segunda-feira, 9 de outubro de 2023

EXÉRCITO MAIS PODEROSO DO ORIENTE MÉDIO FOI APANHADO DE SURPRESA

 

História por RFI 

Israel: como o exército mais poderoso do Oriente Médio foi apanhado de surpresa pelo Hamas© REUTERS – RONEN ZVULUN

Após o ataque surpresa do braço armado do Hamas e sua infiltração em solo israelense no sábado (7), tanto em Israel como no lado palestino, foram anunciadas centenas de mortes e milhares de feridos. Os combates continuaram durante toda a madrugada de domingo (8) entre os combatentes do Hamas e o exército israelense.

Sami Boukhelifa, correspondente da RFI em Jerusalém

O ataque apanhou Israel de surpresa, mas todos os elementos estavam presentes para que um acontecimento tão trágico ocorresse.

Israel está vulnerável há meses. A razão? A reforma da Justiça desejada pelo governo de Benyamin Netanyahu, que é massivamente rejeitada nas ruas. Os israelenses chamam isso de golpe. Assim, para protestar contra essa reforma considerada antidemocrática, têm havido manifestações semanais em todo o país há meses.

Mas também se cogitava outros meios de protesto, como a recusa da mobilização militar. Os reservistas do exército e particularmente os pilotos de combate israelenses se recusaram a treinar nos últimos meses. No entanto, a Defesa israelense depende em grande parte desses reservistas.

Resultado: no sábado, o exército mais poderoso do Oriente Médio foi pego de surpresa e derrotado. Seus aviões de guerra foram derrubados. Demorou horas para o país reagir, foi um desastre total. Os comandos do Hamas se infiltraram no território israelense com uma facilidade desconcertante, quase sem resistência.

As bases do exército israelense foram conquistadas em um piscar de olhos. Soldados foram capturados e fuzilados. Civis e soldados israelenses foram capturados e enviados para Gaza. Trata-se de um fracasso militar para Israel e uma derrota amarga para seus serviços de inteligência.

Fracasso da técnica israelense de violência pela violência

Se por um lado o exército israelense demorou a reagir, a resposta foi massacrar Gaza com bombardeios. A mensagem de Israel é clara: “vocês nos atacaram, agora nós vamos atacar vocês”.

O exército israelense usou como alvo, tal como em 2021 durante a grande guerra anterior em Gaza, torres residenciais. Oficialmente porque abrigam posições do Hamas. Mas a realidade por trás dessa estratégia é o desejo de atacar com força, de deixar uma marca, de traumatizar e de impedir os palestinos de revidarem.

Mais uma vez, o Estado hebreu embarca em uma política de “segurança máxima”. Esta, no entanto, é uma estratégia com falhas, tão antiga quanto a ocupação e que já dura 56 anos, que inclue repressão, colonização, ataques a colonos, centenas de palestinos mortos todos os anos, detenções arbitrárias e profanação de locais sagrados muçulmanos e cristãos.

A violência exige violência. Infelizmente, civis inocentes – israelenses e palestinos – estão pagando o preço dessa estratégia.

Estratégia do Hamas

O braço armado palestino, no poder em Gaza, se manteve afastado das tensões com Israel durante o ano passado. O grupo economizou suas forças para esta operação de comando sem precedentes. Nos últimos meses, houve trocas de tiros entre Israel e a Faixa de Gaza. Mas os ataques foram principalmente entre o Estado hebreu e a Jihad Islâmica, outro grupo armado palestino presente no enclave. A pergunta sobre o estranho silêncio do Hamas estava no ar, e a resposta veio agora.

No início de setembro, a situação mudou um pouco. O Hamas organizou protestos ao longo da barreira de segurança que separa Gaza do território israelense. Os palestinos conseguiram chegar a este bloqueio e penetrar em alguns setores. Hoje entendemos que eles estavam, na verdade, testando as defesas israelenses.

CONTA DE LUZ BRASILEIRA UMA DAS MAIS CARAS DO MUNDO

 

História por ALEXA SALOMÃO • Folha de S. Paulo

Parque eólico Brisa Potiguar da Copel em São Miguel do Gostoso a 120 quilometros de Natal do Rio Grande do Norte. Usina eólica no Rio Grande do Norte – estação eólica da Copel

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O Brasil está no topo de um ranking que mede o peso da conta de luz no bolso de consumidores locais, em comparação com 33 países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).

Na média, o brasileiro compromete 4,54% da sua geração de riqueza anual com o pagamento da tarifa residencial. É o maior valor, bem acima do apurado para nações europeus, como Espanha (2,85%), Alemanha (1,72%) e Luxemburgo (0,35%) –país em que a energia tem o menor peso sobre renda no grupo analisado.

O resultado brasileiro também fica distante do identificado em economias emergentes, como Chile (2,65%) e Costa Rica (2,76%).

O ranking foi elaborado pela Abrace (Associação Brasileira de Grandes Consumidores de Energia e Consumidores Livres). A entidade considerou as tarifas residenciais de 2022, consolidadas no serviço de dados da Agência Internacional de Energia, e o PIB per capita (Produto Interno Bruto dividido pelo número de habitantes) calculado para o mesmo ano pelo FMI (Fundo Monetário Internacional).

“O levantamento demonstra que precisamos rediscutir os custos no setor elétrico brasileiro, porque ele está distorcido para os consumidores locais em comparação aos de outros países quando consideramos a renda”, explica o diretor de Energia da Abrace, Victor Hugo iOcca, que coordenou a organização do ranking.

O brasileiro pagou US$ 34 (R$ 176,50), em média, por 200 kwh (kilowatt-hora) no ano passado, um valor parecido ao desembolsado pelo polonês, que foi de US$ 34,39 (R$ 178,50). Ocorre que a nossa renda per capita estava na faixa de US$ 9.000 (R$ 46,7 mil), enquanto no país do leste europeu ela era o dobro, US$ 18 mil (R$ 93,4 mil), comprometendo uma fatia menor da renda, 2,26%.

Na Turquia, cujo PIB per capita é próximo ao do Brasil, na casa de US$ 10 mil (R$ 51,9 mil), a energia custou praticamente metade da brasileira, US$ 17,9 (R$ 93) e compromete 2% da renda

A equipe da Abrace lembra que o custo da tarifa sofre variação de acordo com diferentes fontes de energia. As renováveis estão entre as mais competitivas atualmente, enquanto carvão, nuclear e gás natural passaram a custar mais, além de sofrerem com o risco geopolítico. A guerra da Rússia contra a Ucrânia, por exemplo, pressionou o preço do gás.

No entanto, o que pesa, e muito, é a calibragem da política pública. Existem países que nitidamente optaram por ter energia mais barata.

Assim como ocorre no Brasil, cerca de 60% da geração do Canadá vem de hidrelétricas, seguida de outras renováveis, como eólica. No entanto, aquele mesmo montante de energia custou US$ 10 (R$ 51,91) menos que no Brasil. Foi de US$ 24 (R$ 124,6). Como a renda média anual no país é de R$ 55 mil (R$ 285,5 mil), o consumidor saiu ganhando. Apenas 0,54% da renda vai para pagamento da tarifa residencial.

Os Estados Unidos tem feito investimentos pesados em renováveis, mas a estrutura energética ainda é o inverso –quase metade da geração de eletricidade vem de térmicas movidas a combustíveis fósseis, como gás e carvão. Ainda assim, o seu custo é inferior ao do Brasil, US$ 30,25 (R$ 157). Como o PIB per capita americano é um dos maiores do mundo, US$ 76 mil (R$ 394.5 mil), apenas 0,48% é gasto com a conta de luz.

Muitos países têm optado por subsidiar novas fontes limpas de energia. É uma decisão de governo com apoio de contribuintes. A Dinamarca tem um forte programa de descarbonização e uma carga tributária elevada sob a tarifa de energia, de quase 70%. O custo tarifário é mais alto entre os países do ranking, US$ 103 (R$ 534,6).

Mas isso não é nem de longe um sacrifício financeiro num país cuja renda per capta é de US$ 66,5 mil (R$ 345.2 mil). Apenas 1,87% vai para custear a energia em casa.

“O Brasil já é destaque em energia limpa, renovável e barata, não faz sentido que tenha uma conta de luz tão alta para o nosso perfil de renda, mas ela está sendo sobrecarregada por tributos e subsídios, que já correspondem a 40% do preço final”, afirma Paulo Pedrosa, presidente da Abrace Energia.

“O ranking mostra como esse custo chega nas pessoas pela conta de luz, mas ele também está no preço de tudo que é fabricado no Brasil. O comprometimento da renda é muito maior.”

Segundo projeção da entidade, os brasileiros estão pagando a mais, neste ano, cerca de R$ 10 bilhões ao mês apenas para custear tributos e subsídios. No ano, serão R$ 119 bilhões para essas duas despesas (leia a lista abaixo).

Os subsídios ampliam espaço na conta de luz principalmente por iniciativa do Congresso, onde a política é mais sensível a lobbies, mas o governo federal tem utilizado a conta de luz como uma extensão do Orçamento. Na tentativa de reverter a tendência, há um movimento entre entidades do setor para transferir parte dos custos que estão na tarifa para o Tesouro Nacional.

O consumidor de energia elétrica no Brasil mantém fundos de pesquisa e desenvolvimento, paga por subsídios a setores que já são rentáveis, como as renováveis solar e eólica, e sustenta políticas públicas, que muitas vezes não têm relação com a área de energia elétrica, como água, esgoto e saneamento (leia lista abaixo).

Em levantamento similar, mas com outras fontes, realizado com dados de 2021, o Brasil aparecia como segundo no ranking da Abrace, atrás da Colômbia. Os preços da energia registraram forte alta, após o país ter ampliado o uso de térmicas, e funcionaram como munição adicional em recentes crises políticas.

Dependente de hidrelétricas, que sofrem com variações do clima, a Colômbia tem enfrentado dificuldades para implementar os projetos de renováveis. Há cerca de um ano, propôs um pacto nacional em busca do que chamou de “tarifa justa”. Mobilizou empresas e lançou um pacote de mudanças nas leis do setor e na estrutura técnica, com a promessa de reduzir os custos da energia.

Na prática, foi uma intervenção, e os resultados ainda são incertos, mas serve de exemplo sobre os riscos políticos, econômicos e regulatórios quando se perde o controle do preço da energia. O país ainda não divulgou seus indicadores de 2022 e, por isso, não consta do ranking neste ano.

O QUE TEM NA CONTA DE LUZ

Os principais itens da cobrança

32,48%

é custo de energia, que neste ano está estimado em R$ 111, 4 bi

27,38%

vai para transmissão e distribuição, R$ 93,9 bi

17,00%

são tributos, que somam R$ 58,4 bi neste ano

15,92%

equivalem a encargos, muito mascarados de subsídios, que totalizam R$ 54,6 bi

3,61%

vai para perdas técnicas, R$ 12,4 bi

1,98%

cobre furto de energia, R$ 6,8 bi

1,54%

custeia a iluminação pública, R$ 5,3 bi

O QUE PESA MAIS A CONTA DE LUZ

Entre os itens que deixam a energia mais onerosa em 2023 estão:

TRIBUTOS

R$ 58,44 bi

PRINCIPAIS SUBSÍDIOS

R$ 33,42 bi

para a CDE (Conta de Desenvolvimento Energético), sendo R$ 12 bilhões para a CCC (Conta de Consumo de Combustíveis) do sistemas isolados; R$9,28 bilhões para descontos tarifários na distribuição; R$ 5,6 bilhões para Tarifa Social para consumidores de baixa renda; R$ 2,43 bilhões. para descontos na transmissão; R$ 1,12 bilhão para o subsídio para carvão mineral nacional

R$ 12,16 bi

para Conta de Reserva, que o consumidor paga para garantir a segurança do sistema

R$ 6,8 bi

para cobrir perdas não técnicas, como furtos de energia do sistema;

R$ 5,45 bi

para o Proinfa, programa de compra de energia renovável

R$ 5,34 bi

para garantir a iluminação pública das cidades

R$ 939 milhões

para o fundo com o objetivo de promover a eficiência do setor elétrico

R$ 939 milhões

para o fundo voltado ao desenvolvimento a pesquisa do setor

R$ 244 milhões

para ESS (Encargos do Serviço do Sistema)

VOCÊ NÃO DEIXOU DINHEIRO ESQUECIDO NO BANCO?

História por Redação • Catraca Livre

Economia, Moeda Real,Dinheiro, Calculadora© Marcello Casal Jr./Agência Brasil

Sistema de Valores a Receber (SVR), criado pelo Banco Central para facilitar o resgate de recursos esquecidos no sistema financeiro, ainda tem R$ 7,41 bilhões para serem sacados, segundo divulgado na última sexta-feira, 6.

Até o fim de agosto, apenas 28,14% dos correntistas incluídos no programa haviam resgatado valores, o que representa R$ 4,87 bilhões.

Créditos: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

A maior parte dos recursos a serem sacados é de pequenas quantias. Os valores de até R$ 10 concentram 63,04% dos beneficiários. Os valores entre R$ 10,01 e R$ 100 correspondem a 25,12% dos correntistas. As quantias entre R$ 100,01 e R$ 1 mil representam 10,08% dos clientes. Só 1,76% tem direito a receber mais de R$ 1 mil.

Banco Central toma decisão e abrir concurso e brasileiros amam© Agência Brasil/Marcello Casal Jr

O SVR foi reaberto em março, com novas fontes de recursos, um novo sistema de agendamento e a possibilidade de resgate de valores de pessoas falecidas. Em agosto, foram retirados R$ 264 milhões, alta em relação ao mês anterior, quando tinham sido resgatados R$ 210 milhões.

Dinheiro esquecido em bancos

Em fevereiro deste ano, o Banco Central criou um novo site para a consulta a dinheiro esquecido em bancos. As consultas são feitas por meio do site valoresareceber.bcb.gov.br. Todo o relacionamento do cidadão com o SVR será feito nesse espaço e não haverá possibilidade de consulta no site principal do BC.

O BC explica que no momento em que fizer a consulta pelo novo site, o cidadão ou empresa saberá se tem algum valor a receber.

Quem esquecer do prazo, não precisa se preocupar. Segundo a instituição, os clientes poderão acessar o novo site a qualquer momento e receber uma nova data de agendamento. O BC alertou também o cidadão para que não caia em golpes utilizando o SVR.

Em nota, a autoridade monetária nacional reforçou que não envia links e não entra em contato com os cidadãos para tratar sobre valores a receber ou para confirmar dados pessoais. Destacou ainda que não se deve fazer qualquer tipo de pagamento para ter acesso aos valores e que ninguém está autorizado a entrar em contato com o cidadão em nome do Banco Central ou do Sistema Valores a Receber.

 

GOVERNO ANUNCIA MUDANÇAS NO FGTS

 

História por Redação • Catraca Livre

Lucro do FGTS é antecipado! Saiba quando você receberá© Agência Brasil/Marcelo Camargo

Créditos: Agência Brasil

Recentemente, o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, declarou que a modalidade de saque-aniversário do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) seria extinta. Porém, com a polêmica, Marinho voltou atrás e o Governo Federal anunciou que haverá mudanças, porém, elas passarão por votação no Supremo Tribunal Federal (STF).

Saiba informações PRIVILEGIADAS do seu FGTS© Agência Brasil

Nos dias atuais, o empregado demitido sem justa causa fica com uma parte do saldo da conta do FGTS restrita. Ele pode sacar uma parte do valor na modalidade de saque-aniversário que, como o próprio nome diz, é disponibilizada ao trabalhador no mês de seu aniversário, mas é preciso que ele faça esta adesão.

Com as mudanças que virão, a intenção do governo é liberar esse saldo do FGTS, que fica restrito para trabalhadores que foram demitidos, sem justa causa, a partir de 2020.

Além desta mudança, o próprio Supremo Tribunal Federal (STF) estuda o aumento do índice de correção nas contas do FGTS. A análise deve ser retomada pelos ministros ainda este mês de outubro.

O que é FGTS?

Um dos principais objetivos do FGTS é proporcionar aos trabalhadores uma segurança financeira no momento de sua demissão sem justa causa.

Criado pela Lei nº 5.107, o FGTS começou a vigorar em 1º de janeiro de 1967, para proteger o trabalhador demitido sem justa causa. O benefício funciona como uma espécie de poupança, onde o empregador ou tomador de serviço deposita um valor, mensalmente, na conta do trabalhador.

Esse valor corresponde a 8% do salário bruto pago ao trabalhador. Para os contratos de trabalho firmados nos termos da lei nº 11.180/05 (Contrato de Aprendizagem), o percentual é reduzido para 2%.

No caso de trabalhador doméstico, o recolhimento é correspondente a 11,2 %, sendo 8% a título de depósito mensal e 3,2% a título de antecipação do recolhimento rescisório. É importante ressaltar que o FGTS não é descontado do salário, pois é uma obrigação do empregador.

GOVERNO LIBERA AUXÍLIO-DOENÇA SEM PERÍCIA MÉDICA

História por Redação • Catraca Livre

INSS dispensa perícia médica para auxílio-doença; entenda© Agência Brasil

Créditos: Agência Brasil/Marcello Casal Jr

Com o objetivo de diminuir as enormes filas para a concessão do auxílio-doença, o Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) anunciou que já está liberando o auxílio-doença sem necessidade de perícia médica. Até então, a perícia médica era fundamental para a liberação deste benefício para trabalhadores que ficaram afastados do trabalho por 15 dias corridos.

INSS: Mudança SURPREENDENTE no auxílio-doença acaba de sair© Agência Brasil/Marcello Casal Jr

Segundo o Governo Federal, a medida foi adotada pelo Ministério da Previdência Social, que enfrenta um acúmulo de pedidos do “auxílio por incapacidade temporária”, nome oficial do benefício conhecido como auxílio doença.

Conforme dados da Agência Brasil, atualmente, a fila para de pessoas aguardando a liberação deste benefício conta com mais de 1,1 milhão de trabalhadores com carteira assinada. Desses, mais de 600 mil ainda aguardam o agendamento de perícia médica.

Como solicitar o auxílio doença

Agora o INSS está autorizado a liberar o auxílio doença somente com análise de documentos como atestados e laudos médicos, sem que o trabalhador formal precise agendar uma perícia presencial com médico federal.

Para solicitar seu auxílio doença, o segurado do INSS deve fazer o seguinte:

Acessar o plataforma Atestmed – enviar toda documentação, com assinatura verificável de profissionais registrados

No caso de acidente de trabalho, é obrigatória a apresentação também da Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT).

 

ATÉ QUE PONTO A LIDERANÇA DEVE FICAR ENVOLVIDA COM OS SEUS FUNCIONÁRIOS

Fábio Câmara, fundador e CEO da FCamara, compartilha aprendizados na gestão de uma das maiores empresas de tecnologia e inovação do país

Até que ponto a liderança deve estar envolvida com seus profissionais? Esse é um debate que tem chamado a atenção de grande gestores, pois todos buscam a harmonia no ambiente corporativo e uma equipe trabalhando em prol do mesmo objetivo. No entanto, existe um limite tênue entre um clima sociável e outro amigável demais — é o que defende Fábio Câmara, fundador e CEO da FCamara, ecossistema de tecnologia e inovação que potencializa o futuro de negócios.

Câmara conta que as dificuldades em adquirir e reter bons talentos o levou a uma virada de chave que mudou a sua forma de gerir os negócios. Há alguns anos, na época da criação de sua empresa, havia uma baixa de profissionais qualificados na área de TI, tornando hostil o ambiente entre organizações, que passaram a abordar os profissionais -umas das outras. Com isso, os gestores começaram a oferecer benefícios diversos e salários mais altos aos seus próprios profissionais, criando vínculos sólidos o suficiente para convencê-los a não “trocar de barco” quando fossem procurados por head hunters.

“Em um primeiro momento, eu apostei no viés da personalidade. Minha estratégia era ficar o mais próximo possível dos profissionais, de modo a desenvolver neles um sentimento de fidelização a mim e à nossa empresa. Foi assim que eu me tornei amigo de muitas pessoas do meu time, apostando nessa relação como elemento fundamental para manter na companhia os talentos mais promissores”, conta o CEO.

Fábio defende que a estratégia pode até funcionar no início, mas não se sustenta por muito tempo. Ele destaca que, mesmo driblando as vantagens financeiras oferecidas pelas concorrentes, percebeu que isso criava vícios perigosos para a organização. À medida que tratava os profissionais com pessoalidade, ele observou que os colegas acabavam mergulhando numa zona de conforto por confiar que a relação bastaria para mantê-los no cargo.

“Em um workshop voltado para liderança e gestão de negócios, um dos facilitadores propôs a seguinte reflexão: escrever os nomes dos principais líderes da minha empresa e dizer quais eram suas atividades. Automaticamente, dois gestores do time me vieram à mente. Para minha surpresa, porém, eu não consegui responder qual era a função exata deles na FCamara. Ambos faziam de tudo um pouco — e quem faz de tudo um pouco provavelmente não faz nada de muito valioso”, conta.

Para Câmara, ficou claro que o vínculo por pessoalidade quase sempre vai evoluir para a perda da função esperada dentro da companhia.

O CEO destacou três dicas fundamentais – e nada convencionais – que podem ajudar líderes a tratarem situações parecidas. Elas fazem parte do seu livro Mentor Empreendedor, publicação que fala sobre gestão, negócios, carreira e empreendedorismo, com temáticas que permeiam o universo corporativo de forma prática. Confira:

Certo afastamento entre chefe e equipe pode ser necessário

Mesmo que as pessoas tenham um olhar de reprovação, muitas vezes o distanciamento é o melhor a se fazer. “No meu caso, paguei um preço alto, fui chamado de antissocial. Muita gente não entendia a migração comportamental do líder-amigo para o empreendedor-objetivo. Por mais que me doesse por dentro, solitariamente eu sofri a mudança, mas me mantive fiel a ela. Percebi que esse tipo de aproximação não precisa cruzar a fronteira da pessoalidade. Ao sentir o suporte e a confiança por parte da gestão, cada indivíduo recebe uma dose extra de autonomia e crescimento intelectual como consequência, fortalecendo o vínculo sem atravessar limites importantes”, continua Fábio.

Invista no desenvolvimento de todos os níveis da companhia

De estagiário aos gestores e sócios, todo mundo pode se beneficiar com um processo de orientação contínua sobre como ser um profissional melhor. Esse tipo de prática não é muito comum na maioria das empresas, especialmente entre os cargos mais altos. Mesmo assim, a reciclagem pode fazer os líderes ponderarem sobre seus comportamentos e a eficácia de sua persona corporativa, promovendo a busca por melhorias.

Saiba diferenciar o empreendedor do empresário

Apesar de parecerem sinônimos, o empreendedor é movido pela iniciativa operativa, pela vontade de construir. Sua principal característica é acreditar naquilo que quase ninguém crê, pois ele atua para transformar suas visões e sonhos em um projeto ou solução concreta.

Já o empresário é o administrador das muitas exigências do mundo corporativo. Sendo assim, não basta ser o melhor operador e o melhor vendedor das soluções da sua empresa ou de um projeto de negócio, é preciso dominar diversas exigências do mercado e aplicá-las no dia a dia com as pessoas envolvidas em seu universo.

Mindset correto é o que vai fazer você alcançar (ou não) o sucesso

Junior Borneli, co-fundador do StartSe

Mulher negra e sorridente segurando um IPad e olhando para frente (Fonte: Getty Images)

Mindset é a sua programação mental, é como você encara tudo que está ao teu redor

Mindset. Você já ouviu essa palavinha algumas vezes aqui no StartSe. Ela é importante, talvez uma das coisas mais importantes para “chegar lá” (seja lá onde for que você quiser chegar).

É sua habilidade de pensar o que você precisa para ter sucesso. E como a maioria das coisas que você possui dentro de você, ela é uma espécie de programação do seu ser. Tanto que é possível que você adquira outro mindset durante a vida, convivendo com as pessoas corretas, conhecendo culturas diferentes.

Algumas pessoas dizem que é isso das pessoas que faz o Vale do Silício ser a região mais inovadora do mundo. Eu, pessoalmente, não duvido. Fato é: você precisa de ter a cabeça no lugar certo, pois a diferença entre um mindset vencedor e um perdedor é o principal fator entre fracasso e sucesso.

Para isso, é importante você começar do ponto inicial: um objetivo. “Todo empreendedor precisa ter um objetivo. Acordar todos os dias e manter-se firme no propósito de fazer o máximo possível para chegar lá é fundamental”, diz Junior Borneli, co-fundador do StartSe e uma das pessoas mais entendidas de mindset no ecossistema brasileiro.

De lá, é importante você fazer o máximo que puder e não perder o foco, mantendo-se firme. “Não importa se no final do dia deu tudo certo ou errado. O importante é ter a certeza de que você fez tudo o que foi possível para o melhor resultado”, avisa.

Com a atitude certa, é capaz que você sempre consiga canalizar as coisas como positivas. “Você sempre tem duas formas de olhar um a mesma situação: aquela em que você se coloca como um derrotado e a outra onde você vê os desafios como oportunidades. Escolha sempre o melhor lado das coisas, isso fará com que sua jornada seja mais leve”, alerta o empreendedor.

Esses tipo de sentimento abre espaço para uma característica importantíssima dos principais empreendedores: saber lidar com grandes adversidades. “Um ponto em comum na maioria os empreendedores de sucesso é a superação”, destaca Junior Borneli.

Saber lidar com essas adversidades vai impedir que você pare no primeiro problema (ou falência) que aparecer na sua frente. “São muito comuns as histórias de grandes empresários que faliram várias vezes, receberam diversos ‘nãos’ e só venceram porque foram persistentes”, afirma.

É importante ter esse mindset resiliente, pois, nem sempre tudo será fácil para você – na verdade, quase nunca será. “Empreender é, na maior parte do tempo, algo muito doloroso. Até conseguir algum resultado expressivo o empreendedor passa por muitos perrengues. A imensa maioria fica pelo caminho”, diz.

É como uma luta de boxe, onde muitas vezes, para ganhar, você terá que apanhar e apanhar e apanhar até conseguir desferir o golpe (ou a sequência) certo. “Na minha opinião, não há melhor frase que defina a trajetória de um empreendedor de sucesso do que aquela dita por Rocky Balboa, no cinema: ‘não importa o quanto você bate, mas sim o quanto aguenta apanhar e continuar. É assim que se ganha’”, ilustra.

O problema talvez seja que alguns aspectos do empreendedorismo tenham glamour demais. “Empreender não é simplesmente ter uma mesa com super-heróis e uma parede cheia de post-its coloridos. Você vive numa espécie de montanha russa de emoções, onde de manhã você é ‘o cara’ e à tarde não tem dinheiro pro café”, salienta.

Vale a pena, porém, perseverar neste caminho. “Para aqueles que são persistentes e têm foco, a jornada será difícil, mas o retorno fará valer a pena!,” destaca o empreendedor.

DERROTA TAMBÉM ENSINA

Um ponto importante do sucesso é saber lidar com o fracasso e, de lá, tomar algumas lições para sair mais forte ainda. “Toda derrota nos ensina algumas lições e assim nos tornamos mais fortes a cada nova tentativa. A cultura do fracasso, aqui no Brasil, é muito diferente dos Estados Unidos”, afirma Junior.

No Vale do Silício, falhar é encarado algo bom, na verdade – e aumenta suas chances de sucesso futuro. “Por lá, empreendedor que já falhou tem mais chances de receber investimentos porque mostrou capacidade de reação e aprendeu com os erros”, conta o empreendedor.

Mas ao pensar sobre fracasso, você precisa ter o filtro correto para não deixar a ideia escapar. “Encarar os erros como ensinamentos e entender que falhar é parte do jogo torna as coisas mais fáceis e suportáveis”, salienta.

Foco é a palavra de ordem para você conseguir alcançar os objetivos traçados no caminho, mesmo que em alguns momentos pareça que está tudo dando errado. “Por fim, buscar o equilíbrio mental e o foco são fundamentais. Nas vitórias, tendemos a nos render à vaidade e ao orgulho. E nas derrotas nos entregamos ao desânimo e a depressão. Mentalize seus objetivos, foque nos caminhos que vão leva-lo até eles e siga firme em frente”, afirma.

É importante que você tenha noção de que para ser uma exceção, você não pode pensar da maneira comodista que a maior parte das pessoas. “Se você quer chegar onde poucos chegaram, precisará fazer o que poucos têm coragem e disposição para fazer”, completa.

                   O “não” do cliente a uma proposta. Por quê?                  

Moysés Peruhype Carlech

Fiquei pensando e ao mesmo tempo preocupado com o seu “não”, sem nenhuma explicação, à nossa proposta de divulgação da sua loja e de resto todas as lojas dessa cidade no Site da nossa Plataforma Comercial da Startup Valeon.

Esse “não” quer dizer, estou cheio de compromissos para fazer pagamentos mensais, não estou faturando o suficiente para cobrir as minhas despesas, a minha loja está vendendo pouco e ainda me vem mais uma “despesa” de publicidade da Startup Valeon?

Pergunto: como vou comprar na sua loja? Se não sei qual é a sua localização aí no seu domicílio? Quais os produtos que você comercializa? Se tem preços competitivos? Qual a sua interação online com os seus clientes? Qual o seu telefone de contato? Qual é o seu WhatsApp?

Hoje em dia, os compradores não têm tempo suficiente para ficarem passeando pelos Bairros e Centros da Cidade, vendo loja por loja e depois fazendo a decisão de compra, como antigamente.

A pandemia do Covid-19 trouxe consigo muitas mudanças ao mundo dos negócios. Os empresários precisaram lutar e se adaptar para sobreviver a um momento tão delicado como esse. Para muitos, vender em Marketplace como o da Startup Valeon se mostrou uma saída lucrativa para enfrentar a crise. Com o fechamento do comércio durante as medidas de isolamento social da pandemia, muitos consumidores adotaram novos hábitos para poder continuar efetuando suas compras. Em vez de andar pelos corredores dos shoppings centers, bairros e centros da cidade, durante a crise maior da pandemia, os consumidores passaram a navegar por lojas virtuais como a Plataforma Comercial Valeon. Mesmo aqueles que tinham receio de comprar online, se viram obrigados a enfrentar essa barreira. Se os consumidores estão na internet, é onde seu negócio também precisa estar para sobreviver à crise e continuar prosperando.

É importante você divulgar a sua loja na internet com a ajuda do Site da Startup Valeon, que no caso não é uma despesa a mais e sim um investimento para alavancar as suas vendas. Desse modo, o seu processo de vendas fica muito mais profissional, automatizado e eficiente.  Além disso, é possível a captação de potenciais compradores e aumentar o engajamento dos seus clientes.

Não adianta pensar dessa forma: “Eu faço assim há anos e deu certo, porque eu deveria fazer diferente? Eu sei o que preciso fazer”. – Se você ainda pensa assim, essa forma de pensar pode representar um grande obstáculo para o crescimento do seu negócio, porque o que trouxe você até aqui é o que você já sabe e não será o que levará você para o próximo nível de transformação.

O que funcionava antes não necessariamente funcionará no futuro, porque o contesto está mudando cada vez mais rápido, as formas como os negócios estão acontecendo são diferentes, os comportamentos dos consumidores está se alterando, sem contar que estão surgindo novas tecnologias, como a da Startup Valeon, que vão deixar para trás tudo aquilo que é ineficiente.

Aqui, na Startup Valeon, nós sempre questionamos as formas de pensar e nunca estamos totalmente satisfeitos com o que sabemos justamente por entender que precisamos estar sempre dispostos a conhecer e aprender com o novo, porque ele será capaz de nos levar para onde queremos estar.

Mas, para isso acontecer, você precisa estar disposto a absorver novas formas de pensar também e não ficar amarrado só ao que você já sabe.

Se este for seu caso, convido você a realizar seu novo começo por meio da nossa forma de anunciar e propagar a sua empresa na internet.

Todos eles foram idealizados para você ver o seu negócio e a sua carreira de uma forma completamente diferente, possibilitando levar você para o próximo nível.

Aproveite essa oportunidade para promover a sua próxima transformação de vendas através do nosso site.

Então, espero que o seu “não” seja uma provocação dizendo para nós da Startup Valeon – “convença-me”.

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Site: https://valedoacoonline.com.br/

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domingo, 8 de outubro de 2023

ISRAEL REVIDA O SURPREENDENTE ATAQUE DO HAMAS

 

História por Jeremy Bowen – Editor internacional da BBC News Brasil

Israel lançou uma onda de ataques aéreos contra Gaza após ataque palestino ao seu território© Getty Images

Israel foi pega de surpresa pela operação mais ambiciosa que o Hamas já lançou a partir de Gaza.

A magnitude do que vem acontecendo é sem precedentes. O Hamas violou a cerca que separa Gaza de Israel em vários lugares no ataque transfronteiriço mais sério que Israel enfrentou em mais de uma geração.

Isso aconteceu um dia após o 50º aniversário do ataque surpresa do Egito e da Síria em 1973, que deu início a uma grande guerra no Oriente Médio. O significado da data não terá escapado aos líderes do Hamas.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirma que seu país está em guerra e fará os inimigos pagarem um preço alto.

Vídeos e fotos de israelenses mortos, civis e soldados, estão por toda parte nas redes sociais.

Outros vídeos de homens armados do Hamas levando soldados e civis como reféns em Gaza enfureceram e alarmaram os israelenses.

Dentro de horas, Israel estava respondendo com ataques aéreos em Gaza, matando muitos palestinos. Seus generais estarão planejando uma operação terrestre em seguida.

presença de reféns israelenses lá torna tudo ainda mais complicado do que incursões anteriores.

Há meses, estava claro que havia um risco crescente de uma explosão entre grupos armados palestinos e Israel. Como e onde isso aconteceu foi uma total surpresa, fora da ala armada do Hamas.

Israelenses e palestinos têm se concentrado na Cisjordânia, o território entre Jerusalém e a fronteira jordaniana que Israel ocupa desde 1967, onde tem havido confrontos e violência quase contínuos ao longo do ano.

Palestinos armados, especialmente aqueles que operam nas cidades da Cisjordânia de Jenin e Nablus, têm atacado soldados israelenses e colonos judeus.

O exército israelense realizou dezenas de incursões. Colonos armados tomaram a lei em suas próprias mãos, com represálias contra vilarejos palestinos.

Nacionalistas religiosos extremistas dentro do governo de direita de Israel repetiram sua alegação de que os territórios ocupados, em sua totalidade, são terras judias.

Ninguém esperava que o Hamas concebesse e planejasse meticulosamente uma operação tão complexa e coordenada a partir de Gaza.

O braço armado do Hamas, as Brigadas Izz ad-Din al-Qassam, seguram uma bandeira palestina enquanto destroem um tanque das forças israelenses em Gaza© Getty Images

Já começaram as recriminações em Israel sobre o fracasso de seus serviços de inteligência em antever o que estava por vir. Os israelenses esperam que uma extensa rede de informantes, agentes e vigilância de alta tecnologia faça o seu trabalho.

No final das contas, a inteligência israelense foi pega de surpresa pela operação do Hamas, que ocorreu quando os israelenses estavam relaxando ou rezando durante o fim de semana de um feriado religioso.

O Hamas afirmou que agiu devido às ameaças às mesquitas de Jerusalém. Na semana passada, alguns judeus rezaram dentro do complexo da Mesquita de Al-Aqsa, o terceiro local mais sagrado para os muçulmanos, após Meca e Medina, na Arábia Saudita.

O mesmo local também é venerado pelos judeus, pois foi o local do antigo Templo Judaico bíblico. A oração de judeus religiosos no que eles chamam de Monte do Templo pode não parecer muito, mas é proibida por Israel, pois os palestinos consideram isso altamente provocativo.

Mesmo assim, pelos padrões de Jerusalém, sempre uma caixa de fósforos de conflitos nacionais e religiosos, não estava excepcionalmente tenso.

A complexidade da operação do Hamas mostra que ela foi planejada ao longo de meses. Não foi uma resposta apressada aos eventos em Jerusalém nas últimas semanas.

As razões pelas quais o Hamas e Israel estão mais uma vez em guerra são muito mais profundas. O conflito entre israelenses e palestinos tem se intensificado mesmo quando está longe das manchetes das organizações de notícias internacionais.

Mesmo assim, tem sido amplamente ignorado por países que ainda oficialmente pedem a paz por meio de uma solução de dois estados, o que significaria a coexistência de um Estado Palestino independente ao lado de Israel.

Por um tempo, durante o processo de paz de Oslo dos anos 90, a perspectiva de dois estados era uma esperança real. Agora, é um slogan vazio.

O conflito entre palestinos e israelenses não tem sido uma prioridade para a administração do presidente Joe Biden em Washington DC. Eles têm tentado encontrar uma maneira de oferecer garantias de segurança à Arábia Saudita em troca de uma reaproximação com Israel.

A última tentativa americana de relançar um processo de paz fracassou há uma década, durante a administração do presidente Barack Obama.

No cerne dos problemas está o conflito centenário, intratável e não resolvido entre árabes e judeus pelo controle da terra entre o Mar Mediterrâneo e o rio Jordão. Esses eventos rapidamente escalados provam mais uma vez que o conflito não pode simplesmente ser gerenciado. Quando é deixado para ferver, a violência e o derramamento de sangue são garantidos.

NORDESTE É BENEFICIADO COM INCENTIVOS FISCAIS

 

História por RANIER BRAGON E JOÃO GABRIEL • Folha de S. Paulo

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O Congresso Nacional está na fase final de tramitação para aprovar a prorrogação até 2028 de incentivos fiscais concedidos a empresas que atuam nas áreas da Sudam (Região Norte) e Sudene (Nordeste), além de incluir a Sudeco (Centro-Oeste).

As desonerações de impostos a projetos das regiões Norte e Nordeste para 2023 foram estimadas em R$ 14,5 bilhões.

Apesar de haver outro projeto sobre o tema que inclui a necessidade de contrapartidas socioambientais às empresas beneficiadas, o texto já aprovado pela Câmara e pelo Senado, pendente apenas de uma última análise, não traz nenhuma exigência.

O atual programa de incentivos vence em 31 de dezembro.

A Sudene (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste, que engloba ainda alguns municípios de Minas Gerais e Espírito Santo), a Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia) e a Sudeco (Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste) são autarquias federais que têm o objetivo de promover o crescimento das regiões de abrangência.

Para Alessandra Cardoso, assessora política do Inesc (Instituto de Estudos Socioeconômicos), os programas causam prejuízo aos cofre públicos “sem avaliação crível de efetividade”.

“Renová-los novamente, em um cenário fiscal crítico e sem qualquer critério ambiental e social, seria uma prova absurda da falta de compromisso com a transformação econômica e ecológica que tanto se fala no discurso. Estender os mesmos incentivos para a região Centro-Oeste é uma medida ainda mais irresponsável”, afirma.

Um estudo do instituto mostra que Sudam e Sudene, que abarcam a região da Amazônia Legal, tem servido para beneficiar principalmente atividades com grande potencial de impacto negativo sobre o ambiente.

No total, dos R$ 42,3 bilhões em isenção distribuídos, R$ 22 bilhões (54%) foram direcionados para mineração, energia e petróleo.

O levantamento aponta que, de 2010 a 2022, entre as cinco atividades econômicas mais contempladas com projetos aprovados pela Sudam estão a infraestrutura (onde entram projetos de energia e gás), minerais e químicos (que inclui a produção de petróleo e seus derivados).

Os incentivos fiscais para o Nordeste e a Amazônia têm origem nos anos 1960. A Constituição de 1988 estabelece no seu artigo 151 a permissão de “concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico entre as diferentes regiões do país”.

Em 2001, na gestão do então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), foi editada a medida provisória 2.199-14, que concedia até 2013 redução de 75% do Imposto de Renda calculado com base no lucro da exploração e uso de 30% do Imposto de Renda devido para reinvestimento pelas empresas.

Esses incentivos sofreram prorrogações pelo Congresso desde então, sendo a última na transição entre os governos Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL), no final de 2018, quando estabeleceu-se o prazo-limite atual, 31 de dezembro de 2023.

O projeto de lei 4.416/2021, que prorroga os benefícios a 2028, foi aprovado pela Câmara em agosto. Ele é de autoria do deputado Júlio Cesar (PSD-PI).

No Senado, o texto foi aprovado em cerca de um mês. O senador Beto Faro (PT-PA) apresentou emenda (e também projeto) estabelecendo que as empresas beneficiadas desenvolvam atividades compatíveis “com o enfrentamento da pobreza e da concentração fundiária, a transição para a economia de baixo carbono, a valorização da biodiversidade” e em consonância aos compromissos assumidos pelo Brasil no Acordo do Clima de Paris.

A emenda, porém, foi rejeitada pelo relator, o senador Otto Alencar (PSD-BA). O projeto apresentado já recebeu parecer favorável, mas ainda aguarda votação em comissão.

O relator, no entanto, acatou proposta da bancada ruralista e incluiu a Sudeco na lista de beneficiários. Por causa dessa emenda, o texto teve que voltar para nova análise dos deputados.

No último dia 26, o deputado Júlio Cesar apresentou requerimento de tramitação da proposta em regime de urgência. O pedido foi assinado por líderes dos dois principais blocos partidários da Casa, Doutor Luizinho (PP-RJ) e Antonio Brito (PSD-BA).

Após a aprovação pela Câmara, o projeto seguirá para sanção ou veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Em 2019, Bolsonaro sancionou a prorrogação até 2023, mas vetou a inclusão da Sudeco, também aprovada naquela época pelo Congresso.

A equipe econômica de Paulo Guedes (Economia) era contra, na época, mas acabou concordando com a prorrogação para não se indispor com as bancadas do Norte e do Nordeste do Congresso em meio às negociações para a reforma da Previdência.

A Folha procurou o Ministério da Fazenda, que tem tratado do tema com congressistas, mas a pasta afirmou que não comenta projetos em tramitação.

Julio Cesar disse ser favorável à inclusão da Sudeco, afirmando que a rejeição dessa emenda do Senado criaria uma indisposição com a bancada ruralista.

Em seu parecer, ele afirma que, caso os incentivos sejam encerrados, “a capacidade de investimento das empresas instaladas no Norte e Nordeste reduzirá drasticamente”.

Otto Alencar escreveu no seu relatório que apoia a prorrogação porque “os indicadores econômicos e sociais das regiões Norte e Nordeste ainda são inferiores aos do restante do país”.

Sobre a Sudeco, ele disse ter incorporado a emenda ao projeto por questão de isonomia. A rejeição à emenda com exigências socioambientais ocorreu porque, “embora seu objetivo seja indiscutivelmente positivo”, ele afirmou que as contrapartidas teriam de ser mais claramente definidas.

Julio César disse à Folha que em nenhum momento da tramitação na Câmara foi sugerida a proposta de exigir contrapartidas socioambientais à concessão dos benefícios.

Os relatórios sobre o projeto no Congresso reproduzem dados da Sudene segundo os quais, de 2013 a 2020, foram mais de 2.900 projetos aprovados, com 1,2 milhão de empregos gerados em investimentos que somaram R$ 248 bilhões. A renúncia fiscal citada no período foram mais de 2.900 projetos aprovados, com 1,2 milhão de empregos gerados em investimentos que somaram R$ 248 bilhões. A renúncia fiscal citada no período foi de R$ 30 bilhões.

REFORMA ADMINISTRATIVA URGENTE PARA EVITAR OS PENDURICALHOS

História por IDIANA TOMAZELLI • Folha de S. Paulo

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A aprovação da PEC (proposta de emenda à Constituição) do quinquênio, que concede um adicional remuneratório a juízes, procuradores e defensores, virou instrumento de barganha no Senado em troca do avanço no projeto que combate supersalários no serviço público.

A proposta que busca limitar os penduricalhos usados para burlar o teto remuneratório, hoje em R$ 41.650,92, tem o apoio do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que é alvo de uma cobrança cada vez maior por uma reforma administrativa para rever gastos com o funcionalismo.

No entanto, o projeto está parado no Senado e até agora não foi pautado pelo presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). O texto aguarda designação de um relator desde agosto de 2021.

Segundo interlocutores, Pacheco tem sinalizado em conversas com parlamentares e membros do Executivo que, para avançar no projeto dos supersalários, é “fundamental” promover também uma “valorização da carreira” no Judiciário, no Ministério Público e na Defensoria.

A PEC do quinquênio seria a ferramenta para essa valorização. O texto resgata um benefício extinto em 2006 e prevê a concessão de um adicional de 5% do salário a cada cinco anos de serviço. A verba ficaria livre do teto remuneratório e seria concedida a quem já está na carreira e a quem já está aposentado.

O governo Lula é contra sua aprovação, pois a medida poderia gerar um efeito cascata sobre as demais carreiras e também sobre estados e municípios.

Além disso, é justamente o Judiciário um dos que mais contam hoje com penduricalhos para turbinar os salários. A aprovação da PEC acabaria anulando boa parte do efeito esperado com o combate aos supersalários na administração pública.

A PEC chegou a ser pautada no plenário do Senado no fim de 2022, mas teve a votação adiada por falta de consenso e por dúvidas quanto ao seu impacto financeiro. Hoje, ela está arquivada, mas pode voltar a tramitar mediante requerimento de algum senador.

Segundo interlocutores de Pacheco, o raciocínio é que, ao resolver o problema dos supersalários, o Judiciário ficará com espaço disponível em seu Orçamento, que poderia ser usado para promover a reestruturação da carreira.

No fim do ano passado, Pacheco também exercia a Presidência da Casa e defendeu a conjugação da medida com o projeto dos supersalários. “Mais do que um compromisso desta Presidência com o Poder Judiciário em relação a uma matéria de reestruturação de carreira, esse é um compromisso com a Justiça brasileira”, disse em 30 de novembro de 2022.

Segundo ele, a carreira requer “dedicação exclusivíssima”, e a recriação do quinquênio “evita uma distorção” ao permitir remuneração maior para quem está no fim da carreira.

“Nós não podemos, definitivamente, permitir que esta carreira seja aviltada, que ela seja menosprezada, que ela não seja atrativa para aqueles que estejam num banco de escola fazendo a faculdade de direito, como eu já fiz no passado”, afirmou o presidente do Senado na ocasião.

“Essa percepção nós temos que ter, e abolir o discurso fácil de que isso é simplesmente um privilégio, porque nós só estamos cortando os privilégios ao longo dos últimos anos em relação a magistrados, mas estamos deixando de reconhecer aquilo que é de direito deles”, acrescentou.

Ao longo deste ano, o governo Lula tem tentado dialogar com Pacheco sobre a possibilidade de pautar a proposta que combate os supersalários, mas sem deflagrar a retomada da PEC do quinquênio.

Segundo relatos colhidos pela Folha de S.Paulo, a ministra Esther Dweck (Gestão e Inovação) tratou do tema com Pacheco em reunião realizada para conversar originalmente sobre a PEC que incorpora servidores dos ex-territórios federais aos quadros da União, em meados de setembro. A posição do presidente do Senado, porém, permaneceu a mesma, assim como a do governo.

A esperança do Executivo agora é que, com o envio dos demais projetos de lei que compõem a reforma administrativa do governo Lula, se crie uma mobilização que pressione o Senado a avançar na pauta no bojo dessa agenda. Os técnicos da Gestão têm feito reuniões semanais para discutir as propostas, e seu envio é aguardado para o fim do ano ou início de 2024.

O governo ainda está mapeando os possíveis impactos das propostas para as contas públicas. No entanto, números preliminares dão uma ideia de como a PEC pode anular os efeitos do projeto contra os supersalários.

Um estudo divulgado pelo CLP (Centro de Liderança Pública) afirma que a regulamentação do teto remuneratório do funcionalismo pode gerar uma economia de R$ 3,9 bilhões ao ano. A cifra considera os servidores da União, de estados e municípios que recebem verbas acima do limite.

Apenas no governo federal, a economia seria de R$ 0,9 bilhão ao ano. O governo estima que boa parte disso se concentre no Judiciário, no Legislativo e no MP, pois o chamado “abate teto” já é aplicado com mais rigor no Executivo.

Já a PEC do quinquênio pode gerar um custo adicional de R$ 4,5 bilhões para União, estados e municípios, segundo cálculos feitos por técnicos do governo no ano passado. Uma eventual extensão da benesse a todas as carreiras elevaria o gasto anual a R$ 10 bilhões nas três esferas.

O governo está refinando esses números e planeja fazer um mapeamento mais detalhado, por Poderes e carreiras.

Para isso, a Gestão conta com apoio da SPE (Secretaria de Política Econômica), ligada ao Ministério da Fazenda. A colaboração foi um dos frutos da reunião de Esther Dweck com os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Simone Tebet (Planejamento e Orçamento), realizada em 5 de setembro.

Após o encontro, feito em meio à pressão do presidente Arthur Lira (PP-AL) por uma reforma administrativa, Haddad defendeu a aprovação da proposta que limita os supersalários.

“Vou citar um exemplo: a lei dos supersalários, uma lei que já foi votada na Câmara, está no Senado e pode disciplinar uma coisa importante de pôr fim a determinados privilégios e significar uma economia robusta para o Estado brasileiro”, disse.

O governo vai criar um grupo de trabalho interministerial para fechar a proposta de reforma administrativa, que inclui não só este projeto, mas também outras mudanças na lei de cotas e no formato dos concursos. Já a PEC da reforma administrativa enviada pelo governo Jair Bolsonaro (PL) é rejeitada pela atual administração.

 

MUITA VERBA PARA OS CONGRESSISTAS E POUCA APLICAÇÃO PRÁTICA

História por MATEUS VARGAS, THIAGO RESENDE E RANIER BRAGON • Folha de S. Paulo

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Os 594 congressistas assumiram nos últimos dez anos um poder inédito de manejo individual das verbas do Orçamento federal, mas os problemas na aplicação desse dinheiro se mantêm: falta de transparência, de critérios estruturantes, desperdício, obras malfeitas, favorecimento político e suspeitas de corrupção.

A estimativa para 2023 é de R$ 46,3 bilhões para as chamadas emendas parlamentares, o que representa quase 30% de tudo o que o governo federal tem para uso livre.

O valor soma a verba que foi rebatizada com o fim das emendas do relator, mas mantém critério político para distribuição.

Com isso, cada um dos 513 deputados federais tem o poder de direcionar ao menos R$ 32 milhões do orçamento para seus redutos eleitorais. Já os 81 senadores, R$ 59 milhões.

Esses valores –que representam o dobro ou o triplo do que tinham há dez anos, apesar de a inflação no período ser de cerca de 70%– são ainda maiores caso o parlamentar exerça alguma influência no Congresso ou sobre o governo.

Como a Folha e outros veículos de imprensa mostraram em diversas reportagens nos últimos anos, emendas estão no centro de suspeitas de corrupção com verba da saúde e para pavimentação, além de serem usadas para obras malfeitas e cuja aplicação deixa de lado critérios técnicos e estruturantes, para privilegiar interesses paroquiais e eleitoreiros.

Locais com escassez de água no sertão nordestino, por exemplo, foram deixados de lado na entrega de caixas d’água no ano passado, enquanto equipamentos estão estocados em redutos de líderes do Congresso.

Líder do centrão, o grupo que encabeça a pressão pela elevação do dinheiro federal para as emendas, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), é um defensor público do mecanismo, sob o argumento de que os parlamentares são os maiores conhecedores das necessidades dos grotões. Ele diz que basta coibir eventuais irregularidades.

“Eu sempre defendi emenda parlamentar e continuarei defendendo, porque ninguém conhece mais o Brasil do que o parlamentar”, disse recentemente o presidente da Câmara, em entrevista à Folha.

A realidade, porém, é repleta de exemplos que vão no sentido contrário a essa afirmação.

Destino de bilhões em emendas, a Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba) acumula suspeitas de corrupção e registros de uso inadequado da verba federal.

A Folha percorreu recentemente cinco estados do Nordeste e flagrou distorções na entrega de caixas d’água em regiões secas, uma das funções da companhia. O dinheiro para a compra dos equipamentos foi drenado pelas emendas, mas há moradores esquecidos pelas indicações parlamentares.

Dados obtidos via Lei de Acesso à Informação mostram que 201 dos 228 municípios com prioridade alta ou muito alta (88%) não receberam nenhum equipamento.

No governo Bolsonaro, a companhia se afastou da vocação histórica de promover projetos de irrigação e passou a escoar verbas de emendas em obras de pavimentação e maquinários. Lula (PT) manteve o comando da Codevasf em troca de apoio no Congresso.

A Polícia Federal e órgãos de controle ainda apuram se verba da estatal foi desviada. Um dos inquéritos avalia se o ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil-MA), foi beneficiado com o dinheiro de obras de pavimentação executadas por empresa suspeita de corrupção. Juscelino nega qualquer irregularidade.

No início do ano, o TCU (Tribunal de Contas da União) chegou a cobrar que a Codevasf trouxesse a público “casos de sucesso” em licitações de pavimentação da estatal.

A determinação constou em acórdão no qual os auditores do tribunal mostraram irregularidades em vários casos e situações em que a estatal colocou asfalto até em ruas que já estavam pavimentadas.

A CGU (Controladoria Geral da União) já havia flagrado um combo de irregularidades em alguns estados, incluindo asfalto que esfarela como farofa e forma crateras, além de maquiagem na prestação de contas e indícios de superfaturamento.

A Codevasf cresceu na gestão de Jair Bolsonaro (PL) e expandiu seu foco e sua área de atuação –mas sem planejamento e com controle precário de gastos, distorções mantidas sob Lula.

Ao mesmo tempo, a estatal se transformou num dos principais instrumentos para escoar a verba recorde das emendas, distribuídas a deputados e senadores com base em critérios políticos, em especial do centrão.

Em 2021, por exemplo, a Folha foi à região de Petrolina (PE), local de destino de ao menos R$ 200 milhões em emendas para obras de pavimentação destinadas pelo então líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE).

A cidade era administrada por um de seus filhos, Miguel Coelho.

Na cidade, as obras ganharam apelido de farofa ou Sonrisal, em referência ao esfarelamento dos trechos pavimentados.

O pavimento usado derretia com o forte calor e grudava nos calçados dos moradores. Quando secava e se quebrava em pedaços, começava a esfarelar.

A cronologia do fortalecimento do Congresso no manejo do orçamento federal começa no governo Dilma Rousseff (PT), quando o grupo liderado pelo ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha impôs derrotas em série ao governo.

Antes de 2015, a execução das emendas parlamentares era uma decisão política do governo, que poderia ignorar a destinação apresentada pelos congressistas.

Por meio da emenda constitucional 86, de 2015, estabeleceu-se a execução obrigatória das emendas individuais, o chamado orçamento impositivo, com algumas regras.

Foi sob Bolsonaro que os valores apresentaram a maior expansão.

Ele não só abriu mão de bilhões de reais para conseguir formar uma base parlamentar. Ele também deu uma autonomia completa para a cúpula do Congresso decidir para onde todo esse montante seria destinado –os ministros, muitas vezes, apenas recebiam a notificação da decisão do deputado ou senador.

O valor destinado às emendas se multiplicou. Passou de cerca de R$ 10 bilhões anuais para R$ 46 bilhões em 2020.

A cifra das emendas chegou a representar mais da metade da verba discricionária federal prevista, ou seja, dos recursos que não estão comprometidos com salários e outras obrigações e podem ser usados em obras e investimentos públicos.

Lula, durante a campanha eleitoral, criticou esse modelo de negociação com o Congresso e prometeu que os acordos não ficariam às escuras. Mas, quando assumiu a Presidência da República, manteve a falta de transparência e privilegia cidades de deputados e senadores mais poderosos.

Em 2022, o STF (Supremo Tribunal Federal) declarou inconstitucional a emenda de relator. A verba foi rebatizada e transferida ao orçamento dos ministérios, mas o governo Lula driblou a decisão e manteve o uso político dos recursos –há R$ 9,8 bilhões reservados em 2023 para esse tipo de negociação.

Assessora política do Inesc (Instituto de Estudos Socioeconômicos), Alessandra Cardoso afirma que o Legislativo não observa prioridades regionais e políticas públicas ao direcionar os recursos. “Isso distorce completamente a execução orçamentária do governo federal”, diz.

Para o próximo ano, o Congresso já discute um novo formato que continuará fortalecendo a cúpula das duas Casas e deverá reduzir ainda mais o poder de Lula sobre esses recursos.

 

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