É de 2017 foto que mostra caminhão jogando terra em canal da Transposição do São Francisco: Postagens
mostram um caminhão descarregando terra no canal e alegam que o atual
governo fechou as comportas, mas a imagem é de 2017, portanto não mostra
uma situação recente. Veja mais aqui.
Vídeo engana ao atribuir a governo Lula problema em bomba da Transposição do São Francisco: Posts
alegam que a Transposição do Rio São Francisco está sem água desde
janeiro e que os donos de carros-pipa estão se beneficiando com isso,
mas não havia vazão de água na Estação de Bombeamento EBI-3 por um
problema apresentado ainda em 2022, no governo Bolsonaro Além disso, não
foram relatados problemas de abastecimento nos Estados atendidos. Leia mais.
Entenda o que é a Transposição do São Francisco e como a polarização intensifica a desinformação sobre a obra: Duas reportagens publicadas em parceria com o Projeto Comprova, iniciativa de checagem que o Estadão Verifica integra,
explicam o que é a Transposição e os motivos de ela ser alvo frequente
de boatos e informações enganosas nas redes sociais. Acesse os
conteúdos aqui e aqui.
É falso que governo Lula mandou desligar bombeamento de água da Transposição do São Francisco: Um
vídeo mostrando um trecho de um canal seco circula com legendas
afirmando que o governo Lula desligou as bombas. Na realidade, além de
as bombas não terem sido desligadas, a água do Projeto de Integração do
Rio São Francisco (PISF) só é liberada nos canais sob demanda dos
estados. Confira a íntegra.
É enganoso vídeo que relaciona protesto em Pernambuco a Lula e à transposição do São Francisco: Publicações
relacionam, de forma enganosa, protestos realizados em Pernambuco com a
transposição e o presidente Lula. Na realidade, o protesto teve o
objetivo de chamar a atenção do governo federal para a situação de
desabastecimento de água nos Perímetros Irrigados da região de Iparica,
sistema que não faz parte do PISF. Leia a checagem.
É falso que comportas da Transposição no Ceará estejam fechadas por decisão de Lula: Ao
cobrar do presidente Lula que abra as comportas da Transposição, o
autor de um vídeo desinforma sobre o abastecimento do açude Castanhão,
no Ceará. As águas do PISF ainda não chegam ao reservatório e não há
crise hídrica no estado. Confira aqui.
Vídeo mostra canaleta de drenagem, não canal da Transposição sem água na Paraíba: Ao
contrário do que alegam postagens nas redes sociais, vídeo não mostra
um canal usado para levar água da Transposição para a Paraíba, e sim uma
canaleta de drenagem de água da chuva que fica, normalmente, na lateral
dos canais. Acesse a checagem.
É falso que Lula tenha mandado ‘entupir’ barragem para que água da Transposição não chegue em PE: As
imagens de um vídeo compartilhado no Instagram mostram uma barreira
entre o reservatório Negreiros e as comportas da barragem por onde passa
a água da Transposição que vai para o Ceará. Trata-se, na verdade, de
uma estrutura chamada ensecadeira de terra que foi instalada no local
por conta de uma manutenção na estação de bombeamento EBI-3, que
apresentou problemas no ano passado. Leia mais.
Canal da transposição na Paraíba está com vazão reduzida devido a obra em reservatório: É
enganoso um vídeo que compara o volume de água da Transposição na
Paraíba em dois momentos distintos. O autor fez duas gravações no mesmo
local na região de São José de Piranhas: agosto de 2022, com fluxo de
água corrente, e 31 de março de 2023, com vazão menor. As imagens foram
feitas no trecho que leva água até o reservatório Engenheiro Avidos, que
teve a capacidade reduzida para a realização de obras de reparo. Saiba mais neste link.
Trecho do Eixo Norte da Transposição do São Francisco não foi fechado pelo governo Lula: É
enganoso o vídeo que compara dois momentos das cascatas da Barragem de
Jati (CE), no Eixo Norte da Transposição, com água e sem água, e atribui
ao governo Lula o fechamento do equipamento. O atual governo não
desligou deliberadamente o sistema com a intenção de prejudicar a
população. Leia aqui.
Canal no Ceará está sem água do São Francisco desde novembro: Um
trecho do Cinturão das Águas do Ceará (CAC), nas imediações do Riacho
Seco, município de Missão Velha, estava sem receber água da Transposição
em janeiro porque não há demanda programada para esta época do ano, e
não porque o governo federal optou por desligar deliberadamente o
bombeamento no local, como afirmam posts nas redes sociais. A vazão é
liberada no período chuvoso. Confira a verificação completa.
É falso que Lula tenha desligado bomba do São Francisco; vídeo de ciclista não é na Transposição: São
falsos os conteúdos que usam o vídeo de um ciclista pedalando dentro de
um canal sem água para acusar Lula de ter interrompido o abastecimento
de água dos nordestinos. O local onde o ciclista pedala não é um canal
da transposição, e sim do Cinturão das Águas do Ceará (CAC), uma obra do governo do estado que ainda estava em construção naquele momento. Veja mais.
Fluxo de água na Barragem do Jati não foi interrompido por Lula para beneficiar donos de carros-pipa: Em
abril, quando esse conteúdo circulou, não havia fluxo de água descendo
pelas “cascatas” da Barragem de Jati, mas isso não ocorreu porque o
bombeamento foi interrompido intencionalmente pelo governo Lula, e sim
porque foi identificado em 2022 um problema de bombeamento. Confira os detalhes.
Morte de peixes na barragem de Oiticica não foi causada por fechamento de comportas da transposição: Um
vídeo de cardume represado em área com pouca água é verdadeiro, mas as
mortes de peixes não têm ligação com um suposto fechamento de comportas,
que não ocorreu. Um aumento do volume de chuvas na região provocou
transbordamento e um trecho da estrada de serviço da barragem se rompeu,
desviando a água para outro curso e fazendo com que a área
anteriormente abastecida fosse esvaziada e os peixes morressem. Leia a checagem.
Vídeos sobre fraudes em GPS de caminhões-pipa são de 2017 e 2019, não atuais: São
enganosos os posts que tentam imputar ao atual governo fraudes em
aparelhos GPS de caminhões da Operação Carro-Pipa. Vídeos sobre uma
fraude que existiu são verdadeiros, mas não foram feitos em 2023, e sim
nos anos de 2017 e 2021. Leia aqui.
Vídeo de homem mergulhando em canal no Nordeste foi gravado no governo Lula, não de Bolsonaro: Um
vídeo em que um canal aparece cheio de água no Nordeste circula como
tendo sido gravado em 2022, porém a gravação é de 2023, portanto, no
governo de Lula, e não de Jair Bolsonaro (PL).
Casos como o de Telmário Mota ou do deputado Carlos Alberto da Cunha
mostram que, nos parlamentos brasileiros, acusados de crimes contra
mulheres ainda circulam pelos corredores numa boa.Nas aulas de história
do Brasil, estudamos sobre o coronelismo, uma época em que homens
poderosos andavam armados e mandavam matar seus desafetos ou mulheres
que criassem “problemas demais”.
Esses sujeitos eram também os poderosos da política, que muitas vezes
era feita na base do tiro. Pois bem. O ano é 2023. Mas alguns fatos nos
mostram que a época dos coronéis, que data do início do século 20,
continua viva.
Esta semana, tivemos um triste exemplo disso. O político Telmário
Mota, que foi senador por Roraima de 2015 a 2023, foi preso pela polícia
em Goiás na noite desta segunda-feira (30/10), depois de ser
considerado foragido pela polícia. Ele é acusado de mandar matar Antônia
Araújo de Souza, sua ex-companheira e mãe de uma de suas filhas.
A mulher foi assassinada com um tiro na cabeça em 29 de setembro,
quando saía de casa para trabalhar em Boa Vista, Roraima. Seus
matadores, segundo testemunhas, passaram numa moto.
A decisão de “mandar matar”, segundo os investigadores, teria sido
tomada numa reunião numa fazenda do senador, no maior estilo
coronelismo. A moto usada pelo crime teria sido preparada por uma
ex-assessora do político. Sim, uma mulher que trabalhou no Senado seria
cúmplice desse crime.
Acusação de estupro pela filha
O “motivo” do assassinato (entre aspas, mesmo, já que não existe
razão para mandar matar alguém) torna tudo ainda mais triste: o senador
teria mandado matar a ex por ela ser testemunha numa denúncia de estupro
que sua filha fez contra ele. Como esse homem foi senador por oito
anos?
O caso é pavoroso. Em agosto de 2022, sua filha com Antônia, então
com 17 anos, acusou o pai de estupro. Segundo a menina, que registrou
boletim de ocorrência junto com a mãe, Telmário teria “tocado suas
partes íntimas” e “tentado arrancar sua roupa” dentro do carro, em pleno
Dia dos Pais. O horror absoluto.
Ao ler essa história, nos perguntamos: mas como Telmário Mota, um
homem acusado desses crimes bárbaros contra mulheres, pode ter ocupado
uma cadeira no Senado Federal por oito anos? A resposta é triste: porque
nos parlamentos brasileiros, suspeitos de agredirem mulheres ainda
circulam pelos corredores numa boa.
Deputado federal réu por agressão
Na semana passada, tivemos outro exemplo que prova que ser acusado de
violência contra mulher não é o suficiente para destruir a carreira de
um político. O deputado federal e youtuber Carlos Alberto da Cunha, do
PP, virou réu por lesão corporal decorrente de violência doméstica,
ameaça e dano qualificado a uma mulher.
Da Cunha é acusado de agredir sua ex-namorada, a nutricionista Betina
Grusiecki, no dia 14 de outubro. Segundo ela, o ex a teria espancado,
ameaçado de morte e destruído seus pertences. O deputado nega as
acusações.
Até o fechamento desta coluna, o delegado ainda não havia sido
suspenso da Câmara dos Deputados nem do seu partido. Em nota, o PP
informou que vai esperar o resultado final do inquérito. Ele também,
pasmem, não perdeu o direito de andar armado. Sim, o juiz do caso
afirmou que Da Cunha, por ser deputado e delegado, continuava tendo
direito de portar uma arma.
Já é absurdo que parlamentares andem por aí no parlamento, a casa do
povo, armados. O que dizer de um acusado de uma violência dessas? Você
se sentiria tranquila sabendo que um colega de trabalho seu, réu por
violência doméstica, está indo trabalhar carregando uma arma? Isso seria
absurdo em qualquer lugar. No parlamento, onde são votadas as leis,
incluindo aquelas que dizem respeito às mulheres, é ainda mais
escandaloso. As leis que podem nos proteger serão votadas por
agressores? Como assim?
No país onde uma mulher é vítima de violência doméstica a cada quatro
horas, os agressores ocupam lugares de destaque até nas instituições
públicas de poder. Isso precisa mudar. É hora de enterrar, de uma vez, o
coronelismo no Brasil.
_____________
Nina Lemos é jornalista e escritora. Escreve sobre feminismo e
comportamento desde os anos 2000, quando lançou com duas amigas o grupo
“02 Neurônio”. Já foi colunista da Folha de S.Paulo e do UOL. É uma das
criadoras da revista TPM. Em 2015, mudou para Berlim, cidade pela qual é
loucamente apaixonada. Desde então, vive entre as notícias do Brasil e
as aulas de alemão.
O texto reflete a opinião da autora, não necessariamente a da DW.
LONDRES (Reuters) – Em Los Angeles, um homem gritando “matem os
judeus” tenta invadir a casa de uma família. Em Londres, dizem às
meninas num parquinho que elas são “judias fedorentas” e que deveriam
ficar longe do escorregador. Na China, publicações que comparam judeus a
parasitas, vampiros ou cobras proliferam nas redes sociais, atraindo
milhares de “curtidas”.
Estes são exemplos de incidentes de antissemitismo, que aumentaram
globalmente desde o ataque dos homens armados do Hamas ao sul de Israel,
em 7 de Outubro, e a subsequente guerra contra o grupo islâmico
iniciada por Israel na Faixa de Gaza.
“Este é o momento mais assustador para ser judeu desde a Segunda
Guerra Mundial. Já tivemos problemas antes, mas as coisas nunca foram
tão ruins na minha vida”, disse Anthony Adler, de 62 anos, falando do
lado de fora de uma sinagoga onde foi rezar em Golders Green, um bairro
londrino com uma grande comunidade judaica.
Adler, que dirige três escolas judaicas, fechou temporariamente duas
delas depois de 7 de outubro por temer ataques a alunos, e reforçou a
segurança em todas as três.
“O maior medo é que haja um ataque aleatório à nossa comunidade, às nossas famílias e aos nossos filhos”, disse ele.
Nos países onde estão disponíveis números provenientes da polícia ou
de grupos da sociedade civil, incluindo os Estados Unidos, Reino Unido,
França, Alemanha e África do Sul, o padrão é claro: o número de
incidentes antissemitas aumentou desde 7 de Outubro em várias centenas
por cento em comparação com o mesmo período do ano passado.
Em alguns países, como os Estados Unidos e o Reino Unido, os incidentes islamofóbicos também aumentaram desde 7 de Outubro.
No caso dos incidentes antissemitas, a maioria consiste em abuso
verbal, insultos ou ameaças online, pichações e desfiguração de
propriedades, empresas ou locais judaicos de importância religiosa. As
agressões físicas representam uma proporção significativa.
Um ponto comum é que a raiva pelas mortes de milhares de palestinos
como resultado do bombardeio de Gaza por Israel é invocada como
justificativa para a agressão verbal ou física contra os judeus em
geral, muitas vezes acompanhada pelo uso de calúnias e termos enraizados
na longa história do antissemitismo.
“Qualquer que seja a sua opinião sobre o conflito, mesmo que sejam
extremamente críticos da política do governo israelense, os judeus são
para eles iguais a Israel, iguais a matar crianças palestinas”, disse a
cientista política Nonna Mayer, membro do grupo francês CNCDH, uma
comissão independente de direitos humanos, descrevendo o que se passa
nas mentes daqueles por trás dos incidentes antissemitas.
O clima de medo é pior para muitos judeus do que em anteriores
aumentos de antissemitismo ligados a surtos de violência no Oriente
Médio, em parte devido à intensidade do conflito em Gaza e em parte
devido ao trauma de 7 de Outubro.
“A ideia de que Israel era o abrigo definitivo foi totalmente destruída pelo que aconteceu em 7 de outubro”, disse Mayer.
O incidente antissemita mais assustador a nível global foi o ataque a
um aeroporto na região russa do Daguestão, no domingo, por uma multidão
enfurecida que procurava judeus para ferir, depois de um voo ter
chegado de Tel Aviv.
O rabino Alexander Boroda, presidente da Federação das Comunidades
Judaicas da Rússia, disse em resposta que o sentimento anti-israelense
tinha se transformado numa agressão aberta aos judeus russos.
Shneor Segal, rabino no Azerbaijão, afirmou que o incidente mostra
que “os antissemitas usam qualquer desculpa — a atual crise do Médio
Oriente é apenas a mais recente — para aterrorizar os poucos de nós que
ainda restam” no Cáucaso.
Em Buenos Aires, foi pedido aos alunos de uma conhecida escola
judaica que não usassem os seus uniformes habituais para serem menos
facilmente identificáveis, segundo os pais. Outras escolas cancelaram
acampamentos e atividades planejadas fora das suas instalações.
(Reportagem adicional de Layli Foroudi, Julia Harte, Chen Lin,
Maytaal Angel, Andrew Osborn, Carien du Plessis, Steven Grattan, Eliana
Raszewski, Wa Lone, Thomas Escritt e Stephanie Van Den Berg)
Uma das principais dúvidas hoje no mercado é: quais são as áreas em
que é possível aplicar Inteligência Artificial? A tecnologia que tem
ganhado cada vez mais notoriedade e espaço nas empresas, pode ser
responsável por um crescimento de US$ 14 trilhões no PIB mundial até
2035, de acordo com dados da Accenture. Além disso, é possível aumentar
em 40% a produtividade dos negócios.
Grandes companhias como Bradesco, Netflix, Uber, Amazon e Google já
realizam testes e muitas marcas estudam possibilidades. Além disso, a IA
também pode ser útil na carreira profissional. Porém ainda existe um
mundo de dúvidas, pensando nisso, separamos alguns especialistas de
áreas como tecnologia, inovação, saúde, mobilidade e finanças, que
mostram como a IA pode ser usada em diferentes setores.
Devo usar IA na minha empresa? Veja as áreas que podem aplicar tecnologia para impulsionar os negócios
Tecnologia revoluciona setores estratégicos como Logística, Saúde, Finanças e Marketing, trazendo mais eficiência e agilidadade.
Mais do que automatizar tarefas, a IA está transformando
fundamentalmente a maneira como as companhias operam e alcançam seus
objetivos. Para se ter uma ideia, o mercado de IA deve atingir US$ 1,3
trilhão em 2032, de acordo uma projeção da BlackRock. Também se estima
que as inteligências artificiais aumentem em até 40% a produtividade dos
negócios, conforme dados da Accenture, o que leva à iminente e
crescente adoção da IA nos processos corporativos.
Tantos dados demonstram que a IA não é mais apenas uma tendência
passageira, mas sim uma necessidade real para as organizações se
manterem ativas em um mercado global em constante evolução. Dessa forma,
especialistas apontam o potencial desta tecnologia e como ela pode
estar presente em diversas frentes. Confira, a seguir, os principais
setores de aplicação da IA:
Engenharia
A IA vem sendo gradualmente implementada nos canteiros de obras para
aprimorar a eficiência, melhorar a segurança e reduzir os custos e os
prazos de entrega.
“Ela pode ser usada para analisar dados e prever falhas e atrasos,
monitorar o uso de equipamentos e materiais, otimizar projetos e
minimizar desperdícios, o que representa uma vantagem significativa para
as empresas de construção. A implementação da IA resulta em medições
mais precisas, um controle de qualidade mais eficaz e até mesmo na
prevenção de acidentes”, destaca André Medina, responsável pela Vetor
AG, programa de inovação aberta da Andrade Gutierrez.
Transporte e logística
A logística e o transporte de pessoas e cargas podem ser
especialmente beneficiados com o uso das inteligências artificiais,
maximizando a eficiência e a otimização de tarefas. “A tecnologia está
desempenhando um papel significativo na melhoria das operações de
transporte. Essa ferramenta possibilita previsão de demanda,
personalização das jornadas, compreensão de padrões de tráfego e mais
agilidade no dia a dia”, pontua Bruno Muniz, sócio-executivo da Gaudium.
Saúde
A IA pode contribuir com análise de dados e identificação de padrões
que auxiliam o time de saúde no diagnóstico e no tratamento de doenças.
“A Inteligência Artificial ainda está sendo aperfeiçoada na área da
saúde, mas com as informações corretas é possível analisar e entender o
comportamento dos pacientes, avaliar os riscos e sugerir tratamentos
preventivos. Com essa tecnologia, o time de saúde consegue ter mais
clareza das urgências, ser mais eficiente, ter menos desperdício e, o
mais importante, dar maior acesso à saúde para quem mais precisa.”,
explica Guilherme Salgado, médico e CEO da 3778, healthtech
especializada em saúde corporativa através de IA.
Marketing e Relacionamento Digital
Nas organizações, utilizar as ferramentas de marketing aliadas a IA
contribui para a análise de comportamento do usuário e fornece suporte
na gestão de anúncios, recomendando possíveis itens de compra conforme
as preferências de navegação.
“Além da gestão de anúncios, a Inteligência Artificial pode
contribuir personalizando o conteúdo que chegará no cliente, aumentando a
quantidade de leads para um produto. Consequentemente, espera-se o
aumento das vendas,” explica Hawan Moraes, CEO e fundador da Simples
Inovação, empresa com foco em modelagem de negócios para o e-commerce.
Para o relacionamento, o uso de IA generativa aplicada aos chatbots
pode auxiliar no atendimento personalizado, analisando interações e
dados do cliente, fornecendo conversas humanizadas e precisas, gerando
maiores índices de satisfação.
“As marcas que utilizam os chatbots baseados em IA podem oferecer um
suporte completo nos canais de mensageria, como WhatsApp Business,
Instagram, aplicativos e e-mail. Esse processo pode ser feito 24 horas
por dia, priorizando uma boa navegação, desde a busca por um produto até
o envio de 2ª via de boleto, informação sobre prazos de entregas e
dúvidas. A tecnologia também permite gerenciar um grande fluxo de
clientes”, comenta Rafael Souza, CEO da Ubots, empresa especialista em
soluções de relacionamento digital.
Mercado financeiro
Apesar de novo, o Pix já pode ser considerado um dos principais meios
de pagamento usados no país, batendo o recorde de 168 milhões de
transações em um único dia, segundo o presidente do Banco Central.
Com o constante crescimento da utilização do Pix, a IA pode ser
essencial para evitar fraudes em sistemas bancários. “Mecanismos de IA
ajudam no monitoramento e atuam detectando comportamentos que possam ser
considerados suspeitos nas transações. A capacidade de análise da IA é
rápida e em massa, o que auxilia os sistemas bancários na eficiência do
serviço”, explica Victor Tavares, Founder & CTO da Aarin, tech-fin
especializada em Pix e embedded finance.
FANS TOKENS DA VALEON
Os Clubes de Futebol no Brasil e no Mundo estão alinhados fora de
campo e estão investindo em inovação e no mercado de criptoativos, mais
especificamente as Fans Tokens que são moedas digitais chamadas de CHILIZ(CHZ).
A novidade é atribuir um valor de ativo financeiro a um produto com o
qual o fã cria relacionamentos e experiências com o Clube de Futebol e
que antes era apenas um serviço sem valor de revenda ou de valorização
desse ativo. As Fans Tokens ajudam os clubes a melhorar a parte financeira.
Assim como nenhum elemento do marketing faz nada sozinho, não só em clubes, mas em qualquer empresa, as Fans Tokens
também precisam ter a imagem trabalhada para chegar ao consumidor de
forma clara, oferecendo algo que seja palatável e legível ao torcedor,
ou seja, as pessoas precisam entender do que se trata este ativo digital
para poder consumi-lo.
Como toda inovação, as Fans tokens ainda estão numa
fase inicial e todos nós estamos aprendendo com elas. Não podemos perder
de foco é que a tecnologia não pode ser o fim, a tecnologia é
simplesmente o meio e é a chave para o engajamento e temos que
compreender que a tecnologia pode gerar lucro, construir operações
sustentáveis, proteger a integridade da concorrência, desenvolver
multiplataformas e muito mais.
Engajar os fãs não é algo exclusivo do esporte. Pelo contrário, todas
as marcas querem encantar seus consumidores e engajá-los das mais
variadas formas. Descobrir essas formas é uma das muitas atividades de
quem trabalha com comportamento do consumidor.
Em marketing, podemos definir o engajamento do cliente como os
comportamentos espontâneos, interativos e cocriativos do consumidor,
principalmente em trocas não transacionais entre consumidor e empresa
para atingir seus objetivos individuais e sociais.
Em outro contexto, porém, podemos pensar no engajamento como um
estado de espírito motivacional relacionado à marca e dependente do
contexto de um cliente, caracterizado por níveis específicos de
atividade cognitiva, emocional e comportamental nas interações da marca.
E, nesse aspecto, surge um fator importante: como os consumidores
engajados fornecem referências e recomendações para produtos
específicos, o engajamento do cliente é um elemento-chave nas
estratégias das empresas para o desenvolvimento de soluções, de novos
produtos e retenção de clientes. É aqui que surge a ideia da
monetização.
A Startup Valeon cria as FANS TOKENS VALEON para premiar
uma enorme comunidade de consumidores que utilizam as redes sociais,
que são o nosso público-alvo, que são as pessoas que achamos que podem
realmente se beneficiar do nosso produto que é a Plataforma Comercial
Marketplace Valeon e muitas vezes não possuem o conhecimento básico de
como o nosso produto funciona.
As Fans Tokens são para aqueles que não querem
apenas ser espectadores, mas para aqueles que desejam ter um papel mais
ativo na comunidade das redes sociais.
A tokenização fornece novas maneiras inspiradoras de
classificar valor, criando novos ativos ou reinventado os tradicionais,
abrindo portas para melhoria de processos totalmente novos, fluxos de
receitas e envolvimento dos clientes com novas oportunidades.
Pensando nisso, a Startup Valeon através do seu Site, aposta na
possibilidade de trazer o consumidor que pode estar longe ou não conhece
a Valeon para perto da gente e ainda ser nosso colaborador participando
ativamente do nosso desenvolvimento, gerando transformações e tendo o
direito de fornecer conhecimentos específicos para o desenvolvimento do
Site.
Valor do Fan Token Valeon = R$ 1,00
Solicitamos a colaboração dos consumidores do Vale do Aço
para as oportunidades de influenciarem em algumas decisões do nosso
dia-a-dia e quanto maior o peso de suas opiniões, mais Fan Tokens irá
ganhar.
1 – Você pode auxiliar no desenvolvimento do nosso Site Valeon verificando alguma possibilidade de melhoria nele.
Prêmio: 50 Fan Token Valeon
2 – As Empresas, Serviços e Profissionais que desejarem
participar aderindo suas Publicidades e Propagandas ao Site Valeon terão
descontos.
Prêmio: 30% na mensalidade
3 – Sugestões de Internautas que queiram incluir ÁLBUNS DE MÚSICAS de até 150 MB NA COLEÇÃO DE MÚSICAS do Site Valeon.
BRASÍLIA. DF (FOLHAPRESS) – O avanço de partidos do centrão sobre
cargos do governo federal e sobre o Orçamento tem gerado críticas entre
aliados do presidente Lula (PT).
Na semana passada, Lula entregou o comando da Caixa Econômica Federal
ao servidor de carreira Carlos Vieira, que foi indicado pelo presidente
da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Ainda assim, partidos cobram mais verba
e cargos.
A pressão do centrão ocorre no momento em que o governo busca
garantir apoio no Congresso, sobretudo para a aprovação de pautas
econômicas.
O próprio Lula reconheceu que fez um acordo com PP e Republicanos
para a entrada dessas siglas no governo. Ele afirmou que “precisava
desses votos” no Legislativo.
“Eu fiz um acordo com o PP, com Republicanos, acho que é direito
deles, que gostariam de ter espaço com governo, indicar uma pessoa
[Vieira, indicado por Lira] que esteve na Caixa, já foi da Caixa, já
esteve no governo da Dilma, já foi do Ministério das Cidades, uma pessoa
que tem currículo para isso. E eles juntos têm mais de 100 votos, eu
precisava desses votos para continuar o governo”, disse na sexta-feira
(27).
No mesmo dia, a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR),
criticou a mobilização de parlamentares para controlar fatias ainda
maiores do Orçamento. A deputada afirmou, nas redes sociais, que
propostas para o governo pagar mais emendas “servem para atender apenas
interesses políticos insaciáveis”.
“No momento que o país precisa direcionar investimentos para o
crescimento e políticas públicas estruturantes, deputados querem obrigar
o governo a pagar emendas de comissões permanentes. É mais uma
intervenção indevida na aplicação do Orçamento da União”, escreveu
Gleisi na plataforma X, o antigo Twitter.
A deputada criticava discussões no Congresso para tornar impositiva a
execução das emendas de comissões, ou seja, obrigar o governo a pagar
uma verba que corresponde a R$ 7,5 bilhões em 2023. Se for aprovada,
essa mudança reduz o controle do governo Lula sobre a execução do
Orçamento de 2024, ano de eleições municipais.
A cúpula do Congresso ainda avalia outros caminhos para ditar o ritmo
da liberação das emendas e amarrar a execução da verba aos seus
interesses, desidratando ainda mais o poder do governo.
Como mostrou a Folha, o Palácio do Planalto busca formas de manter a
influência sobre o destino desses recursos. As conversas caminham para
um aumento no valor reservado para emendas do próximo ano, mas
preservando o poder do governo sobre essa cifra.
Ao se manifestar sobre a própria saída do cargo de presidente da
Caixa (para entregar o comando do banco ao centrão), Rita Serrano
agradeceu a Lula pelo convite para integrar o governo, mas disse nas
redes sociais que é “necessário e urgente pensar em outra forma de fazer
política”.
Rita Serrano ainda afirmou que espera deixar como legado “a mensagem de que é preciso enfrentar a misoginia”.
A mudança na Caixa também gerou crítica entre apoiadores de Lula em movimentos sociais e entidades ligadas a trabalhadores.
“A companheira Rita Serrano vinha fazendo um excelente trabalho na
Caixa. Infelizmente, perdemos um dos maiores instrumentos de
implementação de políticas públicas para o centrão”, disse o coordenador
geral da FUP (Federação Única dos Petroleiros), Deyvid Bacelar, nas
redes sociais.
“Precisamos melhorar a nossa correlação de forças no Congresso
Nacional elegendo parlamentares de esquerda, progressistas e
desenvolvimentistas que não deixem governos reféns dessas chantagens”,
escreveu Bacelar.
Em nota, a Fenag (Federação Nacional das Associações dos Gestores da
Caixa Econômica Federal) disse lamentar a saída de Rita Serrano. A
entidade disse que ela havia sofrido ataques e “travou uma batalha
ferrenha” no cargo, “mas não resistiu”.
A presidente da Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores
do Ramo Financeiro), Juvandia Moreira, também criticou a troca no
comando do banco.
“Não vamos aceitar que a política do governo passado seja
implementada na empresa, como o desmonte da empresa e da sua função de
banco público. Nem retrocessos na política da gestão de pessoas”, disse
ela, em nota publicada pela entidade.
Apesar de ter criticado a relação do centrão com Jair Bolsonaro
durante a campanha eleitoral, Lula aliou-se ao mesmo grupo e tem
repetido a entrega de cargos e verbas públicas em troca de apoio para
votações no Legislativo.
“Eu não fiz negociação com o centrão, eu não converso com o centrão,
vocês nunca me viram fazer reunião com o centrão. Eu só converso com
partidos políticos que estão aí legalizados, que elegeram bancadas.
Portanto com eles é que eu tenho que conversar, para estabelecer um
acordo”, disse Lula na semana passada.
A base do governo no Congresso é frágil. Recentemente, o Senado
chegou a rejeitar a indicação de Igor Roque para o comando da DPU
(Defensoria Pública da União).
Nas horas seguintes à troca na Caixa, porém, a Câmara destravou a
votação da proposta de taxação de offshores e de fundos de super-ricos.
As mudanças na Caixa e em ministérios para acomodar aliados do
centrão ainda reduziram a presença de mulheres em cargos de primeiro
escalão.
Lula culpou os partidos pela redução da presença feminina no
Executivo. “Quando um partido político tem que indicar uma pessoa e não
tem mulher, eu não posso fazer nada”, disse o presidente na última
semana.
A bancada do partido Novo na Câmara dos Deputados apresentou
um requerimento nesta 2ª feira (30.out.2023) para convocar o
diretor-geral da PF (Polícia Federal), Andrei Rodrigues, por suposta
interferência política na corporação.
O requerimento foi apresentado na CFFC (Comissão de Fiscalização
Financeira e Controle) depois de suposto procedimento interno aberto
contra o presidente da APCF (Associação Nacional dos Peritos Criminais
Federais), Willy Hauffe Neto. Eis a íntegra do documento (PDF – 162 kB).
CÂMARA DOS DEPUTADOS COMISSÃO DE FISCALIZAÇÃO FINANCEIRA E CONTROLE REQUERIMENTO PARA PRESTAR DEPOIMENTO (Da Sra. Adriana Ventura – NOVO/SP, do Sr. Marcel Van Hattem – NOVO/RS e do Sr. Gilson Marques – NOVO/SC) Solicita que seja convidado o Senhor Andrei Augusto Passos Rodrigues, Diretor-Geral da Polícia Federal, para prestar depoimento acerca de interferência política da cúpula da Polícia Federal. Senhor Presidente: Requer nos termos do art. 58, § 2°, V, da Constituição Federal, que seja convidado o Senhor Andrei Augusto Passos Rodrigues, Diretor-Geral da Polícia Federal, para prestar depoimento a esta Comissão de Fiscalização Financeira e Controle, acerca de indícios de interferência política da cúpula da Polícia Federal. JUSTIFICAÇÃO Por determinação do Senhor Andrei Augusto Passos Rodrigues, Diretor-Geral da Polícia Federal, a corregedoria deste órgão abriu processo disciplinar para apurar a conduta do perito Willy Hauffe Neto, presidente da Associação dos Peritos Criminais Federais (APCF), de acordo com a notícia veiculada pela Revista Veja1 , em 27/10/2023, com o título “Investigação da agressão a Moraes provoca embate interno na PF”. 1 https://veja.abril.com.br/brasil/investigacao-da-agressao-a-moraes-provoca-embate-interno-na-pf/ CD235388032500 Assinado eletronicamente pelo(a) Dep. Adriana Ventura e outros Para verificar as assinaturas, acesse https://infoleg-autenticidade-assinatura.camara.leg.br/CD235388032500 REQ n.453/2023 Apresentação: 30/10/2023 07:38:17.290 – CFFC Segundo a matéria, pode ser um caso de perseguição política – por meio do processo disciplinar – do servidor público que apontou desrespeito aos protocolos na apuração do caso. Qual é esse caso? A suposta agressão ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, ao se envolver em incidente com um grupo de brasileiros no aeroporto internacional de Roma. Segundo noticiado pela Veja e em outros meios, há duas versões para o episódio: o magistrado foi xingado e seu filho, Alexandre Barci, agredido; enquanto os acusados – o empresário Roberto Mantovani, sua mulher, Andrea, confirmam que houve a discussão, mas negam que a agressão tenha ocorrido. Acontece que as imagens do aeroporto de Roma, até agora divulgadas, não são claras e não elucidam se houve mesmo um tapa no filho do magistrado. Ademais, a supracitada associação divulgou uma nota questionando o fato de a análise dessas imagens terem sido realizadas por agente que não tem a atribuição pericial: “É preocupante que procedimentos não periciais possam ser recepcionados como se fossem ‘prova pericial’, uma vez que não atendem às premissas legais, como a imparcialidade, suspeição e não ter, obrigatoriamente, qualquer viés de confirmação, que são exigidas dos peritos oficiais de natureza criminal.”. Antes de determinar a instauração da sindicância contra o servidor, o Diretor-Geral da PF, de acordo com a matéria, fez chegar aos peritos que eles estariam ajudando a “defesa dos agressores” ao pôr em xeque os métodos utilizados na investigação. Se isso de fato ocorreu, é gravíssimo! A cúpula da Polícia Federal não poderia e não deveria nunca usar seu poder hierárquico como forma de intimidar servidores em prol de um interesse específico. Seria interferência política, senão abuso de autoridade. Mais preocupante, essa interferência violaria frontalmente o devido processo legal, a constituição de provas periciais e o direito de defesa. A Polícia Federal é um órgão de Estado, razão pela qual não pode ser vista pelo seu corpo diretivo como um instrumento intimidatório para ser usado ao bem querer pelo governante de plantão. Pelo exposto, observando-se a aludida competência constitucional desta Comissão para solicitar depoimento de qualquer autoridade ou cidadão, é fundamental que o Senhor Andrei Augusto Passos Rodrigues, Diretor-Geral da Polícia Federal, apresente-se a essa Casa para depor e elucidar os fatos ora expostos. CD235388032500 Assinado eletronicamente pelo(a) Dep. Adriana Ventura e outros Para verificar as assinaturas, acesse https://infoleg-autenticidade-assinatura.camara.leg.br/CD235388032500 REQ n.453/2023 Apresentação: 30/10/2023 07:38:17.290 – CFFC Sala das Sessões, em 27 de outubro de 2023. Deputada ADRIANA VENTURA (NOVO/SP) Deputado MARCEL VAN HATTEM (NOVO/RS) Deputado GILSON MARQUES (NOVO/SC
“A cúpula da Polícia Federal não poderia e não deveria nunca usar
seu poder hierárquico como forma de intimidar servidores em prol de um
interesse específico. Seria interferência política, senão abuso de
autoridade. Mais preocupante, essa interferência violaria frontalmente o
devido processo legal, a constituição de provas periciais e o direito
de defesa”, afirma o documento.
O requerimento do Novo foi apresentado depois de reportagem da revista Veja afirmar
que o diretor-geral da PF teria determinado a abertura por parte da
corregedoria da corporação de processo disciplinar para apurar a conduta
do presidente da associações dos peritos.
Rodrigues teria tomado a decisão depois de nota da entidade com
críticas à análise das imagens da suposta hostilização ao ministro do STF (Supremo
Tribunal Federal) Alexandre de Moraes. O episódio se deu no Aeroporto
Internacional de Roma, na Itália, e, por conta disso, os registros foram
enviados pelas autoridades do país.
Em nota de 6 de outubro, a APCF expressou “preocupação” e disse que os registros “não foram objeto de qualquer análise pericial ou técnicas de aprimoramento ou tratamento de imagens”. Eis a íntegra do documento (PDF – 329 kB).
“É preocupante que procedimentos não periciais possam ser
recepcionados como se fossem ‘prova pericial’, uma vez que não atendem
às premissas legais, como a imparcialidade, suspeição e não ter,
obrigatoriamente, qualquer viés de confirmação, que são exigidas dos
peritos oficiais de natureza criminal”, diz.
O OUTRO LADO
O Poder360 procurou a Polícia Federal nesta 2ª feira
(30.out.2023) para obter o posicionamento da corporação sobre o
requerimento do Novo e as acusações de suposta interferência política
por parte do diretor-geral. Os contato foi feito por e-mail às 17h45.
Até a conclusão e publicação deste texto, nenhuma resposta foi recebida.
Quando e se desejar expressar sua posição, este post será alterado para
incluir a declaração da PF a respeito do caso.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tinha uma tarefa difícil de
ser cumprida nesta segunda-feira: convencer o País de que o governo
ainda tem como meta zerar o déficit fiscal em 2024. Bem que ele tentou,
mas o presidente Lula da Silva tornou seu trabalho impossível.
Como reafirmar um compromisso sobre o qual já havia muito ceticismo
sem desautorizar o chefe? Havia pouquíssimas formas de fazê-lo de
maneira convincente, mas a convocação de uma entrevista, logo após uma
reunião entre Haddad e o presidente, alimentou expectativas.
Esperava-se de Haddad que dissesse que Lula não escolheu bem as
palavras ou foi mal interpretado. Não seria o primeiro nem o único
ministro da área econômica a fazê-lo. O que se viu, porém, foi bastante
constrangedor. Depois de um fim de semana de silêncio, Haddad ainda
achava que poderia tergiversar.
Primeiro, chegou ao Ministério acompanhado dos economistas Paulo
Picchetti e Rodrigo Alves Teixeira, nomes indicados para a diretoria do
Banco Central (BC). Numa segunda-feira normal, este seria um tema de
muito interesse da imprensa. Não era o caso.
Depois de apresentá-los, o ministro passou a meia hora seguinte a
repetir a importância de medidas para recuperar a arrecadação e a
lamentar decisões do Congresso, do Judiciário e de governos anteriores
que contribuíram para erodir a base fiscal. Sem corrigi-las, não seria
possível elevar as receitas – e este, segundo Haddad, teria sido o
contexto no qual Lula se baseou para reduzir a importância do déficit
zero.
Claro que não colou. Incisivamente questionado pelos jornalistas
sobre a meta fiscal do ano que vem, o ministro passou a responder às
perguntas com ironia e irritação. Por fim, referiu-se à meta de déficit
zero como “minha meta” e encerrou a entrevista no momento em que foi
instado a explicar claramente o que queria dizer com isso. Não
respondida, a dúvida era pertinente: afinal, a meta fiscal de Haddad é a
meta fiscal de Lula?
O ministro pode ter a meta que quiser, desde que esteja combinado com
seu chefe. Do contrário, não será uma meta crível. Desde sempre, todos
sabiam, inclusive dentro do governo, que a meta de déficit zero era
utópica, e nunca ficou claro como Haddad pretendia reverter o rombo das
contas públicas em tão pouco tempo sem anunciar medidas estruturais para
aumentar impostos ou reduzir os gastos públicos.
Que a base fiscal do governo tem sido corroída nos últimos anos não é
segredo para ninguém. A maior evidência disso é que as receitas não têm
acompanhado o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). O superávit
pontual atingido em 2022 não teria sido alcançado se não fosse a
disparada das cotações do petróleo.
As despesas, por outro lado, têm subido de forma constante nos
últimos anos e tiveram um impulso extra, muito além do necessário para
recompor o Orçamento destroçado pelo então presidente Jair Bolsonaro, na
emenda constitucional da transição – e isso no primeiro ano de mandato
de Lula, período preferencial para os governantes adotarem medidas mais
austeras.
Atingir o déficit zero era impossível. O que todos queriam saber é se
Haddad ainda contava com o respaldo político do presidente para
perseguir ativamente a meta e defendê-la. Sua irritação demonstrou que
não.
O incômodo do ministro é compreensível, mas ele terá de começar a se
acostumar. As enfáticas perguntas dos repórteres, que Haddad não gostou,
voltarão a ser feitas pelo setor produtivo, pelos investidores e pelos
parlamentares.
Durante a entrevista, o dólar voltou a se valorizar ante o real, a
despeito da onda de enfraquecimento da moeda norte-americana no
exterior; o Ibovespa caiu, descolado da alta registrada nos mercados
internacionais; e os juros futuros continuaram a subir, embora seja
esperado que o Banco Central anuncie uma nova redução dos juros amanhã.
Não foi um movimento meramente especulativo, mas demérito do
desacreditado Haddad.
Não é improvável que deputados e senadores, ao discutirem a Lei de
Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024, se sintam à vontade para propor a
alteração da meta à revelia do ministro. Mas, se hoje Haddad sangra em
praça pública, a culpa não é das perguntas incisivas da imprensa. É da
sinceridade irresponsável do presidente da República.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), disse que “insatisfações pontuais” não contaminam “o sentimento geral de que com a economia não é possível brincar”. Por isso, segundo o congressista, temas econômicos, como a reforma tributária, vão avançar ainda em 2023.
“A minha percepção e a percepção geral do Senado é de uma
prioridade, de uma importância muito grande da pauta econômica para o
Brasil”, afirmou em entrevista ao jornal Valor Econômico publicada nesta 2ª feira (30.out.2023), acrescentando que há tempo para que as medidas sejam aprovadas neste ano: “Temos novembro e dezembro para poder cumprir essa missão, lembrando que nós já aprovamos muitos outros projetos ao longo do ano”.
Pacheco afirmou que medidas “de sustentação para o regime fiscal” são prioridades e que haverá no Senado “colaboração” para que “projetos bons” sejam aprovados.
“Eventuais e pontuais insatisfações não contaminam o sentimento
geral de que com a economia não é possível se brincar. É preciso ter a
solidez da nossa economia com a aprovação de propostas e projetos que
sejam sustentáveis”, disse. “Isso está muito além de eventuais
insatisfações de parlamentares com o governo. O sentimento geral em
relação à reforma tributária é de senso de importância, da sustentação
do marco fiscal, da lei orçamentária igualmente”, completou.
Conforme o senador, a reforma tributária “é muito importante para o Brasil, para a simplificação tributária e para o desenvolvimento econômico”. Por isso, deve haver “o comprometimento de buscar vê-la aprovada no mês de novembro”.
Pacheco classificou como temas “igualmente importantes” alguns projetos “referentes ao Judiciário”. Entre eles, “o fim da reeleição, ou uma discussão acerca do fundo eleitoral e do Código Eleitoral”.
O presidente do Senado disse: “Em relação ao Poder Judiciário, há
uma previsão, nesse mês de novembro, de apreciarmos o projeto de lei
que define as verbas indenizatórias. Ele busca reduzir ou acabar com
aquelas situações chamadas de supersalários no âmbito do Judiciário”.
Questionado sobre como fica a relação com o STF (Supremo Tribunal
Federal) diante do avanço de pautas sobre o Judiciário, Pacheco
respondeu: “A proposta que regula as decisões monocráticas e também a
dos mandatos de ministros do STF são muito positivas para a Corte. Não
há de nossa parte nenhum tipo de animosidade ou de acirramento, e
tampouco de retaliação”.
E completou: “Temos de fazer as coisas que são importantes para o
Brasil, independentemente da versão que se queira dar a elas. O fato é
que o mandato de ministro do Supremo Tribunal Federal é algo adotado em
diversos países. É fato também que diversos ministros atuais e
anteriores à Suprema Corte defenderam ou defendem o mandato. É fato
também que eu, na minha reeleição, ao rechaçar as ideias de impeachment
de ministros e de aviltamento da instituição, eu dizia que o nosso papel
era legislar para propor inclusive o mandato de ministro do Supremo. É
uma discussão honesta, propositiva”.
Que o Brasil é extremamente desigual não é novidade para ninguém. Mas
como exatamente essa desigualdade se distribui na sociedade? E o que
isso significa para traçar melhores estratégias de distribuição de renda
e redução da pobreza?
Essas são algumas das questões centrais do livro “Os ricos e os
pobres: O Brasil e a desigualdade” (Companhia das Letras), nova obra do
sociólogo Marcelo Medeiros, pesquisador no Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (Ipea) que há décadas estuda o tema e atualmente é
professor visitante na Universidade Columbia, em Nova York.
Ao tentar explicar quem, afinal, são os ricos e os pobres
brasileiros, Medeiros constata que o Brasil é formada por uma grande
massa de pessoas de baixa renda, que compõe cerca de 80% da população.
Dentro desse grupo, descreve o sociólogo, a desigualdade é
relativamente pequena. Há, claro, diferenças de renda dentro dessa
massa, mas numa proporção muitíssimo menor do que a desigualdade que se
vê no topo da pirâmide.
Para se ter uma ideia, analisando a distribuição de renda em valores
de 2021, o livro destaca que metade dos adultos brasileiros não ganha
mais de R$ 14 mil ao ano (menos de R$ 1.200 na média mensal).
Mesmo entre os “mais ricos” dentro dos 80% mais pobres o ganho anual
não supera R$ 31 mil (cerca de R$ 2.600 na média mensal). Isso significa
que quatro quintos da população adulta ganham menos que a média de um
adulto brasileiro (cerca de R$ 33 mil ao ano).
Isso acontece porque o topo da pirâmide tem renda tão mais alta que
puxa a média da renda para muita acima do que a maioria ganha de fato.
No caso do grupo dos 10% mais ricos, a renda não começa tão elevada.
Os “mais pobres” desse grupo ganham em torno de R$ 50 mil por ano. Isso
equivale ao salário aproximado de R$ 3.800 mensais de um trabalhador
formal, que recebe décimo terceiro e adicional de férias, ressalta o
autor.
A partir daí, porém, os patamares de renda começam a crescer num
ritmo super acelerado, constata o livro. O 1% mais rico, por exemplo, é
um grupo de pouco mais de 1,5 milhão de pessoas que ganham, no mínimo,
R$ 340 mil por ano – quase sete vezes mais que aqueles que estão no
começo dos 10% mais ricos. Mas as rendas do topo desse grupo vão muito
além, enfatiza o autor.
“A maior parte da desigualdade do Brasil está nos 10% mais ricos.
Eles são um grupo terrivelmente desigual”, resumiu, em entrevista à BBC
News Brasil.
E a desigualdade no topo não é apenas de nível de renda, mas de como
essa renda é taxada, destaca Medeiros. Trabalhadores assalariados, por
exemplo, tendem a pagar um imposto mais alto que profissionais liberais
ou investidores.
“Algumas dessas pessoas (no grupo dos 10% mais ricos) estão pagando
bastante Imposto de Renda, por exemplo, e outras estão pagando muito
menos Imposto de Renda”, afirma.
Aumentar a progressividade da tributação – ou seja, cobrar mais de
quem ganha mais – é uma das medidas necessárias para promover a
distribuição de renda, defende o sociólogo, mas nem de longe é
suficiente. Na sua visão, enfrentar a colossal desigualdade brasileira
tem que estar em toda a política de governo.
O próprio crescimento da economia, defende, precisa ser pensado como
um crescimento pró-pobre. Ou seja, um crescimento que puxe a renda da
base ao invés de beneficiar essencialmente o topo, como vem ocorrendo.
“Mais ou menos metade de todo o crescimento brasileiro está indo para as mãos só de 5% da população”, crítica.
Medeiros reconhece que é uma tarefa para décadas, que provocará muita
resistência das elites e depende de “mobilizar um capital político
monstruoso”.
“Reduzir dramaticamente a desigualdade e a pobreza no Brasil vai
envolver muita mobilização política porque o problema é político antes
dele ser enfrentado do ponto de vista econômico”.
Confira a seguir os principais trechos da entrevista, feita por telefone e editada por concisão e clareza.
BBC News Brasil – É amplamente sabido que o Brasil é muito
desigual. O que maioria das pessoas não sabe sobre a desigualdade
brasileira?
Marcelo Medeiros – O ponto de partida desse livro é a
constatação de que o Brasil é extremamente desigual e há uma grande
massa de população de baixa renda que é separada de uma elite que é
pequena, mas é bem mais rica do que a maior parte da população.
Algo como 80% da população são muito parecidos. A maior parte da
desigualdade brasileira está na diferença entre os 10% mais ricos e o
resto da população e as desigualdades internas dentro desse grupo dos
10% mais ricos.
Talvez não falte informação técnica (sobre a desigualdade), talvez
falte interpretar o que isso significa. Eu vou lhe dar um exemplo.
Estatisticamente a gente tem definições com linhas de pobreza. Quando
você diz que uma linha de pobreza de 1,9 dólar ppp (taxa de câmbio que
leva em conta o poder de compra do dinheiro local) define pobreza
globalmente e essa linha aplicada no Brasil (o equivalente à cerca de R$
5 por dia por pessoa, em valores de 2020) dá 12% da população, as
pessoas sabem disso. O que elas não conseguem muito bem é ver o que isso
significa.
Então eu tentei no livro traduzir essa noção estatística para algo
concreto, como dar uma dimensão das privações gigantescas que uma mãe
vai ter que fazer para comprar o material escolar da sua filha porque
ela é pobre. Quantos dias ela vai precisar parar de comer para comprar
um livro de matemática, por exemplo.
Então, talvez não seja uma questão de saber (que há muita
desigualdade), talvez seja mais uma questão de incorporar isso de forma
concreta e de começar a exigir a incorporação dessas coisas na
formulação das políticas.
BBC News Brasil – Você diz que há uma grande massa de pessoas
de baixa renda não muito diferentes entre si, enquanto há muita
desigualdade entre os 10% mais ricos. Qual a implicação para o desenho
das políticas contra a desigualdade?
Marcelo Medeiros – Isso traz duas implicações
iniciais. A primeira é lembrar que uma linha de pobreza (no Brasil)
divide uma população muito parecida de forma bastante artificial. E,
porque existe pouca diferença entre os pobres e as pessoas de baixa
renda, a gente não deve desenhar política ignorando que, ainda que as
pessoas não sejam pobres, elas precisam muito das políticas públicas
para tudo que elas fazem. Precisam muito da Previdência, dos serviços de
saúde, dos serviços educacionais. Em alguma medida, elas também
precisam de assistência (social).
Então, a gente não deve separar de maneira artificial demais os
pobres das pessoas de baixa renda porque, na verdade, a massa de
população brasileira é de baixa renda.
Outra coisa é importante é que as pessoas não são pobres, a maior
parte das pessoas está pobre. Existe muita entrada e saída continuamente
em torno da pobreza (pessoas cuja renda oscila abaixo e acima da linha
de pobreza), e a gente também tem que aprender a lidar melhor com isso.
Isso do lado dos pobres. Do lado dos ricos, é importante parar de
achar que existe um ponto a partir do qual se identifica claramente quem
são as pessoas ricas. Não é a partir dos 10% (com maior renda), não é a
partir dos 5% (com maior renda), não é a partir do 1% (com maior
renda), porque todos esses grupos são extremamente heterogêneos.
Uma das implicações disso é que a gente deve focar melhor na
progressividade de algumas políticas como, por exemplo, a tributação.
Temos que melhorar nosso sistema tributário para lidar com o fato de que
você está arrecadando renda de uma população extremamente desigual.
Tratar uma pessoa que está no 1% (de maior renda) da mesma forma que
se trata a pessoa que está nos 10% (de maior renda) não é bom, assim
como tratar uma pessoa que está no 0,1% (de maior renda) da mesma forma
que você trata uma pessoa que tá no 1% (de maior renda), também não é
bom. A gente tem que melhorar os nossos mecanismos de progressividade em
tudo, inclusive no Imposto de Renda.
BBC News Brasil – Como avalia as ações do governo Lula nesses dez primeiros meses para combater desigualdade?
Marcelo Medeiros – Eu não estou fazendo
acompanhamento das políticas no detalhe que precisaria para te dar uma
resposta minimamente sólida sobre isso, e algumas medidas vão ser de
longo prazo também. Eu tenho feito muito pouco avaliação de conjuntura
pelo fato de ter saído do Brasil.
BBC News Brasil – O que deveria ser priorizado pelo governo para reduzir desigualdade no Brasil?
Marcelo Medeiros – Achar que há uma solução simples
para um problema dessa magnitude não ajuda a resolver o problema. É um
problema incrivelmente difícil, vai levar muito tempo, vai mobilizar um
capital político monstruoso, porque, no fundo, você não produz um país
com o nível de desigualdade brasileira só com um conjunto de fatores
isolado.
Toda política tem que levar desigualdade em conta. Portanto, não
existe uma prioridade. Não é uma questão, por exemplo, de educação, não é
uma questão de apenas tributar as pessoas mais ricas, é uma combinação
de uma série de políticas que vai tornar o Brasil um país menos
desigual.
A ideia de fazer o livro é trazer conhecimentos sobre a desigualdade
no Brasil para que esses conhecimentos possam ser incorporados em todas
as políticas, e não apenas um conjunto específico de políticas.
BBC News Brasil – No livro, você aponta que a redução da
pobreza e da desigualdade exige ações em várias frentes, como mais
acesso à educação, mais serviços de proteção social, mudanças na
tributação, além de crescimento econômico. Como fazer isso com as
restrições fiscais que o governo enfrenta?
Marcelo Medeiros – Uma coisa que você mencionou, na
verdade, não é importante para combater a desigualdade, que é a
necessidade do crescimento econômico. Isso porque não existe o
crescimento econômico do país. No Brasil, quem cresce (economicamente)
são algumas pessoas e outras não, umas mais e outras menos. Então, é
errado falar do Brasil crescendo, o certo é falar de quem no Brasil está
crescendo mais e quem está crescendo menos.
Um crescimento pró-pobres é completamente diferente de um crescimento
pró-ricos, embora o resultado final possa ser a mesma taxa de
crescimento (do PIB). Então, na verdade, o que o Brasil precisa não é de
crescimento, o que o Brasil precisa é de um crescimento pró-pobres. No
sentido amplo da palavra, pró-pobres significando toda a população de
baixa renda.
BBC News Brasil – O que fazer para o crescimento ser mais pró-pobre?
Marcelo Medeiros – Realmente, não existe uma
resposta simples para isso. A gente vai ter (que enfrentar) barreiras de
natureza política, barreiras no conflito distributivo, vai ter
limitações de natureza fiscal, muita coisa para ser administrada aí.
Talvez, parte dos nossos problemas de natureza política é acreditar
nesse simplismo. Isso resulta, às vezes, em algum populismo, seja ele
populismo de direita, seja ele populismo de esquerda, seja populismo
tecnocrático, de adotar essas soluções que aparentemente são simples
para problemas que são monstruosos.
Vou fazer uma analogia: como a gente enfrenta o problema da
criminalidade no Brasil? Qual a solução simples para um problema dessa
magnitude? A resposta de qualquer pessoa vai ser: eu não sei.
BBC News Brasil – Ao longo da história, geralmente o crescimento foi pró-rico?
Marcelo Medeiros – Teve momentos de crescimento
pró-pobre e crescimento pró-ricos. O que a gente pode dizer é que ao
longo das últimas duas décadas, arredondando um pouco, um quarto de todo
o crescimento foi apropriado só por 1% da população.
Ou, se quiser outro número que é equivalente a esse, mais ou menos
metade de todo o crescimento brasileiro está indo para as mãos só de 5%
da população.
Ou seja, temos um crescimento que extremamente concentrado e a
implicação disso é que nossa discussão sobre o crescimento, no fundo, é
uma discussão que está sendo apropriada por um grupo que não chega a um
décimo da população brasileira.
BBC News Brasil – Voltando à pergunta anterior: como o
governo pode atuar contra a desigualdade em várias frentes em um cenário
de restrição fiscal?
Marcelo Medeiros – Sempre vai haver uma restrição
fiscal, por isso negociar dentro do orçamento é tão importante. O Brasil
precisa liberar recursos por um lado, ou seja, precisa reorganizar
alguns gastos, precisa aumentar a eficiência de algumas políticas, mas
também precisa aumentar arrecadação. Um problema dessa magnitude vai
precisar de algum aumento de arrecadação.
Inclusive, o problema fiscal brasileiro (para além do combate à
desigualdade) vai precisar de mais arrecadação. Simplesmente, porque há
um ponto onde cortar gastos se torna extremamente difícil, demora tempo
demais. Há coisas, por exemplo, que você não pode fazer. Não pode cortar
previdências no Brasil, porque isso implicaria violações importantes de
contratos e abriria precedentes para outras violações de contratos
muito importantes.
Então há limites no que pode e não pode ser feito para qualquer
governo, independente da sua matriz ideológica. E um bom governante tem
que lidar com esses limites o tempo inteiro. Mas, em termos gerais, há
muita coisa que pode ser feita no Brasil. Eu não quero fazer uma lista.
Acho que a discussão é mais sofisticada do que um indivíduo pode fazer
isoladamente.
BBC News Brasil – Então, para reduzir desigualdade precisa aumentar a carga tributária?
Marcelo Medeiros – Na verdade, para resolver o
problema fiscal o Brasil precisa ter redução de gastos, realocação de
gastos e aumento de arrecadação. Se isso vai ser via aumento de carga ou
se vai ser simplesmente aumento de base, que é outra alternativa,
cobrar imposto de quem tá pagando pouco, também é uma possibilidade.
Não vamos subestimar. Se fosse fácil, alguém já tinha feito. Isso
passa por enfrentar o conflito distributivo gigante. Vai haver reação.
Reduzir dramaticamente a desigualdade e a pobreza no Brasil vai envolver
muita mobilização política porque o problema é político antes dele ser
enfrentado do ponto de vista econômico.
BBC News Brasil – O governo está enfrentando dificuldades
para aprovar medidas pontuais, como aumentar impostos sobre fundos de
super ricos que hoje são pouco tributados. Qual seu otimismo sobre
reduzir a desigualdade do Brasil quando isso depende não apenas de
algumas ações pontuais, mas de um caminhão de medidas a serem aprovadas
no Congresso?
Marcelo Medeiros – Não sou nem otimista, nem
pessimista. Acho que ninguém deve ser otimista ou pessimista. As pessoas
têm que ser realistas diante da magnitude do problema que está sendo
enfrentado. Elas têm que entender que essas coisas são decisões que vão
exigir muito mais metas de longo prazo que de curto prazo.
E que essas metas passam por mobilização política, por escolher bem
os representantes políticos e assim, sucessivamente, por várias outras
coisas. E, inclusive, por criar, literalmente, jogo de força na
política.
BBC News Brasil – Quando você fala longo prazo quer dizer décadas?
Marcelo Medeiros – Décadas. Na verdade, são décadas, a não ser que
você queria tomar medidas muito dramáticas. Mas a pergunta é se a gente
está disposto a tomar medida muito dramáticas. Houve casos de quedas
radicais de desigualdade no mundo, mas elas são resultados de medidas
muito dramáticas, como, por exemplo, as quedas que aconteceram durante a
Segunda Guerra Mundial na Europa, ou nos Estados Unidos com uma
mobilização gigantesca, uma regulação tremenda da economia, ou o que
aconteceu nos países soviéticos. Isso faz a desigualdade cair de maneira
rápida.
Mas, obviamente, toda a política tem um preço, todo o benefício tem um custo.
BBC News Brasil – Nos Estados Unidos, por exemplo, que tipo de regulação dramática na economia foi adotada?
Marcelo Medeiros – Toda, geral, não foi uma
regulação, foi uma montanha de regulações, primeiro no pós-Grande
Depressão (após a quebra da Bolsa de Nova York em 1929) e, segundo, no
esforço de guerra (durante a Segunda Guerra Mundial). Você controlava
salários, controlava lucros, controlava a economia inteira. Então,
controlou muita coisa, não foi uma medida isolada, foi uma coisa
gigantesca.
Se você não regula (a economia), obviamente quem tem poder vai replicar esse poder com velocidade mais alta.
BBC News Brasil – O livro aborda quem são os pobres e quem são os ricos no Brasil. O que seria a classe média?
Marcelo Medeiros – Eu te respondo com outra
pergunta: são essas as divisões certas? Ricos, pobres, e classe média? E
a pergunta subsequente é: para que a gente quer dividir a população?
A divisão de uma população em grupos é uma ferramenta. Essa
ferramenta vai ser usada para quê? Porque dependendo do que a gente
fizer, uma ferramenta pode ser melhor do que a outra. A gente pode
querer dividir a população em três grupos, como pode querer dividir a
população em 300 grupos.
E esse que é o argumento central do livro: não é dado que existe um
grupo de pobres, um grupo de ricos, e um grupo de classe média. Isso é
só um uma maneira de dividir a sociedade de classes, e a gente tem que
pensar para que a gente quer dividir a sociedade em classes, primeiro.
E, segundo, (pensar) o que significam essas divisões.
Se a gente não tem uma definição substantiva do que é ser rico, uma
definição substantiva do que é ser classe média, uma definição
substantiva do que é ser pobre, isso vai ser simplesmente uma
classificação de borboletas, onde você atribui arbitrariamente a classe
das borboletas por cor, por exemplo.
Não vamos deixar de lado, que, por trás da definição de classe média,
existe uma decisão de natureza política do significado daquilo, porque,
no fundo, a nossa cultura política, nosso sistema legal, ele é baseado
em ideias que não são precisamente definidas. E a gente não deve deixar
de lado jamais que essas classificações são classificações políticas.
BBC News Brasil – Fiz essa pergunta para introduzir outra
questão: uma pessoa com renda individual de R$ 10 mil por mês já está no
grupo dos 10% mais ricos do país. Mas essa pessoa provavelmente não se
vê como rica. Possivelmente, ela se vê como classe média.
Marcelo Medeiros – Há estudos no mundo sobre isso.
No geral, as pessoas não gostam de se autoclassificar como pobres nem
como ricas. Elas geralmente se classificam como classe média, nesses
esquemas só de três classes, e elas usam qualificadores: classe média
baixa para os pobres, classe média alta para os ricos. É isso que você
vai ver no mundo inteiro, o Brasil não é uma exceção.
BBC News Brasil – Como as políticas de distribuição devem
agir sobre esse grupo, que está no topo da pirâmide, mas não são os mais
ricos? São pessoas que vivem confortavelmente, mas não estão
necessariamente esbanjando dinheiro. Elas deveriam contribuir mais de
alguma forma, dada a distribuição de renda do Brasil?
Marcelo Medeiros – Não dá para dizer isso porque
esse grupo que você definiu é muito grande e heterogêneo. Algumas dessas
pessoas (no grupo dos 10% mais ricos) estão pagando bastante Imposto de
Renda, por exemplo, e outras estão pagando muito menos Imposto de
Renda. Então, não podemos esquecer que esse grupo é muito heterogêneo.
Na verdade, a maior parte da desigualdade do Brasil está nos 10% mais
ricos. Eles são um grupo terrivelmente desigual.
BBC News Brasil – Um grupo que estaria pagando pouco impostos, na visão de economistas como Armínio Fraga e
Samuel Pessoa, seriam profissionais liberais de renda alta que costumam
ter empresas em regimes especiais de tributação, caso de médicos e
advogados, por exemplo. Isso deveria mudar?
Marcelo Medeiros – Não porque é para esse grupo. Tem
que mudar porque um bom sistema tributário tributa da mesma forma a
renda, independente da sua fonte, claro, com algumas poucas exceções.
Então, seria importante, por exemplo, que as pessoas físicas e as
pessoas jurídicas… ou melhor, que os rendimentos do trabalho e os lucros
e dividendos (distribuídos pelas empresas aos acionistas) fossem
tributados da mesma maneira.
Assim como também seria muito importante, porque não está na pauta,
mas deveria estar, que os rendimentos de capital, que no Brasil se chama
rendimento de tributação exclusiva, também fossem tributados como o
rendimento do trabalho.
No fundo, tudo tem que ser tributado da mesma maneira. Hoje, no
Brasil, a gente paga menos tributos nesse caso, bem menos, 15%, quando
muito 22%, se você for sacar rápido demais, mas geralmente paga menos.
Isso também não é nenhuma panaceia. Isso não vai aumentar a
arrecadação dramaticamente, mas é o que precisa ser feito. É bom para
não criar mecanismos artificiais de reorganização da economia. Ou seja,
as pessoas começam a se organizar para ser CNPJ, por exemplo, no lugar
de ser pessoa física só por causa disso.
BBC News Brasil – O livro ressalta que mais educação não é
solução mágica pra reduzir desigualdade. Por que essa medida tem impacto
limitado?
Marcelo Medeiros – Primeiro, porque educação é um
investimento de longo prazo. Leva muito tempo para fazer uma reforma
educacional, muito tempo para educar uma criança e, mesmo que isso fosse
feito num sistema perfeito, o que a gente vai fazer com todos os
trabalhadores que já estão no mercado de trabalho e que vão ficar no
mercado de trabalho por 40 anos? Então, só vai ser uma solução para
alguma coisa talvez daqui a meio século.
A segunda questão é: educação é um termo genérico de mais. Que
educação que a gente está falando? Ensino básico primário, ensino médio,
ou ensino superior? A diferença salarial entre trabalhadores de ensino
primário e de ensino médio é muito pequena. A educação que realmente
afeta desigualdade é o ensino superior.
Se a nossa estratégia for usar a educação para reduzir desigualdade,
isso vai requerer uma massificação do ensino superior no Brasil, o que
vai custar muito caro e vai levar muito tempo. Então, não é que a
educação não seja necessária, educação é insuficiente para resolver esse
problema.
BBC News Brasil – Os governos do PT promoveram expansão do
ensino superior com mais universidades públicas e programas como Fies e
Prouni. Esse caminho está correto? Precisa ser ampliado?
Marcelo Medeiros – O Brasil já vem expandindo seu
ensino superior desde pelo menos meados da década de 90. E expandiu
muito rapidamente a partir dos anos 2000, mas baseado basicamente no
ensino à distância, não uma expansão das universidades públicas como
algumas pessoas acreditam.
O problema não é o ensino à distância, o problema é que o ensino à
distância tal como ele foi implementado é de baixíssima qualidade.
Então, a gente tem problemas importantes de qualidade e de quantidade
para enfrentar. E não vai ser um conjunto pequeno de medidas que vai
resolver isso.
BBC News Brasil – O Congresso acaba de aprovar a revisão da
Lei de Cotas. A reserva de vagas para negros no ensino superior é uma
política importante para reduzir desigualdade?
Marcelo Medeiros – É uma política extremamente
importante por uma razão simples: uma alternativa as cotas seria
simplesmente investir em educação de base. O problema é o tempo
gigantesco que isso vai levar.
Dois, (outro problema é) o conjunto enorme de obstáculos que os
negros vão enfrentar à medida que eles sobem. Os negros têm mais
dificuldade para avançar na educação porque a vida (dos negros) é cheia
de obstáculos, inclusive dentro da escola.
E a educação dos negros é menos valorizada que a educação dos
brancos. Um homem branco e um homem negro com exatamente a mesma
educação, o homem negro tenderá a ter um salário mais baixo. Portanto,
os caminhos têm que ser outros. O sistema de cotas é um complemento a
outras medidas que precisam ser tomadas.
BBC News Brasil – Além de dar acesso a profissões de maior
renda, as cotas também são importantes por aumentar o acesso dessas
pessoas a espaços de poder e liderança?
Marcelo Medeiros – Existe um fator de sinalização
muito importante que é as pessoas negras poderem se projetar em
lideranças negras: nos artistas, nos intelectuais, nos políticos, nos
empresários. Porque parte do problema passa pelas barreiras relacionadas
a isso.
Existe um outro fator que é o de representatividade. Nem todos vão
ser representantes de causas negros, mas alguns serão representantes de
causas negras e, ao acontecer isso, obviamente isso favorece pessoas que
não estão na mesma posição que eles.
BBC News Brasil – Você defende que o combate à desigualdade
tem que permear todas as ações do governo. O presidente Lula disse que
gênero e raça não são critérios para escolher o próximo ministro do STF,
um corte dominada por homens brancos. A representatividade do Supremo
tem reflexos pra redução de desigualdade?
Marcelo Medeiros – Eu sou favorável a ter mais
representatividade racial e de gênero no Supremo, como de resto em
qualquer elite. Agora não sei dizer qual impacto isso vai ter, em qual
desigualdade e por qual caminho.
BBC News Brasil – Idealmente, Lula deveria levar em conta raça e gênero ao indicar uma pessoa para a Corte?
Marcelo Medeiros – Idealmente, a sociedade inteira,
não só o presidente, todo mundo tem que levar em conta. Os partidos têm
que fazer isso, as empresas têm que fazer isso, a televisão tem que
fazer isso. A desigualdade racial está em todos os lugares.