Por Henriette Chacar e Nidal al-Mughrabi e Ilan Rozenberg
JERUSALÉM/GAZA/ASHKELON (Reuters) – Israel disse nesta quinta-feira
que não haverá exceções humanitárias ao seu cerco à Faixa de Gaza até
que todos os seus reféns sejam libertados, após a Cruz Vermelha ter
pedido que fosse permitida a entrada de combustível para evitar que
hospitais sobrecarregados “se transformem em necrotérios”.
Israel prometeu aniquilar o movimento Hamas, que governa a Faixa de
Gaza, em retribuição ao ataque mais mortal contra civis judeus desde o
Holocausto, quando centenas de homens armados atravessaram a barreira e
invadiram cidades israelenses no sábado.
A emissora pública Kan disse que o número de mortos israelenses havia
aumentado para mais de 1.300 desde sábado. A maioria era de civis
mortos a tiros em suas casas, nas ruas ou em uma festa de dança. Muitos
reféns israelenses e estrangeiros foram levados de volta para Gaza;
Israel diz ter identificado 97 deles.
A escala total dos assassinatos veio à tona nos últimos dias, depois
que as forças israelenses retomaram o controle das cidades e encontraram
casas repletas de corpos. Eles dizem ter encontrado mulheres que foram
estupradas e mortas, e crianças que foram baleadas e queimadas.
Até agora, Israel respondeu colocando Gaza, onde vivem 2,3 milhões de
pessoas, sob cerco total e lançando, de longe, a mais poderosa campanha
de bombardeio nos 75 anos de história do conflito israelense-palestino,
destruindo bairros inteiros.
As autoridades de Gaza afirmam que mais de 1.200 pessoas foram mortas
e mais de 5.000 ficaram feridas nos bombardeios. A única estação de
energia elétrica foi desligada e os hospitais estão ficando sem
combustível para os geradores de emergência.
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha disse que o combustível que
alimenta os geradores de emergência nos hospitais pode acabar em poucas
horas.
“A miséria humana causada por essa escalada é abominável, e eu
imploro às partes que reduzam o sofrimento dos civis”, disse o diretor
regional do CICV, Fabrizio Carboni, em um comunicado na quinta-feira.
“À medida que Gaza perde energia, os hospitais perdem energia,
colocando em risco os recém-nascidos em incubadoras e os pacientes
idosos que precisam de oxigênio. A diálise renal é interrompida e os
raios X não podem ser feitos. Sem eletricidade, os hospitais correm o
risco de se transformar em necrotérios.”
O ministro israelense da Energia, Israel Katz, disse que não haverá exceções ao cerco sem a liberdade dos reféns israelenses.
“Ajuda humanitária para Gaza? Nenhum interruptor elétrico será
levantado, nenhum hidrante será aberto e nenhum caminhão de combustível
entrará até que os reféns israelenses voltem para casa. Humanitário por
humanitário. E ninguém deve nos dar lições de moral”, publicou Katz na
plataforma de rede social X.
(Reportagens de Maayan Lubell e Emily Rose em Jerusalém, Nidal
al-Mughrabi em Gaza, Emma Farge em Genebra, Jeff Mason em Washington e
redações da Reuters; Redação de Peter Graff)
O presidente da Rússia, Vladimir Putin,
chegou nesta 5ª feira (12.out.2023) em Bishkek, no Quirguistão. Essa é a
1ª viagem internacional do líder russo desde que o TPI (Tribunal Penal
Internacional) emitiu em março mandado de prisão contra ele por suposto crime de guerra no conflito com a Ucrânia.
No país, Putin teve uma reunião bilateral com o presidente do
Quirguistão, Sadyr Japarov, na residência oficial de Ala-Archa. Os 2
também participaram do 20º aniversário da base aérea militar russa em
Kant, no norte do Quirguistão. As informações são da agência de notícias
russa Tass.
Putin afirmou que a Rússia continuará fornecendo armamento moderno para o Quirguistão. “Da
minha parte, gostaria de oferecer garantias de que a liderança russa
continuará a prestar muita atenção às questões de fornecer à base aérea
tipos avançados de armas, tecnologia e equipamentos modernos”, disse. As informações são da Sputnik.
Segundo o presidente do Quirguistão, os 2 países assinaram lei que o
acordo com a Rússia para estabelecer um sistema conjunto de defesa
aérea. O líder russo ainda anunciou que o país enviará 1,2 milhão de
toneladas métricas de combustível ao Quirguistão até o final de 2023.
Na 6ª feira (13.out), Putin participará da
cúpula anual da Comunidade dos Estados Independentes (CIS, na sigla em
inglês). Depois, o presidente da Rússia deve ir para o Fórum
Internacional da Iniciativa do Cinturão e Rota. O evento será realizado em Pequim, na China, de 17 a 18 de outubro. O presidente chinês, Xi Jinping, também estará presente.
MANDADO DE PRISÃO CONTRA PUTIN
Em março, o TPI emitiu mandados de prisão contra Putin e também
contra Maria Alekseyevna Lvova-Belova, comissária dos Direitos da
Criança no Gabinete Presidencial russo, por suposto crime de guerra de
deportação ilegal de crianças e transferência ilegal de crianças de
áreas ocupadas da Ucrânia para a Rússia.
De acordo com a organização, os crimes teriam sido cometidos desde o início do conflito, em 24 de fevereiro de 2022. “Existem motivos razoáveis para acreditar que [Putin e Lvova-Belova] cometeram os atos diretamente, juntamente a outros e/ou por meio de outros”, afirmou a Corte.
Putin também é acusado por “falha em exercer controle adequado sobre subordinados civis e militares que cometeram os atos”, além de permitir que comissões ou subordinados fossem persuadidos a responsabilidade superior.
Os mandados permanecerão em sigilo para proteger vítimas e
testemunhas, além de evitar comprometer a investigação. A decisão da ICC
é baseada no Estatuto de Roma, em vigor desde 1998 e assinado por 123 países, incluindo o Brasil. Eis a íntegra do documento, em inglês (PDF – 385 KB).
Neste ano, Putin deixou de ir a reuniões internacionais por causa do
risco de ser preso. Em julho, a África do Sul confirmou que o presidente
russo não compareceria à cúpula do Brics por correr o risco de ser
preso pelo Tribunal Penal Internacional. Foi a 1ª vez em que ele não participou da reunião do grupo que inclui Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
Em entrevista ao canal indiano Firstpost em setembro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que
Putin não seria preso se viesse ao Brasil para participar da próxima
cúpula do G20, que será realizada no Rio de Janeiro em novembro de 2024.
O Brasil poderia ser punido pelo TPI ou pela ONU (Organização das Nações Unidas) pela decisão.
Segundo o presidente, as outras nações não desrespeitariam o Brasil. “A gente gosta de tratar as pessoas bem. Então, eu acho que o Putin pode ir tranquilamente ao Brasil […] Eu posso lhe dizer que eu sou o presidente do Brasil. Se ele vier para o Brasil, não há por que ele ser preso”, disse.
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reclamou das decisões que condenaram alguns de seus apoiadores pelos atos golpistas de 8 de janeiro,
afirmou esperar que eles estejam livres rapidamente, e disse que se
continuasse como presidente da República essas prisões não teriam
acontecido. As declarações foram dadas nesta quinta-feira, 12, em ato em
defesa da vida em Chapecó, Santa Catarina.
Bolsonaro começou a falar do tema ao tratar do caso de uma apoiadora
que o recebeu no local usando tornozeleira eletrônica, medida restritiva
alternativa à prisão aplicada à maioria dos investigados pelos atos
golpistas de 8 de janeiro.
“Me cortou o coração quando uma senhora de 40 e poucos anos me
mostrou o seu tornozelo. Uma tornozeleira eletrônica. Algo que realmente
nos choca. Pela violência, pela maldade como trataram essas pessoas”,
afirmou.
O ex-presidente disse que “alguns erraram ao invadir prédios
públicos”, mas completou que “as penas estão longe do que foi
apresentado” contra eles.
“Nós devemos, se queremos viver democracia, respeitar a lei,
respeitar o devido processo legal, individualizar a conduta de cada um e
não no atacado. Ao querer fazer Justiça cometer uma grande injustiça
com nosso país”, afirmou.
Ex-presidente diz que se estivesse no cargo ainda não deixaria que isso acontecesse
O ex-presidente ainda disse que, se estivesse no cargo “isso não
teria acontecido”. Em razão da separação dos Poderes no Brasil, porém, o
julgamento e a condenação dos réus cabe ao Judiciário e não ao
Executivo.
“(Queria) dizer a vocês que se eu continuasse na Presidência podem
ter certeza que isso tudo não teria acontecido”. afirmou Bolsonaro,
completando que espera que “isso seja desfeito brevemente e que essas
pessoas estejam livres da tornozeleira, bem como as que foram condenadas
até 17 anos de cadeia fiquem livres dessa pena também”.
No evento, que também contou com a presença do governador Jorginho
Mello, Bolsonaro prestou solidariedade à população de Santa Catarina que
enfrenta a tragédia das chuvas, assim como a Israel, em razão dos
ataques terroristas do Hamas.
Julgamentos começaram em setembro e prosseguem no STF
O STF começou em setembro a julgar os primeiros réus dos ataques do dia 8 de janeiro. Os primeiros três condenados foram Matheus Lima de Carvalho Lázaro, Aécio Lúcio Costa Pereira e Thiago de Assis Mathar.
Os dois primeiros pegaram 17 anos de prisão, enquanto o último foi
sentenciado a 14 anos. Esses casos foram decididos no plenário físico da
Corte. Entre os crimes a eles imputados estão associação criminosa
armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de
Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça, com o uso de
substância inflamável, e deterioração de patrimônio tombado.
Além deles, outros três acusados foram condenados em julgamento no plenário virtual,
a penas que variam de 12 a 17 anos de prisão. Outros dois julgamentos,
com maioria pela condenação, foram suspensos e enviados ao plenário
físico, após destaque apresentado pelo ministro André Mendonça.
Atualmente, mais seis casos estão sendo analisados pela Corte.
A maioria dos denunciados por participação no 8 de janeiro podem fechar acordo de não persecução com Procuradoria-Geral da República (PGR).
Segundo a PGR, 1.125 denunciados têm direito ao acordo. Para isso,
precisam confessar os crimes e se comprometer com o pagamento de multas,
além de prestar serviços à comunidade, deixar de usar redes sociais e
ainda participar de um curso sobre democracia. Com isso, seus processos
ficariam suspensos.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quinta-feira
(12) que a diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI),
Kristalina Georgieva, manifestou a intenção de apresentar um cronograma
para a revisão das cotas com que cada país emergente, incluindo o
Brasil, contribui para o fundo.
“Ela [Georgieva] disse querer apresentar uma nova fórmula para
realinhamento e nos convidou a pensar sobre esta possibilidade”,
declarou o ministro a jornalistas após se reunir com a diretora-geral do
fundo, em Marrakech, no Marrocos.
A discussão em torno da revisão das cotas dos países-membros é um dos
itens da pauta da reunião anual do FMI, evento que acontece até o
próximo sábado (14) no Marrocos, e que motivou a viagem do ministro
Fernando Haddad. Mais cedo, a própria diretora-geral do fundo já tinha
dito a jornalistas que acompanham o evento que, durante o encontro,
espera “avançar nas discussões sobre o aumento dos recursos da cota
permanente do FMI com o objetivo de chegar a um acordo até o final deste
ano”.
“Só o fato de ela, pela primeira vez, ter aberto a possibilidade de
apresentar um cronograma rígido, que não vai mais ser adiado, já é algo
positivo”, comemorou Haddad ao fim da reunião bilateral com Georgieva,
manifestando a posição brasileira.
“O Brasil tem uma posição histórica quanto ao princípio da
proporcionalidade [entre os países-membros], [princípio] que está entre
os fundamentos de criação do fundo. Eu disse que questões conjunturais
não deveriam [afetar tal premissa], pois quando você rompe com um
princípio que está entre as razões de ser da própria instituição, este
organismo vai perder legitimidade e apoio no médio e longo prazo”,
comentou Haddad.
O FMI classifica as contribuições dos países-membros como
“o alicerce da estrutura financeira e de governança” da organização,
criada em 1944 por 29 nações, entre elas o Brasil, para zelar pela
estabilidade do sistema monetário internacional. A cota com que cada
país contribui leva em conta a posição que cada nação ocupa entre as
economias nacionais e determina o poder de voto nas decisões do fundo.
As cotas são revistas a pelo menos a cada cinco anos, pelo Conselho
de Governadores do FMI, considerando as necessidades financeiras do
fundo e a capacidade de cada país-membro suportá-la. O último processo
de reformas nas cotas foi concluído em 2010 e entrou em vigor em 2016 e,
de acordo com o fundo, “refletiu o papel crescente dos mercados
emergentes dinâmicos e dos países em desenvolvimento”. Em 2020, um novo
ciclo de revisão geral terminou sem que as cotas fossem alteradas. Em
curso, a 16ª Revisão Geral das Cotas tem previsão para ser concluída até
dezembro próximo.
Empréstimos
Ainda segundo o ministro, a diretora-geral do FMI também solicitou
que o Brasil faça novos aportes ao Fundo para Redução da Pobreza e
Crescimento (PRGT), cujos recursos financiam empréstimos sem juros que a
organização faz a países pobres.
“Ela está pedindo a todos os países-membros fazerem novos aportes em
virtude da crise da dívida dos países pobres e do aumento das taxas de
juros”, revelou Haddad, garantindo que Georgieva não mencionou valores
específicos.
De fato, mais cedo, Georgieva já tinha contado aos jornalistas que
acompanham a reunião anual do FMI que se reuniu ontem (11) com
países-membros do fundo a fim de ver “o quanto mais é possível ampliar a
família de contribuintes do PRGT”. Segundo ela, dos atuais 190
países-membros, 40 contribuem com recursos financeiros para o Fundo para
a Redução da Pobreza e Crescimento, “unindo-se em benefício dos mais
vulneráveis em nossa economia global”.
História por ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER • Folha de S. Paulo
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A ausência do primeiro escalão do
governo Lula (PT) no Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida nesta
quinta-feira (12), feriado dedicado a uma das imagens mais veneradas
pelo catolicismo brasileiro, é reveladora de como o petismo ainda tateia
na relação com as bases religiosas do país.
Recuperando-se de cirurgias no quadril e nas pálpebras, e com
recomendação médica para não viajar, a falta do presidente já era
esperada. Mas ele também não foi à festa em Aparecida (SP) nos seus dois
primeiros mandatos.
Em 2006, por exemplo, um Lula de olho na reeleição ocupou seu 12 de
outubro com um encontro com reitores de universidades federais e um
comício em Goiás. Enquanto isso, seu principal adversário naquele
pleito, de conhecida fé católica, rezava em Aparecida com a esposa.
Cambalhotas da história trataram de posicionar Geraldo Alckmin (PSB)
como atual vice-presidente do ex-rival. O ex-tucano, figurinha fácil na
basílica dedicada à santa, neste ano não foi à cidade. Teve agenda em
São Paulo na véspera, mas fez bate-volta para Brasília.
Segundo sua assessoria, Alckmin tem compromisso nesta sexta (13) e
“infelizmente não conseguiu conciliar as agendas”. Programou-se para ir
com a família a uma missa na Esplanada dos Ministérios.
O Palácio do Planalto avisou à Folha que não comentaria por que não
enviou à celebração ninguém de grande porte em nome do presidente. De
acordo com o santuário, apenas André Ceciliano, ex-presidente da
Assembleia Legislativa do Rio e hoje secretário especial de Assuntos
Federativos da Presidência, representou o governo federal.
Quem passou por lá foi o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL).
Em 2022, em confronto acirrado com Bolsonaro, Lula decidiu que seria
melhor não ir a Aparecida e optou por um ato no carioca Complexo do
Alemão. É verdade que aquela agenda lhe causou alguma dor de cabeça
eleitoral: bolsonaristas usaram uma imagem dele com um boné do “CPX”,
sigla para “complexo”, e forjaram a fake news de que a abreviação seria
de “cupincha”, suposta alusão a facções criminosas.
Mas a campanha petista ao menos teve a satisfação de ver Bolsonaro
viver um dia desastroso em Aparecida. Dom Orlando Brandes, o arcebispo
local, já tinha irritado bolsonaristas ao afirmar em homilia que era
preciso “vencer os dragões do ódio e da mentira”. Para piorar,
apoiadores do então presidente fizeram arruaça no entorno da basílica,
xingando jornalistas, bebendo álcool e vaiando um padre que, após a
passagem de Bolsonaro, disse não ser aquele o dia ideal para pedir voto,
e sim bênção.
Se na ocasião a equipe de Lula achou que ele ganhou pontos ao não
comparecer, sua praxe de pular grandes eventos religiosos é vista com
ressalvas mesmo dentro do PT. O eleitorado de um país onde 9 em cada 10
pessoas dizem acreditar em Deus valoriza a fé de seus políticos.
A relevância do fator religioso só fez crescer desde que Lula
encerrou seu segundo mandato, em 2010. Prestar contas a esse eleitor se
firmou como pedágio político. O petista, por exemplo, nunca havia se
preocupado em justificar a ausência na Marcha para Jesus, ponto alto do
calendário evangélico nacional.
Mudou de ideia neste ano: enviou uma carta ao idealizador da
caminhada, apóstolo Estevam Hernandes, alinhado a Bolsonaro em 2022, e
ainda despachou o advogado-geral da União para representá-lo. Jorge
Messias foi aplaudido ao falar da fé evangélica e vaiado ao se
apresentar como emissário do chefe.
Esse outro segmento cristão, que vem crescendo na população a ponto
de ameaçar a maioria católica, é um calombo eleitoral no qual parte da
esquerda agora tenta trabalhar.
Mas pesquisadores da religião alertam que não dá para descuidar da
base católica. A pergunta é: de qual catolicismo estamos falando? Para
Emanuel Freitas, professor de teoria política da Universidade Estadual
do Ceará, ainda que essa seja a crença declarada de metade do povo, ela é
mais frouxa para gerar engajamento comunitário do que a evangélica.
“O [bloco católico] que reproduz melhor o ethos evangélico é aquele
em que Lula é mais fraco, como os tradicionalistas e carismáticos”, diz.
São uma minoria barulhenta e com capilaridade nas redes sociais. Caso
da Canção Nova, movimento carismático que tem pontos de confluência com
o pentecostalismo. Vide a oratória mais energizada de seus padres e a
inclinação política seus membros são mais simpáticos ao bolsonarismo do
que a média católica.
É nesse ecossistema conservador que fluem notícias como a do prefeito
de Belém, Edmilson Rodrigues (PSOL), dizendo que o Círio de Nazaré,
popular festa católica, não é mais da Igreja, e sim do povo. Estava ao
lado do casal Lula e Janja, em 2022. A defesa de um caráter universal da
Nossa Senhora de Nazaré acabou circulando como um vilipêndio à fé
católica.
Há espaço ainda para fake news sobre a CNBB (Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil), vista por setores mais à direita como aderente ao
ideário comunista. Até o papa Francisco é alvo de fúria, seja pela carta
que mandou a Lula em 2019, pedindo que não desanimasse (ele ainda
estava preso por condenação na Lava Jato), ou por falas rotuladas de
progressistas, como as de tom ambientalista.
Bolsonaro foi mais bem-sucedido com seu entrosamento religioso,
segundo Freitas. “Como passou quatro anos indo às igrejas, quando chegou
na eleição, não podiam acusá-lo de fariseu, de alguém que usa a
religião de modo eleitoreiro, embora seja isso.”
Lula é católico e, no passado sindical, aproximou-se de figuras da
proa progressista da Igreja, como dom Cláudio Hummes, que apoiou as
greves do ABC na ditadura. Frei Betto estava na casa do sindicalista
quando o regime militar o prendeu, em 1980.
O PT nasce nos anos 1980 com grande influência dessas alas católicas.
Hoje, contudo, “você tem uma igreja cindida”, e uma pulsante “ojeriza à
esquerda” ganha força nos anos 2010, afirma o docente da UECE.
Para o antropólogo Rodrigo Toniol, que dá aulas na UFRJ, “a relação
do catolicismo com PT foi diminuindo” na medida em que parcelas mais
progressistas da Igreja perdiam espaço.
Ser católico nunca demandou ser praticante, e isso pode influenciar nas urnas, afirma.
“Há uma diferença com evangélicos na maneira de produzir comunidade.
Católicos nunca dependeram de ir à igreja para construir sua identidade.
Claro que isso tem efeitos diferentes na hora de conseguir ou não
orientar votos. Essa comunidade que assiduamente frequenta cultos pode
construir seu imaginário político com frequência maior.”
Mas as disputas internas no catolicismo podem bagunçar esse jogo.
Abster-se de Aparecida não chega a virar um fato político para Lula, não
um de relevo. Toniol avalia, porém, que “certamente ele vai ter que
contornar isso nos próximos anos”.
APARECIDA, SP (FOLHAPRESS) – O arcebispo de Aparecida, dom Orlando
Brandes, criticou o aborto e o desmatamento durante missa na manhã desta
quinta-feira (12) em Aparecida (a 180 km de SP).
O discurso foi feito durante a missa solene, a principal entre as
sete programadas no Santuário Nacional em homenagem ao Dia de Nossa
Senhora, comemorado nesta quinta.
“Nossa Senhora Aparecida é a senhora da vida. Por isso, hoje nós
dizemos sim à vida, não ao aborto, sim à vida”, pregou em sua homilia.
Neste momento, o arcebispo foi aplaudido pelos fiéis que lotaram a
basílica.
Entre as autoridades na missa estava o governador Tarcísio de Freitas
(Republicanos), que acompanhou a celebração ao lado da primeira-dama,
Cristiane Freitas, do secretário estadual de Governo, Gilberto Kassab, e
do prefeito de Aparecida, Luiz Carlos Siqueira (Podemos). Todos saíram
pouco antes do fim da missa.
Na sequência, após pregar contra o aborto, dom Orlando pediu “não ao desmatamento, à depredação da mãe terra”.
A homilia da missa solene teve vocação como tema principal e foi aí
que o religioso inclui sua crítica ao aborto. “A vocação à vida é a
primeira das vocações”, afirmou em uma rápida entrevista coletiva após a
missa.
Dom Orlando também falou várias vezes sobre justiça durante seu discurso.
“Não há santidade sem o primeiro degrau da escada, que é exatamente a
justiça, salvar a vida, os direitos humanos, a dignidade humana desde a
concepção até o final da vida”, afirmou.
Ao ser questionado pela Folha se as falas envolvendo aborto e justiça
poderia ser um recado à volta do debate sobre descriminalização do
aborto no STF (Supremo Tribunal Federal), dom Orlando disse que sim.
“O direito fundamental da pessoa humana é o direito à vida. Se esse
direito à vida não é respeitado, todos os outros caem”, respondeu.
No mês passado, pouco antes de se aposentar, a ministra Rosa Weber,
então presidente da corte, colocou a ADPF (Arguição de Descumprimento de
Preceito Fundamental) 442 em pauta e votou a favor da descriminalização
do aborto até 12 semanas.
O atual presidente do STF, Luís Roberto Barroso, disse que não tem planos de retomar o julgamento.
Na sua fala, o arcebispo disse ainda que o óvulo dentro da mãe tem o
direito de nascer. “É um humano, tem o direito de se desenvolver.”
Ao contrário do ano passado, quando as celebrações em Aparecida
ocorreram na reta final da disputa eleitoral e o arcebispo disse que era
“preciso vencer os dragões do ódio e da mentira”, desta vez dom Orlando
evitou temas políticos. O presidente Lula (PT) não compareceu ao
evento.
Ao ser questionado sobre a guerra em Israel, Brandes lembrou frases
do papa Francisco para dizer que as pessoas estão no tempo de amizade
social.
“Isso significa que não há inimigos, mas que existem irmãos diferentes, que se encontram no caminho para a paz”, afirmou.
“E não há outro caminho para a paz que a Justiça social e nós estamos
precisando hoje e sempre que a paz esteja sempre em primeiro lugar., no
coração dos poderes”, disse. “A paz é difícil, mas é possível.”
Virgilio Marques do Santos, sócio-fundador da FM2S Educação e Consultoria
Hoje gostaria de falar aos que optam por caminhos diferentes: os
empreendedores. Sendo mais específico, quero compartilhar minhas
experiências com aqueles que tinham carreiras corporativas ou acadêmicas
e decidiram empreender. Se enfrentaram um cenário parecido ao meu,
posso presumir que foi difícil. E, no meu caso, os maiores complicadores
foram minha insegurança e ansiedade. No começo, empreender era uma
sensação parecida a de entrar no mar e sair nadando sem enxergar muito
bem para onde eu estava indo.
Desde criança, por ver o meu pai empreender, sempre sonhei com isso.
Era interessante demais para uma criança conversar e participar
ativamente (na minha cabeça) dos desafios enfrentados pelo negócio dele.
Problemas de fluxo de caixa, de pessoas, mercado, tecnologia, enfim,
tinha acesso a toda dinâmica do negócio de uma forma muito lúdica. E
sentia, na pele – ou melhor, nas condições materiais da nossa família -,
o resultado do lucro ou prejuízo da empresa.
Com essa experiência infantil, a vontade de ter o meu negócio sempre
me acompanhou. Porém, por ser um empresário de pequeno porte, o negócio
do meu pai não me comportava e, assim, ao final da faculdade, comecei a
procurar negócios para montar. Na época, idos dos anos 2006, meu
conhecimento sobre o mercado das coisas era pequeno. E minúsculo também
era o meu capital. Sem dinheiro para perder, sem renda e sem
conhecimento de negócio, tive de mudar de rota. Comecei a dar aulas
noturnas para Engenharia de Produção e pensar nos meus bicos durante o
dia.
A primeira ideia na qual me lembro foi uma consultoria de Qualidade.
Tinha aprendido um pouco sobre o tema na faculdade e um aluno das minhas
aulas noturnas apareceu com uma oportunidade. Era um cliente pouco
estruturado, de pequeno porte e baixo orçamento, mas que precisava
implantar ISO 9001. Não tendo nada a perder, topei o desafio e passei a
ir à empresa 2 vezes por semana por um valor bem baixo.
Hoje, olhando para o projeto, vejo o tamanho do meu amadorismo e da
força de vontade. Nunca tinha implantado nada e gastava dois dias
estudando para os dois dias trabalhados na empresa. Eram 4 dias de
esforço, para pouco retorno. Depois de algum tempo, vi que isso não era
sustentável e decidi procurar mais clientes.
É triste, mas real, que o esforço para captação de novos clientes foi
inútil. Não tinha o mínimo de habilidade interpessoal para realizar
novas vendas e nem conhecimento. Para vender mais, dependeria de
estabelecer novas relações, o que levaria tempo. Assim, pensei: será que
valeria a pena investir tempo e esforço para essas novas relações? Como
viveria até lá? Acabei desistindo do projeto e corri para o mestrado.
Lá eu teria mais tranquilidade e alguma segurança para pensar no novo
negócio.
A máquina de gerar ideias
No mestrado, voltei a dedicar um tempo para ajudar na empresa da
família, mas não conseguia girar o negócio a ponto de fazer sentido
trabalhar lá. Não havia, na época, orçamento para contratação de um time
e nem disposição de investimentos no desenvolvimento de mercado. Era o
mesmo problema que enfrentava na minha consultoria, só que em maior
escala e sem poder investir ou errar.
Como tomei conhecimento do mercado de ferro velho, enquanto trabalhei
na fábrica, decidi aproveitar a moda do e-commerce e criar um site para
comercialização de máquinas usadas. Na época não havia muitos; além
disso, o preço que se encontrava coisas em bom estado em ferro velho era
recompensador. Contratei um conhecido para fazer o site; mas, sem ter
conhecimento nenhum de SEO, a coisa não foi para frente.
Além do site parado, esperava que os proprietários de ferro velho
adorassem a ideia. E se disponibilizassem a inserir as informações no
sistema: fotos, descrição, preço e respostas às dúvidas. Ledo engano.
Ninguém se engajou na plataforma e tive de escolher um potencial
cliente, que era mais próximo, para cadastrar manualmente. Teria um
case.
Depois de várias horas cadastrando, comecei a desanimar. E
finalmente, quando tudo ficou disponível, as visitas do site não
escalaram. Não tinha, como disse, nenhuma noção de como melhorar no
Google à época e nem tive iniciativa para aprender. A quebra de
expectativa do modelo de negócio que tinha na cabeça me fez desanimar e
começar a tocar as coisas de qualquer jeito. Frente aos desafios, não
tive fé de encará-los e contorná-los.
Exaurido e desanimado, mudei de foco novamente e peguei mais aulas na
faculdade enquanto pensava na próxima iniciativa. Depois dessa, veio um
site para vender metais de banheiro, um pseudo negócio de terceirização
de serviços de usinagem, algumas consultorias pontuais, importação de
relógios via e-bay abaixo de 50 dólares e algumas mais. Tudo, é claro,
deu água.
Anos depois, a coisa só andou quando tive a oportunidade de trabalhar
com meu coorientador no doutorado e aumentar minha confiança de que uma
escola era algo viável. Porém, levei 6 anos na coleção de fracassos –
logo eu, tão orgulhoso dos resultados acadêmicos que havia alcançado.
Decepcionei muita gente, que pedia para mudar de carreira e encarar as
coisas com mais seriedade, não desistindo quando a verdade dos fatos
aniquilava minhas hipóteses. Doía demais.
Naquele momento, procurava me engajar, falando que essas falhas eram
importantes na jornada do empreendedor. Mas esquecia de dizer que as
falhas deveriam me ensinar alguma coisa. Se falhei no negócio do ferro
velho e falhei igual no dos metais para banheiro, não aprendi nada. Só
repeti a falha.
Depois desses 6 anos, vi que precisava me engajar em algo, custe o
que custasse. Tinha de falar não para distrações e grana fácil que ia
aparecendo. Sem isso, o ciclo de fracassos não iria parar. Lá em 2011,
comecei a receber apoio do meu coorientador e a trabalhar gratuitamente.
Era a minha chance de provar que tinha competência e que conseguiria
fazer um negócio sair do zero. Em 2013, a coisa tracionou e passei a
confiar em mim. Havia aprendido que o foco e a fé, muito mais que um
lema de camiseta de praia, era algo fundamental para o empreendedor.
Como diz meu pai: não há negócio ruim; há negócio mal aproveitado ou
mal trabalhado. Se você está ou quer empreender, vai com fé. Mas se
prepare, pois adquirir conhecimento não é barato e as incertezas são
grandes. Aprenda a aprender, use o Ciclo PDSA (Plan, Do, Study, Act),
método científico – ou todos eles. Não desista e vá em frente. O sucesso
é logo ali.
Virgilio Marques dos Santos é um dos fundadores da FM2S, doutor,
mestre e graduado em Engenharia Mecânica pela Unicamp e Master Black
Belt pela mesma Universidade. Foi professor dos cursos de Black Belt,
Green Belt e especialização em Gestão e Estratégia de Empresas da
Unicamp, assim como de outras universidades e cursos de pós-graduação.
Atuou como gerente de processos e melhoria em empresa de bebidas e foi
um dos idealizadores do Desafio Unicamp de Inovação Tecnológica.
Mindset correto é o que vai fazer você alcançar (ou não) o sucesso
Junior Borneli, co-fundador do StartSe
Mulher negra e sorridente segurando um IPad e olhando para frente (Fonte: Getty Images)
Mindset é a sua programação mental, é como você encara tudo que está ao teu redor
Mindset. Você já ouviu essa palavinha algumas vezes aqui no StartSe.
Ela é importante, talvez uma das coisas mais importantes para “chegar
lá” (seja lá onde for que você quiser chegar).
É sua habilidade de pensar o que você precisa para ter sucesso. E
como a maioria das coisas que você possui dentro de você, ela é uma
espécie de programação do seu ser. Tanto que é possível que você adquira
outro mindset durante a vida, convivendo com as pessoas corretas,
conhecendo culturas diferentes.
Algumas pessoas dizem que é isso das pessoas que faz o Vale do
Silício ser a região mais inovadora do mundo. Eu, pessoalmente, não
duvido. Fato é: você precisa de ter a cabeça no lugar certo, pois a
diferença entre um mindset vencedor e um perdedor é o principal fator
entre fracasso e sucesso.
Para isso, é importante você começar do ponto inicial: um objetivo.
“Todo empreendedor precisa ter um objetivo. Acordar todos os dias e
manter-se firme no propósito de fazer o máximo possível para chegar lá é
fundamental”, diz Junior Borneli, co-fundador do StartSe e uma das
pessoas mais entendidas de mindset no ecossistema brasileiro.
De lá, é importante você fazer o máximo que puder e não perder o
foco, mantendo-se firme. “Não importa se no final do dia deu tudo certo
ou errado. O importante é ter a certeza de que você fez tudo o que foi
possível para o melhor resultado”, avisa.
Com a atitude certa, é capaz que você sempre consiga canalizar as
coisas como positivas. “Você sempre tem duas formas de olhar um a mesma
situação: aquela em que você se coloca como um derrotado e a outra onde
você vê os desafios como oportunidades. Escolha sempre o melhor lado das
coisas, isso fará com que sua jornada seja mais leve”, alerta o
empreendedor.
Esses tipo de sentimento abre espaço para uma característica
importantíssima dos principais empreendedores: saber lidar com grandes
adversidades. “Um ponto em comum na maioria os empreendedores de sucesso
é a superação”, destaca Junior Borneli.
Saber lidar com essas adversidades vai impedir que você pare no
primeiro problema (ou falência) que aparecer na sua frente. “São muito
comuns as histórias de grandes empresários que faliram várias vezes,
receberam diversos ‘nãos’ e só venceram porque foram persistentes”,
afirma.
É importante ter esse mindset resiliente, pois, nem sempre tudo será
fácil para você – na verdade, quase nunca será. “Empreender é, na maior
parte do tempo, algo muito doloroso. Até conseguir algum resultado
expressivo o empreendedor passa por muitos perrengues. A imensa maioria
fica pelo caminho”, diz.
É como uma luta de boxe, onde muitas vezes, para ganhar, você terá
que apanhar e apanhar e apanhar até conseguir desferir o golpe (ou a
sequência) certo. “Na minha opinião, não há melhor frase que defina a
trajetória de um empreendedor de sucesso do que aquela dita por Rocky
Balboa, no cinema: ‘não importa o quanto você bate, mas sim o quanto
aguenta apanhar e continuar. É assim que se ganha’”, ilustra.
O problema talvez seja que alguns aspectos do empreendedorismo tenham
glamour demais. “Empreender não é simplesmente ter uma mesa com
super-heróis e uma parede cheia de post-its coloridos. Você vive numa
espécie de montanha russa de emoções, onde de manhã você é ‘o cara’ e à
tarde não tem dinheiro pro café”, salienta.
Vale a pena, porém, perseverar neste caminho. “Para aqueles que são
persistentes e têm foco, a jornada será difícil, mas o retorno fará
valer a pena!,” destaca o empreendedor.
DERROTA TAMBÉM ENSINA
Um ponto importante do sucesso é saber lidar com o fracasso e, de lá,
tomar algumas lições para sair mais forte ainda. “Toda derrota nos
ensina algumas lições e assim nos tornamos mais fortes a cada nova
tentativa. A cultura do fracasso, aqui no Brasil, é muito diferente dos
Estados Unidos”, afirma Junior.
No Vale do Silício, falhar é encarado algo bom, na verdade – e
aumenta suas chances de sucesso futuro. “Por lá, empreendedor que já
falhou tem mais chances de receber investimentos porque mostrou
capacidade de reação e aprendeu com os erros”, conta o empreendedor.
Mas ao pensar sobre fracasso, você precisa ter o filtro correto para
não deixar a ideia escapar. “Encarar os erros como ensinamentos e
entender que falhar é parte do jogo torna as coisas mais fáceis e
suportáveis”, salienta.
Foco é a palavra de ordem para você conseguir alcançar os objetivos
traçados no caminho, mesmo que em alguns momentos pareça que está tudo
dando errado. “Por fim, buscar o equilíbrio mental e o foco são
fundamentais. Nas vitórias, tendemos a nos render à vaidade e ao
orgulho. E nas derrotas nos entregamos ao desânimo e a depressão.
Mentalize seus objetivos, foque nos caminhos que vão leva-lo até eles e
siga firme em frente”, afirma.
É importante que você tenha noção de que para ser uma exceção, você
não pode pensar da maneira comodista que a maior parte das pessoas. “Se
você quer chegar onde poucos chegaram, precisará fazer o que poucos têm
coragem e disposição para fazer”, completa.
O “não” do cliente a uma proposta. Por quê?
Moysés Peruhype Carlech
Fiquei pensando e ao mesmo tempo preocupado com o seu “não”,
sem nenhuma explicação, à nossa proposta de divulgação da sua loja e de
resto todas as lojas dessa cidade no Site da nossa Plataforma Comercial
da Startup Valeon.
Esse “não” quer dizer, estou cheio de compromissos para fazer
pagamentos mensais, não estou faturando o suficiente para cobrir as
minhas despesas, a minha loja está vendendo pouco e ainda me vem mais
uma “despesa” de publicidade da Startup Valeon?
Pergunto: como vou comprar na sua loja? Se não sei qual é a
sua localização aí no seu domicílio? Quais os produtos que você
comercializa? Se tem preços competitivos? Qual a sua interação online
com os seus clientes? Qual o seu telefone de contato? Qual é o seu
WhatsApp?
Hoje em dia, os compradores não têm tempo suficiente para
ficarem passeando pelos Bairros e Centros da Cidade, vendo loja por loja
e depois fazendo a decisão de compra, como antigamente.
A pandemia do Covid-19 trouxe consigo muitas mudanças ao
mundo dos negócios. Os empresários precisaram lutar e se adaptar para
sobreviver a um momento tão delicado como esse. Para muitos, vender em
Marketplace como o da Startup Valeon se mostrou uma saída lucrativa para
enfrentar a crise. Com o fechamento do comércio durante as medidas de
isolamento social da pandemia, muitos consumidores adotaram novos
hábitos para poder continuar efetuando suas compras. Em vez de andar
pelos corredores dos shoppings centers, bairros e centros da cidade,
durante a crise maior da pandemia, os consumidores passaram a navegar
por lojas virtuais como a Plataforma Comercial Valeon. Mesmo aqueles que
tinham receio de comprar online, se viram obrigados a enfrentar essa
barreira. Se os consumidores estão na internet, é onde seu negócio
também precisa estar para sobreviver à crise e continuar prosperando.
É importante você divulgar a sua loja na internet com a ajuda
do Site da Startup Valeon, que no caso não é uma despesa a mais e sim
um investimento para alavancar as suas vendas. Desse modo, o seu
processo de vendas fica muito mais profissional, automatizado e
eficiente. Além disso, é possível a captação de potenciais compradores e
aumentar o engajamento dos seus clientes.
Não adianta pensar dessa forma: “Eu faço assim há anos e deu
certo, porque eu deveria fazer diferente? Eu sei o que preciso fazer”. –
Se você ainda pensa assim, essa forma de pensar pode representar um
grande obstáculo para o crescimento do seu negócio, porque o que trouxe
você até aqui é o que você já sabe e não será o que levará você para o
próximo nível de transformação.
O que funcionava antes não necessariamente funcionará no
futuro, porque o contesto está mudando cada vez mais rápido, as formas
como os negócios estão acontecendo são diferentes, os comportamentos dos
consumidores está se alterando, sem contar que estão surgindo novas
tecnologias, como a da Startup Valeon, que vão deixar para trás tudo
aquilo que é ineficiente.
Aqui, na Startup Valeon, nós sempre questionamos as formas de
pensar e nunca estamos totalmente satisfeitos com o que sabemos
justamente por entender que precisamos estar sempre dispostos a conhecer
e aprender com o novo, porque ele será capaz de nos levar para onde
queremos estar.
Mas, para isso acontecer, você precisa estar disposto a
absorver novas formas de pensar também e não ficar amarrado só ao que
você já sabe.
Se este for seu caso, convido você a realizar seu novo começo
por meio da nossa forma de anunciar e propagar a sua empresa na
internet.
Todos eles foram idealizados para você ver o seu negócio e a
sua carreira de uma forma completamente diferente, possibilitando levar
você para o próximo nível.
Aproveite essa oportunidade para promover a sua próxima transformação de vendas através do nosso site.
Então, espero que o seu “não” seja uma provocação dizendo para nós da Startup Valeon – “convença-me”.
Ucrânia, Israel: com Maduro, Putin, Hamas como modelos e os EUA sendo
culpado por todo o mal do mundo, o pensamento da esquerda brasileira se
tornou de um simplismo assustador, vulgar e desumano.Estive alguns dias
no Tampão de Darién, o estreito terrestre entre a Colômbia e o Panamá,
que nos últimos anos se transformou num hotspot da migração global. Dia
após dia, milhares partem para uma marcha de seis a nove dias através de
uma das selvas mais perigosas do mundo.
Só em 2023, pelo menos 360 mil migrantes atravessaram o Darién, entre
os quais, 60 mil crianças. Dezenas perderam a vida na travessia. São
quase inimagináveis as adversidades e perigos a que se expõem. O que lá
ocorre é uma catástrofe humanitária, e provavelmente o problema mais
urgente da América do Sul. Mas na política brasileira, não tem a menor
relevância.
Os migrantes são impelidos pelo desejo de uma vida melhor nos Estados
Unidos, o american dream é real para eles. E quem lucra com a onda
migratória são as Autodefesas Gaitanistas da Colômbia (AGC), um grupo
paramilitar também conhecido como Clã do Golfo. Essa máfia administra o
fluxo perfeitamente, construiu acampamentos, disponibiliza barcos, guias
e carregadores – e cobra caro por isso: milhões de dólares estão
fluindo para os cofres dos paramilitares.
A absoluta maioria dos migrantes é de venezuelanos, eu estimaria que
80%. Suas histórias são de cortar o coração. Sem exceção, falam de fome e
intimidação pelo regime de Nicolás Maduro. Uma mulher de 26 anos conta
como estava esquelética ao deixar o país. A frase que eu escutava sem
parar era: “Na Venezuela não dá para viver!”
A própria visão de mundo na frente da realidade
Cerca de 8 milhões de venezuelanos emigraram nos últimos anos, mais
ou menos 30% da população – é como se 65 milhões de brasileiros
voltassem as costas ao país devido a pobreza, fome e repressão. No
entanto, o ditador Maduro – que se diz socialista, mas que na realidade
está à frente de uma ditadura militar corrupta – é bajulado e protegido
pelo presidente brasileiro.
Luiz Inácio Lula da Silva recebeu Maduro em Brasília como amigo,
afirmou que ele fora legitimamente eleito (o venezuelano venceu a última
eleição presidencial através de fraude, motivo por que a União Europeia
não o reconhece) e falou de “narrativas” sobre a Venezuela que não
seriam verdade. Num caso raro de torpeza moral, a presidente nacional do
PT, Gleisi Hoffmann, chegou a ir à posse do ditador, cujos agentes de
segurança torturam e assassinam, como documentaram as Nações Unidas e a
ONG Human Rights Watch (HRW).
Eu vi na Colômbia a “narrativa” de que Lula está falando. Só que não é
narrativa, é a realidade, centenas de milhares de pessoas desesperadas
em fuga, com o sonho de chegar aos EUA. Lula e a esquerda brasileira
brasileira acreditam nas proprias mentiras. Acreditam no conto da
carochinha da Venezuela socialista, por cuja miséria, mais uma vez, os
EUA seriam os únicos culpados.
Mas nenhum desses esquerdistas brasileiros jamais esteve na terra de
Maduro, nem conversou com emigrantes venezuelanos: a preservação da
própria visão de mundo é mais importante do que a realidade.
Solidariedade com a ditadura venezuelana, sim! Solidariedade com o povo
venezuelano, não! Uma razão para tal pode ser que só uma pequena parcela
dos milhões de refugiados venezuelanos vai para o Brasil (por exemplo,
para Manaus, onde se criam novas favelas), enquanto Colômbia, Peru,
Chile e Equador arcam com a maior parte da carga.
Assim em Israel-Hamas como na Ucrânia-Rússia
Lula e os esquerdistas brasileiros deveriam se despedir de suas
mentiras de vida. A esquerda nacional não apoia somente Maduro, mas
também o ditador fascista Vladimir Putin na agressão à Ucrânia, com que
viola leis internacionais. Os graves crimes de seus soldados são
silenciados, assim como o fato de que a maior parte desses homens vem
das regiões pobres da Rússia, mas não de Moscou ou de São Petersburgo. É
como se o Brasil entrasse em guerra, mas só se recrutassem pobres do
Norte e do Nordeste.
O portal de notícias Mídia Ninja arrogantemente chama o corajoso
presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, de “amiguinho dos EUA”. O
sentimento por trás está claro: aliados dos americanos podem ser
ridicularizados, é melhor comemorar seus agressores. Porque, de repente,
não se aplicam aos ucranianos aqueles mesmos elevados ideais que os
membros da esquerda brasileira carregam diante de si como ostensórios,
para se sentirem moralmente superiores.
O fato de a Rússia ser encabeçada por um regime homofóbico, racista,
com traços fascistoides, que há cerca de 20 anos trava guerras imperiais
(Tchetchênia, Geórgia, Ucrânia, Síria) não tem a menor importância para
a esquerda nacional. Afinal de contas, quem está por trás de todo o mal
do mundo é a CIA mesmo.
O formato se repete quando a esquerda brasileira fala de Israel. O
radical islâmico Hamas (cuja visão de um mundo melhor deve ser um pouco
diferente da dos esquerdistas) é idealizado como organização pela
libertação, e seu terrorismo é praticamente celebrado. A resistência
palestina é legítima, mas o terrorismo, é claro, não é. Ele contradiz
tudo o que deveria nos definir como seres humanos, mas, acima de tudo,
não traz uma solução, apenas piora a situação do povo palestino.
Todo mundo sabe que a solução é um Estado palestino democrático, como
sabem também os israelenses liberais e de esquerda, que perderam as
últimas eleições mas que mostraram sua força nas semanas de
manifestações em massa contra a reforma do Judiciário do premiê
ultradireitista Benjamin Netanyahu. Nessas circunstâncias, o Hamas
atacou Israel, fortalecendo quem, acima de tudo? Netanyahu!
O Hamas e os ultradireitistas de Israel precisam um do outro. Ambos
vivem da confrontação. Quem vai perder com o terrorismo dos radicais
islâmicos e a reação de Israel a ele? Mais uma vez, o povo palestino.
É igualmente verdade que todo o mundo árabe, assim como o Irã,
instrumentaliza os palestinos. Com uma fração de seus petrodólares, a
Arábia Saudita poderia erguer em pouco tempo uma infraestrutura
funcional na Faixa de Gaza. Mas a liderança saudita não faz isso:
prefere os palestinos como vítimas e pobres.
O fato de, em tal situação, grupos esquerdistas estarem conclamando a
manifestações contra Israel é só mais um (Venezuela, Ucrânia) atestado
de quão simplista, vulgar e, no fim das contas, desumano se tornou o
pensamento de esquerda no Brasil, prisioneiro de seu próprio labirinto.
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Philipp Lichterbeck queria abrir um novo capítulo em sua vida quando
se mudou de Berlim para o Rio, em 2012. Desde então, colabora com
reportagens sobre o Brasil e demais países da América Latina para
jornais da Alemanha,Suíça e Áustria Ele viaja frequentemente entre
Alemanha, Brasil e outros países do continente americano. Siga-o no
Twitter em @Lichterbeck_Rio.
MARRAKESH – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o Brasil vai
cumprir as metas primárias e que isso será possível por meio de medidas
adicionais de receitas. Em posicionamento do Comitê do Fundo Monetário Internacional (IMFC,
na sigla em inglês), ele reiterou o compromisso do País em zerar o
déficit primário até o fim de 2024 e entregar um superávit de 1% do
Produto Interno Bruto (PIB) em 2026, último ano do governo do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
De acordo com Haddad, as metas serão alcançadas com medidas
adicionais para engordar as receitas do governo, mas sem reverberar em
aumento de impostos. O objetivo do governo é recuperar o peso de 19% no Produto Interno Bruto (PIB).
“Como resultado, a confiança na sustentabilidade da dívida do Brasil
melhorou, com duas das três principais agências de classificação de
crédito elevando a classificação ou perspectiva da dívida do Brasil este
ano”, lembra Haddad.
O compromisso do ministro vem no mesmo dia que o Fundo Monetário
Internacional (FMI) melhorou as projeções fiscais para o País. Ainda
assim, o organismo não vê o País alcançando as metas traçadas pela
equipe de Haddad.
O FMI espera que o Brasil apresente déficit primário de 1,2% do
Produto Interno Bruto (PIB) em 2023, voltando ao vermelho após
apresentar superávit nos últimos dois anos. Para 2024, o organismo ainda
vê o País no negativo, com um déficit primário de 0,2% do PIB. O Brasil
colocaria as suas contas em dia somente em 2025, quando deverá entregar
superávit primário de 0,2%, segundo o FMI. A partir daí, o Fundo vê o
País no azul até 2028.
‘Brasil superou expectativas’
Haddad reforçou que o Brasil superou as expectativas do mercado e de
organismos como o Fundo Monetário Internacional (FMI) com a melhora que
vem apresentando em termos de crescimento econômico. Na mesma tônica,
disse que a inflação também tem caído mais rápido do que as
expectativas, o que influenciou nas perspectivas futuras e permitiu que
os juros caíssem no Brasil.
“A economia do Brasil superou as expectativas, com crescimento resiliente e queda da inflação”, afirmou.
Nesta semana, o FMI anunciou nova elevação da perspectiva de
crescimento do Brasil neste ano, que deve avançar 3,1% — ante 2,1% pela
estimativa anterior, divulgada em julho.
Uma das molas propulsoras para o crescimento do País são ainda as
recentes medidas na área de crédito e no mercado de capitais, segundo
Haddad. Como exemplo, ele cita o programa Desenrola, de ajuste de
dívidas inadimplentes, e ainda a agenda de competição financeira e
inclusão do Banco Central (BC), com o Pix, sistema de pagamento
instantâneos, dentre outros.
Haddad afirmou ainda que o Brasil “está pronto para liderar a
economia verde” e que a transição para um ambiente de emissão zero é uma
chance de criar empregos e melhorar a renda. Dentro do plano de
transformação ecológica, o ministro brasileiro acrescentou que o
processo para primeira emissão de green bonds, títulos de dívida com
critérios sustentáveis, do Brasil “está avançado”.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), prometeu
votar a Reforma Tributária, aprovada na Câmara dos Deputados, até o dia
24 desse mês. Trata-se de uma emenda à Constituição, a (PEC 45/19), que
altera a tributação sobre o consumo, substituindo cinco tributos por
dois novos com o objetivo de simplificar o sistema e reduzir as
distorções. Mas há quem não esteja muito otimista nesse sentido.
A Itatiaia conversou com o presidente do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), formado
em Ciências Contábeis e Direito, professor de governança tributária e
perícia judicial em diversas faculdades e universidades em São Paulo, João Elói Olenike. Ele
acha que a reforma tributária proposta não resolve o principal problema
do sistema nacional, por não transferir a tributação do consumo para o
patrimônio e a renda. Ou seja, pobres e ricos continuarão a pagar as
mesmas alíquotas que incidem sobre os produtos, sem que a tributação
atinja as contas bancárias dos mais abastados.
Outro problema é que permanece a alta tributação de alimentos,
insumos e remédios. “Na minha opinião, os produtos do agro, insumos e
fármacos não deveriam ser tributados – a exemplo do que acontece em
outros países – para que chegassem ao consumidor a preços mais
acessíveis ajudando a promover a saúde e o bem-estar dos nossos
cidadãos, conforme, preconiza nossa Constituição”.
Veja a seguir os principais trechos da entrevista:
Quais os pontos da reforma que afetam diretamente o agro?
O Imposto sobre Valor Adicionado IVA dual (federal e estadual) para o
setor, com alíquotas diminuídas em 60% para produtos agropecuários in
natura e insumos agropecuários é um ponto positivo. Por outro lado,
existe a possibilidade da criação de um novo tributo estadual conforme
artigo 20 que dará garantia constitucional para tributar produtos
primários e semielaborados, inclusive quando exportados.
Isso é preocupante?
Sim! Esse artigo 20 abre a possibilidade dos estados criarem, no
futuro, um tributo sobre os produtos primários e semi-elaborados, o que
atingirá diretamente o setor. Isso é uma incoerência para uma reforma
tributária que pretende ser simplificadora. Qual o sentido de deixar uma
brecha para que sejam criados novos tributos? Não vejo sentido nisso.
Há pontos importantes que não foram contemplados?
Entendemos que o setor do agro deveria ter imunidade constitucional
de tributos, principalmente dos insumos e alimentos, mas isso passou
longe da proposta aprovada. Temos uma das Constituições mais lindas do
mundo em termos de promessa. De acordo com artigo 6°:
“São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho,
a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a
proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na
forma desta Constituição”
Tudo isso é muito bonito no papel. O papel aceita tudo. Uma coisa é
escrever e outra é realizar as promessas escritas. Como um governo que
se diz tão defensor do combate à fome pode compactuar com tributação tão
alta dos alimentos? Não estou acusando esse ou aquele governo. Na
verdade, nenhum deles, nos últimos anos, conseguiu melhorar minimamente a
qualidade de vida da população. Nós temos uma das maiores cargas
tributárias do mundo.
De acordo com o IRBES – Índice de Retorno ao Bem Estar da Sociedade, criado pelo IBPT, criado
a partir da junção da Carga Tributária X PIB e do IDH (Índice de
Desenvolvimento Humano), entre os 30 países de maior carga tributária no
mundo, em 10 edições, o nosso país sempre foi o “lanterninha”, ou seja,
de pior retorno aos cidadãos, em termos de investimentos destinados à
melhoria da qualidade de vida dos brasileiros, ante a expressiva
arrecadação de tributos. A razão principal dessa situação vexatória de
nosso país é o não direcionamento dos recursos arrecadados para
objetivos mais importantes como os direitos assegurados pela nossa Lei
Maior.
Se for aprovada, a reforma trará mais benefícios ou prejuízos aos produtores?
Vai depender de qual será o texto aprovado pelo Senado e também a
alíquota que será utilizada para o IVA dual. Também se o artigo 20 vai
continuar, quando da aprovação do Senado.
Ela corrige injustiças? Ou as fomenta?
O texto como está mais fomenta injustiças – principalmente com
taxação do setor – do que promove ações para que os produtos do setor
cheguem ao consumidor final, com preços acessíveis para todos. Isso, na
minha opinião, é um equívoco.
Traz mais segurança jurídica?
Se as regras aprovadas não causarem conflitos de interesse entre as
empresas do setor, teremos mais segurança jurídica, mas isso só
poderemos afirmar depois da entrada em vigor das novas normas
tributárias.
Há algo que você queira ressaltar? Qual é sua opinião geral sobre a reforma?
A reforma tributária proposta não resolve o principal problema do
sistema nacional por não transferir tributação do consumo para
patrimônio e renda, de acordo com a verdadeira capacidade contributiva
dos contribuintes. Trata-se de uma reforma simplificadora, mas que não
mexe na situação de regressividade na tributação do consumo. É igual pra
todo mundo. As pessoas que têm uma condição financeira melhor, não
pagam mais impostos. Todo mundo paga igual, não importa se você ganha RS
8 mil ou 150 mil. Além disso, continuamos a tributar alimentos e
remédios. Na maioria dos países, não há tributação para esses produtos,
apenas sob patrimônio e renda.