sexta-feira, 6 de outubro de 2023

ASSASSINOS DOS MÉDICOS NO RJ FORAM MORTOS PELO COMANDO VERMELHO

 

História por BRUNA FANTTI • Folha de S. Paulo

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A Delegacia de Homicídios apura se os criminosos que assassinaram a tiros três médicos em um quiosque na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio de Janeiro, foram mortos no interior do Complexo da Penha, zona norte da cidade, na manhã desta quinta (5). A informação foi confirmada pela reportagem com investigadores que atuam no caso.

Uma das principais linhas de investigação é a de que o ortopedista Perseu Ribeiro Almeida, 33, foi confundido com Taillon de Alcantara Pereira Barbosa, 26, acusado pelo Ministério Público estadual de integrar a milícia de Rio das Pedras.

A ordem para matar os médicos no quiosque teria partido de Phillip Motta Pereira, o Lesk, responsável pela narcomilícia da Gardênia Azul, zona oeste da cidade, segundo informações de investigadores. A motivação seria uma vingança pela morte de outro miliciano.

A narcomilícia da Gardênia surgiu após uma disputa interna da milícia na região, em dezembro de 2022. Traficantes do Complexo da Penha, na zona norte, liderados por Edgar Alves de Andrade, o Doca, propuseram aliança a Pereira: em troca de armas e homens para tomarem o local, queriam lucros com as máquinas caça-níqueis e a venda de drogas.

Também ofereciam abrigo em seus territórios, como o Complexo da Penha, uma extensão do Complexo do Alemão, as principais bases do Comando Vermelho no Estado.

Devido a esse apoio, a narcomilícia se expandiu na zona oeste, e houve disputas na região. Nos seis primeiros meses deste ano, pelo menos 50 pessoas morreram na região.

Somente uma rua, chamada Araticum, foi apelidada de rua da morte. Nela, 14 pessoas foram assassinadas na disputa entre a narcomilícia e milicianos locais.

Após o crime contra os médicos, os atiradores teriam se refugiado em áreas do Comando Vermelho. Em redes sociais, chegaram a postar que Taillon, que ganhou liberdade condicional há dez dias, havia sido morto. As postagens foram apagadas em seguida.

Imagens de câmeras obtidas pela polícia mostram o veículo utilizado pelos criminosos em uma área próxima a Cidade de Deus, na zona oeste. Eles dizem acreditar que essa tenha sido a primeira parada dos suspeitos.

Com o erro constatado e a repercussão, os traficantes teriam feito um “tribunal do tráfico”. Doca teria ordenado a morte de todos, inclusive do líder da narcomilícia, e avisado à polícia por intermédio de informantes, de acordo com informações de investigadores.

O ataque aos médicos ocorreu no quiosque Nana 2 na orla da Barra da Tijuca, na madrugada desta quinta (5). Eles estavam conversando, comendo e bebendo quando, às 0h50, um carro parou na avenida Lúcio Costa.

A ação dos criminosos durou, no total, 27 segundos. Três deles desceram do carro, dispararam contra as vítimas e voltaram para o veículo. Um quarto envolvido aguardou no volante. Segundo a polícia, foram recolhidos 33 estojos de pistola 9 mm no local do crime.

Uma testemunha que estava no quiosque e prestou depoimento à polícia afirmou que não houve anúncio de assalto antes dos disparos e nenhum pertence das vítimas foi levado pelos criminosos.

Além de Perseu Ribeiro Almeida, foram mortos Marcos de Andrade Corsato, 62, e Diego Ralf de Souza Bomfim, 35, irmão da deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL). Cada um deles foi alvejado por ao menos quatro tiros.

De acordo com o laudo inicial, a maior parte dos tiros atingiu o peito das vítimas —o que reforça, segundo policiais ouvidos pela Folha, a tese de que foi uma execução.

O único sobrevivente foi Daniel Sonnewend Proença, 32. Ele foi transferido do Hospital Municipal Lourenço Jorge para o Hospital Samaritano Barra, na noite desta quinta. O quadro de saúde dele é estável.

DISCUSSÃO NO CONGRESSO SOBRE MANDATO LIMITADO DE JUÍZES DO STF

História por Gabriel de Sousa e Weslley Galzo • Jornal Estadão

BRASÍLIA – Países da Europa, como Itália, França, Alemanha, Espanha e Portugal, adotam mandato com tempo limitado para ministro das Cortes constitucionais. Nos Estados Unidos, o cargo é vitalício. Este modelo é semelhante ao empregado no Brasil, que também é vitalício, mas tem aposentadoria compulsória aos 75 anos. No País, a regra pode ser revista, a depender das ações do Congresso Nacional.

O presidente do SenadoRodrigo Pacheco (PSD-MG), defendeu nesta segunda-feira, 2, a discussão para limitar o período que um ministro atua no Supremo Tribunal Federal (STF). A declaração ocorre em um momento de tensão entre o Legislativo e o Judiciário, com insatisfação dos parlamentares sobre a atuação da Corte.

Países europeus adotam mandato em tribunais constitucionais, mas Brasil adota modelo similar aos EUA Foto: Rosinei Coutinho/SCO/STF© Fornecido por Estadão

“Seria bom para o Judiciário, para a sociedade brasileira, ter uma limitação do mandato de ministro do STF. Agora que já resolverá a segunda vaga de responsabilidade do presidente Lula, é o momento de iniciarmos a discussão no Senado e buscarmos a elevação da idade mínima para ingresso no STF e a fixação de mandatos na Suprema Corte em um tempo que dê estabilidade jurídica para a jurisprudência no País”, disse Pacheco.

(O mandato) É aplicado em outros países do mundo e defendido em diversos segmentos, inclusive por ministros e ex-ministros do STF”, afirmou.

Nos países europeus, os mandatos de ministro das mais altas Cortes são de nove e 12 anos. No Brasil, as propostas de emenda à Constituição (PECs) em tramitação no Congresso estabelecem períodos de oito, 10 e 15 anos para um magistrado atuar no Supremo. Leia como funciona a regra em outros países.

Na Alemanha, mandato de ministro é de 12 anos

Na Alemanha, o cargo de ministro no Tribunal Constitucional requer que o indicado tenha uma idade mínima de 40 anos. Se escolhidos, eles exercem um mandato de 12 anos ou atuam até atingirem a idade limite de 68 anos, quando é estabelecida aposentadoria compulsória. No Brasil, a idade para a aposentadoria compulsória é de 75 anos, ou seja, sete anos a mais que o imposto no país europeu.

A lei alemã também diz que os nomes indicados ao Tribunal não podem pertencer ao Parlamento federal, conselho federal ou governo federal. Se fosse na Alemanha, o ministro da Justiça, Flávio Dinoque é um dos cotados a ocupar a vaga da ministra aposentada do STF Rosa Weber pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), não poderia ser escolhido para a função.

Além disso, enquanto no Brasil a indicação do ministro da Suprema Corte é prerrogativa do presidente da República, na Alemanha, é feita pelo Parlamento. O Legislativo germânico faz uma lista tríplice com juízes que tenham atuado em uma Corte federal por pelo menos três anos. O mais votado é nomeado para uma das 16 cadeiras da Corte.

França, Espanha, Itália e Portugal estabelecem mandato de nove anos

Quatro países europeus estabelecem que os ministros dos tribunais constitucionais devem ter um mandato de nove anos, sem possibilidade de reeleição ao cargo. São eles, França, Espanha, Itália e Portugal.

Na Espanha, os magistrados são propostos pelo Parlamento e por um conselho de juristas. Após a escolha, o indicado precisa ser nomeado pelo rei. O Tribunal Constitucional espanhol, composto por 12 membros, exige que os indicados atuem na área do Direito e tenham competência jurídica reconhecida com mais 15 anos de exercício profissional.

No Conselho Constitucional francês, formado por nove magistrados, há a nomeação de três ministros a cada três anos. É realizado um rodízio para a nomeação de cada terço, feita pelo presidente da República, pelo presidente do Senado e pelo presidente da Assembleia Nacional, que é equivalente ao Congresso brasileiro.

Com 13 magistrados na sua composição, o Tribunal Constitucional de Portugal estabelece que, além dos nove anos de mandato, os ministros devem ser eleitos pelo Legislativo e pelo Judiciário. Dez são eleitos pelos deputados portugueses e três pelos membros da própria Corte. A lei lusitana também obriga que os indicados não podem exercer funções em órgãos de partidos, associações políticas ou fundações. Além disso, os membros devem declarar seus patrimônios no início e no final do exercício do cargo.

A Constituição da Itália diz que o Tribunal Constitucional do país deve ser composto por 15 juízes, que possuem um mandato de nove anos. O presidente da República, o Parlamento italiano e a Suprema Corte de Cassação (equivalente ao Superior Tribunal de Justiça do Brasil) possuem o direito de indicar cinco membros cada.

Brasil segue as normas americanas que estabelece cargo sem mandato

Nos Estados Unidos, a Suprema Corte dos Estados Unidos tem nove magistrados. Eles podem exercer as funções “enquanto bem servirem” ou quando decidirem por conta própria deixarem o cargo – não há aposentadoria compulsória. Atualmente, o magistrado mais velho a ocupar o cargo é Clarence Thomas, de 75 anos, que foi nomeado em 1991.

O Brasil se inspira na regra da Suprema Corte dos EUA. Não há delimitação de um tempo fixo para permanência no STF. Porém, no Brasil, há a aposentadoria obrigatória aos 75 anos.

Nos Estados Unidos, assim como no Brasil, a prerrogativa da indicação de um ministro é do presidente da República, cujo nome deve ser aprovado pela maioria do Senado.

Legislação brasileira que rege o STF se inspira em Suprema Corte dos EUA Foto: AP Photo/Patrick Semansky© Fornecido por Estadão

Especialistas explicam diferenças entre países

De acordo com especialistas ouvidos pelo Estadão, a diferença entre o Brasil e os países europeus que adotam um mandato para os tribunais constitucionais é o princípio da vitaliciedade. Essa norma impõe que os magistrados não podem ser retirados das suas funções, exceto no caso de aposentadoria compulsória definida por uma idade fixa.

Essa regra não é imposta apenas aos ministros do STF. No Brasil, todos os juízes, depois de dois anos da posse, não podem ser retirados do cargo, a não ser que haja uma sentença judicial que estabeleça a perda da função por causa de alguma improbidade. No STF, isso pode ocorrer por meio de um processo de impeachment, que é permitido pela Constituição, mas nunca foi utilizado.

Segundo Tainah Sales, professora de Direito da Fundação Getulio Vargas (FGV), o princípio da vitaliciedade foi implantado no Brasil na Constituição de 1988 para impedir que magistrados sejam removidos dos cargos por decisões autocráticas. Em 1968, na ditadura militartrês ministros do STF foram cassados por decisão do presidente à época, Artur da Costa e Silva.

“A vitaliciedade está prevista na Constituição para dar maior liberdade para a atuação dos juízes, para que eles não fiquem vinculados a uma determinada ideologia de governo e possam atuar com liberdade e imparcialidade. Como não tem mandato, como não tem a possibilidade de perder o cargo por escolha do presidente, eles ganham maior liberdade na sua atuação”, disse a professora.

Para Emanuel Pessoa, doutor em Direito pela Universidade de São Paulo (USP) e mestre por Harvard, a vitaliciedade adotada na Suprema Corte dos Estados Unidos e reproduzida na brasileira busca dar uma maior autonomia para os magistrados. Porém, segundo ele, esse princípio acabou sendo distorcido na aplicação no Brasil, o que torna a adoção de mandatos uma ferramenta a ser discutida.

“No Brasil, acaba acontecendo um fenômeno um pouco diferente. Os ministros aqui, ao serem vitaliciados, acabam se sentindo muito confortáveis para se manifestar fora dos autos, para dar entrevistas sobre causas que eles julgam, e, em alguns casos, exercer, de certa forma, a política. Então, acaba que no Brasil há uma distorção”, afirmou.

De acordo com Pablo Bernardo Sukiennik, mestre em Direito Internacional pela Universidade de Brasília (UnB), é preciso que sejam feitas avaliações profundas sobre como funciona o Judiciário brasileiro antes da adoção do sistema europeu. Na opinião de Sukiennik, outras formas podem ser adotadas para diminuir o período em que os magistrados do STF ocupam os seus cargos, como a elevação da idade mínima para se tornar ministro. Atualmente, é de 35 anos. O tema também foi citado por Pacheco e está presente em propostas apresentadas no Congresso.

“Nós temos sempre esse olhar para os outros países, vemos o que é constitucional na Alemanha e o que é constitucional no Estados Unidos. Nós não somos alemães e não somos estadunidenses. Eu entendo que aqui deveria haver estudos empíricos brasileiros sobre como decide o STF e o que influencia as decisões, para aí sim fazer algumas intervenções mais cirúrgicas”, disse.

 

USP-SHELL-RAÍZEN LIDERAM PESQUISA SOBRE HIDROGÊNIO VERDE OBTIDO DO ETANOL

História por admin3 • IstoÉ Dinheiro

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a enfatizar a liderança da Universidade de São Paulo (USP) em um estudo para produzir hidrogênio verde a partir de etanol. Criticou, no entanto, o fato de a Petrobras não participar do projeto.

“A Petrobras ficou de fora do projeto de hidrogênio verde. Já conversei com o Jean Paul Prates (presidente da estatal). Não usamos o fundo verde para aquilo que de mais moderno há no País. Às vezes, o Estado brasileiro se omitiu para nos colocar na liderança da transformação ecológica no mundo”, disse o ministro durante o 7º Fórum Nacional de Controle, promovido pelo Tribunal de Contas da União (TCU), em Brasília. O evento deste ano tem como tema “Desenvolvimento Sustentável e o Controle”.

Para o ministro, o Brasil tem uma dúzia de bons projetos verdes. “Tem uma quantidade enorme de oportunidades a serem aproveitadas. Eu sequer tinha notícia do climate scanner“, disse em referência a uma ferramenta do TCU que será lançada durante a COP28, em Dubai, nos Emirados Árabes.

Haddad argumentou que a presidência brasileira do G20 e a COP30, em Belém, no Pará, sejam usadas como uma vitrine dos projetos que ocorrem no País. “Podemos dar visibilidade mundial para o que está sendo feito aqui com efeitos externo e interno”, afirmou. “Não temos ainda alinhamento em torno disso no Brasil. Ainda estamos remando, envolvendo as pessoas”, continuou.

O ministro comentou que há 20 anos havia a dúvida sobre se a agenda de sustentabilidade colidia com o desenvolvimento. “A humanidade amadureceu, e também pela dor. Nós é que vamos pagar preço por agredir a natureza, sobretudo os pobres”, previu. A situação, de acordo com ele, no entanto, pode ser evitada. E mais: o País poderia aproveitar o momento para fazer dessas questões fonte de geração de emprego e de cidadania.

Haddad ainda agradeceu a parceria do TCU, citando nominalmente discussões em torno de mudanças no Carf e da reforma tributária. “Tem sido inestimável o TCU para uma agenda de modernidade da máquina pública”, elogiou. Participam do evento os ministros Rui Costa (Casa Civil), Esther Dweck (Gestão), Marina Silva (Meio Ambiente), Jorge Messias (AGU) e Augusto Nardes (TCU).

O post USP lidera estudo para hidrogênio verde a partir de etanol, diz Haddad apareceu primeiro em ISTOÉ DINHEIRO.

 

GOVERNO CORTA VERBA PARA PAGAMENTO DO PISO DA EMFERMAGEM

 

Decisão do Senado Federal permite que o governo federal não cumpra as exigências de pagar o piso da saúde para 2023Executivo consultou o TCU sobre a possibilidade de não cumprir o piso da SaúdeExecutivo consultou o TCU sobre a possibilidade de não cumprir o piso da SaúdeLuis Melendez/Unsplash

Diego Mendesda CNN

Uma decisão do Senado Federal da última quarta-feira (4), publicada junto ao projeto de lei de 136/2023, permite que o governo federal não cumpra as exigências de pagar o piso da Saúde para 2023. Ou seja, prevê que o gasto com o setor passe a integrar o valor do mínimo.

Felipe Salto, economista-chefe da Warren Rena, diz que essa decisão resolveria uma parte da questão fiscal do país, mas afirma que não é uma saída trivial.

“A base para usar a receita corrente líquida efetivamente observada é da própria Constituição Federal“, ressalta.

Outra saída que o governo pode obter, segundo Salto, é junto ao Tribunal de Contas da União (TCU), a quem foi lançada uma consulta pública.

“Como se sabe, para avaliar se seria possível iniciar a aplicação da regra do mínimo (anterior à regra do teto de gastos, mas que voltou a vigorar com a LC 200, a lei do arcabouço) aconteceria apenas em 2024.”

O executivo consultou o TCU sobre a possibilidade de não cumprir o piso Constitucional.

Parte das justificativas do governo para não cumprir a regra é seu impacto nas contas públicas. Caso respeitado o piso, o governo terá gasto extra de R$ 20 bilhões — um empecilho extra na tentativa do governo de ajustar o fiscal.

O presidente do TCU, Bruno Dantas, afirmou em evento nesta quinta-feira (5) que a consulta do Ministério da Fazenda sobre o deve ser avaliada em até 15 dias.

Respiro fiscal X insegurança jurídica

Para Salto, o projeto não desobriga o cumprimento do mínimo, mas altera a receita corrente líquida utilizada. Isto é, passando da receita efetivamente observada, ao longo do ano, para a receita estimada no projeto de lei orçamentária.

“Com isso, o efeito fiscal, ou seja, o aumento de gastos em 2023, seria de R$ 5 a R$ 7 bilhões, a nosso ver. Esse resultado caberia nas condições e regras fiscais deste ano, possivelmente trocando-se a fonte de recursos do financiamento do piso da enfermagem (hoje o fundo social), para que este gasto passasse a integrar o valor do mínimo da Saúde.”

Na visão do economista e especialista em contas públicas, Murilo Viana, ao procurar o TCU, o governo tenta se defender da possibilidade de as manobras para contornar a regra serem apontadas como inconstitucionais no futuro.

“Uma decisão favorável do TCU representaria maior segurança para o governo e para os CPFs que assinam os documentos do governo”, explica.

Contudo, o especialista destaca que o não cumprimento do piso pode representar insegurança jurídica. Isso porque, na prática, a regra de um projeto de lei complementar estaria se sobrepondo a uma regra constitucional.

Murilo Viana alerta que este tipo de movimento pode abrir precedente para o não cumprimento dos pisos em exercícios futuros.

Impacto nas contas públicas

O projeto aprovado pelo Senado basicamente permite que o governo pague o piso com base na receita estimada pelo Orçamento de 2023. A cifra prevista na peça está abaixo da realizada.

Enviado à sanção presidencial, a regra que consta no projeto resultaria em gasto adicional de R$ 5 bilhões, segundo cálculos do governo.

A autoridade do TCU afirmou que a aprovação do projeto não interrompe a análise do órgão. “Se houver necessidade de qualquer complementação, os auditores informarão ao relator”, disse.

Com isso, há três cenários possíveis: não cumprimento do piso, com impacto fiscal zero; cumprimento do piso com base na Receita Corrente Liquida (RCL) prevista, com impacto de R$ 5 bilhões; e cumprimento com base na receita efetivamente realizada, com impacto de R$ 20 bilhões.

O projeto de lei no qual o dispositivo foi incluso dispõe sobre a compensação aos estados e ao Distrito Federal pela perda de receita provocada pela redução do ICMS incidente sobre combustíveis, que funcionou entre junho e dezembro de 2022.

*Com informações de Danilo Moliterno.

DIRETOR DO TPI DIZ ALULA QUE INTEGRAR ESSE FÓRUM É COMBATER A IMPUNIDADE

sil e Mundo Lula TPI - Tribunal Penal Internacional

Diretor rebate Lula e diz que integrar TPI é combater impunidade

Byvaleon

Out 6, 2023

Fadi El Abdallah evitou embate direto com o presidente, que questionou os motivos de o Brasil fazer parte da corte, mas lembrou que o país tem obrigações com a justiça internacional

Bandeira da ONU em frente ao Palácio da Paz, sede do Tribunal Penal Internacional em Haia, na HolandaBandeira da ONU em frente ao Palácio da Paz, sede do Tribunal Penal Internacional em Haia, na HolandaFoto: Michel Porro/Getty Images

Américo Martinsda CNNem Londres

O diretor de Relações Públicas do Tribunal Penal Internacional (TPI), Fadi El Abdallah, afirmou à CNN que os países que integram a corte assumiram um compromisso de combater a impunidade e que é importante o Brasil continuar reconhecendo a sua jurisdição.

El Abdallah lembrou que cada país é soberano para decidir fazer parte ou não da corte internacional, mas afirmou que “quando um estado adere (ao TPI), então esse estado está enviando uma mensagem firme a todo o mundo de que não vai permitir que crimes muito graves fiquem impunes, tenham sido esses crimes cometidos no seu território ou em outros territórios onde a jurisdição do TPI é aplicável”.

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Segundo o diretor do TPI, os estados-membros apoiam “a justiça que defende as vítimas e não aceitam a impunidade dos perpetradores de crimes horríveis”.

“Quando um estado adere à corte, isso também significa que este estado acredita no direito internacional e deseja que as relações a nível internacional sejam reguladas pela lei, e não por outras formas”, disse ele.

Na opinião do diretor, fazer parte da corte também permite que os países membros “tenham os seus próprios pontos de vista refletidos no direito internacional, e especificamente no direito penal internacional, para ajudar a moldar a forma como este direito penal internacional será desenvolvido no futuro”.

Polêmica de Lula sobre o tribunal

El Abdallah concedeu uma entrevista exclusiva à CNN depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter afirmado que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, não seria preso se fosse ao Brasil –apesar de o tribunal ter expedido um mandado de prisão por crimes de guerra contra o líder russo.

Como um dos 123 países que reconhecem a jurisdição da corte internacional, no entanto, o Brasil teria a obrigação de prender o presidente russo.

A polêmica aumentou ainda mais quando o presidente Lula tentou consertar a situação, mas acabou questionando a participação do Brasil no tribunal. “Quero muito estudar essa questão deste Tribunal Penal, porque os Estados Unidos não são signatários dele, a Rússia não é signatária dele. Então, eu quero saber por que o Brasil é signatário de um tribunal que os EUA não aceitam. Por que somos inferiores e temos de aceitar uma coisa?”, disse o presidente.

Além disso, o ministro da Justiça, Flávio Dino, ele mesmo um ex-juiz federal, criticou o tribunal, dizendo que a diplomacia brasileira pode rever a adesão do país ao TPI.

Dino afirmou que o tribunal sofre de “desbalanceamento” porque algumas potências como China, Rússia e Estados Unidos não reconhecem suas decisões.

Tanto Lula como Dino, no entanto, esqueceram de dizer que outras nações muito importantes são integrantes da corte e têm políticas fortes de respeito aos direitos humanos, como Alemanha, Canadá, Japão, França e Reino Unido (esses dois últimos, membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU).

Também não lembraram que o Brasil apoiou muito a formação do tribunal, que teve sua primeira sessão em 2002, e já contou, inclusive, com uma juíza brasileira, Sylvia Steiner.

As declarações de Lula causaram polêmica, especialmente na Europa, onde foram interpretadas como um apoio velado ao líder russo –além de uma afronta a um acordo internacional importante do qual é signatário, situação que fica pior ainda quando se lembra que o Brasil vai assumir a presidência do G20 em dezembro deste ano.

Como funciona o tribunal

Diplomaticamente, El Abdallah evitou responder diretamente ao presidente brasileiro, mas lembrou das obrigações do Brasil com relação à corte.

“Eu não vou comentar diretamente o que o presidente Lula disse, mas acho que é uma boa oportunidade para explicar ao público em geral no Brasil como funciona o TPI e quais são as obrigações do Brasil sob o direito internacional. E porque ele é importante para o Brasil e para o direito internacional em geral, para continuar a ter o apoio da sua nação”.

O diretor lembrou que o TPI é um tribunal permanente que foi criado para investigar e, quando necessário, processar indivíduos (e não Estados) quando há acusações relacionadas a crimes específicos: crimes de guerra, crimes contra a humanidade e genocídio.

Além disso, a corte não substitui os tribunais nacionais, mas os complementa. Só é acionado quando os tribunais nacionais são incapazes ou não conseguem fazer o seu trabalho.

“É um tribunal que foi criado por um tratado. Não faz parte das Nações Unidas, não vem com uma jurisdição universal sobre o mundo inteiro. É baseado em tratado (o Estatuto de Roma), o que significa que os estados podem decidir de forma soberana aderir ou não a este tratado”, lembrou ele.

El Abdallah, no entanto, lembrou que o Brasil é “um dos membros deste tratado e, com isso, concordou com um conjunto de obrigações de cooperar com o tribunal dentro da estrutura legal do tribunal”, disse ele sobre a responsabilidade de o Brasil prender Putin caso ele visite o país.

O diretor lembrou ainda que “o Brasil contribuiu em grande parte, inclusive com a presença de juízes do Brasil servindo no TPI, para decisões muito importantes. Isto permite que a cultura jurídica da nação também faça parte do futuro do direito penal internacional”.

“Não vivemos num mundo perfeito, e atualmente não temos todos os estados do mundo como membros, mas temos mais de dois terços deles. Mas acho que muitos dos amigos e aliados do Brasil, como todas as nações europeias, como, se não me engano, todas as nações latino-americanas, uma grande parte do continente africano, incluindo a África do Sul, fazem parte. Então, há uma grande comunidade das nações que estão ao lado da Justiça e das vítimas e não querem permitir a impunidade. E acho que todos nós esperamos isso”, disse ele.

Questionado pela CNN se o TPI estava preocupado com uma possível saída do Brasil da corte, El Abdallah disse que não podia decidir pelas autoridades brasileiras.

“Mas penso que os estados, a sociedade civil, a comunidade jurídica e o TPI defendem o direito internacional e especificamente o direito penal internacional. Isso deve ser respeitado e isso inclui também o respeito e o apoio às suas próprias instituições”, disse ele.

 

O FILME OPPENHEIMER AJUDA NO ENEM NAS MATÉRIAS DE QUÍMICA E HISTÓRIA

Enredo do longa-metragem lançado neste ano conta a história de Julius Robert Oppenheimer, peça importante para o desenvolvimento da bomba atômica e na 2ª Guerra Mundial.

Por g1 São Carlos e Araraquara G1


Cillian Murphy em cena de 'Oppenheimer' — Foto: Divulgação

Cillian Murphy em cena de ‘Oppenheimer’ — Foto: Divulgação

Um dos grandes sucesso de bilheteria deste ano, com mais de US$ 933 milhões arrecadados, Oppenheimer pode ser uma ferramenta de estudo para diversos conteúdos que podem cair nos vestibulares.

O filme narra a história do físico teórico americano Julius Robert Oppenheimer, considerado o “pai da bomba atômica” e peça importante para o desfecho da 2ª Guerra Mundial. 

História

O professor de história do Colégio São Carlos José Adilson Dall Antonia Júnior diz que o contexto da 2ª Guerra Mundial e, consequentemente, do pós-guerra, podem estar presentes nas provas. O assunto é base do livro “Prometeu Americano: O Triunfo e a Tragédia”, que inspirou a produção do filme. Além disso, ele ressaltou a interdisciplinaridade aplicada nos exames.

Quem foi o verdadeiro Robert Oppenheimer, criador da bomba atômica — Foto: GETTY IMAGES

Quem foi o verdadeiro Robert Oppenheimer, criador da bomba atômica — Foto: GETTY IMAGES

“Hoje, os vestibulares interagem cada vez mais, querem que as disciplinas se conversem. Então, história e química dá pra fazer [uma aula] sobre energia nuclear”, afirmou.

O professor diz que é importante os alunos enxergarem no filme várias discussões sobre tecnologia, a questão ética sobre o desenvolvimento da bomba atômica e os períodos históricos que moldaram todo o século XX e XXI, incluindo a Guerra Fria travada entre Estados Unidos e União Soviética após a 2ª Guerra Mundial.

Além disso, a inteligência artificial é a principal aposta de professores para tema da redação. Dall Antonia Júnior afirmou que é possível fazer um paralelo com o tema do desenvolvimento da energia nuclear e, consequentemente, da questão ética presente no filme.

“A gente fala muito da tecnologia. Então, em uma redação, a inteligência artificial: até que ponto ela será positiva para a humanidade? O desenvolvimento da energia nuclear, até que ponto ela é positiva? Então, o aluno pode destrinchar na redação, citando até Prometeu”.

Professores José Adilson Dall Antonia Júnior e Eduardo Fazzari explicam como 'Oppenheimaer' pode aparecer nos vestibulares — Foto: Leonardo Marco/g1

Professores José Adilson Dall Antonia Júnior e Eduardo Fazzari explicam como ‘Oppenheimaer’ pode aparecer nos vestibulares — Foto: Leonardo Marco/g1

Atenção em energia nuclear e radiação!

Na área da Química, o professor Eduardo Fazzari explica que, além da tragédia em Hiroshima e Nagasaki em 1945, o desenvolvimento de bombas atômicas promoveu estudos voltados para a obtenção de energia nuclear. Por isso, ele detalha como o tema, atrelado ao filme, pode aparecer nos vestibulares.

“Cobra-se muito os tipos de radiação química, decaimento radioativo, quanto tempo uma amostra radioativa demora para se desintegrar. Porque, hoje em dia, alguns cálculos são feitos e explicam porque existe vida segura em Hiroshima e Nagasaki, mas não existe em Chernobyl. São duas tragédias causadas pelo mesmo material, o urânio, só que em quantidades completamente diferentes e condições de reações diferentes. Então, é um assunto frequente nos vestibulares por ter essa ideia de energia através de átomos, do porque ao mesmo tempo que é muito vantajosa e perigosa”, contou.

Mais dicas de filme sobre a 2ª Guerra Mundial

Filme Radioactive pode ajudar no estudo da Química para os vestibulares — Foto: Netflix/Divulgação

Filme Radioactive pode ajudar no estudo da Química para os vestibulares — Foto: Netflix/Divulgação

Além de Oppenheimer, dentro do tema 2ª Guerra Mundial, os professores têm mais duas indicações:

  • Rapsódia em Agosto – Lançada em 1991, a produção apresenta uma senhora japonesa marcada pelas lembranças causadas pela bomba atômica. Ele também recomenda a série “Sombras da Guerra”, disponível no catálogo da Netflix.
  • Radioactive – no campo de estudo da química, o filme conta a história da cientista polonesa Marie Curie, considerada a “mãe” da radiação. Também disponível na Netiflix.

 

BRASIL FAZ PONTE NO CAF PARA EMPRESTAR DINHEIRO À ARGENTINA

Montante é referente a pagamentos que o Tesouro Nacional precisa fazer para alcançar o seu porcentual acionário no banco

Por Julia Affonso, Vinícius Valfré e André Shalders – Jornal Estadão

O Brasil aportou R$ 2,8 bilhões na CAF (Corporação Andina de Fomento), atualmente chamada de Banco de Desenvolvimento da América Latina, entre 2014 e 2022. O montante é referente a pagamentos que o Tesouro Nacional precisa fazer para alcançar o seu percentual acionário no banco.

Como mostrou o Estadãoo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) intercedeu por um aporte de US$ 1 bilhão para a Argentina, em benefício do governo de situação e para barrar o avanço do pré-candidato da direita Javier Milei. A ligação para a ministra do Planejamento, Simone Tebet, que representa o Brasil na assembleia do CAF, partiu do gabinete do ex-chanceler Celso Amorim, hoje assessor especial de Lula para Assuntos Internacionais.

Os empréstimos do CAF para instituições públicas e privadas dos 21 países que a integram são feitos com recursos de emissões no mercado internacional. Já os bilhões aportados pelos integrantes do banco ficam como patrimônio da instituição financeira.

A ministra do Planejamento, Simone Tebet, representa o Brasil no CAF. Foto: Washington Costa/MPO
A ministra do Planejamento, Simone Tebet, representa o Brasil no CAF. Foto: Washington Costa/MPO Foto: Washington Costa/MPO

As transferências mais recentes feitas pelo governo brasileiro dizem respeito ao pagamento de uma capitalização do banco, acertada ainda em 2015. A partir de 2018, os aportes perderam o ritmo e só foram retomados no fim de 2022. Entre maio e dezembro do ano passado, o governo pagou R$ 1,14 bilhão ao banco latino, com sede em Caracas, capital da Venezuela.

Tebet participou de reunião da Comissão Mista de Orçamento, no Congresso, nesta quarta-feira, 4. Durante a audiência, foi questionada sobre o papel do Brasil na liberação do empréstimo de US$ 1 bilhão à Argentina pelo CAF. Ela é a representante brasileira na assembleia do banco de desenvolvimento.

“Minha secretária, por minha determinação, foi autorizada a votar favoravelmente, como 20 dos 21 países votaram favoravelmente. Todos os países que fazem parte do CAF, deste banco que não é nosso, não tem dinheiro federal brasileiro lá. Não estamos tirando dinheiro do Brasil para colocar lá”, disse ela aos parlamentares.

O último relatório quadrimestral do CAF aponta que a Argentina pegou US$ 4,2 bilhões em empréstimos até 30 de junho de 2023. Em segundo lugar na lista de maiores tomadores de empréstimos vem o Equador, com US$ 4,1 bilhões. Depois, a Colômbia, com US$ 3,6 bilhões. O Brasil aparece em seguida, com US$ 3,4 bilhões.

Intenção de Tebet não era negar

Em nota, a assessoria de imprensa do Ministério do Planejamento confirmou que o Brasil faz “integralizações” ao CAF, assim como faz a outras instituições, como o Banco Interamericano de Desenvolvimento e o Banco Mundial.

Sobre a declaração à Câmara, a pasta informou que “a intenção da ministra” não era negar a existência de recursos públicos no banco, mas “diferenciar o que representa um empréstimo feito por um banco estatal do Brasil de um empréstimo feito por uma instituição na qual o país é um dos vários acionistas”.

O ministério argumenta que a declaração foi dada em resposta a uma pergunta do deputado Vicentinho Junior (PP-TO), para quem “o governo não deveria tirar dinheiro do orçamento e das políticas públicas para emprestar à Argentina”.

Ao formular o questionamento, porém, o parlamentar fez a seguinte ressalva: “Alguém vai falar: ‘Não, mas o dinheiro da CAF não tem a ver com o Orçamento do Brasil; o Brasil é consignatário’. Mas recurso é um só. Depositar recurso do patrimônio brasileiro é um só. Pode não fazer falta hoje para algumas ações do governo federal, mas acho que faltará daqui a pouco.”

A nota destaca ainda que, entre 2020 e 2022, Estados e municípios se beneficiaram com mais recursos do CAF do que o montante pago pelo governo brasileiro ao banco. Foram US$ 4,35 bilhões (cerca de R$ 20 bilhões) em financiamento de projetos de desenvolvimento.

 

A MOBILIDADE ELÉTRICA É UM ASSUNTO QUE NÃO ESTÁ NA PAUTA DOS GOVERNOS

 

carro elétrico

O Brasil tem diversos fatores que podem acelerar a transição dos veículos à combustão para os elétricos.

O anúncio feito este ano pelas montadoras chinesas BYD e TEVX Higer de investimento em novas fábricas no Brasil para produção de veículos elétricos e a recente apresentação do Plano de Transformação Ecológica pelo Ministério da Fazenda, trouxeram novamente à pauta um tema que não costuma estar na ordem do dia nos debates sobre energia: a mobilidade elétrica. 

Esse é um assunto que, até agora, os governos – federal e estaduais – ainda não tomaram a dianteira, e o mercado não tem posição clara ou de consenso.

Há setores, inclusive, que defendem que o Brasil nem adote carros elétricos, haja vista a nossa grande oferta de biocombustíveis.

O fato é que, apesar das divergências e do debate tímido, a eletrificação da frota de veículos – leves e pesados – não é mais uma tendência.

É realidade, cresce a cada dia, não tem mais volta. E, no caso do Brasil, não significa abandonar os biocombustíveis. Claro que não. Significa sim dar um novo salto, ter um novo “combustível”.

Diversificar a oferta de energia sempre foi, aliás, uma diretriz da política energética brasileira. 

Fontes Renováveis

elétricos
Foto: Reprodução/Pexels

No futuro descarbonizado previsto pelo Acordo de Paris, a frota mundial será movida, principalmente, por energia elétrica.

Por energia proveniente de fontes renováveis, produzida em painéis solares instalados em parques solares ou edifícios, em usinas eólicas ou em hidrelétricas. Hoje, no mundo, existem 27 milhões de veículos elétricos.

Até 2026, serão 100 milhões; e em 2040, 700 milhões, pelas contas da Bloomberg EF. De acordo com Agência Internacional de Energia (AIE), 2022 marcou um recorde histórico na venda de veículos elétricos, com uma taxa de crescimento de 35% ao ano.

Qual mercado ou produto cresce nessa velocidade? Poucos, muito poucos.

Até 2035, segundo a McKinsey, os carros elétricos representarão 100% das vendas na Europa, 90% na China, 71% nos Estados Unidos e 70% globalmente. 

O Brasil não está alheio a essa realidade, mas caminha em outro ritmo. No primeiro semestre deste ano, cresceu 58% o emplacamento de veículos leves eletrificados na comparação com o mesmo período do ano passado.

Mesmo assim, no acumulado de janeiro de 2012 a junho de 2023, a frota de carros elétricos em circulação no Brasil soma, ainda, apenas 158,6 mil unidades. Há avanços também na oferta de veículos pesados elétricos.

Pegada ambiental

elétricos
Foto: Reprodução/Pexels

Mas toda a frota não passa de 3% do total de veículos em circulação. Além do benefício ambiental, outros atrativos do carro elétrico são os baixos custos de manutenção e o preço da energia para recarga.

Considerando o modelo BYD D1, que tem uma bateria de 50Kw e uma autonomia de 418 km, é possível recarregar 80% da bateria por R$ 72,00.

E o que falta para o veículo elétrico deslanchar no Brasil? A primeira impressão é a de que é preciso ultrapassar duas barreiras: reduzir o preço do carro e aumentar a infraestrutura de carregamento.

É aquela história sobre quem vem primeiro: o ovo ou a galinha. Não compro o carro porque a infraestrutura de carregamento ainda é tímida ou têm poucos pontos de recarga porque a frota é pequena? 

Nestes pontos, nos amparamos na história para ir adiante. Qualquer nova tecnologia ou grande mudança obedece a uma rampa de crescimento e pode requerer políticas públicas que suportem esta fase inicial. Foi assim, por exemplo, com a geração de energia solar e eólica.

Começaram como fontes incentivadas – eram chamadas de alternativas – e hoje ocupam a segunda e terceira posição no ranking da capacidade instalada no Brasil.

O apoio estatal abriu mercado, a tecnologia se desenvolveu, o preço caiu e o mercado cresceu exponencialmente. Pouca gente se recorda ou sabe que tudo começou por meio de um programa governamental, o Proinfa (Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia), lançado em 2001.

Fatores positivos

veículo elétrico
Foto: Reprodução/Pexels

Na União Europeia, na Ásia e nos Estados Unidos, a expansão da frota de carros elétricos está sendo alimentada por subsídios e programas de incentivo nacionais.

O Brasil tem diversos fatores que podem acelerar a transição dos veículos à combustão para os elétricos: mercado consumidor imenso; setor automotivo com apetite para investir na produção de veículos elétricos; a indústria, o comércio e o setor de serviços enxergam a eletrificação como uma solução competitiva para descarbonizar sua cadeia produtiva; o cliente quer produtos mais sustentáveis; as instituições financeiras estão ávidas em ofertar crédito para viabilizar a expansão dessa frota; e o governo federal emite sinais favoráveis a políticas que possam acelerar a transição energética. 

Podemos estar diante do início de um novo ciclo virtuoso, de consolidar o Brasil como uma potência energética mundial e liderar uma nova indústria. Mas é preciso pôr a mão na massa, acelerar o passo e deixar de remar contra a correnteza. Governos, Legislativo, mercado e sociedade, o futuro começa hoje. 

Sobre os Autores

Por: Marcos Severine, 51 anos, formado em Administração no Mackenzie (SP). Com mais de 28 anos de experiência no mercado financeiro, liderando a cobertura de energia na América Latina para instituições como JP Morgan, Itaú BBA, Unibanco, Socgen, BBA Creditanstalt, Intesa BCI e Credit Lyonnais, Severine é hoje CEO da cleantech Pontoon. Antes, foi CEO da BRIX Energia e Futuros. 

Por: Alexandre Zanotta, 46 anos, é formado em Direito na PUC/SP. Tem mais de 25 anos de experiência como advogado atuando nas áreas societária, M&A e mercado de capitais. Zanotta é hoje Diretor Corporativo da cleantech Pontoon, uma empresa que fornece soluções de descarbonização para grandes empresas.

UM MARKETPLACE DIGITAL IGUAL AO DA STARTUP VALEON PODE AJUDAR QUALQUER NEGÓCIO?

Moysés Peruhype Carlech e Fernanda – Jet.

Sim e podemos ajudar muito a alavancar as suas vendas e tornar a sua empresa mais competitiva no mercado se forem utilizados os serviços da Startup Valeon e temos a certeza que vamos melhorar o seu posicionamento digital e utilizando uma boa estratégia comercial podemos trazer retorno financeiro para a grande maioria dos negócios das empresas da nossa região do Vale do Aço, afinal de contas, já atingimos a marca de mais de 100.000 acessos.

O sucesso do modelo dos marketplaces está expresso nos números registrados no último ano: o crescimento em 2020 chegou a 52%, acima dos 41% do segmento de e-commerce.

Essas informações foram apuradas pela E-bit/Nielsen, que também indica que o total de pedidos do marketplace chegou a 148,6 milhões, um crescimento de 38% em relação a 2019, o que resultou em um faturamento de R$ 73, 2 bilhões para o segmento.

A atenção recebida pelos “shoppings virtuais” tem razão de ser. São gerenciados por empresas que arcam com a parte operacional e, com isso, as lojas cadastradas podem se dedicar ao cuidado de suas páginas e às ofertas de produtos.

Para quem tem um e-commerce, os marketplaces devem ser vistos como uma oportunidade reforçar as estratégias de vendas.

Outro fator importante é a possibilidade de ampliar seus pontos de interação com o cliente, o que atende ao comportamento omnichannel do público.

Porém, para aproveitar melhor as possibilidades, é importante que você saiba quais são as vantagens do marketplace e como ele pode auxiliar o desenvolvimento do seu negócio.

1- Otimização dos recursos

A estruturação de um e-commerce não é simples. E, por mais que você faça tudo certo, os resultados precisam de tempo para serem consolidados.

Ao integrar a sua loja a um marketplace, esse processo é facilitado. Ao mesmo tempo em que trabalha para fortalecer a sua marca, o lojista tem como expor seus produtos num canal que já conta com uma audiência significativa.

Basta que o lojista negocie e pague a mensalidade do marketplace para que possa começar a negociar seus produtos ou serviços. Além disso, essas operações oferecem expertise, tráfego, visitação e mídia para que seus parceiros possam desenvolver seus negócios.

2- Alcance de clientes

Desenvolver uma loja virtual própria e recorrer às redes sociais para divulgar produtos ou serviços requer um trabalho de divulgação para alcançar um número maior de clientes.

Com o marketplace, esse trabalho ganha ainda mais abrangência e, com isso, é possível gerar um fluxo maior de consumidores, uma vez que há modelos próprios de divulgação, o que acaba favorecendo as empresas que o integram.

Além disso, esses “shoppings virtuais” , como o da Startup Valeon, não divide os custos de marketing  com os seus parceiros custeando ele próprio o processo de aquisição de clientes nas redes sociais.

3- Volume de dados

Os marketplaces têm o costume de oferecer aos seus parceiros diversos dados sobre as suas vendas e seus desempenhos dentro da plataforma e faz métricas diárias das consultas dos seus clientes.

Essas informações são bastante estratégicas para qualquer empresário que deseje desenvolver o seu comércio online e melhorar o seu desempenho na internet.

Isso porque conseguem planejar suas ações, promoções e precificar produtos e serviços com mais eficiência, o que aumenta as chances de converter os visitantes do marketplace em seus clientes.

4- Integração com outras ferramentas

Muitos empresários podem acreditar que ao entrar para um marketplace não poderá usar suas ferramentas digitais favoritas: CRMs, software de preços ou inventários.

Porém, não existe essa limitação e as empresas podem seguir usando seus mecanismos de otimização de resultados.

É possível explorar tantos as informações fornecidas pelos marketplaces quanto os dados gerados pelos seus mecanismos de gestão e controle, o que pode fortalecer ainda mais suas estratégias online.

5- Aumento de vendas

Com uma estrutura corretamente desenvolvida, processos de divulgação bem construídos e apoio aos parceiros, os marketplaces conseguem atrair um bom volume de visitantes para o seu site.

Quanto maior a exposição de produtos ou serviços, maior são as chances de aumentar as suas vendas. É preciso apenas que as lojas online saibam trabalhar seus produtos ou serviços na internet e convencer os consumidores de que conta com as melhores mercadorias e preços.

6- Diversificação de público

Com um número maior de pessoas tendo contato com seus produtos ou serviços, há possibilidade que alcance consumidores que, em um primeiro momento, não conseguiria atingir.

Isso contribui para a diversificação do seu público-alvo e faça com que a sua base de clientes possa crescer.

Isso favorece não apenas as suas vendas, mas também estimula os lojistas a buscarem novos produtos ou desenvolverem novos serviços para atender a sua nova demanda.

Esse processo é essencial para que as empresas ganhem mercado e busquem constantemente o seu desenvolvimento.

Agora que você já sabe quais as vantagens do marketplace, que tal descobrir como eles podem auxiliar no crescimento dos pequenos negócios?

Marketplace e o crescimento das empresas

Construir um modelo próprio de venda online é um desafio para as empresas, porém pode ser bastante recompensador.

Em 2020, o setor teve um crescimento de 41% se comparado com o ano anterior e a expectativa é de que siga alcançando bons resultados em 2022, até em razão da aceleração do processo de transformação digital.

Dessa forma, com um trabalho bem-feito, as empresas podem conquistar boa margem de lucro com o comércio eletrônico. Afinal, o perfil do consumidor tem mudado e ficado aberto às compras online.

Mas, para isso, é necessário utilizar um site como a da Startup Valeon que ofereça boa experiência para os consumidores e conte com estrutura logística e capacidade de estoque para dar conta do trabalho.

O marketplace é uma opção que pode potencializar ainda mais um comércio eletrônico, pois conta com um modelo de negócio estruturado e testado.

Assim, empresas de qualquer setor conseguem melhorar o desempenho de seus e-commerces ao estabelecer mais um canal de divulgação e venda.

Para aproveitar melhor as oportunidades, é importante contar com as ferramentas adequadas para fazer a gestão da operação.

Exemplo disso é a plataforma comercial da Startup Valeon, que tem suas páginas desenvolvidas justamente para conectar a sua loja aos principais consumidores do mercado.

Com isso, além de ter todo o suporte necessário para destacar seus produtos na internet, o lojista tem como gerenciar todo o universo envolvido com as suas vendas online, seja na loja própria ou no marketplace.

Num único local, por exemplo, pode fazer a gestão de estoque, o que evita a perda de clientes pela falta do produto. O e-commerce é uma modalidade de negócio que deve seguir ganhando espaço e conquistando novos clientes. O empresariado deve ficar atento a esse mercado e aproveitar as vantagens do marketplace para aumentar a sua presença online e ter acesso facilitado a uma base sólida de usuários.

quinta-feira, 5 de outubro de 2023

SECA SEVERA NO AMAZONAS FAZ A NECESSIDADE DE CONSTRUÇÃO DA BR-319

História por VINICIUS SASSINE • Folha de S. Paulo

MANAUS, AM (FOLHAPRESS) – A seca severa em rios da Amazônia, com consequências mais danosas a cidades e comunidades no Amazonas, deu impulso político à pressão pela pavimentação da BR-319, que liga Manaus (AM) a Porto Velho (RO).

A obra pode provocar mais grilagem de terras públicas no curso da rodovia, ampliar o desmatamento ilegal e impulsionar a exploração criminosa de madeira, segundo documentos do processo de licenciamento ambiental em curso no Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).

Em visita a Manaus nesta quarta-feira (4) por determinação do presidente Lula (PT), com comitiva de ministros, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) disse ter conversado no dia anterior com o ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB), sobre a obra de pavimentação da rodovia. Segundo o vice-presidente, um GT (grupo de trabalho) foi criado para analisar o empreendimento.

“Já há um trecho inicial pavimentado”, disse o vice-presidente. “Falei ontem com Renan Filho. Um GT foi criado para analisar a pavimentação, dentro do conceito de rodovia parque, com todos os cuidados ambientais.” O objetivo do GT é permitir o avanço do licenciamento, segundo Alckmin.

Em julho de 2022, o então presidente do Ibama, Eduardo Fortunato Bim, emitiu licença prévia para pavimentação do trecho do meio da BR-319, entre os quilômetros 250 e 655,7 -uma extensão de 405,7 quilômetros.

Bim estava no cargo por indicação do hoje deputado federal Ricardo Salles (PL-SP), ministro do Meio Ambiente no governo Jair Bolsonaro (PL). A licença prévia foi emitida a cinco meses de Bolsonaro deixar o poder, após derrota nas urnas em outubro de 2022.

Os defensores da pavimentação argumentam que ela é necessária para a redução do isolamento de moradores dos dois estados conectados, Amazonas e Rondônia.

Com a seca severa neste ano, a pressão política pela rodovia se ampliou, em razão das dificuldades de navegação no período de estiagem.

O Observatório BR-319, formado por uma rede de organizações da sociedade civil, pesquisadores e associações indígenas, emitiu posicionamento contrário à concessão da licença prévia em 2022.

O grupo afirmou que o processo atropelou etapas básicas, em especial a consulta a populações indígenas de cinco territórios e comunidades ribeirinhas e extrativistas diretamente impactadas com a obra.

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima do governo Lula, Marina Silva (Rede), integrou a comitiva que visitou Manaus nesta quarta para anúncio de medidas contra a estiagem. Ela foi questionada por jornalistas do Amazonas sobre sua posição quanto ao licenciamento da pavimentação.

“O licenciamento deve responder a critérios de viabilidade econômica, social e ambiental”, disse a ministra. “O governo anterior emitiu a licença prévia. O presidente Lula encaminhou no PAC, para que estudos sejam feitos. E foi criado o GT. O Ibama não dificulta nem facilita, ele faz uma análise técnica.”

Marina afirmou que deixou de ser ministra do Meio Ambiente em 2008 e retornou ao cargo em 2023, 15 anos depois. “Se fosse fácil fazer a BR, ela teria sido feita nesses 15 anos. Existem licenças para recuperação de trechos, uma desde 2007, e nada foi feito”, disse a ministra.

Segundo ela, não se pode negar o impacto das mudanças climáticas na Amazônia, como agora, com a estiagem que caminha para momentos extremos, iguais ou piores que marcas históricas em determinados rios da bacia amazônica.

“Trabalhamos para reduzir as causas da mudança do clima. No primeiro governo Lula, a redução do desmatamento da Amazônia foi de 83%, maior contribuição até hoje para que isso tudo não se agrave. E nos primeiros nove meses, conseguimos redução de 48% no desmatamento”, afirmou Marina.

Além de Marina, estavam na comitiva do vice-presidente os ministros Waldez Góes (Integração Nacional), Alexandre Silveira (Minas e Energia), José Mucio Monteiro (Defesa), Sônia Guajajara (Povos Indígenas) e Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos). Eles foram recebidos pelo governador do Amazonas, Wilson Lima (União Brasil).

A comitiva fez um sobrevoo em comunidade afetada pela estiagem, em região próxima a Manaus.

Depois, o vice-presidente repetiu o anúncio de medidas como dragagem em 8 km do rio Solimões, entre Tabatinga (AM) e Benjamin Constant (AM), com ordem de serviço assinada nesta quarta; dragagem de 12 km no rio Madeira, prevista para início em 15 dias; antecipação de pagamento de benefícios, como Bolsa Família; e ajuda no combate a queimadas.

“O fornecimento de energia está garantido, mesmo com a paralisação da usina [hidrelétrica] Santo Antônio [no rio Madeira, em Rondônia]”, afirmou Alckmin. Segundo ele, está em estudo a contratação de mais energia de termelétricas para fornecimento à região.

Dados compilados pela Defesa Civil do Amazonas mostram um agravamento da estiagem e uma aproximação da situação a momentos extremos de seca -aos piores níveis hídricos nas medições históricas- em rios que são o coração dessa porção da Amazônia.

Os dados e análises feitas por institutos de pesquisa e monitoramento apontam uma estiagem próxima dos extremos no alto e médio rio Solimões, no baixo rio Negro (onde está Manaus) e no rio Madeira.

Nessas regiões, se deram as consequências mais visíveis da seca até agora. Comunidades ficaram isoladas em Tabatinga (AM) e Benjamin Constant (AM), no alto Solimões. No lago onde está Tefé (AM), no médio Solimões, mais de 120 botos e tucuxis morreram em dez dias.

 

FOCOS DE CONFLITO ENTRE O CONGRESSO E O STF

História por MATHEUS TUPINA • Folha de S. Paulo

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A tensão entre o Congresso Nacional e o STF (Supremo Tribunal Federal) acentuou-se nas últimas semanas, com parlamentares protestando por meio da obstrução de votações no Legislativo, e com a análise-relâmpago de projeto que limita a atuação e o alcance das decisões da corte.

A crise entre o Legislativo e o Judiciário foi intensificada após uma série de votações do tribunal em temas como o marco temporal, que tramita como projeto de lei, a descriminalização das drogas e a liberação do aborto para até 12 semanas após a concepção.

Nesta quarta-feira (4), a principal comissão do Senado votou a toque de caixa uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) limitando os pedidos de vista e as decisões monocráticas nos tribunais superiores. O presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), voltou a defender nesta semana a criação de mandato para os ministros.

Outra PEC, que autorizaria o Congresso a derrubar decisões proferidas pelo Supremo, também voltou a tramitar na semana passada.

Também nesta quarta, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), disse que os Poderes da República precisariam manter-se dentro dos limites constitucionais, afirmando ter “absoluta certeza” de que o Congresso os obedece.

Entenda em cinco pontos os principais focos do conflito entre a Suprema Corte brasileira e o Congresso Nacional:

VOTAÇÃO EM TEMAS POLÊMICOS

Durante suas últimas semanas chefiando o Supremo, a ministra aposentada Rosa Weber pautou uma série de ações consideradas polêmicas.

Entre elas estão a autorização de cobrança da contribuição assistencial pelos sindicatos a não filiados, a inconstitucionalidade do marco temporal para demarcação de terras indígenas, a descriminalização do porte de drogas para uso pessoal e do aborto em até 12 semanas após a concepção.

Essas votações receberam críticas pelos parlamentares, que viram uma interferência da corte na atividade legislativa. Em resposta, Rosa defendeu a análise de temas considerados tabus pela Justiça.

A partir dali, várias foram as repercussões. Pacheco protocolou uma PEC proibindo o porte e a posse de qualquer droga, independentemente da quantidade. O Senado aprovou o projeto do marco temporal para demarcação de terras indígenas, em votação-relâmpago —o texto aguarda sanção do presidente Lula (PT).

MANDATO DE MINISTROS

Já na segunda-feira (2), Pacheco voltou a defender que os ministros do Supremo tenham mandato, além da elevação da idade mínima para ingresso no tribunal. Disse ainda que o Senado pode começar a discutir o assunto após a indicação do substituto de Rosa por Lula.

Atualmente, magistrados do STF possuem cargo vitalício, permanecendo até a aposentadoria, aos 75 anos. Já a idade mínima para ingresso na corte é de 35 anos.

No dia seguinte, o ministro Gilmar Mendes reagiu à fala do presidente do Senado, e afirmou que “pelo que se fala, a proposta se fará acompanhar do loteamento das vagas, em proveito de certos órgãos”, o que tensionou ainda mais a relação entre os dois Poderes.

LIMITAÇÃO PARA DECISÕES MONOCRÁTICAS

Com a acentuação da crise entre Legislativo e Judiciário, a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado aprovou nesta quarta, em votação com menos de um minuto, PEC limitando as decisões monocráticas e pedidos de vista em tribunais superiores.

A medida precisa ainda ser aprovada no plenário da Casa e na Câmara para ter validade. Ela prevê que decisões individuais não possam suspender a eficácia de ato normativo dos presidentes da República, do Senado e da Câmara, exceto em caso de grave urgência ou risco de dano irreparável durante o recesso.

A medida estabelece ainda a concessão de pedidos de vista coletivamente —e não individualmente, por cada magistrado— por um prazo máximo de seis meses, com prorrogação por mais três.

DERRUBADA DE DECISÕES PELO CONGRESSO

Na semana passada, também começou a tramitar na Câmara uma PEC que, caso aprovada, permitiria ao Congresso derrubar decisões do Supremo. A proposta recebeu 175 assinaturas, quatro a mais que o necessário para entrar nas discussões do Legislativo.

O texto delimita que as decisões da corte que “extrapolem os limites constitucionais” poderiam ser suspensas se aprovado decreto em dois turnos, por 308 deputados da Câmara e por 49 votos do Senado.

ENTENDIMENTO DE BARROSO

Luís Roberto Barroso, atual presidente do Supremo, disse nesta quarta não ver este momento como o ideal para fazer mudanças na corte. Disse que o tribunal “talvez seja uma das instituições que melhor serviu ao Brasil na preservação da democracia” e que “não está em hora de se mexer”.

Afirmou ainda ver com ressalva a reversão de decisões da corte, “até porque nós já tivemos um precedente na história brasileira que foi a Constituição de 1937, na ditadura Vargas”.

Sobre os mandatos para ministros, lembrou que houve uma discussão a esse respeito quando foi produzida a Constituição de 1988, e que se optou pela vitaliciedade.

 

DEMOCRACIA RELATIVA DE LULA E MADURO CADA UM AO SEU MODO

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