quinta-feira, 5 de outubro de 2023

SECA SEVERA NO AMAZONAS FAZ A NECESSIDADE DE CONSTRUÇÃO DA BR-319

História por VINICIUS SASSINE • Folha de S. Paulo

MANAUS, AM (FOLHAPRESS) – A seca severa em rios da Amazônia, com consequências mais danosas a cidades e comunidades no Amazonas, deu impulso político à pressão pela pavimentação da BR-319, que liga Manaus (AM) a Porto Velho (RO).

A obra pode provocar mais grilagem de terras públicas no curso da rodovia, ampliar o desmatamento ilegal e impulsionar a exploração criminosa de madeira, segundo documentos do processo de licenciamento ambiental em curso no Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).

Em visita a Manaus nesta quarta-feira (4) por determinação do presidente Lula (PT), com comitiva de ministros, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) disse ter conversado no dia anterior com o ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB), sobre a obra de pavimentação da rodovia. Segundo o vice-presidente, um GT (grupo de trabalho) foi criado para analisar o empreendimento.

“Já há um trecho inicial pavimentado”, disse o vice-presidente. “Falei ontem com Renan Filho. Um GT foi criado para analisar a pavimentação, dentro do conceito de rodovia parque, com todos os cuidados ambientais.” O objetivo do GT é permitir o avanço do licenciamento, segundo Alckmin.

Em julho de 2022, o então presidente do Ibama, Eduardo Fortunato Bim, emitiu licença prévia para pavimentação do trecho do meio da BR-319, entre os quilômetros 250 e 655,7 -uma extensão de 405,7 quilômetros.

Bim estava no cargo por indicação do hoje deputado federal Ricardo Salles (PL-SP), ministro do Meio Ambiente no governo Jair Bolsonaro (PL). A licença prévia foi emitida a cinco meses de Bolsonaro deixar o poder, após derrota nas urnas em outubro de 2022.

Os defensores da pavimentação argumentam que ela é necessária para a redução do isolamento de moradores dos dois estados conectados, Amazonas e Rondônia.

Com a seca severa neste ano, a pressão política pela rodovia se ampliou, em razão das dificuldades de navegação no período de estiagem.

O Observatório BR-319, formado por uma rede de organizações da sociedade civil, pesquisadores e associações indígenas, emitiu posicionamento contrário à concessão da licença prévia em 2022.

O grupo afirmou que o processo atropelou etapas básicas, em especial a consulta a populações indígenas de cinco territórios e comunidades ribeirinhas e extrativistas diretamente impactadas com a obra.

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima do governo Lula, Marina Silva (Rede), integrou a comitiva que visitou Manaus nesta quarta para anúncio de medidas contra a estiagem. Ela foi questionada por jornalistas do Amazonas sobre sua posição quanto ao licenciamento da pavimentação.

“O licenciamento deve responder a critérios de viabilidade econômica, social e ambiental”, disse a ministra. “O governo anterior emitiu a licença prévia. O presidente Lula encaminhou no PAC, para que estudos sejam feitos. E foi criado o GT. O Ibama não dificulta nem facilita, ele faz uma análise técnica.”

Marina afirmou que deixou de ser ministra do Meio Ambiente em 2008 e retornou ao cargo em 2023, 15 anos depois. “Se fosse fácil fazer a BR, ela teria sido feita nesses 15 anos. Existem licenças para recuperação de trechos, uma desde 2007, e nada foi feito”, disse a ministra.

Segundo ela, não se pode negar o impacto das mudanças climáticas na Amazônia, como agora, com a estiagem que caminha para momentos extremos, iguais ou piores que marcas históricas em determinados rios da bacia amazônica.

“Trabalhamos para reduzir as causas da mudança do clima. No primeiro governo Lula, a redução do desmatamento da Amazônia foi de 83%, maior contribuição até hoje para que isso tudo não se agrave. E nos primeiros nove meses, conseguimos redução de 48% no desmatamento”, afirmou Marina.

Além de Marina, estavam na comitiva do vice-presidente os ministros Waldez Góes (Integração Nacional), Alexandre Silveira (Minas e Energia), José Mucio Monteiro (Defesa), Sônia Guajajara (Povos Indígenas) e Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos). Eles foram recebidos pelo governador do Amazonas, Wilson Lima (União Brasil).

A comitiva fez um sobrevoo em comunidade afetada pela estiagem, em região próxima a Manaus.

Depois, o vice-presidente repetiu o anúncio de medidas como dragagem em 8 km do rio Solimões, entre Tabatinga (AM) e Benjamin Constant (AM), com ordem de serviço assinada nesta quarta; dragagem de 12 km no rio Madeira, prevista para início em 15 dias; antecipação de pagamento de benefícios, como Bolsa Família; e ajuda no combate a queimadas.

“O fornecimento de energia está garantido, mesmo com a paralisação da usina [hidrelétrica] Santo Antônio [no rio Madeira, em Rondônia]”, afirmou Alckmin. Segundo ele, está em estudo a contratação de mais energia de termelétricas para fornecimento à região.

Dados compilados pela Defesa Civil do Amazonas mostram um agravamento da estiagem e uma aproximação da situação a momentos extremos de seca -aos piores níveis hídricos nas medições históricas- em rios que são o coração dessa porção da Amazônia.

Os dados e análises feitas por institutos de pesquisa e monitoramento apontam uma estiagem próxima dos extremos no alto e médio rio Solimões, no baixo rio Negro (onde está Manaus) e no rio Madeira.

Nessas regiões, se deram as consequências mais visíveis da seca até agora. Comunidades ficaram isoladas em Tabatinga (AM) e Benjamin Constant (AM), no alto Solimões. No lago onde está Tefé (AM), no médio Solimões, mais de 120 botos e tucuxis morreram em dez dias.

 

FOCOS DE CONFLITO ENTRE O CONGRESSO E O STF

História por MATHEUS TUPINA • Folha de S. Paulo

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A tensão entre o Congresso Nacional e o STF (Supremo Tribunal Federal) acentuou-se nas últimas semanas, com parlamentares protestando por meio da obstrução de votações no Legislativo, e com a análise-relâmpago de projeto que limita a atuação e o alcance das decisões da corte.

A crise entre o Legislativo e o Judiciário foi intensificada após uma série de votações do tribunal em temas como o marco temporal, que tramita como projeto de lei, a descriminalização das drogas e a liberação do aborto para até 12 semanas após a concepção.

Nesta quarta-feira (4), a principal comissão do Senado votou a toque de caixa uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) limitando os pedidos de vista e as decisões monocráticas nos tribunais superiores. O presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), voltou a defender nesta semana a criação de mandato para os ministros.

Outra PEC, que autorizaria o Congresso a derrubar decisões proferidas pelo Supremo, também voltou a tramitar na semana passada.

Também nesta quarta, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), disse que os Poderes da República precisariam manter-se dentro dos limites constitucionais, afirmando ter “absoluta certeza” de que o Congresso os obedece.

Entenda em cinco pontos os principais focos do conflito entre a Suprema Corte brasileira e o Congresso Nacional:

VOTAÇÃO EM TEMAS POLÊMICOS

Durante suas últimas semanas chefiando o Supremo, a ministra aposentada Rosa Weber pautou uma série de ações consideradas polêmicas.

Entre elas estão a autorização de cobrança da contribuição assistencial pelos sindicatos a não filiados, a inconstitucionalidade do marco temporal para demarcação de terras indígenas, a descriminalização do porte de drogas para uso pessoal e do aborto em até 12 semanas após a concepção.

Essas votações receberam críticas pelos parlamentares, que viram uma interferência da corte na atividade legislativa. Em resposta, Rosa defendeu a análise de temas considerados tabus pela Justiça.

A partir dali, várias foram as repercussões. Pacheco protocolou uma PEC proibindo o porte e a posse de qualquer droga, independentemente da quantidade. O Senado aprovou o projeto do marco temporal para demarcação de terras indígenas, em votação-relâmpago —o texto aguarda sanção do presidente Lula (PT).

MANDATO DE MINISTROS

Já na segunda-feira (2), Pacheco voltou a defender que os ministros do Supremo tenham mandato, além da elevação da idade mínima para ingresso no tribunal. Disse ainda que o Senado pode começar a discutir o assunto após a indicação do substituto de Rosa por Lula.

Atualmente, magistrados do STF possuem cargo vitalício, permanecendo até a aposentadoria, aos 75 anos. Já a idade mínima para ingresso na corte é de 35 anos.

No dia seguinte, o ministro Gilmar Mendes reagiu à fala do presidente do Senado, e afirmou que “pelo que se fala, a proposta se fará acompanhar do loteamento das vagas, em proveito de certos órgãos”, o que tensionou ainda mais a relação entre os dois Poderes.

LIMITAÇÃO PARA DECISÕES MONOCRÁTICAS

Com a acentuação da crise entre Legislativo e Judiciário, a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado aprovou nesta quarta, em votação com menos de um minuto, PEC limitando as decisões monocráticas e pedidos de vista em tribunais superiores.

A medida precisa ainda ser aprovada no plenário da Casa e na Câmara para ter validade. Ela prevê que decisões individuais não possam suspender a eficácia de ato normativo dos presidentes da República, do Senado e da Câmara, exceto em caso de grave urgência ou risco de dano irreparável durante o recesso.

A medida estabelece ainda a concessão de pedidos de vista coletivamente —e não individualmente, por cada magistrado— por um prazo máximo de seis meses, com prorrogação por mais três.

DERRUBADA DE DECISÕES PELO CONGRESSO

Na semana passada, também começou a tramitar na Câmara uma PEC que, caso aprovada, permitiria ao Congresso derrubar decisões do Supremo. A proposta recebeu 175 assinaturas, quatro a mais que o necessário para entrar nas discussões do Legislativo.

O texto delimita que as decisões da corte que “extrapolem os limites constitucionais” poderiam ser suspensas se aprovado decreto em dois turnos, por 308 deputados da Câmara e por 49 votos do Senado.

ENTENDIMENTO DE BARROSO

Luís Roberto Barroso, atual presidente do Supremo, disse nesta quarta não ver este momento como o ideal para fazer mudanças na corte. Disse que o tribunal “talvez seja uma das instituições que melhor serviu ao Brasil na preservação da democracia” e que “não está em hora de se mexer”.

Afirmou ainda ver com ressalva a reversão de decisões da corte, “até porque nós já tivemos um precedente na história brasileira que foi a Constituição de 1937, na ditadura Vargas”.

Sobre os mandatos para ministros, lembrou que houve uma discussão a esse respeito quando foi produzida a Constituição de 1988, e que se optou pela vitaliciedade.

 

PROJETO APROVADO PELA CÂMARA VISA ZERAR FILA DO INSS

 

História por Maria Laura Giuliani • Poder360

Câmara dos Deputados aprovou nesta 4ª feira (4.out.2023) por votação simbólica, ou seja, sem contagem nominal de votos, o projeto que cria o programa para zerar a fila de espera do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). O texto também reajusta em 18% o salário de bombeiros, policiais militares e civis do Distrito Federal. A proposta agora segue para o Senado.

Em julho deste ano, o governo enviou a proposta ao Congresso pela MP (Medida Provisória) 1181. A medida perderia a validade em 14 de novembro. Entretanto, em 12 de setembro, o Planalto reenviou o texto como projeto de lei (PL 4.426 de 2023), para facilitar a articulação da proposta. 

De última hora, o relator, deputado André Figueiredo (PDT-CE), acatou emendas dos deputados. Entre elas, o pagamento de indenização de representação para policiais civis, a cessão de servidores efetivos da PCDF (Polícia Civil do DF) para o Legislativo e a possibilidade de o governador do DF complementar a remuneração da corporação.

FILA NO INSS

Segundo o relator, o PEFPS (Programa de Enfrentamento à Fila da Previdência Social) terá 4 objetivos:

  • reduzir o tempo de análise dos processos administrativos para obtenção de benefícios do INSS;
  • cumprir decisões judiciais relacionadas a assuntos previdenciários que tenham prazos expirados; 
  • realizar exames médicos periciais e analisar documentos para quem deseja receber os subsídios; 
  • conduzir exames médicos periciais de servidores públicos federais em casos de licença para tratamento de saúde ou de familiar ou dependente doente.

A iniciativa abarca processos com mais de 45 dias de análise ou que já tenham expirado. O governo fará 2 pagamentos extras por processo ao profissional do INSS que aderir ao programa: um para reduzir a fila geral, com valor de R$ 68 e outro para diminuir a fila da perícia médica federal, de R$ 75. 

​​Poderão participar do programa funcionários que ocupam cargos nas carreiras do seguro social, perito médico federal, supervisor médico-pericial e perito médico da previdência social, que atuem no INSS ou no Ministério da Previdência Social.

Ainda segundo o texto, a despesa para cumprir a medida está dentro do orçamento da União deste ano e o INSS “só autorizará atividades dentro da disponibilidade orçamentária”. 

A previsão do impacto está estimada em R$ 129,9 milhões para 2023, com o mesmo valor em 2024.  

O texto determina que os serviços médicos periciais do INSS poderão ser feitos por telemedicina. Além disso, a análise documental poderia ser feita em dias não úteis. Segundo o relatório, o objetivo é “ter maior adesão dos servidores ao programa de enfrentamento à fila do INSS”.

REMUNERAÇÃO DE AGENTES DE SEGURANÇA 

O projeto reajusta em 18% a remuneração de funcionários das forças de segurança (bombeiros e policiais militares e civis) do DF, além de bombeiros e policiais militares do Amapá, Rondônia e Roraima. A 1ª parcela foi paga em julho de 2023, época da publicação da MP que deu origem ao projeto, e a 2ª será paga em janeiro de 2024.

No artigo 7, ficou estabelecido ainda que o governo federal poderá conceder gratificações para as forças de segurança. São elas:

  • Indenização de Representação de Função Policial Civil “com dotação orçamentária própria, não vinculado ao Fundo Constitucional do Distrito Federal”; e
  • indenização aos militares do Distrito Federal, ativos, inativos e pensionistas, para a compensação dos desgastes orgânicos e danos psicossomáticos acumulados e decorrentes do desempenho das atividades.

Pelo texto principal do relator André Figueiredo, o impacto para o governo será de R$ 445 milhões em 2023 e de R$ 1,656 bilhão para 2024 e 2025. Segundo o relator, o dinheiro sairá do FCDF (Fundo Constitucional do Distrito Federal). 

CARGOS PÚBLICOS

O projeto ainda transforma 13.375 cargos efetivos vagos que, segundo o governo, ainda na época da medida provisória, estavam “desalinhados às necessidades da Administração Pública”, em 8.935 novos cargos.

Dos novos postos, 2.243 são cargos comissionados, que podem ser ocupados sem concurso público, e funções de confiança, destinadas a servidores que já tenham cargos efetivos no Executivo. Pelo texto, o restante das funções (6.692) continuam a ser cargos efetivos, mas remanejados para áreas econômicas, de Meio Ambiente e de Cultura, por exemplo. 

Segundo o relator, os cargos efetivos transformados estão “mais alinhados às necessidades da administração, visando à melhoria da qualidade dos serviços prestados ao cidadão”. Já os cargos e funções comissionadas teriam o objetivo de “dotar o Executivo de funcionamento adequado em algumas áreas que têm sido prejudicadas pelo déficit de estrutura”.

A proposta legislativa também estende o prazo para as contratações temporárias de assistência à saúde de povos indígenas e para atividades de apoio às ações de proteção etnoambiental para essa população. O prazo passa de 2 para 5 anos. 

Além disso, determina que 10% a 30% das vagas de concursos da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) sejam reservadas para os povos indígenas. 

Esta reportagem foi escrita pela estagiária de jornalismo Maria Laura Giuliani sob a supervisão do editor Matheus Collaço

SUBSÍDIOS FAZEM AUMENTAR A CONTA DE LUZ

 

História por Geraldo Campos Jr. •19h

Os consumidores brasileiros irão pagar R$ 342,8 bilhões em tarifas de energia elétrica em 2023, sendo que quase 40% desse montante se refere a tributos e encargos da CDE (Conta de Desenvolvimento Energético). Os dados são da Frente Nacional dos Consumidores de Energia, que alerta que projetos em discussão no Congresso Nacional podem ampliar esses custos.

Os números foram apresentados nesta 4ª feira (4.out.2023) durante o Seminário Nacional dos Consumidores de Energia, que reuniu várias entidades de representação de clientes do setor elétrico em Brasília. Para as associações, aumentos e extensões de subsídios, muitos deles que não se justificam mais, são os motivos que mais têm provocado a alta da conta de luz.

Luiz Eduardo Barata, presidente da Frente, disse que o Brasil tem atualmente todas as condições para ter uma das energias mais baratas do mundo, mas, ao contrário, tem uma das contas de luz mais caras. Ele aponta que é preciso ter uma reforma na legislação que torne a tarifa menor, justa e sustentável, o que passa por uma revisão de encargos.

“Nos últimos anos temos visto ações para aumentar a conta de energia, pelo Congresso e pelo governo, como extensão de subsídio a energias renováveis e carvão mineral, que são injustificáveis. E quem paga isso somos todos nós. É muito fácil tomar decisão e botar pra um 3º pagar”, afirmou Barata.

O diretor-geral da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), Sandoval Feitosa, disse que há uma indevida perpetuação de subsídios que no passado até se justificavam, mas que essa realidade mudou. Disse que a agência implementa as políticas públicos que foram definidas, mas que cumpre seu papel de apresentar os impactos e propostas de mudanças

“Subsídios são naturais para determinados momentos e setores, mas o que nós vemos é que há uma perpetuação de subsídios. E o que mais se discute é ainda a entrada de mais subsídios, e não a retirada de subsídios”, afirmou.

A principal crítica do setor é que os subsídios tem sido ampliados, como para mini e microgeração distribuída, mesmo com esse mercado já consolidado e em expansão. Outro problema é que esses descontos que são dados são pagos pelos demais consumidores, que nada têm a ver com essa geração, na conta de luz.

Para Mariana Amim, diretora de Assuntos Técnicos e Regulatórios da Anace (Associação Nacional dos Consumidores de Energia), trata-se de um modelo falido e que não encontra amparo no conceito jurídico do que é um subsídio.

“Estamos a cada dia nos deparando com mais jabutis e subsídios na conta. O subsídio normalmente é um incentivo para aprimorar uma área, mas com o governo arcando. No setor elétrico se faz caridade com o chapéu alheio. Fomentamos alguns setores, como energias renováveis e carvão, a custa do consumidor”, diz.

As entidades defendem que esses benefícios sejam transferidos para o Tesouro Nacional. Apontam ainda que a transição energética não deve ser usada como justificativa para extensão desses benefícios, sendo preciso olhar a realidade do Brasil do que é viável e aplicável aqui.

Segundo Paulo Pedrosa, presidente da Abrace (Associação Brasileira dos Grandes Consumidores de Energia e Consumidores Livres), é preciso ser feito um debate sobre o custo-benefício desses encargos. Afirma que não se pode ver os incentivos como um fim, mas ele tem que ser um meio para atingir um determinado objetivo.

“Nós temos capitanias hereditárias até hoje, não no espaço geográfico, mas no espaço político, em que o consumidor é explorado para atender determinados setores econômicos. E justificam isso com a transição energética. Fazer eólicas offshore e terminar Angra 3, que têm energia mais cara, não são um fim pra transição energética. Mas se for um meio para o desenvolvimento do pais se justifica”, diz.

LULA PREJUDICA A CANDIDATURA DE JAVIER MILEI NA ARGENTINA

 

História por admin3 • IstoÉ Dinheiro

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) atuou para autorizar uma operação para que o Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF) concedesse empréstimo de US$ 1 bilhão à Argentina. A informação foi revelada pela colunista do Estadão Vera Rosa.

O país vizinho precisava desse empréstimo-ponte para que o Fundo Monetário Internacional (FMI) pudesse liberar um desembolso de US$ 7,5 bilhões. A rigor, a Argentina não poderia ter acesso aos recursos do FMI, porque já havia esgotado o limite de crédito.

Lula, então, agiu para que os países-membros do CAF aprovassem a transferência de US$ 1 bilhão diretamente para o FMI, em nome da Argentina. O Palácio do Planalto entrou em contato com a ministra do Planejamento, Simone Tebet, que é governadora do Brasil no CAF.

A ligação partiu do gabinete do ex-chanceler Celso Amorim, hoje assessor especial para assuntos internacionais da Presidência. Foi preciso telefonar várias vezes para Tebet, na tentativa de localizá-la. A ministra estava fora de Brasília, em compromisso particular, e só retornou depois.

A ação ocorreu às vésperas da visita do ministro da Economia argentino, Sergio Massa, ao País. Nome apoiado pelo presidente Alberto Fernández para a sua sucessão, ele esteve no Ministério da Fazenda e no Planalto em 28 de agosto.

O empréstimo-ponte do CAF não é ilegal e passou pelo crivo de 21 países-membros do banco. Somente o Peru votou contra. Após a confirmação, o FMI autorizou novo acordo e liberou os US$ 7,5 bilhões para a Argentina.

Depois da publicação da informação pelo Estadão, o presidenciável argentino Javier Milei disse que Lula atuou contra a sua candidatura e chamou o petista de “comunista furioso”. Ele é adversário de Sergio Massa na corrida pela Presidência da Argentina.

“A casta vermelha treme. Muitos comunistas furiosos e agindo diretamente contra minha pessoa e meu espaço. A liberdade avança. Viva a liberdade c…”, escreveu Milei nas redes sociais.

O que diz o governo

Em nota divulgada nesta quarta-feira, 4, a Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência diz que “diferentemente do que vem sendo repercutido” (pela imprensa), o empréstimo não teve intervenção do presidente. O comunicado afirma, ainda, que Lula não conversou sobre o empréstimo com a ministra Simone Tebet.

Durante audiência na Comissão Mista de Orçamento do Congresso também nesta quarta, Tebet disse que não consultou Lula diretamente, mas admitiu que recorreu ao Itamaraty para saber como os demais países membros do CAF pretendiam votar em relação ao pedido da Argentina.

“O que aconteceu neste caso, e em outros casos, nós temos às vezes, via Ministério das Relações Exteriores, um grande apoio, onde a gente consulta para sentir como os embaixadores de outros países vão votar. É muito natural”, afirmou.

O post Entenda como Lula atuou para liberar empréstimo e interferir na eleição da Argentina apareceu primeiro em ISTOÉ DINHEIRO.

GOVERNO LULA JÁ RETIROU 2,9 MILHÕES DE PESSOAS DO BOLSA FAMÍLIA

 

De acordo com o Ministério de Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, órgão responsável pelos dados, um total de 2.870.743 famílias teve seus benefícios cancelados até o nono mês deste ano.

De acordo com o Ministério de Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, órgão responsável pelos dados, um total de 2.870.743 famílias teve seus benefícios cancelados até o nono mês deste ano.©Foto: Agência Brasil

O governo federal cancelou um total de 2,9 milhões de cadastros no programa Bolsa Família até o mês de setembro deste ano, de acordo com informações obtidas pelo colunista Paulo Cappelli, do site Metrópoles, e divulgadas nesta quarta-feira (4).

De acordo com o Ministério de Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, órgão responsável pelos dados, um total de 2.870.743 famílias teve seus benefícios cancelados até o nono mês deste ano. Essas ações de corte fazem parte de um processo de revisão minuciosa com o objetivo de garantir que o pagamento do benefício seja direcionado apenas às famílias que atendem aos critérios estabelecidos.

As exclusões de beneficiários do Bolsa Família começaram em março deste ano, quando o governo Lula anunciou a identificação de aproximadamente 1,2 milhão de perfis com renda mensal superior aos limites estabelecidos para a adesão ao programa.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinou em junho deste ano o decreto que regulamentou o Novo Bolsa Família. Este programa foi estabelecido como uma substituição ao Auxílio Brasil, nome que era utilizado durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

CENTRÃO MANDA E O GOVERNO ATENDE

 

História por THIAGO RESENDE E RANIER BRAGON • Folha de S. Paulo

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O Congresso Nacional aprovou nesta quarta-feira (4) uma série de projetos do governo Lula (PT) que realocam recursos entre os ministérios e, em alguns casos, engordam pastas e projetos com o objetivo de vitaminar as emendas parlamentares.

Principal mecanismo de negociação entre governo e Congresso, as emendas estão no centro do acordo entre Lula e o centrão, que passou a integrar a base governista por meio das bancadas do PP e do Republicanos.

Conforme mostrou a Folha de S.Paulo, o Palácio do Planalto tem feito acordos com integrantes do Congresso para deixar mais dinheiro nas mãos do centrão, em acertos que envolvem a destinação de mais de R$ 2 bilhões para órgãos loteados ao grupo.

Lula (PT) aceitou um pedido de líderes da Câmara para desidratar em cerca de R$ 600 milhões o Ministério das Cidades, de Jader Filho (MDB), e turbinar órgãos comandados pelo centrão, como a Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba) e o Dnocs (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas).

Um dos projetos retira verba do seguro rural e, por isso, sofria resistência da bancada ruralista. Mas o governo fez um acordo com a FPA (Frente Parlamentar da Agropecuária) e prometeu que irá recolocar o dinheiro nessa área que serve de proteção financeira contra prejuízos causados por desastres naturais, queda de produtividade e outros eventos imprevisíveis.

“No próximo PLN [projeto orçamentário], o governo se compromete a fazer a recomposição dos R$ 45 milhões”, disse o líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP). Com isso, a bancada ruralista passou a apoiar as propostas, o que abriu caminho para a aprovação neste quarta.

A realocação de recursos fortalece a liberação de emendas extras, aquelas que são distribuídas a parlamentares influentes e mais próximos dos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), sem critérios técnicos, apenas políticos.

Deverão sair cerca de R$ 800 milhões do ministério de Jader Filho. A pasta das Cidades virou alvo de críticas do centrão pela demora em autorizar os repasses a obras e projetos apadrinhados por deputados e senadores.

Por outro lado, a Codevasf será inflada em mais de R$ 1 bilhão. A estatal é presidida por Marcelo Andrade Moreira Pinto, indicado pelo líder da União Brasil na Câmara, Elmar Nascimento (BA), que é aliado de Lira.

Outro perdedor nas negociações é o Ministério do Desenvolvimento Social, comandado por Wellington Dias (PT). O cargo dele foi pleiteado na reforma ministerial pelo PP de Lira. No acordo de emendas, a pasta poderá perder R$ 44 milhões.

Isso ajudará a destinar R$ 80 milhões para o projeto Calha Norte, do Ministério da Defesa. Criado em 1985, o programa teve o objetivo inicial de proteger as fronteiras do Norte do país e integrar essa região, mas nos últimos anos também tem executado obras de infraestrutura.

Os empreendimentos do programa são tocados ou supervisionados por militares. Municípios no Amazonas, Amapá, Pará e Roraima podem receber investimentos através do projeto.

Segundo membros do Congresso, essas ações são de interesse de aliados do governo na região Norte, como o ex-presidente do Senado Davi Alcolumbre (União Brasil-AP).

A sessão do Congresso, que reúne deputados e senadores, ocorre para análise de realocação orçamentária do governo federal, além da análise de vetos presidenciais.

A desta quarta também aprovou recursos para preparação da conferência do clima da ONU em Belém, em 2025, a COP30, entre outros fins, incluindo repasses para municípios nas áreas de saúde e educação.

Na sessão, deputados e senadores derrubaram ainda parte dos vetos de Jair Bolsonaro (PL) ao marco ferroviário e de Lula ao projeto de exame toxicológico a motoristas profissionais.

O Congresso tem a palavra final, então os dispositivos que haviam sido vetados serão incorporados às respectivas leis.

A derrubada de parte desses vetos foi um pleito da oposição. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) chegou a afirmar na sessão que o governo do pai errou ao barrar alguns pontos do marco das ferrovias.

Com isso, o governo ficará obrigado a aplicar no próprio estado metade dos recursos obtidos com indenizações e outorgas da malha ferroviária, entre outros pontos.

Na questão toxicológica, entrará na lei a previsão de multa e de infração gravíssima ao motorista profissional que não fizer o exame toxicológico a cada dois anos e meio.

O Congresso marcou nova sessão para o dia 24, quando serão analisados outros vetos de Lula e alguns remanescentes da gestão Bolsonaro.

O PADRÃO DE RELACIONAMENTO ENTRE MARCAS E CONSUMIDORES SE TRANSFORMA EM ERA DE INTENSA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

 

Por ​​Katerina Matthaiou, Head de Produto e Crescimento da Upstream.

Em uma era de intensa inovação tecnológica, o padrão de relacionamento entre marcas e consumidores se transforma. Grandes marcas não apenas proporcionam produtos ou serviços de qualidade, mas também desenvolvem uma forte narrativa ao longo do tempo, fundada na humanização de suas comunicações. A capacidade de surpreender, de evocar o inesperado, que impulsiona o engajamento e motivar o consumidor a voltar, transformando simples compradores em defensores da marca.

Esta surpresa muitas vezes reside na maneira como as marcas se comunicam. E aqui, a estratégia omnichannel, ou multicanal, assume um papel crucial. Na era digital, é insuficiente para uma marca estar presente em um único canal de comunicação. Em vez disso, as marcas precisam tecer uma teia, onde vários canais trabalham em harmonia para oferecer uma experiência homogênea ao consumidor, seja ele online, offline ou em movimento.

Pesquisas indicam que clientes envolvidos por meio de múltiplos canais tendem a comprar 1,7 vezes mais em comparação àqueles que interagem via um único canal. Ao ultrapassar os limites tradicionais e adotar uma abordagem integrada, as marcas ampliam seu alcance e eficácia.

Cada canal tem seu próprio valor e potencial. O SMS, por exemplo, é ótimo para entregar mensagens urgentes, alcançando efetivamente o consumidor, um recente estudo feito pela Upstream para uma operadora de telefonia móvel nacional, aponta que campanhas de retargeting via SMS podem trazer um CTR 3,5 vezes maior que o RCS (Rich Communications Service). Em contraste, o MMS (Multimedia Messaging Service), oferece diversidade de interação através de áudio, fotos e vídeos. Já o RCS, que funciona de forma semelhante ao SMS e também conta com ferramentas multimídias, apresenta taxas de engajamento impressionantes, mas ainda enfrenta dificuldades em ganhar aderência em muitos mercados, na mesma pesquisa foi possível constatar que a taxa de pedidos dos usuários do RCS é 67% maior do que o SMS.

O e-mail, continua sendo uma ferramenta essencial, principalmente por empresas, aqui os desafios como canal de marketing, é atribuído aos filtros de Spam, desativação de notificações e outras estratégias que desafiam as marcas.

No mesmo cenário surgem os aplicativos de mensagens como WhatsApp e Viber que se tornam cada vez mais indispensáveis, a exemplo disso, estatísticas apontam que esses aplicativos são visualizados dentro da faixa de 3 a 5 minutos em um único dia, reforçando seu potencial e sua entrega, apesar dos desafios associados a custos. As notificações push, embora eficazes, precisam ser manuseadas com cuidado para não se tornarem invasivas.

Na vanguarda dessa revolução multicanal, plataformas de mobile marketing surgem como facilitadoras essenciais, contar com uma delas favorece a compreensão e a aplicação da orquestração multicanal para marcas que desejam otimizar sua comunicação.

Ao investir em uma plataforma eficaz, as marcas podem simplificar a complexidade da gestão multicanal, garantindo que cada mensagem, seja ela via SMS, e-mail, aplicativos de mensagens ou notificações push, seja entregue no momento certo e com o impacto desejado. A era digital exige uma orquestração perfeita, e com a ajuda de soluções robustas de mobile marketing, as marcas estão melhor equipadas para superar esses desafios e se conectar genuinamente com seus consumidores.

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quarta-feira, 4 de outubro de 2023

REDUÇÃO DO MANDATO DOS MINISTROS DO STF FARÁ ELES SENTIREM NORMAIS

 

História por Isabella Alonso Panho • Jornal Estadão

Os senadores Hamilton Mourão (Republicanos-RS), Alessandro Vieira (MDB-SE), Plínio Valério (PSDB-AM) e Sérgio Moro (União Brasil-PR) rebateram o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes nesta terça-feira, 3, e saíram em defesa da discussão do mandato para os magistrados da Corte.

A proposta de ter um período fixo para um ministro ficar no cargo foi defendida pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) nesta segunda, 2. Gilmar Mendes reagiu à declaração e afirmou que a ideia é “inoportuna” e que o Congresso quer transformar a Corte em “agência reguladora desvirtuada”.

Ministro Gilmar Mendes, decano do Supremo Tribunal Federal, criticou a proposta de mandato para os ministros do STF Foto: Dida Sampaio / Estadão© Fornecido por Estadão

Plínio Valério é autor de uma proposta para estabelecer um mandato aos membros do STF. O senador disse, ao rebater Gilmar, que, tendo um mandato, os ministros “certamente se sentirão como seres humanos normais”.

“Minha intenção ao propor a PEC foi promover visão equilibrada e democrática do funcionamento do STF. Com mandato, certamente se sentirão como seres humanos normais, juízes que exercerão uma função na Suprema Corte e que estão sujeitos a avaliações e aperfeiçoamentos periódicos”, escreveu o tucano nas redes sociais.

Alessandro Vieira chamou o posicionamento de Gilmar Mendes de “ridículo” e disse que o decano do STF ”se recusa a respeitar os limites constitucionais da sua própria atuação”.

“É ridículo, pois se trata de integrante da Corte que justamente interpreta e defende os limites da Constituição. O Congresso tem óbvia e ampla legitimidade para discutir mandatos para o STF”, afirmou.

Hamilton Mourão, senador e ex-vice-presidente, classificou como “lamentável” a atitude de Gilmar e afirmou que o ministro “desdenha” da discussão do Senado. “O que o ministro chama de ‘esforço retórico’, nós chamamos de trazer ao debate político e democrático as legítimas demandas e anseios do povo que nos elegeu”, disse.

Senador e ex-juiz da Operação Lava Jato, Sérgio Moro também criticou a reação do ministro. “Estabelecer mandatos para os ministros do STF (novos) é mero aperfeiçoamento institucional, não é golpe ou retaliação.”

Moro e Gilmar já protagonizaram vários embates públicos e são desafetos declarados. O ministro critica o senador por causa da condução da força-tarefa e Moro atribui ao magistrado uma conduta leniente com o combate à corrupção.

Discussão foi reacendida após declaração de Pacheco

A discussão envolvendo Gilmar Mendes nesta terça-feira começou com a declaração do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. Segundo o senador, depois que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) indicar o nome para substituir Rosa Weber, a Casa deverá retomar o debate sobre a criação de mandato para os ministros do Supremo.

Uma declaração do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), reacendeu o debate Foto: WILTON JUNIOR© Fornecido por Estadão

“Seria bom para o Poder Judiciário, para a Suprema Corte do nosso País, para a sociedade brasileira, termos uma limitação ao mandato de ministros do Supremo”, disse o senador durante uma coletiva de imprensa nesta segunda.

Nesta terça, Gilmar criticou a proposta nas redes sociais. “É comovente ver o esforço retórico feito para justificar a empreitada: sonham com as Cortes Constitucionais da Europa (contexto parlamentarista), entretanto o mais provável é que acordem com mais uma agência reguladora desvirtuada. Talvez seja esse o objetivo”, afirmou o magistrado.

Ele também afirmou que o momento da discussão é inoportuno. “Após vivenciarmos uma tentativa de golpe de Estado, por que os pensamentos supostamente reformistas se dirigem apenas ao Supremo?”, questionou Gilmar.

Hoje, o mandato dos ministros do Supremo é vitalício, porque eles usufruem das mesmas prerrogativas da carreira da magistratura, estabelecidas em lei. A aposentadoria compulsória aos 75 anos não retira, por exemplo, o título de ministro.

Discussões no STF incomodam Legislativo

A discussão sobre o mandato para ministros do Supremo é antiga e já foi endossada por Lula neste ano. Há diversos projetos de lei na Câmara e no Senado sobre o tema. Um deles é de autoria do atual ministro da Justiça, Flávio Dino, cotado para vaga no STF, e foi proposto quando ele era deputado federal.

O fato de o Supremo Tribunal Federal ter encampado discussões, como o marco temporal, tem provocado incômodo nos parlamentares.

O julgamento do STF sobre o marco temporal das terras indígenas é um dos episódios que tem alimentado a reação do Legislativo Foto: CARLOS ALVES MOURA© Fornecido por Estadão

Aprovado na Câmara por ampla maioria, impondo um revés ao governo Lula, o projeto foi para o Senado com a promessa de Pacheco de que seria votado sem regime de urgência, passando por comissões e com audiências públicas.

Antes de o trâmite ser concluído, o STF declarou a inconstitucionalidade do marco temporal. Pacheco pautou o projeto de lei, que foi aprovado pela Casa. Como mostrou a Coluna do Estadãoquando o texto chegar a Lula, ele deve ser vetado, mas já existem articulações no Congresso para derrubar um possível veto do presidente.

Outros casos que alimentam esse ruído entre Legislativo e Judiciário são a descriminalização do porte de drogas para consumo pessoal e a descriminalização do aborto até 12 semanas de gestação. Os dois temas estão sob análise do STF.

No final de setembro, a Câmara dos Deputados voltou a discutir a Proposta de Emenda à Constituição nº 50/2023, que prevê a possibilidade de o Congresso derrubar decisões do Supremo. Especialistas ouvidos pelo Estadão afirmam que há clima para que a PEC seja aprovada, mas o texto pode ser derrubado pelo próprio STF.

PEC APROVADA MANTÉM A CIDADANIA BRASILEIRA DE QUE OBTÉM OUTRA NACIONALIDADE

 

História por Redação Itatiaia •14h

O Congresso Nacional promulgou nesta terça-feira (3) a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que mantém a cidadania brasileira de quem obtém outra nacionalidade.

Atualmente, a Constituição estabelece a perda automática da nacionalidade brasileira quando um cidadão adquire outra nacionalidade.

Pela legislação, a perda só não é automática quando o reconhecimento da nova nacionalidade é feito por lei estrangeira ou quando há imposição de naturalização ao brasileiro residente em outro país.

Pela PEC, a nacionalidade deverá ser mantida, com exceção de dois casos:

  • quando houver pedido expresso do cidadão, ressalvadas situações que acarretem apatridia, ou seja, quando a pessoa não tem sua nacionalidade reconhecida por nenhum país;
  • e quando houver sentença judicial que peça a perda de nacionalidade, em caso de fraude relacionada ao processo de naturalização ou atentado contra a ordem constitucional e o Estado Democrático.

O texto não fala sobre a reaquisição de nacionalidade, que precisará ser definida posteriormente.

Hoje, os termos para readquirir a nacionalidade brasileira exigem renúncia à nacionalidade estrangeira adquirida ou a comprovação de enquadramento nas duas exceções que a Constituição estabelece.

Permuta entre juízes estaduais

Durante a sessão solene desta terça, o Congresso também promulgou a PEC que cria a possibilidade de troca mútua, também chamada de permuta, entre juízes estaduais de diferentes tribunais.

O texto determina que a troca será permitida entre juízes “de comarca de igual entrância, dentro do mesmo segmento de Justiça, inclusive entre os juízes de 2º grau, vinculados a diferentes tribunais, na esfera da Justiça Estadual, Federal ou do Trabalho”.

Atualmente, apenas juízes federais e do trabalho podem pedir permuta. Juízes estaduais podem mudar de comarca dentro de um mesmo tribunal desde que sejam aprovados em novo concurso público se quiserem atuar em outro estado.

Para que a mudança ocorra, é necessário que a troca tenha o aval de todos os magistrados envolvidos.

A expectativa é que a promulgação das duas PECs seja publicada no Diário Oficial da União (DOU) ainda nesta semana.

Para ir à promulgação pelo Congresso, uma PEC precisa ser aprovada em dois turnos, na Câmara dos Deputados e no Senado, com apoio de, no mínimo, 308 deputados e 49 senadores.

VÁRIOS ESTADOS ESTÃO ISENTANDO DE IPVA CARROS A PARTIR DE 10 ANIOS

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