A atenção internacional se desviou da invasão russa para o
conflito no Oriente Médio. Enquanto isso os aliados parecem perder
interesse em Kiev. Rússia aposta na volta de Trump. A Ucrânia vai ser
deixada à própria sorte?
A intenção é apoiar a Ucrânia contra a Rússia invasora “pelo tempo
que for necessário”, afirma o presidente americano, Joe Biden, e assim
consta do comunicado final da mais recente cúpula da Organização do
Tratado do Atlântico Norte (Otan). Essa é também a posição do chanceler
federal da Alemanha, Olaf Scholz.
Desde a ofensiva do grupo terrorista Hamas em Israel, em 7 de
outubro, contudo, uma nova crise internacional atrai as atenções da
comunidade mundial, tendo o potencial para canalizar as forças também
daqueles que apoiam especialmente Kiev, por exemplo os Estados Unidos.
Quem pode sair lucrando é a Rússia. Recentemente o presidente
ucraniano, Volodimir Zelenski, insistiu junto aos Estados-membros da
Otan para que não recuem em seu apoio, pois Moscou tentaria se aproveitar da situação no Oriente Médio.
Respondendo a um jornalista, Biden reafirmou que os EUA são
perfeitamente capazes de encarar simultaneamente as duas crises: “Se nós
não o fizermos, quem fará?” Em casa, porém, o político democrata
enfrenta um impasse com os republicanos que querem reduzir o apoio à
Ucrânia. Devido ao atual caos no Congresso americano, no momento não há
mesmo chance de novas verbas serem alocadas para o país sob invasão
russa.
O politólogo Johannes Varwick, da Universidade de Halle, Alemanha,
ressalva que, no tocante ao respaldo para Kiev, o vento já havia virado
nos EUA antes mesmo dessa última crise no Oriente Médio: “Há uma
concorrência por atenção e recursos. Não creio que protagonistas
importantes vão suspender agora o apoio à Ucrânia, mas a prioridade se
deslocou.”
A solidariedade para com a Ucrânia se atomiza também na Europa.
Irritado com as importações baratas de grãos do país vizinho, durante
certo tempo o governo da Polônia ameaçou restringir o fornecimento de
armas.
Na Eslováquia, até então igualmente uma grande aliada da causa
ucraniana, o primeiro-ministro Robert Fico prometeu em sua campanha
eleitoral que, sob seu governo, o país não forneceria “um só tiro de
munição” à Ucrânia, e ao mesmo tempo exortou a uma melhora das relações
com a Rússia.
Quanto à Hungria – que nunca participou das sanções internacionais
contra Moscou e continua comprando gás russo –, o premiê Viktor Orbán
tenta sistematicamente impedir que a União Europeia aprove novas ajudas
financeiras para a Ucrânia.
No que concerne o Ocidente em geral, o encarregado de defesa da
conservadora União Democrata Cristã (CDU) da Alemanha, Roderich
Kiesewetter, constata: “O apoio à Ucrânia já recuou, a coesão se
esfacela, soam mais alto as vozes que exigem uma ‘paz ditada de fora’.” O
jornalista Roman Goncharenko, da redação ucraniana da DW, concorda: em
seu país corre “a desilusão de o Ocidente ter se cansado”.
Desilusão ucraniana com o Ocidente
Soma-se a isso o fato de que, apesar do auxílio armamentista
ocidental e de repetidas vitórias militares limitadas em sua longamente
antecipada contraofensiva de libertação, até agora a Ucrânia não
conseguiu o avanço bélico definitivo.
O portal militar ucraniano Deep State constatou recentemente: “O
verão mostrou que a guerra não vai acabar em 2024 segundo nossas
condições.” “Nossas condições” significariam uma retomada total de todos
os territórios ocupados, inclusive a Crimeia.
Zelenski voltou a apelar por armas ocidentais, como aviões de
combate. Da Alemanha, ele agora deseja, acima de tudo mísseis de
cruzeiro do tipo Taurus, que Scholz nega, já tendo fornecido tanques
blindados para a Ucrânia.
Numa consulta do instituto de pesquisa de opinião YouGov entre
cidadãos alemães, uma maioria de 55% concordou com essa recusa.
Entretanto a hesitação constante é exatamente o problema, diagnostica
Kiesewetter: “A ofensiva de libertação é obstruída pelo próprio
Ocidente, ao fornecer pouco demais, demasiado tarde.”
Rússia aposta em nova presidência Trump
As opiniões quanto a se o envio de armas em peso decidirá a guerra
divergem diametralmente na Alemanha – também entre os especialistas
Roderich Kiesewetter e Johannes Varwick. No que toca aos Taurus, este
último admite ser “claro que tais armas fazem uma diferença”. Mas “não
espero que resultem numa mudança da constelação estratégica”, já que a
Rússia tem fôlego longo nessa guerra de desgaste e é capaz de exercer
pressão considerável sobre os ucranianos.
Em contrapartida, o especialista da CDU Kiesewetter está convencido
de que “superioridade aérea e armas de precisão à distância como o
Taurus, em volume suficiente, poderão proporcionar a virada”. E nesse
ínterim, o Kremlin joga para ganhar tempo, apostando numa nova vitória
de Donald Trump nas eleições presidenciais de 2024. Isso representaria o
fim do respaldo americano à Ucrânia.
Quanto à eventualidade de então os europeus se engajarem no lugar dos
EUA “já do ponto de vista da escala, simplesmente não é possível”,
descarta Varwick, lembrando que a potência americana empregou mais de 50
bilhões de dólares só em ajuda militar, enquanto a Alemanha, segundo
maior aliado, não liberou mais do que uns 12 bilhões de dólares.
“Se os americanos suspenderem seu apoio ou o reduzirem
significativamente, aí a Ucrânia tem um problema que os europeus não
serão capazes de compensar”, adverte o cientista político da
Universidade de Halle.
Kiev não aceita trocar território por paz
O “cansaço de guerra” do Ocidente pressiona os políticos a procurarem
um fim do conflito através da negociação. Para Varwick, isso é mesmo
inevitável, incluindo negociar sobre “alterações territoriais e a
neutralidade da Ucrânia”: “Tudo isso está em jogo e é melhor que
aconteça hoje do que amanhã. Na verdade, já deveria ter acontecido
ontem. Mas agora é a hora de dar a partida a esse tipo de iniciativa.”
Porém uma solução segundo a fórmula “terra em troca de paz” não tem a
menor chance de ser aceita pela Ucrânia, afirma o jornalista Roman
Goncharenko: “Ocorreram coisas demais, o sofrimento é grande demais.
Isso seria uma recompensa para a Rússia.”
Por sua vez, o político Roderich Kiesewetter ainda acredita numa
vitória militar ucraniana com auxílio das armas ocidentais. Então a
estratégia deveria ser: “Fornecer tudo, tão depressa quanto possível. A
hesitação custa vidas e eleva o perigo de que a Rússia ganhe e a Ucrânia
se esfacele. Isso também é da nossa responsabilidade.”
Integrantes da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) anunciaram
que irão atuar para derrubar o veto do presidente Luiz Inácio Lula da
Silva ao marco temporal. O Congresso havia aprovado projeto instituindo a
data de 5 de outubro de 1988, quando foi promulgada a Constituição,
como data limite para reconhecer o direito de demarcação de terras
ocupadas por indígenas no País. Lula vetou.
A iniciativa é vista por membros da bancada e por congressistas da
oposição como uma demonstração de força do Legislativo, em um momento em
que a Casa já enfrenta o Poder Judiciário, em especial o Supremo
Tribunal Federal (STF), especialmente pelo Senado.
A derrubada de vetos presidenciais acontece em sessões do Congresso
Nacional, que reúnem todos os 513 deputados e 81 senadores. Para a
rejeição do veto, é necessária a maioria absoluta dos votos, isto é, 257
deputados e 41 senadores precisam ser favoráveis a tal medida. Se
qualquer uma das casas tiver voto inferior, o veto é mantido.
Em nota publicada no final da tarde desta sexta-feira, 20, a FPA
disse que derrubará o veto em sessão do Congresso Nacional e tem votos
suficientes para isso. “A decisão dos dois Plenários é soberana e deve
ser respeitada pelos demais Poderes da República, em reconhecimento às
atribuições definias na Constituição Federal. O Parlamento Brasileiro
representa a pluralidade da sociedade em sua amplitude de Estados,
partidos e de ideais”, escreveu a bancada do agro, no comunicado.
Lula barrou exatamente os artigos que definiam o marco temporal para
as demarcações, seguindo orientação da Advocacia-Geral da União (AGU).
Segundo o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, o que
foi considerado inconstitucional foi vetado e a decisão deve ser
publicada no Diário Oficial da União (DOU).
“Lula seguiu o caminho oposto ao que pretendia o Legislativo. Vamos
lutar pela segurança jurídica no campo e segurança alimentar da nossa
nação. Tenho a convicção que derrubaremos, aqui no Congresso Nacional,
os trechos vetados”, disse o deputado Rodolfo Nogueira (PL-MS). “Como
previsto, o descondenado vetou o Marco Temporal. Vamos derrubar o veto”,
disse Daniel Freitas (PL-SC).
A maior parte das queixas ao veto do Lula vem da região Centro-Oeste.
“Vetar o marco temporal é uma decisão insana, um desrespeito a
soberania do país”, disse José Medeiros (PL-MT). Querem fazer
desintrusão só em Estados como Mato Grosso, Pará, Rondônia, Amazonas.
Vetar o marco temporal é flertar com a insegurança jurídica e com
esgarçamento do tecido social do País.”
Para o presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Tenente-Coronel
Zucco (Republicanos-RS), a tendência é que o Congresso Nacional opte
pela derrubada do veto, em uma demonstração de protagonismo da Casa.
“Na minha opinião, como se trata de um tema muito importante para a
bancada ruralista, a tendência é que o trabalho seja pelo
restabelecimento do texto aprovado por Câmara e Senado. Estamos num
processo de retomada do papel do Legislativo frente a temas que
consideramos inegociáveis”, afirmou. “O que está em jogo é a harmonia e a
independência entre os Poderes.”
A bancada do agro aguarda a publicação dos vetos no DOU para se
posicionar sobre a matéria. O deputados integrantes farão uma reunião na
próxima terça-feira, 24, para fazer a análise técnica e jurídica dos
vetos de Lula. O grupo encerrou uma obstrução na quarta-feira, 18, após o
presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), garantir que pautaria
um projeto de lei que limite poderes do Supremo Tribunal Federal (STF),
especialmente na questão das decisões monocráticas.
As bancadas do agro, da Bíblia e da bala protestam contra o que
chamam de “ativismo judicial” do STF em matérias consideradas sensíveis,
como o marco temporal e o aborto.
A Semana de 04 dias é um assunto global que vem sendo discutido
amplamente. Aqui no Brasil, a startup yampa já aplicou essa modalidade
de trabalho há mais de um ano e conseguiu melhorar consideravelmente a
produtividade de seus mais de 30 colaboradores, registrando um bom
crescimento na empresa.
A busca por um equilíbrio entre trabalho e vida pessoal nunca foi tão
relevante. Um movimento global para a adoção da semana de trabalho de
quatro dias úteis está conquistando espaço. E empresas brasileiras estão
começando a explorar essa ideia inovadora.
Para Bruno Mosé, CEO do yampa – startup de controle e análises
financeiras para PMEs que já implementou esse modelo há mais de um ano, a
decisão de adotar a semana de quatro dias foi resultado de extensa
pesquisa e análise cuidadosa. Ele enfatiza que a empresa acreditava que
poderia fazer isso funcionar e trazer benefícios tanto para seus
funcionários quanto para a empresa.
Segundo Bruno Mosé, “a jornada de quatro dias de trabalho tem sido um
verdadeiro marco na nossa jornada no yampa. Quando decidimos
implementar essa mudança, nós nos arriscamos, mas sempre com a visão de
tornar o quinto dia útil tão produtivo quanto os outros quatro. Para
isso, fizemos algumas adaptações, como garantir que nossa equipe de
contato com o cliente mantivesse um ritmo constante, pois não podemos
passar um dia inteiro sem comunicação. No entanto, o objetivo central
era claro: aproveitar esse dia extra para melhorias, crescimento
pessoal, visitar a família ou simplesmente relaxar, mas sem perdê-lo de
forma improdutiva.”
Os resultados até agora têm sido notáveis. Nos primeiros seis meses, o
yampa viu uma melhoria de eficiência de cerca de 82%, realizando em
quatro dias o que costumava levar cinco. Além disso, a produtividade
aumentou em torno de 30%, graças a um foco aprimorado, menos reuniões e
um ambiente de trabalho menos estressante.
No entanto, a abordagem do yampa não se baseia apenas em números. A
cada trimestre, a empresa revisa os resultados da semana de quatro dias,
ajustando conforme necessário. Bruno Mosé destaca: “nossa intenção
nunca foi tornar isso permanente sem questionamento. Queríamos aprender
com cada ciclo e aprimorar nossa abordagem.”
Ao pesquisar experiências bem-sucedidas em outros países que já
adotaram a semana de quatro dias, percebemos que essa é uma tendência
global que veio para ficar. Em média, empresas em todo o mundo viram
melhorias de 50% a 70% em produtividade e crescimento ao adotar esse
novo modelo de trabalho.
Bruno Mosé conclui: “nossa experiência nos ensinou que, ao adotar a
semana de quatro dias, não apenas melhoramos nossa eficiência, mas
também reduzimos o estresse e o risco de burnout da equipe. Nossos
colaboradores têm aproveitado esse modelo para desenvolver novas
habilidades, passar mais tempo com a família e se concentrar em seu
bem-estar.”
Enquanto o yampa se destaca como um exemplo pioneiro no Brasil, o
ministro do Trabalho, Luiz Marinho, lançou recentemente uma proposta que
tem agitado o cenário trabalhista no país: a adoção da semana de quatro
dias úteis. Em sua participação na Comissão de Direitos Humanos do
Senado, Marinho enfatizou que esse não é apenas um debate governamental,
mas uma discussão vital para toda a sociedade.
Para o ministro, a redução da jornada de trabalho é um tópico
crucial. Ele acredita que o momento de discuti-lo chegou: “O debate da
redução da jornada é importantíssimo. Não é um debate de governo, é um
debate para a sociedade, e quem dá a palavra final é o parlamento. Eu
acredito que passou da hora.”
Marinho também apontou que a possibilidade da semana de quatro dias
já está em discussão em outros países e que algumas empresas brasileiras
iniciarão testes em novembro. A ideia por trás desse novo modelo é
reduzir a jornada de trabalho para 32 horas semanais, utilizando a
lógica do “100 – 80 – 100”: 100% do salário, 80% do tempo e 100% de
produtividade.
Wana Schulze, head de investimento e portfólio da Wayra Brasil e Vivo Ventures
Os CVCs estão em alta, de acordo com uma pesquisa da Latam Digital
Report Startup Study 2023, da consultoria McKinsey, e cada vez mais, as
empresas têm se posicionado de forma a incentivar o trabalho com
inovação aberta, sendo isso, o investimento em startups que estejam
alinhadas às suas necessidades de negócios.
Afinal, o que é Corporate Venture Capital? Alguns se referem a ele
como CVC, enquanto outros o chamam de Corporate VC, mas,
independentemente do nome, ambos se referem à mesma coisa: um fundo criado por uma empresa com o objetivo de investir em startups e outros empreendimentos.
Estratégia de Funil para construção de um CVC de sucesso
Os CVCs estão em alta no Brasil, como apontou recentemente a pesquisa
Latam Digital Report Startup Study 2023, da consultoria McKinsey. Cada
vez mais, empresas privadas têm se posicionado no ecossistema
empreendedor de forma a incentivar o trabalho com inovação aberta e,
portanto, o investimento em startups que estejam alinhadas às suas
necessidades de negócios. Dados da pesquisa ABVCAP revelam que os CVCs
responderam por 31% das transações de fundos de venture capital com
startups no Brasil no primeiro semestre de 2023, ante 16% de
participação em 2022, na comparação com o mesmo período.
Para estruturar um CVC de sucesso, não existe receita pronta, mas
considerar três etapas essenciais para escolha dos investimentos pode
ajudar o fundo a ir mais longe e realizar aportes mais assertivos. Pense
no fluxo de avaliações dos investimentos como uma torrente de água que
passa por um encanamento que vai se afunilando. Simplificando bastante,
seria possível cortar esse funil em três partes, que revelam diferentes
momentos para esta avaliação.
No topo do funil, na sua parte mais ampla, inicia-se um momento de
descoberta das startups a serem avaliadas pelos investidores, o que pode
acontecer de duas maneiras: ativa e passiva. No primeiro formato, o
time de CVC deve se manter muito atento ao mercado e com um
relacionamento muito próximo aos empreendedores para buscar startups de
áreas que sejam prioritárias para a companhia. Ao reconhecer uma startup
em potencial, é preciso se aproximar para entender seu momento de
desenvolvimento e investigar pontos de sinergia com as teses de
investimento do CVC.
Já no formato passivo, o time comercial ou mesmo outros VCs do
ecossistema empreendedor, podem ser o canal de contato. Para isso, é
extremamente importante manter bons canais de relacionamento com outros
fundos que eventualmente podem convidar o CVC para participações em
rodadas de investimentos. Dessa forma, o CVC deve informar ao mercado de
que forma a corporação pode agregar valor às startups, compartilhando
não só a expertise de mercado mas, preferencialmente, oferecendo um
potencial de aceleração dos negócios seja como possível cliente de sua
investida, seja oferecendo seus canais de distribuição junto a públicos
finais (B2C) ou corporativos (B2B), a depender da natureza do core
business da empresa. Isso amplia exponencialmente as chances de
participar de uma série de rodadas de investimentos compartilhadas, o
que deve se tornar também uma via mão dupla, ou seja: para o sucesso de
um CVC é preciso estender o convite a outros VCs para que as rodadas de
investimento lideradas pelo CVC contem com outros parceiros do
ecossistema, sempre que houver fit para tal.
Quando a oportunidade é avaliada positivamente no topo de funil, ela
deve passar para uma segunda fase mais criteriosa pelo time de CVC a fim
de compreender possíveis sinergias. Isso inclui analisar os modelos de
negócio da solução, sua proposta de valor para os clientes, seu tamanho
de mercado, quais são seus potenciais competidores, sua estrutura de
capital, quais aportes já foram recebidos e como foram investidos, além
do entendimento aprofundado da situação financeira da startup. Somente
assim será possível chegar aos indicadores do negócio e traçar projeções
futuras.
Por fim, quando as startups chegam ao final do funil, é a tão
esperada hora do pitch. Nesta etapa, os fundadores em avaliação são
convidados para uma apresentação presencial, em que podem apresentar o
negócio para o comitê de investimentos, respondendo a dúvidas ou
questões dos executivos sobre seu market fit. Neste momento, é a hora do
CVC decidir quem deve ou não receber um aporte. Esta deve ser a etapa
mais criteriosa com foco em compreender a viabilidade da iniciativa e se
ela está alinhada com as teses de investimento do CVC em questão. Daqui
para o futuro, é do jogo aceitar que algumas apostas serão muito
certeiras e outras nem tanto, como é de praxe em todo e qualquer
investimento de risco, portanto, para além de uma boa infraestrutura e
relacionamento, um CVC bem sucedido precisa ter apetite e planejamento
de médio e a longo prazo.
*Wana Schulze é head de Investimentos e Portfólio da Wayra Brasil e
Vivo Ventures. Graduada em Engenharia Civil pela Universidade Estadual
de Campinas (UNICAMP) e possui MBA em Finanças pela Universidade de
Chicago Booth. Adquiriu seis anos de experiência como analista de
crédito corporativo trabalhando para instituições financeiras renomadas,
como Itaú BBA, Société Générale e PIMCO. Durante esse período, cobriu
diversos setores, incluindo telecomunicações, metais e mineração,
petróleo e gás e papel e celulose. Após concluir o MBA, ingressou na
McKinsey, no escritório de São Paulo, onde liderou projetos de
estratégia, transformação digital e turn around em diversos setores,
incluindo varejo, instituições financeiras, fertilizantes e indústrias
pesadas no Brasil e na América Latina, por cinco anos. Em 2021, se
juntou ao time de investimentos da HiPartners, o primeiro fundo de
venture capital brasileiro focado em retail techs, fundado por Walter
Sabini Junior, empreendedor e fundador da Virid e e-Smart, Germán
Quiroga, fundador da Omni55, e com passagens por CNova e Americanas.com;
Eduardo Terra, presidente da SBVC e Alberto Serrentino, vice-presidente
da SBVC e fundador da Varese Retail. Atualmente é Head de Investimentos
e Portfólio da Wayra e Vivo Ventures, onde lidera a equipe com foco na
originação, construção de teses de investimento e desenvolvimento de
processos.
Descubra o Marketplace Valeon do Vale do Aço: Um Hub de Empresas, Notícias e Diversão para Empreendedores
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A Startup Valeon, um site marketplace de Ipatinga-MG, que faz
divulgação de todas as empresas da região do Vale do Aço, chama a
atenção para as seguintes questões:
• O comércio eletrônico vendeu mais de 260 bilhões em 2021 e superou
pela primeira vez os shopping centers, que faturou mais de 175 bilhões.
• Estima-se que mais de 35 bilhões de vendas dos shoppings foram migradas
para o online, um sintoma da inadequação do canal ao crescimento digital.
• Ou seja, não existe mais a possibilidade de se trabalhar apenas no offline.
• É hora de migrar para o digital de maneira inteligente, estratégica e intensiva.
• Investir em sistemas inovadores permitirá que o seu negócio se
expanda, seja através de mobilidade, geolocalização, comunicação,
vendas, etc.
• Temas importantes para discussão dos Shoppings Centers e do Comércio em Geral:
a) Digitalização dos Lojistas;
b) Apoio aos lojistas;
c) Captura e gestão de dados;
d) Arquitetura de experiências;
e) Contribuição maior da área Mall e mídia;
f) Evolução do tenant mix;
g) Propósito, sustentabilidade, diversidade e inclusão;
h) O impacto do universo digital e das novas tecnologias no setor varejista;
i) Convergência do varejo físico e online;
j) Criação de ambientes flexíveis para atrair clientes mais jovens;
k) Aceleração de colaboração entre +varejistas e shoppings;
l) Incorporação da ideia de pontos de distribuição;
m) Surgimento de um cenário mais favorável ao investimento.
Vantagens competitivas da Startup Valeon:
• Toda Startup quando entra no mercado possui o sonho de se tornar
rapidamente reconhecida e desenvolvida no seu ramo de atuação e a
Startup Valeon não foge disso, fazem dois anos que estamos batalhando
para conquistarmos esse mercado aqui do Vale do Aço.
• Essa ascensão fica mais fácil de ser alcançada quando podemos
contar com apoio dos parceiros já consolidados no mercado e que estejam
dispostos a investir na execução de nossas ideias e a escolha desses
parceiros para nós está na preferência dos empresários aqui do Vale do
Aço para os nossos serviços.
• Parcerias nesse sentido têm se tornado cada vez mais comuns, pois
são capazes de proporcionar vantagens recíprocas aos envolvidos.
• A Startup Valeon é inovadora e focada em produzir soluções em tecnologia e estamos diariamente à procura do inédito.
• O Site desenvolvido pela Startup Valeon, focou nas necessidades do
mercado e na falta de um Marketplace para resolver alguns problemas
desse mercado e em especial viemos para ser mais um complemento na
divulgação de suas Empresas e durante esses dois anos de nosso
funcionamento procuramos preencher as lacunas do mercado com tecnologia,
inovação com soluções tecnológicas que facilitam a rotina dessa grande
empresa. Temos a missão de surpreender constantemente, antecipar
tendências, inovar. Precisamos estar em constante evolução para nos
manter alinhados com os desejos do consumidor. Por isso, pensamos em
como fazer a diferença buscando estar sempre um passo à frente.
• Temos a plena certeza que estamos solucionando vários problemas de
divulgação de suas empresas e bem como contribuindo com o seu
faturamento através da nossa grande audiência e de muitos acessos ao
site (https://valedoacoonline.com.br/) que completou ter mais de 100.000 acessos.
Provas de Benefícios que o nosso site produz e proporciona:
• Fazemos muito mais que aumentar as suas vendas com a utilização das nossas ferramentas de marketing;
• Atraímos visualmente mais clientes;
• Somos mais dinâmicos;
• Somos mais assertivos nas recomendações dos produtos e promoções;
• O nosso site é otimizado para aproveitar todos os visitantes;
• Proporcionamos aumento do tráfego orgânico.
• Fazemos vários investimentos em marketing como anúncios em
buscadores, redes sociais e em várias publicidades online para
impulsionar o potencial das lojas inscritas no nosso site e aumentar as
suas vendas.
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Nós da Startup Valeon, oferecemos para continuar a divulgação de suas
Empresas na nossa máquina de vendas, continuando as atividades de
divulgação e propaganda com preços bem competitivos, bem menores do que
os valores propostos pelos nossos concorrentes offlines.
Pretendemos ainda, fazer uma página no site da Valeon para cada
empresa contendo: fotos, endereços, produtos, promoções, endereços,
telefone, WhatsApp, etc.
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também uma SURPRESA para os lojistas dessa nossa região do Vale do Aço.
A Valeon é uma caixinha de possibilidades. Você pode moldar
ela em torno do negócio. O que é muito importante. O nosso é colocar o
consumidor no centro e entender o que ele precisa. A ValeOn possibilita
que você empresário consiga oferecer, especificamente para o seu
consumidor, a melhor experiência. A ValeOn já é tradicional e
reconhecida no mercado, onde você empresário pode contar com a
experiência e funcionalidades de uma tecnologia corporativa que atende
as principais operações robustas do mundo essencial e fundamental. A
ValeOn além de trazer mais segurança e credibilidade para o seu negócio,
também resulta em muita troca de conhecimento e ótimos resultados para
ambos os lados, como toda boa parceria entre empresas deve ser.
Lembrem-se que a ValeOn é uma Startup Marketplace de Ipatinga-MG que tem
a responsabilidade de levar o cliente até à sua empresa e que temos
potencial para transformar mercados, impactar consumidores e revirar
empresas e indústrias onde nossos produtos e serviços têm capacidade de
escala e de atrair os investimentos corretos para o nosso crescimento.
A Startup Valeon um marketplace aqui do Vale do Aço volta a
oferecer novamente os seus serviços de prestação de serviços de
divulgação de suas empresas no nosso site que é uma Plataforma
Comercial, o que aliás, já estamos fazendo há algum tempo, por nossa
livre e espontânea vontade, e desejamos que essa parceria com a sua
empresa seja oficializada.
A exemplo de outras empresas pelo país, elas estão levando
para o ambiente virtual as suas lojas em operações que reúnem as
melhores marcas do varejo e um mix de opções.
O objetivo desse projeto é facilitar esse relacionamento com o
cliente, facilitando a compra virtual e oferecer mais um canal de
compra, que se tornou ainda mais relevante após a pandemia.
Um dos pontos focais dessa nossa proposta é o lojista que
pode tirar o máximo de possibilidade de venda por meio da nossa
plataforma. A começar pela nossa taxa de remuneração da operação que é
muito abaixo do valor praticado pelo mercado.
Vamos agora, enumerar uma série de vantagens competitivas que oferecemos na nossa Plataforma Comercial Valeon:
O Site Valeon é bem elaborado, com layout diferenciado e único, tem bom market fit que agrada ao mercado e aos clientes.
A Plataforma Valeon tem imagens diferenciadas com separação
das lojas por categorias, com a descrição dos produtos e acesso ao site
de cada loja, tudo isso numa vitrine virtual que possibilita a
comunicação dos clientes com as lojas.
Não se trata da digitalização da compra nas lojas e sim
trata-se da integração dos ambientes online e offline na jornada da
compra.
No país, as lojas online, que também contam com lojas
físicas, cresceram três vezes mais que as puramente virtuais e com
relação às retiradas, estudos demonstram que 67% dos consumidores que
compram online preferem retirar o produto em lojas físicas.
O número de visitantes do Site da Valeon (https://valedoacoonline.com.br/) tem crescido exponencialmente, até o momento, temos mais de 222.000 visitantes e o site (https://valeonnoticias.com.br/) também nosso tem mais de 5.800.000 de visitantes.
O site Valeon oferece ao consumidor a oportunidade de
comprar da sua loja favorita pelo smartphone ou computador, em casa, e
ainda poder retirar ou receber o pedido com rapidez.
A Plataforma Comercial da Valeon difere dos outros
marketplaces por oferecer além da exposição das empresas, seus produtos e
promoções, tem outras formas de atrair a atenção dos internautas como:
empresas, serviços, turismo, cinemas e diversão no Shopping, ofertas de
produtos dos supermercados, revenda de veículos usados, notícias locais
do Brasil e do Mundo, diversão de músicas, rádios e Gossip.
Nós somos a mudança, não somos ainda uma empresa tradicional. Crescemos
tantas vezes ao longo do ano, que mal conseguimos contar. Nossa
história ainda é curta, mas sabemos que ela está apenas começando.
Afinal, espera-se tudo de uma startup que costuma triplicar seu crescimento, não é?
Colocamos todo esse potencial criativo para a decisão dos senhores donos das empresas e os consumidores.
“Para que não haja dúvidas, não estamos propondo uma anistia ampla,
mas apenas para esses crimes específicos, dada a impossibilidade de
identificar objetivamente a intenção de cometê-los. Remanescem, todavia,
as acusações e condenações pelos crimes de dano, deterioração do
patrimônio tombado e associação criminosa, pois são condutas que podem
ser individualizadas a partir das imagens de vídeos que mostraram toda
aquela manifestação”, afirmou o senador.
BUENOS AIRES (Reuters) – Com cabelos bagunçados e costeletas
impetuosas — e às vezes portando uma serra elétrica — o economista
libertário Javier Milei se tornou a imagem de destaque nas eleições
presidenciais da Argentina e se tornou o candidato a ser derrotado.
Um estranho azarão até poucos meses atrás, o ex-roqueiro e
comentarista polêmico de programas de rádio, de 52 anos, enviou ondas de
choque pela arena política ao chegar ao topo nas primárias de agosto, e
agora está em primeiro lugar nas pesquisas antes da votação do próximo
domingo.
Uma campanha agressiva e colorida, que vai desde a promessa de
“incendiar” o Banco Central até o uso de uma serra elétrica em comícios
para simbolizar seus planos de cortar gastos, incitou multidões de
eleitores irritados com a inflação de 138% e com uma dolorosa crise de
custo de vida.
“Ele conseguiu recuperar algo que se perdeu na política argentina,
que é oferecer esperança”, disse Juan Luis González, jornalista
argentino que escreveu um livro sobre Milei intitulado “El Loco”.
González, um crítico de Milei em geral, disse que ele conseguiu se
apresentar como algo novo para desenraizar a elite política, que os
eleitores culpam pelas décadas de mal-estar econômico, que se agravou de
forma acentuada nos últimos anos.
“Ele é um líder instável para um país instável”, diz o jornalista.
Milei, cujo carisma ousado lembra o ex-presidente dos Estados Unidos
Donald Trump, ou o italiano Beppe Grillo, propõe dolarizar a economia,
acabar com os controles cambiais, fechar o banco central e cortar
drasticamente os gastos do Estado. Ele também defende controles mais
flexíveis sobre armas e regras mais rígidas sobre o aborto.
“Ele é a mudança que a Argentina precisa”, disse Ayrton Ortiz, de 28
anos, em um recente comício de Milei na província de Buenos Aires em
apoio ao candidato. Milei atraiu os eleitores jovens do país,
especialmente os homens.
Milei, que entrou na política há apenas alguns anos citando um
chamado de Deus, enfrentará o atual ministro peronista da Economia,
Sérgio Massa, e a ex-ministra da Segurança, Patricia Bullrich, do bloco
conservador Juntos pela Mudança.
Seus apoiadores costumam usar a etiqueta “Forças do Céu” em bonés e
memes da Internet, enquanto Milei fala em fazer “jornadas espirituais”.
No entanto, ele também criticou o papa como “socialista” e
“representante do mal”.
Representando a coligação libertária Libertad Avanza, ele está no
topo de uma onda de sentimento anti-establishment que varre a região.
“Em termos de lógica política, sou um erro, porque o que vim fazer é,
na verdade, acabar com os privilégios dos políticos”, disse Milei à
Reuters numa entrevista no ano passado, quando começava a subir nas
pesquisas. “Não me importa quem sejam meus rivais nas urnas, vou vencer
todos eles.”
MURRAY, MILTON, ROBERT E LUCAS
Milei tem um pequeno círculo de confidentes, incluindo sua irmã
Karina, que agora é sua gerente de campanha e que ele brincou no início
deste ano que poderia se tornar sua “primeira-dama”.
Seu outro companheiro mais próximo era seu cachorro Conan, que ele
pagou 50 mil dólares para clonar após sua morte em 2017, disse o
biógrafo González. Ele agora tem quatro cães: Murray, Milton, Robert e
Lucas, batizados em homenagem a economistas liberais, entre eles Milton
Friedman.
Milei passou a maior parte de sua carreira como economista em
negócios e na mídia. Ele trabalhou para um dos líderes empresariais mais
ricos da Argentina, Eduardo Eurnekian, que se tornou um dos primeiros
apoiadores de sua campanha, mas que recentemente o criticou como um
potencial ditador.
O estilo impetuoso de Milei de atacar os críticos que ele denuncia
como “comunistas” e “a casta política” lhe rendeu milhões de seguidores
nas redes sociais, mas deu aos críticos motivos para dizer que ele não é
adequado para o cargo.
Aqueles que trabalham com a sua campanha dizem que foi a sua
autenticidade que o tornou tão bem sucedido, especialmente com dois
quintos da população na pobreza e à procura de uma nova voz.
“Você pode gostar dele ou não, mas ele é ele mesmo”, disse Fernando
Cerimedo, consultor político que trabalha na campanha de Milei.
ESPERANÇA OU FANTASIA?
Os críticos dizem que Milei é um populista que promete soluções
irreais para problemas complexos, e que não será capaz de implementar os
seus planos, especialmente porque a sua coligação terá poucos líderes
governamentais locais e enfrentará um Congresso fragmentado.
Fernando Morra, ex-vice-ministro da Economia peronista durante o
atual governo, admitiu que Milei energizou os eleitores, mas alertou que
muitas de suas propostas eram difíceis de implementar ou poderiam
piorar as coisas, alimentando a raiva dos eleitores.
“Os eleitores de Milei estão entusiasmados, alguns dos poucos vão
para as eleições com esperança, mas o problema é o que vai acontecer se
houver decepção?”, disse.
Muitos eleitores de Milei dizem que estão dispostos a correr o risco.
“Durante toda a minha infância, vi como o dinheiro não chegava. No
final do mês, você vê como eles contam centavos e choram”, disse a
eleitora de Milei Valentina Brites, de 18 anos.
“Javier chegou e você pôde ver: isso é algo diferente. Nada do que eles fizeram antes mudou alguma coisa.”
(Reportagem de Anna-Catherine Brigida; reportagem adicional de Eliana Raszewksi e Candelaria Grimberg)
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O governo da República Tcheca anunciou
nesta terça (17) que selecionou o KC-390, da brasileira Embraer, como
seu novo avião de transporte militar. É o quinto país a fazer isso na
Europa e o terceiro da Otan, a aliança militar ocidental, consolidando a
entrada da fabricante brasileira neste mercado.
O país do Leste Europeu quer adquirir duas aeronaves. Hoje, o país
não tem um cargueiro médio como o KC-390, e depende de uma frota de 15
aviões de pequeno porte. A aeronave brasileira leva até 26 toneladas. Os
valores ainda serão negociados.
“Estamos honrados pela seleção do Ministério da Defesa e das Forças
Armadas para iniciar as negociações desta aquisição significativa.
Estamos prontos para fornecer à República Tcheca a mais avançada
aeronave de transporte tático disponível no mercado”, disse em nota
Bosco da Costa Junior, presidente e CEO da Embraer Defesa &
Segurança.
“O C-390 Millennium está atraindo a atenção de várias nações ao redor
do mundo, devido à sua combinação imbatível de alta produtividade e
flexibilidade operacional com baixos custos operacionais”, disse,
referindo-se ao nome que a Embraer prefere para vender o avião, que sem o
“K” na sigla significa que não tem a capacidade de reabastecer outras
aeronaves em voo.
No mês passado, a empresa brasileira havia fechado um acordo para
fornecer até cinco unidades para a Áustria, país que não é da Otan mas
opera de forma muito próxima ao clube militar. Os outros clientes, todos
da aliança, são Portugal (5 aviões), Hungria (2) e Holanda (5).
No ano passado, quando a Holanda anunciou a intenção da compra, o
governo informou ao Parlamento que ela sairia por algo entre 1 bilhão
(R$ 5,3 bilhões hoje) e 2,5 bilhões (R$ 13,3 bilhões). No caso
húngaro, cada avião saiu por US$ 150 milhões (cerca de R$ 756 milhões).
Tudo depende do pacote de suporte entregue e do pós-venda.
A República Tcheca era um alvo óbvio da Embraer pela sua lacuna na
aviação de transporte e pelo fato de ter uma empresa, a Aero Vodochody,
como fornecedora de partes da fuselagem, portas e rampa de carga do
KC-390.
O projeto começou em 2008 e o avião teve como seu primeiro cliente o
Brasil, que reduziu de 28 para 19 unidades sua encomenda em 2021. Já há
seis unidades do cargueiro voando no país, e elas estão em uso na
operação para a repatriação de brasileiros que querem fugir da guerra
entre Israel e o grupo terrorista palestino Hamas.
Os tchecos também operam hoje 14 caças Gripen C/D, a geração anterior
da comprada pelo Brasil da sueca Saab, mas já escolheram outro modelo
para substituí-lo, o americano F-35. No mês passado, Praga anunciou que
compraria 24 desses aviões.
Tudo isso é reflexo da mudança no cenário de segurança europeia
devido à invasão russa da Ucrânia, em 2022. A República Tcheca anunciou
que irá elevar seu gasto militar dos atuais 1,3% do Produto Interno
Bruto para 2%, que é a marca considerada desejável pela Otan e que
apenas 7 dos então 30 membros do clube em 2022 cumpriam a Finlândia
entrou em abril, e a Suécia está na fila, tudo cortesia da guerra de
Vladimir Putin.
O principal objetivo da Embraer é o nicho do C-130 Hércules, mais
famoso avião de transporte do mundo, que voa desde os anos 1950. O
quadrimotor americano domina o mercado na Europa, com 140 de 160
aeronaves.
Apesar de fortemente modernizado, não é um projeto do século 21 como o
do KC-390, principal ponto de venda do brasileiro. Segundo a Embraer, a
partir de dados operacionais da FAB (Força Aérea Brasileira), a
aeronave tem cerca de 80% de disponibilidade, índice considerado alto, e
99% de aproveitamento de missões.
O próximo país que deve adquiri-lo na Europa é a Suécia, numa
negociação que envolve um aditivo ao contrato de compra de 36 Gripen E/F
pelo Brasil. No arranjo, Estocolmo deveria comprar até quatro
aeronaves, e a FAB expandiria sua frota para 50 aeronaves sem precisar
fazer uma negociação do zero.
O ministro José Múcio (Defesa) estava a caminho da Suécia para
discutir o negócio na semana passada, mas teve de voltar ao país para
coordenar a operação de resgate dos brasileiros em Israel e Gaza. Há
sondagens para vendas potenciais também à Eslováquia, membro da Otan,
Egito, África do Sul e Ruanda.
A divisão de defesa da Embraer respondeu em 2022 por 10% do resultado
da empresa, que é a terceira maior fabricante de aviões comerciais do
mundo e teve uma receita global de R$ 23 bilhões.
O medo de que a reforma tributária em discussão em Brasília aumente a
cobrança de impostos sobre herança no País está levando muitos
brasileiros aos cartórios
Desde que o texto foi aprovado na Câmara de Deputados, em julho, o número de doações em vida de bens a herdeiros aumentou 22%
Especialistas explicam o que pode mudar com a PEC 45; e quais as vantagens de se antecipar e fazer a doação de bens em vida
O medo de que a reforma tributária em discussão em Brasília aumente a cobrança de impostos sobre
herança no País está levando brasileiros aos cartórios. Desde que o
texto foi aprovado na Câmara de Deputados, em julho, o número de doações
em vida de bens a herdeiros aumentou 22%, mostram dados do Colégio
Notarial do Brasil, do Conselho Federal (CNB/CF), entidade que reúne os
8.344 Cartórios de Notas em território nacional.
Em agosto deste ano, o número de doações de bens passou para mais de 14,2 mil. A média mensal em 2022 era de 11,6 mil.
A doação em vida de bens consiste em antecipar a transferência do
patrimônio aos herdeiros, para que, após a morte, não seja necessário a
abertura de um inventário para realizar a partilha. Na prática, o doador
mantém a posse e o usufruto dos bens enquanto permanecer vivo, apenas
já deixa registrado a destinação da herança no futuro.
De qualquer maneira, incidirá sobre o patrimônio o Imposto sobre
Transmissão Causa Mortis e Doação de Quaisquer Bens ou Direitos (ITCMD),
que deve ser pago por quem recebe bens ou direitos, seja por herança
seja por doação em vida. Por se tratar de um tributo estadual, cada um
dos 27 Estados brasileiros têm liberdade para estabelecer a sua própria
alíquota, que pode ser fixa ou progressiva, desde que não ultrapasse a
faixa de 8%.
Também é permitido que o inventário seja processado em outro Estado
que não seja aquele em que o dono do patrimônio morreu – uma estratégia
que costuma ser utilizada para direcionar o processo para onde há a
menor alíquota.
A proposta presente na Proposta de Emenda à Constituição (PEC)
45/2019 coloca algumas alterações importantes. Se aprovado, o texto
determina que o ITCMD se torne obrigatoriamente uma alíquota progressiva
até 8%. Ou seja, que seja maior para valores de herança mais elevados. A
reforma também diz que o ITCMD deverá ser recolhido no Estado de
domicílio do falecido, além de determinar a cobrança do imposto em
doações e heranças no exterior, que atualmente são isentas de tributos.
Francisco Nogueira de Lima Neto, sócio-fundador do escritório
Gasparini, Nogueira de Lima e Barbosa Advogados, explica que as novas
alíquotas do ITCMD ainda não foram estabelecidas. Esta é uma informação
que deve estar presente apenas no texto final da PEC. Ainda assim, é de
se esperar por um aumento nessa carga tributária.
“Muito provavelmente haverá um aumento de carga tributária,
principalmente para aqueles Estados que atualmente não aplicam uma
alíquota progressiva”, diz o advogado. “Usando como exemplo São Paulo,
que hoje cobra 4% para todo mundo. A maioria dos contribuintes que tiver
um patrimônio um pouco maior vai cair na alíquota de 8%.”
Por conta da expectativa de aumento na tributação o número de doação
de bens em vida cresceu. São cidadãos tentando garantir, ainda em vida,
um imposto menor sobre a partilha do patrimônio. Um movimento que,
segundo Francisco Nogueira de Lima Neto, é até compreensível.
“Qualquer família que tenha algum patrimônio e que possua herdeiros
vai estar sujeito a inventário se não fizer a doação em vida. E essas
regras de inventário, com a PEC 45, provavelmente serão piores”, afirma
Neto. “É uma janela de oportunidade, especialmente para esses
contribuintes que atualmente estão nos Estados com as alíquotas mais
baixas.”
Vale a pena se antecipar?
A PEC 45/2019 não é a primeira discussão sobre a tributação de
heranças a acontecer. Tramita no Senado há algum tempo um outro texto
que propõe aumentar a faixa limite do ITCMD para 16%. Nesse caso,
Estados teriam liberdade para estabelecer suas alíquotas – fixas ou
progressivas – até o dobro do teto atual de 8%.
“Comparado a diversos outros países, a carga tributária no Brasil de
doação e sucessão, que são objetos do ITCMD, são baixas. Existem aqueles
que tributam 10%, 15%, ou até 40%”, destaca Rogério Fedele, advogado do
escritório Abe Advogados. Isso mostra como a possibilidade de aumentar
os impostos sobre herança já vem sendo discutida antes mesmo da reforma
tributária. Um sinal de alerta e que corrobora com a doação antecipada
dos bens.
E não é somente pela questão tributária, defende Fedele: o
planejamento sucessório em vida pode facilitar os trâmites em um momento
de luto para os ficam, simplificando as dinâmicas familiares e até
evitando intrigas. Afinal, já estará estebelecido e acordado quem
receberá qual parte do patrimônio.
O advogado levanta ainda um outro ponto, a possibilidade do aumento
do valor do imóvel com o passar do tempo. “Uma doação de um bem que vale
100 paga 4% hoje em São Paulo. Esperar é correr o risco de doar o mesmo
bem numa sucessão, daqui a 20 anos, mas com o bem valendo 500 e com uma
alíquota de 16%”, diz Fedele. “Tudo isso atrai as famílias a
anteciparem em vida, por trazer uma paz e até uma eficiência tributária,
dado que a perspectiva é realmente que a alíquota eventualmente
aumente.”
Planejamento sucessório
Essa discussão traz a tona a importância de um outro tema, que
especialistas chamam de planejamento sucessório. Trata-se da organização
da transferência de patrimônio para herdeiros, com uma série de medidas
tributárias, jurídicas e financeiras que não só facilite o recebimento
da herança, mas ajude a evitar qualquer conflito.
Luciana Pantaroto, sócia da consultoria Dian & Pantaroto e
planejadora financeira CFP pela Planejar, define esta etapa como uma
tentativa de tornar a transmissão do patrimônio entre as gerações mais
eficiente, reduzindo custos, burocracia e conflitos familiares. É
possível utilizar diferentes instrumentos, como a própria doação em
vida, mas também testamento, seguros de vida e até holdings familiares. Tudo a depender da complexidade do patrimônio e da estrutura familiar.
E não é preciso ter muito dinheiro para pensar em um planejamento
sucessório, diz a especialista. “Algumas medidas podem ser adotadas em
benefício de indivíduos cuja situação patrimonial e familiar sejam mais
simples”, destaca Pantaroto. “Considerando que a morte é imprevisível,
vale pensar em sucessão. No entanto, pela complexidade do tema, é
fundamental contar com assessoria especializada para a melhor tomada de
decisão.”
Governadores se reuniram em São Paulo pela
primeira vez após aprovação da proposta pelos Estados participantes e
enfatizaram que objetivo não é dividir o país
Por Pedro Augusto Figueiredo e Samuel Lima – Jornal Estadão
Na abertura do evento em São Paulo, no entanto, os governadores
negaram que o Cosud tenha como objetivo colocar estados contra estados e
que a intenção é estimular a cooperação e melhorar as políticas
públicas.
“O que a gente menos quer do Cosud é que ele seja um consórcio
político, no sentido eleitoral. Queremos que seja um consórcio que, na
medida em que vai amadurecendo, seja em cima de questões técnicas, de
temáticas para ajudar a modernizar a máquina pública”, disse o
governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), atual coordenador do grupo.
Segundo ele, os consórcios das demais regiões, como Nordeste e Norte,
serviram de inspiração.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos),
e o próprio Zema rebateram indiretamente a polêmica. “O objetivo do
Cosud não é fazer contraponto. É construir políticas públicas e
cooperar”, disse o chefe do Executivo paulista, que também negou que a
frente de estados represente distanciamento do governo federal.
“Obviamente, o resultado vai ser melhor se a gente conseguir a
cooperação do governo federal”, continuou.
“Tenho certeza que o Cosud está aqui é para unir e somar, e nunca
para dividir”, declarou o governador mineiro. Zema, no entanto, preferiu
dar enfoque a medidas ambientais tomadas pela sua gestão no discurso de
abertura do evento.
.
Também estiveram presentes o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), e a vice-governadora de Santa Catarina, Marilisa Boehm (PL). Os governadores do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), e do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), não participaram da abertura do encontro, que termina no sábado, 21.
Orçamento do Cosud ainda é incógnita
Apesar da formalização nas assembleias e de promessas que envolvem
até a criação de um banco de fomento regional, não se sabe quando e como
os recursos serão levantados pelos governos estaduais.
O consórcio terá pelo menos dez cargos, todos comissionados. Os
salários já foram estabelecidos pelos governadores: o
secretário-executivo ganhará R$ 19,5 mil, e os assessores, R$ 16,5 mil. O
secretário precisará ter dedicação exclusiva, já os assessores podem
ser servidores “emprestados” pelos governos dos Estados.
Os governadores disseram que o orçamento do Cosud e a contribuição de
cada estado ainda serão discutidos após a formalização do grupo e que a
previsão é que o tema seja definido antes do próximo encontro. Os
projetos de lei não especificam de onde sairá o dinheiro para custear o
consórcio, apenas que as despesas de manutenção serão divididas entre os
estados. A Casa Civil de São Paulo disse que não haverá “orçamento de
execução centralizada”, ou seja, um caixa comum da autarquia.
“O que a gente superou foi a aprovação das assembleias. Agora temos a
parte de formalização, registro, CNPJ, todas essas burocracias precisam
ser atendidas, e a partir disso vai se convencionar a contribuição dos
estados para arcar com uma estrutura comum que deve ser enxuta”, disse
Eduardo Leite.
Em ‘Brancura’, um homem decide entrar em
uma mata escura, sob neve pesada, e encontra um ser reluzente; livro
será publicado pela Editora Fósforo ainda em outubro
Após se consagrar com a obra Septologia, o norueguês lançou Brancura,
um breve romance em que um homem começa a dirigir sem rumo e,
desconhecendo as próprias motivações, conduz seu carro até uma floresta.
Na escuridão e sob neve pesada, ele decide não procurar ajuda, mas
entrar pela mata escura – onde encontra um ser de brancura reluzente.
O livro, considerado uma ótima porta de entrada para a literatura de Fosse, já está em pré-venda e será publicado pela Editora Fósforo no dia 26 de outubro. A versão em e-book já estará disponível a partir deste sábado, 7.
Leia um trecho de Brancura:
“Eu dirigia sem parar. Era bom. Era boa a sensação de estar em
movimento. Sem saber para onde estava indo. Apenas dirigia. O tédio
havia se apoderado de mim, logo de mim, que nunca me deixei afetar por
ele. Nada que me passasse pela cabeça me animava. Por isso decidi fazer
alguma coisa. Entrei no carro e fui para onde ele me levasse, se no
caminho houvesse uma curva à esquerda ou à direita, eu virava à direita,
e se, no cruzamento seguinte, pudesse virar à direita ou à esquerda, eu
virava à esquerda. E continuei dirigindo assim. Acabei enveredando por
uma estrada no meio da floresta, e os sulcos no chão foram se
aprofundando até que senti o carro patinar. Segui em frente, até o carro
finalmente empacar. Ensaiei dar uma ré mas não consegui, então
estanquei de vez. Desliguei o motor. Fiquei sentado no carro. Pois bem,
cá estou eu agora, cá estou eu agora sentado, pensei, e me senti vazio,
como se o tédio tivesse se transformado num vazio. Ou, melhor dizendo,
numa espécie de agonia, porque senti um medo em mim enquanto estava ali
com o olhar fixo adiante, fitando o vazio, como estivesse diante do
vácuo. Do nada. Que conversa é essa, pensei. Diante de mim está a
floresta, só a floresta, pensei. Então foi até a floresta que esse
ímpeto de dirigir me trouxe. Poderia dizer de outra maneira, que alguma
coisa, não sei bem o quê, me conduziu a alguma outra coisa, fosse lá o
que fosse, a uma coisa distinta. Contemplei a floresta à minha frente. A
floresta. Sim, árvores próximas umas das outras, pinheiros, um pinhal. E
entre as árvores o solo marrom, ressequido. Eu me senti vazio. E também
com essa agonia. Do que eu sentia medo. Por que estava com medo. O medo
era tamanho que não consegui nem sair do carro. Não me atrevi. Quer
dizer, eu estava aqui, nessa estrada, no meio da mata, para onde dirigi e
fiquei preso, quase onde a estrada termina. Vai ver por isso senti essa
agonia, porque deixei o carro empacar no fim de uma estrada no meio da
floresta, e bem aqui, no fim dessa estrada, não havia espaço para
manobrar. Não lembrava, depois que peguei essa estrada, ter passado por
algum trecho em que pudesse retornar. É bem possível. Sim, porque se eu
tivesse avistado um retorno decerto teria parado o carro e dado
meia-volta, pois dirigir por uma estrada tão estreita cortando essa
paisagem de colinas onduladas não diminuía minha agonia, pelo contrário,
só a aumentava. Mas não passei por nenhum retorno, provavelmente era
isso que eu esperava acontecer o tempo todo, sim, avistar um lugar
adiante para encostar o carro, engatar ré, avançar um pouco, talvez
repetir esse movimento algumas vezes, sim, até conseguir manobrar e
voltar para a rodovia, e então prosseguir para algum lugar, mas para
qual, para um lugar em que tivesse gente, e lá eu pudesse comprar alguma
coisa para comer, quem sabe um cachorro-quente, ou talvez, podia muito
bem ser, chegar a uma lanchonete no acostamento da rodovia para fazer
uma parada e comer. Era bem possível. De repente me dei conta de que já
haviam se passado dias, não lembro quantos, desde a última vez que tinha
feito uma refeição decente. Se bem que provavelmente é sempre assim com
quem mora sozinho. Cozinhar é um estorvo, sim, é bem mais fácil
recorrer ao que está à mão, uma fatia de pão, se houver pão em casa, com
o que estiver na geladeira, na maioria das vezes maionese pura e
simples e umas fatias de salame. Mas isso lá é coisa para ficar
remoendo, como se eu não tivesse coisas mais importantes com que me
preocupar. Mas com o que então. Que estupidez me perguntar, até mesmo
pensar sobre isso. Estou com o carro preso numa estrada na floresta, não
tem ninguém por perto, e não consigo tirá-lo daqui, então suponho que
isso já seja o bastante para me ocupar, sim, ocupar a cabeça, como se
diz, me ocupar imaginando como tirar o carro daqui. Pois o carro não
pode ficar preso aqui como está agora. Óbvio que não. Tão óbvio que
chega a ser uma bobagem pensar isso. Cá estou eu olhando para o carro e
ele apenas me devolve o olhar, estúpido. Ou será que esse olhar estúpido
é o meu. Repare como ele parece estúpido ali, enganchado num montinho,
como se diz, no meio da estrada, que se prolonga mais alguns metros até
se transformar numa trilha pelo coração da floresta. Que diabos eu vim
fazer nesse lugar. Por que vim dirigindo até aqui. Por que eu tinha que
inventar isso. Por que motivo agi assim. Nenhum motivo. Nenhum. E por
que dirigi até essa estrada no meio da floresta. Por puro acaso, talvez.
Sim, não há outro nome para isso. Mas o acaso, o que é mesmo. Não, não
vou começar a pensar essas baboseiras. Nunca leva a nada. O que preciso
agora é fazer meu carro andar. E depois manobrá-lo. Mas há outra coisa.
Sim, porque não passei por nenhum retorno, se tivesse passado já teria
feito esse retorno há muito tempo, porque dificilmente haveria lugar
mais entediante para dirigir do que essa estrada no meio da floresta.
Nada além de colinas suaves e de uma fazenda abandonada, sim, só podia
estar abandonada, porque havia tábuas pregadas nas janelas da casa. A
pintura, aliás, estava em péssimo estado, em alguns lugares já nem havia
tinta. E metade do telhado do celeiro tinha desabado. É triste ver uma
casa caindo aos pedaços. Lugares com os quais ninguém se importa. Mas
por que alguém haveria de se importar. Antes de estar em ruínas era,
sim, uma bela casa. Eu teria gostado de morar numa casa daquelas,
gostaria de ter vivido naquela casa pela qual passei, mas mais cedo na
vida, quando eu era jovem, não agora. Evidente que eu não moraria numa
casa naquelas condições. No estado em que estava, é óbvio que ninguém
moraria nela, nem pessoas nem sei lá o quê. Animais, talvez. Sim, talvez
algum animal tenha se abrigado ali dentro. A casa deve estar tomada por
ratos. Até ratazanas devem ter se mudado para lá”.