BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O governo de Luiz Inácio Lula da Silva
(PT) articula um acordo com membros do Congresso Nacional para limitar a
R$ 6 bilhões o valor a ser aportado em 2023 no fundo privado criado
para bancar o incentivo financeiro à permanência de alunos no ensino
médio.
A trava está sendo negociada no âmbito do projeto de lei complementar
que autoriza o repasse fora do limite de despesas vigente neste ano. O
texto está na pauta do plenário do Senado desta quarta-feira (29).
A articulação se dá após críticas de técnicos do Executivo e
economistas de fora do governo, que viram na iniciativa um risco de
contabilidade criativa por meio da antecipação de gastos de anos futuros
ou da exclusão de uma política pública do Orçamento.
Segundo os relatos, o governo calcula precisar de cerca de R$ 7
bilhões anuais para custear a poupança dos alunos de ensino médio que
estão em famílias contempladas pelo Bolsa Família. Como a dotação do MEC
(Ministério da Educação) para 2024 já reserva R$ 1 bilhão, a
necessidade adicional para a largada do programa seria de R$ 6 bilhões.
Membros do governo reconhecem a conveniência de usar o espaço
disponível de R$ 10 bilhões dentro da meta fiscal de 2023 para antecipar
um gasto que, mantido em 2024, colocaria pressão sobre o alvo de
déficit zero fixado pelo ministro Fernando Haddad (Fazenda). Mas a trava
seria um compromisso de que não haverá interferência na despesa dos
anos seguintes.
Os aportes de 2025 e 2026, também na casa dos R$ 7 bilhões em cada
ano, constarão nos respectivos Orçamentos, de acordo com interlocutores
do governo. A soma alcançaria o limite de até R$ 20 bilhões previsto na
MP (medida provisória) assinada por Lula.
O texto, antecipado pela Folha de S.Paulo, diz que a integralização
dos valores pode ser feita com recursos do Orçamento, ações de empresas
estatais federais ou empresas nas quais a União tenha participação
minoritária.
A reportagem apurou, no entanto, que o Executivo não tem a intenção
de usar ações de empresas para integralizar cotas no fundo de apoio aos
alunos do ensino médio. O expediente já foi usado no passado para
abastecer o fundo garantidor do Fies, gerando problemas posteriores
devido à baixa liquidez de alguns desses ativos.
Segundo um técnico, não há “nenhuma expectativa” dentro do governo de
fazer o aporte com ações, justamente pelas características do programa.
Um depósito em poupanças direcionadas a estudantes de baixa renda
demandará liquidez de recursos.
A avaliação nos bastidores é que o dispositivo que autoriza o uso das
ações de empresas foi incluído por “questão de praxe”, uma vez que ele é
comum em leis que tratam da criação de fundos de governo. Dado o ruído
gerado pela iniciativa, membros do governo não veem prejuízos na
exclusão desse dispositivo, caso o Congresso julgue mais adequado.
A edição da MP gerou desconforto entre técnicos da área econômica,
para quem o formato pode ter impactos negativos na gestão fiscal. A
visão é compartilhada por agentes do mercado, que temem uma fragilização
de regras —inclusive do novo arcabouço fiscal, recém-aprovado e que
começará a vigorar no ano que vem.
O ex-secretário do Tesouro Nacional Carlos Kawall, sócio-fundador da
Oriz Partners, vê uma série de pontos questionáveis na proposta. “Acho
que, infelizmente, tem aqui um cheiro do uso da contabilidade criativa, e
preocupa o fato de se estar criando algo que possa estar em desacordo
com a Constituição”, afirma.
O primeiro problema, segundo ele, é a tentativa de tirar uma política
pública do alcance do novo arcabouço fiscal, aprovado este ano e que
começará a valer a partir de 2024. Embora não haja exclusão formal da
ação, a antecipação de uma parte do aporte para o ano de 2023 tem efeito
semelhante na prática.
“Há uma clara intenção de postergar receitas que poderiam ocorrer
este ano para o ano que vem e antecipar despesas. É o subterfúgio da
pedalada”, critica Kawall. “Se quero melhorar hoje, jogo pra amanhã. Se
quero melhorar amanhã, jogo para hoje. É girar o pedal da bicicleta para
trás em vez de para frente, mas não é uma boa coisa.”
Outro alvo de críticas é a possibilidade de fazer aportes no fundo
por meio de ações de empresas, operação que sequer seria registrada no
Orçamento. Kawall questiona se a manobra poderia se enquadrar na vedação
do artigo 167 da Constituição Federal, que proíbe o início de programas
ou projetos fora da Lei Orçamentária.
“Como vai fazer um programa que é por meio de um fundo, com aporte de
ações, e não aparece na despesa? Deixo registrada essa dúvida”, diz.
Técnicos da área econômica também manifestam discordâncias em relação
ao texto, diante da avaliação de que o Orçamento deve registrar todas
as receitas e despesas, para evitar uma erosão das regras fiscais.
Segundo relatos colhidos pela reportagem, a criação do fundo privado
foi discutida inicialmente pela Casa Civil e pelo Ministério da Fazenda.
Posteriormente, o MEC (Ministério da Educação) ingressou nos debates
desse ponto específico. O Ministério do Planejamento e Orçamento foi
ouvido apenas informalmente, de acordo com pessoas a par das tratativas.
O principal argumento para optar pelo modelo de fundo, segundo
interlocutores, é o princípio do programa de oferecer uma poupança aos
alunos de baixa renda —ainda que haja alguma periodicidade de saques. O
modelo seria diferente de um benefício social, pago mensalmente e cuja
folha poderia ser rodada dentro do próprio Orçamento.
Manter o programa sob a gestão direta do governo poderia ser visto
como um precedente de descentralização de benefícios sociais, o que essa
ala vê como contraproducente após o esforço feito pela unificação de
programas no Bolsa Família.
Na visão do governo, o cenário ideal é constituir o fundo ainda em
2023, para que o próximo ano letivo já comece com a garantia do
incentivo aos alunos.
O debate sobre se ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) devem
ter mandato para exercer o cargo é legítima e pode ocorrer, mas é
preciso se chegar a uma conclusão se a mudança será positiva para a mais
alta corte do País e resolver os problemas atribuídos atualmente a ela.
Essa foi a conclusão da segunda mesa de debates do 8ª Seminário
Caminhos contra a Corrupção, realizado pelo Instituto Não Aceito
Corrupção em parceria com o Estadão. O encontro foi
mediado pela jornalista Paula Litaiff, fundadora da revista Cenarium
Amazônia. A íntegra pode ser conferida aqui.
O tema voltou ao noticiário após o presidente do Senado, Rodrigo
Pacheco (PSD-MG), declarar que pretende colocar em discussão no ano que
vem a proposta de emenda à Constituição que cria os mandatos. A
declaração ocorreu na esteira da aprovação da PEC que limitou o poder
dos ministros concederem decisões monocráticas. A medida teve como
consequência reação de ministros do Supremo. Gilmar Mendes disse que a
Corte “não admite intimidações”.
Guilherme Casarões, cientista político da FGV, não vê problema na
discussão, mas considera que a sociedade ainda não tem informações
suficientes para determinar se a redução do mandato vitalício para um
prazo de 10 anos, por exemplo, resolverá os problemas do dia a dia do
STF.
“A pergunta que quase nunca é feita é: vai melhorar?”, questionou
ele, acrescentando que não tem uma resposta para a questão. “Eu sinto
que a posição pública é defender a mudança porque você não gosta do
Supremo ou criticá-la porque você gosta”, avaliou.
Na mesma linha, Maria Tereza Sadek, cientista política da USP e da
FGV, lembrou que há diversas experiências institucionais, desde a
Europa, onde é comum que os ministros da corte constitucional tenham
mandato, até o Estados Unidos, onde o cargo é vitalício e frequentemente
os ministros morrem durante seu exercício.
“É razoável que alguém fique no Supremo durante 30 anos? É uma
pergunta, não tenho uma resposta. Não seria mais produtivo que houvesse
uma renovação? Toda e qualquer instituição pode ser aprimorada”,
declarou.
Ex-ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro foi mais enfático e
defendeu a criação dos mandatos para o STF, mas com algumas condições.
Para ele, é preciso vetar a possibilidade que um único presidente
indique todos os ministros e que a renovação do STF seja escalonada.
“Também teria que ser impossível a recondução, porque isso colocaria o
ministro à mercê do presidente da República e do Senado, a quem ele
teria que agradar para ser reconduzido”, avaliou Ribeiro.
Orçamento secreto: consequência do enfraquecimento do Executivo
Outro ponto debatido no seminário foi o orçamento secreto, prática criada no governo Bolsonaro e revelada pelo Estadão,
e suas consequências no combate à corrupção. Na visão dos
especialistas, o mecanismo representa o ápice de um processo de
enfraquecimento do Poder Executivo no Brasil e o fortalecimento do
Legislativo.
No início dos anos 90, o cientista político Sérgio Abranches cunhou o
termo presidencialismo de coalizão para definir o sistema político
brasileiro. Mesmo com a concentração de poder no Executivo, o presidente
da República era obrigado a negociar com os partidos políticos para ter
governabilidade no Congresso.
Segundo Casarões, da FGV, inicialmente o presidencialismo de coalizão
era encarado como positivo por forçar o presidente a compartilhar poder
com os parlamentares. Porém, desde o governo Dilma Rousseff, que não
demonstrou disposição em negociar com o Parlamento, esse processo se
aprofundou.
“O Congresso entendeu em algum momento que diante da fraqueza de
certos presidentes que não estavam dispostos a negociar, ele poderia
ampliar sua tentativa de influir sobre o orçamento e as políticas
públicas”, afirmou o cientista político.
O principal problema do orçamento secreto é a falta de transparência.
Deputados e senadores indicam recursos para suas bases eleitorais, mas
não é possível saber exatamente quem são os autores daquelas indicações.
No final do governo Bolsonaro, o STF proibiu o mecanismo, mas o
Congresso, juntamente com o governo Lula, criou outra forma para as
indicações continuarem ocorrendo.
Agora, os parlamentares influenciam na destinação do dinheiro que,
formalmente, está no orçamento de ministérios e órgãos públicos.
Recentemente, Lula mudou a destinação de recursos que estavam sob
controle dos ministérios para formar um “caixa” com verbas que poderão
ser indicadas por deputados e senadores durante votações importantes
para o governo no Congresso neste final de ano.
“Nós temos um Legislativo muito empoderado em função da baixa
transparência”, avalia Maria Tereza Sadek. “Tudo isso fortalece a
corrupção. Não sabemos para onde vão essas verbas, se elas de fato
atendem interesses públicos ou meramente interesses locais para garantir
a sobrevivência de determinados políticos”, acrescentou a cientista
política, sem citar casos específicos. Em um dos casos revelados pelo Estadão,
o ministro de Comunicações, Juscelino Filho, usou verbas do orçamento
secreto para asfaltar uma estrada de terra que passa em frente à sua
fazenda, em Vitorino Freire (MA).
Para o ex-ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, o sistema
brasileiro obriga os presidentes a atuarem como “acrobatas” e serem os
responsáveis por dar racionalidade ao sistema político. “O Legislativo e
o Judiciário fazem o que lhes dá na telha. Com o fortalecimento deles
nos últimos 10 anos, a situação ficou quase ingovernável”, opinou.
O que estão compartilhando: que o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva gastou R$ 164 milhões em 2023 com diárias, reservas
de passagens e outros gastos em viagens internacionais, e que outros R$
800 milhões foram gastos por servidores, também em viagens
internacionais.
O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. De acordo com uma reportagem da revista Veja,
o valor de R$ 800 milhões se refere a despesas de servidores do governo
federal em viagens nacionais, dentro do Brasil. O gasto em viagens
internacionais foi de R$ 164 milhões — mas, diferentemente do que diz o
vídeo, o texto da revista não afirma que essa cifra é referente apenas a
despesas de Lula. A notícia menciona gastos do governo.
Saiba mais: Quem aparece no vídeo é a jornalista Carla Cecato. Ela critica gastos do governo em viagens internacionais com base em uma nota da coluna Radar, da revista Veja, mas
engana ao detalhar os números. O texto usado como fonte pela jornalista
foi publicado em 18 de novembro deste ano. Nele, o colunista Robson
Bonin afirma que, no primeiro ano do atual mandato de Lula, o governo
federal gastou cerca de R$ 1 bilhão em viagens.
Deste valor de quase R$ 1 bilhão, diz o texto, R$ 164 milhões foram
gastos em “giros internacionais”, para pagamento de diárias e compras de
passagens e outras despesas. Não há menção a este montante ter sido
usado para pagar apenas despesas de Lula nas viagens. Apesar de fazer
essa afirmação, Cecato usa em seu vídeo um imagem do texto, que é o
mesmo que está no ar na manhã desta quarta-feira, 29.
A publicação da Veja aponta que R$ 800 milhões foram usados
em “viagens de servidores da máquina dentro do Brasil”. A alegação é
diferente da feita por Carla Cecato, que diz que o valor foi usado por
servidores em viagens internacionais.
Entrada de dinheiro estrangeiro caiu
Após citar os valores, a jornalista questiona qual a justificativa
para o uso do dinheiro público em viagens internacionais. Segundo ela,
Lula afirma que o objetivo das viagens é trazer investimentos para o
Brasil, mas a entrada de dinheiro estrangeiro no País caiu 40% em
relação ao mesmo período do ano passado.
O comentário é opinativo e, neste caso, o número está correto. As estatísticas do setor externo divulgadas
pelo Banco Central em 6 de novembro, com dados até o mês de setembro,
mostram que, nos nove primeiros meses deste ano, os investimentos
diretos no País (IDP) somaram US$ 41,6 bilhões, valor 39,5% menor do que
os US$ 68,8 bilhões de IDP acumulados de janeiro a setembro de 2022.
Lula vem falando em buscar investimentos estrangeiros por meio das
viagens ao exterior. Em setembro, durante viagem a Nova York para
participar da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU),
Lula disse em um encontro com executivos do mercado financeiro que “o Brasil não oferece riscos, oferece oportunidades”, e que vale a pena investir aqui.
O radicalismo cada vez maior do Supremo,
seus ataques ao Senado e a sua cólera ruidosa contra quem discorda de
qualquer decisão tomada pelos ministros, compõem um ambiente ideal para
Dino.
Por J.R. Guzzo – Jornal Estadão
Os presidentes Lula e Dilma Rousseff, somados, destruíram ao longo dos últimos vinte anos o Supremo Tribunal Federal.
Lula, como ficou mais tempo na presidência, e está de volta a ela, é
autor da maior parte da obra. Dos onze ministros atuais, contando aí a
última indicação, sete foram colocados no STF por eles; dos outros
quatro, dois são Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes,
o que dá uma ideia de como a coisa acabou ficando. Dilma e Lula
nomearam tanto ministro que dois deles já se aposentaram, por terem
batido nos 75 anos de idade; um outro morreu. O traço de união entre
todos os nomeados é a sua notável falta de saber jurídico, ao contrário
do que a Constituição manda fazer. O resultado é que o Brasil não tem
mais uma corte suprema de justiça, exigência básica de qualquer
democracia séria. Tem uma penca de agentes políticos do governo – que
agem unicamente em favor dos seus interesses e deram a si próprios o
direito de mudar, eliminar e fazer as leis que realmente valem no país.
O
ministro da Justiça Flávio Dino foi a indicação de Lula para ocupar a
vaga deixada pela ministra Rosa Weber Foto: Wilton Junior/Estadão.
A nomeação do ministro da Justiça, Flavio Dino,
para a última vaga que foi aberta no STF, é um momento de superação
neste processo degenerativo – ele é o mais extremista dos militantes
políticos de Lula, foi o pior dos seus ministros até agora e, em oito
anos seguidos como governador de Estado, deixou o Maranhão com o pior
índice de IDH do Brasil. É um currículo e tanto. Mas o seu pior problema
não é a incompetência. Nisso ele segue o padrão Lula de governo, um
sistema pelo qual o sujeito sobe na vida através do fracasso – quanto
mais prejuízo dá, mais alto chega. O que torna Flavio Dino um
dos políticos mais tóxicos do Brasil de hoje é a sua intransigência no
combate à liberdade. Ninguém no governo Lula atacou com tanto rancor os
direitos individuais e coletivos quanto o ministro da Justiça. Quer a
censura na internet. Quer a polícia fazendo repressão política. Quer que
os parlamentares da oposição fiquem em silêncio. Diz o tempo todo que a
liberdade “tem de ter limites” – o que, em português claro, significa
que a liberdade é um vício a ser combatido. Qual a esperança de que o
novo ministro do Supremo tome uma decisão a favor da livre expressão do
pensamento, ou de qualquer princípio da democracia?
O radicalismo cada vez maior do STF, seus ataques ao Senado e a sua
cólera ruidosa contra quem discorda de qualquer decisão tomada pelos
ministros, compõem um ambiente ideal para Dino. O STF e seus apêndices
absolvem automaticamente traficantes de drogas; inclusive, devolvem os
iates, jatinhos e casas de praia que ganharam com o tráfico. Que lugar
poderia ser mais adequado para o novo indicado de Lula? Em seu Ministério a mulher de um dos chefes mais perigosos do crime organizado foi recebida duas vezes este ano; a culpa foi jogada pelo governo Lula nos jornalistas do Estadão que
revelaram a história. Dino debocha do Congresso, ignora as suas
convocações e não entrega fitas gravadas pelas câmeras de segurança do
Ministério. Foi ele que forneceu ao ministro Dias Toffoli a
desculpa apresentada para anular todas as provas materiais de corrupção
contra a construtora Odebrecht. Que suprema corte do planeta tem um
ministro assim?
Possíveis conflitos de interesse entre a
organização do evento e o setor de petróleo e gás levantam dúvidas se,
ao fim, da Cúpula, existirá uma decisão política concreta sobre metas de
redução de consumo e desestímulo gradual de subsídios para os
combustíveis fósseis
Por Celso Ming
Algumas das principais autoridades do planeta estão reunidas nos Emirados Árabes Unidos, para a Conferência do Clima (COP-28). Mas sobram dúvidas se, na prática, o objetivo é mesmo o combate ao aquecimento global e a definição de prazos para a transição energética ou se acabará por ser apenas uma oportunidade para fechar negócios.
O anfitrião e líder das negociações, o presidente-executivo da
empresa petrolífera estatal Adnoc, Sultan al-Jaber, se defendeu das
acusações de conflito de interesses, mas não colocou em dúvida a
autenticidade dos documentos.
Além do esperado freio aos fósseis, outros temas devem protagonizar
as rodadas de negociação. Entre eles, a avaliação sobre o progresso dos
países-membros na implementação do Acordo de Paris;
a formulação de estratégias de adaptação climática e mitigação dos
impactos climáticos, sobretudo em países em desenvolvimento ou em
territórios que devem desaparecer em consequência da elevação do nível
do mar. E, mais uma vez, entra no foco a questão dos financiamentos destinados a enfrentar esses e outros problemas que pedem soluções urgentes.
Segundo
especialistas ouvidos pelo Estadão, setor de petróleo e gás precisa ser
pressionado com metas de redução de consumo e desestímulo de
investimentos. Foto: Marcos Müller/Estadão
Guilherme Syrkis, diretor-executivo do Centro Brasil no Clima,
avalia que o governo tem adotado discurso raso sobre a utilização de
combustíveis fósseis na transição energética. Ou limita-se a tentar
convencer o mundo de que a extração do petróleo brasileiro é menos
poluente quando comparada com a de outros países.
No entanto, a questão central versa sobre um cronograma crível de
cortes no consumo de combustíveis fósseis. E, nesse cenário, a Petrobras
ainda vem trabalhando para manter artificialmente achatados os preços
dos combustíveis.
“Quando chega aos assuntos mais sensíveis, como o do uso dos recursos
energéticos, o Brasil não tem mostrado que leva a pauta ambiental a
sério. O setor de petróleo e gás precisará passar por reformulação de
financiamentos, pela derrubada de subsídios e pela definição de metas
objetivas de redução de consumo. Não há sinal disso.”, reforça Syrkis.
/ COM PABLO SANTANA
Regina Lobato – Bruno Avelar – CVO (Chief Visionary Officer)
Business team celebrating a good job in the modern office
O network é a base do sucesso de qualquer negócio. A arte do
networking é poder construir uma rede de contatos que possa
potencializar oportunidades através de relacionamentos. Segundo o
empresário Bruno Avelar, especialista no assunto, a troca de
conhecimentos e experiências é fundamental, seja para fortalecer laços,
estreitar negociações ou se destacar no mercado.
“Conviver com pessoas de diferentes segmentos e que possam
influenciar nas suas conexões é uma forma de aprimorar o crescimento
interpessoal e se aproximar dos seus objetivos profissionais.
Independentemente do segmento, o networking traz inúmeros benefícios e
um grande reconhecimento. Já é de conhecimento comum que ser bem
sucedido na área escolhida está diretamente ligado aos relacionamentos
cultivados dentro e fora do ambiente de trabalho. Ter uma boa rede de
contatos não é uma opção, é indispensável. Sem relacionamentos, não
existe negócio”, diz Avelar.
O empreendedor, que é CVO (Chief Visionary Officer) de diversas
empresas e criador do ‘O Poder do Network’, separou 5 dicas fundamentais
para ajudar quem ainda não tem uma rede sólida de relacionamentos.
1. Pague o preço para estar onde os melhores estão
São nos ambientes mais restritos que você fará as melhores conexões e
neste momento sua postura e comportamento serão fundamentais para que
isso aconteça. Você já deve ter percebido que muitas pessoas conseguem
empregos e oportunidades porque fizeram um bom trabalho e foram
reconhecidas.
A famosa “indicação” é algo comum quando se tem uma rede de contatos
sólida, com uma base que é nutrida constantemente, sempre atrelado a um
bom trabalho, claro.
2. Saiba que existem modos de tratar suas conexões
Pessoas que buscam apenas se relacionar a qualquer custo, priorizando
a quantidade em detrimento à qualidade, acabam agindo da forma oposta
ao que é recomendado. Network é um dom que precisa ser moldado, de modo
que não prejudique sua reputação.
3. Deixe a vergonha de lado e inspire confiança
É muito comum, também, se sentir inseguro demais para criar vínculos
com outros profissionais. Se você não confia em si mesmo, como outros
irão? Descubra o que a pessoa que você quer se conectar gosta e com quem
ela convive.
4. Estude e aprenda a se comunicar melhor
Inicialmente, a criação de laços deve ser feita de forma espontânea.
Não se deve se aproximar de alguém apenas esperando receber algo em
troca. O ideal é que você crie e mantenha seus relacionamentos de forma
natural e que tenha interações constantes, não apenas quando tiver
necessidade de algo que possam fornecer.
Relacionamento é sobre dar, e não pedir. O retorno vem
automaticamente e a sabedoria do network está na paciência de esperar a
maturação do relacionamento. Você não planta uma árvore hoje e colhe
frutos no dia seguinte.
A probabilidade de que a pessoa se lembre de você, e, mais
importante, do que você faz, é muito grande se você puder inspirar
confiança e amizades recíprocas.
5. Procure estar no lugar certo, na hora certa
Você precisa saber o porquê, como e o que. Onde estar, quando estar e
com quem estar. Manter um bom relacionamento com a rede de contatos que
você construiu é uma ação que deve ser priorizada todos os dias. Com a
internet e as redes sociais se tornou ainda mais simples fortalecer seus
laços e sua marca pessoal.
Parece ingênuo, de início, atrelar o segredo do sucesso às pessoas
que convivemos. Mas é uma realidade fortíssima. Valorize os contatos em
que pode confiar, e o seu sucesso será sem limites. Assim, alcançar seus
objetivos pessoais e profissionais será apenas uma questão de tempo.
Mindset correto é o que vai fazer você alcançar (ou não) o sucesso
Junior Borneli, co-fundador do StartSe
Mulher negra e sorridente segurando um IPad e olhando para frente (Fonte: Getty Images)
Mindset é a sua programação mental, é como você encara tudo que está ao teu redor
Mindset. Você já ouviu essa palavinha algumas vezes aqui no StartSe.
Ela é importante, talvez uma das coisas mais importantes para “chegar
lá” (seja lá onde for que você quiser chegar).
É sua habilidade de pensar o que você precisa para ter sucesso. E
como a maioria das coisas que você possui dentro de você, ela é uma
espécie de programação do seu ser. Tanto que é possível que você adquira
outro mindset durante a vida, convivendo com as pessoas corretas,
conhecendo culturas diferentes.
Algumas pessoas dizem que é isso das pessoas que faz o Vale do
Silício ser a região mais inovadora do mundo. Eu, pessoalmente, não
duvido. Fato é: você precisa de ter a cabeça no lugar certo, pois a
diferença entre um mindset vencedor e um perdedor é o principal fator
entre fracasso e sucesso.
Para isso, é importante você começar do ponto inicial: um objetivo.
“Todo empreendedor precisa ter um objetivo. Acordar todos os dias e
manter-se firme no propósito de fazer o máximo possível para chegar lá é
fundamental”, diz Junior Borneli, co-fundador do StartSe e uma das
pessoas mais entendidas de mindset no ecossistema brasileiro.
De lá, é importante você fazer o máximo que puder e não perder o
foco, mantendo-se firme. “Não importa se no final do dia deu tudo certo
ou errado. O importante é ter a certeza de que você fez tudo o que foi
possível para o melhor resultado”, avisa.
Com a atitude certa, é capaz que você sempre consiga canalizar as
coisas como positivas. “Você sempre tem duas formas de olhar um a mesma
situação: aquela em que você se coloca como um derrotado e a outra onde
você vê os desafios como oportunidades. Escolha sempre o melhor lado das
coisas, isso fará com que sua jornada seja mais leve”, alerta o
empreendedor.
Esses tipo de sentimento abre espaço para uma característica
importantíssima dos principais empreendedores: saber lidar com grandes
adversidades. “Um ponto em comum na maioria os empreendedores de sucesso
é a superação”, destaca Junior Borneli.
Saber lidar com essas adversidades vai impedir que você pare no
primeiro problema (ou falência) que aparecer na sua frente. “São muito
comuns as histórias de grandes empresários que faliram várias vezes,
receberam diversos ‘nãos’ e só venceram porque foram persistentes”,
afirma.
É importante ter esse mindset resiliente, pois, nem sempre tudo será
fácil para você – na verdade, quase nunca será. “Empreender é, na maior
parte do tempo, algo muito doloroso. Até conseguir algum resultado
expressivo o empreendedor passa por muitos perrengues. A imensa maioria
fica pelo caminho”, diz.
É como uma luta de boxe, onde muitas vezes, para ganhar, você terá
que apanhar e apanhar e apanhar até conseguir desferir o golpe (ou a
sequência) certo. “Na minha opinião, não há melhor frase que defina a
trajetória de um empreendedor de sucesso do que aquela dita por Rocky
Balboa, no cinema: ‘não importa o quanto você bate, mas sim o quanto
aguenta apanhar e continuar. É assim que se ganha’”, ilustra.
O problema talvez seja que alguns aspectos do empreendedorismo tenham
glamour demais. “Empreender não é simplesmente ter uma mesa com
super-heróis e uma parede cheia de post-its coloridos. Você vive numa
espécie de montanha russa de emoções, onde de manhã você é ‘o cara’ e à
tarde não tem dinheiro pro café”, salienta.
Vale a pena, porém, perseverar neste caminho. “Para aqueles que são
persistentes e têm foco, a jornada será difícil, mas o retorno fará
valer a pena!,” destaca o empreendedor.
DERROTA TAMBÉM ENSINA
Um ponto importante do sucesso é saber lidar com o fracasso e, de lá,
tomar algumas lições para sair mais forte ainda. “Toda derrota nos
ensina algumas lições e assim nos tornamos mais fortes a cada nova
tentativa. A cultura do fracasso, aqui no Brasil, é muito diferente dos
Estados Unidos”, afirma Junior.
No Vale do Silício, falhar é encarado algo bom, na verdade – e
aumenta suas chances de sucesso futuro. “Por lá, empreendedor que já
falhou tem mais chances de receber investimentos porque mostrou
capacidade de reação e aprendeu com os erros”, conta o empreendedor.
Mas ao pensar sobre fracasso, você precisa ter o filtro correto para
não deixar a ideia escapar. “Encarar os erros como ensinamentos e
entender que falhar é parte do jogo torna as coisas mais fáceis e
suportáveis”, salienta.
Foco é a palavra de ordem para você conseguir alcançar os objetivos
traçados no caminho, mesmo que em alguns momentos pareça que está tudo
dando errado. “Por fim, buscar o equilíbrio mental e o foco são
fundamentais. Nas vitórias, tendemos a nos render à vaidade e ao
orgulho. E nas derrotas nos entregamos ao desânimo e a depressão.
Mentalize seus objetivos, foque nos caminhos que vão leva-lo até eles e
siga firme em frente”, afirma.
É importante que você tenha noção de que para ser uma exceção, você
não pode pensar da maneira comodista que a maior parte das pessoas. “Se
você quer chegar onde poucos chegaram, precisará fazer o que poucos têm
coragem e disposição para fazer”, completa.
O “não” do cliente a uma proposta. Por quê?
Moysés Peruhype Carlech
Fiquei pensando e ao mesmo tempo preocupado com o seu “não”,
sem nenhuma explicação, à nossa proposta de divulgação da sua loja e de
resto todas as lojas dessa cidade no Site da nossa Plataforma Comercial
da Startup Valeon.
Esse “não” quer dizer, estou cheio de compromissos para fazer
pagamentos mensais, não estou faturando o suficiente para cobrir as
minhas despesas, a minha loja está vendendo pouco e ainda me vem mais
uma “despesa” de publicidade da Startup Valeon?
Pergunto: como vou comprar na sua loja? Se não sei qual é a
sua localização aí no seu domicílio? Quais os produtos que você
comercializa? Se tem preços competitivos? Qual a sua interação online
com os seus clientes? Qual o seu telefone de contato? Qual é o seu
WhatsApp?
Hoje em dia, os compradores não têm tempo suficiente para
ficarem passeando pelos Bairros e Centros da Cidade, vendo loja por loja
e depois fazendo a decisão de compra, como antigamente.
A pandemia do Covid-19 trouxe consigo muitas mudanças ao
mundo dos negócios. Os empresários precisaram lutar e se adaptar para
sobreviver a um momento tão delicado como esse. Para muitos, vender em
Marketplace como o da Startup Valeon se mostrou uma saída lucrativa para
enfrentar a crise. Com o fechamento do comércio durante as medidas de
isolamento social da pandemia, muitos consumidores adotaram novos
hábitos para poder continuar efetuando suas compras. Em vez de andar
pelos corredores dos shoppings centers, bairros e centros da cidade,
durante a crise maior da pandemia, os consumidores passaram a navegar
por lojas virtuais como a Plataforma Comercial Valeon. Mesmo aqueles que
tinham receio de comprar online, se viram obrigados a enfrentar essa
barreira. Se os consumidores estão na internet, é onde seu negócio
também precisa estar para sobreviver à crise e continuar prosperando.
É importante você divulgar a sua loja na internet com a ajuda
do Site da Startup Valeon, que no caso não é uma despesa a mais e sim
um investimento para alavancar as suas vendas. Desse modo, o seu
processo de vendas fica muito mais profissional, automatizado e
eficiente. Além disso, é possível a captação de potenciais compradores e
aumentar o engajamento dos seus clientes.
Não adianta pensar dessa forma: “Eu faço assim há anos e deu
certo, porque eu deveria fazer diferente? Eu sei o que preciso fazer”. –
Se você ainda pensa assim, essa forma de pensar pode representar um
grande obstáculo para o crescimento do seu negócio, porque o que trouxe
você até aqui é o que você já sabe e não será o que levará você para o
próximo nível de transformação.
O que funcionava antes não necessariamente funcionará no
futuro, porque o contesto está mudando cada vez mais rápido, as formas
como os negócios estão acontecendo são diferentes, os comportamentos dos
consumidores está se alterando, sem contar que estão surgindo novas
tecnologias, como a da Startup Valeon, que vão deixar para trás tudo
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pensar e nunca estamos totalmente satisfeitos com o que sabemos
justamente por entender que precisamos estar sempre dispostos a conhecer
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A oposição ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) da Câmara afirma que atuará para impedir que o PL 5.719 de 2023 avance na Casa Baixa. A proposta enviada pelo Executivo visa a permitir que o BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) volte a financiar obras
e serviços prestados por empresas brasileiras no exterior. Eis a íntegra (PDF – 148 kB).
Congressistas da oposição ouvidos pelo Poder360 afirmam
que o Executivo irá encarar resistência na Câmara para a aprovação do
texto. Também visam, como manobra, tentar votar a PEC 3 de 2023, do deputado Mendonça Filho (União
Brasil-PE), que define a competência do Congresso para autorizar
empréstimos de instituições financeiras públicas para outros países.
O líder da oposição na Casa Baixa, deputado Carlos Jordy (PL-RJ), disse não crer que o projeto de lei “tenha força para ser aprovado no Congresso Nacional”, pois seria um “escárnio com o erário público e com o povo brasileiro”.
“Mesmo dizendo que países inadimplentes não poderiam ser
beneficiados com o projeto, há a possibilidade de que possam renegociar
formalmente a dívida e assim poderiam receber investimentos do BNDES”, declarou o congressista.
O trecho citado por Jordy está presente no texto do PL. Lê-se:
“É proibida, nos financiamentos à exportação de serviços, a concessão de
novas operações de crédito entre o BNDES e as pessoas jurídicas de
direito público externo inadimplentes com a República Federativa do
Brasil, exceto nas hipóteses em que houver a formalização da
renegociação da dívida.”
Pessoas jurídicas de direito público são países, integrantes de uma
federação ou seus respectivos órgãos. Atualmente, 3 nações são devedoras
do BNDES: Venezuela, Cuba e Moçambique (leia mais abaixo).
“O projeto vai totalmente na contramão do bom senso e do que pede
a população, que é transparência e limitação às transferências de
recursos para outros países. Vamos trabalhar pela aprovação da PEC 3 de
2023 para garantir isto”, afirmou o líder da oposição.
O deputado Kim Kataguiri (União Brasil-SP), que foi vice-presidente da CPI do BNDES, em 2019, disse durante a comissão que pôde “constatar
que esses empréstimos do banco para o exterior só serviram para
exportar corrupção, para enviar dinheiro público do Brasil para
empreiteiras corruptas e também para ditaduras aliadas do petismo”.
“Eu, pessoalmente, vou obstruir. Vou apresentar todos os
requerimentos de obstrução e a oposição vai se posicionar de maneira
contrária, não tenho a menor dúvida disso”, declarou o congressista.
Kataguiri disse também que esse ano “quase foi aprovada a admissibilidade” da
PEC 3 de 2023 que submete os empréstimos de instituições públicas ao
Congresso Nacional. Afirmou que continuará apoiando a proposta.
“Acredito, sim, que o governo terá muita dificuldade de
emplacar a volta do financiamento dessas obras que posteriormente, tanto
na CPI do BNDES, como na Lava Jato, se demonstraram gargalos de
corrupção”, afirmou.
Kataguiri ainda disse que a proposta de retomada da modalidade de crédito pelo BNDES é “uma prática nefasta” do governo Lula.
MODALIDADE SUSPENSA
A modalidade de crédito do BNDES foi suspensa em 2016, depois que
construtoras brasileiras beneficiadas pela medida passaram a ser
investigadas na operação Lava Jato. Antes da interrupção, a linha de
crédito financiou obras controversas. Entre elas, o metrô de Caracas, na Venezuela, e o Porto de Mariel, em Cuba.
O texto que quer retomar essa modalidade foi enviado pelo Planalto no
momento em que a Câmara dos Deputados analisa uma PEC (Proposta de
Emenda à Constituição) que busca dar aos congressistas o poder de vetar
operações realizadas no exterior.
O BNDES discutiu o conteúdo da proposta com o TCU (Tribunal de Contas da União). A Corte teria sugerido um artigo para “blindar” o Planalto de críticas ou de tomar calotes.
Em um dos trechos, lê-se: “É proibida, nos
financiamentos à exportação de serviços, a concessão de novas operações
de crédito entre o BNDES e as pessoas jurídicas de direito público
externo inadimplentes com a República Federativa do Brasil, exceto nas
hipóteses em que houver a formalização da renegociação da dívida.”
Pessoas jurídicas de direito público são países, integrantes de uma federação ou seus respectivos órgãos.
Dados do BNDES mostram que 3 países acumulam dívidas de US$ 1,16 bilhão no acumulado até setembro de 2023:
Venezuela – US$ 762 milhões;
Cuba – US$ 273 milhões;
Moçambique – US$ 122 milhões.
Outros US$ 463 milhões estão por vencer desses países.
A única exceção ao que determina o projeto é caso haja a renegociação
formal da dívida pendente. O texto prevê medidas de transparência e
autoriza o BNDES a criar subsidiárias no Brasil.
O governo brasileiro quer que o BNDES financie a construção do gasoduto Néstor Kirchner, na Argentina. Lula disse, em 26 de junho, estar “muito satisfeito” com a perspectiva “positiva” de o financiamento ocorrer.
“Fico muito satisfeito com as perspectivas positivas de
financiamento do BNDES à exportação de produtos para a construção do
gasoduto Presidente Néstor Kirchner. Estamos trabalhando na criação de
uma linha de financiamento abrangente das exportações brasileiras para a
Argentina”, declarou o presidente na época.
O governo registrou rombo de R$ 75,1 bilhões nas
contas públicas no acumulado de janeiro a outubro de 2023 em valores
nominais. O resultado é o pior desde 2017 ao seguir o mesmo critério,
quando houve deficit de R$ 104,5 bilhões.
Ao considerar o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo),
o rombo é de R$ 74,6 bilhões no acumulado de janeiro a outubro deste
ano. É o pior saldo desde 2019, quando atingiu deficit de R$ 81,9
bilhões.
Os dados são do Tesouro Nacional. Eis a íntegra da apresentação (PDF – 997 kB).
Eis a trajetória do resultado primário de janeiro a outubro de 2023:
O governo, no entanto, piorou a projeção para o resultado primário deste
ano. O rombo estimado para 2023 passou de R$ 141,4 bilhões (1,3% do
PIB) em setembro para R$ 177,4 bilhões em novembro (1,7% do PIB).
A secretária adjunta do Tesouro, Viviane Varga, disse nesta 3ª (28.nov) não ver “dinâmica explosiva” na trajetória das contas públicas. Em entrevista a jornalistas, ela afirmou que a nova regra fiscal “aponta” para uma “trajetória de estabilização”.
SUPERAVIT EM OUTUBRO
O governo federal registrou superavit de R$ 18,3 bilhões em outubro de 2023.
O resultado é inferior ao obtido no mês em 2022 e em 2021, quando houve
saldo positivo de R$ 32,1 bilhões e R$ 31,8 bilhões, respectivamente,
em termos reais –quando considera o IPCA.
Viviane Varga afirmou que o resultado foi “acima do esperado” pelo mercado financeiro. As projeções obtidas pelo Poder360 variavam de superavit de R$ 11,9 bilhões a R$ 18,3 bilhões.
O presidente eleito da Argentina, o ultraliberal Javier Milei, deixou
Washington na terça-feira (28) com uma impressão “muito boa” do governo
do democrata Joe Biden, que lhe estendeu as mãos com base em
“prioridades compartilhadas”, incluindo a “energia limpa” e a “defesa
dos direitos humanos”.
Em seu segundo dia nos Estados Unidos, Milei esteve na Casa Branca
para um primeiro contato com colaboradores de máxima confiança de Biden,
que viajou para Atlanta para o funeral da ex-primeira-dama Rosalynn
Carter.
O presidente eleito e uma equipe reduzida conversaram com Jake
Sullivan, conselheiro de Segurança Nacional; com Juan González,
principal conselheiro presidencial para a América Latina; com o
subsecretário de Estado para Assuntos do Hemisfério Ocidental, Brian
Nichols, e com o embaixador dos Estados Unidos na Argentina, Marc
Stanley.
Milei partilhou com eles “sua visão sobre a agenda geopolítica
internacional alinhada com o Ocidente e a sua defesa dos valores da
liberdade”, informou seu gabinete em um comunicado publicado na rede
social X.
A reunião lhe causou uma impressão “muito boa”, declararam à AFP
fontes de seu partido, A Liberdade Avança, que pediram anonimato.
Sullivan felicitou Milei novamente por sua vitória eleitoral e se
comprometeu “a prosseguir com a cooperação” bilateral estreita, segundo
um comunicado divulgado pela Casa Branca durante a noite.
O influente conselheiro afirmou que se reuniu com Milei “para
discutir a importância de seguir construindo a relação sólida entre os
Estados Unidos e a Argentina em temas econômicos e nas prioridades
compartilhadas, como o investimento em tecnologia e energia limpa, a
defesa dos direitos humanos e defesa das democracias em todo o mundo”.
Uma forma diplomática de mencionar dois temas: o aquecimento global,
essencial na agenda de Biden e questionado por Milei, e os direitos
humanos, depois que o presidente eleito da Argentina, de 53 anos,
questionou o número de desaparecidos durante a ditadura em seu país.
Milei viajou aos Estados Unidos para abrir portas e o fez pelas mãos
do embaixador Stanley, com a esperança de converter o país
norte-americano em seu principal aliado e marcar distâncias com China e
Rússia.
Pelo que se sabe, não houve encontros com membros do Partido
Republicano nem com o ex-presidente Donald Trump, com quem Milei se dá
muito bem e é frequentemente comparado.
Da Casa Branca, ele seguiu para o aeroporto para retornar à
Argentina, sem se reunir com a diretora-gerente do Fundo Monetário
Internacional (FMI) Kristalina Georgieva, com quem falou na sexta-feira
por videoconferência.
Seu chefe de gabinete Nicolás Posse e Luis Caputo, cotado como futuro
ministro da Economia argentino, permaneceram nos Estados Unidos para
uma reunião a nível técnico no FMI liderada pela número dois da
organização, Gita Gopinath. Pela manhã, mantiveram outro encontro com
funcionários do Departamento do Tesouro americano.
A Argentina tem que saldar um empréstimo de 44 bilhões de dólares
(cerca de R$ 215 bilhões na cotação atual), em meio à sua pior crise
econômica em duas décadas, com inflação de 140% e 40% da população na
linha de pobreza.
– ‘Desafios complexos’ –
“Debateram os desafios complexos que o país enfrenta e os planos para
fortalecer urgentemente a estabilidade e assentar as bases de um
crescimento mais sustentável”, informaram fontes oficiais do FMI.
“Ambas as equipes vão continuar colaborando estreitamente no futuro”, acrescentaram.
A equipe de Milei espera que a relação com o Fundo seja fluida, dado
que o presidente eleito, que se autodefine como anarcocapitalista, não
teme os cortes de gastos.
O novo presidente propõe privatizar boa parte das empresas estatais e
prometeu cortar os gastos públicos, inclusive mais do que pede o FMI.
Este “outsider” da política que tem aversão ao que chama de “casta”, a
elite política tradicional, advertiu que vai tomar decisões “difíceis”
quando assumir o cargo em 10 de dezembro.
De cara, a Argentina precisa de recursos para fazer frente ao último vencimento do ano.
Para isso, teria que passar na análise regular do Fundo para
averiguar se o país cumpre as condições fiscais e de reservas. O
problema é que os números não batem. Milei também pode optar por
repensar o programa de crédito com o FMI.
Enquanto isso, continuam as gestões para definir o governo que moldará a nova Argentina.
O último nome confirmado é o de Eduardo Rodríguez Chirillo, que
estará à frente da pasta de Energia, segundo confirmou o gabinete de
Milei em comunicado.
A primeira viagem aos Estados Unidos de Milei como presidente eleito
começou na segunda-feira em Nova York, onde ele almoçou com o
ex-presidente democrata Bill Clinton.
Antes, usando um kipá, visitou o túmulo do rabino de Lubavitch na
metrópole dos arranha-céus. Um ato simbólico para o político argentino,
de religião católica, mas muito interessado no judaísmo e a estreitar
laços com Israel.
O Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria para autorizar o
governo a quitar o estoque de precatórios atrasados sem violar as regras
fiscais. O julgamento ainda não foi concluído, mas a maioria dos
ministros acompanhou o voto do relator, Luiz Fux, para quem o limite
anual para saldar esses compromissos é inconstitucional.
A origem desse imbróglio foi a Proposta de Emenda à Constituição
(PEC) 23/2021, instrumento utilizado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro
para abrir espaço para um festival de medidas populistas às vésperas da
eleição.
Antes mesmo da apresentação da PEC, quando o então ministro da
Economia, Paulo Guedes, comparou o volume dessas dívidas a um “meteoro”,
este jornal já acusava o calote, único nome possível para designar o
plano que começava a ser desenhado.
Para piorar, o calote daria origem a uma bola de neve de R$ 250
bilhões para 2027, soma dos valores represados de 2022 a 2026. Se nada
fosse feito até lá, a dívida ocuparia todo o espaço das despesas
discricionárias daquele ano e implodiria de vez o orçamento.
Aproveitando-se de duas Ações Diretas de Inconstitucionalidade (Adin)
apresentadas ao Supremo, o governo Lula se antecipou à provável
derrota. Em petição ao STF, a Advocacia-Geral da União (AGU) reconheceu a
inconstitucionalidade da medida e pediu a abertura de R$ 95 bilhões em
créditos extraordinários para assim quitar o estoque acumulado.
A tese, ao que tudo indica, será aceita pelo STF – e não apenas até
2024, como queria o governo, mas até 2026. Considerando as alternativas,
esta parece ser a solução menos ruim. O ideal, e o correto, seria
acomodar esses gastos dentro do Orçamento, contabilizar a dívida no
limite de despesas e considerá-la na apuração da meta fiscal.
Chama a atenção, no entanto, a generosa interpretação que Fux deu ao
julgar a PEC dos precatórios. Ignorando o contexto político em que a
proposta foi apresentada, o ministro a considerou “medida proporcional e
razoável para que o poder público pudesse enfrentar a situação
decorrente de uma pandemia mundial em 2022?, configurando-se como
“providência fora de esquadro” apenas em 2023.
Ora, todos sabem que a intenção da PEC nunca foi enfrentar a
emergência sanitária, mas somente atender aos interesses de um
presidente que se candidataria à reeleição.
O STF, no entanto, pretende impor limites ao acordo proposto pelo
governo. Em seu voto, Fux recusou a possibilidade de segregar as
parcelas dos precatórios – ideia que resultaria em nova manobra contábil
para facilitar o cumprimento das metas fiscais. Assim, principal, juros
e correção monetária continuam a ser classificados como despesa
primária, como manda a contabilidade pública e os padrões internacionais
seguidos pelo Banco Central (BC).
Em tempos tão estranhos, o fim do calote institucionalizado e a
rejeição ao retorno da contabilidade criativa certamente são algo a
comemorar. Mas não deixa de ser estarrecedor que a PEC dos precatórios
tenha sido tão facilmente aprovada pelo Congresso – e, pior, que uma
parte dela tenha sido avalizada pelo STF.