segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

VIOLÊNCIA GERA CUSTOS TANGÍVEIS E INTANGÍVEIS PARA AS EMPRESAS

História de Carlos Eduardo Valim • Jornal Estadão

Os gastos diretos das empresas brasileiras para evitar episódios de violência podem ser mensurados por meio dos custos com segurança patrimonial e seguros, sem contar as perdas causadas por roubos de produtos e equipamentos. Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostram que as companhias do País gastam, por ano, cerca de R$ 171 bilhões com segurança, o equivalente a 1,7% do PIB de 2022.

Mas há uma série de outros custos intangíveis que também afetam as empresas e a economia brasileiras. E eles são de diversas naturezas. Devido aos homicídios, por exemplo, trabalhadores precisam ser substituídos. A troca exige treinamento e tempo para uma pessoa nova ocupar a mesma função da anterior. Regiões violentas afastam investimentos, empresas e indústrias, que precisam migrar para locais mais distantes ou menos estratégicos.

A violência pode levar à desindustrialização de certas regiões. E fazer com que terrenos se desvalorizem. “Além de perda por subtração, por roubo, existe a perda de desvalorização. Por questões de segurança, o valor de um imóvel chega a ser 30% menor do que outro com as mesmas amenidades e espaço”, diz o economista Daniel Cerqueira, pesquisador do Ipea e membro do conselho do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Além disso, a mão de obra disponível no futuro também poderá apresentar falhas em sua formação, em um cenário, por exemplo, em que crianças precisam faltar às aulas ou encontram escolas fechadas devido à criminalidade. Áreas consideradas mais violentas também podem afastar trabalhadores e executivos e, para contornar isso, empresas podem ter de pagar salários maiores para convencê-los a ficar na vaga.

Insegurança afeta a economia baseada no turismo, com viajantes evitando alguns destinos, apesar do potencial de lazer e de atratividade Foto: Pedro Kirilos/Estadão

Insegurança afeta a economia baseada no turismo, com viajantes evitando alguns destinos, apesar do potencial de lazer e de atratividade Foto: Pedro Kirilos/Estadão© Fornecido por Estadão

A insegurança afeta ainda a economia baseada no turismo, com viajantes evitando alguns destinos, apesar do potencial de lazer e de atratividade. Como efeito, restaurantes e empresas de serviços perdem receita. O medo de ataques criminosos pode interromper a circulação de cidadãos à noite, gerando o fim da vida noturna em algumas regiões.

Os gastos com proteção, segurança patrimonial e seguros poderiam também ser mais bem empregados em atividades que trazem produtividade. Esse aspecto é chamado de custo de oportunidade, conceito que representa o valor perdido ao se fazer uma escolha entre diferentes alternativas de investimento.

Ainda não foi feito no Brasil um estudo amplo abarcando tantas variáveis, mas pesquisas sobre alguns aspectos isolados e análises de estudiosos dão a dimensão do problema. Estudos de 2007 e de 2014 de Cerqueira, reconhecidos pelo Prêmio BNDES e pela Associação Nacional dos Centros de Pós-Graduação em Economia (Anpec), estimaram em 2,3% o custo para o PIB com os homicídios.

O custo intangível é medido pela disposição à tomada de ações por indivíduos e empresas para evitar violência letal. Em relação ao PIB de 2022, o último com dados completos disponíveis, esses custos chegariam a R$ 252 bilhões ao ano.

“Devido ao risco para as pessoas que vivem numa sociedade violenta, há um custo intangível que gera perdas econômicas, à medida que os indivíduos mudam o padrão de consumo e a forma de consumir”, diz Cerqueira. Exemplo disso são quando as pessoas evitam certas regiões ou sair à noite.

“Quantas pessoas deixaram de viver no Rio de Janeiro ou deixaram de investir na cidade por conta da violência?”, questiona a economista Joana Monteiro, coordenadora do Centro de Ciência Aplicada a Segurança da Fundação Getulio Vargas.

Em sua tese de doutorado, a economista estudou como o fechamento de escolas devido a incidentes de segurança prejudicam o aprendizado. “É a violência causando uma armadilha de pobreza. Ela afeta todo mundo”, diz. “É difícil pensar em cidade mais afetada do que o Rio de Janeiro, desde a qualidade de aprendizado dos seus habitantes mais pobres até o turismo.”

Procurada, a Secretaria de Segurança do Estado do Rio informou que ocorrências de crimes contra o patrimônio e contra a vida caíram no ano passado e que estão sendo feitos investimentos.

O turismo, inclusive, é um dos setores mais citados quando se fala de perdas intangíveis. “Infelizmente, o Brasil acabou sofrendo por décadas com uma percepção de insegurança, que muitas vezes era pior até do que de outros países até mais inseguros”, diz a presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav) Nacional, Ana Carolina Medeiros. “Agora, o País está trabalhando cada vez mais a sua imagem, mas ainda é um país que atrai menos viajantes do que o México e do que o Chile, relativamente ao seu tamanho, potencial e população.”

Regiões degradadas

A violência também afasta empresas e investimentos de regiões, mesmo que elas tenham localização estratégica próxima a mercados consumidores e a outros elos da cadeia de produção. O bairro do Jacarezinho, na Zona Norte do Rio de Janeiro, por exemplo, se expandiu devido a um polo fabril que contava com a fabricante de fósforos Cruzeiro, a produtora de vidros Cisper e até uma unidade da gigante industrial americana General Electric, a partir dos anos de 1960.

O polo industrial se beneficiava por ser atravessado por uma linha ferroviária. Mas, com o crescimento desordenado da população no entorno e o aumento das incidências de crimes, as empresas foram deixando a região a partir da década de 1990.

“Segurança pública é uma questão de competitividade. Melhores regiões tendem a reter e atrair investimentos. Onde há mais crimes, existe maior dificuldade para isso. As empresas locais postergam investimentos ou até mudam de região”, diz o gerente de Infraestrutura da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Isaque Ouverney.

“A segurança é um fator preponderante para a tomada de decisões econômicas.” Para três em cada quatro indústrias do Rio de Janeiro, as decisões de investimentos, em termos de localização, são afetadas pelas condições de segurança, segundo sondagem industrial de 2018, da Firjan.

Concebido na década de 1970, mas inaugurado em seu primeiro trecho apenas em 2014, o Arco Metropolitano do Rio de Janeiro é um exemplo. Ele foi um projeto longamente pensado como um indutor de desenvolvimento para o entorno da cidade e para desviar o tráfego das principais vias da capital fluminense.

Arco Metropolitano do Rio de Janeiro foi pensado como indutor de desenvolvimento para o entorno da cidade e para desviar o tráfego das principais vias da capital fluminense Foto: Fabio Motta/Estadão

Arco Metropolitano do Rio de Janeiro foi pensado como indutor de desenvolvimento para o entorno da cidade e para desviar o tráfego das principais vias da capital fluminense Foto: Fabio Motta/Estadão© Fornecido por Estadão

Agora, no entanto, os objetivos de atrair fábricas e centros de distribuição para as redondezas estão sendo prejudicados pelo alto nível de ocorrências de roubos ao longo do seu trajeto. “A cidade perde, a população da região perde e a concessionária da via perde com um menor tráfego”, diz Ouverney.

Os roubos podem causar até falências. Foi o que aconteceu com diversas transportadoras, durante o pico de roubo de cargas no Rio de Janeiro, em 2017. Segundo o estudo Atlas da Violência, do Ipea, 13% das empresas transportadoras faliram, ao mesmo tempo que os preços de algumas mercadorias podem ter aumentado até 30%, devido ao custo do frete e do seguro.

A Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio informou que os números de roubos de cargas “estão em constante queda”, chegando em 2023 ao menor patamar desde 1999, e que os crimes contra a vida também vêm registrando redução.

“A letalidade violenta (homicídio doloso, lesão corporal seguida de morte, morte por intervenção de agente do Estado e roubo seguido de morte) apresentou queda significativa em 2023, alcançando a menor marca em 32 anos”, informou a secretaria.

“As reduções dos crimes contra o patrimônio e contra a vida são resultado do forte investimento — R$ 2,5 bilhões — que o governo do Estado do Rio vem fazendo em tecnologia, inteligência e treinamento das forças policiais e do trabalho integrado das polícias Civil e Militar”, concluiu.

A segurança no Arco Metropolitano, ainda segundo o governo fluminense, é de atribuição da Polícia Rodoviária Federal.

 

EMPRESA TOMADORA DE EMPRÉSTIMOS TERÁ UM CRÉDITO DO SPREAD BANCÁRIO

 

História de ADRIANA FERNANDES E IDIANA TOMAZELLI • Folha de S. Paulo

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lançou uma ofensiva para tentar derrubar o custo do crédito para as empresas em 2024 e aposta em nove projetos para atacar o chamado spread bancário.

Uma das propostas em estudo é incluir, na regulamentação da reforma tributária, a concessão de um crédito presumido para companhias que tomarem empréstimos no setor financeiro.

O spread é a diferença entre os juros que o banco cobra ao emprestar aos clientes e a taxa que ele paga para captar o dinheiro. A ideia é que as empresas usem o valor do crédito em impostos para abater o pagamento de tributos federais, o que significa na prática uma redução da carga sobre as operações.

O secretário de Reformas Econômicas do Ministério da Fazenda, Marcos Barbosa Pinto, antecipou à Folha que o pacote vai buscar um modelo de IVA (Imposto sobre Valor Agregado) para o sistema financeiro que permita a redução do spread e garanta a não cumulatividade do tributo —evitando a cobrança em cascata de imposto sobre imposto.

“Nenhum país do mundo acertou um bom modelo de IVA do setor financeiro. Nós temos condições de fazer um ótimo modelo. Não podemos nos contentar em ficar com um modelo parecido ao do PIS/Cofins hoje”, afirma Pinto.

A discussão está sendo feita no nível técnico entre as equipes de Reformas Econômicas e da Secretaria Extraordinária da Reforma Tributária, comandada por Bernard Appy. “Se não for possível, não vamos fazer, mas a sensação que se tem é que é viável”, ressalta.

A reforma tributária instituiu um regime específico de tributação para os serviços financeiros, o que inclui operações de crédito e a chamada intermediação financeira (o spread bancário). Eles serão tributados pelo novo IVA, mas com regras específicas a serem definidas em lei complementar.

A ideia do governo é permitir, na regulamentação, que as empresas que tomarem um empréstimo no sistema financeiro tenham direito a um crédito presumido relativo ao tributo cobrado pela instituição financeira na concessão do financiamento.

“Queremos agora acertar um modelo de IVA que reduza custos, para que seja moderno, com menos obrigações acessórias para o setor financeiro, e que, na medida do possível, dê o crédito para as pessoas jurídicas que tomaram empréstimo”, afirma Pinto.

A maioria dos países isenta o spread bancário da tributação. No Brasil, a carga tributária incidente sobre as operações responde hoje por 22% do custo de intermediação.

A dificuldade, afirma o secretário, é que a reforma foi aprovada com uma trava: o nível de tributação dos bancos não pode nem subir nem cair. A exigência é manter o mesmo patamar atual de carga sobre o setor.

Mesmo que assim desejasse, o Executivo enfrentaria obstáculos legais para reduzir a cobrança ou até mesmo isentar o spread. A concessão do crédito presumido, porém, poderia alcançar o efeito esperado sem esbarrar nesse problema.

A nova rodada de medidas para atacar o custo do crédito das empresas e o spread contém também projetos que já tramitam no Congresso Nacional, mas não avançaram no segundo semestre do ano passado diante da pauta econômica muito concentrada nas questões fiscais, orçamentárias e na própria PEC (proposta de emenda à Constituição) da reforma tributária.

O foco da agenda do Ministério da Fazenda agora é aprovar a regulamentação da reforma tributária e um novo arcabouço jurídico e regulatório do sistema financeiro por meio desses projetos.

Segundo o secretário, a novidade em relação a outras tentativas do passado é que o pacote de propostas cria condições para aumentar a competição no mercado de crédito no Brasil, hoje concentrado nos grandes bancos.

O objetivo é lançar mão de instrumentos que facilitem a busca de recursos para novos investimentos das empresas no mercado de capitais, por meio de emissão de títulos privados e na Bolsa.

No Brasil, o spread é historicamente elevado por diversas razões, como alta inadimplência, baixa competição e tributação elevada.

No ano passado, a taxa média de juros cobrados nos novos empréstimos caiu a 28,4%, 1,7 ponto porcentual abaixo do verificado em 2022. Mas a queda veio acompanhada de uma alta de 0,4 ponto percentual no spread bancário, que fechou o ano passado em 19,7 pontos percentuais, segundo dados do Banco Central.

Para tentar atacar os diferentes componentes desse custo, a agenda de crédito da Fazenda contém cinco pilares: redução da inadimplência, mercado de capitais, regulação do setor bancário, mercado de seguros e a tributação do setor financeiro após a reforma.

Um dos focos é atacar a alta inadimplência dos financiamentos que não têm garantias e melhorar a recuperação dos ativos pelos credores nos processos de falência.

Hoje, a taxa de recuperação de ativos é de 12,2%, e das dívidas, de apenas 6,1%. Os indicadores são considerados muito baixos perto do que as empresas costumam oferecer em bens e recursos no início dos processos.

O grande entrave é a demora na arrecadação e avaliação dos bens, que contribui para a perda de valor dos ativos e compromete o sucesso do plano. O projeto que altera a Lei de Falências propõe a instituição de um gestor fiduciário, que terá mais flexibilidade e agilidade para vender os bens e pagar os credores da companhia.

Outro projeto prevê punir administradores de empresas que infringirem as regras de funcionamento do mercado de capitais, o que inclui casos de fraude contábil —como o ocorrido no caso das Americanas, por exemplo.

Se aprovada, a nova lei não valerá para casos passados, mas dará mais segurança aos investidores, encorajando o aporte de recursos em companhias e ampliando essa fonte de capitais —com aumento da concorrência no mercado de crédito.

Pinto afirma que a inadimplência tem caído nos últimos anos, mas ainda há um longo caminho pela frente diante da persistência do spread em níveis elevados.

Apesar do nome em inglês e de muitas vezes ser de difícil compreensão pelo público em geral, o spread bancário afeta diretamente a vida dos cidadãos e da economia. O custo de intermediação elevado torna o crédito mais caro e menos acessível, o que impacta negativamente o consumo.

“Essa é uma agenda importantíssima. Imagina o tanto de investimento que deixa de ser feito porque o investidor vai pegar um empréstimo e vê que não consegue pagar”, afirma Pinto.

Em sua avaliação, o debate econômico no Brasil tem se concentrado há anos no ajuste fiscal e na taxa de juros, mas é hora de atacar com mais força as questões microeconômicas, como a baixa produtividade que inibe o crescimento do país.

“Ficamos discutindo qual vai ser a meta fiscal, se a taxa Selic está no nível correto ou não. Obviamente, não tem como crescer sem responsabilidade fiscal e inflação controlada, mas elas não são suficientes”, diz.

OS PILARES DA AGENDA DE CRÉDITO

O governo divide a agenda de crédito e redução do spread bancário, sobretudo para empresas, em cinco pilares:

1) Redução da inadimplência

Projeto que aprimora Lei de Falências (PL 3/2024): amplia a participação dos credores no processo, institui a figura do gestor fiduciário e facilita a venda de ativos, o que tende a estancar processo de deterioração do valor desses bens —que hoje compromete os índices de recuperação de valores para honrar obrigações

Execução extrajudicial (PL 6.204/2019): permite e dá diretrizes à execução extrajudicial de títulos executivos civis extrajudiciais e judiciais, o que facilita a penhora e avaliação dos bens do devedor, a realização de expropriação e o pagamento dos credores

2) Mercado de capitais

Ressarcimento a investidores (PL 2.925/2023): prevê responsabilização civil dos administradores em caso de fraude contábil. Também amplia poderes de atuação da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), a xerife do mercado financeiro

Regime legal de juros (PL 6.233/2023): uniformiza a aplicação de juros em contratos de dívida em que a taxa não for convencionada e na responsabilidade civil extracontratual. Também padroniza a taxa legal aplicada no âmbito do Judiciário, podendo reduzir litígios em torno do cálculo desses encargos

3) Setor bancário

Projeto de resolução bancária (PLP 281/2019): aperfeiçoa a liquidação extrajudicial, cria um regime de estabilização para instituições sistemicamente importantes e determina a ordem de utilização dos recursos em casos de necessidade de socorro, começando pelos recursos privados de acionistas e dívidas subordinadas, chegando a verbas públicas apenas em última instância

Infraestruturas do mercado financeiro (PL 2.926/2023): aprimora a distribuição de competências entre Banco Central e CVM, além de estimular a competição e elevar a eficiência das operações entre instituições financeiras.

4) Seguros

Cooperativas de seguros (PLP 101/2023 e PLP 519/2018): amplia as modalidades em que as cooperativas de seguros podem atuar, estimulando a competitividade do mercado e elevando a oferta para consumidores e segmentos de menor escala

Contratos de seguro (PLC 29/2017): institui lei geral para os contratos de seguros e dá mais proteção aos segurados, com maior segurança de que as indenizações serão honradas

5) Regulamentação da reforma tributária

Governo pretende propor um modelo para o IVA (Imposto sobre Valor Agregado) do setor financeiro que seja não cumulativo e reduza o custo do crédito. A ideia é conceder um crédito presumido para a empresa que toma o empréstimo, que poderá ser usado para abater os tributos a pagar

ATO DE BOLSONARO EM S. PAULO REUNIU 600 MIL PESSOAS

História de Zeca Ferreira • Jornal Estadão

manifestação convocada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para este domingo, 25, na Avenida Paulista, em São Paulo, reuniu 600 mil pessoas em uma das vias mais importantes da capital paulista, segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP). O número de presentes ultrapassou o registrado em atos anteriores promovidos pelo ex-mandatário no mesmo local, porém não superou a quantidade de pessoas que foram à avenida durante a campanha pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT) em 2015.

De acordo com a estimativa da SSP na época, 1,4 milhão de pessoas estiveram na Paulista protestando contra a então presidente Dilma Rousseff em março de 2015. Até hoje, esse é considerado o maior protesto registrado na avenida. Por outro lado, a manifestação bolsonarista deste domingo superou os atos de 7 de Setembro de 2021 e 2022, quando 50,4 mil e 125 mil, respectivamente, foram à Paulista em favor de Bolsonaro, segundo a Secretaria.

Na primeira foto, manifestantes pedem pelo impeachment da Presidente Dilma Rousseff, na Avenida Paulista em 2015. Na segunda, ato pró Bolsonaro na Avenida Paulista neste domingo. Foto: Filipe Araújo e Tiago Queiroz/Estadão

Na primeira foto, manifestantes pedem pelo impeachment da Presidente Dilma Rousseff, na Avenida Paulista em 2015. Na segunda, ato pró Bolsonaro na Avenida Paulista neste domingo. Foto: Filipe Araújo e Tiago Queiroz/Estadão© Fornecido por Estadão

Ainda segundo dados da SSP, o público total da manifestação deste domingo chegou a 750 mil, considerando não só os presentes na Paulista como também os manifestantes nas ruas adjacentes.

As estimativas realizadas pela Secretaria, porém, divergem de levantamentos feitos por outras entidades. A pré-campanha do prefeito Ricardo Nunes (MDB), que busca a reeleição com apoio de Bolsonaro, divulgou um texto informando que havia 1,8 milhão de pessoas na Paulista. A equipe do emedebista atribuiu o dado ao Centro de Operações da Polícia Militar (Copom), órgão subordinado à SSP.

A reportagem questionou o Copom sobre a estimativa divulgada pela equipe de Nunes. Em resposta, o oficial de plantão na sala de operações da PM disse que a corporação não havia divulgado quaisquer números sobre a manifestação na Paulista, e que a Secretaria de Segurança Pública era a instância responsável sobre o assunto.

Já o Monitor do Debate Político no Meio Digital, da Universidade de São Paulo (USP), por exemplo, apurou que o público para o pico da manifestação, às 15 horas, foi de 185 mil pessoas. Considerando os dados do monitor da USP, o ato bolsonaristas reuniu mais pessoas do que a manifestação em celebração a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva na eleição de 2022. Em outubro daquele ano, 58,2 mil pessoas se reuniram na Paulista para comemorar a eleição do petista.

Para chegar nesse número, o monitor da USP tirou 43 fotos entre 15h e 17h. Onze fotos foram selecionadas de forma a cobrir a extensão da manifestação na Paulista, sem sobreposição. Cada uma das fotos foi repartida em oito pedaços. Em cada parte, foi aplicada uma implementação do método Point to Point Network (P2PNet)1 que identifica cabeças e estima a quantidade de pessoas em uma imagem. As imagens, reconstituídas, são apresentadas abaixo. O método tem precisão de 72,9% e acurácia de 69,5% na identificação de cada indivíduo.

O Monitor do Debate Político no Meio Digital é um projeto de pesquisa realizado desde 2016 pelo Grupo de Políticas Públicas para o Acesso à Informação (GPoPAI) com sede na USP Leste. Desde agosto de 2022, o projeto faz a estimativa de público de manifestações políticas.

Bolsonaro minimiza minuta do golpe e pede anistia para presos do 8/1

Investigado pela Polícia Federal por suposta tentativa de golpe de Estado, Bolsonaro afirmou neste domingo, durante ato político na Paulista que sofre uma perseguição que se recrudesceu depois que deixou a Presidência no fim de 2022 e pediu anistia a presos do 8 de Janeiro. Em um discurso para milhares de apoiadores, o ex-mandatário negou liderar uma articulação golpista depois da derrota nas eleições.

TB SAO PAULO SP 25/02/2024 POLÍTICA - ATO PRO BOLSONARO - Manifestação com a presença do mesmo e de governadores, deputados e ex-ministros na Avenida Paulista, próximo ao Masp. BOLSONARO TARCÍSIO FOTO TABA BENEDICTO / ESTADAO Foto: TABA BENEDICTO / ESTADAO

TB SAO PAULO SP 25/02/2024 POLÍTICA – ATO PRO BOLSONARO – Manifestação com a presença do mesmo e de governadores, deputados e ex-ministros na Avenida Paulista, próximo ao Masp. BOLSONARO TARCÍSIO FOTO TABA BENEDICTO / ESTADAO Foto: TABA BENEDICTO / ESTADAO© Fornecido por Estadão

Ele minimizou a existência da “minuta do golpe”, da qual foi o mentor, segundo a Polícia Federal (PF). Segundo ele, estados de sítio e defesa estão previstos na Constituição e só poderiam ser acionados depois de consulta a conselhos da República e deliberação do Congresso, o que não ocorreu.

A manifestação com milhares de pessoas foi convocada pessoalmente por Bolsonaro para mostrar força política e apoio popular no momento em que ele e aliados são pressionados por inquéritos da Polícia Federal e do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele se mostrou satisfeito com a adesão dos apoiadores e disse que a “fotografia vai rodar o mundo”.

A manifestação na Paulista foi bancada pelo pastor evangélico Silas Malafaia, que estimou na sexta-feira desembolsar entre R$ 90 mil e R$ 100 mil para arcar com toda a estrutura do evento, como fornecimento de água, instalação de grades e transmissão pela internet — há seguranças privados, mas a Polícia Militar também atua no local. Malafaia alugou dois trios elétricos que estão dispostos em “L”: um maior, onde está Bolsonaro e os aliados mais importantes, de onde são feitos os discursos e um segundo veículo, sem estrutura de som, para abrigar os demais convidados, fotógrafos e cinegrafistas.

 

REPERCUSÃO DO ATO DE BOLSONARO EM S. PAULO NA IMPRENSA INTERNACIONAL

 

BBC News Brasil

'Última resistência ou retorno político?': como a imprensa internacional repercutiu ato de Bolsonaro

‘Última resistência ou retorno político?’: como a imprensa internacional repercutiu ato de Bolsonaro© EPA

imprensa internacional repercutiu no seu noticiário o ato convocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro em São Paulo no domingo (25/2).

“Última resistência ou retorno político?”, perguntou o jornal francês Le Monde em uma reportagem escrita por um correspondente no Brasil.

“Encurralado por investigações judiciais e gravemente ameaçado de prisão, Jair Bolsonaro assumiu a liderança, no domingo, 25 de fevereiro, em uma grande manifestação de apoio a si mesmo.”

O jornal disse que havia um grande número de manifestantes no ato, mas destacou o comedimento de muitos dos presentes.

“A multidão estava lá, é claro. Mas estamos longe do entusiasmo das mobilizações anteriores. Sob um lindo sol, os rostos permaneceram fechados, e as palavras eram controladas. O medo de serem presos por convocarem um golpe é real entre esses bolsonaristas que agora seguram seus ataques contra os odiados juízes do Supremo Tribunal Federal.”

O correspondente do Le Monde também relatou que as bandeiras de Israel na multidão eram “quase tão numerosas quanto as do Brasil”.

“No final deste dia, Bolsonaro terá demonstrado a sua capacidade de mobilização e a resiliência da sua popularidade junto da sua base. Politicamente, ele terá, portanto, ganho alguns pontos. Mas no plano jurídico, o assunto está longe de ser ouvido”, escreveu o jornal, enumerando alguns dos processos aos quais Bolsonaro responde no momento.

“Já condenado a oito anos de inelegibilidade pelos seus ataques ao sistema de votação eletrônica do Brasil, poderá o ‘capitão’ ver a sua cavalgada política terminar atrás das grades? Na extrema direita, alguns já parecem estar preparando a sucessão e imaginando um bolsonarismo sem Bolsonaro. O candidato mais sério continua sendo o ex-ministro e atual governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Presente no Paulista, ele prestou homenagem ao ‘amigo’ e ex-presidente”, diz a reportagem.

Outro jornal francês que noticiou a manifestação na avenida Paulista foi o Le Figaro.

“Apesar destes escândalos, Jair Bolsonaro ainda é considerado o líder da oposição e continua adorado pelos seus apoiantes. Mesmo tendo sido declarado inelegível até 2030 no ano passado por desinformação, o ex-presidente pretende usar sua influência para eleger aliados durante as eleições municipais de outubro, em um país ainda muito polarizado.”

Foto de multidão

O espanhol El País disse que “o bolsonarismo demonstrou orgulho, força e apoio ao líder nas ruas após um ano de discrição”.

“O ex-presidente do Brasil, Jair Messias Bolsonaro, 68 anos, conseguiu este domingo em São Paulo o grande evento que procurava em resposta à acusação de que planejou um golpe de Estado juntamente com vários generais que eram ministros”, escreveu o jornal.

“Cerca de 185 mil fiéis, segundo uma contagem de acadêmicos, apoiaram-no juntamente com quatro governadores aliados e dezenas de parlamentares. Três dias depois de permanecer em silêncio ao ser questionado pela polícia sobre a suposta trama golpista, Bolsonaro queria uma foto de multidão para rebater o que considera uma perseguição judicial.”

O jornal destacou a fala de Bolsonaro de que não havia “tanques nas ruas” e que, portanto, não houve tentativa de golpe. Segundo o jornal, Bolsonaro “ignorou que no século 21 os golpes são perpetrados distorcendo as leis”.

O El País disse que o ex-presidente está “cada vez mais encurralado pela justiça”.

“Os oito casos investigados pelo Supremo têm um pouco de tudo: divulgação de notícias falsas, posse de joias valiosas que eram presentes de Estado e má gestão da covid-19.”

Na imprensa britânica, o ato de Bolsonaro foi noticiado por Daily Mail, Independent e Guardian.

O Daily Mail enumerou as acusações contra Bolsonaro, mas concluiu: “Mesmo assim, Bolsonaro ainda é considerado o líder da oposição e é adorado por seus fervorosos apoiadores”.

“O protesto de domingo à tarde é visto como um teste decisivo ao seu apoio antes das eleições municipais de outubro, nas quais se espera que a sua influência desempenhe um papel fundamental na nação ainda polarizada.”

O Independent destacou que Bolsonaro ainda tem muitos apoiadores no Brasil, apesar das investigações policiais contra ele.

“O evento mostrou que a mensagem de Bolsonaro ainda ressoa entre muitos brasileiros, alguns dos quais evidentemente são a favor de qualquer tentativa de golpe que o coloque no poder. Um homem desfilou com chapéu militar e gritou: ‘Brasil, nação, salve nossas forças. As Forças Armadas não dormiram!'”, escreveu o Independent.

O Guardian destacou na sua manchete: “Dezenas de milhares de pessoas participam de manifestação em apoio ao ex-presidente do Brasil”.

Protesto ocupou quarteirões da avenida Paulista

Protesto ocupou quarteirões da avenida Paulista© Reuters

O ato bolsonarista foi destaque também no Times of Israel, jornal que fez críticas a Lula na semana passada pela fala em que o presidente traça paralelos entre a ação de Israel em Gaza e o Holocausto nazista.

O título do jornal diz: “Em refutação a Lula, o ex-líder do Brasil Bolsonaro agita a bandeira de Israel em comício em massa”.

“O ex-presidente foi fortemente pró-Israel durante o seu mandato. Em uma das suas primeiras medidas depois de vencer as eleições presidenciais de 2018, Bolsonaro prometeu seguir o exemplo do seu modelo político, o então presidente dos EUA, Donald Trump, e transferir a embaixada do Brasil em Israel de Tel Aviv para Jerusalém.”

Veículos alemães — como o Sueddeutsche Zeitung e o Spiegel — também noticiaram o ato na avenida Paulista.

O ATO DE BOLSONARO EM S. PAULO MOVE MULTIDÕES E DIVIDE O PAÍS AO MEIO

Isso, porém, não muda a realidade e as investigações da Polícia Federal e da Justiça contra Bolsonaro e seus aliados

Por Eliane Cantanhêde – Jornal Estadão

O ato deste domingo na Avenida Paulista confirma o que todos sabiam: o ex-presidente Jair Bolsonaro tem base popular, move multidões e divide o País ao meio, como já mostraram os votos de 2022. Isso, porém, não muda a realidade e as investigações da Polícia Federal e da Justiça contra Bolsonaro, seus generais, minutas de intervenção no TSE, anúncio de Estado de Sítio e a longa preparação de um golpe, que, frustrado, virou a invasão e depredação das sedes dos Três Poderes.

Compareceram ao ato de domingo os governadores da linha de frente do bolsonarismo, como Tarcísio de Freitas, anfitrião, Ronaldo Caiado, de Goiás, Jorginho Mello, de Santa Catarina, e Romeu Zema, de Minas Gerais. Ok. O passado diz bastante do que eles foram fazer lá e o futuro dirá se a presença valeu a pena. No final das contas, a história colocará tudo isso em contexto.

Manifestação foi convocada por Bolsonaro em meio às investigações sobre a tentativa de articular um golpe de Estado no Brasil
Manifestação foi convocada por Bolsonaro em meio às investigações sobre a tentativa de articular um golpe de Estado no Brasil Foto: Tiago Queiroz/Estadão

O Brasil estava e continua dividido, logo, nada muda com a nova demonstração de força popular de Bolsonaro, que repetiu as grandes aglomerações de carreatas, motociatas e passeatas na própria Paulista. Por maiores que tenham sido, não refletiam a maioria da população, tanto que ele perdeu em 2022 e se tornou o primeiro presidente derrotado na disputa pela reeleição.

De toda forma, a forte adesão é um recado para o governo Lula, o PT e os antibolsonaristas em geral, de esquerda, centro e direita. Bolsonaro pode ser o que é, pode ter feito tudo o que fez de mal, antes, durante e depois da pandemia, mas o bolsonarismo paira sobre o País, preparando-se para inverter o prato da balança e voltar ao poder.

Isso aumenta a responsabilidade de Lula, que precisa fortalecer suas ações e melhorar seus resultados em áreas em que Bolsonaro foi uma tragédia, como ambiente, defesa dos povos originários, saúde, educação, política externa. Não basta ter ministros e gestores incomparavelmente melhores, Lula tem de mostrar os efeitos em fatos, números e declarações certas, na hora certa.

Bolsonaro chegou até onde chegou com palanques e grandes multidões País afora, mas também apoiado por uma máquina de discursos, realidades paralelas, desqualificação de adversários. Se Lula apresentar resultados expressivos, isso fica mais difícil. Com resultados que deixam a desejar, por exemplo, no desmatamento e nas terras Yanomami, Bolsonaro nada de costas.

O principal efeito do ato na Paulista – sem os cartazes e faixas golpistas – foi jogar luzes num fato real: apesar de tudo o que todos sabemos e com Bolsonaro candidato ou não, o Brasil continua dividido ao meio e o bolsonarismo está vivo. O centro? O gato comeu.

 

19 ANOS DA LAVA JATO E SUA EXTINÇÃO PELO STF

Por Victor Augusto Ramos Missiato

Em 2024, a Operação Lava Jato completará 10 anos. Trata-se da maior investigação anticorrupção da história do Brasil, pois suas ramificações atingiram uma parte importante da elite política e econômica de um dos países mais desiguais do mundo. Para muitas pessoas que cresciam ouvindo que no Brasil os poderosos nunca sofriam as consequências da lei, a Lava Jato representou uma nova cultura jurídica no Brasil, inclusive com novos métodos de investigação e julgamento.

O inicio das investigações ocorreu quando o Ministério Público do Paraná encontrou fortes indícios de um esquema de corrupção envolvendo a Petrobrás e grandes empresas de infraestrutura no que diz respeito ao repasse de propinas para políticos e empresários interessados em assegurar seus privilégios nas licitações e/ou garantir verbas ilícitas para interesses partidários e privados. Os dois principais personagens dessa trama inicial foram o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor da Petrobrás, Paulo Roberto Costa.

Ao todo, foram criadas mais de 70 fases de investigação, percorrendo cerca de sete anos de investigações e condenações. A raiz do problema estava na concentração de licitações por parte de algumas poucas empresas que formavam uma espécie de cartel de pagamentos já estabelecidos e institucionalizados no sistema político por décadas. Com o boom das commodities no início do século XXI, o sistema ampliou demasiadamente os canais de corrupção. Inicialmente, o destino das propinas era feito em espécie, via pagamentos no exterior. Com a maior complexidade do negócio, os pagamentos passaram a ser feitos por transferência internacional ou entrega de bens.

De acordo com o Ministério Público Federal, ocorreram 163 prisões temporárias, 132 prisões preventivas, 1.450 buscas e apreensões, 211 conduções coercitivas, 35 ações de improbidade administrativa, dois acordos de colaboração homologados no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), 138 acordos homologados no STF, 553 denunciados, 723 pedidos de cooperação internacional, R$ 4,3 bilhões devolvidos aos cofres públicos, R$ 2,1 bilhões previstos em multas compensatórias decorrentes de acordos de colaboração, R$ 12,7 bilhões em multas compensatórias de acordos de leniência, R$ 14,7 bilhões previstos para serem recuperados e R$ 111,5 milhões em renúncias voluntárias de réus.

Uma das características mais marcantes da Lava Jato foi o seu processo de americanização dos métodos investigativos e balizamentos de teses para respaldar as decisões judiciais. Trata-se de um movimento iniciado anteriormente, quando foi promulgada a Constituição de 1988. Transformações no perfil político, cultural, econômico e religioso da sociedade brasileira passaram a conviver, também, com transformações profundas na cultura jurídica do país. No texto “Revolução Processual do Direito e Democracia Progressiva”, presente no livro A democracia e os Três Poderes no Brasil (UFMG, IUPERJ/FAPERJ, 2002) Werneck Vianna e o sociólogo Marcelo Burgos analisaram o contexto da transformação americanista do poder judiciário brasileiro. Para os autores, “o federalismo e a separação de Poderes, com a criação de um tribunal superior independente quanto à representação política, importando a novidade na arquitetura republicana da institucionalização de mecanismos de checks and balances, foi o que definiu o excepcionalismo americano” na modernidade (p. 364-365).

Em contraposição ao sistema jurídico civil law, fundamentado em uma tradição romano-germânica do direito, quando cabe ao juiz apenas o papel de interpretação e aplicação da lei, o common law é uma arquitetura jurídica construída nos países anglo-saxões, em especial Inglaterra e, principalmente, EUA. Uma das principais diferenças é que no common law, a aplicação da lei ocorre mediante a regras que vão se consolidando ao longo tempo e transformações nas relações culturais dos cidadãos. Isso confere um grande poder ao juiz, pois cabe a ele acompanhar tais mudanças e aplicar a lei nesses novos contextos. No cenário da Lava Jato, o ex-juiz Sérgio Moro, então responsável pela 13ª Vara da Justiça Federal de Curitiba, assumiu esse protagonismo.

Para além de interesses políticos diversos na escalada de poder e fama de Sérgio Moro, atual senador pelo Paraná, bem como os processos de anulação de julgamentos da Lava Jato, que se iniciaram nos últimos cinco anos, a rede de investigações e métodos da Lava Jato consolidou, indubitavelmente, uma nova cultura jurídica no Brasil. Métodos como a delação premiada passaram a ganhar maior destaque no poder decisório dos juízes, inclusive a partir de decisões feitas pelo Superior Tribunal Federal (STF).

Sendo assim, do tríplex de Lula à suposta tentativa de golpe por parte de Bolsonaro, os juízes brasileiros de várias instâncias vêm se respaldando cada vez mais nas delações premiadas e nas representações político-culturais adjacentes aos cargos que Lula e Bolsonaro ocupavam enquanto ocorriam as supostas criminalidades. No universo das representações, a Lava Jato abriu as portas para uma dialética ainda inconclusiva da cultura jurídica brasileira. Para os amigos a civil, para os inimigos a common.

Este texto reflete única e exclusivamente a opinião do(a) autor(a) e não representa a visão do Instituto Não Aceito Corrupção (Inac). Esta série é uma parceria entre o Blog do Fausto Macedo e o Instituto Não Aceito Corrupção. Os artigos têm publicação periódica

 

A CORTIÇA É UMA BOA ALTERNATIVA AO PLÁSTICO E A OUTROS MATERIAIS DERIVADOS DE COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS

A cortiça está passando por um renascimento à medida que mais setores buscam alternativas sustentáveis ao plástico e a outros materiais derivados de combustíveis fósseis

Por Marta Vidal – Jornal Estadão

O ruído rítmico dos machados batendo nas árvores ecoa nas profundezas da floresta de sobreiros.

Mas em Coruche, uma área rural ao sul do rio Tejo conhecida como a “capital da cortiça” de Portugal, o estrondo das árvores caindo no chão não acompanha o som dos golpes de machado. Em vez disso, trabalhadores experientes retiram cuidadosamente a casca dos troncos das árvores.

Esse ritual anual de extração de cortiça nos meses de verão existe há milhares de anos no Mediterrâneo ocidental. Egípcios, persas, gregos e romanos usavam o material para fabricar equipamentos de pesca e sandálias e para vedar jarros, potes e barris. Quando as garrafas de vidro ganharam popularidade no século 18, a cortiça se tornou o vedante preferido por ser durável, à prova d’água, leve e maleável.

Alona Kozma empilha cortiça numa fazenda em Coruche, Portugal
Alona Kozma empilha cortiça numa fazenda em Coruche, Portugal Foto: Jose Sarmento Matos/The Washington Post

Atualmente, a cortiça está passando por um renascimento à medida que mais setores buscam alternativas sustentáveis ao plástico e a outros materiais derivados de combustíveis fósseis. A casca é agora usada em pisos e móveis, na fabricação de calçados e roupas, e como isolamento em residências e carros elétricos. As exportações de Portugal atingiram o recorde histórico de 670 milhões de euros (R$ 3,6 bilhões) no primeiro semestre de 2023.

Mas a cortiça é mais do que um material verde da moda. Além de criar empregos, as florestas onde ela cresce fornecem alimento e abrigo para os animais, ao mesmo tempo em que sequestram dióxido de carbono. E, ao contrário da maioria das árvores cultivadas comercialmente, os sobreiros nunca são cortados, o que significa que sua capacidade de armazenamento de carbono continua durante os 200 anos ou mais de vida.

Como a cortiça é extraída

Com um golpe firme, Fernando Tacha golpeia o tronco de um sobreiro, depois torce o machado e usa o cabo para erguer delicadamente a tábua.

“Comecei a cortar cortiça quando tinha apenas 19 anos. Agora tenho 69. Mas farei isso enquanto puder”, diz ele, enquanto enxuga o suor da testa. “É um trabalho difícil, mas muito bonito.”

  • O sobreiro é uma árvore perene, baixa e de crescimento lento, endêmica do Mediterrâneo.
  • As florestas mais extensas podem ser encontradas na costa atlântica da Península Ibérica.
  • Em Portugal, o maior produtor de cortiça do mundo, os sobreiros são tão apreciados que foram escolhidos como a árvore nacional do país e são protegidos por lei, portanto é proibido derrubá-los.
  • Espanha é o segundo maior produtor, seguida por Marrocos, Argélia, Tunísia, Itália e França.

O processo de extração da cortiça exige precisão e anos de prática. O golpe do machado deve ser forte, mas também delicado para evitar atingir a casca interna e danificar a árvore. Como o trabalho é muito especializado, é um dos empregos agrícolas mais bem remunerados em Portugal.

A casca só pode ser extraída entre o final de maio e agosto, quando a árvore está em sua fase ativa de crescimento, o que facilita a retirada da camada externa sem danificar o tronco da árvore.

Embora a maior parte da cortiça ainda seja usada como rolha de garrafa, na última década diferentes setores têm encontrado novos usos para ela
Embora a maior parte da cortiça ainda seja usada como rolha de garrafa, na última década diferentes setores têm encontrado novos usos para ela Foto: Jose Sarmento Matos/The Washington Post.

O sobreiro é único em sua capacidade de regenerar a casca. Depois de removida, os trabalhadores escrevem o último número daquele ano com tinta branca no tronco marrom dourado exposto – um três significa que foi colhido em 2023. A casca voltará a crescer lentamente e estará pronta para outra colheita após nove anos. “A árvore sempre se regenera”, diz a engenheira florestal Conceição Santos Silva.

Paula Salgueira, que trabalha na extração de cortiça em Coruche há 35 anos, estende a mão para tocar um carvalho que acabou de ser descascado. “Está frio”, diz ela, enquanto acaricia o tronco liso e desnudado. Enquanto os machadeiros trabalham em pares removendo a cortiça, Salgueira e algumas outras mulheres juntam as tábuas em pilhas para o transporte.

Em seguida, as tábuas serão empilhadas ao ar livre em áreas de armazenamento expostas ao ar e à luz solar. Após seis meses de envelhecimento para remover a umidade, elas serão classificadas de acordo com sua espessura e qualidade e, em seguida, fervidas para limpar as impurezas e tornar o material mais macio e fácil de manusear.

De rolha de garrafa a material ecológico

Embora a maior parte da cortiça ainda seja usada como rolha de garrafa, na última década diferentes setores têm encontrado novos usos para ela.

“Estamos observando um interesse crescente na cortiça como material sustentável”, diz Rui Novais, especialista em materiais da Universidade de Aveiro, em Portugal. “Em comparação com materiais como a espuma de poliuretano (usada para isolamento térmico), os produtos feitos com cortiça requerem menos energia e produzem menos emissões de CO2.”

A casca grossa do sobreiro se adaptou para defender a árvore do fogo, tornando-a um poderoso material isolante que tem sido usado para proteger tanques de combustível em naves espaciais da Nasa e baterias de carros elétricos. Ele também é resistente à água e ao óleo e pode suportar a compressão sem perder a elasticidade.

Parte do carbono absorvido pelos sobreiros é transferido para os produtos de cortiça, que podem ser usados por longos períodos, reutilizados e reciclados.
Parte do carbono absorvido pelos sobreiros é transferido para os produtos de cortiça, que podem ser usados por longos períodos, reutilizados e reciclados. Foto: Jose Sarmento Matos/The Washington Post

“É um material extraordinariamente renovável e biodegradável”, diz Novais. “Também é muito durável. Foi demonstrado que os produtos de cortiça permanecem praticamente inalterados por mais de 50 anos.”

Parte do carbono absorvido pelos sobreiros é transferido para os produtos de cortiça, que podem ser usados por longos períodos, reutilizados e reciclados. Vários estudos descobriram que a cortiça é negativa em termos de carbono, o que significa que ela pode armazenar mais carbono do que a quantidade necessária para produzi-la.

Quando as pranchas de cortiça são cortadas e perfuradas para formar rolhas de cortiça natural, as sobras são moídas em grânulos e prensadas para formar folhas ou blocos de cortiça. “Até o pó da cortiça é utilizado para produzir energia”, afirma João Rui Ferreira, secretário-geral da Associação Portuguesa da Cortiça. “Ele alimenta as caldeiras da indústria e parte da produção.”

A cortiça reciclada também pode ser triturada e composta para fabricar outros produtos. Em Portugal, o Green Cork, um programa de reciclagem iniciado pela organização ambiental Quercus, já recolheu e reciclou mais de 100 milhões de rolhas de cortiça desde 2009. Uma iniciativa semelhante, a ReCORK, existe nos Estados Unidos.

Uma fábrica natural

A maior parte da cortiça produzida em Portugal cresce nas colinas e planícies suavemente onduladas do sul do país, em um antigo sistema agroflorestal conhecido como montado. Esse ecossistema semelhante a uma savana combina cortiça, azinheiras e oliveiras com pastagens, gado, culturas e pousios.

“O solo no sul de Portugal é muito pobre, chove muito pouco e as temperaturas são muito altas no verão”, diz Teresa Pinto-Correia, professora da Universidade de Évora, em Portugal, especializada em paisagens rurais e sistemas agrícolas. “Mas esse tipo de sistema é produtivo mesmo quando os recursos são escassos e as condições são difíceis.”

Durante séculos, os habitantes locais preservaram o montado porque a cortiça proporcionava aos proprietários de terras uma fonte de renda. Esse mosaico de habitats abriga centenas de espécies, incluindo o lince ibérico, o gato selvagem mais ameaçado do mundo e a ameaçada águia imperial. Um dos mais antigos sobreiros conhecidos no mundo, plantado em 1783 em Águas de Moura, é conhecido como “o assobiador” porque muitos pássaros visitam seus grandes e extensos galhos.

Os porcos ibéricos se alimentam de bolotas e as cabras pastam nos pastos entrelaçados. A intercalação de sobreiros com animais e plantações pode aumentar a produção e a biodiversidade, mas também construir o solo, controlar a erosão, reter água, combater a desertificação e sequestrar carbono, diz Pinto-Correia.

Embora as florestas de cortiça possam ajudar a mitigar os efeitos das mudanças climáticas, elas também correm cada vez mais riscos, à medida que a seca e os incêndios florestais se tornam mais intensos e mais frequentes na região.

“A árvore está adaptada ao clima mediterrâneo. A casca a protege do fogo”, diz Santos Silva. “Mas nos dois primeiros anos após a extração da cortiça, as árvores ficam muito mais vulneráveis aos incêndios florestais porque não têm essa proteção.”

No entanto, os incêndios nos sobreirais, diz ela, permanecem raros devido à cuidadosa gestão humana.

Por ser uma árvore de crescimento lento, o sobreiro leva décadas para fornecer sombra e produzir cortiça de boa qualidade. Mas em Coruche, as pessoas ainda seguem um velho ditado português: “Quem gosta de seus netos planta sobreiros”. /THE WASHINGTON POST

Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado por nossa equipe editorial. Saiba mais em nossa Política de IA.

 

CADEIA DE VALOR É A NECESSIDADE DAS EMPRESAS IDENTIFICAR E CATEGORIZAR OS ASPECTOS PRIMÁRIOS E SECUNDÁRIOS

 

 Mailchimp – The Rocket Science Group

Saiba o que é cadeia de valor e como fazer mapeamento de processos da sua empresa. Conheça cada etapa da cadeia e por que cada uma é importante.

Uma cadeia de valor não é um grupo de restaurantes que oferecem opções de alimentação baratas, embora você tecnicamente possa usar esse termo para fazer referência a esses restaurantes. Na verdade, é um conceito que engloba todas as suas atividades comerciais, não importa o tamanho do seu negócio.

O conceito se originou na década de 1980 e ainda está se fortalecendo por um motivo: ele funciona. A estrutura da cadeia de valor é eficaz para pequenas, médias e grandes empresas.

A primeira vez que alguém ouviu falar do conceito de cadeia de valor foi no livro de Michael Porter, Competitive Advantage:: Creating and Sustaining Super Performance. O foco principal do livro era a vantagem de custo e como uma empresa pode se diferenciar da concorrência de forma eficaz. Ao usar o conceito de cadeia de valor, uma empresa pode ter uma vantagem competitiva, observa o professor da Harvard Business School.

Como observado, esse conceito ainda é usado hoje e tem sido aperfeiçoado ao longo do caminho. No entanto, não é um conceito fácil de entender. É bastante complexo e exige que alguém tenha uma boa compreensão do conceito e do que a cadeia de valor implica. Então, você, como proprietário de uma empresa, pode decidir se é um conceito que deseja incorporar.

Value chain primary activities are: inbound logistics, operations, outbound logistics, marketing and sales, and service.

O que é uma cadeia de valor?

Uma cadeia de valor é um termo amplo, mas um termo importante, mesmo assim. Consiste em aspectos primários e secundários que uma empresa precisa identificar e categorizar. Ao avaliar essas atividades e subatividades, você obtém uma compreensão de como elas se inter-relacionam entre si e com as funções da sua empresa.

Em seguida, você dá um passo adiante e analisa cada atividade. Você pensa em como isso está afetando a função, a produção e o lucro da sua empresa. Você pode então decidir como, ou se, cada atividade ou subatividade poderia ser melhorada. Particularmente, relaciona-se ao tempo, custo e esforço necessários para cada atividade.

Você pode realizar sua própria análise da cadeia de valor – todo o processo de avaliação de atividades primárias e secundárias, mas também pode contratar um profissional para ajudar. Felizmente, se você optar por fazer isso sozinho, há programas disponíveis que podem ajudá-lo a melhorar seus processos.

Atividades primárias

Atividades primárias são quaisquer funções que afetam diretamente a criação, manutenção ou venda do seu produto ou serviço.

Essas atividades da cadeia de valor incluem operações, logística de saída, logística de entrada, marketing, vendas e marketing de atração. No entanto, outros aspectos da sua empresa também se encaixam no conceito de cadeia de valor.

Atividades de suporte

Cada aspecto da cadeia de valor gira em torno da criação, suporte, manutenção ou venda de seu serviço ou produtos.

Mas, além da principal cadeia de eventos, atividades de apoio, como o departamento de infraestrutura e recursos humanos da sua empresa, também desempenham um papel. Essas atividades apoiam as atividades principais.

Value chain support activities are: firm infrastructure, HR management, technology development, and procurement.

Por que as cadeias de valor são importantes?

As cadeias de valor podem melhorar seus negócios de várias maneiras, permitindo que você pense criticamente sobre cada aspecto e como eles funcionam juntos no esquema mais amplo da função de seus negócios. Elas permitem que você identifique quedas e pense em soluções que otimizam diferentes partes do seu negócio.

Embora esta seja apenas uma visão geral da influência que uma cadeia de valor pode ter em seu negócio, uma avaliação ou análise da cadeia de valor permite que você analise cada aspecto da sua empresa por um microscópio. Você vê quais atributos são positivos e negativos para o seu lucro.

Em primeiro lugar, você pode determinar quais aspectos do seu negócio são ineficazes. Você pode então planejar uma maneira de corrigi-los. Você pode tomar decisões sobre vários aspectos do seu negócio que talvez nunca tenha visto no passado.

Além das desvantagens do seu negócio, você também ganha uma compreensão dos seus pontos fortes. Possivelmente, você poderia pegar esses mesmos conceitos e encontrar uma maneira de incorporá-los em outros aspectos do seu negócio.

Essencialmente, por meio de uma cadeia de valor, você desenvolve uma compreensão de como diferentes atividades do seu negócio se relacionam entre si, mesmo que pareçam desconectadas. Por exemplo, um problema com a gestão de recursos humanos pode afetar quase todos os outros aspectos da empresa.

Ao dar uma olhada no funcionamento interno da sua empresa e fazer as mudanças apropriadas, você pode ter uma vantagem de custo, especialmente quando comparado à sua concorrência.

Exemplo de uma cadeia de valor

Para este exemplo, vamos usar a empresa hipotética, Mary Lou’s Homebaked. Essa empresa é uma padaria que fabrica uma variedade de produtos de panificação, incluindo biscoitos, bagels, bolos e muito mais. Todos os produtos brutos, incluindo farinha, açúcar, aromatizantes etc., que esta empresa usa vêm de fornecedores.

Por meio de seu processo de fabricação, incluindo as áreas mencionadas acima com uma cadeia de valor, a padaria cria produtos de panificação que são saborosos e fornecem valor, que vale mais do que as matérias-primas que ela usa no processo. Também vale mais do que o esforço dela.

Mary Lou’s então coloca os produtos em exposição para as pessoas comprarem todos os dias, oferecendo também a opção de clientes fazerem pedidos personalizados. Ela os vende a um preço que permite lucro, abrindo espaço para um valor de compra que é maior do que seus materiais e esforços, mas não alto o suficiente para afastar o cliente.

Ela tem uma equipe para ajudar e um gerente que cuida dos recursos humanos, o que permite que ofereça uma quantidade maior de produtos de panificação em um período mais curto. Mary Lou também implementou equipamentos avançados por esses motivos.

Essa padaria exibe anúncios na TV e tem panfletos, uma página no Facebook e um site onde os clientes podem fazer pedidos.

Gestão da cadeia de valor

Quando você entende o que é uma cadeia de valor, fica claro que você precisa de algum sistema de mapeamento de processos para manter todos os aspectos da sua empresa organizados.

Isso requer uma estrutura de cadeia de valor.

Em última análise, esse é um processo escalonável, e como você faz isso depende do tamanho do seu negócio.

Idealmente, você deve ter um mapa físico que você cria ou uma estrutura de cadeia de valor onde você pode, facilmente, inserir informações. Se você não tiver uma equipe grande, poderá conduzir o processo por conta própria.

No entanto, se você tiver uma equipe grande, envolva seus gerentes e especialistas no assunto. Mais cabeças são melhores do que uma nesse caso.

Dicas para mapeamento da cadeia de valor

Ao concluir o processo, faça perguntas a si mesmo continuamente sobre os diferentes aspectos do seu negócio. Isso permite que você reserve um momento para pensar criticamente sobre cada parte da sua empresa, como ela se relaciona com outros aspectos e quais mudanças você pode fazer para melhorá-la.

Alguns exemplos de perguntas úteis incluem:

  • O que é prescindível e não afetará negativamente a produção de nossos negócios se for retirado?
  • Como podemos tornar nossos processos de negócios melhores e mais eficientes?
  • Há algo que podemos adicionar que não prejudicará muito nosso lucro, mas nos dará uma vantagem mais competitiva?
  • O que podemos fazer para simplificar nossos processos e torná-los mais eficientes em termos de tempo sem prejudicar o produto final?

Tenha a mente aberta. A autocrítica não é fácil, mesmo quando está relacionada ao seu negócio e não necessariamente a você mesmo. No entanto, este é um momento para ter a mente aberta. Ouça os outros. Identifique problemas e assuma o compromisso de fazer melhor.

Perceba que não há uma solução única. O que funciona para resolver problemas em um aspecto do seu negócio pode não funcionar em outro.

Análise da cadeia de valor

O objetivo de uma cadeia de valor é melhorar seus negócios. É dar uma olhada crítica em todos os aspectos de seu funcionamento e dar a você uma oportunidade de fazer melhorias.

Você descobrirá que esse processo pode aumentar o lucro, a eficiência e até mesmo a moral dos funcionários, pois otimiza determinados processos e aborda os problemas.

Geralmente, você deve ter um processo de três etapas. E, mais uma vez, a estrutura da sua empresa pode ser muito mais complexa, o que exigirá que você se afaste um pouco dessa estrutura.

1. Liste atividades de negócios

Inicialmente, você deve listar todas as atividades da sua empresa, incluindo suas atividades primárias e secundárias. Em seguida, determine se cada atividade é uma atividade primária ou secundária.

Embora ambos desempenhem um papel vital na forma como sua empresa funciona, é incrivelmente importante avaliar bem cada atividade primária.

2. Conecte subatividades

Nesse ponto, quando você estiver mapeando ou traçando gráficos, não importa a estrutura da sua cadeia de valor, procure conexões entre suas subatividades. Embora você possa sentir que um ou dois departamentos são fracos, isso pode surgir do seu departamento de RH. Esse setor precisará de mais treinamento ou orientação sobre medidas de contratação.

Talvez você tenha uma divisão da sua empresa que não está atendendo às expectativas. Isso pode resultar de problemas com operações ou falta de tecnologia.

3. Diagnostique e corrija os problemas

Finalmente, depois de concluir a estrutura da sua cadeia de valor, é hora de diagnosticar os problemas. Isso é mais do que apenas dizer que um departamento não está funcionando corretamente. É também analisar como sua empresa funciona como um todo e como pode surgir de um problema com outro departamento ou problema.

Em seguida, você precisa fazer mudanças que irão melhorar seu negócio em geral para gerar valor.

Vinculando sua cadeia de valor

Agora que você entende a definição da cadeia de valor e o conceito geral desse processo, você pode usá-la para o seu negócio.

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O “não” do cliente a uma proposta. Por quê?

Moysés Peruhype Carlech

Fiquei pensando e ao mesmo tempo preocupado com o seu “não”, sem nenhuma explicação, à nossa proposta de divulgação da sua loja e de resto todas as lojas dessa cidade no Site da nossa Plataforma Comercial da Startup Valeon.

Esse “não” quer dizer, estou cheio de compromissos para fazer pagamentos mensais, não estou faturando o suficiente para cobrir as minhas despesas, a minha loja está vendendo pouco e ainda me vem mais uma “despesa” de publicidade da Startup Valeon?

Pergunto: como vou comprar na sua loja? Se não sei qual é a sua localização aí no seu domicílio? Quais os produtos que você comercializa? Se tem preços competitivos? Qual a sua interação online com os seus clientes? Qual o seu telefone de contato? Qual é o seu WhatsApp?

Hoje em dia, os compradores não têm tempo suficiente para ficarem passeando pelos Bairros e Centros da Cidade, vendo loja por loja e depois fazendo a decisão de compra, como antigamente.

A pandemia do Covid-19 trouxe consigo muitas mudanças ao mundo dos negócios. Os empresários precisaram lutar e se adaptar para sobreviver a um momento tão delicado como esse. Para muitos, vender em Marketplace como o da Startup Valeon se mostrou uma saída lucrativa para enfrentar a crise. Com o fechamento do comércio durante as medidas de isolamento social da pandemia, muitos consumidores adotaram novos hábitos para poder continuar efetuando suas compras. Em vez de andar pelos corredores dos shoppings centers, bairros e centros da cidade, durante a crise maior da pandemia, os consumidores passaram a navegar por lojas virtuais como a Plataforma Comercial Valeon. Mesmo aqueles que tinham receio de comprar online, se viram obrigados a enfrentar essa barreira. Se os consumidores estão na internet, é onde seu negócio também precisa estar para sobreviver à crise e continuar prosperando.

É importante você divulgar a sua loja na internet com a ajuda do Site da Startup Valeon, que no caso não é uma despesa a mais e sim um investimento para alavancar as suas vendas. Desse modo, o seu processo de vendas fica muito mais profissional, automatizado e eficiente.  Além disso, é possível a captação de potenciais compradores e aumentar o engajamento dos seus clientes.

Não adianta pensar dessa forma: “Eu faço assim há anos e deu certo, porque eu deveria fazer diferente? Eu sei o que preciso fazer”. – Se você ainda pensa assim, essa forma de pensar pode representar um grande obstáculo para o crescimento do seu negócio, porque o que trouxe você até aqui é o que você já sabe e não será o que levará você para o próximo nível de transformação.

O que funcionava antes não necessariamente funcionará no futuro, porque o contesto está mudando cada vez mais rápido, as formas como os negócios estão acontecendo são diferentes, os comportamentos dos consumidores está se alterando, sem contar que estão surgindo novas tecnologias, como a da Startup Valeon, que vão deixar para trás tudo aquilo que é ineficiente.

Aqui, na Startup Valeon, nós sempre questionamos as formas de pensar e nunca estamos totalmente satisfeitos com o que sabemos justamente por entender que precisamos estar sempre dispostos a conhecer e aprender com o novo, porque ele será capaz de nos levar para onde queremos estar.

Mas, para isso acontecer, você precisa estar disposto a absorver novas formas de pensar também e não ficar amarrado só ao que você já sabe.

Se este for seu caso, convido você a realizar seu novo começo por meio da nossa forma de anunciar e propagar a sua empresa na internet.

Todos eles foram idealizados para você ver o seu negócio e a sua carreira de uma forma completamente diferente, possibilitando levar você para o próximo nível.

Aproveite essa oportunidade para promover a sua próxima transformação de vendas através do nosso site.

Então, espero que o seu “não” seja uma provocação dizendo para nós da Startup Valeon – “convença-me”.

E-Mail: valeonbrasil@gmail.com

Site: https://valedoacoonline.com.br/

Fones: (31) 98428-0590 / (31) 3827-2297

domingo, 25 de fevereiro de 2024

VOCÊ SABE O QUE SIGUINIFICA O TERMO "CISGÊNERO"?

Folha de S. Paulo

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A Polícia Federal perguntou ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se ele é cisgênero no depoimento de quinta-feira (22) sobre o planejamento de um golpe de Estado.

Segundo relatos feitos à reportagem, Bolsonaro disse que não sabia o que significava a palavra. Os delegados e escrivão deram risada da situação e explicaram o termo, ainda segundo pessoas que acompanham o caso.

O ex-presidente então confirmou que é cisgênero. Depois, os advogados apresentaram uma petição que dizia que Bolsonaro permaneceria em silêncio por não ter recebido todos os documentos que compõem a investigação –como a íntegra da delação do tenente-coronel Mauro Cid.

A Polícia Federal afirmou, em nota, que a pergunta se tornou praxe em depoimentos desde 31 de outubro, quando a corporação alterou o cadastro de pessoas no sistema judiciário nos campos “identidade de gênero” e “orientação sexual”.

O termo “cisgênero” designa quem não é pessoa trans, travesti ou não binária, ou seja, quando há identificação com o sexo biológico.

“As alterações realizadas decorreram de uma série de fatores, dentre eles solicitações e consultas externas e internas recebidas pela Polícia Federal acerca dos instrumentos de levantamento de dados nos sistemas da Polícia Federal na temática da violência LGBTQIA+, bem como ação nacional do Ministério Público Federal destinada a promover a ‘implementação de políticas públicas de proteção à população LGBTQIA+ pelos órgãos federais e estaduais de segurança'”, diz a polícia.

Apesar de a PF dizer que a pergunta é um procedimento padrão, as defesas de dois outros investigados afirmaram à reportagem que seus clientes não foram questionados sobre o gênero.

Bolsonaro chegou à sede da PF em Brasília por volta das 14h20, dez minutos antes do horário marcado. Com a decisão dele de se manter em silêncio, o depoimento foi encerrado pouco depois.

A maioria dos investigados adotou a mesma decisão e permaneceu calada.

O advogado de Bolsonaro, Paulo Bueno, disse na quinta que a defesa não teve acesso a todos os elementos das imputações contra o ex-presidente, o que motivou a opção pelo silêncio. Ele também afirmou que o ex-presidente “nunca foi simpático a movimento golpista”.

“Esse silêncio, quero deixar claro, não é simplesmente o uso do direito constitucional, mas estratégia baseada no fato de que a defesa não teve acesso a todos os elementos que estão sendo imputados ao presidente a prática de certos delitos.”

O advogado completou: “A falta de acesso a esses documentos, especialmente às declarações do tenente-coronel Mauro Cid, e as mídias eletrônicas obtidas pelos celulares de terceiros e computadores impedem que a defesa tenha o mínimo conhecimento de por quais elementos o presidente é convocado para este depoimento”.

A PF investiga as tratativas por um golpe de Estado desde que encontrou na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, em janeiro de 2023, uma minuta de decreto para Bolsonaro instaurar estado de defesa na sede do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

O objetivo seria reverter o resultado da eleição em que ele foi derrotado por Lula (PT), segundo os investigadores.

Com a delação de Mauro Cid e as provas obtidas em outras operações, a PF chegou à conclusão de que Bolsonaro teve acesso a versões da minuta golpista (não exatamente a mesma que estava com Torres).

De acordo com as investigações, ele chegou a pedir modificações no texto e apresentar a proposta aos chefes militares, para sondar um possível apoio das Forças Armadas à empreitada.

 

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

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