sábado, 10 de fevereiro de 2024

NOVAS DECISÕES JUDICIAIS PAREDCEM UMA TENTATIVA DE REESCREVER A HISTÓRIA MINANDO O PAÍS DO COMBATE À CORRUPÇÃO

 

História de Juan Pablo Spinetto • Bloomberg

Brazilian business man hand and 100 US dollar bills on flag of Brazil background

(Bloomberg) — Uma década após o surgimento da Lava Jato, a investigação que abalou o Brasil continua a fazer notícia — desta vez porque novas decisões judiciais parecem uma tentativa de reescrever a história, minando a posição do país no combate à corrupção. As pesquisas mostram que os brasileiros estão cada vez mais preocupados com a corrupção, um alerta que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva deveria levar mais a sério, dado o passado de seu partido em grandes escândalos.

Primeiro, os fatos: O ministro José Antonio Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, ordenou esta semana uma investigação sobre a ONG Transparência Internacional, dias depois que a organização criticou as decisões do magistrado em casos derivados da Lava Jato. Em setembro, o juiz havia anulado todas as provas utilizadas para apoiar o acordo de leniência que a Odebrecht assinou com o Ministério Público em 2016. Também na semana passada, Dias Toffoli suspendeu pagamentos da multa de R$ 8,5 bilhões imposta à Odebrecht (agora conhecida como Novonor) depois de fazer o mesmo com uma multa de R$ 10,3 bilhões em um outro acordo separado envolvendo a holding dos irmãos Batista, os magnatas que controlam a gigante da carne JBS. 

As decisões são um sinal de que as grandes lições da Lava Jato correm o risco de serem logo esquecidas.

A investigação, iniciada em 2014, revelou uma rede multibilionária de subornos e cartéis e enviou centenas de executivos e políticos poderosos para a prisão, com repercussões que abrangem vários países. No centro de tudo estava o juiz Sergio Moro, que liderou a cruzada anticorrupção. O impacto foi tão grande que Moro se tornou herói nacional. Mas sua decisão equivocada de ingressar no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro como ministro da Justiça no início de 2019 não só minou sua reputação, mas também levou ao colapso do caso quando os tribunais superiores consideraram suas decisões tendenciosas e em conluio com procuradores.

Desde então, temos assistido a uma pressão por parte dos que foram condenados para reverter suas sentenças e suspender as multas que suas empresas concordaram em pagar nos acordos. Isso é coerente com o princípio do devido processo: se os juízes concluírem que as investigações não foram conduzidas dentro da lei, é justo que os acusados reajam às novas sentenças.

No entanto, existe o perigo de que estas decisões acabem por persuadir a elite política e empresarial brasileira de que a Lava Jato representa apenas um exemplo caro de impunidade. Mesmo pressupondo que as centenas de executivos que admitiram subornos na época teriam sido todos coagidos por promotores agressivos, seus depoimentos deram uma visão clara da cultura de corrupção enraizada no mundo empresarial e setor público do país. Odebrecht e Petrobras assinaram acordos com o Departamento de Justiça dos EUA, concordando em pagar multas pesadas no exterior. Empresas pediram desculpas públicas. Tudo isso aconteceu, mesmo que o processo legal tenha sido considerado contaminado.

Minha história preferida daquela época, que acompanhei de perto como repórter radicado no Rio de Janeiro, foi o caso de Pedro Barusco, um desconhecido executivo de terceiro escalão da Petrobras que devolveu quase US$ 100 milhões depois de confessar subornos e fechar acordo com promotores. Ele devolveu 100 MILHÕES DE DÓLARES, de uma hora para outra…

Além disso, estas decisões recentes surgiram no contexto de decisões de Lula que poderiam, na melhor das hipóteses, ser caracterizadas como controversas: sua primeira indicação para o STF foi seu advogado pessoal e a segunda, Flávio Dino, foi até recentemente seu Ministro da Justiça e aliado próximo. O presidente então substituiu Dino por Ricardo Lewandowski, cujas decisões como juiz do Supremo foram fundamentais para que Lula recuperasse a liberdade em 2019, após ser preso por Moro. Dias Toffoli foi conselheiro legal do PT e depois nomeado para o STF durante o segundo mandato de Lula.

As manobras de Lula podem parecer compreensíveis quando se considera que ele passou 580 dias preso injustamente e foi vítima de uma conspiração judicial e política para impedi-lo de concorrer à presidência em 2018. Eu entendo: Lula pode não querer se arriscar novamente com os tribunais. Mas esses são os tipos de decisões que fazem parecer que o ex-presidente Barack Obama sabia de alguma coisa quando escreveu em suas memórias que Lula era “impressionante”, mas “supostamente tinha os escrúpulos de um chefe do Tammany Hall”, uma referência a algumas das negociatas mais infames e corruptas na política dos EUA do século XIX e início do século XX.

Além disso, quaisquer que sejam os seus méritos legais, estas decisões estão começando a prejudicar a credibilidade do país no combate à corrupção. É aí que entra o caso da Transparência Internacional: o Brasil caiu 10 posições, para o 104º lugar entre 180 países, no último Índice de Percepção de Corrupção da organização, que cobriu o primeiro ano do terceiro mandato de Lula. A ONG publicou um relatório contundente no mês passado destacando retrocessos nas políticas do país, incluindo as decisões de Dias Toffoli, e dizendo que a revogação em massa de sentenças era “um rico negócio” para advogados e lobistas.

“O Brasil se tornou um cemitério de evidências do maior caso de corrupção transnacional da história”, segundo o relatório.

O tom duro e as referências pessoais no relatório podem muito bem ter influenciado a decisão de Dias Toffoli de ordenar a investigação do grupo por supostamente ter lidado com dinheiro dos acordos. A organização contra-atacou, emitindo uma declaração negando irregularidades e denunciando as “retaliações injustas que enfrenta em resposta ao seu trabalho anticorrupção”.

Por enquanto, Lula parece estar surfando acima de todo esse ruído com sua popularidade intacta, mas precisa ficar atento porque a insatisfação dos brasileiros com o combate à corrupção é real e está cada vez mais aguda: segundo pesquisa da AtlasIntel divulgada na terça-feira, 58% dos brasileiros citam a corrupção como um dos principais problemas do país, um aumento de quase 8 pontos percentuais em relação à pesquisa anterior feita em novembro e apenas atrás do crime e narcotráfico, que lideram a lista de preocupações com 59%.

Brazil's Corruption Worries Continue | The biggest problems Brazilians say their country faces

Brazil’s Corruption Worries Continue | The biggest problems Brazilians say their country faces© Source: AtlasIntel, Nov. 17-20 and Jan. 28-31 polls

Há uma razão pela qual os brasileiros têm tanta sede de justiça e honestidade. O governo precisa fazer mais para melhorar a transparência e garantir que os cidadãos confiem na Justiça e no sistema político. O recente anúncio do ambicioso plano para revitalizar a indústria – exatamente o tipo de política arbitrária que ajudou em parte a alimentar a Lava Jato – será observado de perto em busca de sinais de má gestão. Enquanto isso, o Supremo, que foi um baluarte crucial contra as tendências autoritárias de Bolsonaro, deveria julgar as controvérsias da Lava Jato como um órgão colegiado, e não deixando isso na mão de ministros individuais.

Mas acima de tudo, o Brasil deveria ter um debate honesto sobre as lições da Lava Jato: uma coisa é explorar todas as suas opções legais ou ser libertado por motivos processuais (mesmo depois de confessar irregularidades em vídeo). É uma coisa muito diferente tentar reescrever completamente a história e fingir que nada aconteceu.

Poucos brasileiros aceitarão a segunda abordagem.

JP Spinetto é colunista da Bloomberg Opinion, cobrindo negócios, assuntos econômicos e política na América Latina. Anteriormente, ele foi chefe de economia e governo da Bloomberg News na região. Esta coluna não reflete necessariamente a opinião do conselho editorial ou da Bloomberg LP e de seus proprietários.

MICHEL TEMER EX-PRESIDENTE É CONTRÁRIO À PROVALVEL PRISÃO DE BOLSONARO

História de Redação • IstoÉ Dinheiro

O ex-presidente Michel Temer (MDB) disse ser contra a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) após as revelações feitas pela Operação Tempus Veritatis nesta quinta-feira, 8. Segundo Temer, não há razão para prender Bolsonaro com as provas que vieram à tona até o momento.

“Pelo menos pelos fatos que vieram à luz até agora, penso que não há razão para a prisão. Há sempre a perspectiva de (uma prisão), mas a perspectiva de depende de uma concretização de determinados fatos. E esses, caso concretizarem, sei-lo-ão adiante”, disse Temer em entrevista à CNN Brasil nesta quinta.

De acordo com o ex-presidente, as provas coletadas mostraram que houve intenção e tentativa de uma ação golpista que, segundo ele, não tiveram sucesso porque as Forças Armadas rejeitaram a aventura antidemocrática da cúpula de Bolsonaro.

“Houve uma intenção e uma tentativa de ação. Quando eu digo tentativa de ação foi aquele movimento que se deu em Brasília, mas de pessoas que não tinham exata e precisamente um plano completo, porque o plano completo é que você só tem um golpe de Estado quando as Forças Armadas querem, e as Forças Armadas não quiseram isso”, afirmou.

O emedebista julgou como “grave” as intenções golpistas mostradas pelo relatório da operação e se disse “surpreendido” pelos diálogos de Bolsonaro e seus aliados. Segundo ele, o desfecho desejado pelos membros do governo anterior era uma intervenção militar após os ataques aos prédios públicos dos Três Poderes, em Brasília.

“Eu me surpreendi um pouco com os diálogos havidos e coletados nesse início de investigação e com reuniões que se verificaram sem nenhuma conclusão. Porque a conclusão, se ela fosse verdadeira, deveria ser as Forças Armadas de acordo, o pessoal faz um movimento para invadir prédios e etc. Em seguida, as Forças Armadas decretam uma intervenção militar no Estado brasileiro”, disse Temer.

Investigações apontam Bolsonaro como ‘artífice’ do golpe

A operação da PF realizou 33 mandados de busca e apreensão contra ex-ministros, militares de alta patente e ex-assessores de Bolsonaro. O ex-presidente é suspeito de ter sido o “artífice” de um golpe de Estado após as eleições de 2022. Ele teve o passaporte apreendido e está proibido de deixar o País.

A PF colocou Bolsonaro como participante direto na edição de uma “minuta golpista” que circulou entre seus aliados após o segundo turno. Conversas encontradas no celular do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, sugerem que o ex-presidente ajudou a redigir e editar o documento.

As mensagens foram trocadas entre Cid e o general Marco Antônio Freire Gomes, que era o então comandante do Exército, em dezembro de 2022. De acordo com o ex-ajudante de ordens, Bolsonaro “enxugou” o texto. “Fez um decreto muito mais resumido. Algo muito mais direto, objetivo e curto, e limitado.”

A versão inicial do rascunho previa, além de novas eleições, a prisão de autoridades, como os ministros do STF Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Segundo a PF, por sugestão de Bolsonaro, apenas a prisão de Moraes foi mantida no documento.

Temer intermediou contato entre Bolsonaro e Moraes

No dia 5 de julho de 2022, Bolsonaro realizou uma reunião com ministros que foi gravada e encontrada no computador de Mauro Cid pela PF. Segundo os investigadores, o vídeo do encontro evidenciou a “dinâmica golpista” planejada pela alta cúpula do governo passado. O ex-presidente incentivou a sua equipe a divulgar desinformações sobre o processo eleitoral e disse que não era o caso de o então ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira “botar tropa na rua, tocar fogo e metralhar”.

A reunião ocorreu um mês antes de Temer virar um “conciliador” entre Bolsonaro e Moraes, intermediando uma ligação telefônica entre os dois. O emedebista disse que o gesto seria uma representação de “boa vontade e grandeza” entre o Executivo e o Judiciário, que estavam tensionados após ataques diretos do ex-presidente aos ministros do STF.

O post Michel Temer diz ser contra prisão de Jair Bolsonaro pelo que a PF revelou até o momento apareceu primeiro em ISTOÉ DINHEIRO.

 

BOLSONARO RESPONDE ÀS ACUSAÇÕES SOBRE GOLPE

 

História de Redação • IstoÉ Dinheiro

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou na manhã desta sexta-feira, 9, em suas redes sociais, que a minuta de um discurso de decretação de Estado de Sítio e Garantia da Lei e de Ordem (GLO) encontrada pela Polícia Federal (PF) na sede do Partido Liberal (PL), nada mais era que peça de processo fornecido pelo ministro encarregado do inquérito. Para a PF, Bolsonaro teria tido participação direta na edição da minuta que circulou entre seus aliados após o segundo turno das eleições de 2022. Já a defesa aponta que esse mesmo documento havia sido apreendido pela PF durante a prisão do tenente-coronel Mauro Cid em maio de 2023.

Em vídeo divulgado pelo ex-presidente, o advogado Paulo Cunha Bueno afirma que a defesa busca esclarecer a situação para que não haja “nenhum tipo de confusão com relação quanto ao que foi encontrado”. “Tratava-se sim de uma minuta que se encontrava armazenada no telefone celular do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens, e que na ocasião de sua prisão havida em maio do ano passado foi objeto de apreensão”, diz Paulo Cunha.

O advogado conta que o documento estava impresso para que o Bolsonaro pudesse ler. “Recebido o documento em seu telefone celular, o presidente, que não é adepto de leitura na tela pequena, na tela de minuta de um telefone, solicitou à assessoria a impressão em papel do documento. E assim foi feito. Resta evidente, portanto, que o documento apreendido, na data de hoje, é exatamente aquele encaminhado por mim, na condição de seu advogado, contendo o quanto havia sido apreendido em maio no telefone do Coronel Mauro Cid”. Agora, defesa irá apresentar a ata notarial das mensagens trocadas diretamente nos alto da investigação para que o fato não tome “relevância que inicialmente poderia supor”, informa também.

A apreensão do documento foi realizada durante operação deflagrada nesta quinta-feira, 8, durante Operação Tempus Veritatis, nas dependências do Partido Liberal (PL) em Brasília. Antes da confiscação da minuta, a PF já tinha indicativos de que Bolsonaro editou texto de uma minuta de decreto de golpe para anular o resultado das eleições e prender o ministro Alexandre de Moraes, do STF, que conduz as investigações.

Na quinta-feira, à Coluna do Estadão, Bolsonaro disse não saber os motivos para ser alvo da operação. “Vamos buscar acesso ao inquérito, do que se trata. Por enquanto está uma incógnita aqui. Não tenho acesso ao que é, qual o motivo da busca e apreensão e o que está sendo investigado”, dizendo que o “perseguem o tempo todo”.

O post Bolsonaro dá sua versão sobre minuta de estado de sítio apreendida no PL apareceu primeiro em ISTOÉ DINHEIRO.

O MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO (MEC) INICIOU O ANO PROVOCANDO DANOS CONSIDERÁVEIS A MILHARES DE ALUNOS

 

História de Notas & Informações • Jornal Estadão

Predio do Ministerio da Educacao

Não bastassem os prejuízos causados a estudantes pelo recente adiamento da tramitação da reforma do chamado Novo Ensino Médio, o Ministério da Educação (MEC) conseguiu iniciar o ano provocando danos consideráveis a milhares de alunos, por falhas no Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Dentro de um universo de 2 milhões de estudantes de todo o Brasil, cerca de 260 mil vagas para universidades públicas são definidas pelo Sisu com base nas notas do Enem, o que reforça sua importância. Mas na semana passada o País assistiu a uma sequência inaceitável de erros, que resultaram em frustração e indignação em quem já enfrenta um período de ansiedade, tensão e temor.

O MEC divulgou a lista com os resultados da seleção na manhã do dia 30 de janeiro. A lista foi retirada do ar 25 minutos depois, sem nenhuma explicação. Somente à noite o Ministério informou que “identificou problemas técnicos no sistema e reiniciou os protocolos de homologação”. Sem fazer menção à primeira lista divulgada, adiou para o dia seguinte a apresentação do resultado. Quando vieram à luz as prometidas notas definitivas, a relação exibia resultados diferentes dos que haviam sido divulgados no dia anterior. E mais: demoraria até sexta-feira para que o Ministério se manifestasse novamente, e o fez por meio de uma nota lacônica, segundo a qual houve “uma divulgação indevida de resultados provisórios, ainda não homologados, durante 25 minutos da manhã do dia 30 de janeiro”. A nota informava ainda que a ocorrência seria “rigorosamente apurada”.

Soube-se depois que a lista errada excluía dos cálculos a regra prevista na nova Lei de Cotas. A nova legislação alterou a distribuição de vagas por cotas no Sisu e, com ela, candidatos pretos, pardos, indígenas, quilombolas e pessoas com deficiência passaram a concorrer às vagas reservadas aos cotistas apenas se não alcançarem, inicialmente, as notas para a concorrência mais ampla, que inclui os não cotistas. A mudança pretende ampliar o acesso de estudantes cotistas às universidades.

O lapso de tempo – e de competência – entre a primeira lista da terça-feira e a nota divulgada pelo MEC na sexta-feira foi suficiente para ampliar o número de casos vexatórios. Houve relatos de estudantes que haviam raspado o cabelo, outros que pintaram o rosto, mais alguns que iniciaram a comemoração na família ou entre amigos, além de choro de alegria mais tarde substituído pelo de tristeza e frustração. Somente depois, em entrevista, o ministro Camilo Santana finalmente entrou publicamente no assunto para reafirmar o início da apuração do que aconteceu, a fim de saber se o erro partiu da área técnica ou da empresa que presta serviço ao MEC.

Não cabe transferência de culpa a terceiros, como o ministro já tentara fazer no ano passado, quando pelo menos 50 mil candidatos foram alocados para fazer prova a mais de 30 quilômetros de casa, contrariando o determinado pelo edital do Enem – ou quando, mais tarde, questões vazaram antes do horário de divulgação. A despeito de outros responsáveis a serem identificados na sindicância anunciada, em todos os casos é do MEC a primeira e imediata responsabilidade.

PERSEGUIÇÃO AO BOLSONARO NÃO É SOBRE FATOS E SIM POR CRENÇAS

Questão que realmente interessa para o futuro próximo do Brasil é saber se o ex-presidente estaria liquidado para a vida pública ou não

Por J.R. Guzzo – Jornal Estadão

A questão que realmente interessa para o futuro próximo do país, uma vez passado o primeiro impacto do temporal que está agitando Brasília, é a seguinte: Jair Bolsonaro estaria finalmente liquidado para a vida política brasileira, ou vai continuar sendo o problema de vida ou morte que o STF, o governo Lula e quem acredita em ambos sustentam que ele é? Parece não importar muito, na atmosfera que o poder judiciário criou no Brasil nos últimos cinco anos, a qualidade técnica e o valor objetivo das provas apresentadas até agora pela polícia e pelo ministro Alexandre de Moraes. Toda essa história, desde o começo, não é sobre fatos – é sobre crenças.

Há muita gente que acredita, por exemplo, que Bolsonaro realmente matou 700.000 pessoas na pandemia da covid. Para todos esses, não há nenhuma dúvida de que o ex-presidente quis dar um golpe de Estado, antes ou logo após deixar o cargo, como dizem os comunicados da PF e do ministro. Para outros tantos, ao contrário, o material apresentado até agora pelas autoridades não prova nada. Há conversas de golpe, minutas de golpe, e outras coisas de golpe – mas não se fez nada de prático para dar mesmo o golpe.

Questão central é se Bolsonaro continuará politicamente forte depois que impacto inicial da operação passar
Questão central é se Bolsonaro continuará politicamente forte depois que impacto inicial da operação passar Foto: Wilton Junior/Estadão

É como nas discussões sobre a real natureza da Santíssima Trindade, ou indagações semelhantes. Nunca vai se provar se isso é assim ou se é o contrário – e nem interessa mesmo que haja ou não haja prova, pois aqui a única questão é a fé. Além do mais, no Brasil de hoje, o conceito de prova evoluiu para o estado gasoso. A confissão do crime e a devolução de dinheiro roubado, por exemplo, não são provas contra o corruptor. Ter um estilingue e bolas de gude no bolso, por outro lado, é prova de golpe de Estado. Prova, na vida real, é aquilo que o STF diz que é prova, e as sentenças de condenação ou absolvição dependem de quem está sendo julgado, e não do que aconteceu. A discussão não é jurídica. É só política.

Bolsonaro, do ponto de vista político, é de fato um complicador. É inelegível por decisão do TSE, o que sem dúvida resolve o problema de quem teria de disputar eleição diretamente com ele, mas seus inimigos acham que o ex-presidente continua sendo uma força eleitoral. Seria melhor, do seu ponto de vista, que ele estivesse na cadeia durante a campanha pelas eleições municipais deste ano. Não poderia fazer lives. Não poderia circular pelo Brasil. Não poderia dar apoio a candidatos. Não teria redes sociais. Vai ser suficiente? As eleições para prefeito serão um grande teste para a política brasileira. Vai se saber, então, se o eleitorado acredita ou não que Bolsonaro tentou dar o golpe – e se acredita, o quando está realmente ligando para isso.

 

GOVERNO FEDERAL VAI ASSUMIR O PIOR TRECHO DA BR-381 ENTRE BH E CAETÉ

 

Expectativa é de que o novo edital de licitação das obras seja publicado pelo DNIT em abril; última tentativa de leilão do ativo não teve interessados.

Rodovia BR-381, que atravessa Minas GeraisRodovia BR-381, que atravessa Minas GeraisFoto: Divulgação

Danilo Moliterno – da CNN

Ministério dos Transportes confirmou que vai assumir as obras de duplicação de 31,4 km da chamada “Rodovia da Morte” a fim de viabilizar sua concessão. Este trecho vai da capital mineira, Belo Horizonte, a Caeté (MG) e é considerado o mais “difícil” do empreendimento.

A expectativa é de que o novo edital de licitação das obras seja publicado pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) em abril. A BR-381 faz ligações interestaduais e é considerada estratégica para o escoamento de agrícolas, minérios e outros produtos para o litoral do país.

Em novembro o governo tentou pela segunda vez leiloar a “Rodovia da Morte” — assim conhecida pelo número de acidentes com vítimas fatais —, mas o certame não teve interessados. Desafios geológicos associados às obras afastam investidores. A concessão incluia 304 km, com investimentos privados de R$ 10 bilhões em 30 anos.

Somente em 2022 foram registrados 2.453 acidentes na BR-381 — a 3ª com mais acidentes em todo o Brasil. Essas ocorrências deixaram 154 mortos e 2.919 feridos. Os dados são da Polícia Rodoviária Federal (PRF).

O projeto prevê que as obras vão reduzir em 25% o número de vítimas fatais já no primeiro ano da concessão.

A ideia do governo é que, na nova modelagem, o poder público seja responsável pelo trecho mais desafiador e perigoso para aumentar a atratividade aos investidores.

Em entrevista à CNN, o diretor da FGV Transportes, Marcus Quintella, avaliou positivamente a possibilidade da medida.

“O dinheiro público é importante para estabelecer rodovias estruturadoras onde não haja atratividade. O privado entra em projetos com garantia de retorno, então é complementar. Neste caso, o dinheiro público é justificado pelo retorno socioeconômico”, disse.

As principais melhorias para a rodovia incluem 131,86 km de obras de duplicação; 100,19 km de faixas adicionais; 11,35 km de vias marginais. Essas obras são prometidas desde o governo Fernando Henrique Cardoso, nos anos 1990, com diferentes modelos de contratação — seja como obra pública ou concessão.

Ao comentar a nova modelagem, o presidente Lula afirmou que caso falhe novamente a concessão, uma possibilidade seria a realização das obras pelas Forças Armadas. Para Quintella, a sugestão é factível, mas dependerá do orçamento a ser disponibilizado pelo governo.

É IMPORTANTE QUE OS LÍDERES ENCONTREM DENTRO DE SI A CAPACIDADE DE REAGIR E SE ADAPTAR A MUDANÇAS

 

Angélica Rebello – CEO da Vetta Project, é Gestora de Projetos e Estrategista de Negócios

Quando as pessoas pensam em liderança, imediatamente recorrem aos exemplos que elas admiram e aspiram. Por isso, para todos os líderes, é tão importante incorporar um conjunto de valores, atitudes e práticas não só no trabalho, mas também nas suas vidas pessoais porque precisa ser real.

Mas, além disso, é importante que os líderes encontrem dentro de si a capacidade de reagir e se adaptar a mudanças. Com um mundo em constante transformação, isso pode ser de grande importância na hora de se destacar como um bom líder.

Para se ter ideia, de acordo com um levantamento realizado pela Olivia, consultoria especializada em processos de transformação organizacional, 40% dos líderes dizem não se sentir preparados para lidar com mudanças.

Na busca de desenvolver uma liderança poderosa, de forma prática, deixo as 5 regras que ajudam todos os dias a ser uma líder melhor. Confira:

1. Pratique o que você prega

Pode ser uma regra muito simples, mas surpreendentemente não é fácil de seguir. Mais frequentemente do que imaginam, existem discrepâncias entre o que muitos líderes dizem que fazem do que eles realmente fazem. Tais discrepâncias podem até parecer insignificantes, mas podem prejudicar a credibilidade da sua liderança e da sua gestão.

Por exemplo, se você prega o equilíbrio entre vida profissional e pessoal em sua empresa e depois define metas que exigem que sua equipe trabalhe muitas horas além, isso causa ruído e descrédito. Ou se você enfatiza uma cultura de “desenvolvimento de talentos interno”, mas continua recrutando de fora para preencher os cargos de nível sênior, seus colaboradores acabarão perdendo a fé em sua liderança.

2. Ande na corda bamba

Lyndon B Johnson, o 36.º presidente dos EUA, não poderia ter articulado melhor esta regra: “É o preço da liderança fazer aquilo que você acredita que tem de ser feito no momento em que deve ser feito”. Um bom líder anda sempre na corda bamba, equilibrando-se entre o consentimento que deve obter e o controle que deve exercer para levar a organização e seu pessoal para o próximo nível.

As pessoas procuram líderes em busca de instruções para saberem para onde ir e como chegar lá. A diferença entre um líder e um chefe é que o líder lidera e elimina todos os obstáculos ao longo do caminho, enquanto o chefe simplesmente dirige para onde lhe é ordenado.

3. Seja um bom seguidor

A melhor maneira de aprender é ser um bom seguidor e comparar-se constantemente com aqueles que você aspira ser. À medida que você imita os melhores líderes e aprende com seu sucesso, você também aprende a ajustar suas respostas de acordo com seus superiores e a situação em questão, e obtém insights sobre como se comunicar com sua equipe.

Como seguidor, você aprende a apoiar e defender uma boa liderança e, ao mesmo tempo, a entender o que constitui uma má liderança e o que as pessoas procuram em um líder. Um bom seguidor pode efetivamente moldar e ter um impacto positivo na liderança da empresa, mantendo-a no caminho certo.

É preciso muita coragem e integridade para ser um bom seguidor, e as pessoas que vivem de acordo com essas regras não serão apenas colaboradores eficazes, mas também estarão no caminho certo para se tornarem líderes de caráter. É provavelmente por isso que bons seguidores geralmente são os melhores líderes.

4. Trate seu pessoal como ativos de alto valor

É importante que os líderes reconheçam que não são perfeitos e que poucos possuem todos os dons e talentos. Mas uma característica comum entre os grandes líderes é que possuem uma forte autoconsciência dos seus pontos fortes e capacidades, bem como a confiança necessária para se rodearem de grandes pessoas que os possam complementar e compensá-los em áreas onde faltam.

Um bom líder também deve intervir, treinar, orientar e influenciar intencionalmente as pessoas para que tenham o melhor desempenho. Exercer a liderança também significa ser capaz de articular poderosamente a sua visão e inspirar o seu pessoal a unir-se em torno dela.

É fácil forçar ou exigir que alguém faça o que você deseja, mas é preciso ser uma pessoa visionária para ser capaz de identificar o potencial de seus funcionários, aumentar suas aspirações sobre o que eles podem se tornar e fazê-los querer alcançar essas visões com você.

5. Avalie-se regularmente

A autoavaliação regular não apenas o manterá no caminho certo, mas também fornecerá excelentes princípios orientadores em suas funções de liderança. Liderança é um processo constante e contínuo de aprendizagem e refinamento de seus estilos de gestão, influenciando habilidades, abordagens e compreensão das pessoas que trabalham com você e para você. Para liderar com eficácia, você precisa estar sempre à frente do jogo e ser altamente adaptável às mudanças, tendências e atitudes.

Em última análise, não existe um modelo padronizado para líderes e os melhores geralmente desenvolvem seu próprio estilo de conduzir a tocha ao longo dos anos. O desafio de uma liderança poderosa é encontrar o estilo que melhor se adapta a você – e que permite que você se adapte a qualquer situação, seja ela qual for.

CARACTERÍSTICAS DA VALEON

Perseverança

Ser perseverante envolve não desistir dos objetivos estipulados em razão das atividades, e assim manter consistência em suas ações. Requer determinação e coerência com valores pessoais, e está relacionado com a resiliência, pois em cada momento de dificuldade ao longo da vida é necessário conseguir retornar a estados emocionais saudáveis que permitem seguir perseverante.

Comunicação

Comunicação é a transferência de informação e significado de uma pessoa para outra pessoa. É o processo de passar informação e compreensão entre as pessoas. É a maneira de se relacionar com os outros por meio de ideias, fatos, pensamentos e valores. A comunicação é o ponto que liga os seres humanos para que eles possam compartilhar conhecimentos e sentimentos. Ela envolve transação entre pessoas. Aquela através da qual uma instituição comunica suas práticas, objetivos e políticas gerenciais, visando à formação ou manutenção de imagem positiva junto a seus públicos.

Autocuidado

Como o próprio nome diz, o autocuidado se refere ao conjunto de ações que cada indivíduo exerce para cuidar de si e promover melhor qualidade de vida para si mesmo. A forma de fazer isso deve estar em consonância com os objetivos, desejos, prazeres e interesses de cada um e cada pessoa deve buscar maneiras próprias de se cuidar.

Autonomia

Autonomia é um conceito que determina a liberdade de indivíduo em gerir livremente a sua vida, efetuando racionalmente as suas próprias escolhas. Neste caso, a autonomia indica uma realidade que é dirigida por uma lei própria, que apesar de ser diferente das outras, não é incompatível com elas.

A autonomia no trabalho é um dos fatores que impulsionam resultados dentro das empresas. Segundo uma pesquisa da Page Talent, divulgada em um portal especializado, 58% dos profissionais no Brasil têm mais facilidade para desenvolver suas tarefas quando agem de maneira independente. Contudo, nem todas as empresas oferecem esse atributo aos colaboradores, o que acaba afastando profissionais de gerações mais jovens e impede a inovação dentro da companhia.

Inovação

Inovar profissionalmente envolve explorar novas oportunidades, exercer a criatividade, buscar novas soluções. É importante que a inovação ocorra dentro da área de atuação de um profissional, evitando que soluções se tornem defasadas. Mas também é saudável conectar a curiosidade com outras áreas, pois mesmo que não represente uma nova competência usada no dia a dia, descobrir novos assuntos é uma forma importante de ter um repertório de soluções diversificadas e atuais.

Busca por Conhecimento Tecnológico

A tecnologia tornou-se um conhecimento transversal. Compreender aspectos tecnológicos é uma necessidade crescente para profissionais de todas as áreas. Ressaltamos repetidamente a importância da tecnologia, uma ideia apoiada por diversos especialistas em carreira.

Capacidade de Análise

Analisar significa observar, investigar, discernir. É uma competência que diferencia pessoas e profissionais, muito importante para contextos de liderança, mas também em contextos gerais. Na atualidade, em um mundo com abundância de informações no qual o discernimento, seletividade e foco também se tornam grandes diferenciais, a capacidade de analisar ganha importância ainda maior.

Resiliência

É lidar com adversidades, críticas, situações de crise, pressões (inclusive de si mesmo), e ter capacidade de retornar ao estado emocional saudável, ou seja, retornar às condições naturais após momentos de dificuldade. Essa é uma das qualidades mais visíveis em líderes. O líder, mesmo colocando a sua vida em perigo, deve ter a capacidade de manter-se fiel e com serenidade em seus objetivos.

Nossos contatos: Fones: (31) 3827-2297 e (31) 98428-0590 (Wpp)

E-MAIL: valeonbrasil@gmail.com

WEBsite: https://valedoacoonline.com.br/

WEBApp: valeon

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

MORADORES DA CIDADE MINEIRA DE ITATIAIUÇU TEMEM ROMPIMENTO DA BARRAGEM DA ARCELORMITTAL

 

História de Reuters • Reuters

Visão geral de muro de contenção de barragem sendo construído pela ArcelorMittal em Itatiaiuçu 5/02/2024 REUTERS/Washington Alves

Visão geral de muro de contenção de barragem sendo construído pela ArcelorMittal em Itatiaiuçu 5/02/2024 REUTERS/Washington Alves© Thomson Reuters

Por Washington Alves

ITATIAIUÇU, 8 Fev (Reuters) – Moradores da cidade mineira de Itatiaiuçu, que vivem nas proximidades de uma barragem de rejeitos de minério de ferro da ArcelorMittal considerada de alto risco, acompanham apreensivos a construção pela empresa de um muro que visa conter uma onda gigante de lama na hipótese de um rompimento.

Ainda que a empresa afirme que removeu moradores da área de risco e já tenha até acertado indenizações com centenas de famílias, o medo faz parte do cotidiano da população, uma situação que deve perdurar pelo menos até setembro de 2025, quando a obra do muro de contenção tem previsão de ser concluída.

Os riscos em Itatiaiuçu chamam a atenção para outras cerca de 30 barragens sem garantia de estabilidade no Brasil e reverberam temores com um eventual desastre após dois grandes colapsos em Minas Gerais. Em 2015, em Mariana, e em 2019, em Brumadinho, centenas de pessoas morreram após a lama do rejeito de mineração da Samarco e da Vale destruir comunidades e atingir rios e florestas.

Construída em 1987 e desativada desde 2012, a barragem da ArcelorMittal que atendia a Mina de Serra Azul contém atualmente mais de 5 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro, segundo dados da Agência Nacional de Mineração (ANM).

A estrutura está também embargada por não ter atestado sua estabilidade — algo que ocorre atualmente no Brasil com 7% das 453 barragens de mineração inseridas na Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB) e que são obrigadas a entregar o documento.

“A gente sofre muito medo, muita angústia de estar debaixo de uma barragem, que tem risco 3 de rompimento”, disse à Reuters o comerciante Wilson Vieira de Souza, referindo-se ao mais alto grau de risco para barragens em classificação feita pela ANM.

“Várias pessoas passaram mal, muitas pessoas adoeceram, muitas pessoas já morreram e ainda a gente está aqui nessa briga com essa mineradora que vem causando tantos danos para a gente aqui desta comunidade.”

O comerciante deu entrevista à Reuters no distrito de Pinheiros, que abriga o muro de contenção em construção e está repleto de placas indicativas de rota de fuga para o caso de um eventual rompimento.

As tragédias anteriores estão frescas na memória dos moradores de Minas Gerais, um Estado que vive dividido historicamente entre os retornos econômicos trazidos pelas mineradoras e os impactos da atividade no meio ambiente e em suas comunidades.

“Se ela (a barragem) estourar lá em cima, nós ficamos ilhados aqui embaixo, a lama não deixa (sair), estoura asfalto, estoura tudo, igual foi em Brumadinho, estourou tudo e a gente fica naquela situação”, disse o aposentado Milton Teixeira Reis, morador do distrito de Pinheiros.

Outra grande preocupação de autoridades com um eventual rompimento é com a possibilidade de contaminação de afluentes que desembocam no rio Manso, responsável por 40% do abastecimento de água da região metropolitana de Belo Horizonte, segundo a secretária do Meio Ambiente da cidade de Rio Manso, Marina Amaral Ferreira.

Itatiaiuçu está a cerca de 75 km da capital mineira.

“As medidas que nós vemos para diminuir o impacto ambiental que será causado pelo possível rompimento seria a construção de uma barreira de contenção, que a mineradora já vem construindo, mas que ao meu ver e da população o andamento ainda está muito fraco”, afirmou.

OBRA ATÉ 2025 

Procurada, a ArcelorMittal afirmou que em 2019 realocou preventivamente todos os moradores residentes dentro da Zona de Autossalvamento (ZAS), “de modo a garantir total segurança das pessoas”.

Segundo a companhia, das 58 famílias que foram realocadas provisoriamente em imóveis alugados pela empresa, 41 se encontram em residências definitivas. Até o final de janeiro, 606 famílias fecharam acordos de indenização individuais com a empresa, adicionou. 

“Não há nenhum morador em risco”, afirmou, em uma resposta por email, pontuando ainda que a barragem é monitorada 24 horas por dia.

O muro de contenção em construção, segundo a ArcelorMittal, será capaz de conter todo o rejeito em um caso de eventual rompimento e está previsto para ser concluído em setembro de 2025, o que permitirá o início dos trabalhos de descaracterização da barragem.

A companhia disse ainda estar cumprindo acordo firmado com a comissão de atingidos e com os ministérios públicos federal e estadual, com critérios para indenizações de moradia, atividades econômicas e agropecuárias, danos morais e parte dos danos coletivos.

(Reportagem de Washington Alves; com reportagem adicional de Lais Oliveira e Marta Nogueira)

EXÉRCITO PRESSIONADO PARA TOMAR PROVIDÊNCIAS SOBRE PERSEGUIÇÃO DE MILITARES PELO GOVERNO, STF E PF

 

História de FABIO VICTOR • Folha de S. Paulo

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A manifestação do senador e general Hamilton Mourão (Republicanos-RS) sobre a operação da Polícia Federal que atingiu altos oficiais das Forças Armadas expressou um sentimento corrente na caserna nesta quinta-feira (8).

O comandante do Exército, Tomás Paiva, tem sido pressionado, sobretudo por colegas da reserva como Mourão, a tomar uma posição que defenda a corporação -cuja imagem sofreu o maior desgaste em muito tempo.

Em discurso na tribuna do Senado, o ex-vice-presidente da República exortou os comandantes militares a tomar alguma atitude de reação à operação da PF.

“No caso das Forças Armadas, os seus comandantes não podem se omitir perante a condução arbitrária de processos ilegais que atingem seus integrantes ao largo da Justiça Militar. Existem oficiais da ativa sendo atingidos por supostos delitos, inclusive oficiais generais. Não há o que justifique a omissão da Justiça Militar”, declarou Mourão.

Uma amostra do clima: um general da reserva do Exército com trânsito também na cúpula da ativa comentou que, com a operação de hoje, a PF e Alexandre de Moraes estariam “esticando a corda” e perseguindo os militares. E lançou uma metáfora em tom ameaçador-bravateiro: “Você pode encurralar um gato… ele vai te arranhar. Não é prudente encurralar onça”.

Nesta quinta pela manhã, o Exército deu uma resposta protocolar a quem procurou o seu Centro de Comunicação Social, de que a corporação acompanhava a operação da PF e estava “prestando todas as informações necessárias às investigações conduzidas por aquele Órgão”.

Ao longo do dia, diante das revelações da decisão de Alexandre de Moraes e das pressões decorrentes delas, houve no quartel-general do Exército seguidas avaliações sobre a pertinência de a corporação se manifestar por meio de uma nota oficial.

Decidiu-se por fim não soltar manifestação alguma. Não significa que isso não possa ocorrer nesta sexta (9). No estafe do general Tomás, a informação é de que essa avaliação é contínua. E, segundo um auxiliar do comandante, “em circunstâncias do tipo, as percepções da reserva sempre entram em consideração, para esclarecer e sair das ‘paixões'”.

Desde a redemocratização, e principalmente no governo Bolsonaro, notas oficiais das Forças Armadas, de comandantes de uma delas ou do Ministério da Defesa representaram foco de ruídos e atritos nas relações civis-militares.

GOVERNO DIZ QUE A BR-381 SERÁ DUPLICADA PELA INICIATIVA PRIVADA OU PELO EXÉRCITO

 

História de LEONARDO AUGUSTO • Folha de S. Paulo

BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS) – O ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB), afirmou nesta quinta (8) em Belo Horizonte (MG) que o governo federal vai usar o Exército para fazer a duplicação do trecho da BR-381 entre a capital mineira e Governador Valadares, na chamada “Rodovia da Morte”, caso o próximo leilão da pista fracasse.

Segundo o ministro, o novo edital para o leilão ficará pronto em abril. Essa será a quarta tentativa de realizar a concessão do trecho. Obras caras e desapropriações, sobretudo na região de Belo Horizonte, afugentam investidores.

O presidente Lula e ministros de estado estiveram nesta quinta em Belo Horizonte para anúncio de investimentos no estado. O uso do Exército, segundo Renan Filho, foi mencionado pelo próprio presidente Lula. “É um caminho ou outro”, afirmou o auxiliar o ministro.

Para tentar resolver o problema, o governo anunciou que a parte mais complicada do projeto, aquela com desapropriações e custo maior, será realizada pelo governo. Esse trecho da rodovia, de aproximadamente 50 quilômetros, fica entre Belo Horizonte e Caeté.

A maior parte das desapropriações ficam dentro do município de Belo Horizonte. Aproximadamente 2.000 famílias terão que ser realocadas. Os cálculos iniciais do governo apontam para investimento de R$ 1 bilhão, segundo o ministro.

No trecho sob responsabilidade do governo não haverá praça de pedágio, disse o ministro. Ainda não está definido, porém, se a conservação dessa parte, depois de concluída a concessão até Valadares, ficará sob responsabilidade da União ou será entregue à concessionária que administrará toda a rodovia.

O modelo híbrido de concessão proposto pelo governo já era discutido na gestão Lula e ganhou força após o fracasso da última tentativa de leilão da rodovia. Marcado para 24 de novembro do ano passado, ele acabou não sendo realizado por não ter havido interessados na concessão.

A “Rodovia da Morte”, que ganhou o apelido pelo alto número de acidentes, é a via mais utilizada no trajeto entre Minas e o Espírito Santo, além de fazer a ligação com a região leste do estado .

Os problemas na via são antigos. A BR-381 começou a ser construída em 1952. Em 1998, durante a gestão de Eduardo Azeredo (PSDB), o governo de Minas assumiu a responsabilidade de realizar obras na rodovia em acordo com o governo federal. A manutenção, porém, não foi feita. No ano seguinte, já sob a administração de Itamar Franco, à época no PMDB, o acordo foi desfeito.

Em 2009, as obras foram colocadas no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), já no segundo mandato de Lula. As primeiras obras de maior porte começaram a ser realizadas em 2014, durante o governo Dilma Rousseff (PT).

Há trechos duplicados, mas as obras não foram concluídas, em grande parte, em trechos onde as intervenções custariam mais.

Em julho do ano passado, o TCU (Tribunal de Contas da União) autorizou a desestatização do trecho, o que possibilitou o agendamento do leilão fracassado em novembro de 2023.

O relatório do tribunal prevendo a concessão já citava obras de maior complexidade e desapropriações.

“Os principais desafios são o gerenciamento dos riscos geológicos, realizar a desocupação e a realocação de pessoas da faixa de domínio da Região Metropolitana de Belo Horizonte e a execução das obras de capacidade e melhorias em relevo montanhoso”, apontou o documento.

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

  Brasil e Mundo ...