sábado, 9 de dezembro de 2023

PCC QUERIA SE VINGAR DE MORO-LIRA-PACHECO DEVIDO A LEI 13.964 DE 2019

 

História por Gabriel de Sousa  • Jornal Estadão

BRASÍLIA – Os atentados planejados pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) contra o presidente da Câmara dos DeputadosArthur Lira (PP-AL), o presidente do SenadoRodrigo Pacheco (PSD-MG), e o senador e ex-ministro da Justiça Sergio Moro (União-PR) começou a ser preparado pela facção criminosa como forma de derrubar uma lei aprovada no Congresso em 2019.

O senador Sergio Moro (União-PR) foi o idealizador do pacote anticrime enquanto ocupava a chefia do Ministério da Justiça e Segurança Pública Foto: AP Photo/Andre Penner© Fornecido por Estadão

A legislação em questão é a Lei 13.964, de 2019, também conhecida como pacote anticrimeque entrou em vigor no primeiro ano da gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A medida criou dificuldades extremas para a facção, endurecendo o regime carcerário e dificultando o comando dos líderes das facções no interior do sistema prisional.

Após a lei entrar em vigor, o Supremo Tribunal Federal (STF) recusou uma ação que visava a derrubada dos seus dispositivos. Isso motivou as lideranças do PCC a planejar ações violentas, como “as hipóteses de tentativa de resgate de lideranças ou ainda partir para atentados contra autoridades dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, bem como do Ministério Público”.

A facção mobilizou uma célula com três de seus integrantes e bancou seus custos – cerca de R$ 44 mil –, como estadia, celulares, aluguéis, seguro, IPTU, mobília, transporte e até compra de eletrodomésticos. Os investigadores também encontraram explosivos que seriam usados em um atentado a bomba contra Moro.

O que é o pacote anticrime?

O pacote foi uma das promessas de campanha do ex-presidente durante as eleições de 2018. Bolsonaro defendeu um endurecimento no combate às facções criminosas e ao crime organizado, e personalizou o seu programa de governo nesta área a partir da indicação de Moro ao Ministério da Justiça.

Os pontos presentes no projeto foram idealizados por Moro e apresentados em fevereiro ao Congresso Nacional. A legislação endurece pontos do Código Penal e da Lei de Execução Penal, como o aumento de crimes considerados hediondos e ampliação de penas para diferentes modalidades de delitos.

Uma das mudanças feitas pela lei que atingiram diretamente o PCC foi o aumento do tempo máximo de permanência de líderes de facções criminosas em presídios federais. Antes, o prazo era de 360 dias, mas foi ampliado para três anos, com possibilidade de renovação.

Também foram endurecidas as condições para que um preso condenado seja colocado em liberdade condicional. Antes, condenador com comportamento considerado satisfatório tinha como obter o direito. Depois da lei, era necessário ter um comportamento satisfatório e não ter uma falta grave nos 12 meses anteriores à soltura.

Pacote foi ‘desidratado’ e aprovado com folga no Congresso

As propostas do então ministro da Justiça foram costuradas por deputados aliados do ex-presidente com trechos de outra proposta, que foi elaborada em 2018 por uma comissão de juristas coordenada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes.

No dia 4 de dezembro de 2019, o pacote anticrime foi aprovado por uma maioria esmagadora na Câmara por 408 votos a nove. Sete dias depois, a proposta foi aprovada em uma votação simbólica no Senado.

Para passar pelo Legislativo, outros trechos defendidos por Moro foram descartados, o que fez o projeto final ficar “desidratado”. Uma das partes que ficaram de fora foi a que previa que condenados em tribunais de segunda instância já passassem a cumprir a pena imediatamente.

MILEI PARA LULA É REAL OU UM ESPANTALHO DA DIREITA

História por Mariana Schreiber – Da BBC News Brasil em Brasília  

Recado pra Lula ou ‘espantalho da direita’? Qual será peso político de Milei na América Latina© reuters

O economista libertário Javier Milei toma posse neste domingo (10/12) como presidente argentino sem a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a quem fez duras críticas durante sua campanha.

Apesar de o argentino ter suavizado o tom contra o petista após sua eleição, o governo brasileiro será representado pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, algo raro, dada a importância da relação dos dois países.

A cerimônia, ao mesmo tempo, será prestigiada por uma comitiva de representantes da direita brasileira, liderada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, de quem Milei é declarado admirador. Ambos já se reuniram em Buenos Aires na sexta-feira.

A vitória de Milei nas urnas tem sido comparada com a eleição de Bolsonaro em 2018, já que ambos se projetaram como líderes controversos do campo conservador, com propostas radicais e uma postura “antissistema”, embora o brasileiro tenha sido parlamentar por três décadas antes de conquistar o Palácio do Planalto, enquanto Milei exerceu um mandato de deputado federal.

Para analistas políticos ouvidos pela BBC News Brasil, porém, a eleição do novo presidente argentino não deve ser lida apenas como uma “repetição” da política brasileira de cinco anos antes, mas traz reflexões sobre os desafios que se colocam à frente para o governo Lula e o campo bolsonarista.

Por um lado, o resultado da eleição argentina é visto como um recado para o Palácio do Planalto ao evidenciar a dificuldade que governos têm tido para se manter no poder na América Latina. Na grande maioria das disputas presidenciais dos últimos cinco anos, foi a oposição que se saiu vitoriosa.

Por outro lado, a vitória de Milei também é lida como um risco para o campo da direita. Embora sua eleição seja mais um sinal da força da ultradireita no continente, suas chances de êxito ainda seguem muito incertas, dado o tamanho da crise econômica argentina e a complexidade das propostas que o elegeram, como a ideia de dolarizar a economia e acabar com o Banco Central.

Reeleição em queda na América Latina

Para o diretor do instituto de pesquisas Quaest, o cientista político Felipe Nunes, a vitória de Milei traz uma importante mensagem para Lula, não tanto no sentido de evidenciar a força do campo conservador, que não é novidade no Brasil, mas de ser mais um exemplo da dificuldade que mandatários têm tido em diferentes países para se reeleger ou eleger um sucessor, independentemente do campo que representam.

Um levantamento do cientista político argentino Gerardo Munck, professor da University of Southern California (Estados Unidos) corrobora essa tese: de 18 eleições disputadas na América Latina desde 2019, o candidato governista venceu apenas no pleito realizado neste ano no Paraguai – o país é um caso particular da falta de alternância de poder, já que o Colorado, partido de centro-direita, perdeu apenas uma disputa presidencial em 76 anos, quando Fernando Lugo venceu em 2008.

O caso argentino ilustra bem a dificuldade governista nos últimos anos, especialmente impactada pela duradoura crise econômica. O presidente de direita Mauricio Macri não conseguiu renovar seu mandato em 2019, quando foi derrotado pelo candidato de esquerda, Alberto Fernández. Este, por sua vez, não foi capaz nem mesmo de viabilizar sua candidatura à reeleição, lançando seu ministro da Fazenda, Sergio Massa, para disputar a sucessão, no pleito vencido por Milei.

Já no Brasil, Bolsonaro foi o primeiro presidente a não conseguir se reeleger desde a redemocratização, ao perder a disputa de 2022 por margem apertada para Lula.

“A América Latina tem sido marcada nos últimos anos por um processo muito claro de rejeição aos governos, mais do que uma tendência pró-direita ou antiesquerda. As pessoas estão cada vez mais insatisfeitas com a maneira como os governos estão operando, o que para mim é uma demonstração da crise da representação política que a gente vive no mundo todo, mas especialmente na América Latina”, afirma o diretor da Quaest.

Para Nunes, esse cenário vem com um desafio a mais no caso de Lula, devido à resiliência do campo bolsonarista. Na sua visão, a polarização da política brasileira está tão forte que se calcificou na sociedade, processo que ele analisa com o jornalista Thomas Traumann no livro recém-lançado Biografia do Abismo, como a polarização divide famílias, desafia empresas e compromete o futuro do Brasil.

“As pessoas estão mais exigentes, estão cobrando mais dos seus governantes. E o alerta que fica para o Lula é de que, por um lado, essa cobrança, que é generalizada, também é brasileira, mas com uma nuance muito nossa que tem a ver com a tese da calcificação política que defendemos no livro”, disse à reportagem.

“Se a gente está vendo na América Latina os governos sendo consistentemente não aprovados, por outro lado a gente vê no Brasil uma força muito grande do eleitor bolsonarista, há uma resiliência nesse sentimento antipetista que vai merecer muita atenção por parte do atual governo no Brasil”, acrescenta.

Na avaliação de Nunes, a vitória de Milei não é um elemento em si capaz de impulsionar a direita brasileira, mas o resultado da eleição americana de 2024 terá impacto relevante.

Nos Estados Unidos, o líder da direita conservadora Donald Trump, do partido Republicano, também não conseguiu a reeleição em 2020, quando foi derrotado pelo atual presidente, o democrata Joe Biden. O resultado, lembra o diretor da Quaest, foi fundamental para ditar uma postura mais dura do governo americano contra movimentações do campo bolsonarista de contestação ao sistema eleitoral brasileiro.

Uma nova vitória de Biden ou outro candidato democrata, porém, está longe de estar garantida, com Trump ganhando apoio popular para disputar novamente a Casa Branca. O republicano, porém, ainda enfrenta acusações na Justiça com potencial de impedir sua candidatura.

“Seja quais forem os candidatos, a eleição dos Estados Unidos vai ser decidida na margem. O resultado, sem dúvida alguma, tem efeitos e consequências sobre a política no Brasil”, acredita.

“Então, uma vitória do Trump nos Estados Unidos (em 2024) acho que alimenta o sentimento de revanche no Brasil, porque já teve Milei vencendo (na Argentina), tem outros candidatos de direita em países da América Latina. Por outro lado, uma vitória do Biden também acaba sendo um incentivo para a esquerda brasileira”, avalia.

Pesquisas de opinião têm mostrado que a gestão Lula enfrenta dificuldades para ampliar seu apoio, após a vitória apertada. Levantamento do Datafolha divulgado na quinta-feira (7/12) mostrou que o petista terminou 2023 com 38% de aprovação dos brasileiros. Outros 30% da população consideram seu trabalho regular, e o mesmo número avalia sua gestão como ruim ou péssima.

Para Nunes, as ações do governo Lula no primeiro ano focaram mais em consolidar sua base de eleitores do que em tentar conquistar o eleitor bolsonarista. Ele cita como exemplo o foco em políticas sociais como a ampliação do Bolsa Família e a retomada do Mais Médicos, que atendem a população de menor renda.

O cientista político acredita que o presidente tem pouco espaço para conquistar três grupos que apoiam Bolsonaro: o eleitorado evangélico, o segmento ruralista e aqueles bolsonaristas mais radicais com viés autoritário.

Um quarto grupo, porém, seria mais suscetível a apoiar Lula – é o que Nunes e Traumman no livro chamam de “empreendedores, uma classe média urbana que gera empregos”. Na sua avaliação, programas como o Desenrola – de renegociação de dívida – podem atrair a simpatia de parte desse grupo para o governo.

‘Milei pode ser espantalho para direita’

Apesar do furor do campo bolsonarista com a vitória de Milei, o professor de Relações Internacionais da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Dawisson Belém Lopes vê o risco de seu governo ter um resultado negativo, a ponto de distanciar parte do eleitor brasileiro da ultradireita.

O futuro presidente argentino assume com grandes desafio pela frente, dada a profunda crise econômica do país, e foi eleito com propostas radicais e de difícil implementação.

Entre suas promessas mais radicais e de difícil execução estão o fim do Banco Central e a dolarização da economia argentina. Durante a campanha, também sinalizou para um afastamento de Brasil e China, os dois maiores parceiros comerciais do país.

Após sua vitória, porém, Milei tem moderado o tom.

“É possível imaginar a relação oposta: em vez de a Argentina de Milei servir de vitrine para ser emulada pelo Brasil no futuro, pode ser o contrário: Milei pode ser um espantalho pra volta da ultradireita”, pondera Belém.

Para o professor da UFMG, os indicadores econômicos brasileiros serão o fator determinante para a eleição de 2026.

“Se o Brasil conseguir manter um bom rendimento da sua economia, boas condições socioeconômicas da sua população de modo geral, é difícil imaginar que a oposição no Brasil consiga se viabilizar e ganhar a eleição de 2026”, disse.

“É claro, a oposição está bem estruturada, vai conseguir vitórias parciais no nível municipal, no nível estadual. Mas no nível Federal teria que haver uma queda na performance do governo em relação ao que está acontecendo em 2023. Pode, mas nada indica que vai”, acredita.

‘Consolidação da ultradireita’

Professora no departamento de Política e Governo da Universidade Alberto Hurtado, em Santiago do Chile, a cientista política brasileira Talita São Thiago Tanscheit vê a vitória de Milei como um sinal de “consolidação” das forças de ultradireita na América Latina.

“Se a eleição de 2018 do Bolsonaro ocorreu sobre um processo de ascensão da ultradireita na América Latina com um futuro ainda incerto, eu acho que a eleição do Milei já não é sobre ascensão, é sobre consolidação, na medida em que já existiram experiências de governo de direita em outros países da região”, destaca.

“E, mesmo onde não foi governo, a ultradireita tem disputado a eleição e tem conseguido parcelas significativas do eleitorado”, reforça.

Ela cita como exemplos o caso do próprio Brasil, em que Bolsonaro governou e perdeu a reeleição por uma margem pequena, o de El Salvador, governado desde 2019 por Nayib Bukele, ou mesmo o do Chile, em que o presidente de esquerda Gabriel Boric, eleito em 2022, sofreu forte queda de popularidade e viu o campo conservador avançar.

Hoje, é a ultradireita, ressalta Tanscheit, que controla o Conselho Constitucional chileno, eleito para escrever a nova Constituição do país, depois que uma primeira assembleia de viés progressista teve seu texto final rejeitado em votação popular. A nova proposta de Constituição, agora em versão conservadora, será submetida à população em 17 de dezembro.

Na sua leitura, o campo da ultradireita tem crescido na região seguindo uma onda global de “frustração com as promessas não cumpridas da democracia ou com aquilo que as pessoas achavam que a democracia deveria cumprir”, o que resultou em desconfiança na política e nas instituições.

Para Tanscheit, cada vez mais as disputas eleitorais na América Latina terão como um dos polos de disputa a ultradireita, que vem mobilizando o campo conservador no lugar antes ocupado por uma direita mais moderada.

Na sua visão, o campo bolsonarista será competitivo na disputa presidencial de 2026, mesmo com Jair Bolsonaro impedido de se candidatar, após ter sido condenado pela Justiça Eleitoral.

Já o campo de Lula terá mais força caso seu governo entregue resultados efetivos, especialmente para a população mais pobre, avalia.

“A ultradireita segue viva com uma presença importante na Câmara de Deputados, no Senado Federal, e com os governo estaduais de São Paulo e de Minas Gerais, os dois maiores colégios eleitorais do Brasil. O que está em aberto é quem será o líder desse campo político (em 2026), mas que eles vão ser competitivos não tenho nenhuma dúvida”, prevê.

“Agora, a Lula e à esquerda cabe fazer um bom governo. Fazendo um bom governo, com benefícios especialmente para a população mais pobre, diminui as chances dessas aventuras acabaram sendo vitoriosas”, avalia.

 

A VENEZUELA NÃO É CAPAZ DE CONTROLAR ESSEQUIBO PELA FORÇA

 

BBC News Brasil

BBC News Brasil

‘Única forma da Venezuela controlar Essequibo seria com ação militar, mas não é capaz disso’, diz ex-embaixador da Venezuela na Guiana© EPA

As relações entre a Venezuela e a Guiana atingiram seu pior momento em décadas.

antiga controvérsia entre os dois países pelo território chamado Essequibo – que a Venezuela afirma ter sido erroneamente tomado por uma sentença arbitral emitida em 1899 e, na verdade, representa dois terços do território da Guiana – provocou uma profunda crise entre os dois vizinhos

Em 1966, as partes se comprometeram a buscar uma solução prática e satisfatória para a controvérsia, por meio do chamado Acordo de Genebra.

Mas, como o mecanismo amigável não permitiu que se chegasse a uma solução, mais de um quarto de século depois, a Guiana solicitou que o caso fosse levado para a Corte Internacional de Justiça (CIJ), que emitirá uma decisão sobre a disputa.

Paralelamente, a Guiana começou a outorgar concessões de exploração de petróleo em águas não delimitadas, sobre as quais a Venezuela acredita ter direito.

No último dia 3 de dezembro, o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro realizou um referendo sobre Essequibo. E, após o anúncio dos resultados favoráveis, vem promovendo uma lei que permita a anexação do território à Venezuela.

Este anúncio causou preocupação na Guiana. O presidente do país, Irfaan Ali, declarou que suas forças de defesa se encontram em alerta total e em comunicação com o Comando Sul dos Estados Unidos.

Maduro também acusou a petrolífera norte-americana ExxonMobil, principal produtora de petróleo na Guiana, de financiar políticos da oposição venezuelana.

De fato, o procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, ordenou a detenção de 14 pessoas (incluindo diversos políticos opositores) acusadas de traição à pátria por uma suposta “trama de financiamento e conspiração relacionada à ExxonMobil contra a Venezuela”.

A empresa norte-americana afirmou que a acusação é ridícula e sem fundamento. E diversos analistas defendem que as ações de Maduro em relação a Essequibo são parte de uma tentativa de enfraquecer a oposição venezuelana antes das eleições presidenciais do país, previstas para 2024.

Neste contexto, a BBC News Mundo – o serviço em espanhol da BBC – conversou com Sadio Garavini di Turno. Ele foi embaixador da Venezuela na capital da Guiana, Georgetown, entre 1980 e 1984.

Garavini se dedicou ao estudo do conflito territorial sobre Essequibo durante décadas, não só como diplomata, mas também como acadêmico.

O ex-embaixador é doutor em Ciência Política, professor universitário e autor de diversas publicações sobre a política externa da Venezuela e da Guiana. Confira a entrevista abaixo.

As milícias bolivarianas defenderam os locais de votação durante o referendo sobre Essequibo realizado na Venezuela.© Getty Images

BBC News Mundo: O governo de Nicolás Maduro anunciou que irá criar um Estado venezuelano em Essequibo e conceder concessões de petróleo no território controlado pela Guiana. Como se explica isso?

Sadio Garavini di Turno: Isso é ridículo em nível internacional porque, obviamente, o que isso significa?

Maduro nomeou um general como encarregado pela defesa da Guiana Essequiba, mas com sede em Tumeremo, que é uma cidade venezuelana no sul do Estado de Bolívar. Ele decidiu que a PDVSA [Petróleos de Venezuela S. A.] irá contar com uma filial para investir na Guiana Essequiba.

Bem, a pergunta é: como irá fazer? Isso evidentemente implicaria uma ação de força.

Em relação à PDVSA, a empresa não tem dinheiro sequer para investir na “Venezuela atual” e gostaria de ver se ela tem fundos para fazê-lo em águas marítimas e submarinas na costa de Essequibo.

BBC: Por que a Venezuela assume agora esta atitude?

Garavini: Tudo isso é uma manobra de política interna frente a um tema de caráter internacional, para tentar mostrar que está fazendo algo em relação à reivindicação de Essequibo depois do referendo – que foi outra manobra de política interna para tentar fazer cair no esquecimento o sucesso da oposição nas eleições primárias.

Em termos internacionais, a única forma de exercer a soberania sobre a Guiana Essequiba da forma em que estão dizendo, que irão fazer um novo mapa da Venezuela incluindo Essequibo, antes uma região reivindicada, bem, deveria ser uma ação militar para exercer a soberania sobre o território.

BBC: É possível essa ação militar?

Garavini: Acredito que as Forças Armadas venezuelanas não têm capacidade de fazê-lo, devido ao desastre em que se encontram. Além disso, não existem estradas e, por isso, elas deveriam seguir através da floresta, desembarcar por mar ou enviar paraquedistas, o que implica em total incapacidade.

Na verdade, do ponto de vista internacional, o que estão fazendo é algo irresponsável, pois nos prejudica muito na Corte Internacional de Justiça, onde o assunto está em andamento.

O que o governo deveria fazer seria preparar-se para defender os direitos da Venezuela na Corte Internacional de Justiça.

‘Única forma da Venezuela controlar Essequibo seria com ação militar, mas não é capaz disso’, diz ex-embaixador da Venezuela na Guiana© BBC

BBC: Qual é a importância de Essequibo para a Venezuela?

Garavini: Para a Venezuela, é fundamental defender a saída ao Atlântico, a projeção da sua zona econômica exclusiva e sua plataforma continental, não apenas a gerada pela reivindicação de Essequibo, mas a do Delta Amacuro [Estado venezuelano localizado no extremo nordeste do país, em frente ao Oceano Atlântico e ao lado de Essequibo].

A Guiana demarcou arbitrariamente uma linha que supostamente assinala a fronteira com a Venezuela e que não é aceitável, porque cerceia a nossa projeção na zona econômica exclusiva e a plataforma continental do Estado Delta Amacuro. É isso é inaceitável.

Em termos de Essequibo propriamente dito, é preciso recordar que ele representa dois terços do território que a Guiana considera seu, controla e administra desde a sentença arbitral de 1899.

O Acordo de Genebra fala em uma solução prática e satisfatória para ambos.

Se precisássemos chegar a um acordo com base nele, é óbvio que um acordo satisfatório para a Guiana nunca contemplaria a entrega de dois terços do seu território. É preciso entender isso com uma boa leitura do Acordo de Genebra.

O que se pode conseguir com o Acordo de Genebra é uma compensação territorial sensata que, certamente, é muito difícil de definir de comum acordo entre as duas partes. Portanto, muito provavelmente, será necessária a intervenção de um terceiro.

Por isso, destaco as áreas marítimas e submarinas de uma região rica em petróleo e nem tanto o território em si, pois, segundo o Acordo de Genebra, obviamente apenas uma parte dele poderia retornar à Venezuela.

BBC: Como essa delimitação marítima feita pela Guiana prejudica a Venezuela?

Garavini: Ela cerceia centenas de milhares de quilômetros quadrados de áreas marítimas e submarinas, ricas em petróleo, gás e pesca, além da própria saída para o Atlântico. Se essa linha for aceita, deveríamos pedir permissão para sair ao Atlântico, o que é evidentemente inaceitável.

Mas isso tem relação secundária com a questão de Essequibo. Tem relação porque a Guiana traçou essa linha de forma arbitrária a partir de Punta Barima, que é o limite do território de Essequibo. Mas isso deverá ser debatido no final.

É irresponsabilidade do governo de Maduro desconhecer a Corte Internacional de Justiça. Agora, o governo está dizendo que a CIJ está a mando da Exxon.

Ali, na Corte Internacional de Justiça, é onde precisaremos resolver o problema da delimitação de áreas marítimas e submarinas, depois que for solucionada a questão de Essequibo.

BBC: Qual mecanismo ou estratégia a Venezuela deveria usar para fazer valer os direitos que afirma ter sobre Essequibo?

Garavini: Agora, já não há alternativa.

As pessoas não entendem que dois secretários-gerais das Nações Unidas e o último mediador decidiram levar o tema à Corte Internacional de Justiça.

Se não houver acordo entre as partes, o Acordo de Genebra concede ao secretário-geral a capacidade de decidir qual mecanismo de solução pacífica de controvérsias deve ser aplicado. Por isso, não há por onde fugir, do ponto de vista do direito público internacional.

Precisamos nos defender na Corte Internacional de Justiça e o governo não está fazendo sua tarefa, que consiste em preparar nossas argumentações, para defender nossos direitos.

Temos argumentos para demonstrar que a sentença arbitral de 1899 foi injusta, como produto de um acordo político entre o presidente russo e os dois membros britânicos do tribunal. É isso que deveríamos fazer com os maiores especialistas nacionais e internacionais.

A Venezuela declarou que a Sentença Arbitral de 1899 sobre Essequibo, favorável ao Reino Unido, é ‘nula e sem efeito’.© Getty Images

BBC: A comunidade internacional parece apoiar o status quo atual. A Guiana afirma que conta com o apoio da OEA, do Caricom (a Comunidade do Caribe), da Comunidade Britânica, dos EUA e do Reino Unido, entre outros. Por que não se ouvem outras vozes apoiando a Venezuela?

Garavini: A Guiana sempre contou com o apoio do Caricom e da Comunidade Britânica de Nações. A sede do Caricom está em Georgetown e a Guiana é membro da Commonwealth.

Mas o restante, a imensa maioria da comunidade internacional, não apoia a Guiana. Ela apoia que o problema seja solucionado pacificamente na Corte Internacional de Justiça, como já decidiram dois secretários-gerais da ONU, segundo o Acordo de Genebra.

A campanha de desinformação do governo de Maduro faz crer que o Acordo de Genebra é uma coisa e a Corte Internacional de Justiça é outra. Mas estamos na Corte Internacional de Justiça devido ao Acordo de Genebra.

BBC: Afirma-se que a estratégia de evitar a CIJ e tentar resolver a disputa com a Guiana de forma bilateral é a que mais convém à Venezuela. Neste caso, não seria lógico que Maduro tentasse evitar ir à CIJ?

Garavini: Claro, mas devia ter feito isso muito antes.

O gravíssimo erro do governo venezuelano ocorreu em dezembro de 2013, quando a então chanceler da Guiana, Carolyn Rodrigues-Birkett, afirmou que, depois de 26 anos de negociações bilaterais assistidas pelo mediador e muitos anos mais desde o Acordo de Genebra, havia chegado o momento de encerrar a delimitação do território, em suas áreas marítimas e submarinas, e definir de uma vez a controvérsia.

Por quê? Porque, entre 2010 e 2013, houve as grandes descobertas de riquezas na Guiana, foram feitas as grandes concessões, houve a crise do Teknik Perdana – o famoso navio de exploração sísmica petrolífera que foi detido pela marinha venezuelana – e a Guiana disse “basta”. E foi falar com o secretário-geral da ONU para solicitar o encaminhamento à CIJ.

O gravíssimo erro da Venezuela foi insistir obstinadamente com o secretário-geral, dizendo que queríamos continuar com a negociação bilateral assistida por um mediador.

Como esse mecanismo não havia funcionado, se nos colocarmos no lugar do secretário-geral, entenderemos por que ele deu razão à Guiana e não à Venezuela.

O que a Venezuela deveria ter feito seria propor uma mediação, uma conciliação ou arbitragem, ou seja, recorrer a outros meios de solução pacífica de controvérsias previstos na Carta da ONU e que não contemplam a CIJ, que é mais conveniente para a Guiana.

Quando existe uma mediação, as partes procuram uma solução justa e prática. Na CIJ, o tema é estritamente jurídico. Ali será definido se a sentença arbitral de 1899 é ou não válida. E demonstrar isso é muito caro e complicado.

É um tema que nós sempre quisemos evitar. Quando existe algo julgado, os juízes tendem a defender que o assunto foi encerrado.

Nós temos o argumento de que foi assinado o Acordo de Genebra e, por isso, é preciso buscar uma solução prática, mas é o que nós deveríamos ter promovido.

STF DERRUBA CENSURA CONTRA O JORNAL ESTADÃO

 

História por Redação  • Jornal Estadão

BRASÍLIA – O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Cristiano Zanin derrubou, nesta sexta-feira, 8, uma censura imposta ao jornal O Estado de S.Paulo pelo juiz José Eulálio Figueiredo de Almeida, da 8ª Vara Cível de São Luís (MA). O magistrado do Maranhão havia determinado a exclusão de duas reportagens sobre retransmissoras de TV concedidas pelo ministro das Comunicações, Juscelino Filho, a uma emissora ligada ao grupo político dele no Estado, além de exigir que os jornalistas assinassem uma carta de retratação escrita pelo reclamante.

A ação contra o jornal foi movida pela TV Difusora do Maranhão. O juiz Figueiredo de Almeida determinou, na quarta-feira, 6, que Estadão retirasse do ar as reportagens “Ministro de Lula distribui 31 retransmissoras de TV para empresário do seu núcleo político” e Ministério de Juscelino libera em 30 minutos pedido por rede de TV nacional para seu grupo político, publicadas nos dias 29 e 30 de novembro deste ano.

O ministro do STF Cristiano Zanin derrubou a decisão do juiz maranhense Foto: Gustavo Moreno© Fornecido por Estadão

O magistrado do Maranhão também havia obrigado o Estadão a publicar uma “retratação” nos termos de um texto escrito pela TV Difusora. O jornal e os repórteres Vinícius Valfré, Julia Affonso e Daniel Weterman, que assinam as matérias, teriam de publicar um texto afirmando que “noticiaram informações falsas” sobre as decisões de Juscelino Filho que favoreceram a emissora. A decisão ainda censurava as redes sociais dos jornalistas e do jornal, ao determinar a exclusão dos posts que citavam as reportagens.

Cristiano Zanin suspendeu os efeitos da decisão do juiz. “Com o devido respeito, a decisão reclamada (de José Eulálio Figueiredo de Almeida) utiliza-se de argumentos genéricos, sem justificar suficientemente o motivo da restrição à liberdade de imprensa. Por ora, não há informação nos autos de que a notícia seja falsa ou sabidamente maliciosa”, registrou o ministro do Supremo.

O ministro do STF também ressaltou que a decisão do juiz maranhense afronta um julgamento da Suprema Corte que garante a plena liberdade de imprensa com efeitos vinculantes. “É evidente que existe interesse jornalístico nos relatos em questão, pois tratam de fatos, a princípio verdadeiros, sobre outorgas de concessão de serviços de veículos de comunicação”, afirmou.

A decisão do juiz do Maranhão foi tomada menos de 48 horas após a emissora apresentar a ação. Almeida havia estipulado um prazo de 48 horas para a remoção dos conteúdos e das postagens, além da publicação da retratação.

No recurso apresentado pelo Estadão ao Supremo, os advogados Afranio Affonso Ferreira Neto e David Cury Neto disseram que o juiz “falhou em constatar a desinformação lançada pelas demandantes em que propositadamente confundem as diversas espécies de atos administrativos praticados no âmbito do Ministério das Comunicações como se todos fossem idênticos àqueles objeto das matérias publicadas pelos Reclamantes”. E que as decisões de censurar as reportagens e obrigar a retratação “asfixiam o pleno exercício da liberdade de informação, bem como ceifam o direito da sociedade de participar de relevante debate público”.

A partir somente das alegações da emissora, o juiz, no despacho, afirmou que a “intervenção judicial” era necessária porque “ainda quando seja verdadeira a notícia, esta deve ser divulgada sem exageros, sem embustes, sem tendenciosidade e sem afronta”.

O ministro das comunicações, Juscelino Filho, em evento de posse da diretoria da Telebras, em maio de 2023. Foto: WILTON JUNIOR© Fornecido por Estadão

“A lei pode e deve ser usada por quem se sente prejudicado pela publicação de mentiras, ofensas ou distorções. Isso é saudável. Mas, nessa sentença contra o Estadão, o que temos é a tentativa de suprimir o relato de fatos verídicos, narrados pelo jornal de forma serena, descritiva e sem adjetivos”, afirma o diretor-executivo de Jornalismo do Grupo Estado, Eurípedes Alcântara.

Entenda as reportagens censuradas

As reportagens censuradas pelo juiz José Eulálio Figueiredo de Almeida foram publicadas nos dias 29 e 30 de novembro deste ano. Na primeira publicação, o Estadão revelou que o ministro Juscelino Filho concedeu 31 retransmissoras de televisão para a TV Difusora, ligada ao grupo político dele. As autorizações para a emissora passaram pela aprovação do diretor do Departamento de Radiodifusão Privada, Antonio Malva Neto – ex-sócio de Willer Tomaz, um dos acionistas da emissora, em um escritório de advocacia.

A segunda reportagem mostrou que um pedido da emissora para expandir a operação de retransmissão de TV (RTV) para fora do Maranhão foi despachado em meia hora por Malva Neto. Os prazos e o volume de liberações não são usuais e não se repetem em outros processos da mesma natureza.

As reportagens foram publicadas com base em documentos públicos. O Estadão levantou todas as autorizações para retransmissão de TV, em caráter primário e secundário, publicadas no Diário Oficial, em 2023, e identificou que a emissora maranhense foi a maior beneficiária desse tipo de outorga, que é concedida pelo ministro das Comunicações.

Essas autorizações assinadas pelo ministro permitem a expansão do sinal de uma emissora para outras cidades. A reportagem concentrou o levantamento neste tipo de outorga, pois, com essa autorização, as emissoras passam a ser transmitidas em mais municípios, aumentando a influência nos Estados, ampliando o valor comercial das empresas e arrecadando mais recursos com publicidade.

Segundo processo movido pelo grupo político de Juscelino Filho

Este é o segundo processo movido pelo grupo político do ministro Juscelino Filho contra o Estadão. Em março, Antonio Malva Neto, ex-sócio de Willer Tomaz, foi ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal, em Brasília, contra o jornal e os mesmos repórteres por causa da matéria “Grupo ligado a Flávio Bolsonaro emplaca diretor em ministério de Juscelino Filho”.

Malva Neto pediu uma indenização e a retirada do texto do ar. A juíza Tatiana da Silva Medina, da 18ª Vara Cível de Brasília, negou o pedido. Segundo a magistrada, “a publicação contestada limitou-se a narrar fato de interesse social, verídico, sem impor agressão moral aos envolvidos no fato noticiado. Trata-se, assim, de regular exercício do direito de informação e liberdade de imprensa.”

AS STARTUPS EM ALGUM MOMENTO NECESSITAM DE CAPTAR INVESTIMENTOS PARA O SEU CRESCIMENTO

 

Analisar o negócio da perspectiva dos investidores é o grande diferencial, segundo João Selarim, executivo da assessoria de M&A Questum; confira dicas para avaliar oportunidades

João Selarim – investidor e mentor

Ainda que a captação de investimentos não seja uma necessidade absoluta para o crescimento das startups, empreendedores que decidem se aventurar pelo mundo dos negócios podem, em algum momento, precisar de algum tipo de aporte para fazer com que o negócio alcance novos patamares. Dados do estudo Panorama Tech da América Latina 2023, desenvolvido pela Distrito, destacam que, desde 2019, startups da região receberam mais de US$ 36 bilhões em investimentos. Ainda que o cenário tenha mudado e o chamado “inverno das startups” tenha afetado negócios em toda a região com a desaceleração do número de rodadas e a diminuição nos valores, o momento é de retomada para as startups nacionais. E o Brasil segue liderando a região em volumes de aporte.

Neste contexto, uma das perguntas que, invariavelmente, surge na cabeça dos empreendedores é “como identificar o momento ideal para receber investimento?”. De acordo com João Selarim, sócio da Questum, assessoria especializada em M&A e investimento para startups, o ponto central é pensar como um investidor. “Sempre que qualquer investidor está analisando oportunidades de investimento, olha para a relação entre potencial retorno, risco e liquidez. Dado que uma startup tem alto risco e liquidez baixa, o retorno precisa ser muito bom. Isso quer dizer que, no fundo, boa parte do trabalho do investidor é tentar responder se aquela startup tem capacidade de entregar um retorno tão acima da média.”.

Estes fatores variam de acordo com o estágio de maturidade da startup. Em negócios early stage, que estão apenas começando, muitas vezes com poucos clientes e um MVP (Produto Mínimo Viável), o risco é ainda maior, pois a startup pode ou não crescer. A taxa de startups que não obtêm sucesso é alta. Portanto, para que um investimento faça sentido, ele deve ter um potencial de retorno substancialmente superior à média. “Os investidores buscam aportar capital em uma empresa com um valuation relativamente baixo e sair com um múltiplo considerável desse valor, que pode ser de 10, 20 ou até 30 vezes”, diz Selarim.

O executivo destaca quatro aspectos fundamentais na tomada de decisão de um investidor:

•             Avaliação do empreendedor: investir em startups requer um olhar muito atento para os fundadores – especialmente em estágios iniciais, onde a empresa depende quase que 100% deles. É essencial avaliar sua experiência de mercado, habilidades de gestão e a complementaridade dos sócios, abrangendo aspectos tecnológicos, financeiros e comerciais. Além disso, a disposição do empreendedor para aprender e se adaptar é crucial. Experiências anteriores bem-sucedidas também podem ser um diferencial.

•             Avaliação do negócio: como a empresa tem performado recentemente? Entender crescimento, LTV (lifetime value ou valor vitalício do cliente) em relação ao CAC (custo de aquisição de cliente), a taxa de perda de clientes (churn) e outras métricas da startup são partes fundamentais do processo de investimento. Ainda, é importante entender a real capacidade de geração de caixa da empresa, mesmo que esteja no negativo momentaneamente.

•             Avaliação do mercado: olhar para fora é tão importante quanto olhar para dentro. Nesse sentido, entender como o mercado que a startup está inserido tem se comportado é um item obrigatório. Se o mercado está encolhendo, sofrendo muitas mudanças ou quase não há histórico de empresas bem-sucedidas nele, as chances da startup prosperar no longo prazo tendem a ser menores. Além disso, é muito importante avaliar o timing (tempo de entrada no mercado), para entender se a janela de oportunidade ainda está aberta ou já passou.

•             Futuro e necessidade de capital: por fim, é preciso entender a visão de longo prazo da empresa. Querem ser adquiridos ou tentar IPO? Se imaginam captando múltiplas rodadas ou apenas pegando essa? Pensam em queimar mais caixa ou planejam distribuir lucro em algum momento? Todos esses pontos são relevantes para que o investidor possa pensar em sua estratégia de saída. E isso se cruza com a real necessidade de capital – alguns empreendedores pensam que precisam de investimento, mas na verdade, não possuem premissas sólidas para sustentar essa necessidade.

Selarim acrescenta que “investir em startups é uma jornada emocionante, mas desafiadora. Os investidores precisam equilibrar o potencial de retorno com o risco associado, avaliando tanto o empreendedor quanto o negócio em profundidade. Métricas de negócios sólidas e uma equipe capacitada são ingredientes essenciais para o sucesso a longo prazo”.

Descubra o Marketplace Valeon do Vale do Aço: Um Hub de Empresas, Notícias e Diversão para Empreendedores

Moysés Peruhype Carlech – ChatGPT

O Vale do Aço é uma região próspera e empreendedora, conhecida por sua indústria siderúrgica e seu ambiente de negócios dinâmico. Agora imagine ter um único local onde você pode encontrar todas as informações e recursos necessários para ter sucesso nesse ambiente competitivo. Bem-vindo ao Marketplace Valeon do Vale do Aço – um hub online que engloba empresas, notícias, diversão e empreendedorismo, oferecendo uma plataforma única para empresários e gerando leads valiosos.

Um ecossistema empresarial abrangente:

O Marketplace Valeon do Vale do Aço reúne empresas locais de diversos setores em um só lugar. Com uma interface intuitiva, os usuários podem facilmente encontrar e se conectar com fornecedores, parceiros comerciais e clientes potenciais na região. A plataforma oferece uma ampla gama de categorias de negócios, desde indústrias tradicionais até empresas inovadoras, garantindo que todos os empreendedores encontrem as oportunidades certas para expandir seus negócios.

Notícias e insights atualizados:

Além de ser um diretório empresarial, o Marketplace Valeon do Vale do Aço também oferece um fluxo contínuo de notícias e insights relevantes para os empresários da região. Através de parcerias com veículos de comunicação locais e especialistas em negócios, a plataforma mantém os usuários informados sobre as últimas tendências, oportunidades de mercado, mudanças regulatórias e eventos relevantes. Essas informações valiosas ajudam os empresários a tomar decisões informadas e a se manterem à frente da concorrência.

Diversão e engajamento:

Sabemos que a vida empresarial não é só trabalho. O Marketplace Valeon do Vale do Aço também oferece uma seção de entretenimento e lazer, onde os usuários podem descobrir eventos locais, pontos turísticos, restaurantes e muito mais. Essa abordagem holística permite que os empresários equilibrem o trabalho e a diversão, criando uma comunidade unida e fortalecendo os laços na região.

Foco no empreendedorismo:

O Marketplace Valeon do Vale do Aço é uma plataforma que nutre o espírito empreendedor. Além de fornecer informações e recursos valiosos, também oferece orientação e suporte para os empresários que desejam iniciar seus próprios negócios. Com seções dedicadas a tutoriais, estudos de caso inspiradores e conselhos de especialistas, o marketplace incentiva e capacita os empreendedores a alcançarem seus objetivos.

Geração de leads para os empresários:

Uma das maiores vantagens do Marketplace Valeon do Vale do Aço é a capacidade de gerar leads qualificados para os empresários. Com um público-alvo altamente segmentado, a plataforma oferece a oportunidade de se conectar diretamente com potenciais clientes interessados nos produtos e serviços oferecidos pelas empresas cadastradas. Isso significa que os empresários podem aumentar sua visibilidade, expandir sua base de clientes e impulsionar suas vendas de forma eficiente.

Conclusão:

O Vale do Aço é uma região cheia de oportunidades e empreendedorismo, e o Marketplace Valeon do Vale do Aço se torna um recurso indispensável para os empresários locais. Ao oferecer um ecossistema empresarial abrangente, notícias atualizadas, diversão, suporte ao empreendedorismo e a geração de leads qualificados, o Marketplace Valeon se destaca como uma ferramenta poderosa para impulsionar os negócios na região. Não perca a chance de fazer parte dessa comunidade dinâmica e descubra o poder do Marketplace Valeon do Vale do Aço para o seu sucesso empresarial.

A STARTUP VALEON OFERECE SEUS SERVIÇOS AOS EMPRESÁRIOS DO VALE DO AÇO

Moysés Peruhype Carlech

A Startup Valeon, um site marketplace de Ipatinga-MG, que faz divulgação de todas as empresas da região do Vale do Aço, chama a atenção para as seguintes questões:

• O comércio eletrônico vendeu mais de 260 bilhões em 2021 e superou pela primeira vez os shopping centers, que faturou mais de 175 bilhões.

• Estima-se que mais de 35 bilhões de vendas dos shoppings foram migradas

para o online, um sintoma da inadequação do canal ao crescimento digital.

• Ou seja, não existe mais a possibilidade de se trabalhar apenas no offline.

• É hora de migrar para o digital de maneira inteligente, estratégica e intensiva.

• Investir em sistemas inovadores permitirá que o seu negócio se expanda, seja através de mobilidade, geolocalização, comunicação, vendas, etc.

• Temas importantes para discussão dos Shoppings Centers e do Comércio em Geral:

a) Digitalização dos Lojistas;

b) Apoio aos lojistas;

c) Captura e gestão de dados;

d) Arquitetura de experiências;

e) Contribuição maior da área Mall e mídia;

f) Evolução do tenant mix;

g) Propósito, sustentabilidade, diversidade e inclusão;

h) O impacto do universo digital e das novas tecnologias no setor varejista;

i) Convergência do varejo físico e online;

j) Criação de ambientes flexíveis para atrair clientes mais jovens;

k) Aceleração de colaboração entre +varejistas e shoppings;

l) Incorporação da ideia de pontos de distribuição;

m) Surgimento de um cenário mais favorável ao investimento.

Vantagens competitivas da Startup Valeon:

• Toda Startup quando entra no mercado possui o sonho de se tornar rapidamente reconhecida e desenvolvida no seu ramo de atuação e a Startup Valeon não foge disso, fazem dois anos que estamos batalhando para conquistarmos esse mercado aqui do Vale do Aço.

• Essa ascensão fica mais fácil de ser alcançada quando podemos contar com apoio dos parceiros já consolidados no mercado e que estejam dispostos a investir na execução de nossas ideias e a escolha desses parceiros para nós está na preferência dos empresários aqui do Vale do Aço para os nossos serviços.

• Parcerias nesse sentido têm se tornado cada vez mais comuns, pois são capazes de proporcionar vantagens recíprocas aos envolvidos.

• A Startup Valeon é inovadora e focada em produzir soluções em tecnologia e estamos diariamente à procura do inédito.

• O Site desenvolvido pela Startup Valeon, focou nas necessidades do mercado e na falta de um Marketplace para resolver alguns problemas desse mercado e em especial viemos para ser mais um complemento na divulgação de suas Empresas e durante esses dois anos de nosso funcionamento procuramos preencher as lacunas do mercado com tecnologia, inovação com soluções tecnológicas que facilitam a rotina dessa grande empresa. Temos a missão de surpreender constantemente, antecipar tendências, inovar. Precisamos estar em constante evolução para nos manter alinhados com os desejos do consumidor. Por isso, pensamos em como fazer a diferença buscando estar sempre um passo à frente.

• Temos a plena certeza que estamos solucionando vários problemas de divulgação de suas empresas e bem como contribuindo com o seu faturamento através da nossa grande audiência e de muitos acessos ao site (https://valedoacoonline.com.br/) que completou ter mais de 100.000 acessos.

Provas de Benefícios que o nosso site produz e proporciona:

• Fazemos muito mais que aumentar as suas vendas com a utilização das nossas ferramentas de marketing;

• Atraímos visualmente mais clientes;

• Somos mais dinâmicos;

• Somos mais assertivos nas recomendações dos produtos e promoções;

• O nosso site é otimizado para aproveitar todos os visitantes;

• Proporcionamos aumento do tráfego orgânico.

• Fazemos vários investimentos em marketing como anúncios em buscadores, redes sociais e em várias publicidades online para impulsionar o potencial das lojas inscritas no nosso site e aumentar as suas vendas.

Proposta:

Nós da Startup Valeon, oferecemos para continuar a divulgação de suas Empresas na nossa máquina de vendas, continuando as atividades de divulgação e propaganda com preços bem competitivos, bem menores do que os valores propostos pelos nossos concorrentes offlines.

Pretendemos ainda, fazer uma página no site da Valeon para cada empresa contendo: fotos, endereços, produtos, promoções, endereços, telefone, WhatsApp, etc.

O site da Valeon é uma HOMENAGEM AO VALE DO AÇO e esperamos que seja também uma SURPRESA para os lojistas dessa nossa região do Vale do Aço.

VOCÊ CONHECE A ValeOn?

A MÁQUINA DE VENDAS ONLINE DO VALE DO AÇO

TEM TUDO QUE VOCÊ PRECISA!

A Valeon é uma caixinha de possibilidades. Você pode moldar ela em torno do negócio. O que é muito importante. O nosso é colocar o consumidor no centro e entender o que ele precisa. A ValeOn possibilita que você empresário consiga oferecer, especificamente para o seu consumidor, a melhor experiência. A ValeOn já é tradicional e reconhecida no mercado, onde você empresário pode contar com a experiência e funcionalidades de uma tecnologia corporativa que atende as principais operações robustas do mundo essencial e fundamental. A ValeOn além de trazer mais segurança e credibilidade para o seu negócio, também resulta em muita troca de conhecimento e ótimos resultados para ambos os lados, como toda boa parceria entre empresas deve ser. Lembrem-se que a ValeOn é uma Startup Marketplace de Ipatinga-MG que tem a responsabilidade de levar o cliente até à sua empresa e que temos potencial para transformar mercados, impactar consumidores e revirar empresas e indústrias onde nossos produtos e serviços têm capacidade de escala e de atrair os investimentos corretos para o nosso crescimento.

A Startup Valeon um marketplace aqui do Vale do Aço volta a oferecer novamente os seus serviços de prestação de serviços de divulgação de suas empresas no nosso site que é uma Plataforma Comercial, o que aliás, já estamos fazendo há algum tempo, por nossa livre e espontânea vontade, e desejamos que essa parceria com a sua empresa seja oficializada.

A exemplo de outras empresas pelo país, elas estão levando para o ambiente virtual as suas lojas em operações que reúnem as melhores marcas do varejo e um mix de opções.

O objetivo desse projeto é facilitar esse relacionamento com o cliente, facilitando a compra virtual e oferecer mais um canal de compra, que se tornou ainda mais relevante após a pandemia.

Um dos pontos focais dessa nossa proposta é o lojista que pode tirar o máximo de possibilidade de venda por meio da nossa plataforma. A começar pela nossa taxa de remuneração da operação que é muito abaixo do valor praticado pelo mercado.

Vamos agora, enumerar uma série de vantagens competitivas que oferecemos na nossa Plataforma Comercial Valeon:

•             O Site Valeon é bem elaborado, com layout diferenciado e único, tem bom market fit que agrada ao mercado e aos clientes.

•             A Plataforma Valeon tem imagens diferenciadas com separação das lojas por categorias, com a descrição dos produtos e acesso ao site de cada loja, tudo isso numa vitrine virtual que possibilita a comunicação dos clientes com as lojas.

•             Não se trata da digitalização da compra nas lojas e sim trata-se da integração dos ambientes online e offline na jornada da compra.

•             No país, as lojas online, que também contam com lojas físicas, cresceram três vezes mais que as puramente virtuais e com relação às retiradas, estudos demonstram que 67% dos consumidores que compram online preferem retirar o produto em lojas físicas.

•             O número de visitantes do Site da Valeon (https://valedoacoonline.com.br/)  tem crescido exponencialmente, até o momento, temos mais de 222.000 visitantes e o site (https://valeonnoticias.com.br/) também nosso tem mais de 5.800.000 de visitantes.

•             O site Valeon oferece ao consumidor a oportunidade de comprar da sua loja favorita pelo smartphone ou computador, em casa, e ainda poder retirar ou receber o pedido com rapidez.

•             A Plataforma Comercial da Valeon difere dos outros marketplaces por oferecer além da exposição das empresas, seus produtos e promoções, tem outras formas de atrair a atenção dos internautas como: empresas, serviços, turismo, cinemas e diversão no Shopping, ofertas de produtos dos supermercados, revenda de veículos usados, notícias locais do Brasil e do Mundo, diversão de músicas, rádios e Gossip.

                                                                                                                                                                   Nós somos a mudança, não somos ainda uma empresa tradicional. Crescemos tantas vezes ao longo do ano, que mal conseguimos contar. Nossa história ainda é curta, mas sabemos que ela está apenas começando.

Afinal, espera-se tudo de uma startup que costuma triplicar seu crescimento, não é?

Colocamos todo esse potencial criativo para a decisão dos senhores donos das empresas e os consumidores.

E-Mail: valeonbrasil@gmail.com

Site: https://valedoacoonline.com.br/

Fones: (31) 98428-0590 / (31) 3827-2297

sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

MERCOSUL EVITA FAZER CRÍTICAS DIRETAS AO PRESIDENTE VENEZUELANO NA CRISE DE ESSEQUIBO

História por Mariana Haubert  • Poder360


A 63ª Cúpula do Mercosul terminou na 5ª feira (7.dez.2023) com o aumento da preocupação dos países do bloco diante da iniciativa da Venezuela de querer anexar parte do território da Guiana. No entanto, não houve críticas diretas ao presidente venezuelano, Nicolás Maduro.

O encontro foi realizado no Museu do Amanhã, no Rio. O Brasil passou o comando do bloco ao Paraguai. O mandato é de 6 meses. O Mercosul é formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. A Bolívia assinou nesta edição do encontro o protocolo de adesão ao bloco depois de 8 anos de negociações. O país deverá ser integrado em até 30 dias. O comando do grupo é rotativo e as trocas acontecem a cada 6 meses.

Na declaração final, os países mencionaram a necessidade de dinamizar as relações para dirimir dificuldades ainda encontradas para o comércio e a integração regional. Além do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), participaram do encontro os chefes de Estado:

  • Alberto Fernández, da Argentina;
  • Luis Alberto Lacalle Pou, do Uruguai;
  • Santiago Peña, do Paraguai;
  • Luis Arce, da Bolívia.

Em seu discurso de abertura, Lula disse que a América do Sul não quer guerra, que o Mercosul não pode ficar “alheio à questão” e fez um apelo para que os demais países do bloco assinassem uma declaração conjunta com o pedido de diálogo e paz no continente.

Apesar do apelo, Lula evitou condenar a atitude beligerante de Maduro, que já afirmou que mais da metade do território da Guiana será anexado ao seu país. O líder venezuelano também apresentou um novo mapa com a área que hoje é da nação vizinha.

O presidente brasileiro sugeriu ainda que a Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos) e a Unasul (União de Nações Sul-Americanas) sejam as instâncias diplomáticas usadas para intermediar a tensão entre os 2 países e que o Brasil poderia sediar reuniões.

Ao convocar outros países da região para mediar a tensão no continente, Lula tenta diluir a pressão que recai sobre si para mediar a relação entre os 2 países. Desde que assumiu a Presidência pela 3ª vez, Lula estava em um processo de reaproximação com Caracas.

Ao opinar sobre outros conflitos em regiões mais longínquas, o petista desagradou a comunidade internacional. Disse num determinado momento que Rússia e Ucrânia tinham responsabilidades equivalentes, quando sabe-se que não era essa a situação. Depois, no final de 2023, o presidente brasileiro equiparou as ações de Israel aos atos praticados pelo Hamas. Agora, mais uma vez, o presidente quer se equilibrar entre polos de disputas.

Ao final da cúpula, o Mercosul divulgou nota conjunta em que os países manifestaram “profunda preocupação” com a escalada das tensões na região. O comunicado cita por duas vezes a expressão “ações unilaterais”, mas não as atribui diretamente à Venezuela. Diz apenas que “devem ser evitadas”. O texto foi assinado também por Chile, Colômbia, Equador e Peru. A Bolívia, aliada histórica da Venezuela, não assinou o documento.

Ao final do encontro, Lula não quis responder a questionamentos de jornalistas sobre o assunto. Disse que poderia falar com a imprensa nesta 6ª feira (8.dez.2023).

Até agora, o presidente optou pela omissão: nunca quis dizer quem eram as partes responsáveis pelos conflitos na Europa e no Oriente Médio. Essas elipses do petista ficam mais difíceis quando há um risco de beligerância num país fronteiriço ao Brasil: a Venezuela tentando anexar parte da Guiana.

Mercosul e União Europeia

Os presidentes também discutiram a continuidade das negociações do acordo de livre-comércio entre os 2 blocos.

Depois de reveses que prejudicaram a conclusão do acordo até a cúpula do Rio, houve um esforço diplomático para mostrar que a iniciativa ainda estaria em curso. Segundo o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, há “uma janela de oportunidades” para que o acordo seja concluído até fevereiro de 2024.

A associação, no entanto, era a principal aposta de Lula no plano internacional para o seu 1º ano de governo. O desejo do petista não se concretizou. Durante a cúpula, o presidente lamentou não poder anunciar a conclusão do acordo durante o seu mandato à frente do bloco.

“Eu tinha um sonho de que na minha Presidência e do companheiro Pedro Sánchez [presidente do governo da Espanha e presidente temporário da União Europeia] que a gente pudesse concluir. Eu achava que a gente merecia. […] Que a gente pudesse fazer a conclusão dele de forma majestosa e que eu achava que a gente merecia. Sabem do esforço que fizemos. De qualquer forma, não deu certo”, declarou.

Semanas antes da cúpula, diplomatas de ambos os blocos davam como praticamente certa a possibilidade de conclusão ainda em 2023. A eleição do libertário Javier Milei para a Presidência da Argentina fez o atual presidente, Alberto Fernández, travar a negociação. O peronista não se sentiu confortável em dar andamento ao acordo. Com o início do novo governo, a partir de 10 de dezembro de 2023, e a indicação de um novo negociador, o Mercosul deve retomar o diálogo com os europeus.

A declaração do presidente da França, Emmanuel Macron, no sábado (2.dez.2023), em que disse ser contrário ao acordo também atrapalhou. Ele declarou que os países da América do Sul não cumpriam as mesmas exigências ambientais que os franceses.

Em nota conjunta, os 2 blocos informaram ter registrado “avanços consideráveis” e que as negociações prosseguiriam “com a ambição de concluir o processo e alcançar um acordo que seja mutuamente benéfico para ambas as regiões e que atenda às demandas e aspirações das respectivas sociedades”.

Há uma avaliação por parte do governo brasileiro de que houve avanços nas conversas com a União Europeia, que abriu a possibilidade de rever as exigências em relação ao acesso a compras governamentais. Lula é veementemente contrário à possibilidade de entrada dos europeus nesta área.

Poder360 esteve no Rio para acompanhar o encontro do Mercosul. Leia a seguir um resumo de outros assuntos da cúpula:

  • adesão da Bolívia ao Mercosul – o bloco assinou o protocolo de adesão do país ao bloco depois de 8 anos de negociação. O Congresso brasileiro aprovou a entrada dos bolivianos em 28 de novembro. Até agora, a Bolívia era um dos Estados associados ao bloco. Deverá fazer parte oficialmente em até 30 dias;
  • acordo de livre-comércio com Cingapura – é o 1º do tipo com um país asiático. A parceria estabelece o fim das tarifas cobradas sobre todos os produtos importados por Cingapura do Mercosul. O bloco, por sua vez, deve garantir isenção a 95,8% das mercadorias vindas do país asiático. Porém, se dará gradativamente, em até 15 anos. O acordo também estabelece um capítulo sobre comércio eletrônico. É a 1ª vez que isso ocorre em um acordo no bloco com um parceiro fora da América do Sul;
  • Uruguai assina declaração final – foi a 1ª vez que o país assinou o documento desde 2020. O presidente Luis Lacalle Pou tem sido uma das vozes dissonantes em relação ao Brasil dentro do bloco. Em seu discurso na cúpula, o uruguaio declarou não ver vontade do Mercosul de avançar em um possível acordo de livre-comércio com a China e pediu que o bloco abra caminho para que ele possa avançar em um acordo bilateral com os asiáticos;
  • Lula lamenta fim do governo de Fernández – o petista disse estar pessoalmente triste com o fim do mandato do presidente argentino, já que os 2 têm uma relação de amizade. Disse que os 2 países sempre tiveram boas relações e lamentou as dificuldades enfrentadas pelo governo argentino: “Acho que você merecia melhor sorte. A economia poderia ter melhor sorte”. O mandato de Fernández acaba no domingo (10.dez) com a posse do presidente eleito, Javier Milei, com quem Lula já trocou críticas;
  • Mercosul Social – em 4 e 5 de dezembro foi realizada a Cúpula Social do Mercosul. O evento não era realizado desde 2016. As negociações com a União Europeia foram alvo de críticas de representantes da sociedade civil, que caracterizaram o acordo como “neocolonial”. O texto-base foi considerado por eles como injusto e desigual, por ter dispositivos que favorecem uma hierarquia nas relações entre sul-americanos e europeus, com prejuízo para os primeiros.

 

MADURO TEM QUE SER CONTIDO POR BEM OU À FORÇA

 

História por Notas & Informações  • Jornal Estadão

Ato contínuo ao referendo favorável à absorção de Essequiba, que forma 70% do território da Guiana, o autocrata venezuelano Nicolás Maduro escalou as ameaças. Ele ordenou que estatais explorem petróleo e minas da região, nomeou um interventor, mobilizou um posto militar na fronteira e determinou a aprovação de uma lei criando o Estado venezuelano de Essequiba.

Independentemente de se isso é um teatro ou se há intenção real de uma invasão, essas medidas violam o direito internacional e exigem repreensão dura e inequívoca, e mobilizações para estabelecer sanções à agressão política e à potencial agressão militar. Mas a apatia do Brasil e de instâncias multilaterais como a Organização dos Estados Americanos salta aos olhos.

Escalonando os objetivos de Maduro, dos imediatos aos remotos, há primeiro os domésticos: fabricar uma imagem de unidade nacional sob sua liderança e mobilizar as bases chavistas às vésperas de um ano eleitoral. A meta final seria anexar Essequiba à força.

Os primeiros objetivos foram um tiro pela culatra. Há consenso popular de que Essequiba deveria ser da Venezuela. Mas a baixa adesão às urnas mostra que os venezuelanos não estão entusiasmados com a aventura irredentista de Maduro. O governo fala em 50% de comparecimento, cerca de 10 milhões de eleitores. Mas observadores independentes estimam cerca de 2 milhões. A líder da oposição, María Corina, denunciou o pleito como uma “distração”, defendendo que a controvérsia seja solucionada pela Corte Internacional de Justiça, como pretendem a Guiana e a ONU.

A tensão marcial servirá de pretexto a Maduro para apertar os grilhões de sua ditadura, mas a invasão é improvável. A assimetria é brutal: a Guiana não tem Forças Armadas; a Venezuela tem o apoio e armas de agentes do caos, como Cuba e Rússia. Mas a região, com densa floresta, impõe dificuldades operacionais e há dúvidas se as Forças Armadas venezuelanas estão dispostas, tanto mais considerando o apoio dos EUA à Guiana.

O Brasil deslocou tropas a Roraima. É medida indispensável para proteger as fronteiras nacionais, mas não implica condenação nem punição das manobras ilegais da ditadura chavista, muito menos dissuasão de uma potencial agressão militar. O silêncio no Planalto é ensurdecedor e já deixou de ser obsequioso, arriscando-se a se tornar cúmplice.

O presidente Lula disse esperar que “o bom senso prevaleça”. Mas a truculência de Maduro rasgou essa fantasia. Querendo mostrar força, Maduro expôs sua fraqueza. Mas déspotas desesperados são mais, não menos, perigosos.

Por tempo demais o líder petista se esquivou de tratar seu “companheiro” como o pária que é. Ao contrário, segue prestigiando Maduro como líder da vanguarda esquerdista contra a opressão “imperialista”. Agora que o tirano de seu povo exibe as garras de agressor de outro povo, essa fantasia também se rasgou. A complacência do chefe de Estado brasileiro é imoral e, no limite, a depender da ousadia de Maduro – por exemplo, atravessando Roraima para alcançar a Guiana –, poderá até ser crime de responsabilidade.

LULA JÁ NÃO GOVERNA. É GOVERNADO PELAS REDES SOCIAIS

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