quarta-feira, 11 de outubro de 2023

A TENSÃO ENTRE ISRAEL E PALESTINA MISTURA POLÍTICA E RELIGIÃO E DIVERSAS TENTATIVAS DE PAZ NA REGIÃO FRACASSARAM

Hamas não reconhece Israel como um Estado e reivindica o território israelense para a Palestina

  • 1 de 35O conflito começou no sábado (7), quando o Hamas, classificado pelos Estados Unidos e pela União Europeia como grupo terrorista, disparou uma chuva de foguetes lançados da Faixa de Gaza sobre Israel. A ofensiva contou ainda com avanços de tropas por terra e pelo mar. As forças israelenses responderam com uma contraofensiva que atingiu Gaza e deixou vítimas, inclusive, em campos de concentração. Israel declarou “cerco total” e suspendeu o abastecimento de água, energia, combustível e comida ao território palestino.Crédito: Reuters

  • 2 de 35Pessoas carregam o corpo de palestino morto em ataque israelense no campo de refugiados de Jabalia, no norte da Faixa de GazaCrédito: 09/10/2023 REUTERS/Mahmoud Issa
  • 3 de 35Foguetes disparados em Israel a partir de GazaCrédito: REUTERS/Amir Cohen
  • 4 de 35Imagens mostram carros abandonados após ataque em festival de música eletrônica em IsraelCrédito: Reuters
  • 5 de 35Imagens mostram carros abandonados após ataque em festival de música eletrônica em IsraelCrédito: Reuters
  • 6 de 35Ataque do Hamas em festival deixa 260 mortos em IsraelCrédito: Reprodução CNN
  • 7 de 35Imagens de drone mostram destruição após ataque em festival de música eletrônica em IsraelCrédito: Reprodução CNN
  • 8 de 35Destruição em campo de refugiados palestinos em Gaza após ataque aéreo de IsraelCrédito: Reuters
  • 9 de 35Campo de refugiados palestinos atingido em meio a ataques aéreos israelenses em GazaCrédito: Reuters
  • 10 de 35Movimentação de militares do Exército de Israel em contraofensiva contra o grupo islâmico HamasCrédito: Ilia Yefimovich/picture alliance via Getty Images
  • 11 de 35Prédios destruídos na Faixa de GazaCrédito: Ahmad Hasaballah/Getty Images
  • 12 de 35Escombros de prédio destruído após sataques em Sderot, no sul de IsraelCrédito: Ilia Yefimovich/picture alliance via Getty Images
  • 13 de 35Delegacia destruída no sul de Israel após ataque do HamasCrédito: REUTERS/Ronen Zvulun
  • 14 de 35Palestinos queimam pneus de carros e bloqueiam estradas enquanto entram em confronto com as forças israelenses no distrito de Beit El, em Ramallah, na CisjordâniaCrédito: Anadolu Agency via Getty Images
  • 15 de 35As Brigadas Izz ad-Din al-Qassam seguram uma bandeira palestina enquanto destroem um tanque das forças israelenses em GazaCrédito: Hani Alshaer/Anadolu Agency via Getty Images
  • 16 de 35Bombeiros tentaram apagar incêndios em Israel após bombardeio de Gaza no sábado (7)Crédito: Reuters
  • 17 de 35Foguetes disparados de Gaza em direção a Israel na manhã de sábado (7)Crédito: CNN
  • 18 de 35Veja como funciona o sistema antimíssil de IsraelCrédito: CNN
  • 19 de 35Ataque israelense na Faixa de GazaCrédito: 10/10/2023 REUTERS/Ibraheem Abu Mustafa
  • 20 de 35Casas e prédios destruídos por ataques aéreos israelenses em GazaCrédito: 10/10/2023 REUTERS/Shadi Tabatibi
  • 21 de 35Tanque de guerra israelense estacionado perto da fronteira de GazaCrédito: Ahmed Zakot/SOPA Images/LightRocket via Getty Images
  • 22 de 35Imagens se satélite mostram destruição na Faixa de GazaCrédito: Reprodução/Reuters
  • 23 de 35Salva de foguetes é disparada por militantes do Hamas de Gaza em direção a cidade de Ashkelon, em Israel, em 10 de outubro de 2023.Crédito: Saeed Qaq/Anadolu via Getty Images
  • 24 de 35Salva de foguetes é disparada por militantes do Hamas de Gaza em direção a cidade de Ashkelon, em Israel, em 10 de outubro de 2023.Crédito: Majdi Fathi/NurPhoto via Getty Images
  • 25 de 35Barco de pesca pega fogo no porto de Gaza após ser atingido por ataques de Israel.Crédito: Reuters
  • 26 de 35Palestinos caminham em meio a destroços de prédios destruídos por Israel em GazaCrédito: 10/10/2023REUTERS/Mohammed Salem
  • 27 de 35Palestinos caminham em meio a destroços de prédios em Gaza destruídos por ataques de IsraelCrédito: 09/10/2023REUTERS/Ibraheem Abu Mustafa
  • 28 de 35Soldados israelenses carregam corpo de vítima de ataque realizado por militantes de Gaza no kibbutz de Kfar Aza, no sul de IsraelCrédito: 10/10/2023 REUTERS/Violeta Santos Moura
  • 29 de 35Destruição em Gaza provocada por ataques israelensesCrédito: 10/10/2023REUTERS/Mohammed Salem
  • 30 de 35Ataque israelense na Faixa de GazaCrédito: 10/10/2023 REUTERS/Ibraheem Abu Mustafa
  • 31 de 35Casas e prédios destruídos por ataques aéreos israelenses em GazaCrédito: 10/10/2023 REUTERS/Shadi Tabatibi
  • 32 de 35Munição israelense é vista em Sderot, Israel, na segunda-feiraCrédito: Mostafa Alkharouf/Anadolu Agency via Getty Images
  • 33 de 35Tanque de guerra israelense estacionado perto da fronteira de GazaCrédito: Ahmed Zakot/SOPA Images/LightRocket via Getty Images
  • 34 de 35Chamas e fumaça durante ataque israelense a GazaCrédito: 09/10/2023REUTERS/Mohammed Salem
  • 35 de 35Sistema antimísseis de Israel intercepta foguetes lançados da Faixa de GazaCrédito: 09/10/2023REUTERS/Amir Cohen

O grupo islâmico Hamas, considerado terrorista pelos Estados Unidos e a União Europeia, bombardeou, no sábado (7), Israel, em um ataque surpresa, deixando centenas de mortos.

O ataque foi considerado um dos maiores dos últimos anos. Ao assumir a ofensiva, o Hamas afirmou que seria para o início de uma ação para a tomada de território.

Veja também: Análise: Entenda os rumos da guerra entre Israel e o Hamas

Análise: Entenda os rumos da guerra entre Israel e o Hamas | WW Análise: Entenda os rumos da guerra entre Israel e o Hamas | WW

Foram disparados milhares de foguetes de Gaza em direção a Israel. Militantes armados derrubaram as barreiras israelenses de alta tecnologia que cercavam a faixa, iniciando ataques por terra com reféns. Combatentes também entraram em Israel pelo mar.

Jovens que estavam em um festival de música eletrônica foram atacados. Ao menos 260 corpos foram encontrados no local. O brasileiro Ranani Glazer, que estava desaparecido desde sábado, teve a morte confirmada pela família na segunda-feira (9).

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, declarou guerra e afirmou que os palestinianos pagariam um preço alto pelo ataque e que a resposta de Israel a Gaza “mudará o oriente médio”.

Conflito dura mais de 70 anos

A tensão entre Israel e Palestina mistura política e religião, se estende há mais de 70 anos e já deixou milhares de mortos dos dois lados.

Em 1947, a Organização das Nações Unidas (ONU) propôs a criação de dois estados: um judeu e um árabe. Os judeus ficariam com Israel e os palestinos com Gaza e Cisjordânia.

Os árabes não aceitaram o acordo, alegando que ficariam com as terras com menos recursos.

No entanto, em 1948, foi criado o estado de Israel, o que gerou revolta ao lado palestino, resultando na Guerra árabe-israelense de 1948.

Gaza foi ocupada pelos egípcios. Em 1967, com a Guerra dos Seis Dias, Israel toma o território da Cisjordânia e Jerusalém Oriental (onde estão símbolos religiosos importantes para judeus, árabes e cristãos).

O conflito se estendeu com diversos episódios de tensão. Em 1987, ocorreu a primeira Intifada, revolta dos palestinos contra tropas israelenses.

Em 1993, com os Acordos de Oslo foi criada a ANP (Autoridade Nacional Palestina) para assumir a administração política dos territórios palestinos, mas Israel só deixou a região da Faixa de Gaza, em 2005.

Em 2012, a ONU reconheceu a Palestina (Faixa de Gaza e Cisjordânia) como um Estado-observador permanente.

Diversas tentativas internacionais para fechar acordos de paz na região fracassaram.

Impasse

O Hamas não reconhece Israel como um Estado e reivindica o território israelense para a Palestina.

A Palestina pede a suspensão da colonização de seu território e o fim do bloqueio israelense à Faixa de Gaza.

Por outro lado, Israel exige o seu reconhecimento como um estado judeu.

Hamas

Organização islâmica com ala militar, o Hamas surgiu pela primeira vez em 1987. Era um desdobramento da Irmandade Muçulmana, um grupo islâmico sunita fundado no final da década de 1920 no Egito.

A própria palavra “Hamas” é um acrônimo para “Harakat Al-Muqawama Al-Islamiyya” – que em tradução livre significa “Movimento de Resistência Islâmica”. O grupo, tal como a maioria das facções e partidos políticos palestinianos, insiste que Israel é uma potência colonizadora e que seu objetivo é libertar os territórios palestinos das garras de Israel.

Ao contrário de algumas outras facções palestinas, o Hamas recusa-se a dialogar com Israel. Em 1993, opôs-se aos Acordos de Oslo, um pacto de paz entre Israel e a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) que desistiu da resistência armada contra Israel em troca de promessas de um Estado palestino independente ao lado de Israel. Os Acordos também estabeleceram a Autoridade Palestina (AP) na Cisjordânia ocupada por Israel.

O Hamas apresenta-se como uma alternativa à AP, que reconheceu Israel e se envolveu em múltiplas iniciativas de paz fracassadas. A AP, cuja credibilidade entre os palestinos tem sofrido ao longo dos anos, é liderada pelo Presidente Mahmoud Abbas.

Ao longo dos anos, o Hamas reivindicou muitos ataques a Israel e foi designado como organização terrorista pelos Estados Unidos, pela União Europeia e por Israel.

O Departamento de Estado dos EUA disse em 2021 que o Hamas recebe financiamento, armas e treino do Irã, bem como alguns fundos que são angariados nos países do Golfo Árabe. O grupo também recebe doações de alguns palestinos, de outros expatriados e de suas próprias organizações de caridade, afirmou.

Em Abril, o Ministro da Defesa israelita, Yoav Gallant, sugeriu que o Irã fornecesse ao Hamas cerca de 100 milhões de dólares anualmente.

Com informações de Nadeen Ebrahim, da CNN

 

TEORIA DE RESPOSTA AO ÍTEM AVALIA A COERÊNCIA NO DESEMPENHO

Exame Nacional do Ensino Médio,Enem

Método de correção chamado Teoria de Resposta ao Item avalia a coerência no desempenho. Candidato terá menos pontos se acertar as questões muito difíceis, mas errar as mais fáceis.

Por Luiza Tenente, g1


“Chutar” as respostas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) pode não ser uma boa estratégia para tentar garantir uma nota alta: há o risco de o desempenho final do candidato ser prejudicado.

Mas por quê? É que a nota final não é simplesmente a soma do número absoluto de acertos. O método de correção usado na prova, chamado de Teoria de Resposta ao Item (TRI), prioriza o desempenho que for coerente.

Dois alunos que acertarem exatamente o mesmo número de perguntas podem tirar notas diferentes. O raciocínio por trás disso é que, se alguém acerta as questões mais difíceis, mas erra aquelas consideradas fáceis, provavelmente “chutou” as respostas. Por isso, terá uma nota inferior à de um estudante que acertou as fáceis, mas errou as mais complexas (veja ilustração abaixo).

Dois participantes acertaram 5 respostas. Veja só como aquele que errou justamente as mais fáceis tirou uma nota menor do que o ouro, que errou as difíceis. — Foto: Reprodução/Inep

Dois participantes acertaram 5 respostas. Veja só como aquele que errou justamente as mais fáceis tirou uma nota menor do que o ouro, que errou as difíceis. — Foto: Reprodução/Inep

🤔 Para que existe a TRI?

A TRI apresenta as seguintes vantagens em relação ao método clássico de correção:

  • ao detectar os famosos “chutes”, ela premia o aluno que, de fato, se preparou para a prova;
  • possibilita a comparação entre candidatos que tenham feito diferentes edições do exame;
  • torna mais improvável que dois concorrentes tirem exatamente a mesma nota, já que o resultado final é divulgado com duas casas decimais (816,48 pontos, por exemplo).

✅ Qual estratégia usar para se dar bem na TRI?

Gastar energia, logo de cara, com aquela pergunta muito longa e complexa pode cansar o aluno e fazer com que ele erre, depois, uma questão considerada simples. No contexto de TRI, a nota será prejudicada.

Dicas de resolução:

  • Na 1ª leitura: resolver todas as questões que considerar fáceis.
  • Na 2ª leitura: responder às perguntas em que tiver ficado entre duas alternativas.
  • Na 3ª leitura: fazer as questões mais longas ou sobre assuntos não tão comuns no Enem.

Tudo sobre o Enem 2023: o que levar, o que costuma cair na prova e dicas para redação nota mil

📈 Por que a nota da prova não vai de 0 a 1.000?

No Enem 2022, a nota máxima na prova de Linguagens, por exemplo, foi 801,00 e a mínima, 269,90.

Ou seja: quem acertou todas não tirou 1.000, e quem errou 100% das perguntas não ficou com zero. Por quê?

Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), que organiza e aplica o Enem, o que determina os “extremos” da nota é o grau de dificuldade das perguntas daquela edição.

“Quando a prova for composta por muitos itens fáceis, o máximo tenderá a ser mais baixo, e quando for formada por itens difíceis, o mínimo tenderá a ser mais alto”, diz o órgão, em documento de orientação aos participantes.

🚨 Mas, atenção: deixar uma questão em branco nunca é a melhor opção. O ideal é se preparar para o exame, para que, mesmo sem saber responder tudo, o a candidato apresente um desempenho “coerente”.

 

COM UMA ESTRATÉGIA DE VENDAS SÓLIDA E SUPORTE ADEQUADO UMA EMPRESA PODE AUMENTAR AS SUAS VENDAS

 

Fonte: Silvio Azevedo – consultor comercial e educador financeiro. Instagram: @silviocazevedo

Uma estratégia de vendas deve ser flexível o suficiente para se adaptar às mudanças do mercado e às necessidades dos clientes

As vendas de um negócio são um dos pontos mais importantes de uma empresa, já que é responsável pelo contato direto com os clientes e a partir disso traz resultados que permitem que a organização cresça, se solidifique no mercado e traga lucratividade. Mas para que isso aconteça, é necessário implementar estratégias de vendas eficazes.

Em resumo, uma estratégia de vendas de sucesso requer uma abordagem planejada e focada, com base no conhecimento do mercado, definição de objetivos claros e mensuráveis, plano de ação detalhado, compreensão profunda do cliente, foco no relacionamento, monitoramento constante dos resultados e, se possível, o apoio de um mentor experiente. “Com uma estratégia de vendas sólida e o suporte adequado, uma empresa pode aumentar suas vendas, conquistar e reter clientes, e obter resultados financeiros positivos”, destaca Silvio Azevedo, consultor comercial e educador financeiro.

Silvio acrescenta que para montar uma técnica de vendas bem-sucedida, é importante entender as necessidades do mercado. “Além de conhecer bem o produto ou serviço oferecido, identificar o público-alvo, definir metas claras, monitorar e analisar constantemente os resultados, adaptar a estratégia de acordo com o feedback do mercado e capacitar a equipe de vendas para garantir a execução eficiente do plano”, completa.

Elementos fundamentais de uma estratégia de vendas eficaz:

Definição de metas: Estabeleça metas claras e mensuráveis para suas vendas. Essas metas devem ser realistas e alinhadas com os objetivos gerais do negócio;

Conhecimento do mercado e público-alvo: Entenda profundamente o mercado em que você atua e identifique seu público-alvo. Quanto melhor você conhecer seus clientes, mais eficaz será a abordagem de vendas;

Segmentação do mercado: Agrupe os clientes em segmentos com características e necessidades semelhantes. Isso permitirá que você adapte suas mensagens e abordagens de vendas para cada grupo de clientes de forma mais eficiente;

Treinamento da equipe de vendas: Capacite sua equipe de vendas com treinamento adequado. Eles devem entender completamente os produtos ou serviços oferecidos, além de adquirirem habilidades de comunicação e negociação;

Automação de vendas: Utilize ferramentas de automação de vendas para agilizar processos, acompanhar leads, gerenciar clientes e analisar dados de vendas. Isso permitirá que sua equipe seja mais produtiva e eficiente;

Implementação de técnicas de venda: Utilize técnicas de vendas comprovadas, como a abordagem consultiva, escuta ativa, identificação de necessidades do cliente e fechamento de vendas.

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terça-feira, 10 de outubro de 2023

PARA O MUNDO TODO HAMAS É UM GRUPO TERRORISTA E PARA O BRASIL UM GRUPO ARMADO

 upo terrorista?

Por que Brasil não classifica Hamas como ‘grupo terrorista’

Byvaleon

Out 10, 2023

BBC News Brasil

Territórios palestinos são controlados por grupos rivais Hamas e Fatah© EPA

A classificação do grupo palestino Hamas como terrorista é um tema que divide a comunidade internacional.

Países como Estados Unidos, Reino Unido, Japão, Austrália e as nações da União Europeia classificam o Hamas como uma organização terrorista. Em suas manifestações no final de semana – após os ataques do Hamas no sul de Israel -, praticamente todos esses países voltaram a chamar o Hamas de grupo terrorista.

Já o Brasil e nações como China, Rússia, Turquia, Irã e Noruega não adotam essa classificação.

Historicamente o governo brasileiro só aceita classificar uma organização como sendo terrorista se ela for considerada assim pela ONU.

É o caso dos grupos islamistas Boko Haram, Al-Qaeda e Estado Islâmico — consideradas organizações terroristas pela ONU e portanto também pelo governo brasileiro.

Esse critério faz com que o Brasil não mude a sua classificação de entidades consideradas terroristas mesmo quando há alternância de poder em Brasília. Ao longo do governo de Jair Bolsonaro (2019-2022), o presidente chegou a se manifestar em favor de classificar grupos como o palestino Hamas e o islâmico xiita libanês Hezbollah como terroristas — mas oficialmente o Brasil nunca mudou sua postura.

No fim de semana, o Itamaraty emitiu duas notas sobre a violência no Oriente Médio — e em nenhuma delas o governo brasileiro menciona o Hamas.

“O governo brasileiro condena a série de bombardeios e ataques terrestres realizados hoje em Israel a partir da Faixa de Gaza”, diz a nota de sábado (7/10).

O Brasil, que assumiu, por um mês, a presidência rotativa do Conselho de Segurança das Nações Unidas, convocou os membros do órgão para uma reunião de emergência no domingo. Após o encontro, o Brasil emitiu nova nota, também sem mencionar o Hamas.

“O governo brasileiro reitera seu compromisso com a solução de dois Estados, com um Estado Palestino economicamente viável, convivendo em paz e segurança com Israel, dentro de fronteiras mutuamente acordadas e internacionalmente reconhecidas”, disse o Itamaraty em nota.

Mesmo sem classificar o Hamas como grupo terrorista, o Brasil já se manifestou contra o grupo na ONU.

Em dezembro de 2018, o Brasil votou a favor de uma proposta dos Estados Unidos na Assembleia Geral da ONU que condenava o Hamas pelo uso de foguetes contra Israel, exigindo que o grupo renunciasse à violência.

Em discurso na Assembleia na ocasião da votação, a embaixadora americana disse que o Hamas representava um dos “casos mais feios de terrorismo no mundo”.

O texto recebeu 87 votos a favor, 57 contra e 33 abstenções — e foi rejeitado por não ter alcançado dois terços de aprovação.

Critérios

As motivações de cada país para classificar uma entidade como terrorista ou não variam de acordo com os interesses e diretrizes da política externa de cada um.

Há países que, além de não considerarem o Hamas um grupo terrorista, ainda oferecem apoio à organização.

Segundo o Council on Foreign Relations (CFR), think tank americano sobre política exterior, países como Irã e Turquia oferecem apoio direto ao Hamas.

“O Irã fornece apoio material e financeiro e a Turquia supostamente acolhe alguns dos seus principais líderes”, afirma o CFR.

A Noruega não classifica o Hamas como entidade terrorista. Em 2007, Oslo se recusou a boicotar o grupo palestino depois da vitória eleitoral do Hamas em Gaza. A Noruega tinha a intenção de mediar um processo de paz entre o Hamas e Israel, mas as tentativas nunca avançaram.

Após os ataques do Hamas a Israel neste fim de semana, o governo norueguês criticou a ação do grupo palestino e disse que Israel tem o direito de se defender — mas não usou o termo terrorismo. Já países vizinhos, como Suécia e Dinamarca, foram explícitos em suas declarações contra o Hamas, chamando o grupo de terrorista.

Rússia e China também não classificam o Hamas como grupo terrorista — e no fim de semana sequer mencionaram o grupo palestino em seus comunicados sobre a escalada de violência.

O governo da China disse que “a principal solução para o conflito reside na implementação da solução de dois Estados e no estabelecimento de um Estado independente da Palestina”.

Já a Rússia disse considerar o episódio atual de violência “como outra manifestação extremamente perigosa de um círculo vicioso de violência resultante da crônica falta de cumprimento das resoluções correspondentes da ONU”.

Já para países como Estados Unidos, Reino Unido, Japão, Canadá, Austrália e nações da União Europeia, o Hamas é considerado uma organização terrorista.

Os americanos incluem o Hamas na sua lista desde 1997 — o que possibilita sanções a diversos indivíduos que participam ou realizam negócios com o grupo palestino.

O governo do Reino Unido detalha os motivos pelo qual classifica o Hamas como organização terrorista.

“O Hamas comete e participa no terrorismo. O Hamas utilizou ataques indiscriminados com foguetes ou morteiros e ataques contra alvos israelenses. Durante o conflito de maio de 2021, mais de 4 mil foguetes foram disparados indiscriminadamente contra Israel”, diz o site do governo britânico que lista organizações consideradas terroristas.

O que é o Hamas?

O Hamas é um grupo militante palestino que governa a Faixa de Gaza. O grupo fez um juramento para destruir Israel e substituí-lo por um Estado islâmico. O Hamas assumiu o poder em Gaza em 2006 e desde então entrou em diversos conflitos com Israel.

Entre essas guerras, disparou ou permitiu que outros grupos disparassem milhares de foguetes contra Israel e realizou outros ataques que resultaram em mortes.

Israel também realizou diversos ataques aéreos contra o Hamas e, juntamente com o Egito, bloqueou a Faixa de Gaza desde 2007.

O Hamas — sigla para Harakat al-Muqawama al-Islamiya, que significa Movimento pela Resistência Islâmica — surgiu no final dos anos 1980 como braço político da Irmandade Muçulmana, organização islâmica fundada no Egito.

O Hamas é rival político do grupo palestino Fatah, que controla a Cisjordânia. Em 2006, o Hamas derrotou o Fatah em eleições na Faixa de Gaza. Desde então, o grupo controla a região.

O BRASIL NÃO TEM REPRESENTATIVIDADE PAR EXERCER ALGUMA INFLUÊNCIA NO CONFLITO ISRAEL E HAMAS

 

História por Mariana Schreiber – Da BBC News Brasil em Brasília 

Lula defendeu reformulação do Conselho de Segurança da ONU© Ricardo Stuckert / Presidência da República

A escalada da guerra entre Israel e o grupo militante palestino Hamas – que já provocou centenas de mortos dos dois lados – ocorre no momento em que o Brasil preside o Conselho de Segurança das Nações Unidas, principal instância internacional para tratar de conflitos internacionais e buscar a paz.

Apesar disso, especialistas em política externa ouvidos pela BBC News Brasil consideram que o Brasil não tem poder de fato para influenciar os rumos da disputa entre israelenses e palestinos.

O cientista político Hussein Kalout, pesquisador em Harvard e conselheiro do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), ressalta que a presidência do Conselho de Segurança é rotativa e dura apenas um mês – ou seja, já em novembro o Brasil deixa essa posição.

O peso do país no órgão também é limitado, já que o Brasil é um dos dez membros temporários e encerra seu mandato de dois anos em 31 de dezembro.

O Conselho de Segurança é formado por quinze integrantes, sendo cinco membros permanentes como poder de veto (China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia). Ou seja, nada é decidido sem que haja consenso entre essas cinco potências militares, o que tem sido um desafio para o funcionamento do órgão, devido aos interesses muitos distintos desses países.

“Presidente do Conselho de Segurança não tem qualquer poder. O presidente nada mais é do que o gerente administrativo do balcão por 30 dias”, resume Kalout.

“E esse conflito vai durar mais de 30 dias. Não vai sair qualquer resolução porque Israel não vai querer enquanto não tiver algo concreto (em resposta aos ataques do Hamas) e os Estados Unidos (aliados de Israel) vão bloquear (a discussão no Conselho)”, reforça.

A efetivação do Brasil e outros países como membros permanentes é uma antiga reivindicação do Itamaraty. Lula reforçou essa demanda em setembro, ao discusar na abertura da Assembleia Geral da ONU, ocasião em que criticou “a paralisia” do Conselho de Segurança.

Para Kalout, o Brasil – um defensor histórico da coexistência pacífica de dois Estados, um israelense e outro palestino – não é um ator relevante nas negociações do conflito porque não tem capacidade de influenciar nenhum dos lados a abandonar ataques militares.

Segundo o pesquisador, apenas os Estados Unidos tem força para pressionar Israel. Já do lado palestino, ressalta, apenas algumas nações árabes poderiam exercer pressão sobre o Hamas, como Egito, Catar e Arábia Saudita.

Reunião emergencial acaba sem comunicado

O Brasil convocou uma reunião emergencial do Conselho de Segurança no fim de semana, logo após o Hamas iniciar um ataque sem precedentes contra Israel, com lançamento de milhares de foguetes e combatentes adentrando comunidades próximas à Faixa de Gaza, causando a morte de residentes e fazendo reféns.

O ataque foi seguido de forte reação israelense, com bombardeiros aéreos e bloqueio de todo tipo de fornecimento de recursos a Gaza, incluindo alimentos e medicamentos.

A reunião convocada pelo Brasil, porém, acabou sem qualquer comunicado conjunto dos membros do conselho, em mais um indicativo da falta de capacidade do Brasil influenciar o tema, avalia Karina Calandrin, assessora do Instituto Brasil-Israel e pesquisadora do Instituto de Relações Internacionais da USP.

Na sua visão, a posição histórica do Itamaraty de equilíbrio no conflito Israel-Palestina coloca o país bem posicionado para mediar as discussões. Por outro lado, diz, uma atuação de mais impacto do Brasil dependeria de outros países enxergarem relevância do país no tema, o que não ocorre.

Ao convocar a reunião ministerial, o Brasil “enfatizou ser urgente desbloquear o processo de paz”, segundo nota divulgada pelo Itamaraty.

O Brasil também “condenou os ataques contra civis” e reiterou “seu compromisso com a solução de dois Estados, com um Estado Palestino economicamente viável, convivendo em paz e segurança com Israel, dentro de fronteiras mutuamente acordadas e internacionalmente reconhecidas”.

Bolsonaro em visita a Israel em 2019; ex-presidente rompeu com tradição de equilíbrio brasileiro no conflito© Alan Santos / Presidência da República

Polarização entre esquerda e direita

Para Karina Calandrin, a forte polarização da política brasileira também divide a sociedade sobre o conflito entre israelenses e palestinos, criando desafios para a atuação do governo de Luiz Inácio Lula da Silva no tema.

Ela lembra que a posição histórica do Brasil de equilíbrio no conflito foi alterada temporariamente no governo de Jair Bolsonaro, quando o então presidente adotou uma postura de forte apoio a Israel.

Essa mudança atendeu a interesses do eleitorado evangélico, segmento que passou a defender com empenho a existência do Estado israelense devido à crença de que o retorno dos judeus à Terra Santa – ou seja, o estabelecimento de Israel – é necessário para a volta de Cristo.

Por outro lado, ressalta Calandrin, parte da esquerda, base ideológica de Lula, critica fortemente Israel por considerar que o país promove uma opressão colonialista contra os palestinos.

“A manifestação do Lula nas redes sociais mostra uma preocupação em se equilibrar entre esses dois lados e acho que ele conseguiu”, analisa.

No sábado, Lula compartilhou uma mensagem em que disse estar “chocado com os ataques terroristas realizados hoje contra civis em Israel, que causaram numerosas vítimas”.

“Ao expressar minhas condolências aos familiares das vítimas, reafirmo meu repúdio ao terrorismo em qualquer de suas formas. O Brasil não poupará esforços para evitar a escalada do conflito, inclusive no exercício da Presidência do Conselho de Segurança da ONU”, continuou o presidente.

Na mensagem, Lula ainda conclamou “a comunidade internacional a trabalhar para que se retomem imediatamente negociações que conduzam a uma solução ao conflito que garanta a existência de um Estado Palestino economicamente viável, convivendo pacificamente com Israel dentro de fronteiras seguras para ambos os lados”.

Apesar de elogiar o equilíbrio na posição de Lula, Calandrin considera negativo o fato de o presidente e o Itamaraty não classificarem o Hamas como um grupo terrorista. As manifestações brasileiras criticaram “ataques terroristas”, mas sem citar diretamente a organização militante.

“A atuação do Hamas não representa um consenso entre os palestinos. É um grupo que é assumidamente violento, antissemita e a favor da destruição do Estado de Israel”, ressalta.

“Então, é importante condenar a atuação do Hamas para que o Hamas se enfraqueça internacionalmente na sua narrativa, que é onde o Hamas mais ganha. Ele talvez não ganhe na espera militar, mas ele ganha na esfera da propaganda política”, acrescentou.

As manifestações de Lula e do Itamaraty nesse ponto seguem uma tradição da diplomacia brasileira.

Historicamente, o governo brasileiro só aceita classificar uma organização como sendo terrorista se ela for considerada assim pela Organização das Nações Unidas (ONU).

É o caso dos grupos islamistas Boko Haram, Al-Qaeda e Estado Islâmico — consideradas organizações terroristas pela ONU e, portanto, também pelo governo brasileiro.

A classificação do grupo palestino Hamas como terrorista é um tema que divide a comunidade internacional.

Países como Estados Unidos, Reino Unido, Japão, Austrália e as nações da União Europeia classificam o Hamas como uma organização terrorista. Em suas manifestações no final de semana – após os ataques do Hamas no sul de Israel -, praticamente todos esses países voltaram a chamar o Hamas de grupo terrorista.

Já a posição do Brasil é compartilhada por nações como China, Rússia, Turquia, Irã e Noruega, que não adotam essa classificação.

AGENDA INTERNA DE HADDAD É A COBRANÇA DE IMPOSTOS

História por Por Fernando Cardoso • Reuters

Ministro da Fazenda, Fernando Haddad© Thomson Reuters

Por Fernando Cardoso

SÃO PAULO (Reuters) – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta segunda-feira que reconhece a existência de um cenário externo desafiador, que inclui a recente escalada do conflito israelo-palestino no fim de semana, mas destacou que o avanço da agenda econômica interna deve proteger a economia brasileira de possíveis desdobramentos.

Durante entrevista coletiva, em São Paulo, Haddad afirmou que fatores externos podem ajudar a acelerar a aprovação de matérias importantes para o governo no Congresso e enfatizou que o planejamento da equipe econômica possibilita que não haja preocupações com a economia do país.

“Com o cenário externo se complicando como está, o nosso desafio aqui é fazer a nossa agenda interna evoluir o mais rápido possível para proteger a economia brasileira”, disse Haddad.

“Quanto mais desafiador o cenário externo, maior pressa de nós endereçarmos os assuntos internos”, acrescentou.

Ao longo do fim de semana, o grupo militante palestino Hamas lançou a maior ofensiva em décadas contra o território de Israel próximo à fronteira com a Faixa de Gaza. Os ataques geraram fortes retaliações do lado israelense e temores de possíveis impactos no cenário geopolítico do Oriente Médio.

Nesta segunda-feira, os preços do petróleo, commodity fundamental para a economia de muitos países da região, saltavam perto de 4%, revertendo as quedas vistas na semana passada.

Haddad afirmou que não se pode tomar decisões “precipitadas” com base em fatores “voláteis”, como os preços do petróleo, e sinalizou que é necessário aguardar os demais desdobramentos dos conflitos em Israel.

“Temos que aguardar. Essas coisas são muito voláteis… A pior coisa que pode acontecer é você tomar decisões precipitadas que podem colocar em risco uma política. Então, vamos avaliar e ver como esse episódio se desdobra.”

O ministro ainda voltou a mencionar a taxa de juros alta nos Estados Unidos e a desaceleração da China como outros fatores a serem reconhecidos no cenário externo.

NOVA FASE DO DESENROLA

Na coletiva, Haddad também disse ter a esperança de que o fim de ano será “mais folgado” graças ao programa de renegociação de dívidas das pessoas físicas Desenrola, mas manifestou preocupação com a acessibilidade à plataforma do programa.

Nesta segunda-feira, o governo lançou a última etapa do programa, apresentando uma nova plataforma para que indivíduos reconheçam as dívidas atreladas a seu CPF e escolham quais e como desejam renegociar.

Haddad afirmou que os interessados em participar do Desenrola precisam ter certificação de segurança ouro ou prata na plataforma gov.br, e que atualmente apenas 42% dos CPFs registrados na plataforma estão nessas categorias.

Ele enfatizou que os demais registrados precisarão realizar um “upgrade” em suas contas para se comprometerem com os protocolos de segurança da plataforma e receber a certificação necessária a fim de participar do Desenrola.

Segundo o ministro, o Desenrola pode atingir 32 milhões de CPFs, restabelecendo o acesso ao mercado de crédito para uma parte significativa da população.

 

TSE JULGA BOLSONARO POR FALAS E REUNIÕES

História por Isabella Alonso Panho • Jornal Estadão

O mesmo plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que tornou Jair Bolsonaro (PL) inelegível em junho deste ano volta a julgar o ex-presidente nesta terça-feira, 10, em três ações de investigação judicial eleitoral por abuso do poder político durante a campanha de 2022. O general Walter Braga Netto (PL), vice na chapa, também é réu nessas ações.

Duas foram propostas pelo PDT e são assinadas pelo advogado Walber Agra, que foi à tribuna do TSE defender a inelegibilidade de Bolsonaro. Essas ações são sobre as lives feitas pelo ex-presidente nos dias 18 de agosto e 21 de setembro de 2022, com o argumento de que teria usado as estruturas do poder público para pedir votos para ele mesmo e para apoiadores.

Lives feitas por Bolsonaro durante a campanha estão na pauta do TSE desta terça, 10 Foto: Reprodução/Facebook© Fornecido por Estadão

live de agosto, por exemplo, foi feita dentro do Palácio do Planalto. No final dela, Bolsonaro pediu voto para correligionários e chegou a mostrar os santinhos deles. O PDT conseguiu uma liminar do TSE para que a live de setembro fosse retirada do ar.

A terceira ação que vai a julgamento nesta terça é de autoria da Coligação Brasil Esperança e foi, na época, feita pelo então advogado e hoje ministro Cristiano Zanin. O objeto dela são encontros que Bolsonaro fez nos dias 3, 4 e 6 de outubro de 2022 com governadores e artistas no Palácio do Alvorada para demonstrar apoio e pedir votos.

Bolsonaro recebeu os governadores de Goiás, Roraima, Acre, Rondônia, Amazonas e Mato Grosso no Palácio do Alvorada, para demonstrar apoio à sua candidatura Foto: Reprodução© Fornecido por Estadão

Um dos políticos que, na ocasião, esteve ao lado de Bolsonaro pedindo votos para ele na campanha é Romeu Zema (Novo), que, um ano mais tarde, tem dado sinais de que quer se distanciar do ex-presidente. As investigações conduzidas pela Polícia Federal sobre o caso das joias sauditas e a fraude nos cartões de vacinação, além da inelegibilidade decretada pelo TSE, têm reduzido a fidelidade dos apoiadores bolsonaristas.

Benedito Gonçalves, o corregedor-geral eleitoral, é o relator das três ações que vão a julgamento nesta terça. Bolsonaro será julgado pelos mesmos ministros que o tornaram inelegível.

Nos casos desta terça, MPF é contra condenação de Bolsonaro

Um fator que diferencia esses três processos do que tornou Bolsonaro inelegível é o entendimento da Procuradoria-Geral da República (PGR). Por ser um braço do Ministério Público Federal (MPF), mesmo sem sem ser autora do processo, a Procuradoria Eleitoral se manifesta nas ações de investigação judicial eleitoral, opinando pela procedência ou pela improcedência dos pedidos.

Apesar de ser uma manifestação, o que a PGR diz tem bastante peso na decisão do Tribunal. Nos três casos que vão a julgamento nesta terça, o vice-procurador-geral eleitoral, Paulo Gustavo Gonet Branco, opinou pela improcedência das ações. Em junho, ele se manifestou pela inelegibilidade de Bolsonaro e disse, no plenário do TSE, que o ex-presidente fez uma “investida ardilosa” contra a democracia.

Vice-procurador-geral eleitoral Paulo Gonet foi contra a condenação de Bolsonaro Foto: SECOM TSE© Fornecido por Estadão

“Assim, a discussão em si sobre a possibilidade de realização de lives no palácio perde interesse, ante a falta de evidência da repercussão danosa do fato sobre a legitimidade do processo eleitoral”, disse Gonet em um dos processos do PDT que vai a julgamento nesta terça.

Sobre os encontros com governadores e artistas, o vice-procurador disse que não é possível garantir que “essas manifestações de abono produzidas em prédios públicos” tiveram “impacto substancial” sobre a validade das eleições.

De acordo com a lei, os ministros do TSE não precisam concordar com a PGR e podem condenar Bolsonaro mesmo assim. Agra, advogado do PDT, diz que a sigla continuará lutando por uma condenação. “As provas do caso não são individuais, são sistêmicas”, disse ao Estadão.

Bolsonaro pode ser declarado inelegível de novo

As ações de investigação judicial eleitoral têm três possíveis sanções: a inelegibilidade, a cassação da chapa e o encaminhamento para investigação criminal. De acordo com a advogada eleitoral Izabelle Paes, sócia do escritório Callado, Petrin, Paes e Cezar, a cassação não é mais possível, porque as eleições já se encerraram e Bolsonaro foi derrotado. Por isso, essa punição não teria efeito algum.

Já a inelegibilidade é um horizonte possível tanto para Bolsonaro quanto para Braga Netto, mas terá pesos distintos para os dois. Se o TSE discordar da PGR e decidir que houve abuso de poder político no caso das lives e dos apoios de governadores e artistas, Bolsonaro pode ser declarado inelegível de novo.

Bolsonaro será julgado pelos mesmos ministros que o tornaram inelegível em junho Foto: WILTON JUNIOR© Fornecido por Estadão

No entanto, a inelegibilidade não funciona como uma pena criminal – em que uma condenação vai sendo somada com a outra e ficando cada vez mais longa. “Não haverá uma somatória de penas, cada período de inelegibilidade vai correr em separado. No caso (de Bolsonaro), o prazo de inelegibilidade será coincidente”, explicou Paes.

Na ação julgada em junho, Bolsonaro se tornou inelegível por ter atacado, sem provas, o sistema eleitoral brasileiro em reunião feita com embaixadores de todo o mundo em julho de 2022. Os oito anos de inelegibilidade são contabilizados a partir do primeiro turno da eleição na qual ocorreu o episódio.

Como as ações em julgamento nesta terça são referentes à mesma campanha eleitoral, se Bolsonaro for condenado, os oito anos de inelegibilidade terão a mesma vigência. Ou seja, o ex-presidente permanecerá inelegível até 2030.

O ex-presidente está inelegível por causa da reunião com embaixadores feita no dia 18 de julho de 2022; nesta terça, pode obter a mesma condenação Foto: Clauber Cleber Caetano/PR© Fornecido por Estadão

A principal questão para o ex-presidente é que múltiplas condenações de inelegibilidade minam a possibilidade de ele voltar às urnas por meio de recursos judiciais. Se for condenado nas três ações em pauta nesta terça, ele terá quatro decisões de inelegibilidade para tentar reverter no Supremo Tribunal Federal (STF).

Braga Netto é quem tem mais a perder

Na ação que tornou Bolsonaro inelegível, em junho deste ano, o vice na chapa, Braga Netto, foi inocentado. Por isso, ele ainda está na corrida eleitoral e tem se apresentado como pré-candidato à Prefeitura do Rio de Janeiro em 2024.

Por isso, se o TSE decidir condenar os dois, Braga Netto é quem mais tem a perder. Bolsonaro está recorrendo ao Supremo da sua condenação de junho, mas, até segunda ordem, tem oito anos fora das urnas pela frente. Naquele caso, a Corte Eleitoral entendeu que o vice não teve participação nos atos que foram interpretados como abusos de poder.

  • São Paulo já tem 5 pré-candidatos à Prefeitura para a eleição de 2024© Fornecido por EstadãoPaes, Braga Netto e Dr. Luizinho: saiba quem são os pré-candidatos à Prefeitura do Rio para 2024

Na última sexta-feira, 6, Bolsonaro criticou publicamente o TSE durante uma agenda em Belo Horizonte. “Não sei o que vai acontecer. O TSE é um julgamento muito político, de esquerda, que tem acontecido lá. Isso é ruim para a democracia”, disse o ex-presidente a jornalistas.

Possibilidade de investigação criminal

Outra eventual punição da ação de investigação judicial eleitoral é que os ministros do TSE enviem cópia do processo para o Ministério Público, indicando a possibilidade de que seja aberta uma ação criminal.

A Justiça Eleitoral só pode punir dentro dos limites das questões eleitorais. Por isso, ninguém pode ser preso, por exemplo, por ordem do TSE. No entanto, se ao avaliar o processo, os ministros entenderem que há indício de crime, podem enviar o caso para a Procuradoria, pedindo a abertura de um inquérito – hipótese que não está descartada nas ações desta terça.

Tanto Bolsonaro quanto Braga Netto podem ser investigados criminalmente, se o TSE enxergar indício de crime Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino© Fornecido por Estadão

A palavra final sobre a possibilidade de abrir ou não um processo criminal é do Ministério Público, que vai colher provas ao longo da investigação. No entanto, uma indicação vinda de um tribunal tem maior peso.

 

INGLATERRA ADOTA CIGARRO ELETRÔNICO PARA INDUZIR OS FUMANTES A PARAR DE FUMAR

BAT Brasil

Como os ingleses reduziram os danos do cigarro e podem ser referência para o Brasil.

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O Reino Unido estabeleceu a meta de reduzir para 5% o número de fumantes até 2030 e adotou os cigarros eletrônicos como parte da estratégia de redução de danos. Imagem: Pexels.com 

O conceito de redução de danos aparece pela primeira vez na história em 1926, na Inglaterra, com a publicação do Relatório Rolleston. O relatório foi elaborado por um grupo de médicos que indicava que a melhor maneira de tratar pacientes e reduzir os impactos da dependência química — à época, de morfina e heroína — era através da diminuição do uso com acompanhamento médico — diferente de todas as propostas de abstinência usadas até então.

Quase cem anos se passaram e o Reino Unido continua demonstrando seu pioneirismo na discussão sobre medidas de redução de danos como uma importante aliada das políticas públicas de saúde. E observa-se no país uma relevante discussão relacionada ao consumo de cigarro. Em 2019, o governo estabeleceu a meta de reduzir para 5% o número de fumantes até 2030.

Entre diversas medidas adotadas, como o combate às vendas ilícitas e ao consumo por menores de idade, destaca-se a adoção dos vaporizadores como alternativa em relação ao cigarro convencional. No início de 2023, o Ministério da Saúde anunciou o Programa Swap-to_Stop (Trocar para parar) que prevê a distribuição  de um milhão de kits de cigarro eletrônico como incentivo para adultos fumantes que desejam diminuir o consumo de cigarros ou parar de fumar.

A escolha dos vaporizadores como instrumento para a diminuição de danos associados ao consumo de tabaco está embasada em uma grande revisão científica encomendada pelo Departamento de Saúde Pública, ficando a cargo dos pesquisadores da King’s College London a elaboração da revisão de mais de 400 estudos sobre o cigarro eletrônico. Sendo, inclusive, considerada o mais recente e completo estudo científico sobre o tema.

A conclusão do estudo apontou uma evidência já destacada em 2015, reiterando que o cigarro eletrônico pode ser até 95% menos prejudicial que o cigarro comum — ou seja, 20 vezes menos prejudicial —, servindo de importante instrumento para a redução de riscos gerados pelo consumo de cigarros convencionais.

A importante decisão do governo inglês ajuda a lançar luz sobre um tema que precisa ser debatido pelo Brasil, assim como serve de parâmetro na construção de uma política de redução de danos por se tratar de uma experiência internacional bem-sucedida.

Além do Reino Unido, cerca de 80 países, como EUA, os 27 membros da União Europeia, Canadá e Nova Zelândia, já regulamentaram a comercialização dos cigarros eletrônicos. No Brasil, a fabricação, importação e a comercialização dos produtos  são proibidos desde 2009, por determinação da Anvisa. A expectativa é que a Agência retome a discussão sobre regulamentação ainda este ano.

Em paralelo, no dia 28 de setembro, a Comissão de Assuntos Sociais do Senado realizou uma audiência pública sobre cigarros eletrônicos. O debate tratou da regulamentação deste mercado no Brasil e o risco ocasionado pela falta de regulação e de controle com base em regras sanitárias.

Nota:

Vaporizadores e produtos de tabaco aquecido são produtos destinados a maiores de 18 anos, assim como o cigarro. Estes produtos não são isentos de riscos.

 A redução de riscos de vaporizadores e produtos de tabaco aquecido é baseada nas evidências científicas mais recentes disponíveis e desde que haja a substituição completa do consumo de cigarros tradicionais.

 

ORAÇÃO PROFÉTICA DE UM PASTOR DOS EUA

  Brasil e Mundo ...