sábado, 21 de outubro de 2023

ALIADOS PARECEM PERDER INTERESSE NA UCRÂNIA DEVIDO O CONFLITO NO ORIENTE MÉDIO

História por Christoph Hasselbach  • DW Brasil

A atenção internacional se desviou da invasão russa para o conflito no Oriente Médio. Enquanto isso os aliados parecem perder interesse em Kiev. Rússia aposta na volta de Trump. A Ucrânia vai ser deixada à própria sorte?

Joe Biden (dir.) prometeu a Volodimir Zelenski apoiar Ucrânia© Evan Vucci/AP/picture alliance

A intenção é apoiar a Ucrânia contra a Rússia invasora “pelo tempo que for necessário”, afirma o presidente americano, Joe Biden, e assim consta do comunicado final da mais recente cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Essa é também a posição do chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz.

Desde a ofensiva do grupo terrorista Hamas em Israel, em 7 de outubro, contudo, uma nova crise internacional atrai as atenções da comunidade mundial, tendo o potencial para canalizar as forças também daqueles que apoiam especialmente Kiev, por exemplo os Estados Unidos.

Quem pode sair lucrando é a Rússia. Recentemente o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, insistiu junto aos Estados-membros da Otan para que não recuem em seu apoio, pois Moscou tentaria se aproveitar da situação no Oriente Médio.

Respondendo a um jornalista, Biden reafirmou que os EUA são perfeitamente capazes de encarar simultaneamente as duas crises: “Se nós não o fizermos, quem fará?” Em casa, porém, o político democrata enfrenta um impasse com os republicanos que querem reduzir o apoio à Ucrânia. Devido ao atual caos no Congresso americano, no momento não há mesmo chance de novas verbas serem alocadas para o país sob invasão russa.

O politólogo Johannes Varwick, da Universidade de Halle, Alemanha, ressalva que, no tocante ao respaldo para Kiev, o vento já havia virado nos EUA antes mesmo dessa última crise no Oriente Médio: “Há uma concorrência por atenção e recursos. Não creio que protagonistas importantes vão suspender agora o apoio à Ucrânia, mas a prioridade se deslocou.”

Destruição russa continua na Ucrânia: cidade de Mykolaiv em julho de 2023© Viktoria Lakezina/REUTERS

Apoio minguante à Ucrânia

A solidariedade para com a Ucrânia se atomiza também na Europa. Irritado com as importações baratas de grãos do país vizinho, durante certo tempo o governo da Polônia ameaçou restringir o fornecimento de armas.

Na Eslováquia, até então igualmente uma grande aliada da causa ucraniana, o primeiro-ministro Robert Fico prometeu em sua campanha eleitoral que, sob seu governo, o país não forneceria “um só tiro de munição” à Ucrânia, e ao mesmo tempo exortou a uma melhora das relações com a Rússia.

Quanto à Hungria – que nunca participou das sanções internacionais contra Moscou e continua comprando gás russo –, o premiê Viktor Orbán tenta sistematicamente impedir que a União Europeia aprove novas ajudas financeiras para a Ucrânia.

No que concerne o Ocidente em geral, o encarregado de defesa da conservadora União Democrata Cristã (CDU) da Alemanha, Roderich Kiesewetter, constata: “O apoio à Ucrânia já recuou, a coesão se esfacela, soam mais alto as vozes que exigem uma ‘paz ditada de fora’.” O jornalista Roman Goncharenko, da redação ucraniana da DW, concorda: em seu país corre “a desilusão de o Ocidente ter se cansado”.

Desilusão ucraniana com o Ocidente

Soma-se a isso o fato de que, apesar do auxílio armamentista ocidental e de repetidas vitórias militares limitadas em sua longamente antecipada contraofensiva de libertação, até agora a Ucrânia não conseguiu o avanço bélico definitivo.

O portal militar ucraniano Deep State constatou recentemente: “O verão mostrou que a guerra não vai acabar em 2024 segundo nossas condições.” “Nossas condições” significariam uma retomada total de todos os territórios ocupados, inclusive a Crimeia.

Zelenski voltou a apelar por armas ocidentais, como aviões de combate. Da Alemanha, ele agora deseja, acima de tudo mísseis de cruzeiro do tipo Taurus, que Scholz nega, já tendo fornecido tanques blindados para a Ucrânia.

Numa consulta do instituto de pesquisa de opinião YouGov entre cidadãos alemães, uma maioria de 55% concordou com essa recusa. Entretanto a hesitação constante é exatamente o problema, diagnostica Kiesewetter: “A ofensiva de libertação é obstruída pelo próprio Ocidente, ao fornecer pouco demais, demasiado tarde.”

Rússia aposta em nova presidência Trump

As opiniões quanto a se o envio de armas em peso decidirá a guerra divergem diametralmente na Alemanha – também entre os especialistas Roderich Kiesewetter e Johannes Varwick. No que toca aos Taurus, este último admite ser “claro que tais armas fazem uma diferença”. Mas “não espero que resultem numa mudança da constelação estratégica”, já que a Rússia tem fôlego longo nessa guerra de desgaste e é capaz de exercer pressão considerável sobre os ucranianos.

Em contrapartida, o especialista da CDU Kiesewetter está convencido de que “superioridade aérea e armas de precisão à distância como o Taurus, em volume suficiente, poderão proporcionar a virada”. E nesse ínterim, o Kremlin joga para ganhar tempo, apostando numa nova vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais de 2024. Isso representaria o fim do respaldo americano à Ucrânia.

Quanto à eventualidade de então os europeus se engajarem no lugar dos EUA “já do ponto de vista da escala, simplesmente não é possível”, descarta Varwick, lembrando que a potência americana empregou mais de 50 bilhões de dólares só em ajuda militar, enquanto a Alemanha, segundo maior aliado, não liberou mais do que uns 12 bilhões de dólares.

“Se os americanos suspenderem seu apoio ou o reduzirem significativamente, aí a Ucrânia tem um problema que os europeus não serão capazes de compensar”, adverte o cientista político da Universidade de Halle.

Kiev não aceita trocar território por paz

O “cansaço de guerra” do Ocidente pressiona os políticos a procurarem um fim do conflito através da negociação. Para Varwick, isso é mesmo inevitável, incluindo negociar sobre “alterações territoriais e a neutralidade da Ucrânia”: “Tudo isso está em jogo e é melhor que aconteça hoje do que amanhã. Na verdade, já deveria ter acontecido ontem. Mas agora é a hora de dar a partida a esse tipo de iniciativa.”

Porém uma solução segundo a fórmula “terra em troca de paz” não tem a menor chance de ser aceita pela Ucrânia, afirma o jornalista Roman Goncharenko: “Ocorreram coisas demais, o sofrimento é grande demais. Isso seria uma recompensa para a Rússia.”

Por sua vez, o político Roderich Kiesewetter ainda acredita numa vitória militar ucraniana com auxílio das armas ocidentais. Então a estratégia deveria ser: “Fornecer tudo, tão depressa quanto possível. A hesitação custa vidas e eleva o perigo de que a Rússia ganhe e a Ucrânia se esfacele. Isso também é da nossa responsabilidade.”

Autor: Christoph Hasselbach

 

FRENTE PARLAMENTAR DA AGROPECUÁRIA VAI DERRUBAR O VETO DE LULA

 

História por admin3  • IstoÉ Dinheiro

Integrantes da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) anunciaram que irão atuar para derrubar o veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao marco temporal. O Congresso havia aprovado projeto instituindo a data de 5 de outubro de 1988, quando foi promulgada a Constituição, como data limite para reconhecer o direito de demarcação de terras ocupadas por indígenas no País. Lula vetou.

A iniciativa é vista por membros da bancada e por congressistas da oposição como uma demonstração de força do Legislativo, em um momento em que a Casa já enfrenta o Poder Judiciário, em especial o Supremo Tribunal Federal (STF), especialmente pelo Senado.

A derrubada de vetos presidenciais acontece em sessões do Congresso Nacional, que reúnem todos os 513 deputados e 81 senadores. Para a rejeição do veto, é necessária a maioria absoluta dos votos, isto é, 257 deputados e 41 senadores precisam ser favoráveis a tal medida. Se qualquer uma das casas tiver voto inferior, o veto é mantido.

Em nota publicada no final da tarde desta sexta-feira, 20, a FPA disse que derrubará o veto em sessão do Congresso Nacional e tem votos suficientes para isso. “A decisão dos dois Plenários é soberana e deve ser respeitada pelos demais Poderes da República, em reconhecimento às atribuições definias na Constituição Federal. O Parlamento Brasileiro representa a pluralidade da sociedade em sua amplitude de Estados, partidos e de ideais”, escreveu a bancada do agro, no comunicado.

Lula barrou exatamente os artigos que definiam o marco temporal para as demarcações, seguindo orientação da Advocacia-Geral da União (AGU). Segundo o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, o que foi considerado inconstitucional foi vetado e a decisão deve ser publicada no Diário Oficial da União (DOU).

“Lula seguiu o caminho oposto ao que pretendia o Legislativo. Vamos lutar pela segurança jurídica no campo e segurança alimentar da nossa nação. Tenho a convicção que derrubaremos, aqui no Congresso Nacional, os trechos vetados”, disse o deputado Rodolfo Nogueira (PL-MS). “Como previsto, o descondenado vetou o Marco Temporal. Vamos derrubar o veto”, disse Daniel Freitas (PL-SC).

A maior parte das queixas ao veto do Lula vem da região Centro-Oeste. “Vetar o marco temporal é uma decisão insana, um desrespeito a soberania do país”, disse José Medeiros (PL-MT). Querem fazer desintrusão só em Estados como Mato Grosso, Pará, Rondônia, Amazonas. Vetar o marco temporal é flertar com a insegurança jurídica e com esgarçamento do tecido social do País.”

Para o presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Tenente-Coronel Zucco (Republicanos-RS), a tendência é que o Congresso Nacional opte pela derrubada do veto, em uma demonstração de protagonismo da Casa.

“Na minha opinião, como se trata de um tema muito importante para a bancada ruralista, a tendência é que o trabalho seja pelo restabelecimento do texto aprovado por Câmara e Senado. Estamos num processo de retomada do papel do Legislativo frente a temas que consideramos inegociáveis”, afirmou. “O que está em jogo é a harmonia e a independência entre os Poderes.”

A bancada do agro aguarda a publicação dos vetos no DOU para se posicionar sobre a matéria. O deputados integrantes farão uma reunião na próxima terça-feira, 24, para fazer a análise técnica e jurídica dos vetos de Lula. O grupo encerrou uma obstrução na quarta-feira, 18, após o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), garantir que pautaria um projeto de lei que limite poderes do Supremo Tribunal Federal (STF), especialmente na questão das decisões monocráticas.

As bancadas do agro, da Bíblia e da bala protestam contra o que chamam de “ativismo judicial” do STF em matérias consideradas sensíveis, como o marco temporal e o aborto.

O post Frente do agro reage aos vetos de Lula sobre Marco Temporal e promete derrubá-los apareceu primeiro em ISTOÉ DINHEIRO.

SEMANA DE 4 DIAS SERÁ O FUTURO DO TRABALHO

Igor Justo – Escritor

A Semana de 04 dias é um assunto global que vem sendo discutido amplamente. Aqui no Brasil, a startup yampa já aplicou essa modalidade de trabalho há mais de um ano e conseguiu melhorar consideravelmente a produtividade de seus mais de 30 colaboradores, registrando um bom crescimento na empresa.

A busca por um equilíbrio entre trabalho e vida pessoal nunca foi tão relevante. Um movimento global para a adoção da semana de trabalho de quatro dias úteis está conquistando espaço. E empresas brasileiras estão começando a explorar essa ideia inovadora.

Para Bruno Mosé, CEO do yampa – startup de controle e análises financeiras para PMEs que já implementou esse modelo há mais de um ano, a decisão de adotar a semana de quatro dias foi resultado de extensa pesquisa e análise cuidadosa. Ele enfatiza que a empresa acreditava que poderia fazer isso funcionar e trazer benefícios tanto para seus funcionários quanto para a empresa.

Segundo Bruno Mosé, “a jornada de quatro dias de trabalho tem sido um verdadeiro marco na nossa jornada no yampa. Quando decidimos implementar essa mudança, nós nos arriscamos, mas sempre com a visão de tornar o quinto dia útil tão produtivo quanto os outros quatro. Para isso, fizemos algumas adaptações, como garantir que nossa equipe de contato com o cliente mantivesse um ritmo constante, pois não podemos passar um dia inteiro sem comunicação. No entanto, o objetivo central era claro: aproveitar esse dia extra para melhorias, crescimento pessoal, visitar a família ou simplesmente relaxar, mas sem perdê-lo de forma improdutiva.”

Os resultados até agora têm sido notáveis. Nos primeiros seis meses, o yampa viu uma melhoria de eficiência de cerca de 82%, realizando em quatro dias o que costumava levar cinco. Além disso, a produtividade aumentou em torno de 30%, graças a um foco aprimorado, menos reuniões e um ambiente de trabalho menos estressante.

No entanto, a abordagem do yampa não se baseia apenas em números. A cada trimestre, a empresa revisa os resultados da semana de quatro dias, ajustando conforme necessário. Bruno Mosé destaca: “nossa intenção nunca foi tornar isso permanente sem questionamento. Queríamos aprender com cada ciclo e aprimorar nossa abordagem.”

Ao pesquisar experiências bem-sucedidas em outros países que já adotaram a semana de quatro dias, percebemos que essa é uma tendência global que veio para ficar. Em média, empresas em todo o mundo viram melhorias de 50% a 70% em produtividade e crescimento ao adotar esse novo modelo de trabalho.

Bruno Mosé conclui: “nossa experiência nos ensinou que, ao adotar a semana de quatro dias, não apenas melhoramos nossa eficiência, mas também reduzimos o estresse e o risco de burnout da equipe. Nossos colaboradores têm aproveitado esse modelo para desenvolver novas habilidades, passar mais tempo com a família e se concentrar em seu bem-estar.”

Enquanto o yampa se destaca como um exemplo pioneiro no Brasil, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, lançou recentemente uma proposta que tem agitado o cenário trabalhista no país: a adoção da semana de quatro dias úteis. Em sua participação na Comissão de Direitos Humanos do Senado, Marinho enfatizou que esse não é apenas um debate governamental, mas uma discussão vital para toda a sociedade.

Para o ministro, a redução da jornada de trabalho é um tópico crucial. Ele acredita que o momento de discuti-lo chegou: “O debate da redução da jornada é importantíssimo. Não é um debate de governo, é um debate para a sociedade, e quem dá a palavra final é o parlamento. Eu acredito que passou da hora.”

Marinho também apontou que a possibilidade da semana de quatro dias já está em discussão em outros países e que algumas empresas brasileiras iniciarão testes em novembro. A ideia por trás desse novo modelo é reduzir a jornada de trabalho para 32 horas semanais, utilizando a lógica do “100 – 80 – 100”: 100% do salário, 80% do tempo e 100% de produtividade.

 

CORPORE VENTUE CAPITAL UM FUNDO CRIADO POR UMA EMPRESA PARA INVESTIR EM STARTUPS

 

Wana Schulze,  head de investimento e portfólio da Wayra Brasil  e Vivo Ventures

Os CVCs estão em alta, de acordo com uma pesquisa da  Latam Digital Report Startup Study 2023, da consultoria McKinsey, e cada vez mais, as empresas têm se posicionado de forma a incentivar o trabalho com inovação aberta, sendo isso, o investimento em startups que estejam alinhadas às suas necessidades de negócios.

Afinal, o que é Corporate Venture Capital? Alguns se referem a ele como CVC, enquanto outros o chamam de Corporate VC, mas, independentemente do nome, ambos se referem à mesma coisa: um fundo criado por uma empresa com o objetivo de investir em startups e outros empreendimentos.

Estratégia de Funil para construção de um CVC de sucesso

Os CVCs estão em alta no Brasil, como apontou recentemente a pesquisa Latam Digital Report Startup Study 2023, da consultoria McKinsey. Cada vez mais, empresas privadas  têm se posicionado no ecossistema empreendedor de forma a incentivar o trabalho com inovação aberta e, portanto, o investimento em startups que estejam alinhadas às suas necessidades de negócios. Dados da pesquisa ABVCAP revelam que os CVCs responderam por 31% das transações de fundos de venture capital com startups no Brasil no primeiro semestre de 2023, ante 16% de participação em 2022, na comparação com o mesmo período.

Para estruturar um CVC de sucesso, não existe receita pronta, mas considerar três etapas essenciais para escolha dos investimentos pode ajudar o fundo a ir mais longe e realizar aportes mais assertivos. Pense no fluxo de avaliações dos investimentos como uma torrente de água que passa por um encanamento que vai se afunilando. Simplificando bastante, seria possível cortar esse funil em três partes, que revelam diferentes momentos para esta avaliação.

No topo do funil, na sua parte mais ampla, inicia-se um momento de descoberta das startups a serem avaliadas pelos investidores, o que pode acontecer de duas maneiras: ativa e passiva. No primeiro formato, o time de CVC deve se manter muito atento ao mercado e com um relacionamento muito próximo aos empreendedores para buscar startups de áreas que sejam prioritárias para a companhia. Ao reconhecer uma startup em potencial, é preciso se aproximar para entender seu momento de desenvolvimento e investigar pontos de sinergia com as teses de investimento do CVC.

Já no formato passivo, o time comercial ou mesmo outros VCs do ecossistema empreendedor, podem ser o canal de contato. Para isso, é extremamente importante manter bons canais de relacionamento com outros fundos que eventualmente podem convidar o CVC para participações em rodadas de investimentos. Dessa forma, o CVC deve informar ao mercado de que forma a corporação pode agregar valor às startups, compartilhando não só a expertise de mercado mas, preferencialmente, oferecendo um potencial de aceleração dos negócios seja como possível cliente de sua investida, seja oferecendo seus canais de distribuição junto a públicos finais (B2C) ou corporativos (B2B), a depender da natureza do core business da empresa. Isso amplia exponencialmente as chances de participar de uma série de rodadas de investimentos compartilhadas, o que deve se tornar também uma via mão dupla, ou seja: para o sucesso de um CVC é preciso estender o convite a outros VCs para que as rodadas de investimento lideradas pelo CVC contem com outros parceiros do ecossistema, sempre que houver fit para tal.

Quando a oportunidade é avaliada positivamente no topo de funil, ela deve passar para uma segunda fase mais criteriosa pelo time de CVC a fim de compreender possíveis sinergias. Isso inclui analisar os modelos de negócio da solução, sua proposta de valor para os clientes, seu tamanho de mercado, quais são seus potenciais competidores, sua estrutura de capital, quais aportes já foram recebidos e como foram investidos, além do entendimento aprofundado da situação financeira da startup. Somente assim será possível chegar aos indicadores do negócio e traçar projeções futuras.

Por fim, quando as startups chegam ao final do funil, é a tão esperada hora do pitch. Nesta etapa, os fundadores em avaliação são convidados para uma apresentação presencial, em que podem apresentar o negócio  para o comitê de investimentos, respondendo a dúvidas ou questões dos executivos sobre seu market fit. Neste momento, é a hora do CVC decidir quem deve ou não receber um aporte. Esta deve ser a etapa mais criteriosa com foco em compreender a viabilidade da iniciativa e se ela está alinhada com as teses de investimento do CVC em questão. Daqui para o futuro, é do jogo aceitar que algumas apostas serão muito certeiras e outras nem tanto, como é de praxe em todo e qualquer investimento de risco, portanto, para além de uma boa infraestrutura e relacionamento, um CVC bem sucedido precisa ter apetite e planejamento de médio e a longo prazo.

*Wana Schulze é head de Investimentos e Portfólio da Wayra Brasil e Vivo Ventures. Graduada em Engenharia Civil pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e possui MBA em Finanças pela Universidade de Chicago Booth. Adquiriu seis anos de experiência como analista de crédito corporativo trabalhando para instituições financeiras renomadas, como Itaú BBA, Société Générale e PIMCO. Durante esse período,  cobriu diversos setores, incluindo telecomunicações, metais e mineração, petróleo e gás e papel e celulose.  Após concluir o MBA, ingressou na McKinsey, no escritório de São Paulo, onde liderou projetos de estratégia, transformação digital e turn around em diversos setores, incluindo varejo, instituições financeiras, fertilizantes e indústrias pesadas no Brasil e na América Latina, por cinco anos. Em 2021, se juntou ao time de investimentos da HiPartners, o primeiro fundo de venture capital brasileiro focado em retail techs, fundado por Walter Sabini Junior, empreendedor e fundador da Virid e e-Smart, Germán Quiroga, fundador da Omni55, e com passagens por CNova e Americanas.com; Eduardo Terra, presidente da SBVC e Alberto Serrentino, vice-presidente da SBVC e fundador da Varese Retail. Atualmente é Head de Investimentos e Portfólio da Wayra e Vivo Ventures, onde lidera a equipe com foco na originação, construção de teses de investimento e  desenvolvimento de processos.

Descubra o Marketplace Valeon do Vale do Aço: Um Hub de Empresas, Notícias e Diversão para Empreendedores

Moysés Peruhype Carlech – ChatGPT

O Vale do Aço é uma região próspera e empreendedora, conhecida por sua indústria siderúrgica e seu ambiente de negócios dinâmico. Agora imagine ter um único local onde você pode encontrar todas as informações e recursos necessários para ter sucesso nesse ambiente competitivo. Bem-vindo ao Marketplace Valeon do Vale do Aço – um hub online que engloba empresas, notícias, diversão e empreendedorismo, oferecendo uma plataforma única para empresários e gerando leads valiosos.

Um ecossistema empresarial abrangente:

O Marketplace Valeon do Vale do Aço reúne empresas locais de diversos setores em um só lugar. Com uma interface intuitiva, os usuários podem facilmente encontrar e se conectar com fornecedores, parceiros comerciais e clientes potenciais na região. A plataforma oferece uma ampla gama de categorias de negócios, desde indústrias tradicionais até empresas inovadoras, garantindo que todos os empreendedores encontrem as oportunidades certas para expandir seus negócios.

Notícias e insights atualizados:

Além de ser um diretório empresarial, o Marketplace Valeon do Vale do Aço também oferece um fluxo contínuo de notícias e insights relevantes para os empresários da região. Através de parcerias com veículos de comunicação locais e especialistas em negócios, a plataforma mantém os usuários informados sobre as últimas tendências, oportunidades de mercado, mudanças regulatórias e eventos relevantes. Essas informações valiosas ajudam os empresários a tomar decisões informadas e a se manterem à frente da concorrência.

Diversão e engajamento:

Sabemos que a vida empresarial não é só trabalho. O Marketplace Valeon do Vale do Aço também oferece uma seção de entretenimento e lazer, onde os usuários podem descobrir eventos locais, pontos turísticos, restaurantes e muito mais. Essa abordagem holística permite que os empresários equilibrem o trabalho e a diversão, criando uma comunidade unida e fortalecendo os laços na região.

Foco no empreendedorismo:

O Marketplace Valeon do Vale do Aço é uma plataforma que nutre o espírito empreendedor. Além de fornecer informações e recursos valiosos, também oferece orientação e suporte para os empresários que desejam iniciar seus próprios negócios. Com seções dedicadas a tutoriais, estudos de caso inspiradores e conselhos de especialistas, o marketplace incentiva e capacita os empreendedores a alcançarem seus objetivos.

Geração de leads para os empresários:

Uma das maiores vantagens do Marketplace Valeon do Vale do Aço é a capacidade de gerar leads qualificados para os empresários. Com um público-alvo altamente segmentado, a plataforma oferece a oportunidade de se conectar diretamente com potenciais clientes interessados nos produtos e serviços oferecidos pelas empresas cadastradas. Isso significa que os empresários podem aumentar sua visibilidade, expandir sua base de clientes e impulsionar suas vendas de forma eficiente.

Conclusão:

O Vale do Aço é uma região cheia de oportunidades e empreendedorismo, e o Marketplace Valeon do Vale do Aço se torna um recurso indispensável para os empresários locais. Ao oferecer um ecossistema empresarial abrangente, notícias atualizadas, diversão, suporte ao empreendedorismo e a geração de leads qualificados, o Marketplace Valeon se destaca como uma ferramenta poderosa para impulsionar os negócios na região. Não perca a chance de fazer parte dessa comunidade dinâmica e descubra o poder do Marketplace Valeon do Vale do Aço para o seu sucesso empresarial.

A STARTUP VALEON OFERECE SEUS SERVIÇOS AOS EMPRESÁRIOS DO VALE DO AÇO

Moysés Peruhype Carlech

A Startup Valeon, um site marketplace de Ipatinga-MG, que faz divulgação de todas as empresas da região do Vale do Aço, chama a atenção para as seguintes questões:

• O comércio eletrônico vendeu mais de 260 bilhões em 2021 e superou pela primeira vez os shopping centers, que faturou mais de 175 bilhões.

• Estima-se que mais de 35 bilhões de vendas dos shoppings foram migradas

para o online, um sintoma da inadequação do canal ao crescimento digital.

• Ou seja, não existe mais a possibilidade de se trabalhar apenas no offline.

• É hora de migrar para o digital de maneira inteligente, estratégica e intensiva.

• Investir em sistemas inovadores permitirá que o seu negócio se expanda, seja através de mobilidade, geolocalização, comunicação, vendas, etc.

• Temas importantes para discussão dos Shoppings Centers e do Comércio em Geral:

a) Digitalização dos Lojistas;

b) Apoio aos lojistas;

c) Captura e gestão de dados;

d) Arquitetura de experiências;

e) Contribuição maior da área Mall e mídia;

f) Evolução do tenant mix;

g) Propósito, sustentabilidade, diversidade e inclusão;

h) O impacto do universo digital e das novas tecnologias no setor varejista;

i) Convergência do varejo físico e online;

j) Criação de ambientes flexíveis para atrair clientes mais jovens;

k) Aceleração de colaboração entre +varejistas e shoppings;

l) Incorporação da ideia de pontos de distribuição;

m) Surgimento de um cenário mais favorável ao investimento.

Vantagens competitivas da Startup Valeon:

• Toda Startup quando entra no mercado possui o sonho de se tornar rapidamente reconhecida e desenvolvida no seu ramo de atuação e a Startup Valeon não foge disso, fazem dois anos que estamos batalhando para conquistarmos esse mercado aqui do Vale do Aço.

• Essa ascensão fica mais fácil de ser alcançada quando podemos contar com apoio dos parceiros já consolidados no mercado e que estejam dispostos a investir na execução de nossas ideias e a escolha desses parceiros para nós está na preferência dos empresários aqui do Vale do Aço para os nossos serviços.

• Parcerias nesse sentido têm se tornado cada vez mais comuns, pois são capazes de proporcionar vantagens recíprocas aos envolvidos.

• A Startup Valeon é inovadora e focada em produzir soluções em tecnologia e estamos diariamente à procura do inédito.

• O Site desenvolvido pela Startup Valeon, focou nas necessidades do mercado e na falta de um Marketplace para resolver alguns problemas desse mercado e em especial viemos para ser mais um complemento na divulgação de suas Empresas e durante esses dois anos de nosso funcionamento procuramos preencher as lacunas do mercado com tecnologia, inovação com soluções tecnológicas que facilitam a rotina dessa grande empresa. Temos a missão de surpreender constantemente, antecipar tendências, inovar. Precisamos estar em constante evolução para nos manter alinhados com os desejos do consumidor. Por isso, pensamos em como fazer a diferença buscando estar sempre um passo à frente.

• Temos a plena certeza que estamos solucionando vários problemas de divulgação de suas empresas e bem como contribuindo com o seu faturamento através da nossa grande audiência e de muitos acessos ao site (https://valedoacoonline.com.br/) que completou ter mais de 100.000 acessos.

Provas de Benefícios que o nosso site produz e proporciona:

• Fazemos muito mais que aumentar as suas vendas com a utilização das nossas ferramentas de marketing;

• Atraímos visualmente mais clientes;

• Somos mais dinâmicos;

• Somos mais assertivos nas recomendações dos produtos e promoções;

• O nosso site é otimizado para aproveitar todos os visitantes;

• Proporcionamos aumento do tráfego orgânico.

• Fazemos vários investimentos em marketing como anúncios em buscadores, redes sociais e em várias publicidades online para impulsionar o potencial das lojas inscritas no nosso site e aumentar as suas vendas.

Proposta:

Nós da Startup Valeon, oferecemos para continuar a divulgação de suas Empresas na nossa máquina de vendas, continuando as atividades de divulgação e propaganda com preços bem competitivos, bem menores do que os valores propostos pelos nossos concorrentes offlines.

Pretendemos ainda, fazer uma página no site da Valeon para cada empresa contendo: fotos, endereços, produtos, promoções, endereços, telefone, WhatsApp, etc.

O site da Valeon é uma HOMENAGEM AO VALE DO AÇO e esperamos que seja também uma SURPRESA para os lojistas dessa nossa região do Vale do Aço.

VOCÊ CONHECE A ValeOn?

A MÁQUINA DE VENDAS ONLINE DO VALE DO AÇO

TEM TUDO QUE VOCÊ PRECISA!

A Valeon é uma caixinha de possibilidades. Você pode moldar ela em torno do negócio. O que é muito importante. O nosso é colocar o consumidor no centro e entender o que ele precisa. A ValeOn possibilita que você empresário consiga oferecer, especificamente para o seu consumidor, a melhor experiência. A ValeOn já é tradicional e reconhecida no mercado, onde você empresário pode contar com a experiência e funcionalidades de uma tecnologia corporativa que atende as principais operações robustas do mundo essencial e fundamental. A ValeOn além de trazer mais segurança e credibilidade para o seu negócio, também resulta em muita troca de conhecimento e ótimos resultados para ambos os lados, como toda boa parceria entre empresas deve ser. Lembrem-se que a ValeOn é uma Startup Marketplace de Ipatinga-MG que tem a responsabilidade de levar o cliente até à sua empresa e que temos potencial para transformar mercados, impactar consumidores e revirar empresas e indústrias onde nossos produtos e serviços têm capacidade de escala e de atrair os investimentos corretos para o nosso crescimento.

A Startup Valeon um marketplace aqui do Vale do Aço volta a oferecer novamente os seus serviços de prestação de serviços de divulgação de suas empresas no nosso site que é uma Plataforma Comercial, o que aliás, já estamos fazendo há algum tempo, por nossa livre e espontânea vontade, e desejamos que essa parceria com a sua empresa seja oficializada.

A exemplo de outras empresas pelo país, elas estão levando para o ambiente virtual as suas lojas em operações que reúnem as melhores marcas do varejo e um mix de opções.

O objetivo desse projeto é facilitar esse relacionamento com o cliente, facilitando a compra virtual e oferecer mais um canal de compra, que se tornou ainda mais relevante após a pandemia.

Um dos pontos focais dessa nossa proposta é o lojista que pode tirar o máximo de possibilidade de venda por meio da nossa plataforma. A começar pela nossa taxa de remuneração da operação que é muito abaixo do valor praticado pelo mercado.

Vamos agora, enumerar uma série de vantagens competitivas que oferecemos na nossa Plataforma Comercial Valeon:

  • O Site Valeon é bem elaborado, com layout diferenciado e único, tem bom market fit que agrada ao mercado e aos clientes.
  • A Plataforma Valeon tem imagens diferenciadas com separação das lojas por categorias, com a descrição dos produtos e acesso ao site de cada loja, tudo isso numa vitrine virtual que possibilita a comunicação dos clientes com as lojas.
  • Não se trata da digitalização da compra nas lojas e sim trata-se da integração dos ambientes online e offline na jornada da compra.
  • No país, as lojas online, que também contam com lojas físicas, cresceram três vezes mais que as puramente virtuais e com relação às retiradas, estudos demonstram que 67% dos consumidores que compram online preferem retirar o produto em lojas físicas.
  • O número de visitantes do Site da Valeon (https://valedoacoonline.com.br/)  tem crescido exponencialmente, até o momento, temos mais de 222.000 visitantes e o site (https://valeonnoticias.com.br/) também nosso tem mais de 5.800.000 de visitantes.
  • O site Valeon oferece ao consumidor a oportunidade de comprar da sua loja favorita pelo smartphone ou computador, em casa, e ainda poder retirar ou receber o pedido com rapidez.
  • A Plataforma Comercial da Valeon difere dos outros marketplaces por oferecer além da exposição das empresas, seus produtos e promoções, tem outras formas de atrair a atenção dos internautas como: empresas, serviços, turismo, cinemas e diversão no Shopping, ofertas de produtos dos supermercados, revenda de veículos usados, notícias locais do Brasil e do Mundo, diversão de músicas, rádios e Gossip.

                                                                                                                                                                   Nós somos a mudança, não somos ainda uma empresa tradicional. Crescemos tantas vezes ao longo do ano, que mal conseguimos contar. Nossa história ainda é curta, mas sabemos que ela está apenas começando.

Afinal, espera-se tudo de uma startup que costuma triplicar seu crescimento, não é?

Colocamos todo esse potencial criativo para a decisão dos senhores donos das empresas e os consumidores.

E-Mail: valeonbrasil@gmail.com

Site: https://valedoacoonline.com.br/

Fones: (31) 98428-0590 / (31) 3827-2297

sexta-feira, 20 de outubro de 2023

MOURÃO APRESENTA PROJETO PARA ANISTIAR CONDENADOS DE 8/1

 

História por Gabriel de Sousa • Jornal Estadão

BRASÍLIA – O senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), ex-vice-presidente da República, apresentou nesta quinta-feira, 19, um projeto de lei que concede anistia aos condenados pelos ataques aos prédios dos Três Poderes no 8 de janeiro. O protocolo da proposta ocorre um dia após a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos 8 de Janeiro aprovar o relatório final que pede o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e mais 60 pessoas por envolvimento nos atos antidemocráticos.

Mourão protocolou projeto de lei que anistia condenados do 8 de janeiro um dia após CPMI aprovar relatório final Foto: Romero Cunha/VPR© Fornecido por Estadão

A proposta de Mourão concede um perdão aos que forem condenados aos crimes de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito, mas não abrange os crimes de deterioração do patrimônio tombado, dano qualificado ao patrimônio da União e associação criminosa. O Supremo Tribunal Federal (STF) já condenou doze réus por esses cinco crimes, com uma pena máxima de 17 anos de prisão.

Mourão justifica que o STF está fazendo julgamentos “desproporcionais” ao acusar os réus por esses dois crimes. Durante a sessão desta quarta-feira, 18, que discutiu o relatório final da CPMI do 8 de Janeiro, que foi aprovado por 20 votos a 11, parlamentares da oposição afirmaram que um golpe de Estado não consumado seria um crime “impossível”.

“Para que não haja dúvidas, não estamos propondo uma anistia ampla, mas apenas para esses crimes específicos, dada a impossibilidade de identificar objetivamente a intenção de cometê-los. Remanescem, todavia, as acusações e condenações pelos crimes de dano, deterioração do patrimônio tombado e associação criminosa, pois são condutas que podem ser individualizadas a partir das imagens de vídeos que mostraram toda aquela manifestação”, afirmou o senador.

O ECONOMISTA JAVIER MILEI É A IMAGEM DE DESTAQUE NAS ELEIÇÕES

 

História por Por Anna-Catherine Brigida • Reuters

Candidato presidencial argentino Javier Milei em ato de campanha em Buenos Aires 25/09/2023 REUTERS/Cristina Sill© Thomson Reuters

Por Anna-Catherine Brigida

BUENOS AIRES (Reuters) – Com cabelos bagunçados e costeletas impetuosas — e às vezes portando uma serra elétrica — o economista libertário Javier Milei se tornou a imagem de destaque nas eleições presidenciais da Argentina e se tornou o candidato a ser derrotado.

Um estranho azarão até poucos meses atrás, o ex-roqueiro e comentarista polêmico de programas de rádio, de 52 anos, enviou ondas de choque pela arena política ao chegar ao topo nas primárias de agosto, e agora está em primeiro lugar nas pesquisas antes da votação do próximo domingo.

Uma campanha agressiva e colorida, que vai desde a promessa de “incendiar” o Banco Central até o uso de uma serra elétrica em comícios para simbolizar seus planos de cortar gastos, incitou multidões de eleitores irritados com a inflação de 138% e com uma dolorosa crise de custo de vida. 

“Ele conseguiu recuperar algo que se perdeu na política argentina, que é oferecer esperança”, disse Juan Luis González, jornalista argentino que escreveu um livro sobre Milei intitulado “El Loco”.

González, um crítico de Milei em geral, disse que ele conseguiu se apresentar como algo novo para desenraizar a elite política, que os eleitores culpam pelas décadas de mal-estar econômico, que se agravou de forma acentuada nos últimos anos.

“Ele é um líder instável para um país instável”, diz o jornalista.

Milei, cujo carisma ousado lembra o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, ou o italiano Beppe Grillo, propõe dolarizar a economia, acabar com os controles cambiais, fechar o banco central e cortar drasticamente os gastos do Estado. Ele também defende controles mais flexíveis sobre armas e regras mais rígidas sobre o aborto.

“Ele é a mudança que a Argentina precisa”, disse Ayrton Ortiz, de 28 anos, em um recente comício de Milei na província de Buenos Aires em apoio ao candidato. Milei atraiu os eleitores jovens do país, especialmente os homens.

Milei, que entrou na política há apenas alguns anos citando um chamado de Deus, enfrentará o atual ministro peronista da Economia, Sérgio Massa, e a ex-ministra da Segurança, Patricia Bullrich, do bloco conservador Juntos pela Mudança.

Seus apoiadores costumam usar a etiqueta “Forças do Céu” em bonés e memes da Internet, enquanto Milei fala em fazer “jornadas espirituais”. No entanto, ele também criticou o papa como “socialista” e “representante do mal”.

Representando a coligação libertária Libertad Avanza, ele está no topo de uma onda de sentimento anti-establishment que varre a região.

“Em termos de lógica política, sou um erro, porque o que vim fazer é, na verdade, acabar com os privilégios dos políticos”, disse Milei à Reuters numa entrevista no ano passado, quando começava a subir nas pesquisas. “Não me importa quem sejam meus rivais nas urnas, vou vencer todos eles.”

MURRAY, MILTON, ROBERT E LUCAS

Milei tem um pequeno círculo de confidentes, incluindo sua irmã Karina, que agora é sua gerente de campanha e que ele brincou no início deste ano que poderia se tornar sua “primeira-dama”.

Seu outro companheiro mais próximo era seu cachorro Conan, que ele pagou 50 mil dólares para clonar após sua morte em 2017, disse o biógrafo González. Ele agora tem quatro cães: Murray, Milton, Robert e Lucas, batizados em homenagem a economistas liberais, entre eles Milton Friedman.

Milei passou a maior parte de sua carreira como economista em negócios e na mídia. Ele trabalhou para um dos líderes empresariais mais ricos da Argentina, Eduardo Eurnekian, que se tornou um dos primeiros apoiadores de sua campanha, mas que recentemente o criticou como um potencial ditador.

O estilo impetuoso de Milei de atacar os críticos que ele denuncia como “comunistas” e “a casta política” lhe rendeu milhões de seguidores nas redes sociais, mas deu aos críticos motivos para dizer que ele não é adequado para o cargo.

Aqueles que trabalham com a sua campanha dizem que foi a sua autenticidade que o tornou tão bem sucedido, especialmente com dois quintos da população na pobreza e à procura de uma nova voz.

“Você pode gostar dele ou não, mas ele é ele mesmo”, disse Fernando Cerimedo, consultor político que trabalha na campanha de Milei.

ESPERANÇA OU FANTASIA?

Os críticos dizem que Milei é um populista que promete soluções irreais para problemas complexos, e que não será capaz de implementar os seus planos, especialmente porque a sua coligação terá poucos líderes governamentais locais e enfrentará um Congresso fragmentado.

Fernando Morra, ex-vice-ministro da Economia peronista durante o atual governo, admitiu que Milei energizou os eleitores, mas alertou que muitas de suas propostas eram difíceis de implementar ou poderiam piorar as coisas, alimentando a raiva dos eleitores.

“Os eleitores de Milei estão entusiasmados, alguns dos poucos vão para as eleições com esperança, mas o problema é o que vai acontecer se houver decepção?”, disse. 

Muitos eleitores de Milei dizem que estão dispostos a correr o risco.

“Durante toda a minha infância, vi como o dinheiro não chegava. No final do mês, você vê como eles contam centavos e choram”, disse a eleitora de Milei Valentina Brites, de 18 anos.

“Javier chegou e você pôde ver: isso é algo diferente. Nada do que eles fizeram antes mudou alguma coisa.”

(Reportagem de Anna-Catherine Brigida; reportagem adicional de Eliana Raszewksi e Candelaria Grimberg)

EMBRAER VENDE AVIÃO MILITAR PARA PAÍSES DA OTAN

 

Folha de S. Paulo

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O governo da República Tcheca anunciou nesta terça (17) que selecionou o KC-390, da brasileira Embraer, como seu novo avião de transporte militar. É o quinto país a fazer isso na Europa e o terceiro da Otan, a aliança militar ocidental, consolidando a entrada da fabricante brasileira neste mercado.

O país do Leste Europeu quer adquirir duas aeronaves. Hoje, o país não tem um cargueiro médio como o KC-390, e depende de uma frota de 15 aviões de pequeno porte. A aeronave brasileira leva até 26 toneladas. Os valores ainda serão negociados.

“Estamos honrados pela seleção do Ministério da Defesa e das Forças Armadas para iniciar as negociações desta aquisição significativa. Estamos prontos para fornecer à República Tcheca a mais avançada aeronave de transporte tático disponível no mercado”, disse em nota Bosco da Costa Junior, presidente e CEO da Embraer Defesa & Segurança.

“O C-390 Millennium está atraindo a atenção de várias nações ao redor do mundo, devido à sua combinação imbatível de alta produtividade e flexibilidade operacional com baixos custos operacionais”, disse, referindo-se ao nome que a Embraer prefere para vender o avião, que sem o “K” na sigla significa que não tem a capacidade de reabastecer outras aeronaves em voo.

No mês passado, a empresa brasileira havia fechado um acordo para fornecer até cinco unidades para a Áustria, país que não é da Otan mas opera de forma muito próxima ao clube militar. Os outros clientes, todos da aliança, são Portugal (5 aviões), Hungria (2) e Holanda (5).

No ano passado, quando a Holanda anunciou a intenção da compra, o governo informou ao Parlamento que ela sairia por algo entre € 1 bilhão (R$ 5,3 bilhões hoje) e € 2,5 bilhões (R$ 13,3 bilhões). No caso húngaro, cada avião saiu por US$ 150 milhões (cerca de R$ 756 milhões). Tudo depende do pacote de suporte entregue e do pós-venda.

A República Tcheca era um alvo óbvio da Embraer pela sua lacuna na aviação de transporte e pelo fato de ter uma empresa, a Aero Vodochody, como fornecedora de partes da fuselagem, portas e rampa de carga do KC-390.

O projeto começou em 2008 e o avião teve como seu primeiro cliente o Brasil, que reduziu de 28 para 19 unidades sua encomenda em 2021. Já há seis unidades do cargueiro voando no país, e elas estão em uso na operação para a repatriação de brasileiros que querem fugir da guerra entre Israel e o grupo terrorista palestino Hamas.

Os tchecos também operam hoje 14 caças Gripen C/D, a geração anterior da comprada pelo Brasil da sueca Saab, mas já escolheram outro modelo para substituí-lo, o americano F-35. No mês passado, Praga anunciou que compraria 24 desses aviões.

Tudo isso é reflexo da mudança no cenário de segurança europeia devido à invasão russa da Ucrânia, em 2022. A República Tcheca anunciou que irá elevar seu gasto militar dos atuais 1,3% do Produto Interno Bruto para 2%, que é a marca considerada desejável pela Otan e que apenas 7 dos então 30 membros do clube em 2022 cumpriam —a Finlândia entrou em abril, e a Suécia está na fila, tudo cortesia da guerra de Vladimir Putin.

O principal objetivo da Embraer é o nicho do C-130 Hércules, mais famoso avião de transporte do mundo, que voa desde os anos 1950. O quadrimotor americano domina o mercado na Europa, com 140 de 160 aeronaves.

Apesar de fortemente modernizado, não é um projeto do século 21 como o do KC-390, principal ponto de venda do brasileiro. Segundo a Embraer, a partir de dados operacionais da FAB (Força Aérea Brasileira), a aeronave tem cerca de 80% de disponibilidade, índice considerado alto, e 99% de aproveitamento de missões.

O próximo país que deve adquiri-lo na Europa é a Suécia, numa negociação que envolve um aditivo ao contrato de compra de 36 Gripen E/F pelo Brasil. No arranjo, Estocolmo deveria comprar até quatro aeronaves, e a FAB expandiria sua frota para 50 aeronaves sem precisar fazer uma negociação do zero.

O ministro José Múcio (Defesa) estava a caminho da Suécia para discutir o negócio na semana passada, mas teve de voltar ao país para coordenar a operação de resgate dos brasileiros em Israel e Gaza. Há sondagens para vendas potenciais também à Eslováquia, membro da Otan, Egito, África do Sul e Ruanda.

A divisão de defesa da Embraer respondeu em 2022 por 10% do resultado da empresa, que é a terceira maior fabricante de aviões comerciais do mundo e teve uma receita global de R$ 23 bilhões.

REFORMA TRIBUTÁRIA VAI AUMENTAR ACOBRANÇA DE IMPOSTOS SOBRE HERANÇA

 

Confira os pontos que estão em discussão no projeto e se vale a pena antecipar a doação de bens em vida

LUÍZA LANZA – Jornal Estadão

Famílias antecipam herança com medo de impostos da Reforma Tributária
Especialistas explicam as vantagens tributárias da doação de bens em vida. (Foto: Envato)
  • O medo de que a reforma tributária em discussão em Brasília aumente a cobrança de impostos sobre herança no País está levando muitos brasileiros aos cartórios
  • Desde que o texto foi aprovado na Câmara de Deputados, em julho, o número de doações em vida de bens a herdeiros aumentou 22%
  • Especialistas explicam o que pode mudar com a PEC 45; e quais as vantagens de se antecipar e fazer a doação de bens em vida

O medo de que a reforma tributária em discussão em Brasília aumente a cobrança de impostos sobre herança no País está levando brasileiros aos cartórios. Desde que o texto foi aprovado na Câmara de Deputados, em julho, o número de doações em vida de bens a herdeiros aumentou 22%, mostram dados do Colégio Notarial do Brasil, do Conselho Federal (CNB/CF), entidade que reúne os 8.344 Cartórios de Notas em território nacional.

A melhor forma de se organizar e evitar brigas por herança

Em agosto deste ano, o número de doações de bens passou para mais de 14,2 mil. A média mensal em 2022 era de 11,6 mil.

A doação em vida de bens consiste em antecipar a transferência do patrimônio aos herdeiros, para que, após a morte, não seja necessário a abertura de um inventário para realizar a partilha. Na prática, o doador mantém a posse e o usufruto dos bens enquanto permanecer vivo, apenas já deixa registrado a destinação da herança no futuro.

De qualquer maneira, incidirá sobre o patrimônio o Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação de Quaisquer Bens ou Direitos (ITCMD), que deve ser pago por quem recebe bens ou direitos, seja por herança seja por doação em vida. Por se tratar de um tributo estadual, cada um dos 27 Estados brasileiros têm liberdade para estabelecer a sua própria alíquota, que pode ser fixa ou progressiva, desde que não ultrapasse a faixa de 8%.

Também é permitido que o inventário seja processado em outro Estado que não seja aquele em que o dono do patrimônio morreu – uma estratégia que costuma ser utilizada para direcionar o processo para onde há a menor alíquota.

A proposta presente na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 45/2019 coloca algumas alterações importantes. Se aprovado, o texto determina que o ITCMD se torne obrigatoriamente uma alíquota progressiva até 8%. Ou seja, que seja maior para valores de herança mais elevados. A reforma também diz que o ITCMD deverá ser recolhido no Estado de domicílio do falecido, além de determinar a cobrança do imposto em doações e heranças no exterior, que atualmente são isentas de tributos.

Francisco Nogueira de Lima Neto, sócio-fundador do escritório Gasparini, Nogueira de Lima e Barbosa Advogados, explica que as novas alíquotas do ITCMD ainda não foram estabelecidas. Esta é uma informação que deve estar presente apenas no texto final da PEC. Ainda assim, é de se esperar por um aumento nessa carga tributária.

“Muito provavelmente haverá um aumento de carga tributária, principalmente para aqueles Estados que atualmente não aplicam uma alíquota progressiva”, diz o advogado. “Usando como exemplo São Paulo, que hoje cobra 4% para todo mundo. A maioria dos contribuintes que tiver um patrimônio um pouco maior vai cair na alíquota de 8%.”

Por conta da expectativa de aumento na tributação o número de doação de bens em vida cresceu. São cidadãos tentando garantir, ainda em vida, um imposto menor sobre a partilha do patrimônio. Um movimento que, segundo Francisco Nogueira de Lima Neto, é até compreensível.

“Qualquer família que tenha algum patrimônio e que possua herdeiros vai estar sujeito a inventário se não fizer a doação em vida. E essas regras de inventário, com a PEC 45, provavelmente serão piores”, afirma Neto. “É uma janela de oportunidade, especialmente para esses contribuintes que atualmente estão nos Estados com as alíquotas mais baixas.”

Vale a pena se antecipar?

A PEC 45/2019 não é a primeira discussão sobre a tributação de heranças a acontecer. Tramita no Senado há algum tempo um outro texto que propõe aumentar a faixa limite do ITCMD para 16%. Nesse caso, Estados teriam liberdade para estabelecer suas alíquotas – fixas ou progressivas – até o dobro do teto atual de 8%.

“Comparado a diversos outros países, a carga tributária no Brasil de doação e sucessão, que são objetos do ITCMD, são baixas. Existem aqueles que tributam 10%, 15%, ou até 40%”, destaca Rogério Fedele, advogado do escritório Abe Advogados. Isso mostra como a possibilidade de aumentar os impostos sobre herança já vem sendo discutida antes mesmo da reforma tributária. Um sinal de alerta e que corrobora com a doação antecipada dos bens.

E não é somente pela questão tributária, defende Fedele: o planejamento sucessório em vida pode facilitar os trâmites em um momento de luto para os ficam, simplificando as dinâmicas familiares e até evitando intrigas. Afinal, já estará estebelecido e acordado quem receberá qual parte do patrimônio.

O advogado levanta ainda um outro ponto, a possibilidade do aumento do valor do imóvel com o passar do tempo. “Uma doação de um bem que vale 100 paga 4% hoje em São Paulo. Esperar é correr o risco de doar o mesmo bem numa sucessão, daqui a 20 anos, mas com o bem valendo 500 e com uma alíquota de 16%”, diz Fedele. “Tudo isso atrai as famílias a anteciparem em vida, por trazer uma paz e até uma eficiência tributária, dado que a perspectiva é realmente que a alíquota eventualmente aumente.”

Planejamento sucessório

Essa discussão traz a tona a importância de um outro tema, que especialistas chamam de planejamento sucessório. Trata-se da organização da transferência de patrimônio para herdeiros, com uma série de medidas tributárias, jurídicas e financeiras que não só facilite o recebimento da herança, mas ajude a evitar qualquer conflito.

Luciana Pantaroto, sócia da consultoria Dian & Pantaroto e planejadora financeira CFP pela Planejar, define esta etapa como uma tentativa de tornar a transmissão do patrimônio entre as gerações mais eficiente, reduzindo custos, burocracia e conflitos familiares. É possível utilizar diferentes instrumentos, como a própria doação em vida, mas também testamento, seguros de vida e até holdings familiares. Tudo a depender da complexidade do patrimônio e da estrutura familiar.

E não é preciso ter muito dinheiro para pensar em um planejamento sucessório, diz a especialista. “Algumas medidas podem ser adotadas em benefício de indivíduos cuja situação patrimonial e familiar sejam mais simples”, destaca Pantaroto. “Considerando que a morte é imprevisível, vale pensar em sucessão. No entanto, pela complexidade do tema, é fundamental contar com assessoria especializada para a melhor tomada de decisão.”

GOVERNADORES FORMALIZAM OFICIALMENTE O CONSÓRIO SUL-SUDESTE

Governadores se reuniram em São Paulo pela primeira vez após aprovação da proposta pelos Estados participantes e enfatizaram que objetivo não é dividir o país

Por Pedro Augusto Figueiredo e Samuel Lima – Jornal Estadão

Os governadores do Sul e do Sudeste se reuniram nesta quinta-feira, 19, pela primeira vez após a aprovação em cada Estado das leis que autorizam a criação do Consórcio de Integração das duas regiões, o Cosud. O consórcio entre as duas regiões causou polêmica após o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), defender maior protagonismo do grupo em relação ao Norte e ao Nordeste em debates nacionais, como a reforma tributária. Apenas o Rio de Janeiro ainda não aprovou o protocolo.

Na abertura do evento em São Paulo, no entanto, os governadores negaram que o Cosud tenha como objetivo colocar estados contra estados e que a intenção é estimular a cooperação e melhorar as políticas públicas.

Governadores estiveram reunidos em São Paulo nesta quinta-feira, 19, para encontro do Consórcio de Integração Sul e Sudeste
Governadores estiveram reunidos em São Paulo nesta quinta-feira, 19, para encontro do Consórcio de Integração Sul e Sudeste Foto: ALEX SILVA/ESTADAO

“O que a gente menos quer do Cosud é que ele seja um consórcio político, no sentido eleitoral. Queremos que seja um consórcio que, na medida em que vai amadurecendo, seja em cima de questões técnicas, de temáticas para ajudar a modernizar a máquina pública”, disse o governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), atual coordenador do grupo. Segundo ele, os consórcios das demais regiões, como Nordeste e Norte, serviram de inspiração.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o próprio Zema rebateram indiretamente a polêmica. “O objetivo do Cosud não é fazer contraponto. É construir políticas públicas e cooperar”, disse o chefe do Executivo paulista, que também negou que a frente de estados represente distanciamento do governo federal. “Obviamente, o resultado vai ser melhor se a gente conseguir a cooperação do governo federal”, continuou.

“Tenho certeza que o Cosud está aqui é para unir e somar, e nunca para dividir”, declarou o governador mineiro. Zema, no entanto, preferiu dar enfoque a medidas ambientais tomadas pela sua gestão no discurso de abertura do evento.

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Em coletiva após a abertura do evento, Eduardo Leite e outros governadores enfatizaram o caráter de união em torno da criação do Consórcio de Integração Sul e Sudeste.
Em coletiva após a abertura do evento, Eduardo Leite e outros governadores enfatizaram o caráter de união em torno da criação do Consórcio de Integração Sul e Sudeste. Foto: ALEX SILVA/Estadão

Também estiveram presentes o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), e a vice-governadora de Santa Catarina, Marilisa Boehm (PL). Os governadores do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), e do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), não participaram da abertura do encontro, que termina no sábado, 21.

Orçamento do Cosud ainda é incógnita

Apesar da formalização nas assembleias e de promessas que envolvem até a criação de um banco de fomento regional, não se sabe quando e como os recursos serão levantados pelos governos estaduais.

O consórcio terá pelo menos dez cargos, todos comissionados. Os salários já foram estabelecidos pelos governadores: o secretário-executivo ganhará R$ 19,5 mil, e os assessores, R$ 16,5 mil. O secretário precisará ter dedicação exclusiva, já os assessores podem ser servidores “emprestados” pelos governos dos Estados.

Os governadores disseram que o orçamento do Cosud e a contribuição de cada estado ainda serão discutidos após a formalização do grupo e que a previsão é que o tema seja definido antes do próximo encontro. Os projetos de lei não especificam de onde sairá o dinheiro para custear o consórcio, apenas que as despesas de manutenção serão divididas entre os estados. A Casa Civil de São Paulo disse que não haverá “orçamento de execução centralizada”, ou seja, um caixa comum da autarquia.

“O que a gente superou foi a aprovação das assembleias. Agora temos a parte de formalização, registro, CNPJ, todas essas burocracias precisam ser atendidas, e a partir disso vai se convencionar a contribuição dos estados para arcar com uma estrutura comum que deve ser enxuta”, disse Eduardo Leite.

 

JON FOSSE GANHA NOBEL DE LITERATURA COM O LIVRO BRANCURA

 

Em ‘Brancura’, um homem decide entrar em uma mata escura, sob neve pesada, e encontra um ser reluzente; livro será publicado pela Editora Fósforo ainda em outubro

Por Redação – Jornal Estadão

O norueguês Jon Fosse, 64, venceu o Prêmio Nobel de Literatura 2023 por “suas peças e prosas inovadoras que dão voz ao indizível”, segundo a Academia Sueca, que fez o anúncio nesta quinta-feira, 5. Fosse é dramaturgo, poeta e romancista.

Após se consagrar com a obra Septologia, o norueguês lançou Brancura, um breve romance em que um homem começa a dirigir sem rumo e, desconhecendo as próprias motivações, conduz seu carro até uma floresta. Na escuridão e sob neve pesada, ele decide não procurar ajuda, mas entrar pela mata escura – onde encontra um ser de brancura reluzente.

Conheça os livros do vencedor do Nobel Jon Fosse publicados no Brasil e veja os lançamentos futuros

Brancura, de Jon Fosse, será lançado pela Editora Fósforo
Brancura, de Jon Fosse, será lançado pela Editora Fósforo Foto: Divulgação/Editora Fósforo

O livro, considerado uma ótima porta de entrada para a literatura de Fosse, já está em pré-venda e será publicado pela Editora Fósforo no dia 26 de outubro. A versão em e-book já estará disponível a partir deste sábado, 7.

Leia um trecho de Brancura:

“Eu dirigia sem parar. Era bom. Era boa a sensação de estar em movimento. Sem saber para onde estava indo. Apenas dirigia. O tédio havia se apoderado de mim, logo de mim, que nunca me deixei afetar por ele. Nada que me passasse pela cabeça me animava. Por isso decidi fazer alguma coisa. Entrei no carro e fui para onde ele me levasse, se no caminho houvesse uma curva à esquerda ou à direita, eu virava à direita, e se, no cruzamento seguinte, pudesse virar à direita ou à esquerda, eu virava à esquerda. E continuei dirigindo assim. Acabei enveredando por uma estrada no meio da floresta, e os sulcos no chão foram se aprofundando até que senti o carro patinar. Segui em frente, até o carro finalmente empacar. Ensaiei dar uma ré mas não consegui, então estanquei de vez. Desliguei o motor. Fiquei sentado no carro. Pois bem, cá estou eu agora, cá estou eu agora sentado, pensei, e me senti vazio, como se o tédio tivesse se transformado num vazio. Ou, melhor dizendo, numa espécie de agonia, porque senti um medo em mim enquanto estava ali com o olhar fixo adiante, fitando o vazio, como estivesse diante do vácuo. Do nada. Que conversa é essa, pensei. Diante de mim está a floresta, só a floresta, pensei. Então foi até a floresta que esse ímpeto de dirigir me trouxe. Poderia dizer de outra maneira, que alguma coisa, não sei bem o quê, me conduziu a alguma outra coisa, fosse lá o que fosse, a uma coisa distinta. Contemplei a floresta à minha frente. A floresta. Sim, árvores próximas umas das outras, pinheiros, um pinhal. E entre as árvores o solo marrom, ressequido. Eu me senti vazio. E também com essa agonia. Do que eu sentia medo. Por que estava com medo. O medo era tamanho que não consegui nem sair do carro. Não me atrevi. Quer dizer, eu estava aqui, nessa estrada, no meio da mata, para onde dirigi e fiquei preso, quase onde a estrada termina. Vai ver por isso senti essa agonia, porque deixei o carro empacar no fim de uma estrada no meio da floresta, e bem aqui, no fim dessa estrada, não havia espaço para manobrar. Não lembrava, depois que peguei essa estrada, ter passado por algum trecho em que pudesse retornar. É bem possível. Sim, porque se eu tivesse avistado um retorno decerto teria parado o carro e dado meia-volta, pois dirigir por uma estrada tão estreita cortando essa paisagem de colinas onduladas não diminuía minha agonia, pelo contrário, só a aumentava. Mas não passei por nenhum retorno, provavelmente era isso que eu esperava acontecer o tempo todo, sim, avistar um lugar adiante para encostar o carro, engatar ré, avançar um pouco, talvez repetir esse movimento algumas vezes, sim, até conseguir manobrar e voltar para a rodovia, e então prosseguir para algum lugar, mas para qual, para um lugar em que tivesse gente, e lá eu pudesse comprar alguma coisa para comer, quem sabe um cachorro-quente, ou talvez, podia muito bem ser, chegar a uma lanchonete no acostamento da rodovia para fazer uma parada e comer. Era bem possível. De repente me dei conta de que já haviam se passado dias, não lembro quantos, desde a última vez que tinha feito uma refeição decente. Se bem que provavelmente é sempre assim com quem mora sozinho. Cozinhar é um estorvo, sim, é bem mais fácil recorrer ao que está à mão, uma fatia de pão, se houver pão em casa, com o que estiver na geladeira, na maioria das vezes maionese pura e simples e umas fatias de salame. Mas isso lá é coisa para ficar remoendo, como se eu não tivesse coisas mais importantes com que me preocupar. Mas com o que então. Que estupidez me perguntar, até mesmo pensar sobre isso. Estou com o carro preso numa estrada na floresta, não tem ninguém por perto, e não consigo tirá-lo daqui, então suponho que isso já seja o bastante para me ocupar, sim, ocupar a cabeça, como se diz, me ocupar imaginando como tirar o carro daqui. Pois o carro não pode ficar preso aqui como está agora. Óbvio que não. Tão óbvio que chega a ser uma bobagem pensar isso. Cá estou eu olhando para o carro e ele apenas me devolve o olhar, estúpido. Ou será que esse olhar estúpido é o meu. Repare como ele parece estúpido ali, enganchado num montinho, como se diz, no meio da estrada, que se prolonga mais alguns metros até se transformar numa trilha pelo coração da floresta. Que diabos eu vim fazer nesse lugar. Por que vim dirigindo até aqui. Por que eu tinha que inventar isso. Por que motivo agi assim. Nenhum motivo. Nenhum. E por que dirigi até essa estrada no meio da floresta. Por puro acaso, talvez. Sim, não há outro nome para isso. Mas o acaso, o que é mesmo. Não, não vou começar a pensar essas baboseiras. Nunca leva a nada. O que preciso agora é fazer meu carro andar. E depois manobrá-lo. Mas há outra coisa. Sim, porque não passei por nenhum retorno, se tivesse passado já teria feito esse retorno há muito tempo, porque dificilmente haveria lugar mais entediante para dirigir do que essa estrada no meio da floresta. Nada além de colinas suaves e de uma fazenda abandonada, sim, só podia estar abandonada, porque havia tábuas pregadas nas janelas da casa. A pintura, aliás, estava em péssimo estado, em alguns lugares já nem havia tinta. E metade do telhado do celeiro tinha desabado. É triste ver uma casa caindo aos pedaços. Lugares com os quais ninguém se importa. Mas por que alguém haveria de se importar. Antes de estar em ruínas era, sim, uma bela casa. Eu teria gostado de morar numa casa daquelas, gostaria de ter vivido naquela casa pela qual passei, mas mais cedo na vida, quando eu era jovem, não agora. Evidente que eu não moraria numa casa naquelas condições. No estado em que estava, é óbvio que ninguém moraria nela, nem pessoas nem sei lá o quê. Animais, talvez. Sim, talvez algum animal tenha se abrigado ali dentro. A casa deve estar tomada por ratos. Até ratazanas devem ter se mudado para lá”.