terça-feira, 17 de outubro de 2023

A ARGENTINA VIROU QUERIDINHA DA CHINA NA AMÉRICA LATINA

 

História por Luis Barrucho e Marcia Carmo – Da BBC News Brasil em Londres e Buenos Aires •

Em 2022, China investiu US$ 1,34 bilhão na Argentina, contra US$ 1,30 bilhão no Brasil© Getty Images

Ao fim de sua viagem à China, em junho, Sergio Massa, ministro da Economia argentino e candidato à presidência, brincou que seu país deveria ser rebatizado de “Argenchina”.

“Vamos fundar a República da Argenchina”, disse ele a jornalistas em Pequim após receber a promessa de uma nova rodada de investimentos bilionários.

Mas, como diz o ditado, toda brincadeira tem um fundo de verdade.

Os números não mentem: os laços entre Argentina e China se estreitaram significativamente, a ponto de o país vizinho ter desbancado o Brasil como o principal destino de investimentos chineses na América Latina no ano passado.

Em 2022, segundo o estudo do Conselho Empresarial Brasil China (CEBC) Investimentos chineses no Brasil: 2022 — tecnologia e transição energética, o montante destinado por Pequim à Argentina somou US$ 1,34 bilhão, contra US$ 1,30 bilhão recebido pelos brasileiros.

Mais recentemente, após lobby chinês, a Argentina foi anunciada como um dos seis países que vai passar a integrar os Brics a partir de 2024, grupo formado por Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul. Os outros são Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã.

E, desde o ano passado, a Argentina faz parte da chamada ‘Nova Rota da Seda’, projeto desenvolvimentista chinês. Foi a primeira grande economia da América Latina a aderir à iniciativa.

Especialistas ouvidos pela BBC News Brasil dizem acreditar que o ano passado foi um caso isolado, e o Brasil — que sempre recebeu praticamente a metade do total do investimento chinês na América Latina — deve retomar a liderança (ler mais abaixo).

E, mesmo com a possível vitória do anarcocapitalista Javier Milei, o candidato presidencial mais bem cotado nas pesquisas de intenção de voto e aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que já criticou abertamente a China, eles consideram pouco provável um rompimento entre os dois países.

O primeiro turno das eleições presidenciais argentinas vai ocorrer no próximo domingo, dia 22 de outubro — Massa (União pela Pátria), o candidato governista, e Milei (A Liberdade Avança), da oposição, são os favoritos na disputa. Em terceiro nas sondagens, está a também opositora e ex-ministra de segurança argentina Patricia Bullrich (Juntos pela Mudança).

Dependência

Sergio Massa, ministro da Economia argentino e candidato presidencial, brincou que Argentina deveria ser rebatizada de “Argenchina”© Reuters

A China é o segundo principal parceiro comercial da Argentina, depois do Brasil. Trinta anos atrás, em 1992, era o 14º.

As razões para a aproximação entre os dois países são muitas, algumas das quais também explicam o interesse chinês pelo Brasil.

De um lado, a Argentina, assim como o Brasil, é um país que exporta commodities — uma potência tanto na agricultura, com carne, trigo, milho, soja, quanto em recursos minerais, com petróleo, gás e lítio.

De outro, a China, com uma população de mais de 1,4 bilhão de pessoas e um apetite voraz, precisa dessas matérias-primas para se desenvolver e crescer.

“A China sempre vai precisar importar uma grande quantidade de alimentos porque os seus próprios recursos agrícolas não são suficientes. Nesse sentido, a Argentina, com a sua enorme riqueza agrícola, é um parceiro óbvio”, diz à BBC News Brasil Jorge Heine, ex-ministro de Ativos Nacionais do Chile e ex-embaixador chileno em Pequim, hoje professor na Universidade de Boston, nos Estados Unidos.

Mas a escassez histórica de dólares do país vizinho, sobretudo pelas altas dívidas externas contraídas ao longo de suas diversas crises, acabou por aumentar essa dependência.

“A Argentina hoje não tem muitas opções na mesa que não envolvam a China, essa é uma realidade incontornável. Estados Unidos e bancos ocidentais sob risco de calote, Europa cada vez mais distante da região, a Rússia, que poderia aproveitar esse vácuo, às voltas com suas crises por conta da guerra na Ucrânia…o único país com envergadura para costurar algum tipo de parceria mais confortável com a Argentina é a China”, diz Tulio Cariello, diretor de Conteúdo e Pesquisa do CEBC.

Em junho, a Argentina fechou um acordo com o Banco do Povo da China, o BC chinês, para ampliar o swap cambial, que no total chega a US$ 19 bilhões e que permitiu ao país, tendo acesso a menos de um terço desses recursos, junto com um desembolso do Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe (CAF), pagar em yuans parte da dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

E, como pano de fundo, também há a questão geopolítica — a China vem aumentando sua influência sobre a América Latina, uma região que por muito tempo foi considerada “o quintal” de seu principal arquirrival no xadrez geopolítico internacional: os Estados Unidos.

“A China tem uma visão de longo prazo sobre seus investimentos e, neste sentido, problemas ou contratempos da economia argentina constituem um obstáculo menor do que para as empresas ocidentais”, explica Heine.

Além disso, segundo ele, “a economia americana compete com a economia argentina — os EUA produzem carne e soja, por exemplo. Há mais elementos de complementaridade entre as economias chinesa e argentina, o que explica essa parceria frutífera”, acrescenta.

Para uma fonte do alto escalão do governo argentino, ouvida pela BBC News Brasil sob condição de anonimato, a China “foi o principal aliado financeiro da Argentina nos últimos tempos e o presidente Alberto Fernández é grato ao governo chinês. Por isso, sua última viagem internacional foi à China, num gesto de diplomacia presidencial, após a renovação do swap de moedas”.

Fernández chegou à China no último sábado (14/10) para se encontrar com a ex-presidente Dilma Rousseff, chefe do Novo Banco de Desenvolvimento (também chamado de “Banco dos Brics”), em Xangai, e com o presidente chinês, Xi Jinping, em Pequim.

Ele participa do 3º Fórum do Cinturão e Rota para a Cooperação Internacional e também se encontra com investidores.

Presidente argentino Alberto Fernández escolheu China como sua última viagem presidencial© Reuters

Brasil

Apesar de a Argentina ter ultrapassado o Brasil em volume de investimentos no ano passado, especialistas ouvidos pela BBC News Brasil não acreditam que isso vá se tornar uma tendência.

“Acho que essa questão de a Argentina ultrapassar o Brasil tem que ser contextualizada. A diferença entre os dois em 2022 é muito pequena, não chega nem a US$ 500 milhões. Sem contar que em termos históricos, o Brasil quase sempre liderou, com alguns países da região ultrapassando em raros momentos por quentões pontuais. O Chile, por exemplo, já ficou na frente do Brasil por ter recebido um investimento gigantesco na área de lítio”, diz Cariello, do CEBC.

Heine, da Universidade de Boston, concorda.

“Considero o que aconteceu no ano passado mais como um acaso do que qualquer outra coisa. Há vários projetos chineses sendo desenvolvidos no Brasil. Portanto, o que acontece em um ano não significa necessariamente uma tendência”, assinala.

Investimentos não concretizados

Crise econômica aumentou dependência de Argentina junto à China© Reuters

Segundo o relatório do CEBC, no ano passado, um dos motivos que ajudou a Argentina a superar o Brasil em volume de aportes chineses foram os negócios expressivos no segmento de lítio, na área de mineração.

Houve duas aquisições na exploração do mineral por parte das chinesas Ganfeng Lithium e Zijin Mining Group.

Mas especialistas apontam que, assim como acontece no Brasil, muitos investimentos chineses bilionários anunciados na Argentina ainda não saíram do papel.

“Há mais de 15 anos, a China vem anunciando investimentos na Argentina que na maioria dos casos não se concretizaram de forma suficiente. O que tem acontecido, ultimamente, são alguns investimentos específicos”, diz à BBC News Brasil o economista Marcelo Elizondo, presidente do Comitê Argentino da Câmara de Comércio Internacional (ICC).

Em sua visão, “a Argentina é pouco atraente para investidores chineses, que se depararam com muitos obstáculos”, acrescenta ele, citando a “brecha cambial” (as diferenças entre o câmbio oficial e as várias cotações paralelas do dólar) e a dificuldade para importar insumos e máquinas para a produção.

“Neste sentido, a China tem estado presente muito mais pelas urgências financeiras e conjunturais da Argentina (como o pagamento ao FMI)”, acrescenta.

Mudança de rumo com Milei?

Especialistas não acreditam em rompimento entre China e Argentina com vitória de Javier Milei© Reuters

E o que deve acontecer com a Argentina se o candidato mais bem cotado à presidência, o anarcocapitalista Javier Milei, vencer?

Taxado de “Trump argentino”, Milei aventou “cortar relações com a China”, devido ao fato de que o país asiático é governado pelo Partido Comunista, e quer reaproximar a Argentina dos Estados Unidos, atualmente o terceiro principal parceiro comercial argentino.

Também prometeu, se eleito, tirar a Argentina do Mercosul e chamou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de socialista “com vocação totalitária”.

“Este rompimento (da Argentina com a China) seria impossível. A China é o principal destino da carne bovina e da soja que exportamos. É impossível deixar de negociar com a China. Não é possível ideologizar o comércio exterior, isso é impossível”, diz à BBC News Brasil Diego Guelar, ex-embaixador da Argentina no Brasil.

Para o embaixador argentino na Suíça, Gustavo Martínez Pandiani, cotado como chanceler em eventual governo do candidato Sergio Massa, “a China é hoje uma das economias emergentes mais importantes do planeta e passou a ser um investidor relevante na América Latina. Achamos que se deve continuar fortalecendo a parceria estratégica com a China com o objetivo de se avançar no desenvolvimento de setores-chave como o agroindustrial e o energético, entre outros”.

Heine, da Universidade de Boston, lembra que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) também lançou mão da mesma retórica anti-China durante a corrida presidencial, mas em seu governo, as relações comerciais entre os dois países não foram prejudicadas.

“Meu palpite é que Milei, se eleito, tenha que fazer teriam que fazer o mesmo que Bolsonaro fez: engolir suas palavras e fazer o que os imperativos das realidades econômicas internacionais lhe impõem”, diz.

Apesar disso, Ariel González Levaggi, secretário-executivo do Centro de Estudos Internacionais da Universidade Católica Argentina não descarta atritos entre Argentina e China com a vitória de Milei.

“Essas eleições não são uma boa notícia para os chineses, porque os três candidatos apresentaram agendas muito menos favoráveis à China. Mas, no caso de Milei, a preocupação é grande, especialmente no tocante ao aprofundamento das relações, com um temor de que alguns projetos de investimentos sejam paralisados”, diz.

“De qualquer forma, dificilmente, as relações bilaterais vão retornar ao nível da presidência de Cristina Kirchner (2007-2015), sobretudo em seu segundo mandato, quando houve uma aproximação entre os dois países, e a Argentina tinha uma posição muito refratária aos Estados Unidos”, conclui.

PRESIDENTE ELEITO DO EQUADOR E SUAS POSIÇÕES POLÍTICAS

 

História por Isabella Alonso Panho • Jornal Estadão

A eleição do novo presidente equatoriano é um desafio político para a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Daniel Noboa, empresário de 35 anos, é herdeiro de uma exportadora de bananas e venceu as eleições do Equador neste domingo, 15, com uma margem apertada, obtendo 52,1% dos votos. Ele derrotou a candidata de esquerda Luisa González, que obteve 47,9% dos votos. Ela é aliada política do ex-presidente Rafael Correa, hoje exilado.

A vitória de Noboa permeia um período conturbado da política equatoriana. Guillermo Lasso, seu antecessor, dissolveu a Assembleia e convocou novas eleições na tentativa de trancar um processo de impeachment deflagrado contra ele e manter os aliados no poder. Por isso, Noboa, recém-eleito, ficará no poder até maio de 2025, por 15 meses, quando terminaria o mandato de Lasso.

Noboa começou a fazer campanha usando um colete balístico, depois do assassinato de um dos candidatos nas vésperas do primeiro turno das eleições Foto: AP Foto/Dolores Ochoa© Fornecido por Estadão

Além disso, o país atravessa uma onda de violência. Um dos candidatos, Fernando Villavicencio, foi assassinado dias antes do primeiro turno, no dia 9 de agosto, na saída de um comício. Uma facção criminosa assumiu a autoria do crime, justificando que o candidato foi financiado pelo grupo e não cumpriu o combinado. Depois desse episódio, Noboa começou a fazer campanha usando um colete à prova de balas.

O recém-eleito presidente descende de uma família de empresários exportadores de banana e é filho de Álvaro Noboa – que tentou cinco vezes se eleger chefe do Executivo do Equador e foi derrotado. Na última tentativa, perdeu para Ricardo Correa, padrinho político de González, candidata vencida no último domingo.

Foto:© Fornecido por Estadão

Um dos rótulos explorados por Noboa na campanha é o de outsider (pessoa que está “de fora” da política institucional), estratégia que, no Brasil, consagrou nomes como João Doria, ex-governador de São Paulo pelo PSDB. Antes de tentar a presidência, Daniel Noboa foi deputado e apoiou a dissolução da Assembleia Nacional feita por Lasso.

Daniel Noboa é de direita ou esquerda?

A orientação política de Noboa é uma das maiores preocupações para o governo brasileiro. No curso da campanha, ele se apresentou como um candidato de centro-esquerda, mas no cenário político ele é avaliado de outra forma. Analistas equatorianos posicionam o presidente eleito na centro-direita.

O professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e cientista social Eduardo Grin corrobora com a análise e afirma que as origens políticas e as posições de Noboa o colocam à direita. “Ele (Noboa) se apresentou como centro-esquerda para cooptar votos do correísmo (de Ricardo Correa), mas é alinhado com a direita equatoriana.” Para o professor, dois elementos fortes para sinalizar essa classificação são a proximidade com Lasso e a forma como o recém-eleito presidente lida com a pauta de segurança pública.

Foto:© Fornecido por Estadão

Mayra Goulart, professora de Ciência Política da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e coordenadora do Laboratório de Partidos, Eleições e Política Comparada (Lappcom) analisa que a plataforma ambígua de Noboa facilita a formação de maiorias no governo, distanciando-o da crise enfrentada pelo seu antecessor.

“O caso do Equador é interessante para demonstrar a importância de formar frentes amplas no governo, pois o Legislativo é muito fragmentado. O partido de Noboa só tem 12 cadeiras na Assembleia. Como a plataforma dele é ambígua, talvez consiga formar essa frente ampla”, disse a pesquisadora.

Na economia, Goulart explica que as propostas de Noboa se distanciam da esquerda correísta. “Ele enfatiza a responsabilidade social das empresas, usando a lógica do princípio da subsidiaridade, que transfere a lógica do público para o privado. A principal proposta de ativação econômica de Noboa, que é a redução dos tributos, é muito tradicional no liberalismo econômico”, afirmou.

Um dos candidatos dessas eleições do Equador, Fernando Villavicencio, foi assassinado dias antes do primeiro turno Foto: AP Foto/Carlos Noriega© Fornecido por Estadão

Na questão da segurança pública, nuclear nas eleições do Equador, Goulart avalia que “a solução que ele oferece é muito clássica da direita, que é o aumento do punitivismo”. “Noboa tem uma ideia ousada de separar os presos mais perigosos, colocando-os em barcos no mar.” Para a pesquisadora, o novo presidente do Equador só se separa da direita nas pautas de costumes, que não têm viés conservador na sua plataforma de campanha.

Grin avalia que Noboa é um candidato populista, trabalhando a campanha em cima de “propostas muito afinadas com o que a população quer escutar, mas não necessariamente capazes de serem implementadas”. Para o cientista político, também há o apelo a um “salvacionismo” e a construção de um “personagem midiático, jovem, bem-sucedido, o que, por si só, não muda a conjuntura do Equador”.

Foto:© Fornecido por Estadão

Vitória de Noboa ameaça influência do Brasil na América Latina

Nesta segunda-feira, 16, Lula parabenizou Noboa pela vitória e se colocou à disposição para o diálogo. “Meus desejos de saúde e sucesso no seu futuro mandato. Expresso minha disposição de seguir trabalhando pelo bem-estar dos nossos povos, tradicionalmente amigos, de aprofundar as relações bilaterais e de atuar pelo desenvolvimento da América do Sul”, escreveu o presidente nas redes sociais.

A vitória do novo presidente do Equador, no entanto, acende um alerta para o governo brasileiro, ameaça a influência do País na América Latina e impõe um desafio à geopolítica da gestão petista. “Junto com a eleição da Argentina, isso (a eleição de Noboa) compõe um cenário preocupante para o governo brasileiro, que tem uma expectativa de ampliar sua influência na América do Sul”, afirmou o cientista político Eduardo Grin. Para ele, porém, é cedo para caracterizar uma nova onda da direita.

No final deste mês, a Argentina elegerá seu novo presidente. Javier Milei, candidato libertário, antagoniza com o governista Sergio Massa.

No cenário brasileiro, políticos de direita parabenizaram Noboa pela vitória no Equador. “Ele derrotou a candidata do Foro de São Paulo apoiada por Rafael Correa, hoje impossibilitado de sair da Bélgica devido à condenação de oito anos de cadeia por corrupção no Equador”, disse o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP).

O ex-juiz da Lava Jato e hoje senador Sérgio Moro (União Brasil-PR) parabenizou Noboa e disse que a sua eleição atingiria Lula, pela derrota de uma adversária de esquerda. “A candidata de Rafael Correa, o amigo de Lula, foi derrotada nas urnas. Um bom sinal.”

Opositor do governo e presidente nacional do Progressistas, o senador Ciro Nogueira (PI) caracterizou a eleição de Noboa como parte de uma “onda de realismo” na América Latina. “Vão dizer: uma onda conservadora na AL. Ou no mundo. É uma onda de realismo. Como no Equador, o eleitor vai se perguntar: minha vida melhorou ou piorou com a esquerda? A resposta será a mudança”, disse o parlamentar no X (antigo Twitter).

ISRAEL DEVE ANIQUILAR O HAMAS SEM OCUPAR GAZA DIZ BIDEN

Folha de S. Paulo

SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que a eventual ocupação da Faixa de Gaza por Israel seria um “grande erro” e defendeu a criação de um Estado Palestino. Ele também afirmou que o Hamas, autor dos ataques a Israel, deve ser extinto. O embaixador de Israel na ONU respondeu a Biden.

O QUE BIDEN DISSE

Biden disse estar confiante de que Israel agirá conforme as “regras de guerra” e que não privará os palestinos de mantimentos essenciais à vida, como água e medicamentos. As declarações foram em entrevista ao programa 60 Minutes, da TV CBS.

Estou confiante de que os inocentes de Gaza poderão ter acesso a medicamentos, alimentos e água.

O democrata culpou o Hamas pela situação crítica de Gaza e afirmou que o grupo extremista precisa ser “totalmente eliminado” pelo exército de Israel. Entretanto, ponderou que a ocupação de Gaza pelas forças israelenses seria um “erro”.

“Veja, o que aconteceu em Gaza, na minha opinião, é de responsabilidade do Hamas. Os elementos extremistas não representam a totalidade do povo palestino. E penso que seria um erro que Israel ocupasse Gaza novamente.”

Joe Biden também defendeu a necessidade de “haver um caminho para a formação de um Estado Palestino”.

O presidente norte-americano acusou o governo do Irã de financiar grupos extremistas como o Hamas e o Hezbollah, mas ressaltou que ainda não tem “nenhuma evidência” de que o regime iraniano “tinha conhecimento dos ataques” perpetrados pelo Hamas em Israel no último dia 7.

Desde a deflagração da guerra na semana passada, os Estados Unidos se posicionaram em defesa do Estado israelense e prometeram dar suporte ao governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

Além de enviar dois porta-aviões de guerra para a costa israelense, os EUA também enviaram armas e munições para Israel, além de reforçarem sua presença militar naquele país, embora a Casa Branca tenha afirmado que não pretende enviar seus soldados para o combate.

EMBAIXADOR DE ISRAEL NA ONU RESPONDE EUA

O embaixador de Israel na ONU, Gilad Erdan, respondeu ao aviso do presidente dos EUA, Joe Biden, de que ocupar Gaza depois de destruir o Hamas seria um “grande erro”, dizendo que Israel “não tem interesse” em governar os palestinos.

Erdan também agradeceu a Biden por compreender a necessidade de Israel de destruir o grupo extremista Hamas.

Obrigado, presidente Biden, por reconhecer o que Israel tem dito desde que ocorreu o bárbaro massacre do Hamas: o objetivo de Israel é a eliminação total das capacidades do Hamas”, disse Gilad Erdan, embaixador de Israel na ONU.

MORTOS NA GUERRA ENTRE ISRAEL E HAMAS

O conflito entre Israel e Hamas já deixou mais de 4 mil mortos, segundo as informações oficiais divulgadas por autoridades dos dois lados.

O número de mortos em Gaza não para de subir com os bombardeios israelenses. O Ministério da Saúde da Palestina fala em 2.670 mortos até a manhã deste domingo.

Israel contabiliza mais de 1.400 mortos nos ataques terroristas do Hamas da semana passada. Pelo menos 126 pessoas foram feitas reféns pelo Hamas, mas este número pode ser maior.

Além desses mortos, Israel afirmou ter encontrado 1.500 corpos de membros do Hamas em seu território na última terça-feira (10).

 

A REFORMULAÇÃO DA LEI DO IMPEACHMENTE VAI AFETAR OS MILITARES

História por THAÍSA OLIVEIRA E CÉZAR FEITOZA • Folha de S. Paulo

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A proposta de reformulação da lei do impeachment apresentada pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), tem mobilizado a oposição de militares por prever, entre outros pontos, crime de responsabilidade para comandantes das Forças Armadas.

A reclamação dos militares também ocorre por receio de brecha que permita os comandantes serem julgados em duas instâncias: a civil e a militar.

O projeto de lei está em fase inicial de discussão, mas a entrega da relatoria ao senador Weverton Rocha (PDT-MA), vice-líder do governo Lula (PT), foi vista como um sinal de que Pacheco quer dar andamento ao tema.

Desde então, militares já procuraram o gabinete do relator e apresentaram emendas para tentar alterar o texto.

Um dos pontos mais criticados é o que prevê impeachment do comandante de Força em caso de manifestação político-partidária.

O trecho chegou a ser apelidado de “artigo Villas Bôas”, em referência ao ex-comandante do Exército Eduardo Villas Bôas. Foi dele a autoria de um tuíte em 2018 às vésperas de julgamento no STF (Supremo Tribunal Federal) de um recurso que poderia livrar Lula (PT) da prisão.

A manifestação nas redes sociais foi entendida como uma ameaça ao Supremo. Em biografia, Villas Bôas disse que os tuítes foram “um alerta”.

O projeto regulamenta o artigo da Constituição que trata de crimes de responsabilidade. O dispositivo constitucional prevê que compete ao Senado “processar e julgar o presidente e o vice-presidente da República nos crimes de responsabilidade, bem como os ministros de Estado e os comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles”.

A proposta visa preencher o vácuo deixado por essa redação, uma vez que não há detalhamento sobre em quais hipóteses o impeachment dos militares pode ocorrer —bem como os ritos que precisam ser observados.

A possibilidade de destituição de altos cargos públicos pelo Legislativo varia de país para país. O portal mantido e atualizado pela Livraria do Congresso dos EUA, por exemplo, explica que naquele país existe a interpretação de que oficiais militares não estão sujeitos à possibilidade de impeachment.

O general da reserva e senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) é um dos autores de emendas que se opõem à previsão do impeachment de comandante em caso de manifestação político-partidária.

“Ele [comandante] não pode defender o partido A ou o partido B. Agora, dentro da política da Força, quem fala pela Força é ele. Ele é o representante da Força para isso”, disse à Folha Mourão, que é general da reserva.

“Por exemplo: ele [comandante] considera que o Hamas é uma organização terrorista e o governo nunca fala isso. Você não pode tachar isso de crime de responsabilidade do comandante. [Proibir manifestação] partidária com certeza, até porque o nosso regulamento proíbe.”

Outros trechos da proposta em análise também são alvo de críticas pelas Forças.

As assessorias parlamentares militares tentam excluir, por exemplo, dispositivo que diz ser crime de responsabilidade “retardar ou deixar de cumprir ordem do presidente da República ou do ministro da Defesa, salvo quando manifestamente ilegal”.

Militares ouvidos pela Folha de S.Paulo afirmam que a redação é muito abrangente, porque o conceito de retardar o cumprimento de ordem do presidente é subjetivo.

Integrantes das Forças também contestam outros pontos, como o de “incitar a participação ou participar de greve ou motim de militares”. As leis que regem a carreira militar já classificam o ato como crime.

Os militares temem que a proposta, caso aprovada, leve os comandantes para julgamento na Justiça civil.

Eles preferem ser julgados pelo STM (Superior Tribunal Militar). Na visão militar, os ministros da corte compreendem melhor o contexto que envolve uma decisão na caserna —o que gera críticas de corporativismo e de blindagem na Justiça militar.

Apesar das pressões, o senador Weverton tem sinalizado que não vai retirar os comandantes das Forças Armadas —ou qualquer outra categoria, como juízes e promotores— do projeto de lei.

Ele pretende conversar com o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, e com os comandantes das Forças antes de apresentar o relatório. No começo deste mês, representantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica se reuniram com assessores do senador.

O Exército disse que acompanha a discussão por meio de sua assessoria parlamentar, assim como faz com outras proposições relacionadas à instituição, “permanecendo à disposição dos parlamentares para contribuir com o aperfeiçoamento do projeto”.

Em tom semelhante, a Marinha afirmou que acompanha as propostas com o “intuito de prestar informações especializadas que contribuam para o respectivo e devido aprimoramento”.

Em nota, a Força Aérea Brasileira disse que “não possui objeções” sobre a inclusão do comandante na lista de autoridades sujeitas a impeachment por crime de responsabilidade.

O projeto de lei foi proposto pelo presidente do Senado após meses de discussões coordenadas pelo ministro aposentado do STF Ricardo Lewandowski —que presidiu o processo de impeachment no Senado da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016.

Relatora do anteprojeto, a ex-secretária-geral do STF Fabiane Pereira de Oliveira afirma que a ideia é preencher as lacunas da lei atual, de 1950, e regulamentar a situação de outras autoridades além do presidente da República, como militares, juízes, ministros do Supremo e membros do Ministério Público.

“Nós analisamos cuidadosamente quais autoridades a Constituição estabelecia como passíveis de crimes de responsabilidade e pegamos as leis esparsas sobre cada classe: magistratura, Ministério Público e as Forças Armadas”, afirma.

“Não era o objetivo do grupo nem nunca foi [fazer o projeto em reação aos acontecimentos recentes]. O objetivo foi realmente ser unânime em não deixar de fora nenhuma das autoridades que a Constituição elenca. Se, agora, alguma autoridade for retirada, isso sim será casuísmo.”

 

ESCALADA DA GUERRA NO ORIENTE MÉDIO PODE PROVOCAR UMA CRISE GRAVE E GENERALIZADA NA ECONOMIA

História por Investing.com 

Guerra no Oriente Médio pode devastar economia mundial, prevê economista© Fornecido por br.investing.com

Investing.com – A guerra entre Israel e o Hamas agrava vários outros fatores negativos para a economia e os mercados financeiros, levando muitos economistas a temer que uma escalada da situação provoque uma crise grave e generalizada.

Em uma análise publicada na semana passada, Tuomas Malinen, professor adjunto de economia da Universidade de Helsinki e CEO da empresa GnS Economics, abordou esse assunto, simulando um “pior cenário” para a economia global diante das tensões no Oriente Médio.

Dez riscos principais em caso de escalada da guerra Israel-Hamas:

  1. O conflito se torna uma guerra regional na qual os Estados Unidos se envolvem diretamente.
  2. A Opep reage com um embargo ao petróleo.
  3. O Irã fecha o Estreito de Ormuz.
  4. O preço do petróleo chega a US$ 300 por barril.
  5. A Europa enfrenta uma crise energética severa devido à falta de GNL.
  6. O aumento dos preços de energia reacende a inflação e força uma reação dos bancos centrais.
  7. Os mercados financeiros e o setor bancário global entram em colapso.
  8. A crise da dívida engolfa os Estados Unidos, forçando o Federal Reserve a implementar um novo plano de socorro para os mercados financeiros.
  9. O comércio de petrodólares desaba.
  10. A hiperinflação surge.

Risco de envolvimento direto dos EUA

Para justificar essa lista, Malinen se baseou no cenário da Guerra do Yom Kippur em 1973, na qual a Opep impôs um embargo ao petróleo contra os países ocidentais que apoiavam Israel. Ele lembrou que “em seis meses, o preço do barril subiu quase 300% no mundo, e ainda mais nos Estados Unidos, que se tornaram dependentes do petróleo do Oriente Médio na época”.

Atualmente, o risco é que a reação de Israel aos assassinatos e ataques do Hamas resulte em “uma declaração de guerra pelo Irã e pela Síria”, destacando que “nessa situação, os Estados Unidos provavelmente seriam forçados a agir e participar da defesa israelense”. De fato, os americanos já enviaram navios para a região no caso de a situação piorar.

No entanto, Malinen acredita que “qualquer envolvimento direto dos Estados Unidos na guerra provavelmente desencadearia uma resposta da Organização dos Países Exportadores de Petróleo, ou pelo menos de alguns de seus membros”, mencionando a possibilidade de “um embargo ao petróleo para os Estados Unidos, e até mesmo para a Europa”.

Consequências devastadoras para o mercado de energia europeu

Quanto ao Estreito de Ormuz, uma via crucial para os mercados mundiais, por onde passa um sexto do petróleo e um terço do gás natural liquefeito (GNL) consumidos no mundo, Malinen lembrou que o Irã tem a capacidade de fechar essa passagem, ameaçando “afundar qualquer petroleiro que passe pelo estreito”.

Nesse contexto, “veríamos muito provavelmente os preços globais do petróleo e do GNL dispararem para níveis inéditos”, o que “reiniciaria a inflação rapidamente”, alertou o economista.

Ele também alertou que a situação seria particularmente difícil para a Europa, que dependeu de fontes americanas e do Oriente Médio para suas entregas de gás após o fechamento da maioria dos gasodutos que transportavam gás russo para a Europa, destacando, por exemplo, que “a Alemanha acabou de assinar um contrato com a Oman LNG para entregas de gás que passam pelo Estreito de Ormuz”.

O economista afirmou que “a combinação de uma interrupção do fornecimento de gás no Oriente Médio (e talvez na Rússia) e um inverno normal ou frio poderia criar condições extremamente devastadoras para o mercado europeu de gás, que já está mal equilibrado”.

A crise financeira mundial e “perversão monetária” podem levar ao caos

No entanto, os danos não parariam por aí, pois, segundo ele, “o retorno da crise energética provavelmente desferiria um golpe fatal na economia europeia e abalaria seu setor bancário, com as conhecidas consequências globais”.

Malinen também teme que “as novas pressões inflacionárias forçariam os bancos centrais a realizar outra rodada de aumentos nas taxas de juros”, o que levaria ao aumento das taxas dos títulos do governo dos EUA, resultando em “um colapso total nos mercados de ativos e crédito, semelhante ao ocorrido na primavera de 2020”.

Para enfrentar essa situação, ele acredita que os bancos centrais poderiam “realizar perversões monetárias”, como implementar programas de compra de ativos para apoiar os mercados de dívida soberana, crédito e ativos, ao mesmo tempo em que aumentariam as taxas de juros.

Por fim, Malinen mencionou o que chamou de “opção nuclear”, ou seja, o risco de a Opep deixar de usar completamente o dólar no comércio de petróleo, o que significaria que os “dólares excedentes”, anteriormente usados para comprar petróleo, acabariam voltando para os Estados Unidos, resultando em “um pico sem precedentes na oferta monetária norte-americana, criando as condições perfeitas para uma hiperinflação com uma queda na produção devido a uma profunda recessão alimentada por uma inflação rápida, altas taxas de juros e uma crise bancária”.

Ele concluiu que “o caos na economia dos Estados Unidos e, portanto, no mundo, seria nada menos que apocalíptico”.

 

JORNADA DO CLIENTE É O CAMINHO QUE A PESSOA PERCORRE PARA DECIDIR FAR UMA COMPRA

 

RD Station

Qual é o caminho que uma pessoa percorre até decidir fazer uma compra com a sua empresa? A resposta a essa pergunta é a síntese do que é um mapa da jornada do cliente.

Existem diferentes estratégias de vendas que a sua empresa pode adotar e é possível, inclusive, combinar mais de uma em seu plano de ação.

É claro que as compras por impulso ainda existem, mas será que esse é o único comportamento do mercado? Algumas empresas e profissionais parecem considerar que sim. Até mesmo você já pode ter pensado dessa forma, mas a realidade vem se mostrando bem diferente.

Como exemplo, vamos observar alguns números sobre o comportamento dos clientes dentro de e-commerces. Antes, vale destacar que esse é um modelo de negócio de varejo, um dos que mais se beneficiam pelas compras por impulso.

Segundo dados levantados pela Ecommerce Brasil, 98% das pessoas abandonam um site sem comprar nada. Isso mostra que apenas 2% dos clientes compram na primeira visita.

Então, se um consumidor não realizar um pedido será necessário atraí-lo de novo para as suas páginas de produto, e tentar mais uma vez apresentar os benefícios da mercadoria que você oferece.

Agora, considere negócios com vendas mais complexas como empresas B2B prestadoras de serviços. Dificilmente, um prospect será convertido em um único contato.

Mas, o que tudo isso tem a ver com o conceito de mapa da jornada do cliente?

Esses dados nos mostram que o processo de tomada de decisão envolve mais de uma etapa, constituindo um caminho pelo qual o consumidor passa até optar por uma compra.

E é com esse entendimento que avançamos para compreender o que é e quais são os estágios do mapa da jornada do cliente.

Ao dominar esse conceito sua empresa estará pronta para atuar em cada fase, oferecendo valor ao consumidor, estreitando o relacionamento e contribuindo para que ele avance para as etapas finais do processo de decisão.

O que é mapa de jornada do cliente?

O mapa de jornada do cliente nada mais é que uma forma de visualizar as etapas pelas quais os consumidores passam, desde a descoberta de um problema ou necessidade até a decisão pela compra de um produto ou serviço que irá resolver a demanda inicial.

Dentro dos setores de marketing e vendas, esse mapa pode ser usado como base para uma estratégia que irá guiar as ações das empresas em busca de converter o consumidor ou prospect em um cliente pagante.

Ao compreender quais são as etapas da jornada do cliente, é possível criar ações que venham a interagir com os compradores em cada uma delas.

Entretanto, é preciso considerar as melhores formas de se comunicar com as pessoas em cada um desses estágios.

Em algumas fases os usuários ainda estão considerando as opções de solução para o problema, em outras ele está em busca de empresas que oferecem a solução escolhida.

Usar discursos de vendas para consumidores que estão em fases iniciais de pesquisa, pode assustá-los e dar ao seu negócio aquela imagem de empresa que só quer vender a qualquer custo. Esse tipo de abordagem fora de hora pode gerar uma experiência negativa com a marca.

Segundo um estudo da Hubspot, 93% das equipes de atendimento concordam com a afirmação de que os clientes têm maiores expectativas em relação à experiência com as marcas.

Logo, é fundamental adaptar a mensagem que será compartilhada em cada etapa da jornada, para que este consumidor se interesse em ouvir o que você tem a dizer – muitas vezes indo proativamente até os materiais produzidos por sua empresa.

Use o mapa da jornada do cliente como um guia do caminho que o consumidor irá percorrer e garanta que em cada etapa ele terá acesso a uma experiência de valor com a sua empresa.

Com isso, você aumenta as chances do prospect escolher seus produtos e serviços como o pote de ouro do final do mapa.

Quais são as etapas da jornada do cliente?

Para mapear a jornada do cliente é preciso conhecer dois aspectos principais:

Quais são as fases da jornada de compra;

Quais as motivações dos clientes, que fazem com que eles avancem de um estágio para o outro.

Vamos começar apresentando quais são as etapas da jornada de compra do consumidor:

Aprendizado e descoberta;

Reconhecimento do problema;

Consideração da solução;

Decisão de compra.

 Continue lendo e descubra o que significa cada uma delas e como aplicá-las na criação de um planejamento de marketing.

1. Aprendizado e descoberta

Quase autoexplicativo, o nome dessa etapa diz muito sobre ela.

Nessa fase, o cliente está descobrindo que tem um problema e que é preciso solucioná-lo.

Talvez ele nem saiba o que fazer para resolver a questão, logo está pesquisando informações para compreender o quão grave é o problema que ele está enfrentando e se existem soluções gratuitas para resolver a questão.

Por exemplo, o gestor de um e-commerce de produtos eletrônicos percebe que o lucro da empresa está abaixo do esperado para o período, e começa a pesquisar quais são as possíveis causas desse problema.

Existem muitas respostas para isso, e talvez o problema que ele esteja enfrentando realmente não possa ser solucionado pelo produto ou serviço que você vende. Entretanto, pode ser que sim. Pode ser que a sua oferta seja exatamente o que ele está precisando.

Por isso, é hora de produzir conteúdos que ajudem esse usuário a começar a entender o que ele precisa saber sobre a necessidade que possui.

Materiais gerais como listas dos principais desafios enfrentados por donos de e-commerce e dicas de como aumentar o lucro da empresa são relevantes nessa etapa.

Neste momento, dificilmente uma abordagem comercial clássica e direta irá resultar em uma venda. Por isso, é hora de priorizar um primeiro contato de qualidade.

Vale lembrar que é possível que esse consumidor nunca tenha ouvido falar da sua empresa, então investir em estratégias de atração é uma boa ideia. Entre as ações mais usadas estão:

Publicações em redes sociais;

Táticas de SEO para melhorar o ranqueamento das páginas do site da empresa no Google;

Anúncios pagos.

2. Reconhecimento do problema

Agora o consumidor entende o problema que precisa enfrentar e qual é o nível de preocupação necessária.

Usando o exemplo acima, o dono de e-commerce com baixo lucro já percebeu que existe um problema no controle do fluxo de caixa da empresa e que os gastos estão muito altos, superando as entradas financeiras.

Nesse caso, se a sua empresa vende um software de controle financeiro para pequenos negócios, pode ser interessante criar conteúdos que ajudem o cliente a identificar o tamanho do problema e as soluções que ele tem disponível para saná-lo.

Uma sugestão para atrair esse usuário é publicar um post no blog que aborde os principais desafios financeiros de empresas. Ou então criar um quiz que, após coletar algumas respostas, apresentará como resultado um diagnóstico da situação atual do negócio. Exemplos de resultados podem definir a situação como: “emergencial”, “precisa de planejamento” ou “está de vento em popa”.

Também é interessante mostrar dados de pesquisa que apresentem as consequências de não solucionar o problema rapidamente.

Outra ação que já pode (e deve!) ser posta em prática é a captura de leads, a partir do oferecimento de materiais ricos como:

Planilhas;

Ebooks;

Webinars;

Checklists;

Cursos;

Listas;

Relatórios.

3. Consideração da solução

Nessa etapa da jornada do cliente ele já sabe que vai precisar contratar uma solução para o problema que possui, mas qual?

Atenção, ele ainda não definiu o tipo de solução e pode estar entre contratar uma consultoria, um colaborador interno ou um software, por exemplo.

Mantendo o exemplo de mapa da jornada do cliente do dono do e-commerce que começamos apresentando, você, como gestor da empresa que vende o software financeiro, pode começar a usar estratégias mais comerciais para mostrar os benefícios da sua solução.

Para isso, lembre-se de nutrir os leads que você já gerou usando, por exemplo, o e-mail marketing.

Aproveite para qualificar esses leads e começar a entender quais estão amadurecendo para a compra e quais não estão.

Segmentar essas etapas se torna muito mais eficiente quando você conta com um software de automação de marketing, capaz de criar fluxo de nutrição automatizado e pontuar os leads, indicando os que estão prontos para converter e enviando-os para a equipe de vendas. 

Uma estratégia utilizada para esse momento da jornada é usar gatilhos mentais como o de urgência, mostrando para o seu cliente em potencial o que pode acontecer se ele não solucionar a questão com a qual convive.

Já é possível compartilhar materiais como vídeos e tutoriais sobre como o seu produto funciona. Uma boa opção é enviar casos de sucesso com clientes reais. Isso mostra a efetividade da solução oferecida.

4. Decisão de compra

Ok, o lead decidiu contratar um software de controle financeiro. Mas, será que a ferramenta que você vende é a melhor opção para ele?

Ao mapear a jornada do cliente você não quer morrer na praia, não é mesmo? Perder um cliente para o concorrente depois de ter investido tanto nele, é tudo o que você precisa evitar.

Na etapa da decisão de compra, o prospect já sabe que quer contratar um tipo de serviço específico, no nosso exemplo, ele optou por comprar o software financeiro.

Entretanto, ele começa a pesquisar por opções. É claro que depois de manter o relacionamento com você até aqui, ele vai considerar a sua empresa. Esse é, afinal, o principal motivo da sua empresa montar um mapa da jornada do cliente tão detalhado. Mas, não se engane, é provável que ele também tenha se relacionado com seus competidores.

Nessas horas, ter um software de automação de marketing integrado a um CRM, pode fazer toda a diferença, porque seu lead qualificado vai direto do marketing  para o setor de vendas. O departamento comercial, então, pode atuar entrando em contato direto com o prospect.

Atenção, porque é fundamental manter a qualidade da experiência do cliente. Nada de vendedores chatos que ficam tentando empurrar uma solução para o prospect.

Preferencialmente, crie um modelo de vendas consultivas, segmentadas e personalizadas. Mostre ao lead que você conhece ele e as demandas que apresenta.

Demonstre empatia e foque nos benefícios que a sua solução oferece e não apenas nos recursos.

Destaque suas vantagens, sem falar mal de ninguém. Continue usando estudos de casos, depoimentos de clientes e resultados que vocês alcançaram.

Como mapear a jornada do cliente?

Com essas dicas você aumenta as suas chances de converter um usuário que nunca tinha ouvido falar da sua empresa em um cliente.

É claro que para isso você precisa conhecer o perfil do seu cliente ideal detalhadamente.

Somente isso irá permitir que você conheça as necessidades de suas personas e quais são as motivações que elas terão para passar de uma etapa da jornada de compra para outra.

Lembre-se também de ter seu próprio conjunto de ferramentas para desenhar a jornada do cliente, por exemplo, um quadro digital que permite que você crie um mapa mental eficiente.

UM MARKETPLACE DIGITAL IGUAL AO DA STARTUP VALEON PODE AJUDAR QUALQUER NEGÓCIO?

Moysés Peruhype Carlech e Fernanda – Jet.

Sim e podemos ajudar muito a alavancar as suas vendas e tornar a sua empresa mais competitiva no mercado se forem utilizados os serviços da Startup Valeon e temos a certeza que vamos melhorar o seu posicionamento digital e utilizando uma boa estratégia comercial podemos trazer retorno financeiro para a grande maioria dos negócios das empresas da nossa região do Vale do Aço, afinal de contas, já atingimos a marca de mais de 100.000 acessos.

O sucesso do modelo dos marketplaces está expresso nos números registrados no último ano: o crescimento em 2020 chegou a 52%, acima dos 41% do segmento de e-commerce.

Essas informações foram apuradas pela E-bit/Nielsen, que também indica que o total de pedidos do marketplace chegou a 148,6 milhões, um crescimento de 38% em relação a 2019, o que resultou em um faturamento de R$ 73, 2 bilhões para o segmento.

A atenção recebida pelos “shoppings virtuais” tem razão de ser. São gerenciados por empresas que arcam com a parte operacional e, com isso, as lojas cadastradas podem se dedicar ao cuidado de suas páginas e às ofertas de produtos.

Para quem tem um e-commerce, os marketplaces devem ser vistos como uma oportunidade reforçar as estratégias de vendas.

Outro fator importante é a possibilidade de ampliar seus pontos de interação com o cliente, o que atende ao comportamento omnichannel do público.

Porém, para aproveitar melhor as possibilidades, é importante que você saiba quais são as vantagens do marketplace e como ele pode auxiliar o desenvolvimento do seu negócio.

1- Otimização dos recursos

A estruturação de um e-commerce não é simples. E, por mais que você faça tudo certo, os resultados precisam de tempo para serem consolidados.

Ao integrar a sua loja a um marketplace, esse processo é facilitado. Ao mesmo tempo em que trabalha para fortalecer a sua marca, o lojista tem como expor seus produtos num canal que já conta com uma audiência significativa.

Basta que o lojista negocie e pague a mensalidade do marketplace para que possa começar a negociar seus produtos ou serviços. Além disso, essas operações oferecem expertise, tráfego, visitação e mídia para que seus parceiros possam desenvolver seus negócios.

2- Alcance de clientes

Desenvolver uma loja virtual própria e recorrer às redes sociais para divulgar produtos ou serviços requer um trabalho de divulgação para alcançar um número maior de clientes.

Com o marketplace, esse trabalho ganha ainda mais abrangência e, com isso, é possível gerar um fluxo maior de consumidores, uma vez que há modelos próprios de divulgação, o que acaba favorecendo as empresas que o integram.

Além disso, esses “shoppings virtuais” , como o da Startup Valeon, não divide os custos de marketing  com os seus parceiros custeando ele próprio o processo de aquisição de clientes nas redes sociais.

3- Volume de dados

Os marketplaces têm o costume de oferecer aos seus parceiros diversos dados sobre as suas vendas e seus desempenhos dentro da plataforma e faz métricas diárias das consultas dos seus clientes.

Essas informações são bastante estratégicas para qualquer empresário que deseje desenvolver o seu comércio online e melhorar o seu desempenho na internet.

Isso porque conseguem planejar suas ações, promoções e precificar produtos e serviços com mais eficiência, o que aumenta as chances de converter os visitantes do marketplace em seus clientes.

4- Integração com outras ferramentas

Muitos empresários podem acreditar que ao entrar para um marketplace não poderá usar suas ferramentas digitais favoritas: CRMs, software de preços ou inventários.

Porém, não existe essa limitação e as empresas podem seguir usando seus mecanismos de otimização de resultados.

É possível explorar tantos as informações fornecidas pelos marketplaces quanto os dados gerados pelos seus mecanismos de gestão e controle, o que pode fortalecer ainda mais suas estratégias online.

5- Aumento de vendas

Com uma estrutura corretamente desenvolvida, processos de divulgação bem construídos e apoio aos parceiros, os marketplaces conseguem atrair um bom volume de visitantes para o seu site.

Quanto maior a exposição de produtos ou serviços, maior são as chances de aumentar as suas vendas. É preciso apenas que as lojas online saibam trabalhar seus produtos ou serviços na internet e convencer os consumidores de que conta com as melhores mercadorias e preços.

6- Diversificação de público

Com um número maior de pessoas tendo contato com seus produtos ou serviços, há possibilidade que alcance consumidores que, em um primeiro momento, não conseguiria atingir.

Isso contribui para a diversificação do seu público-alvo e faça com que a sua base de clientes possa crescer.

Isso favorece não apenas as suas vendas, mas também estimula os lojistas a buscarem novos produtos ou desenvolverem novos serviços para atender a sua nova demanda.

Esse processo é essencial para que as empresas ganhem mercado e busquem constantemente o seu desenvolvimento.

Agora que você já sabe quais as vantagens do marketplace, que tal descobrir como eles podem auxiliar no crescimento dos pequenos negócios?

Marketplace e o crescimento das empresas

Construir um modelo próprio de venda online é um desafio para as empresas, porém pode ser bastante recompensador.

Em 2020, o setor teve um crescimento de 41% se comparado com o ano anterior e a expectativa é de que siga alcançando bons resultados em 2022, até em razão da aceleração do processo de transformação digital.

Dessa forma, com um trabalho bem-feito, as empresas podem conquistar boa margem de lucro com o comércio eletrônico. Afinal, o perfil do consumidor tem mudado e ficado aberto às compras online.

Mas, para isso, é necessário utilizar um site como a da Startup Valeon que ofereça boa experiência para os consumidores e conte com estrutura logística e capacidade de estoque para dar conta do trabalho.

O marketplace é uma opção que pode potencializar ainda mais um comércio eletrônico, pois conta com um modelo de negócio estruturado e testado.

Assim, empresas de qualquer setor conseguem melhorar o desempenho de seus e-commerces ao estabelecer mais um canal de divulgação e venda.

Para aproveitar melhor as oportunidades, é importante contar com as ferramentas adequadas para fazer a gestão da operação.

Exemplo disso é a plataforma comercial da Startup Valeon, que tem suas páginas desenvolvidas justamente para conectar a sua loja aos principais consumidores do mercado.

Com isso, além de ter todo o suporte necessário para destacar seus produtos na internet, o lojista tem como gerenciar todo o universo envolvido com as suas vendas online, seja na loja própria ou no marketplace.

Num único local, por exemplo, pode fazer a gestão de estoque, o que evita a perda de clientes pela falta do produto. O e-commerce é uma modalidade de negócio que deve seguir ganhando espaço e conquistando novos clientes. O empresariado deve ficar atento a esse mercado e aproveitar as vantagens do marketplace para aumentar a sua presença online e ter acesso facilitado a uma base sólida de usuários.

segunda-feira, 16 de outubro de 2023

DILEMA ENTRE O PÚBLICO E O PRIVADO

História por Notas & Informações • Jornal Estadão

Em recente artigo no Estadão, o economista Pedro Malan chamou a atenção para um falso dilema presente na política nacional, que vê o desenvolvimento social e econômico como fruto exclusivo ou da atuação do Estado ou da sociedade. “Falso o dilema porque é preciso tentar combinar o dinamismo de ambos, Estado e sociedade”, escreveu Pedro Malan (Somos a matéria de que são feitos os sonhos, dia 8/10/2023).

No governo anterior, havia a ideia de que todos os grandes problemas brasileiros eram decorrência da máquina estatal. O Estado seria o grande obstáculo a ser removido. Tal percepção conduziu a muitos equívocos – em primeiro lugar, a um desprezo pelo conhecimento do funcionamento do Estado e dos desafios concretos a serem enfrentados. Prevaleceu uma compreensão distorcida e rigorosamente equivocada de liberalismo, que levou ao oposto do que essa concepção político-filosófica propugna. As soluções dos problemas nacionais já não demandariam estudo, planejamento, discussão e negociação. Não exigiriam conhecimento da realidade. Bastaria “reduzir o tamanho do Estado” para que o País deslanchasse rumo ao desenvolvimento social e econômico.

Nessa visão simplista e irreal das coisas, tudo o que representasse diminuição da presença estatal na vida da sociedade seria, por si só, positivo. Com isso, em vez de uma administração federal atenta aos problemas concretos do País, buscando propor caminhos efetivos, o que se teve foi um governo propagando ideias irrealizáveis – como a privatização de todas as empresas estatais – ou simplesmente nefastas – como o desmonte dos órgãos públicos de fiscalização. Afinal, se tudo o que vem do Estado é equivocado e prejudicial, a própria lei deixa de merecer respeito, para se tornar algo a ser burlado ou simplesmente ignorado.

Exemplo paradigmático desse modo simplista e equivocado de lidar com os problemas nacionais foi o descuido do governo Bolsonaro em relação à educação pública, cujas redes representam mais de 80% do ensino ofertado às crianças e adolescentes. A preocupação do governo estava concentrada na defesa do homeschooling como a grande solução educativa, numa ignorância da própria realidade familiar brasileira.

Felizmente, esse modo binário de enxergar o País – a esfera privada equivalente a positivo, e a pública, a negativo – foi rejeitado nas urnas. A pandemia escancarou os efeitos nocivos de tal obtusidade na administração pública. No entanto, paradoxalmente, o governo atual tem se mostrado incapaz de perceber o equívoco dessa binariedade, como se bastasse inverter os sinais – a esfera pública como sinônimo de virtude, e a privada, de vício e ganância – para a retomada do crescimento econômico e a redução das desigualdades sociais.

O presidente Lula tem insistido em discursos e movimentos estatizantes, equiparando o aumento da participação estatal ao desenvolvimento social e econômico. Também aqui o conhecimento da realidade parece importar pouco. Não se busca verificar os efeitos de cada medida sobre a população e a economia para, depois, avaliar e definir quais seriam as políticas públicas mais adequadas. Tudo já estaria devidamente carimbado, se favorável ou desfavorável ao interesse público, a depender da relação com o Estado.

Ou seja, a mudança de governo parece não ter sido capaz de livrar o País dessa paralisante disjuntiva, desse falso dilema. Segue enredado numa compreensão irreal a respeito do Estado e da sociedade.

Superar essa visão reducionista, seja qual for a orientação ideológica, é requisito para o desenvolvimento do País. Não há razão para desprezar o dinamismo da sociedade. A promoção do interesse público inclui o fomento de um ambiente de liberdade, no qual, respeitando os limites da lei, os diversos interesses privados possam ser cultivados. Por sua vez, não existe desenvolvimento sem um Estado eficiente, seja para estabelecer e fazer cumprir as regras do jogo, seja para reduzir as desigualdades e cuidar dos mais vulneráveis. O antagonismo entre público e privado faz mal a todos.

 

AMÉRICA LATINA PRECISA SAIR DA ESTAGNAÇÃO DA SUA ECONOMIA

História por Notas & Informações • Jornal Estadão

Há cinco séculos a América Latina fornece comida, combustíveis e metais ao mundo. Em entrevista ao Financial Times, o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento, Ilan Goldfajn, adverte que a demanda crescente do século 21 por comida, energia verde e minerais críticos oferece uma “tripla oportunidade”. Mas uma questão permanece: por que numa região tão rica em recursos o povo é tão pobre? Se essa questão não for enfrentada, tais oportunidades estão fadadas a ser desperdiçadas – de novo.

Até 2050, a população mundial crescerá de 8 bilhões para quase 10 bilhões. Com vastas terras ,agricultáveis e uma população relativamente pequena, a América Latina é a maior exportadora de comida do mundo. Também fornece um terço do cobre e metade da prata e contém 60% das reservas de lítio, além de grafite, estanho e níquel, materiais cruciais para as energias limpas. Mais próximos à superfície, eles são mais facilmente extraíveis do que em outros lugares, e, numa região farta em sol, vento e água, podem ser processados com energia renovável e barata.

boom dos anos 2000 foi puxado pela industrialização da China, que se desacelerou nos anos 2010. Já a transição energética é global, incontornável e duradoura. Rivalidades geopolíticas levam países ricos a realocar cadeias de fornecimento a regiões próximas e amistosas. A América Latina é pacífica e neutra e, entre as regiões com países em desenvolvimento, tem as democracias mais robustas.

As condições estão aí, mas também as mazelas que dissiparam oportunidades como essas no passado. Desde a era colonial, a região experimenta ciclos de crescimento sem desenvolvimento. Elites latifundiárias semifeudais expandiram sua produção à custa da expropriação de terras dos nativos e da exploração de seu trabalho e o de africanos, calcificando uma sociedade desigual e repleta de desincentivos à produtividade e à inovação. O melhor das monoculturas era exportado e tudo o mais era importado.

No século 20, buscou-se reverter essa relação de dependência com barreiras protecionistas e subsídios à indústria. Mas isso perpetuou um setor pouco competitivo e dependente do Estado. As relações corruptas entre os donos do poder e os do dinheiro se tornaram endêmicas, a desigualdade aumentou e, ironicamente, a dependência das commodities também.

Hoje, em termos de barreiras comerciais, a América Latina é a segunda região menos acessível do mundo, depois da África. A educação é deficitária. A região investe 0,6% do PIB em pesquisa e desenvolvimento, menos de um quarto da média da OCDE. A infraestrutura é precária. E há sempre um demagogo pronto a esbanjar o dinheiro do boom de commodities da vez bombeando os lucros das oligarquias e o consumo das classes baixas, sem qualificar a oferta e as condições de crescimento sustentável. As “décadas perdidas” se acumulam.

À “tripla oportunidade”, Goldfajn opõe um “triplo desafio”: governos sem dinheiro, populações sedentas de serviços públicos e baixo crescimento. Para capitalizar as oportunidades, os governos precisam gerar espaço fiscal, reduzindo os custos e a ineficiência da máquina pública, e sanear o manicômio tributário e regulatório que afugenta investidores. Os protecionismos e privilégios precisam cair, ainda que gradualmente, promovendo uma “destruição criativa” na indústria.

O dinheiro das commodities precisa ser investido na diversificação das exportações e na agregação de valor (por exemplo, incentivando fábricas de baterias com os metais extraídos), mas também em educação, para qualificar a mão de obra, e infraestrutura, para baratear custos, além de serviços públicos para reduzir inquietações sociais que convidam a aventuras populistas. De resto, se a mineração é essencial para impulsionar energias verdes e reduzir impactos climáticos, ela comporta impactos em biomas e comunidades. Mitigá-los é crucial para que o desenvolvimento prometido pelas commodities seja sustentável.

Mais do que uma década, esse desenvolvimento é uma promessa de um século. Mas se a América Latina não aprender com a história, estará condenada a um “século perdido”.

 

LULA PROPAGA MEGALOMANIA DIPLOMÁTICA NA GUERRA ISRAEL E HAMAS

História por PODER360 

O ex-juiz da operação Lava Jato, senador Sergio Moro (União Brasil-PR), afirmou neste domingo (15.out.2023) que a “crise” por conta da guerra entre Israel e Hamas serve só para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) “exercitar a sua megalomania diplomática”

Em publicação em seu perfil no X (antigo Twitter), Moro disse que o Brasil “não tem relevância internacional suficiente para fazer qualquer diferença na guerra no Oriente Médio”.

O senador também afirmou que o cenário mostra “o quanto a ideologia comprometeu a capacidade de parte da política brasileira de condenar atos terroristas“.

Guerra serve para Lula “exercitar megalomania diplomática”, diz Moro© Fornecido por Poder360

LULA E A GUERRA EM ISRAEL

O presidente brasileiro tem sido criticado por políticos da oposição por seu posicionamento em relação à guerra em Israel, em especial por não se referir ao Hamas como uma organização “terrorista”

No sábado (7.out), Lula repudiou os “ataques terroristas” do Hamas contra Israel, mas relativizou a ação do grupo ao escrever sua mensagem em tom adversativo e defender ser necessário trabalhar por um “Estado Palestino economicamente viável” e “dentro de fronteiras seguras”

Apenas em 11 de outubro, 4 dias depois do início do conflito, Lula citou o Hamas ao mencionar o sequestro de mais de 100 pessoas desde sábado. “É preciso que o Hamas liberte as crianças israelenses que foram sequestradas de suas famílias”, escreveu nas redes sociais.

O Brasil enviou texto propositivo sobre o conflito entre Israel e o Hamas para os outros 14 países integrantes do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas). 

No sábado (14.out), Lula conversou por telefone com o presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sissi e pediu pediu ajuda ao governo egípcio na operação de retirada de quase 30 brasileiros que estão na Faixa de Gaza. Também falou com o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, sobre a saída dos brasileiros de Gaza.