terça-feira, 10 de outubro de 2023

TSE JULGA BOLSONARO POR FALAS E REUNIÕES

História por Isabella Alonso Panho • Jornal Estadão

O mesmo plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que tornou Jair Bolsonaro (PL) inelegível em junho deste ano volta a julgar o ex-presidente nesta terça-feira, 10, em três ações de investigação judicial eleitoral por abuso do poder político durante a campanha de 2022. O general Walter Braga Netto (PL), vice na chapa, também é réu nessas ações.

Duas foram propostas pelo PDT e são assinadas pelo advogado Walber Agra, que foi à tribuna do TSE defender a inelegibilidade de Bolsonaro. Essas ações são sobre as lives feitas pelo ex-presidente nos dias 18 de agosto e 21 de setembro de 2022, com o argumento de que teria usado as estruturas do poder público para pedir votos para ele mesmo e para apoiadores.

Lives feitas por Bolsonaro durante a campanha estão na pauta do TSE desta terça, 10 Foto: Reprodução/Facebook© Fornecido por Estadão

live de agosto, por exemplo, foi feita dentro do Palácio do Planalto. No final dela, Bolsonaro pediu voto para correligionários e chegou a mostrar os santinhos deles. O PDT conseguiu uma liminar do TSE para que a live de setembro fosse retirada do ar.

A terceira ação que vai a julgamento nesta terça é de autoria da Coligação Brasil Esperança e foi, na época, feita pelo então advogado e hoje ministro Cristiano Zanin. O objeto dela são encontros que Bolsonaro fez nos dias 3, 4 e 6 de outubro de 2022 com governadores e artistas no Palácio do Alvorada para demonstrar apoio e pedir votos.

Bolsonaro recebeu os governadores de Goiás, Roraima, Acre, Rondônia, Amazonas e Mato Grosso no Palácio do Alvorada, para demonstrar apoio à sua candidatura Foto: Reprodução© Fornecido por Estadão

Um dos políticos que, na ocasião, esteve ao lado de Bolsonaro pedindo votos para ele na campanha é Romeu Zema (Novo), que, um ano mais tarde, tem dado sinais de que quer se distanciar do ex-presidente. As investigações conduzidas pela Polícia Federal sobre o caso das joias sauditas e a fraude nos cartões de vacinação, além da inelegibilidade decretada pelo TSE, têm reduzido a fidelidade dos apoiadores bolsonaristas.

Benedito Gonçalves, o corregedor-geral eleitoral, é o relator das três ações que vão a julgamento nesta terça. Bolsonaro será julgado pelos mesmos ministros que o tornaram inelegível.

Nos casos desta terça, MPF é contra condenação de Bolsonaro

Um fator que diferencia esses três processos do que tornou Bolsonaro inelegível é o entendimento da Procuradoria-Geral da República (PGR). Por ser um braço do Ministério Público Federal (MPF), mesmo sem sem ser autora do processo, a Procuradoria Eleitoral se manifesta nas ações de investigação judicial eleitoral, opinando pela procedência ou pela improcedência dos pedidos.

Apesar de ser uma manifestação, o que a PGR diz tem bastante peso na decisão do Tribunal. Nos três casos que vão a julgamento nesta terça, o vice-procurador-geral eleitoral, Paulo Gustavo Gonet Branco, opinou pela improcedência das ações. Em junho, ele se manifestou pela inelegibilidade de Bolsonaro e disse, no plenário do TSE, que o ex-presidente fez uma “investida ardilosa” contra a democracia.

Vice-procurador-geral eleitoral Paulo Gonet foi contra a condenação de Bolsonaro Foto: SECOM TSE© Fornecido por Estadão

“Assim, a discussão em si sobre a possibilidade de realização de lives no palácio perde interesse, ante a falta de evidência da repercussão danosa do fato sobre a legitimidade do processo eleitoral”, disse Gonet em um dos processos do PDT que vai a julgamento nesta terça.

Sobre os encontros com governadores e artistas, o vice-procurador disse que não é possível garantir que “essas manifestações de abono produzidas em prédios públicos” tiveram “impacto substancial” sobre a validade das eleições.

De acordo com a lei, os ministros do TSE não precisam concordar com a PGR e podem condenar Bolsonaro mesmo assim. Agra, advogado do PDT, diz que a sigla continuará lutando por uma condenação. “As provas do caso não são individuais, são sistêmicas”, disse ao Estadão.

Bolsonaro pode ser declarado inelegível de novo

As ações de investigação judicial eleitoral têm três possíveis sanções: a inelegibilidade, a cassação da chapa e o encaminhamento para investigação criminal. De acordo com a advogada eleitoral Izabelle Paes, sócia do escritório Callado, Petrin, Paes e Cezar, a cassação não é mais possível, porque as eleições já se encerraram e Bolsonaro foi derrotado. Por isso, essa punição não teria efeito algum.

Já a inelegibilidade é um horizonte possível tanto para Bolsonaro quanto para Braga Netto, mas terá pesos distintos para os dois. Se o TSE discordar da PGR e decidir que houve abuso de poder político no caso das lives e dos apoios de governadores e artistas, Bolsonaro pode ser declarado inelegível de novo.

Bolsonaro será julgado pelos mesmos ministros que o tornaram inelegível em junho Foto: WILTON JUNIOR© Fornecido por Estadão

No entanto, a inelegibilidade não funciona como uma pena criminal – em que uma condenação vai sendo somada com a outra e ficando cada vez mais longa. “Não haverá uma somatória de penas, cada período de inelegibilidade vai correr em separado. No caso (de Bolsonaro), o prazo de inelegibilidade será coincidente”, explicou Paes.

Na ação julgada em junho, Bolsonaro se tornou inelegível por ter atacado, sem provas, o sistema eleitoral brasileiro em reunião feita com embaixadores de todo o mundo em julho de 2022. Os oito anos de inelegibilidade são contabilizados a partir do primeiro turno da eleição na qual ocorreu o episódio.

Como as ações em julgamento nesta terça são referentes à mesma campanha eleitoral, se Bolsonaro for condenado, os oito anos de inelegibilidade terão a mesma vigência. Ou seja, o ex-presidente permanecerá inelegível até 2030.

O ex-presidente está inelegível por causa da reunião com embaixadores feita no dia 18 de julho de 2022; nesta terça, pode obter a mesma condenação Foto: Clauber Cleber Caetano/PR© Fornecido por Estadão

A principal questão para o ex-presidente é que múltiplas condenações de inelegibilidade minam a possibilidade de ele voltar às urnas por meio de recursos judiciais. Se for condenado nas três ações em pauta nesta terça, ele terá quatro decisões de inelegibilidade para tentar reverter no Supremo Tribunal Federal (STF).

Braga Netto é quem tem mais a perder

Na ação que tornou Bolsonaro inelegível, em junho deste ano, o vice na chapa, Braga Netto, foi inocentado. Por isso, ele ainda está na corrida eleitoral e tem se apresentado como pré-candidato à Prefeitura do Rio de Janeiro em 2024.

Por isso, se o TSE decidir condenar os dois, Braga Netto é quem mais tem a perder. Bolsonaro está recorrendo ao Supremo da sua condenação de junho, mas, até segunda ordem, tem oito anos fora das urnas pela frente. Naquele caso, a Corte Eleitoral entendeu que o vice não teve participação nos atos que foram interpretados como abusos de poder.

  • São Paulo já tem 5 pré-candidatos à Prefeitura para a eleição de 2024© Fornecido por EstadãoPaes, Braga Netto e Dr. Luizinho: saiba quem são os pré-candidatos à Prefeitura do Rio para 2024

Na última sexta-feira, 6, Bolsonaro criticou publicamente o TSE durante uma agenda em Belo Horizonte. “Não sei o que vai acontecer. O TSE é um julgamento muito político, de esquerda, que tem acontecido lá. Isso é ruim para a democracia”, disse o ex-presidente a jornalistas.

Possibilidade de investigação criminal

Outra eventual punição da ação de investigação judicial eleitoral é que os ministros do TSE enviem cópia do processo para o Ministério Público, indicando a possibilidade de que seja aberta uma ação criminal.

A Justiça Eleitoral só pode punir dentro dos limites das questões eleitorais. Por isso, ninguém pode ser preso, por exemplo, por ordem do TSE. No entanto, se ao avaliar o processo, os ministros entenderem que há indício de crime, podem enviar o caso para a Procuradoria, pedindo a abertura de um inquérito – hipótese que não está descartada nas ações desta terça.

Tanto Bolsonaro quanto Braga Netto podem ser investigados criminalmente, se o TSE enxergar indício de crime Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino© Fornecido por Estadão

A palavra final sobre a possibilidade de abrir ou não um processo criminal é do Ministério Público, que vai colher provas ao longo da investigação. No entanto, uma indicação vinda de um tribunal tem maior peso.

 

INGLATERRA ADOTA CIGARRO ELETRÔNICO PARA INDUZIR OS FUMANTES A PARAR DE FUMAR

BAT Brasil

Como os ingleses reduziram os danos do cigarro e podem ser referência para o Brasil.

CNN Brasil Logo

O Reino Unido estabeleceu a meta de reduzir para 5% o número de fumantes até 2030 e adotou os cigarros eletrônicos como parte da estratégia de redução de danos. Imagem: Pexels.com 

O conceito de redução de danos aparece pela primeira vez na história em 1926, na Inglaterra, com a publicação do Relatório Rolleston. O relatório foi elaborado por um grupo de médicos que indicava que a melhor maneira de tratar pacientes e reduzir os impactos da dependência química — à época, de morfina e heroína — era através da diminuição do uso com acompanhamento médico — diferente de todas as propostas de abstinência usadas até então.

Quase cem anos se passaram e o Reino Unido continua demonstrando seu pioneirismo na discussão sobre medidas de redução de danos como uma importante aliada das políticas públicas de saúde. E observa-se no país uma relevante discussão relacionada ao consumo de cigarro. Em 2019, o governo estabeleceu a meta de reduzir para 5% o número de fumantes até 2030.

Entre diversas medidas adotadas, como o combate às vendas ilícitas e ao consumo por menores de idade, destaca-se a adoção dos vaporizadores como alternativa em relação ao cigarro convencional. No início de 2023, o Ministério da Saúde anunciou o Programa Swap-to_Stop (Trocar para parar) que prevê a distribuição  de um milhão de kits de cigarro eletrônico como incentivo para adultos fumantes que desejam diminuir o consumo de cigarros ou parar de fumar.

A escolha dos vaporizadores como instrumento para a diminuição de danos associados ao consumo de tabaco está embasada em uma grande revisão científica encomendada pelo Departamento de Saúde Pública, ficando a cargo dos pesquisadores da King’s College London a elaboração da revisão de mais de 400 estudos sobre o cigarro eletrônico. Sendo, inclusive, considerada o mais recente e completo estudo científico sobre o tema.

A conclusão do estudo apontou uma evidência já destacada em 2015, reiterando que o cigarro eletrônico pode ser até 95% menos prejudicial que o cigarro comum — ou seja, 20 vezes menos prejudicial —, servindo de importante instrumento para a redução de riscos gerados pelo consumo de cigarros convencionais.

A importante decisão do governo inglês ajuda a lançar luz sobre um tema que precisa ser debatido pelo Brasil, assim como serve de parâmetro na construção de uma política de redução de danos por se tratar de uma experiência internacional bem-sucedida.

Além do Reino Unido, cerca de 80 países, como EUA, os 27 membros da União Europeia, Canadá e Nova Zelândia, já regulamentaram a comercialização dos cigarros eletrônicos. No Brasil, a fabricação, importação e a comercialização dos produtos  são proibidos desde 2009, por determinação da Anvisa. A expectativa é que a Agência retome a discussão sobre regulamentação ainda este ano.

Em paralelo, no dia 28 de setembro, a Comissão de Assuntos Sociais do Senado realizou uma audiência pública sobre cigarros eletrônicos. O debate tratou da regulamentação deste mercado no Brasil e o risco ocasionado pela falta de regulação e de controle com base em regras sanitárias.

Nota:

Vaporizadores e produtos de tabaco aquecido são produtos destinados a maiores de 18 anos, assim como o cigarro. Estes produtos não são isentos de riscos.

 A redução de riscos de vaporizadores e produtos de tabaco aquecido é baseada nas evidências científicas mais recentes disponíveis e desde que haja a substituição completa do consumo de cigarros tradicionais.

 

CÂMARA VOLTA A DISCUTIR CASAMENTO GAY

Discussão da proposta começou no início de setembro, mas pedidos de vista têm travado o avanço do tema na Câmara

Plenário da Câmara dos DeputadosPlenário da Câmara dos Deputados01/02/2021 REUTERS/Adriano Machado

Mayara da Paz – da CNN

A análise do projeto de lei que busca proibir o reconhecimento de casamentos entre pessoas do mesmo sexo no Brasil será retomada, nesta terça-feira (10), pela Comissão de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família da Câmara dos Deputados.

A discussão da proposta começou no início de setembro, mas pedidos de vista, ou seja, mais tempo de análise do texto, têm travado o avanço do tema na Câmara.

Na última sessão para discutir o assunto, no mês passado, o relator, deputado Pastor Eurico (PL-PE), pediu mais tempo para apresentar uma nova versão do parecer. A ideia, na ocasião, era criar um grupo de trabalho com deputados da base governistas e da oposição para criar um texto de consenso.

Mudança do original

O projeto de lei original foi apresentado em 2007, pelo então deputado federal Clodovil Hernandes, estilista e apresentador de televisão que morreu em 2009.

O projeto do Clodovil pretendia mudar o Código Civil para prever a possibilidade de que duas pessoas do mesmo sexo possam constituir união homoafetiva por meio de contrato em que disponham sobre suas relações patrimoniais.

O relator, porém, rejeitou todo o projeto original de Clodovil e adotou outro, de autoria dos ex-deputados Paes de Lira (SP) e Capitão Assumção (ES).

O texto acolhido, por sua vez, afirma que “nos termos constitucionais, nenhuma relação entre pessoas do mesmo sexo pode equiparar-se ao casamento ou a entidade familiar”.

Na justificativa do projeto, os dois deputados afirmaram que “aprovar o casamento homossexual é negar a maneira pela qual todos os homens nascem neste mundo, e, também, é atentar contra a existência da própria espécie humana”.

Na leitura do relatório, Pastor Eurico disse que a Constituição brasileira “mitiga a possibilidade de casamento ou união entre pessoas do mesmo sexo”.

“O casamento é entendido como um pacto que surge da relação conjugal, e que, por isso, não cabe a interferência do poder público, já que o casamento entre pessoas do mesmo sexo é contrário à verdade do ser humano. O que se pressupõe aqui é que a palavra ‘casamento’ representa uma realidade objetiva e atemporal, que tem como ponto de partida e finalidade a procriação, o que exclui a união entre pessoas do mesmo sexo”, afirmou Eurico.

Discussão no STF

Em 2011, o Supremo Tribunal Federal (STF) equiparou as relações entre pessoas do mesmo sexo às uniões estáveis entre homens e mulheres.

Naquele ano, a Corte decidiu, por unanimidade, que um artigo do Código Civil deveria ser interpretado para garantir o reconhecimento de uniões entre pessoas do mesmo sexo. A decisão também considerou essas relações como entidades familiares.

Em 2013, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) editou uma resolução para obrigar a realização de casamentos homoafetivos em cartórios do país.

 

CARNE HALAL SIGNIFICA O QUE É LÍCITO E A PRODUÇÃO DEVE SEGUIR CERTAS REGRAS

 

CNN Brasil

Brasil é o maior exportador global de proteínas halal e deve ganhar participação no mercado após negociações bem sucedidas com países como a Indonésia

O Brasil, que já é o maior exportador global de carnes halal, deve ganhar cada vez mais participação neste mercado. No final do mês de agosto, a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, anunciou a abertura do mercado da Indonésia, país que tem ao menos 90% da população muçulmana, para a carne bovina brasileira. Já no mês de setembro, entre os dias 14 e 22, uma missão brasileira também chefiada pela ministra rodou por Egito, Arábia Saudita, Kuwait e Emirados Árabes Unidos.

Em meio a esta missão esteve Ali Saifi, diretor executivo da CDIAL Halal, empresa especializada na certificação deste tipo de alimentos, e integrante da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Iraque. Nesta quinta, 10, o Giro do Boi exibiu entrevista com Saifi, que explicou o que é carne halal e seu potencial de consumo em todo o mundo.

Após o desfecho positivo nas negociações com a Indonésia, o Brasil poderá exportar um volume aproximado de 25 mil toneladas de carne bovina ao ano, depois que os importadores habilitarem ao menos dez unidades para a produção e comercialização do produto halal. A expectativa que é a outra missão, feita em setembro, possa render frutos semelhantes, destacou Saifi. “Em todos os países que passamos eles fizeram uma recepção muito profissional, dedicada e carinhosa, com uma pauta bem extensa”, aprovou Saifi.

Saifi destacou que o Brasil é o maior país exportador de proteínas halal do mundo e seus produtos têm uma presença expressivas em países de maioria muçulmana, cuja população mundial giram em torno de 2 bilhões de pessoas ao todo. Além de atender os consumidores desta religião, os produtos halal também são destinados a países não muçulmanos por que atende padrões rigorosos de sanidade e rastreabilidade. Também há países de maioria não muçulmana, mas que tem um número expressivo de adeptos da religião em seu território, como o caso da China, que tem 100 milhões de habitantes que praticam o Islã. No Brasil, este número se restringe a 1 milhão de pessoas.

O executivo explicou que termo halal significa aquilo que é lícito, tudo o que é permitido aos muçulmanos, e não se refere somente ao alimentos, como também em hábitos do dia a dia, na rotina de trabalho. Na carne bovina, a produção deve seguir certas regras, conforme explicou Saifi.

“Para a carne estar halal, ela tem uma forma de abate que deve ser seguida. No caso do islamismo, o animal tem que estar saudável na hora do abate, o abate deve ser feito por um corte onde se corta jugular, traqueia e esôfago, não pode morrer pelo atordoamento, não pode morrer por uma outra forma. A causa da morte tem que ser a degola, onde se esvai a maior quantidade de sangue possível e o animal tem que ser tratado de forma humanitária, respeitosa, que tenha bem-estar animal. Tem um muçulmano que vê toda a produção e faz ele mesmo o abate.Também depois do abate tem toda a segregação da carne. […] Tem todo um controle para garantir que aquele animal que foi abatido da forma islâmica correta será a carne certificada e enviada, é tudo monitorado”, detalhou.

Saifi falou ainda que a qualidade da carne, e não só o ritual do abate halal, é também importante para a fidelização destes mercados. “A nossa carne concorre diretamente com o búfalo da Índia. Quando derruba nossa qualidade da carne, nós voltamos (a concorrer com) aquele mercado do búfalo, vamos dizer assim. No Egito, o que notei é que eles pagam um pouco mais caro para a carne brasileira porque eles têm a opção da carne brasileira ou o búfalo. Se a gente mandar um produto de baixa qualidade, eles vão optar pelo mais barato”, alertou.

VÁRIAS PESSOAS FAZEM COMPRAS POR OPINIÃO DE INFLUENCIADORES

 

Rafael Coca, co-fundador e CSO da Spark. 

Estudo traz dados sobre comportamento e impactos da influência na jornada de compra

O marketing de influência tem papel fundamental no processo de decisão de compra e criação de conexão entre consumidores e marcas. É o que revela a pesquisa “A Black além da Black”, desenvolvida pela Spark em parceria com a MindMiners, para mostrar a potência dessa estratégia no mercado. O levantamento indica que 36% afirmaram ter realizado alguma compra por recomendação de influenciadores durante a data comercial. No decorrer do ano, 58% dos seguidores disseram ter comprado algum produto ou serviço por influência. Os dados foram divulgados com exclusividade no evento Spark Talks – Preparatório Black Friday, realizado recentemente na Spark House, em São Paulo.

A análise aponta que 86% dos entrevistados têm o hábito de fazer compras nesse período –  desse total, 36% compram sempre ou frequentemente. Entre as categorias de produtos, os mais adquiridos são equipamentos eletrônicos (58%), vestuário e acessórios (56%), eletrodomésticos (43%), beleza e cuidados pessoais (40%), livros (31%), casa e decoração (31%), alimentos e bebidas (28%), artigos esportivos (22%), entre outros.

O estudo ainda traz o mapa da influência, que registra informações como o alcance dos influencers e o nível de confiança dos seguidores. O Instagram lidera o ranking de redes sociais que as pessoas escolhem para acompanhar os influenciadores, com 85%. Atrás dele, aparecem YouTube (50%), TikTok (33%), Facebook (25%) e X – antigo Twitter – (19%).

Em relação ao nível de confiança transmitido pelos profissionais nas plataformas digitais, 26% dos entrevistados classificaram como “muito alto”, 38% como “alto” e 32% responderam como “médio”. Portanto, concluiu-se que 64% das pessoas que seguem influenciadores depositam um alto nível de confiança neles.

“A pesquisa tem grande relevância para refletir sobre o comportamento dos consumidores e o poder da influência direcionado à Black Friday, que é uma das datas que mais movimenta o comércio e a economia. O levantamento pode apoiar marcas a alavancarem as vendas de forma mais estratégica, firmada em dados que comprovam o desempenho do marketing de influência na jornada de compra”, explica Rafael Coca, co-fundador e CSO da Spark. 

O estudo também analisou os conteúdos que despertam interesse de compra. Entre eles, review (análise detalhada de produtos) está em primeiro lugar (55%). Em seguida, os participantes mencionaram testes de produtos em tempo real (53%), cupons de descontos exclusivos (50%), dicas e sugestões de compras (48%) e unboxing (abertura/apresentação de produtos, com 41%).

Durante a Black Friday, os publiposts de marcas, divulgados no perfil das empresas em parceria com algum influencer, figura no topo da lista (43%) como o tipo de conteúdo que mais chama atenção e poderia motivar a decisão de compra. As postagens orgânicas de marcas e de influenciadores representam a segunda e a terceira posição, com 39% e 34%, respectivamente. Por fim, as publicações pagas com influenciadores estão em quarto lugar (29%).

“Um dos aprendizados da pesquisa é a importância de trabalhar a construção da confiança nos clientes antes da Black Friday. Assim, por meio de uma relação sólida estabelecida com os consumidores, as empresas podem conseguir que o produto ou serviço esteja entre os mais desejados para compra”, conclui Coca.

A pesquisa ouviu duas mil pessoas entre os dias 9 e 14 de agosto deste ano. Quase metade (48%) delas mora na região sudeste do país. Entre os entrevistados, 52% se declararam do gênero feminino e 48% do gênero masculino. A faixa etária predominante foi de mais de 41 anos, com 38% dos participantes. Em relação à condição social, 45% dos respondentes pertencem à classe C.

Por que você está ignorando a ferramenta de vendas mais poderosa do mundo?

Guilherme Dias – Diretor de Comunicação e Marketing da Associação Comercial, Empresarial e Industrial de Ponta Grossa (ACIPG)

Eu vejo todos os dias o anunciante separando seus R$ 10.000,00 pra fazer uma campanha no rádio, R$ 3.000,00 para sair em uma revista local, pelo menos R$ 9.000,00 para fazer uns 3 pontos de mídia exterior, mas na hora de tirar o escorpião do bolso pra comprar mídia online, qualquer “milão” é “caro demais”.

Eu sinceramente não sei de onde veio este mito de que fazer anúncios na internet merece menos atenção financeira do que outros meios. A lógica deveria ser justamente a inversa.

Nenhum outro tipo de mídia retém tanta atenção do público comprador como na internet.

O Brasil é o terceiro país do mundo onde as pessoas mais ficam conectadas, passando mais de 10 horas por dia online (DEZ HORAS POR DIA!).

Ficamos atrás apenas de África do Sul e Filipinas.

Qual outra mídia prende a atenção das pessoas por DEZ HORAS?

Qual outra mídia pode colocar sua marca literalmente na mão do seu cliente ideal?

Qual outra mídia pode colocar sua marca na mão do seu cliente no EXATO momento que ele está propenso a fazer uma compra?

Qual outra mídia pode rastrear, seguir o seu cliente de acordo com os hábitos de consumo dele?

Qual outra mídia pode segmentar um anúncio de acordo com os interesses, medos, desejos, ações, intenções…

Qual outra mídia pode oferecer um contato com seu cliente ideal 24 horas por dia, 7 dias por semana?

Absolutamente nenhuma além da internet.

E agora, me conta…qual o motivo da internet receber menos investimento comparado à mídia tradicional?

Marketing Digital é barato, mas não é de graça.

Vamos fazer uma conta de padaria:

Quanto custa imprimir 1.000 flyers (folhetos) e distribuir no sinal?

Papel couchè brilho 90g 4×4 cores, em gráfica de internet (qualidade bem meia boca), com frete sai em torno de R$ 250,00.

Para a distribuição, você não vai encontrar quem faça por menos de R$ 70 a diária.

Você não tem a garantia de entrega. Já ví muito “panfleteiro” jogando metade do material no bueiro, ou entregando 2 de uma vez só em cada carro. Mas vamos tirar essa margem da conta.

Estamos falando de R$ 320 para 1 mil impactos.

Hoje estava otimizando uma campanha de Instagram, da minha conta pessoal, e o meu CPM (custo por mil impressões) estava girando em torno de R$ 5,51.

Ou seja cerca de 1,72% do valor de uma ação de rua com flyer.

Essa lógica pode ser aplicada a qualquer meio de comunicação tradicional, seja rádio, tv, outdoor, busdoor…

E a conta também deve ser levada em consideração além dos anúncios de Google, LinekedIN, Facebook, Instagram e TikTok.

Banners em portais e publieditoriais, este último ainda pouco explorado por pequenos e médios anunciantes, também apresentam números disparados na frente do marketing tradicional.

Então, quando você se perguntar se está tendo ou não resultados com mídia online, pense nessa continha.

Marketing digital, em comparação, é barato sim, mas será que você deveria deixar a menor faixa de verba do seu orçamento de marketing para o meio de vendas MAIS PODEROSO QUE EXISTE?

Deixo a reflexão.

Preferências de Publicidade e Propaganda

Moysés Peruhype Carlech – Fábio Maciel – Mercado Pago

Você empresário, quando pensa e necessita de fazer algum anúncio para divulgar a sua empresa, um produto ou fazer uma promoção, qual ou quais veículos de propaganda você tem preferência?

Na minha região do Vale do Aço, percebo que a grande preferência das empresas para as suas propagandas é preferencialmente o rádio e outros meios como outdoors, jornais e revistas de pouca procura.

Vantagens da Propaganda no Rádio Offline

Em tempos de internet é normal se perguntar se propaganda em rádio funciona, mas por mais curioso que isso possa parecer para você, essa ainda é uma ferramenta de publicidade eficaz para alguns públicos.

É claro que não se escuta rádio como há alguns anos atrás, mas ainda existe sim um grande público fiel a esse setor. Se o seu serviço ou produto tiver como alvo essas pessoas, fazer uma propaganda em rádio funciona bem demais!

De nada adianta fazer um comercial e esperar que no dia seguinte suas vendas tripliquem. Você precisa ter um objetivo bem definido e entender que este é um processo de médio e longo prazo. Ou seja, você precisará entrar na mente das pessoas de forma positiva para, depois sim, concretizar suas vendas.

Desvantagens da Propaganda no Rádio Offline

Ao contrário da televisão, não há elementos visuais no rádio, o que costuma ser considerado uma das maiores desvantagens da propaganda no rádio. Frequentemente, os rádios também são usados ​​como ruído de fundo, e os ouvintes nem sempre prestam atenção aos anúncios. Eles também podem mudar de estação quando houver anúncios. Além disso, o ouvinte geralmente não consegue voltar a um anúncio de rádio e ouvi-lo quando quiser. Certos intervalos de tempo também são mais eficazes ao usar publicidade de rádio, mas normalmente há um número limitado,

A propaganda na rádio pode variar muito de rádio para rádio e cidade para cidade. Na minha cidade de Ipatinga por exemplo uma campanha de marketing que dure o mês todo pode custar em média 3-4 mil reais por mês.

Vantagens da Propaganda Online

Em pleno século XXI, em que a maioria dos usuários tem perfis nas mídias sociais e a maior parte das pessoas está conectada 24 horas por dia pelos smartphones, ainda existem empresários que não investem em mídia digital.

Quando comparada às mídias tradicionais, a propaganda online é claramente mais em conta. Na internet, é possível anunciar com pouco dinheiro. Além disso, com a segmentação mais eficaz, o seu retorno é mais alto, o que faz com que o investimento por conversão saia ainda mais barato.

Diferentemente da mídia tradicional, no online, é possível modificar uma campanha a qualquer momento. Se você quiser trocar seu anúncio em uma data festiva, basta entrar na plataforma e realizar a mudança, voltando para o original quando for conveniente.

Outra vantagem da propaganda online é poder acompanhar em tempo real tudo o que acontece com o seu anúncio. Desde o momento em que a campanha é colocada no ar, já é possível ver o número de cliques, de visualizações e de comentários que a ela recebeu.

A mídia online possibilita que o seu consumidor se engaje com o material postado. Diferentemente da mídia tradicional, em que não é possível acompanhar as reações do público, com a internet, você pode ver se a sua mensagem está agradando ou não a sua audiência.

Outra possibilidade é a comunicação de via dupla. Um anúncio publicado em um jornal, por exemplo, apenas envia a mensagem, não permitindo uma maior interação entre cliente e marca. Já no meio digital, você consegue conversar com o consumidor, saber os rastros que ele deixa e responder em tempo real, criando uma proximidade com a empresa.

Com as vantagens da propaganda online, você pode expandir ainda mais o seu negócio. É possível anunciar para qualquer pessoa onde quer que ela esteja, não precisando se ater apenas à sua cidade.

Uma das principais vantagens da publicidade online, é que a mesma permite-lhe mostrar os seus anúncios às pessoas que provavelmente estão interessadas nos seus produtos ou serviços, e excluir aquelas que não estão.

Além de tudo, é possível monitorizar se essas pessoas clicaram ou não nos seus anúncios, e quais as respostas aos mesmos.

A publicidade online oferece-lhe também a oportunidade de alcançar potenciais clientes à medida que estes utilizam vários dispositivos: computadores, portáteis, tablets e smartphones.

Vantagens do Marketplace Valeon

Uma das maiores vantagens do marketplace é a redução dos gastos com publicidade e marketing. Afinal, a plataforma oferece um espaço para as marcas exporem seus produtos e receberem acessos.

Justamente por reunir uma vasta gama de produtos de diferentes segmentos, o marketplace Valeon atrai uma grande diversidade e volume de público. Isso proporciona ao lojista um aumento de visibilidade e novos consumidores que ainda não conhecem a marca e acabam tendo um primeiro contato por meio dessa vitrine virtual. 

Tem grande variedade de ofertas também e faz com que os clientes queiram passar mais tempo no site e, inclusive, voltem com frequência pela grande diversidade de produtos e pela familiaridade com o ambiente. Afinal de contas, é muito mais prático e cômodo centralizar suas compras em uma só plataforma, do que efetuar diversos pedidos diferentes.

Inserir seus anúncios em um marketplace como o da Valeon significa abrir um novo “ponto de vendas”, além do e-commerce, que a maioria das pessoas frequenta com a intenção de comprar. Assim, angariar sua presença no principal marketplace Valeon do Vale do Aço amplia as chances de atrair um público interessado nos seus produtos. Em suma, proporciona ao lojista o crescimento do negócio como um todo.

Quando o assunto é e-commerce, os marketplaces são algumas das plataformas mais importantes. Eles funcionam como um verdadeiro shopping center virtual, atraindo os consumidores para comprar produtos dos mais diversos segmentos no mesmo ambiente. Por outro lado, também possibilitam que pequenos lojistas encontrem uma plataforma, semelhante a uma vitrine, para oferecer seus produtos e serviços, já contando com diversas ferramentas. Não é à toa que eles representaram 78% do faturamento no e-commerce brasileiro em 2020. 

Vender em marketplace como a da Valeon traz diversas vantagens que são extremamente importantes para quem busca desenvolver seu e-commerce e escalar suas vendas pela internet, pois através do nosso apoio, é possível expandir seu ticket médio e aumentar a visibilidade da sua marca.

VOCÊ CONHECE A ValeOn?

A MÁQUINA DE VENDAS ONLINE DO VALE DO AÇO

TEM TUDO QUE VOCÊ PRECISA!

A Valeon é uma caixinha de possibilidades. Você pode moldar ela em torno do negócio. O que é muito importante. O nosso é colocar o consumidor no centro e entender o que ele precisa. A ValeOn possibilita que você empresário consiga oferecer, especificamente para o seu consumidor, a melhor experiência. A ValeOn já é tradicional e reconhecida no mercado, onde você empresário pode contar com a experiência e funcionalidades de uma tecnologia corporativa que atende as principais operações robustas do mundo essencial e fundamental. A ValeOn além de trazer mais segurança e credibilidade para o seu negócio, também resulta em muita troca de conhecimento e ótimos resultados para ambos os lados, como toda boa parceria entre empresas deve ser. Lembrem-se que a ValeOn é uma Startup Marketplace de Ipatinga-MG que tem a responsabilidade de levar o cliente até à sua empresa e que temos potencial para transformar mercados, impactar consumidores e revirar empresas e indústrias onde nossos produtos e serviços têm capacidade de escala e de atrair os investimentos corretos para o nosso crescimento.

Apresentamos o nosso site que é uma Plataforma Comercial Marketplace que tem um Product Market Fit adequado ao mercado do Vale do Aço, agregando o mercado e seus consumidores em torno de uma proposta diferenciada de fazer Publicidade e Propaganda online, de forma atrativa e lúdica a inclusão de informações úteis e necessárias aos consumidores como:

segunda-feira, 9 de outubro de 2023

VÁRIAS CPIS DA CÂMARA DOS DEPUTADOS TERMINA EM PIZZA

 

História por Redação Itatiaia 

Quando o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), instalou três Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) ao mesmo tempo em que a CPMI do 8 de janeiro era criada, houve um grande barulho.

Naquele momento, em maio, a expectativa sobre o destino dessas comissões era alta. Afinal, os colegiados criados tinham como objetivo investigar temas com potencial de gerar grandes debates, como:

  • as invasões do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST);
  • as manipulações em partidas de futebol; e
  • as inconsistências financeiras das Americanas.

As CPIs têm o poder de convocar autoridades, requisitar documentos e quebrar sigilos pelo voto da maioria dos integrantes. A depender do rumo das investigações, elas podem pautar o debate público e causar repercussões na Justiça.

São exemplos disso:

  • a CPI do Orçamento, de 1993, que chegou a cassar mandato de seis deputados envolvidos em esquema de corrupção;
  • a CPI da Confederação Brasileira de Futebol, de 1998, que buscou apurar a regularidade do contrato celebrado entre a CBF e a Nike;
  • a CPI da Pandemia, de 2021, que revelou a demora na compra da vacina e um esquema de superfaturamento do valor das doses.

A realidade imposta, porém, não foi como o esperado quando os grupos foram encerrados, no final de setembro.

Das três comissões da Câmara, apenas a da Americanas teve o relatório aprovado. Mesmo assim, não houve pedidos de indiciamentos e alguns parlamentares afirmaram que as investigações não avançaram como deveriam.

Especulou-se, também, que as CPIs poderiam travar o avanço de pautas consideradas prioritárias pelo governo, o que não chegou a acontecer. Isso porque os colegiados, de forma especial o que investigava as invasões de terra, perderam força após o Palácio do Planalto articular mudanças ministeriais para alocar deputados do Centrão com o objetivo de ampliar a base de apoio no Congresso.

Com um prazo inicial de 120 dias para conduzir as investigações, as CPIs só ganharam um novo fôlego depois de Lira prorrogar o funcionamento dos colegiados. A prorrogação, porém, não foi suficiente para as investigações tomarem um novo rumo.

CPI do MST

A CPI do MST, por exemplo, tinha potencial para incomodar o governo e tensionar ainda mais a relação entre Executivo e movimentos sociais que, nos primeiros quatro meses da gestão Lula, ocupou 33 imóveis rurais pelo Brasil, número que superou o total de ações em cada um dos últimos cinco anos.

Logo que foi instalada, a comissão foi criticada publicamente pelo ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, que disse que não via razão para criação do colegiado.

“Vai investigar o quê? Vai investigar ocupações que não existem mais, famílias que já não estão naquelas terras?”, questionou.

Com grande atuação da oposição, o colegiado teve como relator o deputado Ricardo Salles (PL-SP), ex-ministro do Meio Ambiente de Jair Bolsonaro (PL).

No relatório final, Salles propôs o indiciamento de onze pessoas, entre elas o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Gonçalves Dias e o líder da Frente de Luta Campo e Cidade, José Rainha.

Segundo ele, os membros dos movimentos, chamados por ele de “facções”, atentaram contra produtores rurais e contra os “próprios integrantes” das organizações.

Apesar de o relatório final não ter sido votado, Salles afirmou que o texto passaria com facilidade.

Paralelo ao relatório, a oposição ainda produziu um documentário intitulado “Da terra ao pó: a CPI que revelou o terrorista do MST”, com data de lançamento prevista para 8 de outubro.

A produção deve abordar, entre outros pontos, os bastidores que levaram à instalação do colegiado.

CPI das apostas esportivas

A comissão teve como foco as manipulações em resultados de jogos de futebol reveladas pelo Ministério Público de Goiás.

Segundo as investigações, houve manipulação dos resultados das partidas da Série B do Campeonato Brasileiro de 2022.

O relator da CPI, Felipe Carreras (PSB-PE), elaborou um parecer de mais de 200 páginas. No documento, ele sugeriu a criação de quatro projetos de lei e recomendou a atuação da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e do governo federal no assunto.

O fim do colegiado ocorreu após um pedido de vista conjunta, ou seja, mais tempo para analisar o relatório, o que fez com que o parecer final sequer fosse lido.

Quando foi encerrada, alguns deputados chegaram a dizer que a CPI “terminou em pizza”, ou seja, não teve grandes resultados.

CPI das Americanas

Em janeiro deste ano, a Americanas anunciou inconsistências financeiras de R$ 20 bilhões, além de uma dívida de R$ 43 bilhões. A empresa entrou em recuperação judicial.

O caso levantou suspeitas de fraude e é investigado pela Justiça. A CPI da Câmara também se debruçou sobre o tema.

O colegiado ouviu ex-diretores da varejista, advogados responsáveis pela recuperação judicial da empresa, além de autoridades que acompanham as investigações.

O parecer de Chiodini não propôs o indiciamento dos acionistas de referência da empresa: Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, o que foi criticado por deputados que integravam a comissão.

O parecer tinha 353 páginas e foi aprovado por 18 votos a 8.

O documento falou em “escândalo contábil” e dizia que, embora as evidências apontem “para um dos maiores escândalos contábeis já vivenciados em nosso cenário corporativo”, não foi possível identificar os culpados.

Segundo o relator, durante os trabalhos da CPI foram colhidas diversas provas que apontam o possível envolvimento de diretores da Americanas na fraude da empresa, mas que os elementos não são suficientes para a “formação de um juízo de valor seguro o bastante para atribuir a autoria e para fundamentar eventual indiciamento”.

Outras CPIs

Em junho, a Câmara ainda criou uma quarta comissão investigativa. Desta vez, para apurar fraudes utilizando moeda digital, outro tema que está em alta e gera engajamento. O colegiado tem data para terminar na próxima quarta-feira (11).

Na próxima segunda (9), o deputado Ricardo Silva (PSD-SP) deve apresentar seu relatório, que deve contar com os avanços da comissão sobre a investigação em torno da 123milhas.

Em agosto, a empresa anunciou a suspensão das emissões de passagens e pacotes da linha promocional da companhia, com previsão de embarque de setembro a dezembro.

Para Silva, o caso da 123milhas é “um crime ambulante” e as quebras de sigilo determinadas pela CPI demonstraram que a empresa é “fraudulenta”. Ainda de acordo com Silva, o documento ainda deve propor um projeto de lei para disciplinar os programas de fidelidade das companhias aéreas.

À margem desses debates na Câmara também há a CPI das ONGs, no Senado, que não chegou a estampar fatos que fossem relevantes pelos corredores do Congresso. A previsão é que o colegiado seja encerrado no fim de outubro.

A maior relevância ficou por conta da CPMI do 8 de janeiro, que ouviu militares, empresários e investigados de participarem das invasões da sede dos Três Poderes, em Brasília.

Na reta final, a CPMI perdeu o fôlego. Algumas sessões foram canceladas e não houve avanço para a tomada de depoimento de nomes como o ex-ministro da Casa Civil Walter Braga Neto.

Com a leitura do relatório prevista para o próximo dia 17, os esforços das próximas duas semanas estão na elaboração do texto que, segundo a CNN apurou, tem aproximadamente mil páginas.

O documento deve falar que o país foi vítima de uma tentativa de golpe e apontar alguns culpados, pedindo o indiciamento de alguns deles.

Paralelamente, a oposição prepara um relatório avulso, com outra visão sobre os acontecimentos. O texto, no entanto, pode nem ser votado pela CPMI.

FLAVIO DINO O FAVORITO DE LULA PARA INDICAÇÃO AO STF

 

História por Fábio Corrêa • DW Brasil

Um aliado no mais alto tribunal, nome que agrada até adversários e abertura de espaço para o Centrão são fatores que podem influenciar Lula, mas indicação voltaria a frustrar demanda por mais representatividade no STF.

Senador e ex-governador Dino é um dos rostos mais conhecidos do terceiro governo Lula© Sergio Lima/AFP

Flávio Dino está de saída do governo Lula? O destino do atual ministro da Justiça e Segurança Pública, de acordo com fontes próximas ao presidente, pode ser o Supremo Tribunal Federal (STF), na vaga deixada pela ministra Rosa Weber, que acaba de se aposentar. Se a decisão for realmente por Dino, Lula terá na Corte um aliado de primeira mão, notabilizado pelo enfrentamento ao extremismo bolsonarista de 8 de Janeiro, mas também com ampla experiência nos Três Poderes, já que tem no currículo atuações como juiz, parlamentar e governador.

Por outro lado, a eventual indicação do político filiado ao PSB tiraria do primeiro escalão um dos rostos mais conhecidos do governo depois do próprio Lula, além de frustrar demandas da sociedade civil que clamam por uma mulher negra no STF. Na primeira indicação para o STF durante seu terceiro mandato com presidente, o petista acabou escolhendo o ex-advogado Cristiano Zanin para a vaga de Ricardo Lewandowski.

Nascido em 1968, em São Luís (MA), Flávio Dino é filho de um casal de advogados. O pai dele, Sálvio Dino, foi vereador na capital maranhense, deputado estadual e prefeito da cidade de João Lisboa (MA). O atual ministro da Justiça e Segurança Pública foi aprovado no concurso para juiz federal em 1994, cargo que ocupou por 12 anos, até se eleger deputado federal pelo PCdoB.

Dino também foi presidente da Embratur durante o governo Dilma Rousseff, governador do Maranhão por dois mandatos e, em 2022, já pelo PSB, se elegeu senador pelo estado onde nasceu – antes de ser indicado por Lula ao Ministério de Justiça e Segurança Pública.

Para Álvaro Palma de Jorge, professor de direito da FGV Direito Rio, a ampla experiência do maranhense pode ser um trunfo para o STF num momento de choque com o Legislativo. Assuntos como o marco temporal ou o casamento homoafetivo, já definidas em decisões da Suprema Corte, têm sido contestadas por projetos de lei em tramitação na Câmara e no Senado.

“Essa é uma contribuição importante, porque os dilemas são diferentes, as dinâmicas são diferentes. Num ambiente que tem sido de tensão entre os Poderes, acho que ele vai trazer uma contribuição, uma visão da separação de Poderes muito rica para dentro da Corte”, diz Palma.

Se a indicação de Dino acontecer, não será a primeira vez que um Ministro da Justiça é levado ao STF pelo chefe do Executivo. O último exemplo foi de Alexandre de Moraes, hoje no STF, que esteve à frente da pasta no governo Temer. Paulo Brossard (Sarney), Maurício Corrêa (Itamar Franco) e Nelson Jobim (Fernando Henrique Cardoso) tiveram trajetórias semelhantes.

O professor de direito vê Dino como uma figura progressista do ponto de vista dos costumes. “Acho que a visão de mundo dele é uma visão que abrange mais inclusão que exclusão”, afirma o acadêmico, que também ressalta que isso não significa uma afinidade total com o presidente Lula. “A primeira coisa que eu não esperaria de um ministro é que ele cumpra a agenda de um presidente. A independência é um requisito muito importante de ministro do Supremo.”

Dino também foi presidente da Embratur durante o governo Dilma, governador do Maranhão e, em 2022 se elegeu senador© picture-alliance/dpa/M. Correa

Apoio de Valdemar

A questão, no entanto, também pode ter um reflexo direto no primeiro escalão de Lula. A saída de Flávio Dino facilitaria, em tese, o desmembramento da pasta que chefia atualmente, separando a Justiça da área de Segurança Pública. O movimento seria uma forma de acomodar mais aliados em potencial, principalmente do Centrão, na busca por apoio em votações no Congresso. O próprio Valdemar Costa Neto, presidente do PL, o partido do ex-presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro, chegou a afirmar que o partido não votaria contra a indicação Dino.

Já entre o núcleo duro do PT, a ida de Dino ao Judiciário abriria a disputa pela sucessão de Lula. Recentemente, uma pesquisa do Instituto Quaest indicou que o titular da Justiça tem a maior popularidade digital entre os ministros do atual governo, alavancada principalmente pelos vídeos de embates com bolsonaristas em sessões de comissões do Congresso. Por outro lado, Dino tem sido alvo de críticas recentes por causa da crise de segurança pública que tem assolado a Bahia, estado governo pelo petista Jerônimo Rodrigues.

De acordo com o cientista político Christian Lynch, do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP/UERJ), o ministro da Justiça e Segurança Pública de Lula seria uma indicação “boa para todo mundo” por também ter um perfil garantista, que o acadêmico descreve como a alguém que não traria riscos para a classe política.

“O problema central foi a Lava Jato, que virou um fator desestabilizador da política brasileira. O Lula quer indicar pessoas de estrita confiança para evitar uma deriva lavajatista, como Corte criminal de políticos. Aí está o ponto de intercessão com o Congresso, que quer isso. Até o Valdemar disse que votaria no Dino. É um nome relativamente fácil, exceto para a bancada da extrema-direita e a esquerda militante, que quer emplacar uma mulher negra”, analisa Lynch.

O cientista político afirma que Lula vai seguir os próprios instintos na indicação com o objetivo de se resguardar de possíveis arroubos do Judiciário contra si mesmo. “Ele não vai deixar a indicação ao STF correr solta a cargo de alguém. Antes, era ouvindo recomendações, como fazia com o TCU. Tanto que a maior parte dos ministros que fizeram a Lava Jato foram indicações do PT. Ou seja, não teve cuidado antes nas nomeações. Agora sim, tem que ser alguém de confiança. Pode fazer uma manifestação de 500 mil pessoas na frente do Planalto e ele não vai ouvir, vai nomear alguém da confiança dele. A mesma coisa em relação à PGR, será alguém que precise dele”.

Demanda por uma ministra negra

Caso seja consumada a ida de Dino ao STF, Lula estará, pela segunda vez neste mandato, ignorando as demandas de setores da sociedade civil e da esquerda que pedem a indicação de uma mulher negra para o Tribunal – o que nunca aconteceu em 132 anos de existência da instituição.

Secretária de Justiça do município de São Paulo e professora sênior do Departamento de Direito da Universidade de São Paulo (USP), Eunice Prudente vê a possível escolha como “muito grave”, já que o governo Lula tem o que ela chama de “o melhor ministério que já tivemos pelo respeito à diversidade”.

“Flávio Dino atende todas as exigências constitucionais e inclusive a diversidade, porque vejo ele como um homem negro, um homem pardo. Temos plena confiança nele, mas isso me preocupa porque vejo uma escolha não a partir da qualidade da pessoa, mas sim pela adversidade política que o governo Lula está enfrentando. O centrão quer ministérios e cargos, e isso já é uma situação muito grave”, descreve Prudente.

Segundo ela, é fundamental que a Corte tenha representada entre os ministros a parcela da população mais atingida pela má distribuição de recursos do estado brasileiro. “O problema do Brasil não é a escassez de recursos, é a distribuição deles e há uma linha negroide que delineia as áreas mais pobres da sociedade – ali estão as famílias negras, as mulheres negras responsáveis por essas famílias. Essa gente toda, que é numerosa, tem dependido do STF para viver e sobreviver nessa República”, diz.

A secretária de Justiça de São Paulo lembra o caso da trabalhadora doméstica que teria sido mantida em trabalho análogo à escravidão na casa de um desembargador catarinense. O caso chegou ao STF – e o ministro André Mendonça, indicado por Jair Bolsonaro para agradar setores evangélicos, autorizou a volta da doméstica ao imóvel.

“Uma decisão como essa é gritante. Não precisa ser mulher preta ou empregada doméstica, todos nós nos sentimos em perigo”, acrescenta a professora da USP, que afirma que há praticamente dez nomes de juristas negras que estariam capacitadas a assumir o cargo de ministra no STF. “Quem elegeu o Lula foram principalmente os eleitores negros. Nós o elegemos. E agora? Acho que ele deve nos ouvir”, conclui ela.

Autor: Fábio Corrêa

EXÉRCITO MAIS PODEROSO DO ORIENTE MÉDIO FOI APANHADO DE SURPRESA

 

História por RFI 

Israel: como o exército mais poderoso do Oriente Médio foi apanhado de surpresa pelo Hamas© REUTERS – RONEN ZVULUN

Após o ataque surpresa do braço armado do Hamas e sua infiltração em solo israelense no sábado (7), tanto em Israel como no lado palestino, foram anunciadas centenas de mortes e milhares de feridos. Os combates continuaram durante toda a madrugada de domingo (8) entre os combatentes do Hamas e o exército israelense.

Sami Boukhelifa, correspondente da RFI em Jerusalém

O ataque apanhou Israel de surpresa, mas todos os elementos estavam presentes para que um acontecimento tão trágico ocorresse.

Israel está vulnerável há meses. A razão? A reforma da Justiça desejada pelo governo de Benyamin Netanyahu, que é massivamente rejeitada nas ruas. Os israelenses chamam isso de golpe. Assim, para protestar contra essa reforma considerada antidemocrática, têm havido manifestações semanais em todo o país há meses.

Mas também se cogitava outros meios de protesto, como a recusa da mobilização militar. Os reservistas do exército e particularmente os pilotos de combate israelenses se recusaram a treinar nos últimos meses. No entanto, a Defesa israelense depende em grande parte desses reservistas.

Resultado: no sábado, o exército mais poderoso do Oriente Médio foi pego de surpresa e derrotado. Seus aviões de guerra foram derrubados. Demorou horas para o país reagir, foi um desastre total. Os comandos do Hamas se infiltraram no território israelense com uma facilidade desconcertante, quase sem resistência.

As bases do exército israelense foram conquistadas em um piscar de olhos. Soldados foram capturados e fuzilados. Civis e soldados israelenses foram capturados e enviados para Gaza. Trata-se de um fracasso militar para Israel e uma derrota amarga para seus serviços de inteligência.

Fracasso da técnica israelense de violência pela violência

Se por um lado o exército israelense demorou a reagir, a resposta foi massacrar Gaza com bombardeios. A mensagem de Israel é clara: “vocês nos atacaram, agora nós vamos atacar vocês”.

O exército israelense usou como alvo, tal como em 2021 durante a grande guerra anterior em Gaza, torres residenciais. Oficialmente porque abrigam posições do Hamas. Mas a realidade por trás dessa estratégia é o desejo de atacar com força, de deixar uma marca, de traumatizar e de impedir os palestinos de revidarem.

Mais uma vez, o Estado hebreu embarca em uma política de “segurança máxima”. Esta, no entanto, é uma estratégia com falhas, tão antiga quanto a ocupação e que já dura 56 anos, que inclue repressão, colonização, ataques a colonos, centenas de palestinos mortos todos os anos, detenções arbitrárias e profanação de locais sagrados muçulmanos e cristãos.

A violência exige violência. Infelizmente, civis inocentes – israelenses e palestinos – estão pagando o preço dessa estratégia.

Estratégia do Hamas

O braço armado palestino, no poder em Gaza, se manteve afastado das tensões com Israel durante o ano passado. O grupo economizou suas forças para esta operação de comando sem precedentes. Nos últimos meses, houve trocas de tiros entre Israel e a Faixa de Gaza. Mas os ataques foram principalmente entre o Estado hebreu e a Jihad Islâmica, outro grupo armado palestino presente no enclave. A pergunta sobre o estranho silêncio do Hamas estava no ar, e a resposta veio agora.

No início de setembro, a situação mudou um pouco. O Hamas organizou protestos ao longo da barreira de segurança que separa Gaza do território israelense. Os palestinos conseguiram chegar a este bloqueio e penetrar em alguns setores. Hoje entendemos que eles estavam, na verdade, testando as defesas israelenses.

CONTA DE LUZ BRASILEIRA UMA DAS MAIS CARAS DO MUNDO

 

História por ALEXA SALOMÃO • Folha de S. Paulo

Parque eólico Brisa Potiguar da Copel em São Miguel do Gostoso a 120 quilometros de Natal do Rio Grande do Norte. Usina eólica no Rio Grande do Norte – estação eólica da Copel

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O Brasil está no topo de um ranking que mede o peso da conta de luz no bolso de consumidores locais, em comparação com 33 países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).

Na média, o brasileiro compromete 4,54% da sua geração de riqueza anual com o pagamento da tarifa residencial. É o maior valor, bem acima do apurado para nações europeus, como Espanha (2,85%), Alemanha (1,72%) e Luxemburgo (0,35%) –país em que a energia tem o menor peso sobre renda no grupo analisado.

O resultado brasileiro também fica distante do identificado em economias emergentes, como Chile (2,65%) e Costa Rica (2,76%).

O ranking foi elaborado pela Abrace (Associação Brasileira de Grandes Consumidores de Energia e Consumidores Livres). A entidade considerou as tarifas residenciais de 2022, consolidadas no serviço de dados da Agência Internacional de Energia, e o PIB per capita (Produto Interno Bruto dividido pelo número de habitantes) calculado para o mesmo ano pelo FMI (Fundo Monetário Internacional).

“O levantamento demonstra que precisamos rediscutir os custos no setor elétrico brasileiro, porque ele está distorcido para os consumidores locais em comparação aos de outros países quando consideramos a renda”, explica o diretor de Energia da Abrace, Victor Hugo iOcca, que coordenou a organização do ranking.

O brasileiro pagou US$ 34 (R$ 176,50), em média, por 200 kwh (kilowatt-hora) no ano passado, um valor parecido ao desembolsado pelo polonês, que foi de US$ 34,39 (R$ 178,50). Ocorre que a nossa renda per capita estava na faixa de US$ 9.000 (R$ 46,7 mil), enquanto no país do leste europeu ela era o dobro, US$ 18 mil (R$ 93,4 mil), comprometendo uma fatia menor da renda, 2,26%.

Na Turquia, cujo PIB per capita é próximo ao do Brasil, na casa de US$ 10 mil (R$ 51,9 mil), a energia custou praticamente metade da brasileira, US$ 17,9 (R$ 93) e compromete 2% da renda

A equipe da Abrace lembra que o custo da tarifa sofre variação de acordo com diferentes fontes de energia. As renováveis estão entre as mais competitivas atualmente, enquanto carvão, nuclear e gás natural passaram a custar mais, além de sofrerem com o risco geopolítico. A guerra da Rússia contra a Ucrânia, por exemplo, pressionou o preço do gás.

No entanto, o que pesa, e muito, é a calibragem da política pública. Existem países que nitidamente optaram por ter energia mais barata.

Assim como ocorre no Brasil, cerca de 60% da geração do Canadá vem de hidrelétricas, seguida de outras renováveis, como eólica. No entanto, aquele mesmo montante de energia custou US$ 10 (R$ 51,91) menos que no Brasil. Foi de US$ 24 (R$ 124,6). Como a renda média anual no país é de R$ 55 mil (R$ 285,5 mil), o consumidor saiu ganhando. Apenas 0,54% da renda vai para pagamento da tarifa residencial.

Os Estados Unidos tem feito investimentos pesados em renováveis, mas a estrutura energética ainda é o inverso –quase metade da geração de eletricidade vem de térmicas movidas a combustíveis fósseis, como gás e carvão. Ainda assim, o seu custo é inferior ao do Brasil, US$ 30,25 (R$ 157). Como o PIB per capita americano é um dos maiores do mundo, US$ 76 mil (R$ 394.5 mil), apenas 0,48% é gasto com a conta de luz.

Muitos países têm optado por subsidiar novas fontes limpas de energia. É uma decisão de governo com apoio de contribuintes. A Dinamarca tem um forte programa de descarbonização e uma carga tributária elevada sob a tarifa de energia, de quase 70%. O custo tarifário é mais alto entre os países do ranking, US$ 103 (R$ 534,6).

Mas isso não é nem de longe um sacrifício financeiro num país cuja renda per capta é de US$ 66,5 mil (R$ 345.2 mil). Apenas 1,87% vai para custear a energia em casa.

“O Brasil já é destaque em energia limpa, renovável e barata, não faz sentido que tenha uma conta de luz tão alta para o nosso perfil de renda, mas ela está sendo sobrecarregada por tributos e subsídios, que já correspondem a 40% do preço final”, afirma Paulo Pedrosa, presidente da Abrace Energia.

“O ranking mostra como esse custo chega nas pessoas pela conta de luz, mas ele também está no preço de tudo que é fabricado no Brasil. O comprometimento da renda é muito maior.”

Segundo projeção da entidade, os brasileiros estão pagando a mais, neste ano, cerca de R$ 10 bilhões ao mês apenas para custear tributos e subsídios. No ano, serão R$ 119 bilhões para essas duas despesas (leia a lista abaixo).

Os subsídios ampliam espaço na conta de luz principalmente por iniciativa do Congresso, onde a política é mais sensível a lobbies, mas o governo federal tem utilizado a conta de luz como uma extensão do Orçamento. Na tentativa de reverter a tendência, há um movimento entre entidades do setor para transferir parte dos custos que estão na tarifa para o Tesouro Nacional.

O consumidor de energia elétrica no Brasil mantém fundos de pesquisa e desenvolvimento, paga por subsídios a setores que já são rentáveis, como as renováveis solar e eólica, e sustenta políticas públicas, que muitas vezes não têm relação com a área de energia elétrica, como água, esgoto e saneamento (leia lista abaixo).

Em levantamento similar, mas com outras fontes, realizado com dados de 2021, o Brasil aparecia como segundo no ranking da Abrace, atrás da Colômbia. Os preços da energia registraram forte alta, após o país ter ampliado o uso de térmicas, e funcionaram como munição adicional em recentes crises políticas.

Dependente de hidrelétricas, que sofrem com variações do clima, a Colômbia tem enfrentado dificuldades para implementar os projetos de renováveis. Há cerca de um ano, propôs um pacto nacional em busca do que chamou de “tarifa justa”. Mobilizou empresas e lançou um pacote de mudanças nas leis do setor e na estrutura técnica, com a promessa de reduzir os custos da energia.

Na prática, foi uma intervenção, e os resultados ainda são incertos, mas serve de exemplo sobre os riscos políticos, econômicos e regulatórios quando se perde o controle do preço da energia. O país ainda não divulgou seus indicadores de 2022 e, por isso, não consta do ranking neste ano.

O QUE TEM NA CONTA DE LUZ

Os principais itens da cobrança

32,48%

é custo de energia, que neste ano está estimado em R$ 111, 4 bi

27,38%

vai para transmissão e distribuição, R$ 93,9 bi

17,00%

são tributos, que somam R$ 58,4 bi neste ano

15,92%

equivalem a encargos, muito mascarados de subsídios, que totalizam R$ 54,6 bi

3,61%

vai para perdas técnicas, R$ 12,4 bi

1,98%

cobre furto de energia, R$ 6,8 bi

1,54%

custeia a iluminação pública, R$ 5,3 bi

O QUE PESA MAIS A CONTA DE LUZ

Entre os itens que deixam a energia mais onerosa em 2023 estão:

TRIBUTOS

R$ 58,44 bi

PRINCIPAIS SUBSÍDIOS

R$ 33,42 bi

para a CDE (Conta de Desenvolvimento Energético), sendo R$ 12 bilhões para a CCC (Conta de Consumo de Combustíveis) do sistemas isolados; R$9,28 bilhões para descontos tarifários na distribuição; R$ 5,6 bilhões para Tarifa Social para consumidores de baixa renda; R$ 2,43 bilhões. para descontos na transmissão; R$ 1,12 bilhão para o subsídio para carvão mineral nacional

R$ 12,16 bi

para Conta de Reserva, que o consumidor paga para garantir a segurança do sistema

R$ 6,8 bi

para cobrir perdas não técnicas, como furtos de energia do sistema;

R$ 5,45 bi

para o Proinfa, programa de compra de energia renovável

R$ 5,34 bi

para garantir a iluminação pública das cidades

R$ 939 milhões

para o fundo com o objetivo de promover a eficiência do setor elétrico

R$ 939 milhões

para o fundo voltado ao desenvolvimento a pesquisa do setor

R$ 244 milhões

para ESS (Encargos do Serviço do Sistema)

DEMOCRACIA RELATIVA DE LULA E MADURO CADA UM AO SEU MODO

  Brasil e Mundo ...