sábado, 28 de outubro de 2023

A POPULAÇÃO BRASILEIRA ESTÁ FICANDO MAIS VELHA EM RITIMO ACELERADO

 

História por admin3  • IstoÉ Dinheiro

O Brasil tinha no ano passado 37,8 mil idosos centenários, cerca de 13 mil a mais do que o registrado em 2010. Os dados constam de estudo feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a partir do Censo 2022 e divulgado nesta sexta-feira, 27.

Apesar da baixa representatividade no universo da população brasileira – o número representa 0,02% do total de 203 milhões de habitantes -, o aumento ajuda a exemplificar como a população brasileira está ficando mais velha, e em ritmo acelerado.

Quase metade desse contingente de centenários vive atualmente na região Nordeste, que tem dois dos cinco Estados do Brasil com a maior concentração da população com essa faixa etária. Ao todo, 16.317 pessoas com 100 ou mais anos de idade moram no Nordeste.

A Bahia lidera o ranking, e o Estado de São Paulo vem em segundo lugar. A Região Sul do País, que tem no Rio Grande do Sul o Estado com maior proporção de idosos do Brasil, reúne 3.502 centenários.

Veja o número de centenários no País, por Estado, segundo o Censo de 2022:

Bahia – 5.336;

São Paulo – 5.095;

Minas Gerais – 4.104;

Rio de Janeiro – 2.712;

Maranhão – 2.470;

Pernambuco – 2.141;

Ceará – 1.999;

Pará – 1.665;

Rio Grande do Sul – 1536;

Paraíba – 1.330;

Paraná – 1.299;

Rio Grande do Norte – 976;

Goiás – 903;

Alagoas – 820;

Amazonas – 731;

Piauí – 714;

Espírito Santo – 678;

Santa Catarina 667;

Sergipe – 531;

Mato Grosso – 492;

Mato Grosso do Sul – 468;

Tocantins – 322;

Distrito Federal – 300;

Amapá – 163;

Rondônia – 147;

Acre – 142;

Roraima – 73.

No censo anterior, realizado em 2010, a população com 100 anos ou mais era de 24.236 pessoas, que em termos porcentuais equivaliam à metade (0,01%) do que é hoje.

População do Brasil envelhece cada vez mais rápido

O estudo divulgado nesta sexta pelo IBGE mostra que a população brasileira está envelhecendo cada vez mais rapidamente. Segundo análise de dados colhidos no Censo 2022, o porcentual de pessoas com 65 anos ou mais no País chegou a 10,9% da população – uma alta recorde de 57,4% frente aos números de 2010, quando os idosos representavam 7,4% do total.

O levantamento também mostra que a idade mediana da população (número que separa a metade mais jovem da população da mais velha) aumentou seis anos desde 2010, chegando a 35 anos em 2022. O índice de envelhecimento também aumentou: são 55 idosos para cada grupo de 100 crianças. Em 2010, este índice era 30.

Há discrepâncias consideráveis entre os diferentes Estados, sendo as mais evidentes encontradas no Rio Grande do Sul, que detém proporcionalmente a população mais idosa do Brasil, e de Roraima, que tem a mais jovem. Enquanto que o estado do Sul apresenta índice de envelhecimento de 80,4, o do Norte tem índice de 17,4, proporção quase cinco vezes menor.

O post Censo 2022 aponta 37,8 mil centenários no País apareceu primeiro em ISTOÉ DINHEIRO.

ISRAEL CMEÇA A INVASÃO DE GAZA POR TERRA

 

História por Jeremy Bowen – BBC News  

O que militares israelenses parecem estar fazendo é “limpar” áreas de Gaza, fatia por fatia.© BBC

O que parece estar acontecendo é que as forças israelenses estão se concentrando no norte da Faixa de Gaza, em Beit Hanoun, e a partir dali avançando um pouco mais ao sul.

O exército de Israel não acrescenta nada ao que disse na noite de sexta-feira (27/10). Eles só afirmam que estão acelerando o ritmo de suas operações.

A partir de vídeos que surgiram de Gaza nesta manhã, e pelo que pudemos ver ontem à noite ao longo da zona de fronteira, temos evidências de um bombardeio muito, muito grande.

Mas, com o apagão das comunicações em Gaza, é muito difícil descobrir o que exatamente está acontecendo.

Por exemplo, eu conversei com a ONU, que conseguiu se comunicar com seu escritório principal na região sul por meio de um telefone via satélite.

Mas, como não há comunicação internamente, eles não conseguem falar com os escritórios locais que cuidam das operações de ajuda humanitária – atualmente completamente suspensas – para saber como estão.

Embora o bombardeio esteja muito concentrado no norte, a Faixa de Gaza só tem cerca de 45 quilômetros de comprimento, o que faz com que as explosões possam ser ouvidas a quilômetros de distância e certamente por toda a área.

O exército israelense ainda está na área nesta manhã, provavelmente tentando neutralizar túneis e identificando alvos para ataques da força aérea. Mas tanques podem ficar mais vulneráveis à luz do dia, então eles podem trazer alguns de volta ao lado israelense da fronteira.

Ao que parece até o momento, isso ainda está acontecendo.

Trata-se de uma ofensiva terrestre? Não creio que devamos ficar muito presos a esse tipo de definição.

Quando vimos o contingente militar aumentar e a mobilização de mais de 300.000 reservistas, pensamos que assistiríamos a uma invasão de Gaza por todas as frentes.

Mas eu acho que o que eles podem estar fazendo é “limpar” áreas de Gaza, fatia por fatia.

Pelo tom dos comentários do exército israelense na noite passada, senti que a ênfase era de que continuariam a pressionar e que se tratava de “dar o troco” ao Hamas.

Acho que é possível chamar o que está acontecendo de ataque muito prolongado ou ofensiva terrestre. Certamente é uma operação militar muito grande.

NA ARGENTINA LÍDERES DIZEM QUE É PRECISO MUDAR E A MUDANÇA É MILEI

 

História por JÚLIA BARBON  • Folha de S. Paulo

BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) – O ex-presidente Mauricio Macri, que comandou a Argentina entre 2015 e 2019, quebrou o silêncio e tentou conter a crise que se instalou na sua coalizão de oposição Juntos pela Mudança, de direita e centro-direita, desde que o peronista Sergio Massa triunfou no primeiro turno e que sua candidata Patricia Bullrich decidiu apoiar o ultraliberal no segundo turno.

“É preciso mudar, e hoje quem lidera a mudança é Milei. Temos que ter a humildade de reconhecer que as pessoas optaram por Milei. Temos que apoiar sem [pedir] nada em troca. O eixo da mudança é o mais importante. As diferenças já foram dadas, se seguirá discutindo no Congresso”, afirmou ele à rádio local Mitre nesta sexta (17).

“É o único caminho que a Argentina tem hoje, continuar com os mesmos é nos resignar à pobreza, ao que temos vivido”, continuou, saindo em defesa de sua aliança: “Juntos por el Cambio não se desfez, pelo menos não o que eu fundei. É o mesmo, com seus problemas, com seus conflitos internos. Segue estando aí e está diante de uma nova encruzilhada”.

Bullrich, que ficou em terceiro nas eleições do último domingo (22) com 23,8% dos votos, declarou apoio a Milei dois dias depois, após um encontro na noite de terça com o candidato rival e com Macri. A expectativa é que ela impulsione a candidatura do ultraliberal numa tentativa de derrotar o kirchnerismo, representado por Massa.

“Ela, com sua visão e realidade, confirmou algo que eu concordo: somos a mudança ou não somos nada. Acreditamos que continuar com essa cultura de poder obscura na Argentina nos levará a mais pobreza, exclusão e continuará fazendo com que nossos jovens vão embora”, afirmou Macri nesta sexta.

AS MÍDIAS TÊM UM IMPACTO SIGNIFICATIVO NA FORMA COMO AS PESSOAS SE COMUNICAM E INTERAGEM

Segundo o especialista e Country Manager da Labelium, Gustavo Franco, é essencial que as empresas enxerguem a área como negócio

As mídias pagas têm um impacto significativo na maneira como as pessoas se comunicam e interagem, além de prover formas de conexão, consumo, percepção e interação com marcas, celebridades e conceitos. Essa realidade não é diferente para o marketing digital: de acordo com dados levantados pela Sprout Social, o usuário médio passa cerca de 151 minutos por dia ativo nas plataformas, fato que só reforça que hoje vivemos na era onde a atenção se tornou moeda e ativo indispensável para o crescimento dos negócios.

É imprescindível utilizar as plataformas de mídia para potencializar as estratégias de marketing, como também é importante que as empresas estejam cada vez mais atentas às tendências e às novidades pois as plataformas digitais são muito mais ágeis em lançar novas funcionalidades e produtos do que os meios tradicionais.

“Hoje em dia, as mídias possuem papel fundamental na geração de inteligência, conhecimento estratégico e crescimento das organizações. O profissional de mídia precisa possuir conhecimento de negócios e dos canais, combinando o objetivo de negócio com a tática de entrega do canal.”, afirma o especialista Gustavo Franco, Country Manager da Labelium, empresa que desenvolve soluções para a otimização de performance digital para companhias de luxo, moda, beleza e turismo.

O novo papel da mídia: influência, inteligência e crescimento

O profissional da Labelium acredita que as mídias – embora não sejam o único meio de aquisição possível – possuem papel fundamental na construção dos negócios, tanto no meio externo quanto no interno, desde que estejam alinhadas a estratégias sólidas e a processos de governança que garantam uma correta visibilidade dos resultados dos planos

“As organizações que utilizam mídia paga para impulsionar seus negócios provavelmente estão em busca de vantagem competitiva por meio de comunicação. Já aquelas que enxergam a mídia como um custo, correm o risco de ficar para trás no jogo competitivo – que hoje é mais acirrado do que nunca.”, completa.

Hoje, a mídia possui um papel fundamental de mediadora de conhecimento, servindo como impulsionadora de influência na sociedade de consumo. Com toda a inteligência que carrega – seja de IA ou de outras ferramentas – a mídia paga é um ponto focal perante decisões de mercado e competitividade.

UM MARKETPLACE DIGITAL IGUAL AO DA STARTUP VALEON PODE AJUDAR QUALQUER NEGÓCIO?

Moysés Peruhype Carlech e Fernanda – Jet.

Sim e podemos ajudar muito a alavancar as suas vendas e tornar a sua empresa mais competitiva no mercado se forem utilizados os serviços da Startup Valeon e temos a certeza que vamos melhorar o seu posicionamento digital e utilizando uma boa estratégia comercial podemos trazer retorno financeiro para a grande maioria dos negócios das empresas da nossa região do Vale do Aço, afinal de contas, já atingimos a marca de mais de 100.000 acessos.

O sucesso do modelo dos marketplaces está expresso nos números registrados no último ano: o crescimento em 2020 chegou a 52%, acima dos 41% do segmento de e-commerce.

Essas informações foram apuradas pela E-bit/Nielsen, que também indica que o total de pedidos do marketplace chegou a 148,6 milhões, um crescimento de 38% em relação a 2019, o que resultou em um faturamento de R$ 73, 2 bilhões para o segmento.

A atenção recebida pelos “shoppings virtuais” tem razão de ser. São gerenciados por empresas que arcam com a parte operacional e, com isso, as lojas cadastradas podem se dedicar ao cuidado de suas páginas e às ofertas de produtos.

Para quem tem um e-commerce, os marketplaces devem ser vistos como uma oportunidade reforçar as estratégias de vendas.

Outro fator importante é a possibilidade de ampliar seus pontos de interação com o cliente, o que atende ao comportamento omnichannel do público.

Porém, para aproveitar melhor as possibilidades, é importante que você saiba quais são as vantagens do marketplace e como ele pode auxiliar o desenvolvimento do seu negócio.

1- Otimização dos recursos

A estruturação de um e-commerce não é simples. E, por mais que você faça tudo certo, os resultados precisam de tempo para serem consolidados.

Ao integrar a sua loja a um marketplace, esse processo é facilitado. Ao mesmo tempo em que trabalha para fortalecer a sua marca, o lojista tem como expor seus produtos num canal que já conta com uma audiência significativa.

Basta que o lojista negocie e pague a mensalidade do marketplace para que possa começar a negociar seus produtos ou serviços. Além disso, essas operações oferecem expertise, tráfego, visitação e mídia para que seus parceiros possam desenvolver seus negócios.

2- Alcance de clientes

Desenvolver uma loja virtual própria e recorrer às redes sociais para divulgar produtos ou serviços requer um trabalho de divulgação para alcançar um número maior de clientes.

Com o marketplace, esse trabalho ganha ainda mais abrangência e, com isso, é possível gerar um fluxo maior de consumidores, uma vez que há modelos próprios de divulgação, o que acaba favorecendo as empresas que o integram.

Além disso, esses “shoppings virtuais” , como o da Startup Valeon, não divide os custos de marketing  com os seus parceiros custeando ele próprio o processo de aquisição de clientes nas redes sociais.

3- Volume de dados

Os marketplaces têm o costume de oferecer aos seus parceiros diversos dados sobre as suas vendas e seus desempenhos dentro da plataforma e faz métricas diárias das consultas dos seus clientes.

Essas informações são bastante estratégicas para qualquer empresário que deseje desenvolver o seu comércio online e melhorar o seu desempenho na internet.

Isso porque conseguem planejar suas ações, promoções e precificar produtos e serviços com mais eficiência, o que aumenta as chances de converter os visitantes do marketplace em seus clientes.

4- Integração com outras ferramentas

Muitos empresários podem acreditar que ao entrar para um marketplace não poderá usar suas ferramentas digitais favoritas: CRMs, software de preços ou inventários.

Porém, não existe essa limitação e as empresas podem seguir usando seus mecanismos de otimização de resultados.

É possível explorar tantos as informações fornecidas pelos marketplaces quanto os dados gerados pelos seus mecanismos de gestão e controle, o que pode fortalecer ainda mais suas estratégias online.

5- Aumento de vendas

Com uma estrutura corretamente desenvolvida, processos de divulgação bem construídos e apoio aos parceiros, os marketplaces conseguem atrair um bom volume de visitantes para o seu site.

Quanto maior a exposição de produtos ou serviços, maior são as chances de aumentar as suas vendas. É preciso apenas que as lojas online saibam trabalhar seus produtos ou serviços na internet e convencer os consumidores de que conta com as melhores mercadorias e preços.

6- Diversificação de público

Com um número maior de pessoas tendo contato com seus produtos ou serviços, há possibilidade que alcance consumidores que, em um primeiro momento, não conseguiria atingir.

Isso contribui para a diversificação do seu público-alvo e faça com que a sua base de clientes possa crescer.

Isso favorece não apenas as suas vendas, mas também estimula os lojistas a buscarem novos produtos ou desenvolverem novos serviços para atender a sua nova demanda.

Esse processo é essencial para que as empresas ganhem mercado e busquem constantemente o seu desenvolvimento.

Agora que você já sabe quais as vantagens do marketplace, que tal descobrir como eles podem auxiliar no crescimento dos pequenos negócios?

Marketplace e o crescimento das empresas

Construir um modelo próprio de venda online é um desafio para as empresas, porém pode ser bastante recompensador.

Em 2020, o setor teve um crescimento de 41% se comparado com o ano anterior e a expectativa é de que siga alcançando bons resultados em 2022, até em razão da aceleração do processo de transformação digital.

Dessa forma, com um trabalho bem-feito, as empresas podem conquistar boa margem de lucro com o comércio eletrônico. Afinal, o perfil do consumidor tem mudado e ficado aberto às compras online.

Mas, para isso, é necessário utilizar um site como a da Startup Valeon que ofereça boa experiência para os consumidores e conte com estrutura logística e capacidade de estoque para dar conta do trabalho.

O marketplace é uma opção que pode potencializar ainda mais um comércio eletrônico, pois conta com um modelo de negócio estruturado e testado.

Assim, empresas de qualquer setor conseguem melhorar o desempenho de seus e-commerces ao estabelecer mais um canal de divulgação e venda.

Para aproveitar melhor as oportunidades, é importante contar com as ferramentas adequadas para fazer a gestão da operação.

Exemplo disso é a plataforma comercial da Startup Valeon, que tem suas páginas desenvolvidas justamente para conectar a sua loja aos principais consumidores do mercado.

Com isso, além de ter todo o suporte necessário para destacar seus produtos na internet, o lojista tem como gerenciar todo o universo envolvido com as suas vendas online, seja na loja própria ou no marketplace.

Num único local, por exemplo, pode fazer a gestão de estoque, o que evita a perda de clientes pela falta do produto. O e-commerce é uma modalidade de negócio que deve seguir ganhando espaço e conquistando novos clientes. O empresariado deve ficar atento a esse mercado e aproveitar as vantagens do marketplace para aumentar a sua presença online e ter acesso facilitado a uma base sólida de usuários.

 

sexta-feira, 27 de outubro de 2023

STF AUTORIZA BANCOS A TOMAREM BENS DE DEVEDORES

 

História por Natália Veloso  • Poder360

STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu nesta 5ª feira (26.out.2023), por 8 votos a 2, validar o procedimento que permite que instituições financeiras tomem imóveis financiados que estão inadimplentes sem a necessidade de uma ação judicial.

A Corte começou a julgar na 4ª feira (25.out.2023) um recurso em uma disputa judicial entre um devedor e uma instituição bancária. O TRF-3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região) decidiu que a execução extrajudicial não é considerada uma violação e o Judiciário só é acionado pelo credor quando achar necessário.

O caso foi levado ao STF pelo devedor, que indica que a permissão para que o banco retome o imóvel viola princípios constitucionais. O caso tem repercussão geral e a tese estabelecida pela Corte será aplicada a processos semelhantes.

A regra abordada na ação trata de uma lei relacionada ao SFI (Sistema de Financiamento Imobiliário), sancionada em 1997. A norma estabelece a alienação fiduciária do imóvel –forma de negociação em que o devedor passa o bem ao credor como forma de garantia.

Em seu voto, o relator, ministro Luiz Fux, elogiou o surgimento da norma e afirmou que a lei garante a melhoria no sistema de financiamento e possibilita a oferta de crédito imobiliário. Segundo Fux, a derrubada do dispositivo poderia retomar o cenário de insegurança jurídica e crise imobiliária existente antes da lei.

O ministro diz que não há violação de princípios constitucionais e observou que a lei estabelece medidas indutivas ao cumprimento do contrato. Ele ressalta que a judicialização desses procedimentos poderia sobrecarregar ainda mais os tribunais do país.

O voto do relator foi acompanhado pelos ministros Cristiano Zanin, André Mendonça, Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, Nunes Marques, Gilmar Mendes e Roberto Barroso, presidente da Corte.

Já o ministro Edson Fachin abriu uma divergência e afirmou que a ação trata de uma questão de relevância social e econômica. Disse que a aquisição de um imóvel é um direito “mínimo” e que garante a dignidade da população.

Para Fachin, as condições para financiar um imóvel devem ser asseguradas para garantir a proteção da dignidade. Ele considerou que o dispositivo atual limita o avanço de uma “sociedade justa” e não traz soluções econômicas para o problema da falta de moradia. O entendimento foi acompanhado pela ministra Cármen Lúcia.

ENGAVETAMENTO DE PROJETOS NA CÂMARA E NO SENADO

 

História por Gabriel de Sousa  • Jornal Estadão

BRASÍLIA – Quase um terço dos projetos de lei que tiveram urgência aprovada pelo Congresso Nacional entre fevereiro e setembro de 2023 estão parados e ainda não foram votados. Os textos “furaram” a fila no Senado e na Câmara, mas, em vez serem apreciados nos plenários, estão nas gavetas. Especialistas ouvidos pelo Estadão acreditam que a falta de consenso entre os parlamentares e o uso político das propostas são os motivos para o “esquecimento” de propostas consideradas urgentes.

Congresso considerou 119 projetos como urgentes até setembro, mas quase um terço não foi votado Foto: WILTON JUNIOR© Fornecido por Estadão

O regime de urgência é usado para apressar a tramitação e a votação de projetos. A partir do momento que o requerimento para dar celeridade a uma matéria é aprovado, a proposta legislativa não precisa passar por prazos e formalidades regimentais. Na prática, porém, quem decide o que será colocado em pauta ou não nos plenários são os presidentes da Câmara e do Senado.

Doutora em Ciência Política pela Fundação Getulio Vargas (FGV), Graziella Testa afirma que uma das razões para o grande número de projetos estacionados no Congresso é centralidade da elaboração das pautas de votação na figura dos presidentes das Casas. Para ela, líderes partidários, que são figuras centrais na aprovação das urgências, deveriam ter maior participação no norteamento das deliberações diárias.

“Não vale a pena para o presidente pautar algum projeto que não tenha uma certa receptividade e que sabe que vai ser aprovado. A escolha de não pautar esses temas que estão sob urgência é do presidente com diferentes graus de influência do colégio de líderes. Deveria haver instrumentos para que os líderes partidários tivessem uma influência mais efetiva no apontamento de itens para a pauta do plenário”, disse.

Na Câmara, 34 das 102 propostas consideradas urgentes entre fevereiro – mês em que teve início a nova legislatura no Congresso – e setembro aguardam para serem postas em discussão pelos parlamentares. No Senado, duas de 17 propostas ainda seguem em espera.

Dois textos estão estão na fila da Câmara há sete meses e não têm previsão para serem colocados em pauta. Um deles, de autoria do deputado Aureo Ribeiro (Solidariedade-RJ), propõe a implantação um botão de pedido de socorro em aparelhos celulares. Outro, protocolado pelo deputado Bruno Ganem (Podemos-SP), estabelece que pessoas presas e condenadas por crimes não violentos devem prestar serviços em abrigos de proteção a animais.

Segundo especialistas ouvidos pelo Estadão, algumas urgências são aprovadas pelos parlamentares em momentos onde assuntos estão sendo amplamente discutidos pela sociedade civil. Porém, por não serem votados, esses projetos acabam “esfriando” e perdem o potencial de serem discutidos. Um exemplo é um projeto de lei do deputado Rodrigo Gambale (Podemos-SP) que, diante da alta da violência dentro de escolas, propôs a criação de uma semana cultural para os estudantes. O texto teve o requerimento de urgência aprovado em agosto, mas ainda não foi colocado em discussão.

Falta de consenso e negociação por cargos

Uma dessas propostas paradas na Câmara é o PL das Fake News que, em 26 de abril, teve a urgência aprovada por 238 deputados. Porém, por conta da pressão de big techs, como GoogleTikTok Meta (controladora do Facebook), foi tirado da pauta de votação pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), quatro dias depois de ter a sua tramitação acelerada. Até então, a proposta que prevê regras para plataformas digitais segue sem previsão para ser votada.

No Senado, os dois projetos na gaveta são de autoria do senador Dr. Hiran Gonçalves (PP-RR) e da deputada Maria do Rosário (PT-RS). A proposta de Hiran busca reverter uma medida provisória assinada por Lula no primeiro dia de mandato, que extinguia a Fundação Nacional de Saúde (Funasa). Após a pressão sofrida pelo governo após a aprovação da urgência, o governo negociou com o senador e publicou três decretos que recriaram o órgão – a promessa é que seja entregue ao Centrão. Apesar do movimento do Executivo, a proposta do parlamentar não foi arquivada e ainda pode ser votada.

Segundo o cientista político Tiago Valenciano, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o engavetamento do projeto mostra a dinâmica no Congresso. Especialista no sistema legislativo, ele observa que textos como o de Hiran podem servir como uma moeda de troca em negociações como indicação de emendas parlamentares ou negociação de cargos.

“Os regimes de urgência são um artifício do legislativo para acelerar a complexa, porém necessária, burocracia do processo legislativo. Eles podem surgir para levantar pautas quentes e para forçar a barra em algumas negociações com o governo ou contra o governo”, disse.

Todos os projetos são de autoria do Legislativo

Todos os 34 projetos considerados urgentes que estão paralisados no Congresso são de autoria de parlamentares. As propostas elaborados pelo Poder Executivo, com requerimento de urgência aprovado, foram apreciados pelas Casas. O último foi o projeto de lei complementar 136/2023, que prevê a compensação a Estados por perda com ICMS de combustíveis. Ele teve a urgência aprovada em 4 de outubro e foi votado no mesmo dia.

Segundo Joyce Luz, pesquisadora do Observatório do Legislativo Brasileiro (OLB), núcleo ligado à Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) que acompanha o funcionamento diário do Congresso, o Legislativo priorizou a votação de pautas de autoria do governo, como o arcabouço fiscal e a reforma tributária.

“A gente pode notar que o Legislativo teve uma pauta mais prioritária aos projetos do Executivo, deixando esses outros textos de lado. A gente está no início de um governo e, conforme o tempo vai passando, algumas outras pautas que não são do Executivo podem ser apreciadas”, afirmou.

Câmara e Senado dizem que projetos não estão parados

Em uma nota enviada ao Estadão, a Câmara dos Deputados afirmou que os 34 projetos de lei com urgência aprovada na Casa “não estão parados”, mas dependem de um acordo prévio dos líderes partidários para serem votados. “Antes de serem pautados, são debatidos entre as lideranças e os demais deputados para obtenção de consenso mínimo para votação”, disse. O Senado, por sua vez, informou que os dois textos que tiveram a tramitação acelerada estão prontos para serem deliberados, mas sem um prazo definido.

EXPOSIÇÃO ARTÍSTICA PATROCINADA PELA CEF COLOCOU O PRESIDENTE DA CÂMARA NA LATA DO LIXO

 

História por Gabriel de Sousa  • Jornal Estadão

BRASÍLIA – A tensão entre o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e o presidente da Câmara dos DeputadosArthur Lira (PP-AL), pelo comando da Caixa Econômica Federal ganhou novos contornos com a demissão de Rita Serrano da presidência do banco nesta quarta-feira, 25. A chefia da Caixa foi prometida ao PP na mudança ministerial realizada em setembro, mas ainda não havia sido entregue. Uma exposição artística patrocinada pela estatal, que colocou o presidente da Câmara em uma lata de lixo, foi a gota d’água para acelerar o processo.

Tensão entre Lula e Lira pela presidência da Caixa foi agravada após exposição patrocinada pela estatal que mostrou o presidente da Câmara em uma lata de lixo Foto: WILTON JUNIOR© Fornecido por Estadão

Servidora de carreira nomeada por Lula para assumir a presidência da Caixa em janeiro, Rita Serrano foi substituída pelo economista Carlos Antonio Vieira Fernandes, indicado por Lira. A demissão de Serrano ocorreu em uma conversa nesta quarta no Palácio do Planalto. Ela era da “cota pessoal” de Lula, mas deputados e senadores reclamavam do seu perfil técnico. Segundo eles, a então presidente do banco não atendia aos pedidos feitos por parlamentares.

Rita Serrano é a terceira mulher do governo Lula a perder o cargo para o Centrão. Pelo mesmo motivo, Lula exonerou Daniela Carneiro do Turismo, que foi substituída por Celso Sabino, e Ana Moser do Esporte, que deu lugar a André Fufuca, apadrinhado de Arthur Lira.

A demissão de Rita Serrano e a entrega do comando do banco a um aliado de Lira ocorreu após a Caixa suspender uma exposição que mostrava o presidente da Câmara dos Deputados em uma lata de lixo junto com a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) e o ex-ministro da Economia, Paulo Guedes. A mostra era patrocinada pelo banco e estava disponível para o público no espaço da Caixa Cultural, em Brasília, desde o último dia 17.

A exposição era chamada de “O Grito!” e reunia o trabalho de seis artistas que, segundo o banco, “refletiam sobre os 200 anos da independência do Brasil”. A obra causadora da polêmica é de autoria da artista plástica Marília Scarabello e apresenta um painel de diversas bandeiras do Brasil representadas com críticas políticas relacionadas ao governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Arthur Lira, Paulo Guedes e Damares Alves foram representados em uma lata de lixo em obra que estava em exposição patrocinada pela Caixa Econômica Federal Foto: Reprodução/X© Fornecido por Estadão

Lira anunciou ‘obstrução’ na Câmara por demora em nomeação

Antes da exposição, Lula ganhava tempo em ceder os cargos de comando da Caixa ao Centrão. A troca de Rita Serrano por uma indicação de Lira já era certa, mas as negociações chegaram a um impasse porque o Palácio do Planalto não aceitava ceder as 12 vice-presidências do banco. O PP deseja ter todos os cargos e quer, em especial, a vice-presidência de Habitação, que cuida do programa Minha Casa, Minha Vida.

No final do mês passado, aliados de Lira disseram que ele ficou incomodado com declarações de Lula sobre a troca na liderança da Caixa. No dia 25 de setembro, o petista afirmou que só ele “coloca ou tira” alguém da presidência do banco. Uma semana antes, no dia 17, o presidente da Câmara disse, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, que as nomeações para a estatal teriam que passar por ele.

Em resposta ao petista, Lira anunciou no dia 27 uma “obstrução” na Câmara dos Deputados, não pautando projetos para serem votados pelo plenário da Casa. Após se reunir com líderes partidários, incluindo o líder do governo, José Guimarães (PT-CE), o alagoano recuou da decisão.

INDICADO REJEITADO DO GOVERNO GANHOU RESISTÊNCIA NO SENADO POR ASSOCIAR O ABORTO NA DEFENSORIA PÚBLICA

 

História por Rayanderson Guerra  • Jornal Estadão

RIO – O Senado rejeitou nesta quarta-feira, 25, a indicação de Igor Roque para o comando da Defensoria Pública da União (DPU), em uma derrota para o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Congresso. O nome de Roque ganhou resistência da ala conservadora do Senado após ser associado à organização de um seminário sobre o aborto na Defensoria.

Foram 35 votos favoráveis à indicação de Igor Roque e 38 votos contrários. Com isso, a indicação foi rejeitada e será arquivada. Como a votação para indicações é secreta, não é possível saber como cada um dos senadores votou. É a primeira indicação de Lula que foi rejeitada pelo plenário do Senado.

Defensor público Igor Roque teve o nome para comandar a Defensoria Pública da União (DPU) rejeitado pelo plenário do Senado Foto: Roque de Sá© Fornecido por Estadão

Até o fim de 2022, a DPU era comandada por Daniel Macedo, que chegou a ser indicado pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL) para mais dois anos à frente do órgão. Ao tomar posse, porém, Lula desfez a indicação e decidiu enviar uma nova sugestão para o posto. Macedo era visto no Palácio do Planalto como bolsonarista e, por isso, teve seu nome retirado pelo governo.

Em um café com jornalistas no Palácio do Planalto, em janeiro deste ano, Lula afirmou que “não pode ficar ninguém que seja suspeito de ser bolsonarista raiz aqui dentro (no governo)”. Em carta aos pares, o chefe da DPU chegou a alegar que estava sofrendo uma campanha difamatória “sem precedentes” e diz não ser ligado a “grupos populares.

SE NÃO PODEMOS CONTROLAR A BIOLOGIA E O AMBIENTE NÃO TEMOS LIVRE ARBÍTRIO

História por admin3  • Revista Planeta

Em seu mais novo livro, Robert Sapolsky defende que as decisões do ser humano são resultado de coisas que não pode controlar: “biologia, ambiente e suas interações”.Robert Sapolsky é amplamente reconhecido como um dos cientistas mais influentes em sua área. Este distinto biólogo e neurocientista de 66 anos, que atua como professor na Universidade de Stanford, nos EUA, inicialmente ganhou destaque como primatologista, pesquisando babuínos selvagens no Quênia. O seu trabalho revelou como as complexas interações sociais destes primatas geram estresse e como esse estresse afeta a saúde deles.

No entanto, Sapolsky mudou seu foco para a neurociência e se dedicou à pesquisa do comportamento em diversas espécies animais, incluindo os humanos. E ele está firmemente convencido de que o conceito de “livre arbítrio” é inexistente, sem exceções.

“Não somos nem mais nem menos do que a soma daquilo que não podemos controlar: a nossa biologia, o nosso ambiente e as suas interações”, diz Sapolsky, segundo a revista especializada New Scientist.

Mas como isso pode ser verdade? Não tomamos decisões livremente em todos os momentos de nossas vidas, escolhendo fazer certas coisas em detrimento de outras, sem qualquer influência externa direta?

A posição de Sapolsky levanta questões éticas complexas ao desafiar a noção de responsabilidade individual e de culpa por ações prejudiciais. A partir dessa perspectiva, as pessoas não teriam controle real sobre as suas ações e, portanto, não poderiam ser consideradas culpadas pelos seus maus atos. Contudo, Sapolsky oferece uma resposta diferente para este suposto “problema”.

“Máquinas biológicas”

Em seu livro mais recente, Determined: A Science of Life Without Free Will (Determinado: uma ciência da vida sem livre arbítrio, em tradução livre), Sapolsky se aprofundou em suas reflexões e observações sobre esse conceito controverso. Nele, o neurocientista refuta os argumentos biológicos e filosóficos a favor do livre arbítrio, sustentando que eventos cerebrais anteriores, em interação com um ambiente específico, determinam o comportamento.

Especificamente, o cientista enfatiza que tudo o que fazemos é determinado pela nossa biologia, genes, hormônios, educação, infância e pelas diversas circunstâncias da vida que se estendem muito além de nós. Essa interminável cadeia de causas, que remonta aos nossos pais e além, cria uma rede quase infinita de fatores que acabam se traduzindo em nossas ações.

Assim, nesta perspectiva, segundo Sapolsky, não somos seres autônomos como acreditamos ser, mas sim um amálgama dessas influências que se manifestam em nossas ações. Em essência, considera-nos simplesmente “máquinas biológicas”, tal como qualquer outro organismo vivo.

“O mundo é realmente louco e muito, muito mais injusto pelo fato de recompensarmos e punirmos as pessoas por coisas sobre as quais elas não têm controle”, disse Sapolsky ao jornal Los Angeles Times. “Não temos livre arbítrio. Parem de nos atribuir coisas que não existem”, acrescentou.

Questionamento de crença

Para Sapolsky, mesmo que, ao ler estas palavras, o leitor não esteja convencido, essa suposta decisão estaria predeterminada. Como Sapolsky admitiu em entrevista ao jornal The New York Times, as suas afirmações são provocativas, mas ele diz que já ficaria feliz se aqueles que leem o seu livro começassem a questionar esta crença profundamente enraizada na nossa cultura.

Eliminar a noção de livre arbítrio, segundo Sapolsky, mina completamente a nossa identidade e autonomia, assim como a fonte de sentido das nossas vidas. Portanto, esta ideia, segundo ele, é especialmente difícil de rejeitar devido à complexidade que acarreta.

Além disso, Sapolsky argumenta que a ideia de livre arbítrio como a capacidade de sermos senhores das nossas ações é, em última análise, uma “definição completamente inútil”, dada a interligação de fatores que influenciam as nossas escolhas e comportamentos.

“Para que esse tipo de livre arbítrio exista, ele teria que funcionar num nível biológico de forma completamente independente da história desse organismo”, disse ele ao jornal. “Você seria capaz de identificar os neurônios que causavam um determinado comportamento, e não importaria o que qualquer outro neurônio no cérebro estivesse fazendo, qual era o ambiente, quais eram os níveis hormonais da pessoa, em que cultura ela foi criada. Mostre-me que esses neurônios fariam exatamente a mesma coisa com todas essas outras coisas alteradas, e você me provará que existe o livre arbítrio”, acrescentou.

Mas Sapolsky argumenta que isto é relevante, insistindo que tudo tem uma origem e que as nossas mentes não funcionam independentemente desses fatores. Ele ilustra isso apontando como somos condicionados a responder a vários estímulos ao longo da vida, como o mau cheiro. A nossa reação a esse cheiro é determinada pela nossa genética, especificamente pelos receptores olfativos que herdamos, e também pela forma como fomos condicionados durante a nossa educação para responder a essa percepção.

Perdão e compreensão

Em debates desta magnitude, as questões assumem sempre uma profundidade considerável. E num tema tão especialmente emaranhado como este, com tantas arestas, surgem inevitavelmente inúmeras contradições. Apesar disso, Sapolsky não parece preocupado em defender detalhadamente cada ponto de sua ideia; mas está interessado em esboçar uma imagem ampla de como seria um mundo em que entendêssemos que as nossas ações diárias são muito mais condicionadas do que tendemos a acreditar, tanto individual como socialmente.

Neste contexto, enquanto alguns argumentam que aceitar a nossa falta de liberdade poderia transformar-nos em monstros morais, Sapolsky, como destaca o diário britânico The Guardian, argumenta veementemente que é na verdade uma razão para viver com profundo perdão e compreensão, para ver “o absurdo de odiar uma pessoa por qualquer coisa que ela tenha feito”.

“Em algum momento, não faz diferença se seus sentimentos são reais ou se a sensação de que seus sentimentos são reais é que é o caso. Ainda achamos coisas aversivas o suficiente enquanto máquinas biológicas, que é útil chamar coisas de dor ou tristeza ou infelicidade. E mesmo que seja completamente absurdo pensar que algo de bom pode acontecer a uma máquina, é bom quando a sensação de sentir dor é diminuída”, disse Sapolsky ao The New York Times.

Embora a proposta de Sapolsky seja intrigante, vários dos seus colegas opõem-se à sua afirmação controversa. Por exemplo, Peter U. Tse, neurocientista do Dartmouth College, descreveu Sapolsky como “brilhante, mas completamente errado”.

“Aqueles que defendem a ideia de que não somos nada mais do que fantoches bioquímicos deterministas são responsáveis ​​pelo aumento do sofrimento psicológico e da desesperança neste mundo”, disse Tse ao Los Angeles Times.

Independentemente de se aceitar ou rejeitar esta crítica, em última análise, o objetivo subjacente de Sapolsky é promover a felicidade nas pessoas, e não o seu sofrimento, embora ele reconheça que isto pode parecer incompatível com o seu argumento principal. Nesse sentido, Sapolsky sustenta que esta abordagem é “libertadora” para a maioria das pessoas, especialmente aquelas cujas vidas foram marcadas pela culpa, punição, privação e desprezo devido a circunstâncias sobre as quais não têm controle.

O post “Livre arbítrio não existe”, afirma neurocientista apareceu primeiro em Planeta.

 

CRIANÇAS E ADOLESCENTES CONDENADOS AO FRACASSO

 

História por Notas & Informações  • Jornal Estadão

O Brasil estará fadado ao mais rotundo fracasso se não investir pesadamente na eliminação das privações de direitos fundamentais de suas crianças e adolescentes pobres. Repetida há décadas, essa óbvia constatação ainda não encontra resposta adequada e prioritária do poder público – uma omissão que condena milhões de brasileiros a viverem na pobreza durante seus anos de formação e sem perspectivas para a vida adulta. O relatório Pobreza Multidimensional na Infância e Adolescência – 2022, elaborado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) com base em dados do IBGE, não deixa margem para tergiversações. O quadro é grave e exige reação urgente.

A lenta queda na maioria das privações de meninos e meninas de zero a 17 anos no País entre 2019 e 2022 não traz suficiente alento. De fato, houve recuo de 62,9% para 60,3% no período. No entanto, a dura realidade a que seis entre cada dez crianças e adolescentes continuam expostos é inegável. São 31,9 milhões de brasileiros com suas potencialidades ceifadas pela raiz. É preciso priorizá-los nas agendas e nos orçamentos públicos da União, dos Estados e dos municípios, recomenda o Unicef. Não se pode condenar essa geração ao fracasso e à pobreza.

Há de considerar que o cômputo médio de 60,3% de crianças e adolescentes submetidos a privações de seus direitos básicos no País oculta realidades regionais muito mais graves. No Amapá, esse porcentual alcançou 91,6% em 2022 – ou seja, quase a totalidade de meninos e meninas. São Paulo, a unidade mais rica da Federação, registrou a melhor marca estadual, de 35,7%, que não deixa de ser vergonhosa.

Dentre as dimensões analisadas pelo Unicef, nenhuma privação se aprofundou tão escandalosamente quanto o direito à alfabetização. O porcentual de crianças de 7 anos sem condições de ler e escrever dobrou de 20,5%, em 2019, para 40,3%, em 2022. No grupo de meninos e meninas de dez anos, o analfabetismo avançou de 2,4% para 3,5% no período. O atraso escolar, acentuado pela pandemia de covid 19, não foi recuperado e mostra-se mais acentuado entre crianças e adolescentes negros de 7 a 17 anos.

Embora tenha havido ligeira melhora nos demais indicadores avaliados, todos se mantêm em níveis alarmantes. O País não pode fechar os olhos ao fato de que, somente no ano passado, 9,4% dos brasileiros de zero a 17 anos viviam em moradias precárias, 5,4% não tiveram acesso à água e 37% não contavam com saneamento básico. Na faixa de 4 a 17 anos, 8,3% estiveram longe da escola. A privação de renda atingiu 38% das crianças e adolescentes, o que se traduziu em insegurança alimentar. Para 20% delas, a renda familiar esteve abaixo da necessária para a compra de comida apropriada.

Há dúvidas de que esse cenário tenha sido substancialmente alterado ao longo de 2023, apesar das corretas mudanças nas políticas sociais do governo federal. Fato é que os dados colhidos pelo Unicef põem em evidência outras conhecidas omissões do poder público, como o combate à violência a que milhões de crianças e jovens estão expostos dentro e fora de suas casas. As mortes de 11 deles a tiros no Estado do Rio de Janeiro neste ano indicam a suscetibilidade de todos a uma política de segurança pública incapaz de lhes proporcionar a mínima proteção. Na outra ponta, o baixo acesso a direitos básicos atua como alavanca para a cooptação de jovens desalentados pelas múltiplas organizações criminosas concentradas nos bolsões de pobreza.

O estudo do Unicef retrata uma tragédia humana e social que, inevitavelmente, afetará o futuro do Brasil como um todo. Os esforços do Estado e da sociedade brasileira precisam ser multiplicados, com máxima eficácia e rapidez, a bem da qualidade de vida e do potencial de seus cidadãos e de seu desenvolvimento econômico e social. Trata-se aqui, nem mais, nem menos, de corresponder integralmente às determinações da Constituição de 1988. Está tudo lá, para quem quiser ler.

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