quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

A PGR FEZ A SUA PARTE CONTESTOU AS DECISÕES DE TOFFOLI

 

Recurso interposto contra a decisão de Toffoli que livrou a J&F do pagamento de uma multa bilionária é oportunidade de ouro para o Supremo realizar uma necessária correção de rumos

Por Notas & Informações – Jornal Estadão

Na segunda-feira passada, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, recorreu da decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli que suspendeu a multa de R$ 10,3 bilhões prevista no acordo de leniência firmado entre a J&F e o Ministério Público Federal (MPF).

Assim, não há mais razão formal para o silêncio dos demais ministros do STF diante do ímpeto de Toffoli de agir como “revisor” dos escândalos de corrupção comprovadamente ocorridos nos governos do PT. O recurso é uma oportunidade de ouro para o Pleno realizar uma correção de rumos no STF. Afinal, a tremenda confusão que Toffoli tem causado ao revisitar os acordos de leniência firmados no âmbito das Operações Lava Jato, Greenfield e Cui Bono, entre outras, tem potencial para causar danos muito mais graves à Corte e ao País do que a mera mácula na biografia de um juiz – o que só tem importância, claro, no plano individual.

Nesse sentido, foi muito oportuno o destaque dado por Gonet para a higidez do acordo de leniência firmado entre a J&F e a Procuradoria da República do Distrito Federal, que nada tem a ver com a força-tarefa da Operação Lava Jato sediada em Curitiba. O procurador-geral deixou claro que a suposta “chantagem institucional” de que teriam sido pobres vítimas os executivos da J&F só pode ser fruto de “ilações e conjecturas abstratas sobre coação e vício da autonomia da vontade negocial”. De fato, só alguém extremamente lhano para crer que uma empresa com capacidade para contratar a peso de ouro os melhores advogados do País aceitaria se submeter a um acordo que não lhe fosse vantajoso. Decerto não há quem pague multa de bom grado, mas entre isso e encarar a Justiça, os irmãos Batista fizeram sua opção.

Do ponto de vista processual, Gonet sustentou que Toffoli nem sequer poderia decidir sobre o pedido da J&F. E não porque o ministro seja suspeito – o que ele é –, mas porque é incompetente. Citando um antigo voto do próprio Toffoli, no qual o ministro criticara a concentração de decisões no âmbito da Lava Jato no Paraná, Gonet salientou que não há um “relator natural” da revisão de todos os acordos de leniência em curso no STF. Mas Toffoli, misturando alhos com bugalhos, acolheu o argumento da J&F de que o pleito da empresa tinha relação com outra ação proposta pela Odebrecht – a que culminou na anulação das provas que serviram de base para o acordo de leniência firmado entre a empreiteira e os procuradores da Lava Jato – e não redistribuiu o processo, o que seria correto.

Para sustentar sua causa, a Odebrecht argumentou que não poderia pagar a multa com a qual se comprometeu enquanto não analisasse as provas obtidas pela Polícia Federal (PF) na Operação Spoofing – aquela que revelou ao País a série de erros processuais gravíssimos cometidos por membros da força-tarefa da Lava Jato e o então juiz federal Sérgio Moro. A questão é que a J&F não tem rigorosamente nada a ver com esse caso.

Gonet não chega a fazer a distinção explicitamente, mas fica nítido em seu arrazoado o contraste entre a robustez das provas que sustentaram o acordo de leniência da J&F com o MPF no Distrito Federal e a ilegalidade das provas obtidas na Operação Spoofing, provas estas que, registre-se, têm sido usadas de forma oblíqua pelo STF para reverter uma série de decisões antes válidas juridicamente, especialmente a que anulou a condenação do presidente Lula da Silva. Registre-se que os irmãos Joesley e Wesley Batista concordaram com o pagamento de uma multa de mais de R$ 10 bilhões para se verem livres das garras da Justiça.

Agora, Gonet estuda contestar a decisão de Toffoli que beneficiou a Odebrecht. Por muitas razões, mas, sobretudo, pelo resgate da confiança no STF por parte expressiva da sociedade e pela integridade do instituto da leniência, é no melhor interesse do País que esses recursos sejam deferidos.

O QUE ERA APENAS "VINTAGE" SE TRANSFORMOU EM UMA ESTÉTICA VIRAL ENTRE JOVENS

Dentro e fora do TikTok, jovens de 20 e poucos anos apostam em colete de tricô e alfaiataria em busca de autenticidade; estilo é uma das principais tendências para 2024

Por Bárbara Correa e Julia Queiroz – Jornal Estadão

Jovens no TikTok ensinam a se vestir no estilo "eclectic grandpa" ou "vovôcore".
Jovens no TikTok ensinam a se vestir no estilo “eclectic grandpa” ou “vovôcore”. Foto: Reprodução/TikTok/@chelseaj0rdan/@thieffashion/@kelsey.sheaa

Uma boina, relógio de pulso, calça de alfaiataria, colete de tricô e mocassim nos pés. O traje parece atender ao estereótipo perfeito de uma pessoa mais velha, de outra geração, mas, na verdade, é o passo a passo de um “arrume-se comigo”, vídeo feito por jovens de 20 e poucos anos no TikTok com a legenda #vovocore, #grandmacore e #eclecticgrandpa.

O que antes era apenas “vintage” se transformou em uma estética viral entre jovens nas redes sociais no início deste ano: se vestir como um avô/avó. No fim do ano passado, o Pinterest publicou um relatório de tendências para 2024 e apontou o grandpacore grandpa style (”estética de vovô” e “estilo vovô”) como uma das principais apostas para a moda.

A busca por estilos de roupa com o termo avô aumentou 65% na plataforma. No TikTok, a hashtag #grandmacore (”estética de avó”) já foi usada em mais de 18 mil vídeos. Mas o que explica esse interesse dos jovens de se vestirem como avós?

Para Renata Chaves, consultora de moda e idealizadora do grupo no LinkedIn Moda e Business Fashion Group Brasil, a tendência é “um resgate emocional e estético de memórias e práticas quase esquecidas, especialmente após a pandemia”.

“Ela está em alta agora pois, em um mundo cada vez mais digital e impessoal, há um desejo crescente por algo que traga calor humano e história, como as peças tecidas pelas avós”, explica a especialista.

O que é?

Em linhas gerais, o vovôcore é a combinação de vestimentas antigas, com um toque “retrô”, e peças modernas, associadas ao streetwear (moda urbana).

Nathalia Pacheco, influenciadora e consultora de estilo, diz que independentemente de o nome ser masculino, a estética não tem gênero. “É uma mistura de alfaiataria em tons neutros, blazer oversized, colete de tricô e sapato mocassim com meia. O toque final está em contrastar esse universo tradicional com o moderno, misturando essas peças com outras como bonés e tênis esportivos”, ela comenta.

Nathalia cita Harry Styles, Brooklyn Beckham, filho mais velho do casal Beckham, Hailey Bieber e Gigi Hadid como referências no estilo e diz que também gosta da nova moda. “Adoro peças mais largas, com ‘carinha de vó’, desde que misturadas com outras modernas, como, por exemplo, um suéter de tricô com saia de paetê. Também adoro garimpar em brechós, principalmente alfaiataria, que são peças de melhor qualidade e sobrevivem à ação do tempo”, comenta.

A influenciadora Bia Ávila, de 25 anos, é pós-graduada em Fashion Business (negócios da moda) e faz parte dessa geração que encontra peças autênticas e reconfortantes garimpando em brechós. Ela se inspira em Tyler, The Creator, rapper estadunidense, que usa a mesma estética não só na roupa como também em clipes e capas de álbuns.

“É um estilo divertido, casual e despojado. Uma mistura de tricô, com aquelas estampas bem de vovô, com losangos, cores fortes, uma pegada vintage, e, mesmo que a alfaiataria seja um clássico, ressignificamos e tornamos despojado”, explica.

Como surgiu?

A semelhança com o vintage não é à toa. A historiadora de moda e coordenadora do curso de Moda na FAAP, Maira Zimmerman, explica que as tendências são cíclicas. Para ela, esse “boom”, especialmente no TikTok, se deve ao fato de que, quando o assunto é estilo, a geração Z enxerga nas peças de roupa uma oportunidade de se “fantasiar” ou incorporar uma “skin” (expressão usada em videogames para se referir às características estéticas do personagem, como roupas, acessórios, etc).

“No TikTok, ser ‘aesthetic’ significa criar, por meio da imagem, um estilo inspirado no passado. Temos visto essa tendência, chamada de retromania, desde os anos 2000. Entre 2010 e 2015, a estética ‘brechó’ esteve muito presente na alta moda, com a Gucci, e, agora, foi para o mainstream (cultura popular)”, explica.

De fato, tudo se repete. Bia e Nathália citam o vovôcore como uma continuação do old money, estética minimalista que reascendeu o interesse por alfaiataria, e o quiet luxury (saiba mais sobre essas tendências aqui).

O cantor Tyler, The Creator
O cantor Tyler, The Creator Foto: Instagram/ @feliciathegoat

“Apesar das mudanças contínuas, a moda segue padrões cíclicos e constantemente busca inspiração em narrativas do passado. Atualmente, muitos jovens visam resgatar esse estilo elegante e atemporal, mas de uma maneira que ainda reflita sua identidade juvenil e não pareça ultrapassado”, reflete Nathalia.

Resgate do passado para um futuro sustentável

Ainda que vovôcore pareça uma “atualização” do vintage, a tendência nas redes sociais evidencia a busca da geração Z não só por autenticidade, como também por formas de consumo sustentáveis.

“A estética está ligada ao movimento contra a fast-fashion, e incentiva o consumo consciente. Essa tendência de resgatar peças de décadas passadas é uma busca por autenticidade e diferenciação. Em um mundo onde tudo é facilmente replicável, ter algo único ou feito à mão se torna um verdadeiro tesouro. O antigo volta não só por nostalgia, mas também como uma forma de recontextualizar a moda”, conclui Renata Chaves.

 

PERSEVERANÇA É A QUALIDADE DE UMA PESSOA QUE NUNCA DESISTE

 Mauro Falcão

Telefone/WhatsApp: 51.99548.3374  

E-mail: advfalcao@hotmail.com  –

A perseverança é definida como a qualidade de uma pessoa que nunca desiste, mantendo-se firme diante das adversidades. No entanto, seu significado vai além disso, estabelecendo laços profundos com o mundo transcendental. Ela está aliada à disciplina e a uma crença inabalável de que estamos trilhando o caminho correto, mesmo diante dos desafios e incertezas que possam surgir.

É fundamental ter consciência de que existem fatores ocultos que exercem influência sobre o nosso destino, isto é: “o que se vê não foi feito do que é visível”. Esses fatores estão armazenados em nosso subconsciente e intrinsecamente ligados a outras dimensões. À medida que insistimos continuamente, a realização se torna progressivamente mais profunda e abrangente, expandindo-se para um alcance que somente aquele indivíduo imaginava, ultrapassando as expectativas iniciais dos outros.

Criamos assim, uma atmosfera de atração e nos conectamos com as forças evolutivas da natureza, atraindo aqueles que nos apoiarão e também pessoas que descobrirão em nós uma fonte de inspiração, estabelecendo uma troca de benefícios mútuos. Desta forma, avançar implica em reunir gradualmente as peças que irão construir nosso propósito e para evitar desmotivação, devemos nos concentrar na jornada, não apenas no destino final. Em resumo, o êxito será determinado pelo comprometimento, dedicação e merecimento, indo além da inteligência e capacidade técnica, pois esses são apenas coadjuvantes diante do poder de acreditar em si mesmo.

No entanto, em algumas ocasiões, as conquistas estão associadas a algo Divino. Podemos encontrar exemplos históricos como os de Mahatma Gandhi, impulsionado por sua crença e firmeza, demonstrou que existe uma força motriz por trás das suas conquistas, ultrapassando as limitações humanas e metodológicas. 

Conforme salientado, a jornada é a parte crucial, como um foco de luz que guia nosso caminho. Portanto, não desista, pois o sucesso está à sua espera de braços abertos, pois ele é uma manifestação da Vontade Divina quando combinada com a determinação e fé inabalável.

“Pela fé entendemos que o universo foi formado pela palavra de Deus, de modo que aquilo que se vê não foi feito do que é visível”. Hebreus 11:3

PROPÓSITO DE MARCA: POR QUE É IMPORTANTE E COMO DEFINIR O SEU

INOVAÇÃO SEBRAE MINAS GERAIS

No mercado de hoje, os consumidores têm uma infinidade de opções na ponta dos dedos. Além disso, as pessoas estão mais próximas das marcas e sempre atentas às falhas e às características daquelas não compatíveis com as suas.

Se sua marca não representa algo, não defende uma causa ou tampouco você tenha clareza do motivo de ela existir, além de propiciar que você ganhe dinheiro, isso demonstra que você pode estar em apuros. É por isso que você precisa saber mais sobre propósito de marca.

Neste artigo, vamos explorar não apenas o que é o propósito de uma empresa, mas também como definir o seu e trabalhar para cumpri-lo.

O QUE É PROPÓSITO DE MARCA?

O propósito da marca é a razão para a marca existir além de possibilitar o ganho monetário. É o principal ou os principais motivos que levam as pessoas a trabalhar em torno dos objetivos da empresa.

Se você quer um propósito de marca realmente poderoso, ele precisa estar relacionado ao produto ou serviço em si. Por exemplo, caso atue no setor educacional, seu objetivo pode ajudar ativamente no aprendizado e na formação das crianças.

Um restaurante especializado em comida de alguma região também é um bom exemplo. Além de simplesmente oferecer refeições em troca de dinheiro, aquela empresa pode ter como propósito difundir a cultura, resgatar tradições e oferecer experiências típicas de certo lugar.

A IMPORTÂNCIA DO PROPÓSITO DE MARCA

O propósito da marca é importante porque mostra aos seus clientes que você não é identificado apenas por seus produtos, serviços ou campanhas publicitárias, isto é, essa visão extrapola. Você tem um objetivo que é maior do que apenas obter lucro.

Novos clientes são atraídos pela ideia de que seus gastos podem fazer mais do que apenas ajudá-los a adquirir bens e serviços – podem fazê-los sentir parte de um esforço maior. Assim sendo, criar o seu propósito geralmente faz a diferença não só para conquistar consumidores, mas para transmitir a eles o senso de que estão gastando com algo que importa e que combina com os próprios objetivos.

QUAL É A DIFERENÇA ENTRE VISÃO, MISSÃO E PROPÓSITO DE MARCA?

Na hora de fazer um planejamento estratégico, você provavelmente aprendeu a definir a Visão e a Missão de uma empresa. Outro ponto é que os valores de uma marca também são facilmente lembrados na hora de criar um negócio ou planejar o trabalho.

Mas e o propósito da marca? Onde entra nessa história? Vamos às diferenças entre cada um dos termos!

O propósito é o ‘por que’ você existe: a razão de ordem superior para ser uma marca ou empresa do que apenas ‘obter lucro’ ou ‘gerar valor para o acionista’.

Visão é ‘aonde’ você quer chegar: Este é o destino do que você quer que a marca ou a empresa seja no futuro (por exemplo, ‘Queremos ser o fornecedor líder mundial de X até 2030’).

Missão ou Missões da empresa são o ‘o que’ você deve fazer para chegar lá: podem ser iniciativas ou táticas específicas centradas no desenvolvimento de produtos, excelência operacional, estratégias de entrada no mercado ou comunicações de marca.

Os valores são o ‘como’ você gostaria de se comportar para alcançar o objetivo: Qual é a cultura organizacional de uma empresa ou organização? E quais são as qualidades ou o comportamento que valoriza: por exemplo, curiosidade, inclusão, diversidade de pensamento, etc.

COMO ENCONTRAR O PROPÓSITO DE MARCA

Se deseja definir seu propósito de marca ou criar um totalmente novo, você precisa ter certeza de que ele é autêntico, antes de mais nada.

Por exemplo, se o seu propósito centra-se na ética, é essencial que você demonstre integridade e credibilidade em todas as áreas do negócio – desde a contratação de pessoal até o fornecimento de material. Em um mundo no qual as notícias se tornam virais em questão de minutos, as empresas não podem se esconder dos escândalos e precisam minimizar esse risco, sendo genuínas.

ENTÃO, POR ONDE COMEÇAR O TRABALHO DE DEFINIR O PROPÓSITO DE MARCA?

A dica essencial é simples e direta. Veja o que o mundo precisa, o que seu cliente quer e o que você oferece. Seja honesto em relação à sua paixão como empresa, mas mantenha seu público-alvo e clientes em mente durante todo o processo. É uma ótima ideia aproveitar essa oportunidade para entender melhor, via pesquisa qualitativa, o que é importante para o seu cliente.

Além disso, não se esqueça do valor de sua equipe! Todos eles terão as próprias ideias sobre a marca e o que isso significa para eles.

Ao tentar descobrir o propósito da sua marca, pode ser tentador escolher um assunto popular como o “empoderamento feminino”, mas você precisa ser honesto sobre o que o inspira e partir daí.

Se o objetivo não corresponder ao seu produto ou serviço, ele não parecerá autêntico. Lembre-se: não precisa ser baseado em caridade, no desejo de mudar o mundo ou ser complexo demais.

Também é importante não entrar em pânico se você já tem um propósito de marca, mas percebeu que ele não combina com sua marca ou público. Basta mudá-lo! Os clientes esperam que as marcas cresçam e se modernizem, já que ter uma nova ideia é melhor do que continuar com uma inadequada.

COMO COMUNICAR O PROPÓSITO AO PÚBLICO?

Então, você decidiu o propósito da sua marca. Agora é hora de informar as pessoas sobre isso.

A maioria das marcas opta por não explicá-lo explicitamente, comunicando seu propósito de marca de forma que envolva e inspire o cliente, usando imagens e campanhas. Suas plataformas de comunicação de mídia, site e marketing impresso precisam ser consistentes e estar alinhadas buscando enviar a mesma mensagem.

Dependendo da sua estratégia e do tamanho do seu negócio, agora você pode começar a criar campanhas de marketing com base no seu objetivo. Slogans são uma ótima maneira de chamar a atenção das pessoas e mostrar a direção para qual você está indo.

Caso você represente uma empresa menor que não tem estrutura para criar grandes campanhas, o propósito da sua marca pode ser comunicado nas contas de mídia social e no ambiente do seu escritório.

Afora isso, lembre-se sempre de que ações valem mais do que palavras. Nesse caso, se definiu o seu propósito de forma honesta e verdadeira, você não terá problemas em mostrar no dia a dia do negócio a forma como ele é traduzido.

Já que estamos falando de propósito, que tal criar um Manual de Marca da sua empresa? Saiba como principais motivos que vão convencer você da importância de elaborar um manual de marca para o seu negócio.

E-Mail: valeonbrasil@gmail.com

Site: https://valedoacoonline.com.br/

Fones: (31) 98428-0590 / (31) 3827-2297

 

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2024

PROJETO DE PODER DE LULA

 

Ives Gandra da Silva Martins

A grande arma da democracia é a palavra para mostrar o que é fato e o que é narrativa

Hoje escreverei sobre teoria de poder e aquilo que entendo esteja ocorrendo no Brasil, mas com visão, embora de professor universitário, mais de historiador do que de jurista ou de filósofo. Escreverei sobre o que parece fundamental, de como a história vê a realidade dos fatos.

Para o historiador, interessam os fatos, não as narrativas de quem está no poder. Porque quem está no poder busca sempre, com suas narrativas, justificar o que está fazendo.

O historiador vê os fatos que são as consequências daquilo que quem está no poder ou está provocando ou está vendo.

É um fato que o presidente Lula declarou no Foro de São Paulo que ele se orgulhava de ser comunista.

Quem conhece Marx sabe perfeitamente que Marx queria eliminar por completo todos os opositores para impor o que ele chamava de ditadura do proletariado, inclusive justificando meios violentos para afastar aqueles que pensassem de forma diferente.

Também é fato que o Presidente da República declarou que ele se sentia orgulhoso de ter colocado um ministro comunista no Supremo Tribunal Federal.

É algo que, efetivamente, para o Poder Judiciário, cuja função é interpretar o direito sem se imiscuir na política, esse fato é um fato preocupante. Como também é fato que o Ministro Dino no Supremo segundo o presidente Lula exercerá também função política. O Supremo, tendo um político, evidentemente poderá ver os fatos diferentemente daqueles que lá estão,  apesar de hoje muito mais voltados ao Executivo do que estavam no passado, não terem essa sensibilidade, por serem especialistas no direito.

É um fato que o presidente Lula recebeu Maduro, ditador da Venezuela, com tapete vermelho.  E que ele tem relações de grande amizade com Ortega, com os ditadores de Cuba, com Putin, ditador da Rússia, e com o Xi Jinping, ditador da China. É fato também que, por ser praticamente antiocidental, hoje está contra Israel e a favor do Hamas. Estou falando de fatos. Aquilo que, enfim, são fatos encontrados na realidade brasileira. Chegou até a dizer que os Estados Unidos orientaram, por seu departamento de Justiça, a Operação Lava Jato contra a Petrobrás.

O Supremo Tribunal Federal do Brasil, apesar de constituído de grandes ministros, passou a ter, desde o ano passado, uma certa condução política. Isso declarado pelos próprios ministros. Um dos ministros do Supremo declarou que eles derrotaram o bolsonarismo. Uma diferença de apenas 2 milhões de votos entre 60 e 58 milhões. Mas não é função do Supremo derrotar o bolsonarismo. Um outro ministro declarou que eles garantiram a eleição do Lula.

Também é verdade que os veículos favoráveis ao presidente Bolsonaro, esses veículos, nos últimos 15 dias que antecederam as eleições, foram desmonetizados e proibidos de veicular matéria contra o presidente Lula ou o candidato Lula.

Um dos aspectos que impressiona nas ditaduras da Venezuela, de Cuba, da Nicarágua, da Rússia e da China é que o Poder Judiciário é submisso ao Poder Executivo.

E hoje nós vemos um Poder Judiciário que vai a solenidades com Presidente da República e está em permanente apoio ao que o Presidente da República diz. No próprio discurso, durante as “comemorações” do dia 8 de janeiro, o ministro Alexandre Moraes e o presidente Lula, num discurso fora do contexto, criticado até pelos editoriais dos grandes jornais, como a Folha de S. Paulo e o Estado de S. Paulo, declararam que eram os grandes defensores da democracia e queriam o controle das redes sociais. É um fato que todos ouviram.

É um fato também que o que ocorreu no dia 8 de janeiro foi algo que todos sabiam que não poderia ser um golpe de Estado.

O fato é que as Forças Armadas, eu dizia isso desde agosto do ano passado, como professor da Escola de Comando de Estado Maior do Exército onde ministrei aulas de direito constitucional até 2022 para aqueles coronéis que, dentre eles, no fim do ano seriam escolhidos, os generais de brigada daquele ano, que as Forças Armadas nunca embarcariam na iniciativa de dar um golpe de Estado. Isso já ficara demonstrado desde quando era presidente e chefe das Forças Armadas, o presidente Bolsonaro. Naquele período não houve a menor tentativa de golpe, porque as Forças Armadas jamais o dariam.

À evidência, com muito mais razão não haveria golpe a partir do momento que o Presidente Lula passou a ser chefe das Forças Armadas!

Ora, um grupo desarmado, de pessoas sem nenhum passado, sem ficha policial e, ao mesmo tempo, pessoas que, de rigor, tinham, segundo os jornais, um deles, uma faca, não poderiam em nenhum lugar do mundo e nem no Brasil dar um golpe de Estado. Basta lembrar que um pequeno contingente de soldados, sem ter dado um tiro, conseguiu desocupar os prédios públicos e prender mil e setecentas pessoas, em alguns minutos apenas.

Não houve golpe de Estado, porque não era possível um golpe sem armas, sem Forças Armadas, que estavam do lado do governo cujo chefe era o presidente da república, por isso não houve também atentado violento ao Estado de Direito. O Estado de Direito depende dessa segurança para ser mantido. Ele estava inteiramente com o presidente.

Também é um fato que, hoje, o conceito de democracia é um conceito que não é dado pelo povo, mas é definido por ministros do Supremo Tribunal Federal, que falam o que é democracia e a defendem.

Também, outro fato, há limitações na liberdade de expressão no país e há também presos políticos, porque esses presos, do dia 8 de janeiro, são presos políticos. Pessoas que sem nenhum passado criminal, sem nenhuma arma, incapazes de dar um golpe de Estado, foram condenadas a 17 anos por terem expressado e destruído alguns prédios públicos, como o pessoal do MST e o pessoal do PT fizeram na Câmara dos Deputados, no governo do Michel Temer, sem terem sido condenados por atos golpistas. Ou como se tentou fazer, na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, por ocasião da votação da privatização da Sa besp, um grupo também de esquerda, soltos em 24 horas.

Isso levou o V-Dem Instituto da Universidade de Gotemburgo, na Suécia, que eu o cito sempre, a declarar que o Brasil é uma democracia relativa, que aqui há presos políticos e aqui no Brasil nós não temos liberdade de expressão.

Esses fatos é o que os historiadores verão no futuro e que nós estamos vivendo na atualidade.

E é por essa razão que eu gostaria de lembrar um outro fato que me preocupa, e esse mais do que outros.

A reforma tributária terminou com a federação, pois o que caracteriza uma federação é sua autonomia política, administrativa e, principalmente, financeira.

O direito de definir aqueles tributos que são da sua competência dentro do âmbito da propriedade federativa.

Para os municípios, o grande imposto era o ISS, para os estados, o ICMS. Agora haverá apenas autonomia política e administrativa. Não haverá mais autonomia financeira. Todo o IBS, que é dos estados e municípios, será definido em lei pela União, que terá que seguir o regime jurídico do CBS.

E quem vai receber, distribuir, controlar, devolver aquilo que for necessário é um conselho instalado em Brasília com 27 representantes dos municípios, 27 representantes dos estados, mas subordinados a uma legislação definida pelo Congresso Nacional.

O que vale dizer, em outras palavras, aquele poder que as Assembleias Legislativas tinham de definir o regime jurídico, não existirá mais.

Isso será definido na forma de execução das leis aprovadas no Congresso Nacional por um conselho em que cada estado vai ter um delegado, que não se sabe qual será, e 5.569 municípios terão 27 delegados. Vale dizer, perderão a possibilidade de decidir em casa e serão subordinados a um conselho.

Num regime que vai devolver tributos e num regime que vai compensar, inclusive, estados e municípios que perdem, mas de acordo com critérios que vão ser estabelecidos e que, evidentemente, levarão os estados e municípios que vão perder receita a estarem com um pires na mão durante o governo. É um projeto de poder.

A própria competência das entidades federativas de definirem as alíquotas no regime jurídico imposto pela União é relativa, pela impossibilidade de se alterar o regime. Em outras palavras, dificilmente o farão.

Com a concentração da autonomia financeira das diversas entidades federativas na União, Brasília passa a ser não só a capital do país, mas, de rigor, o lugar onde se definirá toda a história de todas as entidades federativas.

Portanto, um projeto de poder na definição da democracia, um Poder Judiciário vinculado ao poder executivo nas decisões, nas suas declarações dos ministros e um Congresso Nacional que, em última análise, o governo, por enquanto, está sendo obrigado a conceder emendas para a destinação de verbas para determinados locais, para determinadas áreas de influência de alguns políticos, a fim de, com isso, ir também aprovando seus projetos no Congresso.

Há, portanto, um projeto de poder, de considerar que todos os que pensam de forma diferente, para, enfim, desvirtuar o pensamento conservador, pois quem pensa diferente passa a ser bolsonarista. Sem se perceber, e tem consciência que se percebe, que uma parte daqueles que votaram em Bolsonaro não eram bolsonaristas. Votaram em Bolsonaro porque não queriam Lula. De rigor, dos 150 milhões de eleitores, Lula só teve 60 milhões de votos. Vale dizer, 90 milhões de brasileiros não queriam o presidente Lula no poder.

Então, dentro dessa linha, evidentemente, há um projeto de poder. Um projeto de concentração de poder. Um projeto de tentar desfigurar a oposição, os conservadores, fazendo com que esses pensadores recebam sempre o cunho de bolsonaristas, sabendo que, assim fazendo, a imprensa se coloca contra, porque no período do ex-presidente Bolsonaro, ele foi inábil no contato com a imprensa, além de reduzir os anúncios oficiais.

A maior parte da imprensa se colocou, durante os quatro anos, contra Bolsonaro e continua criticando pela forma como foi tratada pelo governo, principalmente em nível de receitas, que é o que não acontece no governo atual: que voltou a colocar os anúncios que a imprensa precisa, o que se compreende perfeitamente, porque, realmente, a imprensa tradicional depende dos anúncios para manter as equipes, que não são baratas.

E a grande parte de conservadores, que não querem o marxismo, já que o presidente Lula se disse comunista e colocou um ministro, que se declara comunista, no Supremo.

Mas, a essa altura, como todos os conservadores para a esquerda são considerados bolsonaristas, cria-se a ideia que quem é bolsonarista não pode pensar em democracia e os da esquerda são os únicos que sabem bem o que é a democracia, que é o caminho de pensamento único e socialista.

É dentro desse quadro parece-me que nós estamos, em um processo de tornar o Brasil de rigor, como dizia Gramsci “uma das formas da esquerda de conquistar o poder é utilizar todos os caminhos da democracia” e implantar a ditadura. Nós estamos a caminho, no Brasil, das trilhas gramscianas, daquele filósofo e cientista político que percebeu que, em muitos países, a ditadura de esquerda era conseguida por meio de processos ditos democráticos.

Creio que a única forma que os conservadores têm de combater, numa democracia, esse quadro é utilizar o que eu mesmo, como conselheiro da OAB, de 1979 a 1984, usei, ou seja, a palavra. Se mais pessoas tiverem a coragem de dizer o que está acontecendo e não tiverem receio de ser perseguidas por pensarem de forma diferente do governo e continuarmos a defender o que a democracia se faz com o diálogo amplo, respeitoso, mas permanente entre as teses de situação e oposição, se nós não fizermos isso, nós correremos a passos largos para uma ditadura.

Como um velho professor de direito, acostumado a escrever sobre direito, economia, ciência política, filosofia, história e literatura, que completará 89 anos em 12 de fevereiro, venho aos brasileiros e, especificamente, aos meus leitores fazer esse apelo: que tenhamos coragem de utilizar a grande arma da democracia, que é a palavra, a fim de mostrar quais são os fatos e não as narrativas que hoje estão dominando o país.

Ives Gandra da Silva Martins é professor emérito das universidades Mackenzie, Unip, Unifieo, UniFMU, do Ciee/O Estado de São Paulo, das Escolas de Comando e Estado-Maior do Exército (Eceme), Superior de Guerra (ESG) e da Magistratura do Tribunal Regional Federal – 1ª Região, professor honorário das Universidades Austral (Argentina), San Martin de Porres (Peru) e Vasili Goldis (Romênia), doutor honoris causa das Universidades de Craiova (Romênia) e das PUCs PR e RS, catedrático da Universidade do Minho (Portugal), presidente do Conselho Superior de Direito da Fecomercio-SP, ex-p residente da Academia Paulista de Letras (APL) e do Instituto dos Advogados de São Paulo (Iasp).

DECISÕES DE TOFFOLI QUE SUSPENDEU MULTAS MILIONÁRIAS DA LAVA JATO NÃO SERÃO APROVADAS PELA CORTE

História de Monica Gugliano e Vera Rosa • Jornal Estadão

A decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli, que suspendeu a multa de R$ 10,3 bilhões do acordo de leniência da J&F e determinou a investigação da ONG Transparência Internacional no Brasil, divide magistrados da Corte. Em conversas reservadas, pelo menos cinco dos 11 ministros do STF mostram dúvidas sobre o despacho de Toffoli.

A divergência se refere à validade de provas resultantes da Lava Jato e do uso das mensagens encontradas em celulares de procuradores como Deltan Dallagnol, coordenador da operação. Os diálogos que incluíam até mesmo o então juiz Sérgio Moro, hoje senador, foram hackeados e publicadas por veículos de imprensa, no caso que ficou conhecido como “Vaza Jato”.

Toffoli determinou, ainda, que sejam analisadas as mensagens apreendidas nessa operação, batizada de “Spoofing”. A Procuradoria-Geral da República observou, porém, que não houve participação da 13.ª Vara Federal Criminal de Curitiba, à época comandada por Moro, no acordo com a J&F, fechado em Brasília. E as mensagens obtidas pela Operação Spoofing diziam respeito àquela jurisdição.

Sem unanimidade no plenário, o mais provável é que Toffoli envie para a Segunda Turma do STF o recurso do procurador-geral da República, Paulo Gonet, argumentando que “não há provas de que houve coação” contra os empresários Joesley e Wesley Batista, controladores da J&F. “Não há como deduzir que o acordo esteja viciado a partir de ilações e conjecturas abstratas sobre coação”, escreveu Gonet. Magistrados ouvidos pelo Estadão concordaram com o procurador-geral da República e disseram que os casos da Odebrecht e da J&F tiveram acordos de leniência totalmente distintos.

A investigação para apurar eventual apropriação de recursos públicos por parte da Transparência Internacional também foi solicitada à Procuradoria-Geral. A ONG nega ter recebido verba do acordo de leniência do grupo J&F.

Lula já disse que quer receber Toffoli para uma conversa privada no Alvorada. Foto: André Borges/EFE e Gabriela Bilo/Estadão

Lula já disse que quer receber Toffoli para uma conversa privada no Alvorada. Foto: André Borges/EFE e Gabriela Bilo/Estadão© Fornecido por Estadão

Desde o fim do ano passado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse a pelo menos dois integrantes do Judiciário, ouvidos pelo Estadão, que quer receber Toffoli, no Palácio da Alvorada, para uma conversa privada. Tudo caminha para uma reconciliação entre eles.

Em dezembro de 2022, após a cerimônia de diplomação de Lula, o ministro já havia lhe pedido perdão por ter proibido sua ida ao velório do irmão Genival Inácio da Silva, o Vavá. À época da morte de Genival, em janeiro de 2019, o petista estava preso em Curitiba.

Foi Lula quem indicou Toffoli para ocupar uma cadeira no Supremo, em 2009. O atual ministro era advogado-geral da União e o presidente dizia para quem quisesse ouvir que o considerava como um filho. Mas Lula ficou sem falar com ele após uma série de decisões que o desagradaram, entre as quais a condenação de José Genoino, ex-presidente do PT, no processo do mensalão. A última vez que Lula e Toffoli se encontraram foi na segunda-feira, 5, na cerimônia de posse do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski.

Neste terceiro mandato, o presidente tem se aproximado do Supremo e conta com a Corte para dar a última palavra e ajudar a resolver crises com o Congresso. No ano passado, por exemplo, Lula voltou a ter relacionamento com Gilmar Mendes, que havia impedido sua posse como ministro da Casa Civil, em 2016, no governo Dilma Rousseff.

Nos bastidores, políticos da oposição dizem que Toffoli tem tomado essas decisões de ataque frontal à Lava Jato para se reconciliar com Lula, que foi condenado pela operação. O ministro sempre negou essas suspeitas, sob o argumento de que havia evidências de provas obtidas ilicitamente.

Irmãos admitiram práticas de corrupção

Para conseguirem o acordo, os irmãos Joesley e Wesley Batista admitiram práticas de corrupção e se comprometeram com a restituição de milhões aos cofres públicos. Nos próximos dias, o procurador-geral da República também deve recorrer da suspensão do acordo da Novonor (antiga Odebrecht).

Cabe a Dias Toffoli a decisão de mandar o recurso para o plenário ou para a Segunda Turma, assim como definir o prazo para que isso aconteça. A Segunda Turma é formada pelos ministros Gilmar Mendes, Kássio Nunes Marques, Edson Fachin e André Mendonça, além do próprio Toffoli.

Em decisão monocrática, Toffoli assinalou que suspendia o pagamento da multa porque “há, no mínimo, dúvida razoável sobre o requisito da voluntariedade da requerente (J&F) ao firmar o acordo de leniência”. Destacou, ainda, que isso justificaria “por ora, a paralisação dos pagamentos, tal como requerido pela autora”. Toffoli já havia suspendido antes o acordo de leniência da Novonor, que previa o pagamento de R$ 8,5 bilhões ao governo federal, Estados, municípios e autoridades dos Estados Unidos e da Suiça, em um prazo de 23 anos.

Além da J&F e da Novonor, também assinaram acordos de leniência representantes da OAS e da Camargo Corrêa, entre outros. Todos confessaram participação no pagamento de propinas a políticos e fraudes em licitações.

Nos pedidos para suspender o pagamento das multas, as empresas observaram que devem ser incluídas nos processos novas provas e evidências de que a investigação da Lava Jato pode ter sido comprometida pela troca de mensagens entre os integrantes do Ministério Público do Paraná e o então juiz Sérgio Moro. Para a Procuradoria-Geral da República, no entanto, informações constantes no acordo de leniência de uma empresa não se aplicam a de outras companhias.

 

OMG TRANSPARÊNCIA INTERNACIONAL SOFRE PERSEGUIÇÃO DE MINISTRO DO STF

 

História de admin3 • IstoÉ

Nos últimos meses, Toffoli suspendeu o pagamento de multas de R$ 10,3 bilhões da J&F e de R$ 8,5 bilhões da antiga Odebrecht

Nos últimos meses, Toffoli suspendeu o pagamento de multas de R$ 10,3 bilhões da J&F e de R$ 8,5 bilhões da antiga Odebrecht© Fornecido por IstoÉDireção da ONG afirma que ministro do STF baseou-se em desinformação ao determinar que ela seja investigada. Entidade havia criticado decisões de Toffoli por causarem “imenso impacto” sobre a “impunidade da corrupção”.A direção mundial da Transparência Internacional, sediada em Berlim, afirmou em nota nesta terça-feira (06/02) que está sofrendo “retaliações injustas” pelo seu trabalho no tema anticorrupção no Brasil.

A entidade diz que as retaliações escalaram para um “nível perturbador” após o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinar na segunda-feira que a organização seja investigada por supostamente ter recebido valores obtidos com multas pagas em acordos de leniência firmados pela Operação Lava Jato. O acordo de leniência é um tipo de delação premiada para empresas.

“É lamentável testemunhar ações judiciais baseadas em acusações infundadas e informações falsas, que reprimem esforços da sociedade civil para expor a corrupção e a influência sem controle dos poderosos”, afirmou a organização não governamental (ONG). A nota diz ainda que a decisão de Dias Toffoli foi baseada em desinformação.

Investigação ligada a fundo de multas

A decisão de Toffoli foi motivada por uma notícia-crime apresentada pelo deputado federal Rui Falcão (PT-SP) contra procuradores da República que participaram da assinatura do acordo de leniência firmado pelo grupo J&F, dos empresários Joesley e Wesley Batista e controladora da JBS, entre outras.

O parlamentar sustentou que, desde ao menos 2014, o Ministério Público Federal (MPF) atuou em parceria com a Transparência Internacional desenvolvendo ações “genericamente apontadas como de combate à corrupção”.

Na sua decisão, Toffoli afirma que em março de 2018 foram iniciadas negociações para que a Transparência Internacional recebesse uma parcela do valor obtido no acordo de leniência firmado com o grupo J&F, para desenvolver ações de combate à corrupção. De acordo com o ministro, seriam destinados R$ 2,3 bilhões à ONG para implementar os projetos previstos no acordo.

“Segundo apontam as cláusulas do acordo, ao invés da destinação dos recursos, a rigor do Tesouro Nacional, ser orientada pelas normas legais e orçamentárias, destinava-se a uma instituição privada, ainda mais alienígena e com sede em Berlim”, escreveu Toffoli.

ONG afirma ser vítima de campanhas de difamação

A Transparência Internacional afirma que “nunca recebeu” e que “nunca teria qualquer papel gerencial” sobre fundos derivados de acordos de leniência. “Nossa organização, nosso escritório brasileiro e autoridades brasileiras já refutaram de forma consistente essas falsas alegações. Apesar das informações prontamente disponíveis, campanhas de difamação seguem intensas e estão se agravando.”

O presidente da organização, François Valérian, afirmou ser digno de nota que a ordem de Toffoli para que a Transparência Internacional seja investigada tenha sido determinada uma semana depois de a entidade ter divulgado seu ranking anual de percepção da corrupção, que rebaixou a posição do Brasil e mencionou que algumas decisões monocráticas de Toffoli causaram um “imenso impacto sobre a impunidade de casos de corrupção”.

Em dezembro, Toffoli suspendeu o pagamento da multa de R$ 10,3 bilhões estipulada no acordo de leniência da J&F firmado em 2017 com o MPF, afirmando haver “no mínimo dúvida razoável sobre o requisito da voluntariedade da requerente ao firmar o acordo”.

No início de fevereiro, Toffoli também suspendeu o pagamento de multa de cerca de R$ 8,5 bilhões que a empreiteira Novonor (antigo Grupo Odebrecht) se comprometeu a pagar em acordo de leniência assinado com o MPF em 2016, também no âmbito da Operação Lava Jato.

“A publicação [do ranking] foi acompanhada de fortes críticas do escritório brasileiro [da Transparência Internacional], que destacou as decisões do Judiciário que perpetuaram a impunidade generalizada para grandes esquemas de corrupção”, afirmou Valérian.

“Esses ataques ressaltam o papel crucial do trabalho da Transparência Internacional no Brasil para manter o poder sob controle. Não seremos intimidados, e nosso compromisso de se opor à corrupção continua firme.”

PREVIDÊNCIA DAS PREFEITURAS PODE PASSAR PARA O INSS COM NOVA LEI

 

História de IDIANA TOMAZELLI • Folha de S. Paulo

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A disposição do Congresso em cortar a alíquota de contribuição das prefeituras ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) acendeu um alerta dentro do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para o risco de migração em massa de municípios que hoje mantêm regimes próprios de Previdência.

Eventual transferência de servidores municipais para o regime geral poderia aprofundar o déficit do INSS, que em 2023 fechou em R$ 311,3 bilhões –ou R$ 283,6 bilhões, descontado o pagamento extraordinário de precatórios represados de anos anteriores.

O temor existe porque o Congresso aprovou uma lei que reduz de 20% para 8% a contribuição patronal dos municípios com até 156,2 mil habitantes. A medida foi vetada por Lula, mas foi restabelecida pelos parlamentares.

Na sequência, o governo editou uma MP (medida provisória) para revogar o benefício, considerado inconstitucional pela área jurídica do Executivo. A iniciativa, porém, enfrenta resistências de deputados e senadores e é ainda alvo de negociações.

Só com as prefeituras que hoje já recolhem para o INSS, o impacto é de R$ 4 bilhões ao ano. Mas a desoneração pode criar uma situação de elevada disparidade com as 2.118 prefeituras que têm regimes próprios e são responsáveis por mantê-los em equilíbrio.

Nesses municípios, a alíquota patronal normal oscila entre 11% e 31%, com uma média de 16,5%. No entanto, o déficit atuarial –jargão técnico para o dado que sinaliza a falta de dinheiro suficiente para cobrir o pagamento de benefícios no futuro– obriga cerca de metade das prefeituras a arcar com alíquotas suplementares que vão de 0,1% a 153,7% sobre a folha (em média, 18,5%).

Na avaliação do MPS (Ministério da Previdência Social), o corte da alíquota do INSS para municípios poderia intensificar a busca de prefeitos pela migração para o regime geral como forma de obter um alívio de curto prazo sobre o caixa. Esse movimento já vinha ocorrendo no ano passado, em meio às dificuldades financeiras dos municípios.

Embora no curto prazo a migração possa elevar receitas do INSS, no futuro o rombo será maior com o pagamento de mais aposentadorias.

“Antes mesmo da decisão do Congresso Nacional, passamos todo o ano passado recebendo prefeitos para saber se haveria Refis [refinanciamento de dívidas] alongado, de 240 meses, outros querendo fazer a conta se valeria a pena migrar para o RGPS”, disse à Folha de S.Paulo o secretário do Regime Geral de Previdência Social, Adroaldo da Cunha Portal.

A CNM (Confederação Nacional dos Municípios) afirmou que o argumento do governo é uma “manobra” para adiar a discussão da contribuição previdenciária das prefeituras enquanto propõe um modelo intermediário de cobrança, baseado em renda per capita, nível de população ou riqueza –todos rejeitados pela entidade.

Segundo avaliação preliminar do governo, 1.950 municípios com regimes próprios de Previdência (91% do total) são mantidos por cidades com até 156,2 mil habitantes e poderiam se beneficiar da alíquota reduzida do INSS em caso de migração.

Eventual transferência não iria eximi-las de compromissos, como pagar ao INSS tudo o que já foi recolhido para aquele grupo de segurados (a chamada compensação previdenciária) ou arcar com benefícios já concedidos pelo regime próprio.

Mas técnicos reconhecem que essas obrigações só teriam impacto no caixa dos municípios a médio e longo prazo. Em outras palavras, a mudança de regime poderia ser atrativa para prefeitos interessados em sair de uma situação de pressão e obter um fôlego de curto prazo.

Nesse horizonte, a migração traria, de fato, um alívio. Além de reduzir a alíquota normal para os 8% aprovados pelo Legislativo, as prefeituras poderiam reduzir ou até extinguir as cobranças suplementares. O dinheiro ficaria livre para custear outras políticas públicas.

O que preocupa o governo federal é que alguém precisará pagar essa conta no futuro. A arrecadação do INSS ficaria menor para um montante de obrigações cada vez maior. O desequilíbrio acentuado das contas da Previdência exigiria um esforço fiscal ainda maior da União.

A mudança também traria repercussões relevantes para os servidores municipais.

No caso de um funcionário que trabalhou a vida inteira para a prefeitura e nunca contribuiu para o INSS, a migração de regime o jogaria na regra definitiva para aposentadoria aprovada na reforma da Previdência –isto é, idade mínima de 62 anos para mulheres e 65 anos para homens, sem direito à transição.

O grande número de implicações levou a Secretaria do Regime Próprio e Complementar, ligada ao MPS, a elaborar uma cartilha para conscientizar as prefeituras sobre a “bomba-relógio” que seria a extinção dos fundos atuais. Tal decisão seria irrevogável, já que a reforma proibiu a criação de novos sistemas locais.

Para a CNM, o pagamento da compensação e a repercussão sobre a vida dos servidores já seriam motivos de sobra para desencorajar a migração.

“Não existe hipótese real de o município fazer isso. O governo está, mais uma vez, manobrando por algo favorável a ele e atrasar a ajuda aos municípios”, disse o presidente da entidade, Paulo Ziulkoski.

Mesmo sem migração, o governo avalia que a alíquota patronal menor no INSS pode incentivar contratações temporárias (vinculadas ao regime geral) em detrimento de concursos públicos (cujos servidores ingressariam no regime próprio).

CONGRESSO SENSÍVEL A DEMANDAS QUE PRESSIONAM PREVIDÊNCIA

O secretário do RGPS afirmou que a desoneração das prefeituras, embora seja uma reivindicação legítima dos municípios, é exemplo de como o Congresso se mostra cada vez mais sensível a demandas de grupos por vantagens no âmbito da Previdência.

O ministério monitora o andamento de propostas que podem conceder privilégios a determinadas categorias.

Um dos projetos, aprovado em maio de 2023 no Senado, pretende estender a guardas municipais e outras categorias o direito a aposentadoria especial. Outra iniciativa propõe um abono anual (14º salário) para aposentados e pensionistas do INSS.

Há ainda uma PEC (proposta de emenda à Constituição) que cria aposentadoria especial para agentes comunitários de saúde.

No sistema previdenciário, se um grupo pode pagar menos ou se aposentar mais cedo, isso significa maior custo e menor arrecadação no futuro, gerando pressão por novas reformas.

“A preocupação sempre manifestada nas notas técnicas da secretaria vai no sentido de alertar para o risco de conceder regras especiais diferenciadas para categorias específicas. Isso tem um impacto atuarial na Previdência sempre preocupante”, afirmou Portal.

“À medida que governos com viés mais fiscalista decidem fazer reforma da Previdência, o corte acaba depois vindo para cima de quem tinha um cálculo atuarial adequado e contribuiu ao longo de 35 anos”, disse.

GOVERNO VAI PROPOR REGIME DE CONCESSÃO MISTA PARA A BR-381

 

Presidente chega a BH com ‘tropa de choque’ e foca em problemas antigos da população, com disputa política no pano de fundo

Por Eduardo Gayer – Jornal Estadão

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desembarca nesta quinta-feira (08) em Belo Horizonte, que deu vitória a Jair Bolsonaro em 2022, e vai anunciar a nova proposta do governo para destravar as melhorias na “Rodovia da Morte”, trecho da BR-381 que liga a capital mineira a Governador Valadares.

Após ninguém participar do leilão da rodovia em novembro, o Ministério dos Transportes proporá um modelo misto: a União constrói o trecho considerado mais perigoso, do qual a iniciativa privada foge pela dificuldade da obra, e concede o restante. As obras públicas poderiam começar antes mesmo do leilão de concessão. Lula autorizou. Falta apenas o respaldo do Tribunal de Contas da União (TCU).

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em tour pelo País para anúncio de investimentos do governo federal.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em tour pelo País para anúncio de investimentos do governo federal. Foto: TABA BENEDICTO/ESTADÃO

O governo, porém, está tranquilo quanto à análise do tribunal: o relator da pauta na Corte é o ministro Antônio Anastasia, ex-senador e ex-governador de Minas, que mantém contato com lideranças do Estado e conhece os problemas da via.

De montante ainda incerto, o dinheiro para financiar a participação do governo federal nas obras da Rodovia da Morte poderá sair do próprio Orçamento da União, a partir de negociações entre Renan Filho e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad; ou das indenizações que as empresas Vale, BHP e Samarco terão de pagar pelo rompimento da barragem de Mariana, em 2015.

Ainda não há certeza, porém, se o dinheiro da indenização poderia mesmo ser utilizado em obras rodoviárias. Uma consulta já foi feita à Advocacia-Geral da União (AGU). Em janeiro, a Justiça Federal determinou o pagamento de R$ 47,6 bilhões em indenizações, mas as companhias ainda podem recorrer da decisão.

Além de uma solução considerada definitiva para a BR-381, Lula vai anunciar no ato em BH o financiamento, por meio do PAC, de obras no anel rodoviário e de unidades do Minha Casa, Minha Vida. O presidente estará acompanhado dos ministros Renan Filho (Transportes), que lidera o projeto, e Alexandre Silveira (Minas e Energia), ex-senador por Minas Gerais. Também estarão na comitiva os ministros Rui Costa (Casa Civil), Camilo Santana (Educação), Nísia Trindade (Saúde) e Esther Dweck (Gestão e Inovação).

O pano de fundo da atenção especial do presidente a Minas Gerais é a importância estratégica do Estado, um dos maiores colégios eleitorais do País e sob forte influência do bolsonarismo. Em 2022, os mineiros elegeram Romeu Zema (Novo) ao governo estadual e Cleitinho (Republicanos) ao Senado, ambos alinhados à direita.

Lula quer transformar Minas em palanques fortes e para si e aliados. Em BH, o pré-candidato do PT à prefeitura neste ano é o deputado federal Rogério Correia. Em 2026, o presidente pretende lançar o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), como seu candidato a governador do Estado.

O ORÇAMENTO É FEITO PELO GOVERNO E O CONGRESSO PODE ALTERAR ESSE ORÇAMENTO

 

Ele deveria pertencer a todos os brasileiros. Se não pertence, o Congresso deveria assumir sua parcela de responsabilidade. Não são emendas parlamentares que farão com que isso mude

Por Notas & Informações – Jornal Estadão

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), fez sentir sua ausência nos principais eventos políticos do início deste ano. De forma calculada, o deputado não participou das cerimônias para lembrar os atos do 8 de Janeiro nem da retomada dos trabalhos do Judiciário, em que foram retiradas as grades que cercaram a Esplanada dos Ministérios por mais de dez anos. E agora se sabe por quê. Seu primeiro discurso público, na abertura do ano legislativo, foi preparado para marcar posição e enviar recados ao Executivo.

Lira não está satisfeito com o tratamento que o governo lhe tem reservado – leia-se, com o veto presidencial que reduziu o valor das emendas de comissão em R$ 5,6 bilhões. Acredita ter feito tudo o que fora combinado – ou seja, trabalhado pela aprovação da agenda econômica do ministro da Fazenda, Fernando Haddad – e cobra do Executivo que reconheça seu esforço e faça sua parte – leia-se, pague o valor integral das emendas.

Poderia ter sido mais sutil, mas preferiu ser bem direto. Para defender seu ponto de vista, citou a Constituição para cobrar respeito ao papel do Legislativo. Mirou não apenas na chefia do Executivo, mas na própria estrutura da administração pública, a quem cabe cumprir etapas burocráticas e obrigatórias, estabelecidas em lei, até que o pagamento das verbas seja liberado.

“O Orçamento da União pertence a todos e todas e não apenas ao Executivo porque, se assim fosse, a Constituição não determinaria a necessária participação do Poder Legislativo em sua confecção e final aprovação”, afirmou.

“O Orçamento é de todos e para todos os brasileiros e brasileiras: não é e nem pode ser de autoria exclusiva do Poder Executivo e muito menos de uma burocracia técnica que, apesar de seu preparo, não duvido, não foi eleita para escolher as prioridades da nação. E não gasta a sola de sapato percorrendo os pequenos municípios brasileiros como nós, parlamentares”, acrescentou.

Lira, como sempre, confunde conceitos de forma propositada. Tenta convencer o público que aprovar o Orçamento é o mesmo que elaborá-lo e quer tirar do Executivo a função de executar a peça orçamentária. Para isso, defende um calendário para o pagamento das emendas e dá a entender que o governo não quer dividir os recursos que tem à disposição com o Legislativo, que, mais próximo da população, saberia exatamente onde e em que aplicar os recursos.

Mais de 90% das despesas do Orçamento são obrigatórias, ou seja, precisam ser pagas independentemente da vontade ou da existência de recursos em caixa – entre elas os salários dos servidores dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário e os benefícios da Previdência Social, como aposentadorias e pensões, bem como o fundo eleitoral.

Sobram menos de 10% em despesas discricionárias, nas quais há alguma ingerência sobre o destino final, e que incluem investimentos e emendas. Sobre este naco, o Legislativo avança ano a ano. Segundo reportagem do jornal O Globo, dos R$ 222 bilhões de livre destinação neste ano, R$ 44,6 bilhões se referem a emendas parlamentares, ou 20,05% do total. A título de comparação, em 2014, antes da criação das emendas impositivas, ao Legislativo cabia indicar 4,65% do valor dos gastos discricionários.

Se Lira estivesse certo, o olhar do Legislativo teria feito com que as desigualdades regionais caíssem vertiginosamente nos últimos anos. Este modelo, no entanto, agravou o que já era ruim e criou os chamados desertos políticos, municípios sem padrinhos em Brasília que não recebem recurso algum.

O Orçamento, de fato, deveria pertencer a todos os brasileiros e brasileiras. Se não pertence, o Congresso também deveria assumir sua parcela de responsabilidade em vez de jogar toda a culpa no Executivo.

Não basta recompor o valor das emendas parlamentares para que esse problema seja solucionado. E, se realmente quer aumentar sua participação na destinação de despesas do Orçamento, o Legislativo também terá que começar a contribuir mais ativamente pela recomposição das receitas e, eventualmente, pela elevação da carga tributária.

A SAIDINHA DE PRESOS PREMIA O COMPORTAMENTO DELES

 

Apesar de ressalvas à proposta aprovada em comissão do Senado, técnicos do Ministério da Justiça veem margem para diálogo com o Congresso sobre eventuais excessos do benefício das saídas temporárias de presos

Por Vinícius Valfré – Jornal Estadão

BRASÍLIA – A proposta de acabar com as “saidinhas” dos presídios, nos moldes do texto aprovado por uma Comissão do Senado, pode minar um mecanismo que alivia a “panela de pressão” dos presídios e, com isso, gerar efeitos secundários à crise da segurança pública. A percepção é compartilhada por técnicos do Ministério da Justiça que acompanham a situação das penitenciárias e veem o benefício das saídas temporárias de presos em datas comemorativas como uma ferramenta incentivadora de bom comportamento dos internos.

Centro de Ressocialização de Limeira promove partidas entre os reeducandos aproveitando a euforia e o mote da Copa do Catar. Times dos detentos é "apelidado" com os times que disputam o campeonato Mundial e a reportagem presenciou a final em que o time do "Brasil" venceu os jogos. FOTO TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO
Centro de Ressocialização de Limeira promove partidas entre os reeducandos aproveitando a euforia e o mote da Copa do Catar. Times dos detentos é “apelidado” com os times que disputam o campeonato Mundial e a reportagem presenciou a final em que o time do “Brasil” venceu os jogos. FOTO TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO  Foto: Tiago Queiroz

A comissão de Segurança Pública do Senado aprovou nesta terça-feira, 6, um projeto de lei que altera a Lei de Execução Penal e acaba com a chamada “saidinha”. O texto ainda precisa ser apreciado pelo plenário da Casa.

Têm direito ao benefício os presos condenados pela primeira vez e que tenham cumprido pelo menos um sexto da pena e os reincidentes que tenham cumprido um quarto da pena. Em todos os casos, é preciso ter também comportamento adequado nos presídios. As saídas não podem ultrapassar o período de sete dias.

Não têm direito os condenados por crimes hediondos que resultaram em morte da vítima. Essa nova regra foi sancionada em dezembro de 2019 e passou a valer para crimes cometidos a partir de janeiro de 2020.

Na equipe do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, a avaliação é a de que o mecanismo ainda em vigor é positivo e cumpre o papel na maioria esmagadora dos casos de presos que exercem o direito. Mesmo assim, o governo está disposto a dialogar com Congresso para ajustar o texto do projeto.

Entre os contrários ao benefício prevalece o entendimento de que o uso da “saidinha” para aliviar tensões e evitar rebeliões nas cadeias é um desvirtuamento da medida. Eles avaliam também que o instrumento não é acompanhado de monitoramento eficaz dos presos e piora problemas de violência no País.

Estima-se entre 4% e 5% o total de detentos que não voltaram ao sistema penitenciário depois das saidinhas dos feriados do final de 2023, de um universo de cerca de 60 mil presos. Em São Paulo, 4,5% dos liderados pela Justiça não voltaram para atrás das grades.

A relatoria do projeto na comissão de Segurança Pública coube ao senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Segundo ele, a proposta “certamente contribuirá para reduzir a criminalidade”.

“Ao se permitir que presos ainda não reintegrados ao convívio social se beneficiem da saída temporária, o poder público coloca toda a população em risco”, disse.

Flavio acolheu uma emenda do senador Sérgio Moro (União-PR) que mantém a saída temporária para que presos que teriam o benefício possam sair desde que para estudos.

O projeto foi aprovado pelo Senado em 2013 e alterado pela Câmara em agosto de 2022. Por isto, voltou ao Senado, onde segue em tramitação.

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

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