segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

ATO DE BOLSONARO EM S. PAULO REUNIU 600 MIL PESSOAS

História de Zeca Ferreira • Jornal Estadão

manifestação convocada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para este domingo, 25, na Avenida Paulista, em São Paulo, reuniu 600 mil pessoas em uma das vias mais importantes da capital paulista, segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP). O número de presentes ultrapassou o registrado em atos anteriores promovidos pelo ex-mandatário no mesmo local, porém não superou a quantidade de pessoas que foram à avenida durante a campanha pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT) em 2015.

De acordo com a estimativa da SSP na época, 1,4 milhão de pessoas estiveram na Paulista protestando contra a então presidente Dilma Rousseff em março de 2015. Até hoje, esse é considerado o maior protesto registrado na avenida. Por outro lado, a manifestação bolsonarista deste domingo superou os atos de 7 de Setembro de 2021 e 2022, quando 50,4 mil e 125 mil, respectivamente, foram à Paulista em favor de Bolsonaro, segundo a Secretaria.

Na primeira foto, manifestantes pedem pelo impeachment da Presidente Dilma Rousseff, na Avenida Paulista em 2015. Na segunda, ato pró Bolsonaro na Avenida Paulista neste domingo. Foto: Filipe Araújo e Tiago Queiroz/Estadão

Na primeira foto, manifestantes pedem pelo impeachment da Presidente Dilma Rousseff, na Avenida Paulista em 2015. Na segunda, ato pró Bolsonaro na Avenida Paulista neste domingo. Foto: Filipe Araújo e Tiago Queiroz/Estadão© Fornecido por Estadão

Ainda segundo dados da SSP, o público total da manifestação deste domingo chegou a 750 mil, considerando não só os presentes na Paulista como também os manifestantes nas ruas adjacentes.

As estimativas realizadas pela Secretaria, porém, divergem de levantamentos feitos por outras entidades. A pré-campanha do prefeito Ricardo Nunes (MDB), que busca a reeleição com apoio de Bolsonaro, divulgou um texto informando que havia 1,8 milhão de pessoas na Paulista. A equipe do emedebista atribuiu o dado ao Centro de Operações da Polícia Militar (Copom), órgão subordinado à SSP.

A reportagem questionou o Copom sobre a estimativa divulgada pela equipe de Nunes. Em resposta, o oficial de plantão na sala de operações da PM disse que a corporação não havia divulgado quaisquer números sobre a manifestação na Paulista, e que a Secretaria de Segurança Pública era a instância responsável sobre o assunto.

Já o Monitor do Debate Político no Meio Digital, da Universidade de São Paulo (USP), por exemplo, apurou que o público para o pico da manifestação, às 15 horas, foi de 185 mil pessoas. Considerando os dados do monitor da USP, o ato bolsonaristas reuniu mais pessoas do que a manifestação em celebração a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva na eleição de 2022. Em outubro daquele ano, 58,2 mil pessoas se reuniram na Paulista para comemorar a eleição do petista.

Para chegar nesse número, o monitor da USP tirou 43 fotos entre 15h e 17h. Onze fotos foram selecionadas de forma a cobrir a extensão da manifestação na Paulista, sem sobreposição. Cada uma das fotos foi repartida em oito pedaços. Em cada parte, foi aplicada uma implementação do método Point to Point Network (P2PNet)1 que identifica cabeças e estima a quantidade de pessoas em uma imagem. As imagens, reconstituídas, são apresentadas abaixo. O método tem precisão de 72,9% e acurácia de 69,5% na identificação de cada indivíduo.

O Monitor do Debate Político no Meio Digital é um projeto de pesquisa realizado desde 2016 pelo Grupo de Políticas Públicas para o Acesso à Informação (GPoPAI) com sede na USP Leste. Desde agosto de 2022, o projeto faz a estimativa de público de manifestações políticas.

Bolsonaro minimiza minuta do golpe e pede anistia para presos do 8/1

Investigado pela Polícia Federal por suposta tentativa de golpe de Estado, Bolsonaro afirmou neste domingo, durante ato político na Paulista que sofre uma perseguição que se recrudesceu depois que deixou a Presidência no fim de 2022 e pediu anistia a presos do 8 de Janeiro. Em um discurso para milhares de apoiadores, o ex-mandatário negou liderar uma articulação golpista depois da derrota nas eleições.

TB SAO PAULO SP 25/02/2024 POLÍTICA - ATO PRO BOLSONARO - Manifestação com a presença do mesmo e de governadores, deputados e ex-ministros na Avenida Paulista, próximo ao Masp. BOLSONARO TARCÍSIO FOTO TABA BENEDICTO / ESTADAO Foto: TABA BENEDICTO / ESTADAO

TB SAO PAULO SP 25/02/2024 POLÍTICA – ATO PRO BOLSONARO – Manifestação com a presença do mesmo e de governadores, deputados e ex-ministros na Avenida Paulista, próximo ao Masp. BOLSONARO TARCÍSIO FOTO TABA BENEDICTO / ESTADAO Foto: TABA BENEDICTO / ESTADAO© Fornecido por Estadão

Ele minimizou a existência da “minuta do golpe”, da qual foi o mentor, segundo a Polícia Federal (PF). Segundo ele, estados de sítio e defesa estão previstos na Constituição e só poderiam ser acionados depois de consulta a conselhos da República e deliberação do Congresso, o que não ocorreu.

A manifestação com milhares de pessoas foi convocada pessoalmente por Bolsonaro para mostrar força política e apoio popular no momento em que ele e aliados são pressionados por inquéritos da Polícia Federal e do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele se mostrou satisfeito com a adesão dos apoiadores e disse que a “fotografia vai rodar o mundo”.

A manifestação na Paulista foi bancada pelo pastor evangélico Silas Malafaia, que estimou na sexta-feira desembolsar entre R$ 90 mil e R$ 100 mil para arcar com toda a estrutura do evento, como fornecimento de água, instalação de grades e transmissão pela internet — há seguranças privados, mas a Polícia Militar também atua no local. Malafaia alugou dois trios elétricos que estão dispostos em “L”: um maior, onde está Bolsonaro e os aliados mais importantes, de onde são feitos os discursos e um segundo veículo, sem estrutura de som, para abrigar os demais convidados, fotógrafos e cinegrafistas.

 

REPERCUSÃO DO ATO DE BOLSONARO EM S. PAULO NA IMPRENSA INTERNACIONAL

 

BBC News Brasil

'Última resistência ou retorno político?': como a imprensa internacional repercutiu ato de Bolsonaro

‘Última resistência ou retorno político?’: como a imprensa internacional repercutiu ato de Bolsonaro© EPA

imprensa internacional repercutiu no seu noticiário o ato convocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro em São Paulo no domingo (25/2).

“Última resistência ou retorno político?”, perguntou o jornal francês Le Monde em uma reportagem escrita por um correspondente no Brasil.

“Encurralado por investigações judiciais e gravemente ameaçado de prisão, Jair Bolsonaro assumiu a liderança, no domingo, 25 de fevereiro, em uma grande manifestação de apoio a si mesmo.”

O jornal disse que havia um grande número de manifestantes no ato, mas destacou o comedimento de muitos dos presentes.

“A multidão estava lá, é claro. Mas estamos longe do entusiasmo das mobilizações anteriores. Sob um lindo sol, os rostos permaneceram fechados, e as palavras eram controladas. O medo de serem presos por convocarem um golpe é real entre esses bolsonaristas que agora seguram seus ataques contra os odiados juízes do Supremo Tribunal Federal.”

O correspondente do Le Monde também relatou que as bandeiras de Israel na multidão eram “quase tão numerosas quanto as do Brasil”.

“No final deste dia, Bolsonaro terá demonstrado a sua capacidade de mobilização e a resiliência da sua popularidade junto da sua base. Politicamente, ele terá, portanto, ganho alguns pontos. Mas no plano jurídico, o assunto está longe de ser ouvido”, escreveu o jornal, enumerando alguns dos processos aos quais Bolsonaro responde no momento.

“Já condenado a oito anos de inelegibilidade pelos seus ataques ao sistema de votação eletrônica do Brasil, poderá o ‘capitão’ ver a sua cavalgada política terminar atrás das grades? Na extrema direita, alguns já parecem estar preparando a sucessão e imaginando um bolsonarismo sem Bolsonaro. O candidato mais sério continua sendo o ex-ministro e atual governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Presente no Paulista, ele prestou homenagem ao ‘amigo’ e ex-presidente”, diz a reportagem.

Outro jornal francês que noticiou a manifestação na avenida Paulista foi o Le Figaro.

“Apesar destes escândalos, Jair Bolsonaro ainda é considerado o líder da oposição e continua adorado pelos seus apoiantes. Mesmo tendo sido declarado inelegível até 2030 no ano passado por desinformação, o ex-presidente pretende usar sua influência para eleger aliados durante as eleições municipais de outubro, em um país ainda muito polarizado.”

Foto de multidão

O espanhol El País disse que “o bolsonarismo demonstrou orgulho, força e apoio ao líder nas ruas após um ano de discrição”.

“O ex-presidente do Brasil, Jair Messias Bolsonaro, 68 anos, conseguiu este domingo em São Paulo o grande evento que procurava em resposta à acusação de que planejou um golpe de Estado juntamente com vários generais que eram ministros”, escreveu o jornal.

“Cerca de 185 mil fiéis, segundo uma contagem de acadêmicos, apoiaram-no juntamente com quatro governadores aliados e dezenas de parlamentares. Três dias depois de permanecer em silêncio ao ser questionado pela polícia sobre a suposta trama golpista, Bolsonaro queria uma foto de multidão para rebater o que considera uma perseguição judicial.”

O jornal destacou a fala de Bolsonaro de que não havia “tanques nas ruas” e que, portanto, não houve tentativa de golpe. Segundo o jornal, Bolsonaro “ignorou que no século 21 os golpes são perpetrados distorcendo as leis”.

O El País disse que o ex-presidente está “cada vez mais encurralado pela justiça”.

“Os oito casos investigados pelo Supremo têm um pouco de tudo: divulgação de notícias falsas, posse de joias valiosas que eram presentes de Estado e má gestão da covid-19.”

Na imprensa britânica, o ato de Bolsonaro foi noticiado por Daily Mail, Independent e Guardian.

O Daily Mail enumerou as acusações contra Bolsonaro, mas concluiu: “Mesmo assim, Bolsonaro ainda é considerado o líder da oposição e é adorado por seus fervorosos apoiadores”.

“O protesto de domingo à tarde é visto como um teste decisivo ao seu apoio antes das eleições municipais de outubro, nas quais se espera que a sua influência desempenhe um papel fundamental na nação ainda polarizada.”

O Independent destacou que Bolsonaro ainda tem muitos apoiadores no Brasil, apesar das investigações policiais contra ele.

“O evento mostrou que a mensagem de Bolsonaro ainda ressoa entre muitos brasileiros, alguns dos quais evidentemente são a favor de qualquer tentativa de golpe que o coloque no poder. Um homem desfilou com chapéu militar e gritou: ‘Brasil, nação, salve nossas forças. As Forças Armadas não dormiram!'”, escreveu o Independent.

O Guardian destacou na sua manchete: “Dezenas de milhares de pessoas participam de manifestação em apoio ao ex-presidente do Brasil”.

Protesto ocupou quarteirões da avenida Paulista

Protesto ocupou quarteirões da avenida Paulista© Reuters

O ato bolsonarista foi destaque também no Times of Israel, jornal que fez críticas a Lula na semana passada pela fala em que o presidente traça paralelos entre a ação de Israel em Gaza e o Holocausto nazista.

O título do jornal diz: “Em refutação a Lula, o ex-líder do Brasil Bolsonaro agita a bandeira de Israel em comício em massa”.

“O ex-presidente foi fortemente pró-Israel durante o seu mandato. Em uma das suas primeiras medidas depois de vencer as eleições presidenciais de 2018, Bolsonaro prometeu seguir o exemplo do seu modelo político, o então presidente dos EUA, Donald Trump, e transferir a embaixada do Brasil em Israel de Tel Aviv para Jerusalém.”

Veículos alemães — como o Sueddeutsche Zeitung e o Spiegel — também noticiaram o ato na avenida Paulista.

O ATO DE BOLSONARO EM S. PAULO MOVE MULTIDÕES E DIVIDE O PAÍS AO MEIO

Isso, porém, não muda a realidade e as investigações da Polícia Federal e da Justiça contra Bolsonaro e seus aliados

Por Eliane Cantanhêde – Jornal Estadão

O ato deste domingo na Avenida Paulista confirma o que todos sabiam: o ex-presidente Jair Bolsonaro tem base popular, move multidões e divide o País ao meio, como já mostraram os votos de 2022. Isso, porém, não muda a realidade e as investigações da Polícia Federal e da Justiça contra Bolsonaro, seus generais, minutas de intervenção no TSE, anúncio de Estado de Sítio e a longa preparação de um golpe, que, frustrado, virou a invasão e depredação das sedes dos Três Poderes.

Compareceram ao ato de domingo os governadores da linha de frente do bolsonarismo, como Tarcísio de Freitas, anfitrião, Ronaldo Caiado, de Goiás, Jorginho Mello, de Santa Catarina, e Romeu Zema, de Minas Gerais. Ok. O passado diz bastante do que eles foram fazer lá e o futuro dirá se a presença valeu a pena. No final das contas, a história colocará tudo isso em contexto.

Manifestação foi convocada por Bolsonaro em meio às investigações sobre a tentativa de articular um golpe de Estado no Brasil
Manifestação foi convocada por Bolsonaro em meio às investigações sobre a tentativa de articular um golpe de Estado no Brasil Foto: Tiago Queiroz/Estadão

O Brasil estava e continua dividido, logo, nada muda com a nova demonstração de força popular de Bolsonaro, que repetiu as grandes aglomerações de carreatas, motociatas e passeatas na própria Paulista. Por maiores que tenham sido, não refletiam a maioria da população, tanto que ele perdeu em 2022 e se tornou o primeiro presidente derrotado na disputa pela reeleição.

De toda forma, a forte adesão é um recado para o governo Lula, o PT e os antibolsonaristas em geral, de esquerda, centro e direita. Bolsonaro pode ser o que é, pode ter feito tudo o que fez de mal, antes, durante e depois da pandemia, mas o bolsonarismo paira sobre o País, preparando-se para inverter o prato da balança e voltar ao poder.

Isso aumenta a responsabilidade de Lula, que precisa fortalecer suas ações e melhorar seus resultados em áreas em que Bolsonaro foi uma tragédia, como ambiente, defesa dos povos originários, saúde, educação, política externa. Não basta ter ministros e gestores incomparavelmente melhores, Lula tem de mostrar os efeitos em fatos, números e declarações certas, na hora certa.

Bolsonaro chegou até onde chegou com palanques e grandes multidões País afora, mas também apoiado por uma máquina de discursos, realidades paralelas, desqualificação de adversários. Se Lula apresentar resultados expressivos, isso fica mais difícil. Com resultados que deixam a desejar, por exemplo, no desmatamento e nas terras Yanomami, Bolsonaro nada de costas.

O principal efeito do ato na Paulista – sem os cartazes e faixas golpistas – foi jogar luzes num fato real: apesar de tudo o que todos sabemos e com Bolsonaro candidato ou não, o Brasil continua dividido ao meio e o bolsonarismo está vivo. O centro? O gato comeu.

 

19 ANOS DA LAVA JATO E SUA EXTINÇÃO PELO STF

Por Victor Augusto Ramos Missiato

Em 2024, a Operação Lava Jato completará 10 anos. Trata-se da maior investigação anticorrupção da história do Brasil, pois suas ramificações atingiram uma parte importante da elite política e econômica de um dos países mais desiguais do mundo. Para muitas pessoas que cresciam ouvindo que no Brasil os poderosos nunca sofriam as consequências da lei, a Lava Jato representou uma nova cultura jurídica no Brasil, inclusive com novos métodos de investigação e julgamento.

O inicio das investigações ocorreu quando o Ministério Público do Paraná encontrou fortes indícios de um esquema de corrupção envolvendo a Petrobrás e grandes empresas de infraestrutura no que diz respeito ao repasse de propinas para políticos e empresários interessados em assegurar seus privilégios nas licitações e/ou garantir verbas ilícitas para interesses partidários e privados. Os dois principais personagens dessa trama inicial foram o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor da Petrobrás, Paulo Roberto Costa.

Ao todo, foram criadas mais de 70 fases de investigação, percorrendo cerca de sete anos de investigações e condenações. A raiz do problema estava na concentração de licitações por parte de algumas poucas empresas que formavam uma espécie de cartel de pagamentos já estabelecidos e institucionalizados no sistema político por décadas. Com o boom das commodities no início do século XXI, o sistema ampliou demasiadamente os canais de corrupção. Inicialmente, o destino das propinas era feito em espécie, via pagamentos no exterior. Com a maior complexidade do negócio, os pagamentos passaram a ser feitos por transferência internacional ou entrega de bens.

De acordo com o Ministério Público Federal, ocorreram 163 prisões temporárias, 132 prisões preventivas, 1.450 buscas e apreensões, 211 conduções coercitivas, 35 ações de improbidade administrativa, dois acordos de colaboração homologados no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), 138 acordos homologados no STF, 553 denunciados, 723 pedidos de cooperação internacional, R$ 4,3 bilhões devolvidos aos cofres públicos, R$ 2,1 bilhões previstos em multas compensatórias decorrentes de acordos de colaboração, R$ 12,7 bilhões em multas compensatórias de acordos de leniência, R$ 14,7 bilhões previstos para serem recuperados e R$ 111,5 milhões em renúncias voluntárias de réus.

Uma das características mais marcantes da Lava Jato foi o seu processo de americanização dos métodos investigativos e balizamentos de teses para respaldar as decisões judiciais. Trata-se de um movimento iniciado anteriormente, quando foi promulgada a Constituição de 1988. Transformações no perfil político, cultural, econômico e religioso da sociedade brasileira passaram a conviver, também, com transformações profundas na cultura jurídica do país. No texto “Revolução Processual do Direito e Democracia Progressiva”, presente no livro A democracia e os Três Poderes no Brasil (UFMG, IUPERJ/FAPERJ, 2002) Werneck Vianna e o sociólogo Marcelo Burgos analisaram o contexto da transformação americanista do poder judiciário brasileiro. Para os autores, “o federalismo e a separação de Poderes, com a criação de um tribunal superior independente quanto à representação política, importando a novidade na arquitetura republicana da institucionalização de mecanismos de checks and balances, foi o que definiu o excepcionalismo americano” na modernidade (p. 364-365).

Em contraposição ao sistema jurídico civil law, fundamentado em uma tradição romano-germânica do direito, quando cabe ao juiz apenas o papel de interpretação e aplicação da lei, o common law é uma arquitetura jurídica construída nos países anglo-saxões, em especial Inglaterra e, principalmente, EUA. Uma das principais diferenças é que no common law, a aplicação da lei ocorre mediante a regras que vão se consolidando ao longo tempo e transformações nas relações culturais dos cidadãos. Isso confere um grande poder ao juiz, pois cabe a ele acompanhar tais mudanças e aplicar a lei nesses novos contextos. No cenário da Lava Jato, o ex-juiz Sérgio Moro, então responsável pela 13ª Vara da Justiça Federal de Curitiba, assumiu esse protagonismo.

Para além de interesses políticos diversos na escalada de poder e fama de Sérgio Moro, atual senador pelo Paraná, bem como os processos de anulação de julgamentos da Lava Jato, que se iniciaram nos últimos cinco anos, a rede de investigações e métodos da Lava Jato consolidou, indubitavelmente, uma nova cultura jurídica no Brasil. Métodos como a delação premiada passaram a ganhar maior destaque no poder decisório dos juízes, inclusive a partir de decisões feitas pelo Superior Tribunal Federal (STF).

Sendo assim, do tríplex de Lula à suposta tentativa de golpe por parte de Bolsonaro, os juízes brasileiros de várias instâncias vêm se respaldando cada vez mais nas delações premiadas e nas representações político-culturais adjacentes aos cargos que Lula e Bolsonaro ocupavam enquanto ocorriam as supostas criminalidades. No universo das representações, a Lava Jato abriu as portas para uma dialética ainda inconclusiva da cultura jurídica brasileira. Para os amigos a civil, para os inimigos a common.

Este texto reflete única e exclusivamente a opinião do(a) autor(a) e não representa a visão do Instituto Não Aceito Corrupção (Inac). Esta série é uma parceria entre o Blog do Fausto Macedo e o Instituto Não Aceito Corrupção. Os artigos têm publicação periódica

 

A CORTIÇA É UMA BOA ALTERNATIVA AO PLÁSTICO E A OUTROS MATERIAIS DERIVADOS DE COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS

A cortiça está passando por um renascimento à medida que mais setores buscam alternativas sustentáveis ao plástico e a outros materiais derivados de combustíveis fósseis

Por Marta Vidal – Jornal Estadão

O ruído rítmico dos machados batendo nas árvores ecoa nas profundezas da floresta de sobreiros.

Mas em Coruche, uma área rural ao sul do rio Tejo conhecida como a “capital da cortiça” de Portugal, o estrondo das árvores caindo no chão não acompanha o som dos golpes de machado. Em vez disso, trabalhadores experientes retiram cuidadosamente a casca dos troncos das árvores.

Esse ritual anual de extração de cortiça nos meses de verão existe há milhares de anos no Mediterrâneo ocidental. Egípcios, persas, gregos e romanos usavam o material para fabricar equipamentos de pesca e sandálias e para vedar jarros, potes e barris. Quando as garrafas de vidro ganharam popularidade no século 18, a cortiça se tornou o vedante preferido por ser durável, à prova d’água, leve e maleável.

Alona Kozma empilha cortiça numa fazenda em Coruche, Portugal
Alona Kozma empilha cortiça numa fazenda em Coruche, Portugal Foto: Jose Sarmento Matos/The Washington Post

Atualmente, a cortiça está passando por um renascimento à medida que mais setores buscam alternativas sustentáveis ao plástico e a outros materiais derivados de combustíveis fósseis. A casca é agora usada em pisos e móveis, na fabricação de calçados e roupas, e como isolamento em residências e carros elétricos. As exportações de Portugal atingiram o recorde histórico de 670 milhões de euros (R$ 3,6 bilhões) no primeiro semestre de 2023.

Mas a cortiça é mais do que um material verde da moda. Além de criar empregos, as florestas onde ela cresce fornecem alimento e abrigo para os animais, ao mesmo tempo em que sequestram dióxido de carbono. E, ao contrário da maioria das árvores cultivadas comercialmente, os sobreiros nunca são cortados, o que significa que sua capacidade de armazenamento de carbono continua durante os 200 anos ou mais de vida.

Como a cortiça é extraída

Com um golpe firme, Fernando Tacha golpeia o tronco de um sobreiro, depois torce o machado e usa o cabo para erguer delicadamente a tábua.

“Comecei a cortar cortiça quando tinha apenas 19 anos. Agora tenho 69. Mas farei isso enquanto puder”, diz ele, enquanto enxuga o suor da testa. “É um trabalho difícil, mas muito bonito.”

  • O sobreiro é uma árvore perene, baixa e de crescimento lento, endêmica do Mediterrâneo.
  • As florestas mais extensas podem ser encontradas na costa atlântica da Península Ibérica.
  • Em Portugal, o maior produtor de cortiça do mundo, os sobreiros são tão apreciados que foram escolhidos como a árvore nacional do país e são protegidos por lei, portanto é proibido derrubá-los.
  • Espanha é o segundo maior produtor, seguida por Marrocos, Argélia, Tunísia, Itália e França.

O processo de extração da cortiça exige precisão e anos de prática. O golpe do machado deve ser forte, mas também delicado para evitar atingir a casca interna e danificar a árvore. Como o trabalho é muito especializado, é um dos empregos agrícolas mais bem remunerados em Portugal.

A casca só pode ser extraída entre o final de maio e agosto, quando a árvore está em sua fase ativa de crescimento, o que facilita a retirada da camada externa sem danificar o tronco da árvore.

Embora a maior parte da cortiça ainda seja usada como rolha de garrafa, na última década diferentes setores têm encontrado novos usos para ela
Embora a maior parte da cortiça ainda seja usada como rolha de garrafa, na última década diferentes setores têm encontrado novos usos para ela Foto: Jose Sarmento Matos/The Washington Post.

O sobreiro é único em sua capacidade de regenerar a casca. Depois de removida, os trabalhadores escrevem o último número daquele ano com tinta branca no tronco marrom dourado exposto – um três significa que foi colhido em 2023. A casca voltará a crescer lentamente e estará pronta para outra colheita após nove anos. “A árvore sempre se regenera”, diz a engenheira florestal Conceição Santos Silva.

Paula Salgueira, que trabalha na extração de cortiça em Coruche há 35 anos, estende a mão para tocar um carvalho que acabou de ser descascado. “Está frio”, diz ela, enquanto acaricia o tronco liso e desnudado. Enquanto os machadeiros trabalham em pares removendo a cortiça, Salgueira e algumas outras mulheres juntam as tábuas em pilhas para o transporte.

Em seguida, as tábuas serão empilhadas ao ar livre em áreas de armazenamento expostas ao ar e à luz solar. Após seis meses de envelhecimento para remover a umidade, elas serão classificadas de acordo com sua espessura e qualidade e, em seguida, fervidas para limpar as impurezas e tornar o material mais macio e fácil de manusear.

De rolha de garrafa a material ecológico

Embora a maior parte da cortiça ainda seja usada como rolha de garrafa, na última década diferentes setores têm encontrado novos usos para ela.

“Estamos observando um interesse crescente na cortiça como material sustentável”, diz Rui Novais, especialista em materiais da Universidade de Aveiro, em Portugal. “Em comparação com materiais como a espuma de poliuretano (usada para isolamento térmico), os produtos feitos com cortiça requerem menos energia e produzem menos emissões de CO2.”

A casca grossa do sobreiro se adaptou para defender a árvore do fogo, tornando-a um poderoso material isolante que tem sido usado para proteger tanques de combustível em naves espaciais da Nasa e baterias de carros elétricos. Ele também é resistente à água e ao óleo e pode suportar a compressão sem perder a elasticidade.

Parte do carbono absorvido pelos sobreiros é transferido para os produtos de cortiça, que podem ser usados por longos períodos, reutilizados e reciclados.
Parte do carbono absorvido pelos sobreiros é transferido para os produtos de cortiça, que podem ser usados por longos períodos, reutilizados e reciclados. Foto: Jose Sarmento Matos/The Washington Post

“É um material extraordinariamente renovável e biodegradável”, diz Novais. “Também é muito durável. Foi demonstrado que os produtos de cortiça permanecem praticamente inalterados por mais de 50 anos.”

Parte do carbono absorvido pelos sobreiros é transferido para os produtos de cortiça, que podem ser usados por longos períodos, reutilizados e reciclados. Vários estudos descobriram que a cortiça é negativa em termos de carbono, o que significa que ela pode armazenar mais carbono do que a quantidade necessária para produzi-la.

Quando as pranchas de cortiça são cortadas e perfuradas para formar rolhas de cortiça natural, as sobras são moídas em grânulos e prensadas para formar folhas ou blocos de cortiça. “Até o pó da cortiça é utilizado para produzir energia”, afirma João Rui Ferreira, secretário-geral da Associação Portuguesa da Cortiça. “Ele alimenta as caldeiras da indústria e parte da produção.”

A cortiça reciclada também pode ser triturada e composta para fabricar outros produtos. Em Portugal, o Green Cork, um programa de reciclagem iniciado pela organização ambiental Quercus, já recolheu e reciclou mais de 100 milhões de rolhas de cortiça desde 2009. Uma iniciativa semelhante, a ReCORK, existe nos Estados Unidos.

Uma fábrica natural

A maior parte da cortiça produzida em Portugal cresce nas colinas e planícies suavemente onduladas do sul do país, em um antigo sistema agroflorestal conhecido como montado. Esse ecossistema semelhante a uma savana combina cortiça, azinheiras e oliveiras com pastagens, gado, culturas e pousios.

“O solo no sul de Portugal é muito pobre, chove muito pouco e as temperaturas são muito altas no verão”, diz Teresa Pinto-Correia, professora da Universidade de Évora, em Portugal, especializada em paisagens rurais e sistemas agrícolas. “Mas esse tipo de sistema é produtivo mesmo quando os recursos são escassos e as condições são difíceis.”

Durante séculos, os habitantes locais preservaram o montado porque a cortiça proporcionava aos proprietários de terras uma fonte de renda. Esse mosaico de habitats abriga centenas de espécies, incluindo o lince ibérico, o gato selvagem mais ameaçado do mundo e a ameaçada águia imperial. Um dos mais antigos sobreiros conhecidos no mundo, plantado em 1783 em Águas de Moura, é conhecido como “o assobiador” porque muitos pássaros visitam seus grandes e extensos galhos.

Os porcos ibéricos se alimentam de bolotas e as cabras pastam nos pastos entrelaçados. A intercalação de sobreiros com animais e plantações pode aumentar a produção e a biodiversidade, mas também construir o solo, controlar a erosão, reter água, combater a desertificação e sequestrar carbono, diz Pinto-Correia.

Embora as florestas de cortiça possam ajudar a mitigar os efeitos das mudanças climáticas, elas também correm cada vez mais riscos, à medida que a seca e os incêndios florestais se tornam mais intensos e mais frequentes na região.

“A árvore está adaptada ao clima mediterrâneo. A casca a protege do fogo”, diz Santos Silva. “Mas nos dois primeiros anos após a extração da cortiça, as árvores ficam muito mais vulneráveis aos incêndios florestais porque não têm essa proteção.”

No entanto, os incêndios nos sobreirais, diz ela, permanecem raros devido à cuidadosa gestão humana.

Por ser uma árvore de crescimento lento, o sobreiro leva décadas para fornecer sombra e produzir cortiça de boa qualidade. Mas em Coruche, as pessoas ainda seguem um velho ditado português: “Quem gosta de seus netos planta sobreiros”. /THE WASHINGTON POST

Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado por nossa equipe editorial. Saiba mais em nossa Política de IA.

 

CADEIA DE VALOR É A NECESSIDADE DAS EMPRESAS IDENTIFICAR E CATEGORIZAR OS ASPECTOS PRIMÁRIOS E SECUNDÁRIOS

 

 Mailchimp – The Rocket Science Group

Saiba o que é cadeia de valor e como fazer mapeamento de processos da sua empresa. Conheça cada etapa da cadeia e por que cada uma é importante.

Uma cadeia de valor não é um grupo de restaurantes que oferecem opções de alimentação baratas, embora você tecnicamente possa usar esse termo para fazer referência a esses restaurantes. Na verdade, é um conceito que engloba todas as suas atividades comerciais, não importa o tamanho do seu negócio.

O conceito se originou na década de 1980 e ainda está se fortalecendo por um motivo: ele funciona. A estrutura da cadeia de valor é eficaz para pequenas, médias e grandes empresas.

A primeira vez que alguém ouviu falar do conceito de cadeia de valor foi no livro de Michael Porter, Competitive Advantage:: Creating and Sustaining Super Performance. O foco principal do livro era a vantagem de custo e como uma empresa pode se diferenciar da concorrência de forma eficaz. Ao usar o conceito de cadeia de valor, uma empresa pode ter uma vantagem competitiva, observa o professor da Harvard Business School.

Como observado, esse conceito ainda é usado hoje e tem sido aperfeiçoado ao longo do caminho. No entanto, não é um conceito fácil de entender. É bastante complexo e exige que alguém tenha uma boa compreensão do conceito e do que a cadeia de valor implica. Então, você, como proprietário de uma empresa, pode decidir se é um conceito que deseja incorporar.

Value chain primary activities are: inbound logistics, operations, outbound logistics, marketing and sales, and service.

O que é uma cadeia de valor?

Uma cadeia de valor é um termo amplo, mas um termo importante, mesmo assim. Consiste em aspectos primários e secundários que uma empresa precisa identificar e categorizar. Ao avaliar essas atividades e subatividades, você obtém uma compreensão de como elas se inter-relacionam entre si e com as funções da sua empresa.

Em seguida, você dá um passo adiante e analisa cada atividade. Você pensa em como isso está afetando a função, a produção e o lucro da sua empresa. Você pode então decidir como, ou se, cada atividade ou subatividade poderia ser melhorada. Particularmente, relaciona-se ao tempo, custo e esforço necessários para cada atividade.

Você pode realizar sua própria análise da cadeia de valor – todo o processo de avaliação de atividades primárias e secundárias, mas também pode contratar um profissional para ajudar. Felizmente, se você optar por fazer isso sozinho, há programas disponíveis que podem ajudá-lo a melhorar seus processos.

Atividades primárias

Atividades primárias são quaisquer funções que afetam diretamente a criação, manutenção ou venda do seu produto ou serviço.

Essas atividades da cadeia de valor incluem operações, logística de saída, logística de entrada, marketing, vendas e marketing de atração. No entanto, outros aspectos da sua empresa também se encaixam no conceito de cadeia de valor.

Atividades de suporte

Cada aspecto da cadeia de valor gira em torno da criação, suporte, manutenção ou venda de seu serviço ou produtos.

Mas, além da principal cadeia de eventos, atividades de apoio, como o departamento de infraestrutura e recursos humanos da sua empresa, também desempenham um papel. Essas atividades apoiam as atividades principais.

Value chain support activities are: firm infrastructure, HR management, technology development, and procurement.

Por que as cadeias de valor são importantes?

As cadeias de valor podem melhorar seus negócios de várias maneiras, permitindo que você pense criticamente sobre cada aspecto e como eles funcionam juntos no esquema mais amplo da função de seus negócios. Elas permitem que você identifique quedas e pense em soluções que otimizam diferentes partes do seu negócio.

Embora esta seja apenas uma visão geral da influência que uma cadeia de valor pode ter em seu negócio, uma avaliação ou análise da cadeia de valor permite que você analise cada aspecto da sua empresa por um microscópio. Você vê quais atributos são positivos e negativos para o seu lucro.

Em primeiro lugar, você pode determinar quais aspectos do seu negócio são ineficazes. Você pode então planejar uma maneira de corrigi-los. Você pode tomar decisões sobre vários aspectos do seu negócio que talvez nunca tenha visto no passado.

Além das desvantagens do seu negócio, você também ganha uma compreensão dos seus pontos fortes. Possivelmente, você poderia pegar esses mesmos conceitos e encontrar uma maneira de incorporá-los em outros aspectos do seu negócio.

Essencialmente, por meio de uma cadeia de valor, você desenvolve uma compreensão de como diferentes atividades do seu negócio se relacionam entre si, mesmo que pareçam desconectadas. Por exemplo, um problema com a gestão de recursos humanos pode afetar quase todos os outros aspectos da empresa.

Ao dar uma olhada no funcionamento interno da sua empresa e fazer as mudanças apropriadas, você pode ter uma vantagem de custo, especialmente quando comparado à sua concorrência.

Exemplo de uma cadeia de valor

Para este exemplo, vamos usar a empresa hipotética, Mary Lou’s Homebaked. Essa empresa é uma padaria que fabrica uma variedade de produtos de panificação, incluindo biscoitos, bagels, bolos e muito mais. Todos os produtos brutos, incluindo farinha, açúcar, aromatizantes etc., que esta empresa usa vêm de fornecedores.

Por meio de seu processo de fabricação, incluindo as áreas mencionadas acima com uma cadeia de valor, a padaria cria produtos de panificação que são saborosos e fornecem valor, que vale mais do que as matérias-primas que ela usa no processo. Também vale mais do que o esforço dela.

Mary Lou’s então coloca os produtos em exposição para as pessoas comprarem todos os dias, oferecendo também a opção de clientes fazerem pedidos personalizados. Ela os vende a um preço que permite lucro, abrindo espaço para um valor de compra que é maior do que seus materiais e esforços, mas não alto o suficiente para afastar o cliente.

Ela tem uma equipe para ajudar e um gerente que cuida dos recursos humanos, o que permite que ofereça uma quantidade maior de produtos de panificação em um período mais curto. Mary Lou também implementou equipamentos avançados por esses motivos.

Essa padaria exibe anúncios na TV e tem panfletos, uma página no Facebook e um site onde os clientes podem fazer pedidos.

Gestão da cadeia de valor

Quando você entende o que é uma cadeia de valor, fica claro que você precisa de algum sistema de mapeamento de processos para manter todos os aspectos da sua empresa organizados.

Isso requer uma estrutura de cadeia de valor.

Em última análise, esse é um processo escalonável, e como você faz isso depende do tamanho do seu negócio.

Idealmente, você deve ter um mapa físico que você cria ou uma estrutura de cadeia de valor onde você pode, facilmente, inserir informações. Se você não tiver uma equipe grande, poderá conduzir o processo por conta própria.

No entanto, se você tiver uma equipe grande, envolva seus gerentes e especialistas no assunto. Mais cabeças são melhores do que uma nesse caso.

Dicas para mapeamento da cadeia de valor

Ao concluir o processo, faça perguntas a si mesmo continuamente sobre os diferentes aspectos do seu negócio. Isso permite que você reserve um momento para pensar criticamente sobre cada parte da sua empresa, como ela se relaciona com outros aspectos e quais mudanças você pode fazer para melhorá-la.

Alguns exemplos de perguntas úteis incluem:

  • O que é prescindível e não afetará negativamente a produção de nossos negócios se for retirado?
  • Como podemos tornar nossos processos de negócios melhores e mais eficientes?
  • Há algo que podemos adicionar que não prejudicará muito nosso lucro, mas nos dará uma vantagem mais competitiva?
  • O que podemos fazer para simplificar nossos processos e torná-los mais eficientes em termos de tempo sem prejudicar o produto final?

Tenha a mente aberta. A autocrítica não é fácil, mesmo quando está relacionada ao seu negócio e não necessariamente a você mesmo. No entanto, este é um momento para ter a mente aberta. Ouça os outros. Identifique problemas e assuma o compromisso de fazer melhor.

Perceba que não há uma solução única. O que funciona para resolver problemas em um aspecto do seu negócio pode não funcionar em outro.

Análise da cadeia de valor

O objetivo de uma cadeia de valor é melhorar seus negócios. É dar uma olhada crítica em todos os aspectos de seu funcionamento e dar a você uma oportunidade de fazer melhorias.

Você descobrirá que esse processo pode aumentar o lucro, a eficiência e até mesmo a moral dos funcionários, pois otimiza determinados processos e aborda os problemas.

Geralmente, você deve ter um processo de três etapas. E, mais uma vez, a estrutura da sua empresa pode ser muito mais complexa, o que exigirá que você se afaste um pouco dessa estrutura.

1. Liste atividades de negócios

Inicialmente, você deve listar todas as atividades da sua empresa, incluindo suas atividades primárias e secundárias. Em seguida, determine se cada atividade é uma atividade primária ou secundária.

Embora ambos desempenhem um papel vital na forma como sua empresa funciona, é incrivelmente importante avaliar bem cada atividade primária.

2. Conecte subatividades

Nesse ponto, quando você estiver mapeando ou traçando gráficos, não importa a estrutura da sua cadeia de valor, procure conexões entre suas subatividades. Embora você possa sentir que um ou dois departamentos são fracos, isso pode surgir do seu departamento de RH. Esse setor precisará de mais treinamento ou orientação sobre medidas de contratação.

Talvez você tenha uma divisão da sua empresa que não está atendendo às expectativas. Isso pode resultar de problemas com operações ou falta de tecnologia.

3. Diagnostique e corrija os problemas

Finalmente, depois de concluir a estrutura da sua cadeia de valor, é hora de diagnosticar os problemas. Isso é mais do que apenas dizer que um departamento não está funcionando corretamente. É também analisar como sua empresa funciona como um todo e como pode surgir de um problema com outro departamento ou problema.

Em seguida, você precisa fazer mudanças que irão melhorar seu negócio em geral para gerar valor.

Vinculando sua cadeia de valor

Agora que você entende a definição da cadeia de valor e o conceito geral desse processo, você pode usá-la para o seu negócio.

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O “não” do cliente a uma proposta. Por quê?

Moysés Peruhype Carlech

Fiquei pensando e ao mesmo tempo preocupado com o seu “não”, sem nenhuma explicação, à nossa proposta de divulgação da sua loja e de resto todas as lojas dessa cidade no Site da nossa Plataforma Comercial da Startup Valeon.

Esse “não” quer dizer, estou cheio de compromissos para fazer pagamentos mensais, não estou faturando o suficiente para cobrir as minhas despesas, a minha loja está vendendo pouco e ainda me vem mais uma “despesa” de publicidade da Startup Valeon?

Pergunto: como vou comprar na sua loja? Se não sei qual é a sua localização aí no seu domicílio? Quais os produtos que você comercializa? Se tem preços competitivos? Qual a sua interação online com os seus clientes? Qual o seu telefone de contato? Qual é o seu WhatsApp?

Hoje em dia, os compradores não têm tempo suficiente para ficarem passeando pelos Bairros e Centros da Cidade, vendo loja por loja e depois fazendo a decisão de compra, como antigamente.

A pandemia do Covid-19 trouxe consigo muitas mudanças ao mundo dos negócios. Os empresários precisaram lutar e se adaptar para sobreviver a um momento tão delicado como esse. Para muitos, vender em Marketplace como o da Startup Valeon se mostrou uma saída lucrativa para enfrentar a crise. Com o fechamento do comércio durante as medidas de isolamento social da pandemia, muitos consumidores adotaram novos hábitos para poder continuar efetuando suas compras. Em vez de andar pelos corredores dos shoppings centers, bairros e centros da cidade, durante a crise maior da pandemia, os consumidores passaram a navegar por lojas virtuais como a Plataforma Comercial Valeon. Mesmo aqueles que tinham receio de comprar online, se viram obrigados a enfrentar essa barreira. Se os consumidores estão na internet, é onde seu negócio também precisa estar para sobreviver à crise e continuar prosperando.

É importante você divulgar a sua loja na internet com a ajuda do Site da Startup Valeon, que no caso não é uma despesa a mais e sim um investimento para alavancar as suas vendas. Desse modo, o seu processo de vendas fica muito mais profissional, automatizado e eficiente.  Além disso, é possível a captação de potenciais compradores e aumentar o engajamento dos seus clientes.

Não adianta pensar dessa forma: “Eu faço assim há anos e deu certo, porque eu deveria fazer diferente? Eu sei o que preciso fazer”. – Se você ainda pensa assim, essa forma de pensar pode representar um grande obstáculo para o crescimento do seu negócio, porque o que trouxe você até aqui é o que você já sabe e não será o que levará você para o próximo nível de transformação.

O que funcionava antes não necessariamente funcionará no futuro, porque o contesto está mudando cada vez mais rápido, as formas como os negócios estão acontecendo são diferentes, os comportamentos dos consumidores está se alterando, sem contar que estão surgindo novas tecnologias, como a da Startup Valeon, que vão deixar para trás tudo aquilo que é ineficiente.

Aqui, na Startup Valeon, nós sempre questionamos as formas de pensar e nunca estamos totalmente satisfeitos com o que sabemos justamente por entender que precisamos estar sempre dispostos a conhecer e aprender com o novo, porque ele será capaz de nos levar para onde queremos estar.

Mas, para isso acontecer, você precisa estar disposto a absorver novas formas de pensar também e não ficar amarrado só ao que você já sabe.

Se este for seu caso, convido você a realizar seu novo começo por meio da nossa forma de anunciar e propagar a sua empresa na internet.

Todos eles foram idealizados para você ver o seu negócio e a sua carreira de uma forma completamente diferente, possibilitando levar você para o próximo nível.

Aproveite essa oportunidade para promover a sua próxima transformação de vendas através do nosso site.

Então, espero que o seu “não” seja uma provocação dizendo para nós da Startup Valeon – “convença-me”.

E-Mail: valeonbrasil@gmail.com

Site: https://valedoacoonline.com.br/

Fones: (31) 98428-0590 / (31) 3827-2297

domingo, 25 de fevereiro de 2024

VOCÊ SABE O QUE SIGUINIFICA O TERMO "CISGÊNERO"?

Folha de S. Paulo

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A Polícia Federal perguntou ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se ele é cisgênero no depoimento de quinta-feira (22) sobre o planejamento de um golpe de Estado.

Segundo relatos feitos à reportagem, Bolsonaro disse que não sabia o que significava a palavra. Os delegados e escrivão deram risada da situação e explicaram o termo, ainda segundo pessoas que acompanham o caso.

O ex-presidente então confirmou que é cisgênero. Depois, os advogados apresentaram uma petição que dizia que Bolsonaro permaneceria em silêncio por não ter recebido todos os documentos que compõem a investigação –como a íntegra da delação do tenente-coronel Mauro Cid.

A Polícia Federal afirmou, em nota, que a pergunta se tornou praxe em depoimentos desde 31 de outubro, quando a corporação alterou o cadastro de pessoas no sistema judiciário nos campos “identidade de gênero” e “orientação sexual”.

O termo “cisgênero” designa quem não é pessoa trans, travesti ou não binária, ou seja, quando há identificação com o sexo biológico.

“As alterações realizadas decorreram de uma série de fatores, dentre eles solicitações e consultas externas e internas recebidas pela Polícia Federal acerca dos instrumentos de levantamento de dados nos sistemas da Polícia Federal na temática da violência LGBTQIA+, bem como ação nacional do Ministério Público Federal destinada a promover a ‘implementação de políticas públicas de proteção à população LGBTQIA+ pelos órgãos federais e estaduais de segurança'”, diz a polícia.

Apesar de a PF dizer que a pergunta é um procedimento padrão, as defesas de dois outros investigados afirmaram à reportagem que seus clientes não foram questionados sobre o gênero.

Bolsonaro chegou à sede da PF em Brasília por volta das 14h20, dez minutos antes do horário marcado. Com a decisão dele de se manter em silêncio, o depoimento foi encerrado pouco depois.

A maioria dos investigados adotou a mesma decisão e permaneceu calada.

O advogado de Bolsonaro, Paulo Bueno, disse na quinta que a defesa não teve acesso a todos os elementos das imputações contra o ex-presidente, o que motivou a opção pelo silêncio. Ele também afirmou que o ex-presidente “nunca foi simpático a movimento golpista”.

“Esse silêncio, quero deixar claro, não é simplesmente o uso do direito constitucional, mas estratégia baseada no fato de que a defesa não teve acesso a todos os elementos que estão sendo imputados ao presidente a prática de certos delitos.”

O advogado completou: “A falta de acesso a esses documentos, especialmente às declarações do tenente-coronel Mauro Cid, e as mídias eletrônicas obtidas pelos celulares de terceiros e computadores impedem que a defesa tenha o mínimo conhecimento de por quais elementos o presidente é convocado para este depoimento”.

A PF investiga as tratativas por um golpe de Estado desde que encontrou na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, em janeiro de 2023, uma minuta de decreto para Bolsonaro instaurar estado de defesa na sede do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

O objetivo seria reverter o resultado da eleição em que ele foi derrotado por Lula (PT), segundo os investigadores.

Com a delação de Mauro Cid e as provas obtidas em outras operações, a PF chegou à conclusão de que Bolsonaro teve acesso a versões da minuta golpista (não exatamente a mesma que estava com Torres).

De acordo com as investigações, ele chegou a pedir modificações no texto e apresentar a proposta aos chefes militares, para sondar um possível apoio das Forças Armadas à empreitada.

 

A MANIFESTAÇÃO DE BOLSONARO IMITA UM POUCO A MANIFESTAÇÃO DE COLLOR

 

História de ANA LUIZA ALBUQUERQUE • Folha de S. Paulo

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Era 13 de agosto de 1992, e o então presidente Fernando Collor estava exaltado. Encurralado em meio a um escândalo de corrupção e uma profunda crise econômica, Collor transformou um anúncio oficial em Brasília em um comício em sua defesa.

Na beira do precipício, fez uma jogada arriscada: conclamou os brasileiros a irem às ruas de verde e amarelo para demonstrar apoio ao governo e afastar a possibilidade de impeachment. “No prósimo domingo estaremos mostrando onde está a verdadeira maioria”, bradou o presidente.

O domingo em questão não se desenrolou como Collor calculava. Milhares de pessoas foram às ruas -mas vestidas de preto, para pedir o seu afastamento. Pouco mais de um mês depois, a Câmara dos Deputados aprovou a abertura do processo de impeachment. Em dezembro, Collor renunciou.

Neste domingo (25), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) irá revisitar a estratégia populista de Collor, torcendo por um resultado melhor.

Investigado pela Polícia Federal em procedimento que apura uma tentativa de golpe para mantê-lo no poder, Bolsonaro convocou manifestação em sua defesa. Cientistas políticos avaliam que o ex-presidente tentará instrumentalizar o apoio dos seguidores para se blindar de possíveis desdobramentos prejudiciais.

“Ele quer manter seu eleitorado mobilizado para mostrar que tem apoio popular, que as pessoas acreditam nele e que colocá-lo na cadeia pode incendiar o país”, afirma Caio Marcondes Barbosa, doutor em ciência política e pesquisador do Centro de Estudos dos Direitos da Cidadania da USP.

Em vídeo divulgado a apoiadores, Bolsonaro os conclamou a vestir verde e amarelo e disse que queria uma fotografia de todos: “Para mostrarmos ao Brasil e ao mundo a nossa união”.

Para o cientista político Cláudio Gonçalves Couto, professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas), a busca por essa imagem é uma tentativa de fazer pressão contra o STF (Supremo Tribunal Federal) em meio à investigação.

“Na hora em que ele procura mostrar que goza de legitimidade e que se contrapõe à legitimidade daqueles que [supostamente] o perseguem, ele está se contrapondo ao próprio Supremo”, diz.

Bolsonaro continua a insuflar suas bases em busca de uma demonstração de força política, repetindo a tônica de campanha eleitoral que foi mantida ao longo do governo. Outros líderes da nova leva de populistas que ascendeu ao poder nas últimas décadas, como o americano Donald Trump, fazem o mesmo.

“Políticos populistas tendem a mostrar que eles são representantes legítimos do povo. Sendo assim, é importante que esses políticos mostrem constantemente que o povo está ao lado deles”, afirma Barbosa.

Coautor do livro “Do que Falamos Quando Falamos de Populismo”, o cientista político Thomás Zicman de Barros diz que esse tipo de ato conclamado por Bolsonaro tem como objetivo demonstrar força e acuar determinadas instituições.

Ele afirma que a direita percebeu, especialmente a partir de 2013, que poderia utilizar estratégias populistas para disputar o poder. Nessa esteira, Bolsonaro se elegeu ao se posicionar como um candidato antissistema que rompia com as regras tradicionais da política.

“A direita até 2013 não tinha essa vocação, era uma direita bem comportada. Os candidatos não tinham muito esse apelo popular. O que se vê desde então é que cada vez mais cresce essa ideia de que a direita também pode ser transgressiva, ocupar a rua, fazer bagunça em alguma medida.”

Bolsonaro pediu que neste domingo haja apenas uma manifestação –a da avenida Paulista–, buscando concentrar seus eleitores em um único local para mostrar que ainda tem força política. Mas essa estratégia de usar o apoio das ruas como blindagem pode sair pela culatra, como mostra a história recente.

“É uma aposta arriscada. Se não impressionar, vai mostrar fraqueza e que o mundo político seguirá em frente se ele for preso”, diz Barbosa.

O ex-presidente também pediu que os apoiadores não levem cartazes com ataques “contra quem quer que seja”, sugerindo que não fará críticas diretas a ministros do Supremo, como aconteceu em manifestações anteriores, ainda durante seu governo.

“O ponto é reforçar a narrativa de que ele é vítima de um processo de perseguição e que os golpistas são os outros, que o perseguem”, afirma Gonçalves Couto, da FGV.

Cientistas políticos avaliam que o ato deste domingo, diferentemente de outros anteriores, não tem um caráter golpista.

“Embora ele tenha promovido esse ato como defesa do Estado democrático de Direito, o que chega a ser irônico porque ele está sendo investigado justamente por atacá-lo, o ato é em defesa de Bolsonaro. O objetivo realmente é mostrar a quantidade de pessoas dispostas a defendê-lo e que ele ainda é um grande ator da direita no Brasil”, diz Barbosa.

Gonçalves Couto afirma que Bolsonaro tentar se defender faz parte do jogo. “Aqueles que pediam intervenção militar, impeachment de ministros do STF, fechamento do Congresso, eram casos realmente de discurso golpista.”

Ele diz que não dá para ter certeza do tom que Bolsonaro adotará no domingo, mas lembra que o ex-presidente costuma recuar quando está em risco.

“Eu não acredito em Bolsonaro moderado, ele é um extremista por definição. Mas existe um Bolsonaro que recua quando está acuado. Ele é um cara meio medroso. Quando percebe que a coisa está complicada, baixa o tom.”

O GOVERNADOR DE S.PAULO E OUTROS GOVERNADORES IRÃO À MANIFESTAÇÃO DE BOLSONARO

Folha de S. Paulo

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou na última semana que sempre estará ao lado de Jair Bolsonaro (PL), inclusive na manifestação organizada pelo ex-presidente para este domingo (25).

A demonstração de lealdade do ex-ministro de Bolsonaro não é inédita -veja outras vezes em que Tarcísio saiu em defesa do aliado em meio a acusações de que ele estaria minando a democracia.

‘DEFESA É CONSIDERADA ATAQUE’

Em maio de 2022, ano em que disputou a eleição ao Governo de São Paulo, Tarcísio foi questionado em sabatina Folha/UOL sobre os ataques de Bolsonaro ao STF (Supremo Tribunal Federal). Ele respondeu que “muitas vezes ele se defende, e essa defesa é considerada um ataque”. O ex-ministro deu como exemplo o indulto concedido pelo ex-presidente ao ex-deputado federal Daniel Silveira -ao qual se referiu como um “remédio constitucional”.

Ele também foi questionado sobre a participação de Bolsonaro no 7 de setembro, e a afirmação do ex-presidente de que não respeitaria decisões do Supremo. Tarcísio respondeu: “No final das contas, nada disso aconteceu, teve uma situação de acirramento, de ânimos, e logo depois a gente teve um gesto. E considero que essa questão do 7 de setembro é superada”.

‘FRUTO DA DEMOCRACIA’

Em junho de 2022, em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, Tarcísio foi questionado se ainda apoiaria Bolsonaro no caso de uma invasão ao Congresso semelhante ao ataque ao Capitólio, em 6 de janeiro de 2021. “Isso não vai acontecer no Brasil. Não vai acontecer. O presidente é fruto da democracia”, o atual governador respondeu.

A jornalista e apresentadora Vera Magalhães o interpelou, dizendo que Bolsonaro defendia a ditadura. Tarcísio respondeu que não via o aliado “fazer defesa da ditadura”. “No final das contas, nós temos um sistema democrático maduro que não corre risco de ruptura. A gente vai ter um processo democrático agora no final do ano, as eleições vão transcorrer tranquilamente, vamos ter os vencedores tomando posse”, afirmou.

Tarcísio também disse que estava seguro de que as eleições aconteceriam normalmente e que não haveria questionamentos sobre o resultado.

‘FIM DA PICADA’

Em agosto de 2022, Tarcísio afirmou que a carta pela democracia lida na faculdade de Direito da USP, em resposta aos ataques golpistas de Bolsonaro, não fazia o menor sentido. Em sabatina promovida pelo jornal o Estado de S. Paulo em parceria com a Faap (Fundação Armando Alvares Penteado), ele afirmou que achava “o fim da picada” que alguns signatários da carta se diziam defensores da democracia no Brasil, mas apoiavam os regimes da Nicarágua e da Venezuela.

Questionado se ficava constrangido com os ataques de Bolsonaro contra as urnas eletrônicas, Tarcísio respondeu que constrangedor era ter um “ex-preso” concorrendo à Presidência, em referência ao atual presidente Lula (PT).

‘LIDERANÇA INQUESTIONÁVEL’

Em junho de 2023, depois que Bolsonaro foi considerado inelegível pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Tarcísio saiu em defesa do aliado nas redes sociais. O ex-presidente foi condenado por ter feito falsas acusações contra o sistema eleitoral em uma reunião com embaixadores estrangeiros.

“A liderança do presidente Jair Bolsonaro como representante da direita brasileira é inquestionável e perdura. Dezenas de milhões de brasileiros contam com a sua voz. Seguimos juntos, presidente”, escreveu o atual governador.

SILÊNCIO

Apesar de ter afirmado durante a campanha eleitoral que discordou de Bolsonaro quanto à aplicação das vacinas contra a Covid-19, Tarcísio participou de ao menos duas lives em que o aliado fez críticas aos imunizantes e não o interpelou em nenhum momento. “Quem já contraiu o vírus tem mais anticorpos do que qualquer pessoa que já tenha tomado qualquer vacina. Por que essa pressão por vacina? Será por interesse comercial?”, disse Bolsonaro em uma delas, em setembro de 2021, com Tarcísio ao seu lado, em silêncio.

Já governador, em fevereiro de 2023, Tarcísio sancionou projeto de lei que proibia a exigência do comprovante de vacinação. Além disso, ele enviou à Assembleia outro projeto, que acabou aprovado, incluindo anistia às multas aplicadas na pandemia de Covid-19, beneficiando Bolsonaro.

 

A PRISÃO DE BOLSONARO PODE GERAR UMA GUERRA CIVIL

 

História de RENATA GALF • Folha de S. Paulo

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Ao mesmo tempo em que convocações para o ato deste domingo (25) em São Paulo repetem o pedido do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para que não haja cartazes ou alvos específicos na manifestação, mensagens de tom violento e teorias da conspiração seguem sendo compartilhadas em grupos públicos bolsonaristas, ainda que sem citar o protesto.

O levantamento feito pela empresa de tecnologia Palver buscou capturar o que estava sendo dito após a operação da Polícia Federal de 8 de fevereiro que mirou Bolsonaro e aliados acerca de trama golpista engendrada em sua gestão. Além disso, analisou também como reverberou a convocação do ex-presidente, feita no dia 12, para ato na avenida Paulista.

Mensagens citando Bolsonaro e falando em “guerra civil” ou “revolução” teve certo aumento após a ordem de apreensão de passaporte contra o ex-presidente. Este tipo de conteúdo mais inflamado, porém, não cita a manifestação de 25 de fevereiro e já vinha aparecendo anteriormente nos grupos.

Uma mensagem diz, por exemplo, que “estão inventando uma prisão a qualquer custo para Bolsonaro” e fala que “vai ter guerra civil”. O texto, que é longo, diz ainda que “ninguém sairá de dentro do Congresso até que todos sejam presos” e que “ninguém nos deterá”. Ao final, demanda “providências contra esses abusos de autoridades do STF” e diz que “isso não vai continuar assim”.

“Guerra civil à vista”, diz outro conteúdo compartilhado, acompanhado de uma teoria da conspiração: “PT mandou o TSE cassar os mandatos e tornar inelegíveis todos os deputados do PL. É imprescindível fazer este vídeo chegar a cada brasileiro”.

Um outro caso traz o rosto de Bolsonaro junto do aviso: “Estamos atentos, não encostem nele!”. Na sequência, diz que se o ex-presidente for preso todos devem sair às ruas. “Vamos parar o país. Revolução civil em todo o Brasil. Encostem no Bolsonaro e é isso que terão”, diz o conteúdo.

Um outro vídeo traz áudios supostamente de pessoas ligadas ao Exército falando também em guerra civil e junto dos termos de que o Brasil estaria em alerta e de que faltariam poucos dias.

Todos estes exemplos estavam marcados como encaminhados com frequência no WhatsApp, segundo a Palver. Essas mensagens não citam o ato do dia 25 de fevereiro, mas seguem sendo encaminhadas nos grupos.

Há ainda outras mensagens dizendo que houve fraude em 2022, além de textos aventando novas teorias da conspiração das instituições contra Bolsonaro e incutindo ainda a ideia de que as Forças Armadas podem vir a agir nestes casos.

Os novos indícios, que vieram à tona com a recente decisão do ministro Alexandre de Moraes (STF), não são destaque nas conversas tampouco alteraram a narrativa de que Bolsonaro estaria sendo perseguido.

As minutas de golpe, por exemplo, foram pouco mencionadas, o que ficou restrito a poucas ocorrências de um vídeo do advogado de Bolsonaro justificando o documento encontrado na sede do PL e a um texto de Ives Gandra dizendo que um dos arquivos encontrados no celular de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do então presidente, era de 2017.

Nos segmentos bolsonaristas, a principal crítica segue sendo a órgãos de Justiça, como o Supremo e ao atual governo.

O vídeo divulgado por Bolsonaro convocando para um ato na avenida Paulista, por sua vez, repercutiu positivamente nos grupos de WhatsApp, segundo a Palver.

No gráfico, aparecem algumas ocorrências pontuais anteriores ao dia 12, isso se deve ao fato de a busca capturar termos gerais —além disso, foram consideradas apenas mensagens em português.

Ao analisar a quantidade de mensagens destacando a fala do ex-presidente para que não houvesse cartazes ou para que o ato fosse pacífico e se evitasse xingamento a opositores, as menções são menos relevantes.

No vídeo, Bolsonaro pediu a apoiadores que não levem faixas e cartazes contra ninguém e fala em ato de apoio ao que chama de “Estado democrático de Direito”. “Nesse evento eu quero me defender de todas as acusações que têm sido imputadas à minha pessoa nos últimos meses”, afirmou.

Os textos em geral recomendam que as pessoas vistam verde e amarelo, há também recomendação para que levem seus familiares e fazer lives e fotos. “A nação brasileira precisa colocar a cara do lado de fora e deixar claro que já não tolera mais nenhuma espécie de ditadura.”

Há também mensagens sobre ônibus partindo para a capital paulista, como uma que diz que o ônibus sairá do Leme no Rio de Janeiro no domingo de manhã por R$ 200 —adicionando que não será permitida a entrada com faixas e cartazes bem como com objetos como facas e armas.

Segundo Maria Cruz, analista da Palver, será preciso avaliar o quanto as convocações encaminhadas nos grupos resultarão em aderência aos atos, considerando o fato do chamamento do Bolsonaro.

Ela ressalta que em mobilizações mais recentes a aderência teria sido abaixo do que os grupos esperavam, resultando em discussões sobre possíveis falhas.

Uma mensagem que foi bastante encaminhada divulga uma concentração em Manaus no domingo. O perfil do movimento conservador da cidade porém já divulgou que o ato foi cancelado, dado a instrução de Bolsonaro para que tudo fosse centralizado em São Paulo.

Nos grupos aparecem ainda fake news como a de que o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump e o presidente argentino, Javier Milei compareceriam aos atos.

O PT, partidos do campo governista e movimentos ligados ao presidente Lula decidiram preparar um manifesto em reação ao ato —o grupo quer denunciar o golpismo do ex-presidente e reiterar o apoio à democracia.

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

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