terça-feira, 14 de novembro de 2023

EQUIPAMENTOS MILIONÁRIOS COMPRADOS NA PANDEMIA PRECISAM SER USADOS

 

Mão segurando tubo de ensaio
Legenda da foto,Uso de ferramentas genéticas pode auxiliar no diagnóstico e no tratamento de doenças infecciosas e câncer

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  • Author,André Biernath
  • Role,Da BBC News Brasil em Londres

Em 2021, no segundo ano da pandemia de covid-19, o Ministério da Saúde comprou 27 máquinas de última geração capazes de fazer o sequenciamento do DNA.

Esses aparelhos, que custaram R$ 13,9 milhões, foram distribuídos para os laboratórios centrais dos 26 Estados e do Distrito Federal — e ajudaram a acompanhar a evolução do coronavírus e o comportamento das diversas variantes do patógeno nas várias ondas de casos, hospitalizações e mortes.

Passada a fase mais grave da crise sanitária, especialistas discutem agora como aproveitar esse potencial dos sequenciadores genéticos em prol da saúde pública e da ciência brasileiras.

“Com a diminuição da demanda relacionada à covid-19, o uso dessas tecnologias de sequenciamento genético precisa ser muito bem pensado”, contextualiza Lygia da Veiga Pereira, professora titular de Genética da Universidade de São Paulo (USP).

“Antes de 2021, não tínhamos capacidade, infraestrutura, pessoal e logística para realização de testes moleculares no Sistema Único de Saúde (SUS)”, observa o médico Rodrigo Guindalini, consultor científico do Instituto Oncoguia, uma ONG voltada a pacientes com câncer e familiares.

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“Agora que temos tudo instalado, essa é uma oportunidade que não podemos desperdiçar”, complementa ele.

“O desafio agora é como manter todo esse fluxo de trabalho funcionando de forma rápida e custo-efetiva”, acrescenta o virologista Anderson F. Brito, pesquisador científico do Instituto Todos pela Saúde (ITpS).

O debate sobre como aproveitar essas ferramentas em diferentes áreas se abre em algumas possibilidades: os sequenciadores podem seguir monitorando o comportamento de diferentes vírus, mas há propostas para utilizá-los na análise de alguns tipos de câncer ou na detecção de doenças raras.

Nesses casos, o diagnóstico adequado pode fazer toda a diferença para orientar estratégias preventivas ou definir o melhor tratamento.

Entenda a seguir como essas máquinas estão sendo utilizadas e quais são os planos para o uso delas no futuro.

Vigilância ampliada

Questionado pela BBC News Brasil sobre os tais sequenciadores genéticos, o Ministério da Saúde confirmou a compra de 27 aparelhos do tipo em 2021.

O Governo Federal arcou com 24 dessas máquinas, que custaram R$ 12,5 milhões.

As outras três foram obtidas “por meio de um organismo internacional”, e saíram por R$ 1,4 milhão.

“No total, foram gastos R$ 13,9 milhões”, detalhou o ministério em nota enviada à reportagem.

“Os sequenciadores foram destinados aos Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacen) das 27 unidades federativas que compõem a Rede SISLab e que apoiam a vigilância em saúde no Brasil.”

Esses laboratórios centrais são a referência de cada Estado no diagnóstico de doenças. É para esses locais que são enviadas amostras de pacientes com algum quadro suspeito, para o qual é necessário fazer exames específicos que ajudam a definir o causador daqueles incômodos.

A instalação das novas tecnologias genômicas exigiu uma série de adequações — como a reforma da infra-estrutura para abrigar os sequenciadores e o treinamento de profissionais para operá-los adequadamente.

“Ou seja, não estamos falando apenas da compra de aparelhos. Foi necessário organizar toda uma cadeia de processos, treinar equipes, disponibilizar insumos…”, lista Guindalini, que também trabalha na Oncologia D’Or.

Na visão do cientista, todo esse conhecimento adquirido ficou como uma espécie de “legado” da pandemia.

Mas como o Ministério da Saúde está usando — ou planeja usar — todo esse potencial genômico daqui em diante?

De acordo com a nota enviada para a BBC News Brasil, os sequenciadores passaram a ser utilizados “no estudo dos genomas de outros patógenos de interesse da saúde pública, como os dos vírus da dengue e da chikungunya”.

“Desde a implementação, foram gerados 15.601 genomas de Sars-Cov-2 [o coronavírus causador da covid-19], 557 genomas de vírus de dengue e 415 genomas de vírus chikungunya. Somente no ano de 2023, foram gerados 5.020 genomas, somando os quantitativos de Sars-Cov-2 e arbovírus (dengue e chikungunya)”, declarou o ministério em nota.

O sequenciamento dos vírus transmitidos pela picada do mosquito Aedes aegypti também faz parte de um projeto-piloto realizado nos Estados do Amazonas, Ceará, Goiás, Paraná, São Paulo e Minas Gerais.

O ministério também planeja a criação do Centro de Inteligência Genômica (Cigen), “que vai viabilizar o desenvolvimento de softwares de bioinformática para solucionar problemas biológicos de forma gratuita e independente, como a identificação de variantes de patógenos circulantes e de genes de resistência aos antimicrobianos, e a modelagem do comportamento do agente e da epidemia, entre outros”.

“O objetivo atual é aproveitar esse legado e aplicá-lo a outras doenças de interesse para saúde pública”, finaliza o texto.

Cientista operando equipamentos
Legenda da foto,Brasil gastou mais de R$ 10 milhões na compra de sequenciadores genéticos

Ampliação das possibilidades

Para Guindalini, os números de sequenciamentos informados pelo Ministério da Saúde — 5 mil genomas em 2023 — representam uma boa notícia, pois sinalizam que as máquinas não estão paradas.

“Mas é possível fazer muito mais que isso. Com esses 27 equipamentos em funcionamento, dá pra fazer milhares e milhares de sequenciamentos todos os meses”, avalia ele.

O oncogeneticista propõe que alguns desses aparelhos sejam usados em projetos-piloto para o sequenciamento do câncer no SUS.

“Poderíamos implementar serviços de aconselhamento genético para o câncer, em que fossem selecionados 10 ou 15 genes que mudam completamente a conduta terapêutica e permitem estratégias de prevenção extremamente eficazes”, defende ele.

“Já conhecemos algumas mutações que mudam a vida de famílias inteiras e diminuem o risco de desenvolver o câncer em mais de 80%”, complementa o médico.

É o caso, por exemplo, das alterações genéticas que aparecem nos genes BRCA1 ou 2 e estão relacionados ao desenvolvimento de tumores nas mamas e nos ovários.

Ao detectar essas mutações em uma mulher que ainda não desenvolveu nenhum problema de saúde, é possível fazer um acompanhamento mais criterioso, com o auxílio de exames periódicos, ou até realizar cirurgias profiláticas dos tecidos em que as células cancerosas poderiam crescer no futuro.

Essas estratégias ajudam a reduzir a probabilidade do aparecimento de um tumor desses — ou ao menos permitem detectar a doença nos primeiros estágios, quando a chance de cura é bem mais alta.

“Não é preciso inventar a roda aqui: esse é um modelo que já está em operação em outros países e dificilmente daria errado no Brasil”, aposta Guindalini.

Pereira, que também é líder da gen-t, uma startup de biotecnologia que mapeia dados genômicos e trabalha com Medicina de precisão, sugere que os sequenciadores ainda podem auxiliar no diagnóstico de doenças raras.

“Nós conhecemos muito bem as bases genéticas de algumas dessas enfermidades”, diz ela.

“Individualmente, essas condições podem até ser consideradas raras. Mas quando você soma várias delas, os números são significativos.”

A especialista explica que o diagnóstico de algumas dessas doenças têm um impacto direto na qualidade de vida e na saúde dos pacientes.

“Nesses casos, o diagnóstico genético esclarece o que está acontecendo ali”, diz ela.

“E muitas dessas pessoas passam por uma jornada de diagnóstico longuíssima, de médico em médico, e só o sequenciamento dá uma resposta definitiva”, observa a especialista.

Pereira também entende que essas tecnologias podem ajudar a entender as particularidades do genoma dos brasileiros.

“No Brasil, temos um desafio extra, que é a mistura de DNA indígena, europeu e africano”, aponta ela.

Essa miscigenação entre diferentes ancestralidades criou mutações e perfis genéticos distintos, que são em boa parte desconhecidos pela ciência e diferentes do que aparece nas bases de dados internacionais.

Na prática, isso significa que a população brasileira pode apresentar certas sequências de DNA que protegem ou predispõem a determinadas doenças de uma maneira distinta do observado em outros lugares do planeta.

Um caso que já foi descrito por especialistas é a alta frequência de mutações no gene TP53, que são muito mais comuns no Brasil — especialmente no Sul e no Sudeste — em comparação com o observado no exterior.

Para ter ideia, alterações no TP53 chegam a ser a terceira causa mais comum de câncer de mama hereditário no país, atrás apenas das mutações no BRCA1 e 2.

Em outros países, no entanto, é muito mais raro encontrar algo alterado no gene TP53.

Cientista em laboratório
Legenda da foto,Entender o DNA da população brasileira pode rastrear mutações e sequências genéticas mais frequentes no país

Vírus novos e velhos

Brito avalia que aproveitar esses sequenciadores para fazer a vigilância genômica de diferentes vírus é algo estratégico para o país.

“Recentemente, alguns Estados brasileiros decretaram emergência de saúde pelo aumento nas internações de crianças infectadas pelo vírus sincicial respiratório”, exemplifica ele.

Esse patógeno está entre os causadores mais frequentes do resfriado comum — que pode gerar quadros mais graves no público infantil.

“Mas não sabemos exatamente se o vírus responsável por este surto recente tinha algo de especial ou quais são as variantes em circulação, simplesmente porque esses dados não existem”, diz Brito.

Para o virologista, é possível usar os sequenciadores para fazer estudos comparativos. Isso permitiria conhecer melhor este e outros vírus, o que abre possibilidades de criar uma estratégia para prevenir novas ondas de casos, internações e mortes no futuro.

Brito lembra de outro episódio recente em que uma vigilância genômica teria feito toda a diferença: a epidemia do vírus zika, que estourou a partir de 2015 no Brasil e levou a casos de microcefalia, em que bebês nasciam com a cabeça num tamanho menor que o esperado.

“Por cerca de um ano, os casos de zika foram diagnosticados como se fossem dengue no país por causa da similaridade de sintomas. Ninguém sabia que este patógeno circulava por aqui”, lembra ele.

“Foi necessário que alguém estranhasse o aumento incomum nos casos de microcefalia para suspeitar de outra coisa além da dengue e fazer o sequenciamento do vírus para descobrir o que ele tinha de diferente”, complementa.

Aedes aegypti
Legenda da foto,Vigilância das arboviroses transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti — dengue e chikungunya — é um dos projetos que o Ministério da Saúde já colocou em marcha

Rapidez primordial

Brito destaca que, para criar uma rede de vigilância genômica com aplicações práticas, é necessário que ela esteja muito bem organizada e disponibilize resultados com agilidade.

Durante a pandemia, o virologista publicou com outros especialistas um estudo que calculou o tempo entre a coleta de amostras de um paciente com covid-19 e a publicação do sequenciamento em bancos de dados. Na média, esse processo levava em torno de 45 dias na América do Sul.

“Isso é uma eternidade. Quando a informação fica disponível, ela não suscita mais nenhuma ação prática do ponto de vista da saúde pública”, lamenta ele.

Em outras palavras, todo o processo — que inclui a coleta das amostras, o envio delas aos laboratórios, o sequenciamento genético, a produção dos laudos e a divulgação dos resultados — precisa estar muito bem coordenado no país todo.

Isso permitiria ter um retrato praticamente em tempo real sobre a circulação de determinados patógenos e o surgimento das variantes — e serviria de base para que os representantes do Ministério da Saúde e das secretarias estaduais e municipais tomassem ações para conter a transmissão ou lidar com o aumento de casos de uma doença em determinada região do país.

Um exemplo prático: a vigilância do vírus influenza, o causador da gripe. Sequenciar amostras de pacientes acometidos por essa infecção permitiria saber em detalhes as cepas do patógeno que estão circulando. Essa informação ajudaria a definir a composição das vacinas ou até o envio de equipamentos, profissionais e recursos para as áreas mais afetadas.

“Mas, de novo, esse processo precisa ser célere. Ele jamais pode demorar mais de um mês para que uma amostra seja convertida em dados genômicos”, insiste Brito.

“Os investimentos, portanto, não devem ser centrados apenas nos sequenciadores genéticos. É preciso pensar em todos os elementos da cadeia, como profissionais treinados e experientes.”

“Dessa forma, é possível reagir rápido para lidar com potenciais riscos à saúde pública”, finaliza o virologista.

Pereira aponta que, além de todos os desafios práticos, é preciso pensar a vigilância genética como uma fonte de conhecimento que beneficia diretamente a saúde pública.

“Só assim esses esforços serão perpetuados, de modo que seja feito o melhor uso dos investimentos já realizados e aqueles que ainda vão ser feitos”, diz.

“Para isso, é necessário que esses programas sejam um projeto de Estado, e não uma iniciativa de governos”, conclui ela.

ISRAEL DESTRUIU O BAIRRO MAIS BONITO DA FAIXA DE GAZA

O bairro de al-Zahra antes de 7 de outubro

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  • Author,Alice Cuddy
  • Role,BBC News, Jerusale

Por volta do meio-dia da sexta-feira, 20 de outubro, os moradores de al-Zahra, sofisticado bairro de Gaza, estavam entre a poeira e escombros do que, dias antes, eram as suas casas.

Sextas-feiras costumavam ser dias especiais: no islamismo, o dia da oração marca o começo do fim de semana e, no bairro de al-Zahra, significava falafel e hummus, café e chá, todos servidos em espaçosos apartamentos ou vilas perto do Mar Mediterrâneo. Os moradores sabiam que tinham mais sorte do que a maioria da população de Gaza.

No entanto, durante a noite, bombas israelenses destruíram 25 blocos de apartamentos, lares de muitas centenas de pessoas. Israel vinha bombardeando Gaza há dias em resposta aos ataques do Hamas de 7 de outubro, mas al-Zahra não havia sido atingida até então.

Alguns dos que viviam lá, entre médicos, advogados, pesquisadores acadêmicos, designers de moda e empreendedores, tentaram ficar e sobreviver em meio às ruínas, mas a maioria recolheu o pouco do que restou a se dispersou ao longo da Faixa de Gaza.

Hana Hussen, que cresceu em al-Zahra, acompanhou horrorizada as notícias a centenas de quilômetros de distância, na Turquia, para onde ela se mudou dois anos atrás. Em um telefonema apressado naquela dia, ela ligou para a família na tentativa de entender se eles estavam em segurança.

Ela disse que os amava.

E a ligação caiu.

Triste, uma moradora caminha entre os escombros do bairro de al-Zahra depois do bombardeio
Legenda da foto,Al-Zahra ficou assim depois dos ataques de Israel em 19 de outubro

‘Obrigado por perguntar. Ainda estamos vivos’

Os moradores dos blocos destruídos vinham se protegendo das bombas em uma universidade próxima graças aos esforços do dentista local Mahmoud Shaheen, que liderou uma evacuação em massa de seus vizinhos. A BBC contou, na semana passada, a história sobre como ele recebeu uma ligação de um agente da inteligência israelense avisando que os blocos seriam bombardeados.

Em resposta à BBC sobre a decisão de atingir o bairro de al-Zahra, as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) disseram que “não é possível esclarecer perguntas sobre operações específicas”.

O Hamas estava atacando Israel de diferentes partes de Gaza “e se infiltrou na infraestrutura civil”, acrescentou o IDF. Não foram divulgados nomes de integrantes do Hamas mortos nos ataques em al-Zahra, e acredita-se que ninguém do grupo tenha sido atingido nesse bombardeio.

Israel afirma que sua estratégia visa a erradicar o Hamas, que é acusado de operar no coração de comunidades civis — e que vem tomando providências para reduzir mortes de inocentes, como o telefonema, mencionado acima, feito a Mahmoud o instruindo a evacuar o bairro.

O agente que telefonou para o dentista também disse: “Nós vemos coisas que vocês não veem”.

Os vizinhos de Mahmoud podem ter escapado vivos, mas nem todos sobreviveram ao que estava por vir.

Depois de ataques em 20 de outubro, um homem observa o que restou do bairro de al-Zahra
Legenda da foto,Desolado, um homem palestino observa a destruição de torres do bairro após os ataques de Israel

A BBC passou duas semanas conversando com diversas famílias da região, tanto moradores de longa data quanto os mais jovens e ambiciosos recém-chegados.

Eles nos contaram sobre como salvaram o que puderam de suas casas, assistiram de perto aos seus lares explodindo e como se dispersaram ao longo de Gaza rumo a um destino incerto. De abrigos improvisados a refúgios temporários ao longo de Gaza, moradores queriam contar as histórias da vida e morte do bairro que amavam.

Nossa comunicação foi feita por meio de ligações que caíam — às vezes com bombas estourando ao fundo — e mensagens esporádicas via WhatsApp. Conversas era interrompidas para correr em busca de abrigo. Em alguns casos, perdemos contato por dias.

Após um blecaute de comunicações durante ataques intensos de Israel em Gaza, um morador de al-Zahra conseguiu escrever uma mensagem curta: “Obrigado por perguntar. Nós ainda estamos vivos”.

Nossas conversas mostram que nem todos que saíram de al-Zahra sobreviveram. Entre aqueles confirmados mortos estão um jovem fisiculturista de uma academia local cujas últimas palavras para um amigo, segundo posts em redes sociais, foram: “Está tudo acabado”.

O Ministério da Saúde controlado pelo Hamas afirmou que mais de 10 mil palestinos foram mortos em Gaza desde o começo da guerra, sendo que mais de um terço eram crianças.

A história de Nashwa: documentando os mortos e desabrigados

Nashwa Rezeq, que viveu em al-Zahra por 18 anos, agora tenta reconstruir a vida
Legenda da foto,Nashwa Rezeq com seu filho em tempos mais tranquilos

A Faixa de Gaza é densamente povoada, tem altos níveis de pobreza e forte controle da entrada e saída de pessoas. Al-Zahra, no entanto, era um bairro com grandes casas e espaços ao ar livre bem iluminados, bosques com amendoeiras e figueiras, áreas esportivas e parques.

Al-Zahra foi fundada nos anos 1990 pelo ex-presidente da Autoridade Palestina Yasser Arafat (1929-2004) como um lugar para sua equipe e também apoiadores. Moradores dizem ainda ter fortes conexões com a Autoridade Palestina, que hoje está baseada na Cisjordânia ocupada e é um rival direto do Hamas.

O bairro está ao norte do rio Wadi Gaza — ponto ao sul do qual Israel ordenou que a população se dirigisse, em 13 de outubro. Os dias seguintes foram de bombardeios, uma resposta de Israel às centenas de homens armados que invadiram a fronteira para assassinar mais de 1,4 mil pessoas, a maioria de civis, incluindo muitas crianças, além da captura de mais de 200 reféns. A brutalidade dos ataques em bairros do Sul de Israel e o massacre de jovens que participavam de um festival de música traumatizaram o país.

Mapa de al-Zahra, o bairro mais nobre de Gaza

Todas as pessoas com as quais conversamos insistiram em dizer que, até onde sabiam, esse bairro era o mais distante possível do Hamas e de suas operações em Gaza, governada pelo grupo desde 2007. “Não existiam militares aqui”, nos disse um morador. “Eu não acredito sequer que apoiadores do Hamas viviam aqui”, acrescentou.

Para Nashwa Rezeq, que viveu em al-Zahra durante 18 anos, “era o melhor bairro de todos”.

Muito envolvida em associações de bairro e em um conselho de jovens local, Nashwa também foi uma das organizadoras de uma comunidade no Facebook por mais de uma década. Se você perguntá-la sobre algum morador em particular, ela provavelmente vai conhecê-lo e talvez ter seu contato telefônico.

A página no Facebook tinha aproximadamente 10 mil seguidores. Na véspera da guerra, os posts eram sobre torneios de bilhar, um café local ou mensagens de parabéns a um estudante recém-formado.

Agora o mesmo grupo serve como veículo para compartilhar atualizações sobre a destruição do bairro e contar os mortos. O grupo nunca tinha ocupado tanto o tempo de Nashwa.

Uma vista das plantas de Nashwa com Gaza ao fundo. Ela sente muita falta de seu pequeno jardim
Legenda da foto,Nashwa sente muita falta das plantas que cultivava com afeto na janela do apartamento

Um post recente lamenta a morte dos integrantes de uma família dona de um restaurante italiano bombardeado. Quando a guerra foi declarada, Nashwa foi para o Sul com seu marido e quatro filhos, atitude que a família sempre tinha quando as tensões aumentavam. Antes, entregou sua chave a uma vizinha, pedindo que cuidasse de suas amadas plantas enquanto ela estava fora.

Dois dias depois dos primeiros bombardeios, seu prédio — o mais alto de al-Zahra — foi destruído ao amanhecer.

“Uma pessoa me ligou e disse que ‘andou ao lado da sua torre e estava tudo no chão’,” lembra.

Vista geral do bairro de al-Zahra
Legenda da foto,A vida de Nashwa e de sua família nunca será a mesma no bairro de al-Zahra

Ela descreve seu apartamento no quinto andar como “muito grande e espaçoso”. Ele foi comprado pela família e reformado ao longo de uma década — recentemente, haviam adquirido um novo aparelho de ar-condicionado, uma televisão e móveis.

“Muita gente diz que é só dinheiro, mas, para mim, minha casa era minha alma”.

Agora no Sul de Gaza, ela diz que sua família ainda está em perigo. “Três dias atrás, eles bombardearam uma casa perto da gente. A fumaça da bomba nos sufocou”.

Seus filhos continuam perguntando por que não puderam trazer o novo ar-condicionado e a TV com eles quando saíram de al-Zahra. Eles também mantêm questionamentos sobre quando poderão voltar para casa e recuperar seus brinquedos.

Para Nashwa, as plantas são os itens que mais fazem falta: “Eu amava todas elas”.

Ahmed Hammad na praia perto da antiga casa
Legenda da foto,O professor universitário Ahmed Hammad chegou a permanecer em al-Zahra após os ataques

O professor universitário Ahmed Hammad, que viveu em um prédio perto de Nashwa, era outro integrante dessa comunidade. Ele foi um dos que escolheram permanecer no bairro após os ataques. Com cerca de 50 anos, ele dá aulas de mídia e comunicação em uma universidade ao norte do bairro, quer enviar seus artigos de pesquisa à BBC e fala com orgulho de seus seis filhos, com idades entre oito e 27 anos.

“Um deles é dentista, outro trabalha com TI. Tenho um que estudou literatura em inglês na universidade, e os outros três ainda estão na escola”, nos contou.

Quando falamos por telefone no último mês, Ahmed e família estavam em um abrigo na sua casa em al-Zahra, agora sem portas e janelas. Como não é mais possível ir para o trabalho ou escola, eles gastam o tempo procurando lenha para queimar e assim cozinhar. Com muito medo de fugir em direção ao Sul e ser alvo de mais bombas, decidiu ficar.

No entanto, na noite de 27 de outubro, Israel intensificou os bombardeios aéreos a expandiu suas operações terrestres — e nós perdemos contato com Ahmed. Dias depois, ele nos procurou para dizer que a família saiu do bairro após uma “noite muito, muito difícil ” e uma manhã ainda pior.

E descreveu como se esquivou de “bombardeios contínuos” em seu caminho rumo ao Sul da Faixa de Gaza.

“Cada vez que uma bomba caía, nós deitávamos no chão”.

Os empreendedores de al-Zahra

Hana Hussen e seu irmão Yahya
Legenda da foto,Hana Hussen e seu irmão Yahya, que ela descreve como “alma gêmea”

De volta à Turquia, Hana não largava seu telefone esperando por atualizações sobre sua família. Enquanto aguardava, ela nos contou histórias do que chamou de “o mais maravilhoso e caloroso lugar no mundo”. Moradores de al-Zahra costumavam se reunir na praia e enchiam a rua principal que ligava o bairro ao Mar Mediterrâneo, do amanhecer ao pôr do sol. Às sextas-feiras, Hana e seus amigos iam à rua para contar piadas e histórias sobre a semana, recorda-se.

Em uma sinalização do quanto a guerra mudou a vida lá, Hana conta que começou a receber mensagens “assustadoras” daqueles mesmos amigos — um perguntando se ela poderia cuidar dos seus filhos caso morresse, outros pedindo ajuda sobre “opções alternativas para produtos de higiene feminina”. Um outro desejava apenas ter água potável para beber.

Depois de muitos dias de espera, Hana finalmente conseguiu contato com sua família, incluindo seu irmão Yahya, que ela descreve como sua alma gêmea. Yahya estava entre a nova geração de empreendedores de al-Zahra. O designer de moda de 30 anos prefere falar sobre sua vida antes da guerra em vez da sua atual acomodação lotada ao sul do bairro, por onde ele caminhou com sua família por muitas horas depois de ter a casa destruída.

Ele recorda-se do som dos passarinhos enquanto olhava para o bairro a partir do terraço do prédio onde a família morava.

Vista da praia frequentada por moradores de al-Zahra
Legenda da foto,Em al-Zahra, a vida girava em torno da praia

Era comum que moradores postassem vídeos dos terraços de al-Zahra. Algumas imagens mostram cores espetaculares do cair do sol.

“Todas essas coisas nos deixavam felizes”, diz Yahya por WhatsApp.

Ao listar algumas de suas preferências no bairro, Yahya escreve em uma série de mensagens: “As luzes da noite. O mar. É uma cidade elegante e pacífica”.

Agora, ele às vezes termina as conversas via WhatsApp de forma abrupta. “Preciso ir agora porque as bombas deles estão perto de mim”, escreveu em uma mensagem.

Yahya saiu de al-Zahra com duas bolsas carregando um iPad, documentos, um casaco, garrafa d’água, seu passaporte, chocolate e um kit de primeiros socorros. Ele precisou deixar para trás suas criações meticulosamente produzidas — tecidos, vestidos e saias.

“E máquinas de costura. E muitas memórias maravilhosas,” diz ele.

Mohamed nos escombros do seu antigo apartamento
Legenda da foto,Mohamed do lado de fora do que antes era sua casa

Os primos Ali, de 28 anos, e Mohamed, de 25, também são jovens empreendedores na cidade e tinham trabalhos com rotinas bem corridas em al-Zahra como confeiteiro e dono de café, respectivamente. Ambos viviam no conjunto de prédios destruídos entre os dias 19 e 20 de outubro.

Os dois haviam investido muito dinheiro para construir uma vida lá. Ali casou-se no início do ano e gastou US$ 6 mil em móveis que estavam sendo mantidos na casa da família, onde ele e sua esposa grávida estavam morando.

A sua família se mudou para lá vinda da Cidade de Gaza durante a guerra de 2014 entre Hamas e Israel pensando que era “o lugar mais seguro” para se estar.

No mês passado, eles prepararam mochilas com dois conjuntos de roupas, prontas para uma eventual fuga. “Uma para a minha mãe, outra para meu irmão e uma para a minha mulher,” diz ele.

Em 19 de outubro, a família pegou as mochilas e deixou todos os outros bens para trás. Quando as bombas atingiram seu prédio, Ali diz que todas as perdas foram em dobro — os móveis novos do casal foram destruídos, assim como os bens dos seus pais”. Duas geladeiras, duas máquinas de lavar e dois sofás.

Mohamed conta que seu pai havia recentemente realizado o último pagamento pela casa da família, e todos precisaram abandonar o local naquela noite. “Ele terminou de pagar aquele apartamento e agora tudo se foi”, afirma.

Hoje, gasta seus dias buscando água: “Não há tempo para descansar”.

O bar de Mohamed com sinuca e gravura em homenagem ao rapper americano Tupac
Legenda da foto,Como era o bar de Mohamed, com a imagem do rapper americano Tupac

Ele sente falta do café que mantinha no térreo de uma universidade, com uma mesa de sinuca e uma gravura do rapper americano Tupac Shakur na parede. Também sente saudades de ir para a academia diariamente. Acima de tudo, lembra dos amigos. “Nós brincávamos, ficávamos rindo. Sentávamos juntos até a meia-noite”.

O jornalista Abdullah al-Khatib afirma que sua família estendida também perdeu quatro casas nos ataques.

Ele conta que seu filho continua perguntando quando ele poderá voltar para casa e brincar com seus amigos no parque. Mas ele talvez nunca mais possa voltar.

“Nossa casa é a rua agora. Tudo foi destruído,” diz.

Os prédios destruídos no que já foi o bairro nobre de Gaza
Legenda da foto,Vista aérea da destruição do bairro de al-Zahra, em 20 de outubro

Mahmoud, o dentista que recebeu a ligação antecipando o bombardeio, agora é voluntário em um posto médico na região central de Gaza.

“Eu sinto os odores mais terríveis. Você não está se higienizando e há 130 pessoas contigo”, relata.

Mahmoud também diz sentir-se com sorte de ter dinheiro suficiente para os preços inflacionados dos tempos atuais. Um dos amigos mais próximos permaneceu em uma vila de al-Zahra, e o dentista recentemente enviou farinha de trigo para que ele possa ao menos fazer pão.

No entanto, esses itens estão cada vez mais escassos.

“Hoje eu fui a todas as lojas em busca de lentilhas… Não quero exagerar, eu entrei em ao menos 40 lugares procurando lentilhas e não achei”, detalha o dentista. “Um lojista me disse: ‘Não perca seu tempo'”.

Mahmoud relata ter esperança de um dia voltar a al-Zahra quando a guerra terminar. “Espero que Deus nos permita sobreviver para tentarmos arrumar as coisas”.

Ponto turístico perto da praia em Gaza
Legenda da foto,Moradores tiram foto com os dizeres “Eu amo Gaza”

As Forças de Defesa de Israel dizem que o Hamas continua a operar ao longo da Faixa de Gaza. E acrescenta: “Como parte da missão da IDF de desmantelar a organização terrorista Hamas, estamos mirando alvos militares na Faixa de Gaza. Bombardeios em alvos militares estão sujeitos às normas relevantes da lei internacional, incluindo precauções viáveis para reduzir mortes de civis”.

A visita mais recente de Hana a al-Zahra foi há cinco meses. Ela não sabia que seria a última vez em que veria sua casa.

“Se eu soubesse, eu teria… me despedido das paredes do meu quarto, que eu amo, e que testemunharam momentos de felicidade e tristeza da minha vida”.

“Eu teria tirado muitos dos meus pertences que carregam memórias de momentos preciosos,” completa.

“Eles nos deixaram sem nada. Absolutamente nada.”

 

FOCAR NO QUE REALMENTE IMPORTA VALE A PENA O ESFORÇO

 

Camila Petry Feiler – Jornalista – StartSE

Focar no que realmente importa está difícil? Este método pode te ajudar a perceber porque vale a pena o esforço

Enquanto escrevo este texto, tenho pelo menos 15 abas no navegador, notificações do Slack, WhatsApp e e-mail, fora as redes sociais. É tão desesperador quanto necessário (pelo menos é o que parece). Por isso, o Modo Monge ou Monke Mode surgiu como tendência para pessoas que, assim como eu, precisam se isolar do caos digital para conseguir atingir a produtividade.

Mas ele vai além de uma tarefa rotineira: o que o método propõe é foco em um objetivo. E pode ser que você nem use este nome de Modo Monge, mas já tenha o praticado.

O QUE É O MODO MONGE?

O Modo Monge é essencialmente a prática de trabalhar e focar em apenas uma tarefa e não se deixar levar por distrações, especialmente aquelas que encontramos nos celulares.

De forma prática, isso significa se desconectar dos devices e colocar alguns limites. Claro, você vai entender o que funciona melhor, no seu caso. Mas os especialistas indicam começar com pequenos intervalos e, aos poucos, ir adotando por horas e até dias o método. 

QUAIS OS BENEFÍCIOS DO MODO MONGE?

Atenção plena, minimalismo e dedicação ao trabalho com propósito são práticas centenárias e conhecidas dos monges. Abrir espaço para isso significa se capacitar para redescobri sua capacidade de se concentram no que realmente importa.

Os defensores dizem que é uma abordagem transformadora que incentiva as pessoas a se afastarem do caos da vida moderna e a cultivarem um relacionamento mais significativo com seu trabalho e consigo mesmas.

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COMO APLICAR O MODO MONGE?

Aakash Shah, fundador e CEO da Wyndly, investidor anjo e consultor de startups, escreveu à Fast Company algumas recomendações para quem deseja implementar o método — ele indica o período da manhã para isto:

Dedique tempo para um trabalho profundo: agendar as manhãs no modo monge e tratá-las como compromissos inegociáveis garante que você tenha tempo dedicado para trabalhar em suas tarefas mais críticas sem interrupção.

Priorize a tomada de decisões estratégicas: use o tempo ininterrupto no modo monge para analisar dados, definir metas e tomar decisões informadas que impactarão o crescimento e a direção da sua empresa.

Abra espaço para a resolução criativa de problemas: permita-se ter espaço mental para debater soluções inovadoras para os desafios enfrentados pela sua organização, sem a pressão de distrações constantes.

Aprimore as habilidades de liderança: dedique tempo durante as manhãs do modo monge para estudar os princípios de liderança, ler sobre empreendedores de sucesso ou refletir sobre o feedback dos membros da equipe para crescer continuamente como um líder eficaz.

Visualize a longo prazo: aproveite as manhãs tranquilas para vislumbrar o futuro da sua empresa e traçar planos estratégicos de expansão, parcerias ou desenvolvimento de produtos.

Considere delegar: combine o modo paz do monge com a Matriz de Eisenhower para delegar suas tarefas e chegar à caixa de entrada zero, liberando seu tempo para tarefas mais importantes.

POR QUE IMPORTA?

A busca por produtividade muitas vezes passa por um caminho inverso do que acreditamos: é preciso parar para produzir mais. De forma mais presente, é possível se concentrar melhor, tomar melhores decisões e ouvir de forma mais clara.

Marketplaces em alta: o sucesso no mercado

Tiago Sanches, gerente comercial da Total IP

Certas estratégias são cruciais para alavancar as vendas e isso começa com o primeiro contato

Marketplaces são uma tendência no e-commerce. Isso porque, os benefícios existem tanto para quem tem seu próprio ambiente, quanto para os sellers, os quais vendem nas plataformas de outros empreendedores. Entretanto, apesar dessa alta, é fundamental as organizações se prepararem da melhor forma para receberem seus grupos alvo, independentemente da época do ano. Isso inclui uma elaboração iniciada pelo atendimento.

O que são marketplaces e qual a sua realidade no mercado?

Esse conceito se remete a uma noção mais coletiva de vendas on-line. Nessa plataforma, diferentes lojas podem anunciar seus artigos, dando ao cliente um leque de opções. Desse jeito, trata-se de uma rede cujos vendedores podem fazer suas ofertas dentro da mesma página. Ou seja, é como um shopping center virtual cujos visitantes têm acesso a vários estabelecimentos. Sites como Mercado Livre, Magalu, Americanas, Amazon e a Valeon são ótimos exemplos, inclusive, de acordo com o último relatório Webshoppers, 84% dos empreendedores brasileiros possuem canais ativos em ambientes como esses.

Conforme a ChannelAdvisor, na China, esse tipo de comércio já representa 90% do faturamento do varejo on-line e, nos EUA, 33%. Já no Brasil, segundo a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), o crescimento do setor em 2021 foi de 19%.

Principalmente em temporadas de forte atividade, como o Natal, Dia dos Namorados, das Mães e dos Pais, as movimentações tendem a ser significativas. O Dia do Consumidor, por exemplo, em 2022, chegou a um faturamento de R$ 722 milhões, com elevação de 22% em comparação a 2021, de acordo com dados da Neotrust. Contudo, para, de fato, chamar a atenção dos fregueses, apenas preços atrativos e propagandas não são o suficiente, é preciso oferecer uma experiência completa. “Para deixar uma marca positiva é necessário garantir um primeiro contato excelente, indo até o pós-venda. Os responsáveis por esse tipo de negócio tendem a pensar só no produto final entregue, mas toda interação importa”, explica Tiago Sanches, gerente comercial da Total IP.

Um destaque em meio à concorrência é fundamental

Ciente de como apenas qualidade final não é o suficiente, diversos quesitos tendem a ajudar uma empresa a se destacar em meio a tanta concorrência. Logo, diferentes fatores influenciam a posição ocupada nas buscas, seja preço, custo do frete, avaliações, etc. Além disso, é imprescindível identificar como chamar a atenção em detrimento de sellers ocupando o mesmo espaço. Nesse contexto, conhecimento nunca é demais para descobrir como planejar condições visando se sobressair.

Outra questão importante diz respeito aos parceiros mantidos por perto e a estrutura do negócio em geral. Para a quantidade de vendas alcançadas por um programa como esse, investir na atração de indivíduos para promover suas corporações lá dentro, diversificando e ampliando o portfólio torna tudo mais robusto. Além disso, deve haver uma atenção especial à otimização das operações.

Todavia, de nada adianta tomar cuidado com tudo isso e não promover uma boa gestão operacional. Dentre diversos benefícios, a transformação de um e-commerce em um marketplace proporciona ganho de escala das demandas. A partir desse ponto é crucial redobrar a cautela com estratégias adotadas no local omnichannel. Uma administração eficiente é o meio para a criação de modelos de vivência da persona para ela ter uma boa prática nessa aquisição. “Hoje em dia, uma pessoa transita por diferentes pontos de contato. É relevante, então, conseguir alcançar o preciso da melhor forma e naquele momento, assim, há grandes chances de fidelizar”, comenta o especialista.

Dicas para se sair bem no mercado

Antes de tudo é sempre interessante se colocar no lugar dos frequentadores, pois, somente conhecendo bem eles é viável proporcionar oportunidades e elementos favoráveis. Em circunstâncias assim, um bom levantamento de dados para analisar as dores e as necessidades é uma excelente alternativa, tendo em vista como, por meio dessas informações, é fácil identificar qual a busca e como agradar.

No entanto, o ditado é real e, de fato, a primeira impressão fica. Logo, a assistência inicial desse sujeito deve ser levada em consideração de forma primordial. Como anda o seu atendimento? Quais as abordagens utilizadas para lidar com esses interessados? Independentemente de qual seja, a Startup Valeon consegue auxiliar, incrementar e melhorar qualquer estratégia de forma inovadora.

A tecnologia de robôs tem sido cada vez mais utilizada em diversas esferas do cotidiano da população. No geral, essa indústria está em crescimento, de acordo com a VDMA (Associação Alemã de Fabricantes de Máquinas e Instalações Industriais), as vendas do setor aumentaram em 13% em 2022. Nos primeiros quatro meses, os pedidos recebidos foram elevados em 38%, também em relação ao ano anterior, na Alemanha.

Em todo o mundo, já existem mais de três milhões deles operando em fábricas e pelo menos US$ 13,2 bilhões foram gastos nos últimos anos em novas instalações utilizando esse tipo de modernização. Pelo menos 76% desses investimentos foram feitos por cinco países: China, Japão, Estados Unidos, Coreia do Sul e Alemanha. As indústrias automotiva, elétrica, eletrônica e metálica se destacam nesse uso em seus parques industriais. Porém, no caso do apoio ao consumidor esse artifício também não poderia ficar de fora. Com a Startup Valeon isso é possível para todos os âmbitos. “Nós enxergamos essa assistência como parte do processo de conquista e a colocamos como um pilar principal para os nossos usuários.

Dessa maneira, a firma oferece serviços baseados na aprimoração desse suporte para as companhias parceiras, seja com os tão comentados robôs, responsáveis por atender chamadas e responder mensagens automaticamente, ou com outras ferramentas. Ao todo, há uma flexibilidade sem igual para atender a todo tipo de instituição, com humanos, chat, voz, redes sociais e WhatsApp, o propósito é aumentar os resultados e promover atualização constante.

O que é marketplace e por que investir nessa plataforma

ÚnicaPropaganda e Moysés Peruhype Carlech

Milhares de internautas utilizam o marketplace diariamente para fazer compras virtuais. Mas muitos ainda desconhecem seu conceito e como ele funciona na compra e venda de produtos.

Afinal, o que é marketplace?

O marketplace é um modelo de negócio online que pode ter seu funcionamento comparado ao de um shopping center.

Ao entrar em um shopping com a intenção de comprar um produto específico, você encontra dezenas de lojas, o que lhe permite pesquisar as opções e os preços disponibilizados por cada uma delas. Além de comprar o que você planejou inicialmente, também é possível consumir outros produtos, de diferentes lojas, marcas e segmentos.

Leve isso ao mundo virtual e você entenderá o conceito de marketplace: um lugar que reúne produtos de diversas lojas, marcas e segmentos. A diferença é que no ambiente virtual é mais fácil buscar produtos, e existe a facilidade de comprar todos eles com um pagamento unificado.

Os principais marketplaces do Brasil

A Amazon foi a primeira a popularizar esse modelo de negócio pelo mundo, e até hoje é a maior referência no assunto

No Brasil, o marketplace teve início em 2012. Quem tornou a plataforma mais conhecida foi a CNova, responsável pelas operações digitais da Casas Bahia, Extra, Ponto Frio, entre outras lojas.

Hoje, alguns nomes conhecidos no marketplace B2C são: Americanas, Magazine Luiza, Netshoes, Shoptime, Submarino e Walmart. No modelo C2C, estão nomes como Mercado Livre e OLX. Conheça os resultados de algumas dessas e de outras lojas no comércio eletrônico brasileiro.

Aqui no Vale do Aço temos o marketplace da Startup Valeon que é uma Plataforma Comercial de divulgação de Empresas, Serviços e Profissionais Liberais que surgiu para revolucionar o comércio do Vale do Aço através de sua divulgação online.

Como escolher o marketplace ideal para sua loja

Para ingressar em um marketplace, é preciso cadastrar sua loja, definir os produtos que serão vendidos e iniciar a divulgação. Mas é fundamental levar em consideração alguns pontos importantes antes de decidir onde incluir sua marca:

Forma de cobrança: cada marketplace possui seu modelo de comissão sobre as vendas realizadas, que pode variar de 9,5% a 30%. O que determina isso é a menor ou maior visibilidade que o fornecedor atribuirá a seus produtos. Ou seja, o lojista que quer obter mais anúncios para seus produtos e as melhores posições em pesquisas pagará uma comissão maior.

Na Startup Valeon não cobramos comissão e sim uma pequena mensalidade para a divulgação de seus anúncios.

Público-alvo: ao definir onde cadastrar sua loja, é essencial identificar em quais marketplaces o seu público está mais presente.

Garantimos que na Valeon seu público alvo estará presente.

Concorrentes: avalie também quais são as lojas do mesmo segmento que já fazem parte da plataforma e se os seus produtos têm potencial para competir com os ofertados por elas.

Felizmente não temos concorrentes e disponibilizamos para você cliente e consumidores o melhor marketplace que possa existir.

Reputação: para um marketplace obter tráfego e melhorar seus resultados em vendas precisa contar com parceiros que cumpram suas promessas e atendam aos compradores conforme o esperado. Atrasos na entrega, produtos com qualidade inferior à prometida e atendimento ineficiente são fatores que afastam os usuários que costumam comprar naquele ambiente virtual. Ao ingressar em um marketplace, certifique-se de que a sua loja irá contribuir com a boa reputação da plataforma e pesquise as opiniões de compradores referentes às outras lojas já cadastradas.

Temos uma ótima reputação junto ao mercado e consumidores devido a seriedade que conduzimos o nosso negócio.

Vantagens do marketplace

A plataforma da Valeon oferece vantagens para todos os envolvidos no comércio eletrônico. Confira abaixo algumas delas.

Para o consumidor

Encontrar produtos de diversos segmentos e preços competitivos em um único ambiente;

Efetuar o pagamento pelos produtos de diferentes lojistas em uma única transação.

Para o lojista

Ingressar em um comércio eletrônico bem visitado e com credibilidade, o que eleva a visibilidade de seus produtos;

Fazer parte de uma estrutura completa de atendimento e operação de vendas com um menor investimento, considerando que não será necessário pagar um custo fixo básico, como aconteceria no caso de investir na abertura de uma loja física ou online.

Provas de Benefícios que o nosso site produz e proporciona:

• Fazemos muito mais que aumentar as suas vendas com a utilização das nossas ferramentas de marketing;

• Atraímos visualmente mais clientes;

• Somos mais dinâmicos;

• Somos mais assertivos nas recomendações dos produtos e promoções;

• O nosso site é otimizado para aproveitar todos os visitantes;

• Proporcionamos aumento do tráfego orgânico.

• Fazemos vários investimentos em marketing como anúncios em buscadores, redes sociais e em várias publicidades online para impulsionar o potencial das lojas inscritas no nosso site e aumentar as suas vendas.

Para o Marketplace

Dispor de uma ampla variedade de produtos em sua vitrine virtual, atraindo ainda mais visitantes;

Conquistar credibilidade ao ser reconhecido como um e-commerce que reúne os produtos que os consumidores buscam, o que contribui até mesmo para fidelizar clientes.

Temos nos dedicado com muito afinco em melhorar e proporcionar aos que visitam o Site uma boa avaliação do nosso canal procurando captar e entender o comportamento dos consumidores o que nos ajuda a incrementar as melhorias e campanhas de marketing que realizamos.

segunda-feira, 13 de novembro de 2023

REFORMA TRIBUTÁRIA FICARÁ MAIS CARA DO QUE O PREVISTO

 

História por Aryel Fernandes  • IstoÉ Dinheiro

Por Paula Cristina

Como acontece em toda reforma que fazemos em casa, o custo das novas regras tributárias também sairá maior do que o orçado inicialmente. Com uma alíquota média estimada em 27,5% (ante aos 25% previstos) as investidas do Congresso Nacional na proposta desenhada por Bernard Appy, secretário do Ministério da Fazenda, começam a ser precificadas. Com 205 alterações incluídas pelo Legislativo, o resultado final ainda é um imposto único para incidir no consumo de forma escalonada.

Mas também é o aval para disparada nos repasses do governo a estados e municípios, incerteza sobre implementação, judicialização e isenções, mas pode tornar a estrutura fiscal melhor para as empresas. “A posição da Fazenda sempre foi restritiva às exceções, mas é do jogo”, disse Haddad. Será que, ao ser concluída, a reforma tributária terá capacidade de colocar o País em linha com as melhores práticas internacionais?

Depois de ampla negociação no Senado, o plenário aprovou a PEC 45 em dois turnos (com 53 votos favoráveis e 24 contra) e o texto agora volta para Câmara para aprovação das alterações dos senadores, o que deve acontecer ainda em novembro. “Tanto Aguinaldo Ribeiro [relator na Câmara] quanto o Braga [relator no Senado] sabiam das dificuldades e agiram com bom senso, com argumento, para compor os votos necessários.”

O Congresso incluiu R$ 220 bilhões em fundos de compensação. Plano do governo era que a transição custasse no máximo R$ 80 bilhões

A fala de Haddad a jornalistas em Brasília no dia da aprovação explica, em partes, o que aconteceu em Brasília no último mês. Forte corrida de empresários para buscar benesses, partidos políticos trocando favores por votos e economistas tentando mapear o que cada uma das mudanças implicaria no texto final.

Um deles é Felipe Salto, economista-chefe e sócio da Warren Rena. Para ele, a nota que Haddad deu para o resultado final do texto, em torno de 7,5 em uma escala de zero a 10, foi demasiadamente branda. “O maior exemplo disso foi a criação de dois fundos muito generosos que não têm qualquer compensação ou explicação tributária”, disse ele, sobre os R$ 160 bilhões destinados à compensação tributária de estados e municípios durante a transição, além dos R$ 60 bilhões anuais garantidos para os estados com o fundo regional até 2033. Obrigações que o governo estimava ser, no começo, em torno de R$ 80 bilhões somadas.

Há ainda o esboço para a criação, por meio de lei complementar, do Fundo de Sustentabilidade e Diversificação Econômica do Amazonas. Será constituído e gerido com recursos da União.

Bernard Appy diz que espinha dorsal da proposta do governo ainda está de pé e vê avanços com a nova estrutura tributária© Fornecido por IstoÉ Dinheiro

Outro ponto levantado por economistas diz respeito ao número de setores que terão regimes especiais. Na PEC original, apenas itens da cesta básica, mas o senado criou a chamada cesta básica extendida, que eleva para 15 o número de itens.

Impostos menores seriam destinados apenas para:

• educação,

• saúde,

• saneamento básico,

• algumas áreas limpas do agronegócio.

• Na Câmara entraram os parques de diversõeshotéis e restaurantes.

• No Senado, a lista aumentou para englobar dispositivos médicos e de acessibilidade para pessoas com deficiênciabens e serviços relacionados a segurança e soberania nacionalsegurança da informação e segurança cibernéticaproduções artísticasculturaisjornalísticas e audiovisuais nacionais e atividades desportivas.

Fernando Facury Scaff, sócio do escritório Silveira, Athias, Soriano de Mello, Bentes, Lobato & Scaff Advogados, afirma que a inserção de tantos adendos e modificações deu à reforma um tom de improviso, o que significa ser difícil mapear seus reflexos.

Uma das maiores reclamações sobre a atual legislação tributária era o emaranhado de impostos, taxas e alíquotas diferentes que incide para o empresário. A proposta inicial do governo era acabar com isso criando o imposto único, mas um parágrafo no texto assinado por Eduardo Braga pode abrir a porteira para voltarmos à salada de impostos de atualmente.

Uma regra do Senado (e inserida um dia antes da divulgação do relatório final) permite que os estados criem um imposto sobre produtos primários e semielaborados, produzidos nos respectivos territórios, para investimento em obras de infraestrutura e habitação, em substituição a contribuição a fundos estaduais.

Além disso, quando avaliado o tempo de transição (que aumentou 15 anos) e a responsabilidade do governo nas compensações públicas, a avaliação do advogado é que boa parte do eventual aumento tributário para compensar os gastos do governo e isenções desenfreadas será repassado ao consumidor. “Essa conta é composta pelo aumento da carga tributária e da despesa pública. Isso inexoravelmente implicará em majoração de todos os preços.”

Para o professor doutor em direito tributário e presidente da Comissão de Direito Tributário da OAB/Pinheiros, André Felix Ricotta de Oliveira, a ideia de simplificação, transparência e segurança jurídica já ficou para trás na reforma tributária. “O que se nota é uma a confusão com o IVA, o IBS e a CBS. Repleto de distorções e tratamentos diferenciados”, disse.

Um sinal de alerta, afirma o professor, foi dado pelo Tribunal de Contas que pediu atenção a pontos que envolvem bitributação e clareza sobre o impacto econômico e social das novas regras. “Do jeito que se deu no Congresso, penso que trará mais insegurança jurídica, uma alta carga tributária, aumento da inadimplência dos contribuintes, levando a um aumento do contencioso judicial.”

Senado aprova em dois turnos, por 53 favoráveis e 24 contrários. Governo precisava de 49 votos para aprovação da PEC (Crédito:Andressa D’Amato)© Fornecido por IstoÉ Dinheiro

Contenção de danos

Primeira grande mudança tributária desde 1960, as alterações aproximam o Brasil das práticas vistas nos Estados Unidos, Inglaterra e Canadá, e seguem a indicação da OCDE sobre sistemas mais justos de tributação diante da economia do futuro. Com essa prerrogativa Haddad entende ter havido um caminho longo e alterações relevantes, mas que fazem parte do jogo. “Eu avalio o resultado final como um 7,5. Mas temos que lembrar que nosso sistema hoje é 1 ou 2.”

secretário extraordinário da Reforma Tributária, Bernard Appy, também avalia que o custo benefício entre o que o governo queria e o que saiu de fato do Legislativo foi positivo“Considerando a necessidade de criar o ambiente político necessário para a aprovação, o resultado foi bastante positivo”, disse ele à DINHEIRO.

No entendimento do secretário, a espinha dorsal do projeto está mantida. “O trabalho real começa agora, um dia de cada vez para a execução”, disse. Arthur Lira e Rodrigo Pachecopresidentes da Câmara e do Senado, respectivamente, também gostaram do resultado. “Fizemos os ajustes para tornar a reforma justa para todos. Foi um trabalho conjunto”, disse Lira.

Lula, por sua vez, considerou a aprovação uma vitória, mesmo depois das alterações. Ele não percebeu, mas está diante do que na filosofia é conhecido como o Paradoxo do Navio de Teseu. Teseu, figura mitológica que derrotou o Minotauro em Creta, saiu em seu barco e fez uma viagem que durou 50 anos. Durante a jornada ele precisou trocar todas as peças da embarcação. Quando chegou ao seu destino, coube a pergunta. O navio que zarpou é o mesmo que atracou em Creta? No caso da reforma, é cedo para dizer.

Reforma tributária vai sair mais cara do que governo previa. Analistas comentam© Fornecido por IstoÉ Dinheiro

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DESTRUIÇÃO VELOZ DA AMAZÔNIA PEGA O GOVERNO LENTO NAS SUAS AÇÕES

História por Notas & Informações  • Jornal Estadão

A densa fumaça dos incêndios florestais que há dois meses encobre cidades do Amazonas e do Pará é mais um capítulo dramático da rigorosa estiagem amazônica, que seca o leito dos rios, arrasa a vida selvagem e devasta a floresta. Uma tragédia que em tudo vai contra a nova ordem mundial de defesa do clima e que torna incoerente e espantoso o represamento de R$ 4,1 bilhões no saldo do Fundo Amazônia.

Ao Estadão, o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, admitiu que é preciso aprimorar o combate a incêndios e disse que o instituto deve apresentar, no fim do ano, um “projeto robusto” para usar dinheiro do fundo no combate à crise. A reação tardia, que tende a acrescentar milhares de hectares ao amplo inventário de floresta destruída, expõe o despreparo do governo em lidar com a catástrofe anunciada dos efeitos do fenômeno El Niño neste ano na região.

O que mais impressiona é que somente agora está sendo elaborado por um órgão governamental um projeto para usar o dinheiro de um fundo constituído exatamente para esse fim. É explícita a finalidade das doações no decreto que o criou, em 2008: investimentos em ações de prevenção, monitoramento e combate ao desmatamento e conservação e uso sustentável da Amazônia Legal.

O problema não são os recursos, pois eles existem. Mas, se há dinheiro, onde estão os projetos? Em recente reportagem do jornal Valor, o banco estatal BNDES, que administra o Fundo Amazônia, informou que neste ano foram contratados apenas dois projetos, que, quando concluídos, não chegarão a R$ 24 milhões. Duas aprovações ao longo de 11 meses – uma delas ainda sem desembolso – não são um resultado a ser comemorado.

Quanto mais complexa a formulação de projetos aptos aos recursos do fundo, mais o governo deveria se afastar da atitude passiva que parece adotar para assumir as rédeas na condução do programa. Para isso servem, ou deveriam servir, a coordenação técnica do BNDES e os organismos ambientais federais. Se a proteção da Floresta Amazônica é realmente prioritária, não faz nenhum sentido a morosidade na aplicação prática de recursos que chegam de diferentes países para o combate ao desmatamento.

É certo que houve avanço. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) atestou que de janeiro a setembro o desmate na Amazônia foi metade do registrado no mesmo período do ano passado. Desconsiderando a base de comparação sofrível da gestão anterior – que inclusive se empenhou, sem sucesso, felizmente, em extinguir o Fundo Amazônia –, é um bom começo.

Mais importante do que as medidas de combate aos incêndios, porém, é desenvolver soluções para evitá-los ou, ao menos, minimizá-los. A seca que se abate sobre a região não é um evento sem precedentes, embora marque um recorde. Tampouco imprevisto. Ao contrário, há meses havia alertas meteorológicos para a situação atual, que reduziu a régua de profundidade do Rio Negro a menos de 12 metros, um espanto para o leito de um rio que, em condições normais, chega a 90 metros.

O espalhamento dos focos de incêndio, que em outubro somaram 3.858, um recorde no acompanhamento feito pelo Inpe desde 1998, ameaça gravemente a saúde da população, que voltou a adotar o uso de máscaras.

Em abril, o presidente americano, Joe Biden, anunciou a intenção de repassar R$ 2,5 bilhões ao Fundo Amazônia. Em julho, foi a vez do governo da Suíça. Os contratos foram formalizados em outubro e a primeira etapa das contribuições somou R$ 45 milhões, 2,9% do total prometido. Pelo regulamento do fundo, novos aportes ficam condicionados ao sucesso de investimentos para redução do desmatamento, uma exigência básica para garantir o rigor no uso do dinheiro.

Estados Unidos e Suíça se juntam à Alemanha e Noruega como financiadores do fundo. França e Inglaterra também deram sinais de que vão aderir. A preocupação mundial com a Amazônia é consistente com a busca pela mitigação da crise climática que põe em risco todo o planeta. Ao Brasil está reservado um papel de real protagonismo nessa campanha. Mas deve agir o quanto antes, não no ritmo do bicho-preguiça.

 

MILEI DISSE QUE QUANDO O ESTADO INTERVÉM NAS RELAÇÕES COMERCIAIS PRIVADAS SE TORNA UM ESTORVO

História por PODER360  

O candidato à Presidência da Argentina, Javier Milei (La Libertad Avanza), afirmou que a relação do país no Mercosul é um “estorvo” econômico. Também disse que o Estado “não deve intervir em relações comerciais”.

As declarações foram dadas na noite deste domingo (12.nov.2023), durante debate com Sergio Massa (Unión por la Patria), que também concorre ao governo argentino. O 2º turno das eleições no país será em 19 de novembro.

“Quando o Estado intervém nas relações comerciais privadas, se torna um estorvo. […] Estorvo também é a relação com o Mercosul, que está parado e não vai para nenhum lado”, disse Milei.

Massa questionou Milei sobre as relações econômicas da Argentina com o Brasil e a China. Milei esquivou em dizer “sim” ou “não”, e voltou a falar que o Estado não deveria intervir em relações comerciais privadas.

CONHEÇA OS CANDIDATOS:

  • Javier Milei, coalizão La Libertad Avanza

Nascido em 22 de outubro de 1970 em Buenos Aires, Milei é formado em economia pela Universidade de Belgrano. Tem 2 mestrados cursados no Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social e na Universidade Torcuato di Tella.

Foi economista-chefe da empresa de previdência privada Máxima AFJP e da empresa de assessoria financeira Estudio Broda.

Também trabalhou como economista sênior do HSBC e como assessor econômico do militar e ex-deputado Antonio Domingo Bussi, acusado de crimes contra a humanidade cometidos quando foi governador de Tucumán. 

O argentino de 52 anos integra ainda o B20 (Business 20), grupo de diálogo relacionado ao G20 para o setor empresarial, e o Fórum Econômico Mundial. Também já atuou como professor universitário de disciplinas sobre economia.

Relação com o Mercosul é um estorvo, diz Milei© Fornecido por Poder360

Na política, Milei foi eleito em 2021 para deputado. Ele se apresenta como um político de direita conservador “diferente de tudo que está aí” e usa o lema “contra a casta política”, que, segundo o deputado, refere-se aos políticos argentinos que vivem do Estado, fazem políticas “contra a população” e que não resolvem os problemas do país.

  • Sergio Massa, partido Unión por la Patria

Sergio Tomás Massa, 51 anos, nasceu em 28 de abril de 1972 na cidade de San Martín, na província de Buenos Aires. É formado em Direito pela Universidade de Belgrano.

Sua carreira política começou em 1999, quando foi eleito deputado provincial de Buenos Aires. Três anos depois, em 2002, foi indicado pelo então presidente argentino, Eduardo Duhalde, para comandar a Anses (Administração Nacional de Segurança Social). Ele ficou na função por 5 anos.

Em 2007, Massa, já adepto ao kirchnerismo –ideologia política de esquerda relacionada ao ex-presidente Néstor Kirchner e a Cristina Kirchner, atual vice-presidente da Argentina–, foi eleito prefeito da cidade de Tigre, na província de Buenos Aires.

No entanto, teve que deixar o cargo por ser nomeado, em julho de 2009, Chefe de Gabinete da então presidente Cristina Kirchner. Ele permaneceu no cargo por quase 1 ano. Depois desse período, Massa retornou à prefeitura de Tigre, e foi reeleito em 2011. Ele também atuou como deputado nacional de 2013 a 2017 e de 2019 a 2022.

Conheça os candidatos da Argentina na eleição de 22 de outubro© Fornecido por Poder360

Nas eleições presidenciais de 2019, o advogado chegou a cogitar sua candidatura, mas desistiu para apoiar a chapa de Alberto Fernández e Cristina Kirchner, atuais governantes da Argentina.

Em 3 agosto de 2022, Massa deixou o cargo de deputado e se tornou o 3º ministro da Economia da gestão de Fernández. Ele passou a comandar o órgão depois que o presidente decidiu unificar os ministérios da Economia, Desenvolvimento Produtivo e Agricultura, Pecuária e Pesca em uma tentativa de centralizar as ações para solucionar a crise econômica do país.

ELEIÇÕES

As eleições presidenciais argentinas são realizadas a cada 4 anos. Os candidatos à Presidência precisam de ao menos 45% dos votos válidos –excluídos brancos e nulos– ou 40% e uma diferença de 10 pontos percentuais em relação aos demais candidatos para vencer em 1º turno. 

Conforme a Direção Nacional Eleitoral da Argentina, os eleitores devem apresentar um documento de identidade em sua seção eleitoral para votar. O mesário entrega um envelope vazio e o eleitor se dirige a uma cabine, a chamada “sala escura”.

Então, o eleitor seleciona a cédula de preferência dos candidatos em disputa (individual ou por partido) e a insere dentro do pacote. Depois, deposita na urna e assina o registro eleitoral. Envelopes com irregularidades, como mais de um candidato, são considerados votos nulos.

Segundo o Código Eleitoral Nacional, o voto é contabilizado como nulo quando é emitido em cédula não oficial, ou que contenha rasura, ou contenha objetos estranhos. Já o voto branco é quando o envelope estiver vazio ou com papel de qualquer cor, sem inscrições ou imagens. 

O voto nas eleições nacionais é obrigatório para todos os cidadãos com idade de 18 a 70 anos. O eleitor que não votar e não justificar a ausência fica impedido de disputar cargos públicos. Quem não votar deve pagar uma multa que varia de 50 a 500 pesos (cerca de R$ 0,70 a R$ 6,96), a depender da região em que é feita a votação. No Brasil, quem não justificar a ausência, deve pagar uma multa de RS$ 3,51 por cada turno não votado.

Atualmente, a Argentina tem 35,8 milhões de eleitores, sendo que 449 mil moram no exterior. A população total do país é de 46,2 milhões.

 

ENEM VOLTA A ABORDAR TEMAS RELACIONADOS COM O AGRONEGÓCIO

História por Gonçalo Junior  • Jornal Estadão

Exame Nacional do Ensino Médio,Enem

Após ser alvo de polêmica por questões relacionadas ao agronegócio na prova de Ciências Humanas, no último domingo, 5, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) voltou a abordar temas relacionados ao setor agrícola neste domingo, 12, quando os estudantes fizeram as provas de Ciências da Natureza e Matemática. Conhecimentos sobre pesticidas e as consequências do desmatamento foram cobrados dos alunos. Segundo professores de cursinhos, as perguntas eram indiretas, sem críticas claras ao agro.

No último domingo, 5, deputados ligados ao agronegócio criticaram a “ideologização do Enem” por perguntas que, segundo eles, teriam viés ideológico. A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) chegou a pedir a anulação de três questões sobre a exploração do Cerrado e os prejuízos do agronegócio para os camponeses e o desmatamento da Amazônia no cultivo da soja. A anulação foi descartada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep).

Entrada de estudantes para o segundo dia de provas do Enem Foto: Tiago Queiroz/Estadão© Fornecido por Estadão

Na prova deste domingo, uma das questões abordava o uso de pesticidas e perguntava quais amostras de fluidos humanos poderiam conter maior concentração deste produto. “Existe o inseticida e a prova mostrava a sua composição, a sua fórmula. Depois, ela diz que o pesquisador coleta fluidos biológicos de uma população, de sangue, de saliva, da urina e do leite. A prova pergunta em qual desses fluidos o pesquisador encontrou a maior concentração dessa substância. É uma questão técnica, natural de exames desse tipo”, avalia o professor Ademar Celedônio, diretor de Ensino e Inovações do SAS Plataforma de Educação.

O tema do desmatamento também foi abordado, mas de maneira indireta, falando sobre redução de população de abelhas e uma possível intervenção para evitar o declínio no número desses insetos.

“Um dos grandes motivos da extinção das abelhas é a falta de regiões onde elas possam produzir suas colmeias em segurança. Uma das ações possíveis para reverter esse quadro é o replantio de árvores nativas”, explica Caê Lavor, diretor de Ensino Médio e Avaliações do SAS Plataforma de Educação. De acordo com o professor de Biologia Diogo Diaz, do Colégio e Curso AZ, o uso de pesticidas foi citado em uma das alternativas, mas essa não era a resposta correta.

Outra questão abordava a baixa fertilidade dos solos amazônicos e uma técnica utilizado por antigos habitantes da região para torná-la fértil. O tema, porém, foi usado para cobrar conhecimentos sobre conceitos físico-químicos, como eletronegatividade.

Claudia Costin, presidente do Instituto Singularidades, afirma que as questões não incentivam uma visão negativa do agronegócio. “Não vejo nada de ideológico. Não é porque fala da proteção do solo e da inadequação do solo para determinadas formas de agricultura, como diz uma das perguntas, que isso envolve um conteúdo contra o agronegócio. Isso é consenso científico”, diz. “Nenhuma das perguntas parece ter preconceito ou incentivo a uma visão negativa do agronegócio”.

MEC anula questão que já havia caído em 2010

O Ministério da Educação (MEC) decidiu anular uma questão neste ano porque ela já havia caído na edição de 2010. A informação foi confirmada em entrevista coletiva na noite deste domingo, 12. A pergunta pedia ao candidato para interpretar um gráfico sobre os grupos que estavam mais expostos ao vírus da gripe A-H1N1 por estarem com baixa cobertura vacinal.

A questão 177 da prova amarela já havia sido cobrada na prova aplicada em 2010 na edição PPL (pessoas privadas de liberdade). A elaboração do Enem pressupõe apenas perguntas inéditas. A repetição dos itens foi identificada por professores da SAS – Plataforma de Educação.

Amadurecimento do abacate, Síndrome de Down e a TPM entre os temas

Sabrina Bileski, coordenadora de Avaliações no SAS Educação, destaca que os temas deste segundo dia de provas estavam relacionados ao cotidiano, aproximando o ensino do dia a dia do aluno. Entre os exemplos da prova de biologia estão vacinação (tecnologia do RNA mensageiro, usada contra covid-19), a gravidez de um casal com síndrome de Down e as causas hormonais da Tensão Pré-Menstrual (TPM). “Outra questão perguntou por que o abacate amadurece mais cedo em determinadas situações”, exemplifica.

“Duas questões sobre covid e imunização é algo que pode ser considerado como um tópico atual e relevante, tendo em vista a discussão da vacina nos últimos anos. Na maior parte das vezes, as questões não são elaboradas no mesmo ano da prova, mas ainda assim, é algo importante”, comleta Daniel Balbinot, coordenador pedagógico do Poliedro.

Uma conversa entre Cascão e Cebolinha, personagens da Turma da Mônica, por meio de um telefone improvisado com barbante, foi usada para abordar noções de ondas sonoras na prova de física, o que chamou a atenção de Pedro Lopes, editor de Avaliações no SAS Educação.

Virgílio Aveiro, professor de Química da Escola SEB Lafaiete, cita uma questão sobre o funcionamento das usinas nucleares de Chernobyl e Fukushima. “A prova de química foi muito bem dividida, com leitura rápida, questões conceituais e poucos cálculos. Senti ausência da eletroquímica e termoquímica, que são assuntos bem cobrados em edições anteriores do Enem”.

As questões de matemática enfatizaram conceitos de matemática financeira, abordando juros e investimentos. Uma pergunta envolvia o uso de aplicativos de transporte e de entrega de comida; outra mencionava os gastos calóricos com práticas esportivas.

“De forma geral, foi uma prova leve, com contas que não davam muito trabalho. Os conteúdos estavam bem definidos e os textos eram diretos e objetivos. O aluno batia o olho na questão e já sabia do que se tratava”, avalia Thiago Galrão, professor de Matemática do Colégio e Curso AZ.

Ao analisar a prova como um todo, Gilberto Alvarez, diretor do Cursinho da Poli, afirma que a “prova de Ciências da Natureza foi menos interpretativa e mais conceitual, exigindo um estudante que soubesse conceitos de física, química e biologia”.

A prova foi “excelente”, na opinião de Vera Lúcia da Costa Antunes, coordenadora Pedagógica do Objetivo. “Textos mais curtos que não dariam trabalho. Pais e professores vão perceber que elas estão claras, bem formuladas e atualizadas. Foi uma prova criativa, pedindo o conteúdo do Ensino Médio”.

 

SERVIDORES PÚBLICOS DE TRABALHO REMOTO RESISTEM A VOLTAR PARA O REGIME PRESENCIAL

 

História por LUCAS MARCHESINI  • Folha de S. Paulo

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A continuidade do trabalho remoto no governo federal após a pandemia de Covid-19 opõe servidores públicos e os comandantes de ministérios e estatais. Enquanto gestores querem a volta ao presencial, funcionários defendem o home office.

O caso mais extremo é o da Dataprev, onde cerca de 10% do quadro de funcionários entrou na Justiça para continuar a trabalhar de casa depois de o sindicato da categoria assinar um acordo com o comando da empresa aceitando a volta ao presencial.

Na administração direta e nas autarquias, o teletrabalho é regido pelo PGD (Programa de Gestão e Desempenho). As empresas públicas e de economia mista não estão incluídas e têm autonomia para estabelecer programas semelhantes.

No PGD, o servidor combina com a chefia uma série de tarefas que precisarão ser cumpridas em um determinado período. Com o cronograma estabelecido, a pessoa fica dispensada de bater o ponto presencialmente, podendo cumprir suas atividades de onde estiver.

O PGD é facultativo e cada órgão é responsável por normatização, fomento, execução e monitoramento. Assim, as regras podem variar de lugar para lugar.

“Entre as atividades que, preferencialmente, poderão ser executadas de forma remota estão as que demandam maior esforço individual e menor interação com outros agentes públicos”, afirmou, em nota, o Ministério da Gestão e Inovação em Serviço Público

“Da mesma forma, a adoção do teletrabalho não poderá ocorrer caso as atividades exijam a presença física do participante na unidade ou que sejam executadas externamente”, disse a pasta.

A Folha de S.Paulo procurou todos os 38 ministérios para saber o quantitativo de servidores em teletrabalho, dos quais 18 responderam. Juntos, afirmaram ter 14,5 mil funcionários em regime híbrido ou totalmente remoto, de um total de 36,3 mil.

O órgão com a maior quantidade relativa de servidores em teletrabalho é a AGU (Advocacia-Geral da União), que tem 42% do quadro em teletrabalho.

Apesar da alta adesão, o teletrabalho está longe de ser unanimidade entre os gestores públicos. Membros do alto escalão do governo que não quiseram se identificar se queixam da modalidade, que, segundo eles, dificulta mudanças de cultura e implementação de novas políticas nos órgãos.

A face mais pública dessa visão é a do ministro da Previdência, Carlos Lupi, que tente reduzir a fila para perícias médicas realizadas pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).

Hoje, entre 30% e 40% do quadro de servidores está no trabalho remoto, e Lupi disse que quer levar esse número a zero até o fim deste ano.

Na Dataprev, a atual gestão resolveu dar um cavalo de pau na política de teletrabalho e mudou a permissão para ficar totalmente remoto e sem obrigação de morar no local de lotação para um modelo híbrido com presença em três dias da semana.

O problema é que muitos funcionários não podem ou não querem voltar para o presencial e adequaram sua vida para o remoto a partir da adoção da política de teletrabalho em definitivo da gestão anterior.

Por causa disso, tentaram primeiro administrativamente manter o regime a distância, uma vez que a empresa permite a situação em casos excepcionais. Muitos dos pedidos foram negados.

A empresa afirmou que tem hoje 2.900 funcionários, dos quais 1.800 estão em regime híbrido e 127 no teletrabalho integral.

O segundo caminho tentado foi via movimentação sindical. Os servidores chegaram a incluir a demanda pelo trabalho remoto entre os tópicos a serem discutidos com a companhia na negociação da data-base e se sentiram traídos quando um acordo sem o assunto foi assinado.

Diversos funcionários da Dataprev entraram com uma ação na Justiça contra o próprio sindicato para cancelar a parte do acordo que fala sobre o trabalho remoto.

Os servidores da Dataprev são representados pela Fenadados (Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Processamento de Dados, Serviços em Informática e Similares), que não respondeu aos questionamentos da reportagem.

Muitos deles conseguiram liminares judiciais coletivas -decisões provisórias- para manter o teletrabalho completo.

Questionada sobre quantos funcionários estavam nessa situação, a Dataprev afirmou que eles representam aproximadamente 60% dos empregados no Rio de Janeiro, em São Paulo, na Paraíba, no Ceará e no Rio Grande do Norte. A companhia não disse o total de funcionários nesses locais.

A empresa defendeu ainda o modelo híbrido, que, segundo ela, “é importante para intensificar uma cultura de criatividade e engajamento”.

“O objetivo do novo modelo de trabalho é atender, com melhor qualidade e eficiência, as demandas de seus clientes públicos”, afirmou.

Os funcionários da Dataprev questionam esse argumento. Um manifesto escrito por eles diz que “o índice de absenteísmo apresentou queda vertiginosa [com o teletrabalho], indo de uma média de pouco mais de nove dias, em 2019, para uma média de menos de seis dias, de 2020 a 2022”.

Eles apontam também “um aumento de cerca de 50% do seu lucro do ano de 2019 para 2022, que não é decorrente de seu faturamento, visto que este se manteve estável próximo de R$ 1 bilhão”.

“Graças a esse novo modelo de trabalho neste ano foram pagos dividendos e JSCP [juros sobre capital próprio] à União e ao INSS na importância de R$ 389 milhões, ante os quase R$ 36 milhões pagos em 2020, mas referente ao resultado de 2019, pois em 2021, foram pagos quase R$ 191 milhões”, diz o texto.

A Folha de S.Paulo conversou com dois funcionários da Dataprev que querem manter o teletrabalho por motivos de saúde e que não moram mais na cidade onde são lotados.

O analista de TI Ivan Linhares trabalhava no Rio de Janeiro, mas hoje mora em Cachoeira Paulista (SP).

Na capital fluminense, ele desenvolveu síndrome do pânico. A isso se somou um problema na coluna pouco antes de a pandemia da Covid chegar ao Brasil.

“Com a pandemia vi que era possível fazer todas as atividades em teletrabalho, inclusive trabalho ainda mais porque poupo o tempo com várias coisas, como o transporte”, disse.

Giuliane Souza também deixou o Rio de Janeiro. Ela se mudou para Manaus assim que a empresa permitiu morar em uma cidade diferente.

“Tenho seis anos de Dataprev, tenho problema de saúde e tirei 25 dias em dois anos e meio até o começo da pandemia. De três anos e meio para cá, eu me ausentei em oito dias, sendo que três foram por licença psiquiátrica por causa do retorno ao presencial”, contou.

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