade internacional. Deixamos de ser uma nação decente; a única
certeza que a política externa brasileira oferece hoje ao mundo é que
estará sempre, em qualquer circunstância, ao lado das ditaduras. Lula já
foi capaz de ficar a favor dos carcereiros e contra os presos políticos
que faziam greve de fome em Cuba. Hoje é capaz de tudo.
Maior montadora do mundo tem sido criticada
por vender poucos veículos elétricos, mas sua decisão de focar em
híbridos está rendendo financeiramento
Por Neal Boudette (The New York Times) – Jornal Estadão
Na indústria automobilística atual, de alta tecnologia e altas
apostas, as fortunas podem mudar rapidamente, e não há melhor exemplo
disso no momento do que aToyota Motor.
Não faz muito tempo, parecia que a Toyota havia ficado perigosamente para trás emveículos elétricos.
A Tesla, pioneira dos carros elétricos, cresceu rapidamente e se tornou
a montadora mais valiosa do mundo. Vendo o sucesso da Tesla, outras
empresas, como a General Motors e a Ford Motor, concluíram que um grande
número de consumidores estava pronto para mudar para carros e caminhões
movidos a bateria e começaram a investir dezenas de bilhões de dólares
para alcançar isso.
A Toyota, no entanto, foi mais cautelosa — ou letárgica, diriam seus
críticos. Ela introduziu apenas dois modelos totalmente elétricos nos
Estados Unidos até agora, apostando que seus híbridos a
gasolina-elétricos e veículos híbridos plug-in, pelos quais se tornou
conhecida, permaneceriam populares e seriam suficientes para lidar com
as mudanças climáticas, ao menos por enquanto.
Fábrica da Toyota, em Sorocaba, onde a empresa produz carros híbridos, que usam bateria, etanol e gasolina. Foto: WERTHER
Diante de todo o entusiasmo pelos veículos elétricos nos últimos
anos, parecia que a Toyota simplesmente não tinha entendido o cenário.
“Fiquei chocado quando ouvi pela primeira vez a estratégia da Toyota,
porque eu podia ver o que a Tesla estava fazendo”, disse Earl Stewart,
um concessionário da Toyota em Lake Park, Flórida, que também gosta de
dirigir seu Tesla Model S.
Mas, nos últimos seis meses, as vendas de veículos elétricos
desaceleraram, e os compradores de carros americanos, que buscam cortar
suas contas de combustível, têm migrado para os híbridos. Agora, as
vendas da Toyota estão crescendo, e a empresa está reportando lucros
enormes.
“Não é a primeira vez que a Toyota me prova que eu estava errado, e também não será a última”, disse Stewart.
A súbita força da Toyota serve como um lembrete de como a indústria
automotiva está mudando profundamente. Tecnologias em desenvolvimento,
como veículos elétricos, microchips avançados e software, estão
transformando o que era um setor estável e de movimento lento em uma
indústria dinâmica, na qual até mesmo fabricantes ágeis e bem
gerenciados podem ser desviados de seu curso.
A Toyota, uma empresa japonesa, é a maior montadora do mundo: ela
vendeu mais de 11 milhões de veículos em 2023, mais de seis vezes o
número vendido pela Tesla. A companhia subiu os degraus da indústria
lentamente, ao longo de meio século, primeiro exportando carros pequenos
para os Estados Unidos, depois construindo fábricas pelo Sul e
Meio-Oeste, adicionando uma marca de luxo e expandindo para os segmentos
dominados pelos seus rivais baseados em Michigan, como as caminhonetes
de tamanho grande.
Ao longo do caminho, a Toyota desafiou a sabedoria convencional da
indústria em algumas ocasiões. A introdução de sua marca de luxo Lexus,
em 1989, parecia uma aposta arriscada, até que ultrapassou a BMW e a
Mercedes-Benz em vendas. Há 21, a Toyota lançou o Prius, um carro
pequeno com um motor a gasolina compacto e um motor elétrico alimentado
por uma bateria.
A combinação permite que o Prius percorra 80 km ou mais com um galão
de gasolina (3,87 litros), e um modelo híbrido plug-in pode fazer
viagens curtas sem usar gasolina alguma. Outros fabricantes de
automóveis desprezaram o carro como uma curiosidade, mas o Prius foi um
sucesso, e antes que se desse conta, a GM, a Ford e outras empresas
desenvolveram seus próprios híbridos.
O diretor-executivo da Tesla, Elon Musk, despreza os híbridos, dizendo
que não faz sentido ter dois sistemas de propulsão sob o capô. Os
consumidores parecem não se importar. A Toyota oferece mais de duas
dezenas de modelos híbridos ou híbridos plug-in, e eles representam
quase 30% de suas vendas, muito mais do que na maioria das outras
montadoras. No ano passado, no mercado dos EUA, a Toyota vendeu 2,2
milhões de veículos — mais do que qualquer outra montadora, exceto a GM.
Em vez de elétricos puros, Toyota decidiu focar nos híbridos. Foto: WERTHER
Em janeiro e fevereiro, as vendas da Toyota nos EUA subiram 20%,
impulsionadas por um aumento de 83% nas vendas de seus modelos híbridos e
plug-in.
“Não estamos dizendo que os veículos elétricos não sejam uma boa
solução para as emissões de carbono”, disse Jack Hollis, vice-presidente
executivo da divisão norte-americana da Toyota. “Eles são. Apenas não
são a única solução, e muitos de nossos clientes têm nos dito que querem
escolha — híbridos, plug-ins e veículos elétricos.”
A estratégia está dando certo. No período de nove meses a partir de
abril do ano passado, a Toyota lucrou US$ 27 bilhões, aproximadamente o
dobro de seus ganhos do mesmo período do ano anterior. Em comparação, o
lucro de US$ 15 bilhões da Tesla em 2023 foi cerca de 19% maior que o
resultado de 2022.
Os investidores têm notado. O mercado de ações agora avalia a Tesla
em menos da metade de seu pico de valor de mercado, de US$ 1,2 trilhão,
em novembro de 2021 — em grande parte, porque suas vendas estão
crescendo mais lentamente, e o lucro que ela obtém por carro tem caído.
Durante o mesmo período, a avaliação da Toyota cresceu aproximadamente
um terço, alcançando cerca de US$ 400 bilhões.
Mike Ramsey, analista na firma de pesquisa Gartner, disse que a
estratégia híbrida da Toyota é forte e baseada em lógica de longo prazo,
mas mudanças na tecnologia ou no mercado poderiam minar o desempenho
futuro e a posição da companhia.
“A Toyota parece oscilar entre medíocre e gênio, dependendo do estado
atual do pensamento sobre tecnologia”, disse ele. “Mas,
independentemente de qualquer coisa, eles ainda parecem vender mais
carros e caminhões do que qualquer outro.”
Um grande mercado onde a Toyota está enfrentando dificuldades é a
China, o maior mercado automobilístico do mundo. Muitos compradores
chineses estão optando por veículos elétricos,ajudando montadoras domésticas, como a BYD, a ganhar participação sobre Toyota, Volkswagen e outros fabricantes estrangeiros.
A Toyota tem outros problemas também. Sua subsidiária Daihatsu, que
fabrica carros pequenos, interrompeu temporariamente toda a produção no
Japão em dezembro, após revelar que havia trapaceado em testes de
segurança.
Por enquanto, contudo, o ritmo deliberado da Toyota parece estar
funcionando no geral, e vários outros grandes fabricantes de automóveis
têm se movido em direção ao caminho da empresa.
A Mercedes-Benz, que esperava eliminar os modelos de combustão
interna até 2030, disse no mês passado que adiou esse objetivo por pelo
menos cinco anos. A Ford reduziu as metas de produção para veículos
elétricos e está retardando a construção de fábricas que deveriam
produzir baterias para veículos elétricos.
A GM, que havia parado de vender híbridos nos Estados Unidos para
focar em veículos elétricos, adiou a introdução de alguns modelos
movidos a bateria. Ela também está planejando reintroduzir modelos
híbridos e híbridos plug-in, que os concessionários haviam pedido.
“Implantar tecnologia plug-in em segmentos estratégicos trará alguns
dos benefícios ambientais dos veículos elétricos, enquanto a nação
continua a construir sua infraestrutura de carregamento”, disse Mary T.
Barra, diretora-executiva da GM, em fevereiro.
Até agora, os veículos elétricos falharam em conquistar muitos
compradores de carros, porque são geralmente mais caros que os modelos
de combustão ou híbridos, mesmo levando em conta incentivos
governamentais. Os desafios do carregamento de veículos elétricos,
preocupações com a autonomia e desempenho em clima frio também fizeram
algumas pessoas hesitarem.
Híbridos não enfrentam muitos desses problemas. Alguns híbridos
custam apenas algumas centenas de dólares a mais que carros a gasolina
similares – um prêmio que os proprietários podem recuperar rapidamente
em economia de combustível. Além disso, híbridos regulares nunca
precisam ser plugados.
Modelos híbridos plug-in, alguns dos quais podem viajar apenas com
eletricidade por mais de 64 quilômetros e têm um motor a gasolina para
viagens mais longas, têm baterias muito menores que os veículos
elétricos e podem ser recarregados relativamente rápido. Mas esses
veículos, que compõem uma pequena parte do mercado, podem não ser tão
vantajosos financeira ou ambientalmente quando dirigidos por longas
distâncias somente com gasolina.
A Toyota tem planos de aumentar significativamente a produção e as
vendas de híbridos. Uma versão híbrida de sua picape Tacoma está sendo
lançada. Um sedã Camry redesenhado, previsto para esta primavera, estará
disponível apenas como híbrido.
A empresa também oferecerá uma gama de veículos elétricos, disse o
executivo da Toyota, Mr. Hollis. Cerca de 30 modelos chegarão até 2026,
ano em que a Toyota espera que suas vendas de veículos elétricos nos EUA
tenham aumentado para cerca de 1,5 milhão de unidades por ano. No ano
passado, ela vendeu cerca de 15.000.
Na Flórida, os novos Toyotas que chegam na concessionária de Stewart
mal tocam o pátio antes de serem vendidos. No início de março, ele tinha
apenas cerca de 150 veículos no inventário, abaixo dos 500 que
costumava ter antes da pandemia.
Isso não desanimou os clientes, que se acostumaram a esperar meses
depois de encomendarem veículos. Em um determinado momento no ano
passado, ele tinha 1.300 veículos encomendados, e clientes para todos
eles.
“Vendo Toyotas desde 1975, e os negócios estão melhores do que
nunca”, disse ele. “As pessoas estão fazendo fila para comprar de mim.”
Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado por nossa equipe editorial. Saiba mais em nossa Política de IA.