quinta-feira, 5 de outubro de 2023

PROJETO APROVADO PELA CÂMARA VISA ZERAR FILA DO INSS

 

História por Maria Laura Giuliani • Poder360

Câmara dos Deputados aprovou nesta 4ª feira (4.out.2023) por votação simbólica, ou seja, sem contagem nominal de votos, o projeto que cria o programa para zerar a fila de espera do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). O texto também reajusta em 18% o salário de bombeiros, policiais militares e civis do Distrito Federal. A proposta agora segue para o Senado.

Em julho deste ano, o governo enviou a proposta ao Congresso pela MP (Medida Provisória) 1181. A medida perderia a validade em 14 de novembro. Entretanto, em 12 de setembro, o Planalto reenviou o texto como projeto de lei (PL 4.426 de 2023), para facilitar a articulação da proposta. 

De última hora, o relator, deputado André Figueiredo (PDT-CE), acatou emendas dos deputados. Entre elas, o pagamento de indenização de representação para policiais civis, a cessão de servidores efetivos da PCDF (Polícia Civil do DF) para o Legislativo e a possibilidade de o governador do DF complementar a remuneração da corporação.

FILA NO INSS

Segundo o relator, o PEFPS (Programa de Enfrentamento à Fila da Previdência Social) terá 4 objetivos:

  • reduzir o tempo de análise dos processos administrativos para obtenção de benefícios do INSS;
  • cumprir decisões judiciais relacionadas a assuntos previdenciários que tenham prazos expirados; 
  • realizar exames médicos periciais e analisar documentos para quem deseja receber os subsídios; 
  • conduzir exames médicos periciais de servidores públicos federais em casos de licença para tratamento de saúde ou de familiar ou dependente doente.

A iniciativa abarca processos com mais de 45 dias de análise ou que já tenham expirado. O governo fará 2 pagamentos extras por processo ao profissional do INSS que aderir ao programa: um para reduzir a fila geral, com valor de R$ 68 e outro para diminuir a fila da perícia médica federal, de R$ 75. 

​​Poderão participar do programa funcionários que ocupam cargos nas carreiras do seguro social, perito médico federal, supervisor médico-pericial e perito médico da previdência social, que atuem no INSS ou no Ministério da Previdência Social.

Ainda segundo o texto, a despesa para cumprir a medida está dentro do orçamento da União deste ano e o INSS “só autorizará atividades dentro da disponibilidade orçamentária”. 

A previsão do impacto está estimada em R$ 129,9 milhões para 2023, com o mesmo valor em 2024.  

O texto determina que os serviços médicos periciais do INSS poderão ser feitos por telemedicina. Além disso, a análise documental poderia ser feita em dias não úteis. Segundo o relatório, o objetivo é “ter maior adesão dos servidores ao programa de enfrentamento à fila do INSS”.

REMUNERAÇÃO DE AGENTES DE SEGURANÇA 

O projeto reajusta em 18% a remuneração de funcionários das forças de segurança (bombeiros e policiais militares e civis) do DF, além de bombeiros e policiais militares do Amapá, Rondônia e Roraima. A 1ª parcela foi paga em julho de 2023, época da publicação da MP que deu origem ao projeto, e a 2ª será paga em janeiro de 2024.

No artigo 7, ficou estabelecido ainda que o governo federal poderá conceder gratificações para as forças de segurança. São elas:

  • Indenização de Representação de Função Policial Civil “com dotação orçamentária própria, não vinculado ao Fundo Constitucional do Distrito Federal”; e
  • indenização aos militares do Distrito Federal, ativos, inativos e pensionistas, para a compensação dos desgastes orgânicos e danos psicossomáticos acumulados e decorrentes do desempenho das atividades.

Pelo texto principal do relator André Figueiredo, o impacto para o governo será de R$ 445 milhões em 2023 e de R$ 1,656 bilhão para 2024 e 2025. Segundo o relator, o dinheiro sairá do FCDF (Fundo Constitucional do Distrito Federal). 

CARGOS PÚBLICOS

O projeto ainda transforma 13.375 cargos efetivos vagos que, segundo o governo, ainda na época da medida provisória, estavam “desalinhados às necessidades da Administração Pública”, em 8.935 novos cargos.

Dos novos postos, 2.243 são cargos comissionados, que podem ser ocupados sem concurso público, e funções de confiança, destinadas a servidores que já tenham cargos efetivos no Executivo. Pelo texto, o restante das funções (6.692) continuam a ser cargos efetivos, mas remanejados para áreas econômicas, de Meio Ambiente e de Cultura, por exemplo. 

Segundo o relator, os cargos efetivos transformados estão “mais alinhados às necessidades da administração, visando à melhoria da qualidade dos serviços prestados ao cidadão”. Já os cargos e funções comissionadas teriam o objetivo de “dotar o Executivo de funcionamento adequado em algumas áreas que têm sido prejudicadas pelo déficit de estrutura”.

A proposta legislativa também estende o prazo para as contratações temporárias de assistência à saúde de povos indígenas e para atividades de apoio às ações de proteção etnoambiental para essa população. O prazo passa de 2 para 5 anos. 

Além disso, determina que 10% a 30% das vagas de concursos da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) sejam reservadas para os povos indígenas. 

Esta reportagem foi escrita pela estagiária de jornalismo Maria Laura Giuliani sob a supervisão do editor Matheus Collaço

SUBSÍDIOS FAZEM AUMENTAR A CONTA DE LUZ

 

História por Geraldo Campos Jr. •19h

Os consumidores brasileiros irão pagar R$ 342,8 bilhões em tarifas de energia elétrica em 2023, sendo que quase 40% desse montante se refere a tributos e encargos da CDE (Conta de Desenvolvimento Energético). Os dados são da Frente Nacional dos Consumidores de Energia, que alerta que projetos em discussão no Congresso Nacional podem ampliar esses custos.

Os números foram apresentados nesta 4ª feira (4.out.2023) durante o Seminário Nacional dos Consumidores de Energia, que reuniu várias entidades de representação de clientes do setor elétrico em Brasília. Para as associações, aumentos e extensões de subsídios, muitos deles que não se justificam mais, são os motivos que mais têm provocado a alta da conta de luz.

Luiz Eduardo Barata, presidente da Frente, disse que o Brasil tem atualmente todas as condições para ter uma das energias mais baratas do mundo, mas, ao contrário, tem uma das contas de luz mais caras. Ele aponta que é preciso ter uma reforma na legislação que torne a tarifa menor, justa e sustentável, o que passa por uma revisão de encargos.

“Nos últimos anos temos visto ações para aumentar a conta de energia, pelo Congresso e pelo governo, como extensão de subsídio a energias renováveis e carvão mineral, que são injustificáveis. E quem paga isso somos todos nós. É muito fácil tomar decisão e botar pra um 3º pagar”, afirmou Barata.

O diretor-geral da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), Sandoval Feitosa, disse que há uma indevida perpetuação de subsídios que no passado até se justificavam, mas que essa realidade mudou. Disse que a agência implementa as políticas públicos que foram definidas, mas que cumpre seu papel de apresentar os impactos e propostas de mudanças

“Subsídios são naturais para determinados momentos e setores, mas o que nós vemos é que há uma perpetuação de subsídios. E o que mais se discute é ainda a entrada de mais subsídios, e não a retirada de subsídios”, afirmou.

A principal crítica do setor é que os subsídios tem sido ampliados, como para mini e microgeração distribuída, mesmo com esse mercado já consolidado e em expansão. Outro problema é que esses descontos que são dados são pagos pelos demais consumidores, que nada têm a ver com essa geração, na conta de luz.

Para Mariana Amim, diretora de Assuntos Técnicos e Regulatórios da Anace (Associação Nacional dos Consumidores de Energia), trata-se de um modelo falido e que não encontra amparo no conceito jurídico do que é um subsídio.

“Estamos a cada dia nos deparando com mais jabutis e subsídios na conta. O subsídio normalmente é um incentivo para aprimorar uma área, mas com o governo arcando. No setor elétrico se faz caridade com o chapéu alheio. Fomentamos alguns setores, como energias renováveis e carvão, a custa do consumidor”, diz.

As entidades defendem que esses benefícios sejam transferidos para o Tesouro Nacional. Apontam ainda que a transição energética não deve ser usada como justificativa para extensão desses benefícios, sendo preciso olhar a realidade do Brasil do que é viável e aplicável aqui.

Segundo Paulo Pedrosa, presidente da Abrace (Associação Brasileira dos Grandes Consumidores de Energia e Consumidores Livres), é preciso ser feito um debate sobre o custo-benefício desses encargos. Afirma que não se pode ver os incentivos como um fim, mas ele tem que ser um meio para atingir um determinado objetivo.

“Nós temos capitanias hereditárias até hoje, não no espaço geográfico, mas no espaço político, em que o consumidor é explorado para atender determinados setores econômicos. E justificam isso com a transição energética. Fazer eólicas offshore e terminar Angra 3, que têm energia mais cara, não são um fim pra transição energética. Mas se for um meio para o desenvolvimento do pais se justifica”, diz.

LULA PREJUDICA A CANDIDATURA DE JAVIER MILEI NA ARGENTINA

 

História por admin3 • IstoÉ Dinheiro

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) atuou para autorizar uma operação para que o Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF) concedesse empréstimo de US$ 1 bilhão à Argentina. A informação foi revelada pela colunista do Estadão Vera Rosa.

O país vizinho precisava desse empréstimo-ponte para que o Fundo Monetário Internacional (FMI) pudesse liberar um desembolso de US$ 7,5 bilhões. A rigor, a Argentina não poderia ter acesso aos recursos do FMI, porque já havia esgotado o limite de crédito.

Lula, então, agiu para que os países-membros do CAF aprovassem a transferência de US$ 1 bilhão diretamente para o FMI, em nome da Argentina. O Palácio do Planalto entrou em contato com a ministra do Planejamento, Simone Tebet, que é governadora do Brasil no CAF.

A ligação partiu do gabinete do ex-chanceler Celso Amorim, hoje assessor especial para assuntos internacionais da Presidência. Foi preciso telefonar várias vezes para Tebet, na tentativa de localizá-la. A ministra estava fora de Brasília, em compromisso particular, e só retornou depois.

A ação ocorreu às vésperas da visita do ministro da Economia argentino, Sergio Massa, ao País. Nome apoiado pelo presidente Alberto Fernández para a sua sucessão, ele esteve no Ministério da Fazenda e no Planalto em 28 de agosto.

O empréstimo-ponte do CAF não é ilegal e passou pelo crivo de 21 países-membros do banco. Somente o Peru votou contra. Após a confirmação, o FMI autorizou novo acordo e liberou os US$ 7,5 bilhões para a Argentina.

Depois da publicação da informação pelo Estadão, o presidenciável argentino Javier Milei disse que Lula atuou contra a sua candidatura e chamou o petista de “comunista furioso”. Ele é adversário de Sergio Massa na corrida pela Presidência da Argentina.

“A casta vermelha treme. Muitos comunistas furiosos e agindo diretamente contra minha pessoa e meu espaço. A liberdade avança. Viva a liberdade c…”, escreveu Milei nas redes sociais.

O que diz o governo

Em nota divulgada nesta quarta-feira, 4, a Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência diz que “diferentemente do que vem sendo repercutido” (pela imprensa), o empréstimo não teve intervenção do presidente. O comunicado afirma, ainda, que Lula não conversou sobre o empréstimo com a ministra Simone Tebet.

Durante audiência na Comissão Mista de Orçamento do Congresso também nesta quarta, Tebet disse que não consultou Lula diretamente, mas admitiu que recorreu ao Itamaraty para saber como os demais países membros do CAF pretendiam votar em relação ao pedido da Argentina.

“O que aconteceu neste caso, e em outros casos, nós temos às vezes, via Ministério das Relações Exteriores, um grande apoio, onde a gente consulta para sentir como os embaixadores de outros países vão votar. É muito natural”, afirmou.

O post Entenda como Lula atuou para liberar empréstimo e interferir na eleição da Argentina apareceu primeiro em ISTOÉ DINHEIRO.

GOVERNO LULA JÁ RETIROU 2,9 MILHÕES DE PESSOAS DO BOLSA FAMÍLIA

 

De acordo com o Ministério de Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, órgão responsável pelos dados, um total de 2.870.743 famílias teve seus benefícios cancelados até o nono mês deste ano.

De acordo com o Ministério de Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, órgão responsável pelos dados, um total de 2.870.743 famílias teve seus benefícios cancelados até o nono mês deste ano.©Foto: Agência Brasil

O governo federal cancelou um total de 2,9 milhões de cadastros no programa Bolsa Família até o mês de setembro deste ano, de acordo com informações obtidas pelo colunista Paulo Cappelli, do site Metrópoles, e divulgadas nesta quarta-feira (4).

De acordo com o Ministério de Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, órgão responsável pelos dados, um total de 2.870.743 famílias teve seus benefícios cancelados até o nono mês deste ano. Essas ações de corte fazem parte de um processo de revisão minuciosa com o objetivo de garantir que o pagamento do benefício seja direcionado apenas às famílias que atendem aos critérios estabelecidos.

As exclusões de beneficiários do Bolsa Família começaram em março deste ano, quando o governo Lula anunciou a identificação de aproximadamente 1,2 milhão de perfis com renda mensal superior aos limites estabelecidos para a adesão ao programa.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinou em junho deste ano o decreto que regulamentou o Novo Bolsa Família. Este programa foi estabelecido como uma substituição ao Auxílio Brasil, nome que era utilizado durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

CENTRÃO MANDA E O GOVERNO ATENDE

 

História por THIAGO RESENDE E RANIER BRAGON • Folha de S. Paulo

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O Congresso Nacional aprovou nesta quarta-feira (4) uma série de projetos do governo Lula (PT) que realocam recursos entre os ministérios e, em alguns casos, engordam pastas e projetos com o objetivo de vitaminar as emendas parlamentares.

Principal mecanismo de negociação entre governo e Congresso, as emendas estão no centro do acordo entre Lula e o centrão, que passou a integrar a base governista por meio das bancadas do PP e do Republicanos.

Conforme mostrou a Folha de S.Paulo, o Palácio do Planalto tem feito acordos com integrantes do Congresso para deixar mais dinheiro nas mãos do centrão, em acertos que envolvem a destinação de mais de R$ 2 bilhões para órgãos loteados ao grupo.

Lula (PT) aceitou um pedido de líderes da Câmara para desidratar em cerca de R$ 600 milhões o Ministério das Cidades, de Jader Filho (MDB), e turbinar órgãos comandados pelo centrão, como a Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba) e o Dnocs (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas).

Um dos projetos retira verba do seguro rural e, por isso, sofria resistência da bancada ruralista. Mas o governo fez um acordo com a FPA (Frente Parlamentar da Agropecuária) e prometeu que irá recolocar o dinheiro nessa área que serve de proteção financeira contra prejuízos causados por desastres naturais, queda de produtividade e outros eventos imprevisíveis.

“No próximo PLN [projeto orçamentário], o governo se compromete a fazer a recomposição dos R$ 45 milhões”, disse o líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP). Com isso, a bancada ruralista passou a apoiar as propostas, o que abriu caminho para a aprovação neste quarta.

A realocação de recursos fortalece a liberação de emendas extras, aquelas que são distribuídas a parlamentares influentes e mais próximos dos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), sem critérios técnicos, apenas políticos.

Deverão sair cerca de R$ 800 milhões do ministério de Jader Filho. A pasta das Cidades virou alvo de críticas do centrão pela demora em autorizar os repasses a obras e projetos apadrinhados por deputados e senadores.

Por outro lado, a Codevasf será inflada em mais de R$ 1 bilhão. A estatal é presidida por Marcelo Andrade Moreira Pinto, indicado pelo líder da União Brasil na Câmara, Elmar Nascimento (BA), que é aliado de Lira.

Outro perdedor nas negociações é o Ministério do Desenvolvimento Social, comandado por Wellington Dias (PT). O cargo dele foi pleiteado na reforma ministerial pelo PP de Lira. No acordo de emendas, a pasta poderá perder R$ 44 milhões.

Isso ajudará a destinar R$ 80 milhões para o projeto Calha Norte, do Ministério da Defesa. Criado em 1985, o programa teve o objetivo inicial de proteger as fronteiras do Norte do país e integrar essa região, mas nos últimos anos também tem executado obras de infraestrutura.

Os empreendimentos do programa são tocados ou supervisionados por militares. Municípios no Amazonas, Amapá, Pará e Roraima podem receber investimentos através do projeto.

Segundo membros do Congresso, essas ações são de interesse de aliados do governo na região Norte, como o ex-presidente do Senado Davi Alcolumbre (União Brasil-AP).

A sessão do Congresso, que reúne deputados e senadores, ocorre para análise de realocação orçamentária do governo federal, além da análise de vetos presidenciais.

A desta quarta também aprovou recursos para preparação da conferência do clima da ONU em Belém, em 2025, a COP30, entre outros fins, incluindo repasses para municípios nas áreas de saúde e educação.

Na sessão, deputados e senadores derrubaram ainda parte dos vetos de Jair Bolsonaro (PL) ao marco ferroviário e de Lula ao projeto de exame toxicológico a motoristas profissionais.

O Congresso tem a palavra final, então os dispositivos que haviam sido vetados serão incorporados às respectivas leis.

A derrubada de parte desses vetos foi um pleito da oposição. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) chegou a afirmar na sessão que o governo do pai errou ao barrar alguns pontos do marco das ferrovias.

Com isso, o governo ficará obrigado a aplicar no próprio estado metade dos recursos obtidos com indenizações e outorgas da malha ferroviária, entre outros pontos.

Na questão toxicológica, entrará na lei a previsão de multa e de infração gravíssima ao motorista profissional que não fizer o exame toxicológico a cada dois anos e meio.

O Congresso marcou nova sessão para o dia 24, quando serão analisados outros vetos de Lula e alguns remanescentes da gestão Bolsonaro.

O PADRÃO DE RELACIONAMENTO ENTRE MARCAS E CONSUMIDORES SE TRANSFORMA EM ERA DE INTENSA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

 

Por ​​Katerina Matthaiou, Head de Produto e Crescimento da Upstream.

Em uma era de intensa inovação tecnológica, o padrão de relacionamento entre marcas e consumidores se transforma. Grandes marcas não apenas proporcionam produtos ou serviços de qualidade, mas também desenvolvem uma forte narrativa ao longo do tempo, fundada na humanização de suas comunicações. A capacidade de surpreender, de evocar o inesperado, que impulsiona o engajamento e motivar o consumidor a voltar, transformando simples compradores em defensores da marca.

Esta surpresa muitas vezes reside na maneira como as marcas se comunicam. E aqui, a estratégia omnichannel, ou multicanal, assume um papel crucial. Na era digital, é insuficiente para uma marca estar presente em um único canal de comunicação. Em vez disso, as marcas precisam tecer uma teia, onde vários canais trabalham em harmonia para oferecer uma experiência homogênea ao consumidor, seja ele online, offline ou em movimento.

Pesquisas indicam que clientes envolvidos por meio de múltiplos canais tendem a comprar 1,7 vezes mais em comparação àqueles que interagem via um único canal. Ao ultrapassar os limites tradicionais e adotar uma abordagem integrada, as marcas ampliam seu alcance e eficácia.

Cada canal tem seu próprio valor e potencial. O SMS, por exemplo, é ótimo para entregar mensagens urgentes, alcançando efetivamente o consumidor, um recente estudo feito pela Upstream para uma operadora de telefonia móvel nacional, aponta que campanhas de retargeting via SMS podem trazer um CTR 3,5 vezes maior que o RCS (Rich Communications Service). Em contraste, o MMS (Multimedia Messaging Service), oferece diversidade de interação através de áudio, fotos e vídeos. Já o RCS, que funciona de forma semelhante ao SMS e também conta com ferramentas multimídias, apresenta taxas de engajamento impressionantes, mas ainda enfrenta dificuldades em ganhar aderência em muitos mercados, na mesma pesquisa foi possível constatar que a taxa de pedidos dos usuários do RCS é 67% maior do que o SMS.

O e-mail, continua sendo uma ferramenta essencial, principalmente por empresas, aqui os desafios como canal de marketing, é atribuído aos filtros de Spam, desativação de notificações e outras estratégias que desafiam as marcas.

No mesmo cenário surgem os aplicativos de mensagens como WhatsApp e Viber que se tornam cada vez mais indispensáveis, a exemplo disso, estatísticas apontam que esses aplicativos são visualizados dentro da faixa de 3 a 5 minutos em um único dia, reforçando seu potencial e sua entrega, apesar dos desafios associados a custos. As notificações push, embora eficazes, precisam ser manuseadas com cuidado para não se tornarem invasivas.

Na vanguarda dessa revolução multicanal, plataformas de mobile marketing surgem como facilitadoras essenciais, contar com uma delas favorece a compreensão e a aplicação da orquestração multicanal para marcas que desejam otimizar sua comunicação.

Ao investir em uma plataforma eficaz, as marcas podem simplificar a complexidade da gestão multicanal, garantindo que cada mensagem, seja ela via SMS, e-mail, aplicativos de mensagens ou notificações push, seja entregue no momento certo e com o impacto desejado. A era digital exige uma orquestração perfeita, e com a ajuda de soluções robustas de mobile marketing, as marcas estão melhor equipadas para superar esses desafios e se conectar genuinamente com seus consumidores.

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quarta-feira, 4 de outubro de 2023

REDUÇÃO DO MANDATO DOS MINISTROS DO STF FARÁ ELES SENTIREM NORMAIS

 

História por Isabella Alonso Panho • Jornal Estadão

Os senadores Hamilton Mourão (Republicanos-RS), Alessandro Vieira (MDB-SE), Plínio Valério (PSDB-AM) e Sérgio Moro (União Brasil-PR) rebateram o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes nesta terça-feira, 3, e saíram em defesa da discussão do mandato para os magistrados da Corte.

A proposta de ter um período fixo para um ministro ficar no cargo foi defendida pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) nesta segunda, 2. Gilmar Mendes reagiu à declaração e afirmou que a ideia é “inoportuna” e que o Congresso quer transformar a Corte em “agência reguladora desvirtuada”.

Ministro Gilmar Mendes, decano do Supremo Tribunal Federal, criticou a proposta de mandato para os ministros do STF Foto: Dida Sampaio / Estadão© Fornecido por Estadão

Plínio Valério é autor de uma proposta para estabelecer um mandato aos membros do STF. O senador disse, ao rebater Gilmar, que, tendo um mandato, os ministros “certamente se sentirão como seres humanos normais”.

“Minha intenção ao propor a PEC foi promover visão equilibrada e democrática do funcionamento do STF. Com mandato, certamente se sentirão como seres humanos normais, juízes que exercerão uma função na Suprema Corte e que estão sujeitos a avaliações e aperfeiçoamentos periódicos”, escreveu o tucano nas redes sociais.

Alessandro Vieira chamou o posicionamento de Gilmar Mendes de “ridículo” e disse que o decano do STF ”se recusa a respeitar os limites constitucionais da sua própria atuação”.

“É ridículo, pois se trata de integrante da Corte que justamente interpreta e defende os limites da Constituição. O Congresso tem óbvia e ampla legitimidade para discutir mandatos para o STF”, afirmou.

Hamilton Mourão, senador e ex-vice-presidente, classificou como “lamentável” a atitude de Gilmar e afirmou que o ministro “desdenha” da discussão do Senado. “O que o ministro chama de ‘esforço retórico’, nós chamamos de trazer ao debate político e democrático as legítimas demandas e anseios do povo que nos elegeu”, disse.

Senador e ex-juiz da Operação Lava Jato, Sérgio Moro também criticou a reação do ministro. “Estabelecer mandatos para os ministros do STF (novos) é mero aperfeiçoamento institucional, não é golpe ou retaliação.”

Moro e Gilmar já protagonizaram vários embates públicos e são desafetos declarados. O ministro critica o senador por causa da condução da força-tarefa e Moro atribui ao magistrado uma conduta leniente com o combate à corrupção.

Discussão foi reacendida após declaração de Pacheco

A discussão envolvendo Gilmar Mendes nesta terça-feira começou com a declaração do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. Segundo o senador, depois que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) indicar o nome para substituir Rosa Weber, a Casa deverá retomar o debate sobre a criação de mandato para os ministros do Supremo.

Uma declaração do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), reacendeu o debate Foto: WILTON JUNIOR© Fornecido por Estadão

“Seria bom para o Poder Judiciário, para a Suprema Corte do nosso País, para a sociedade brasileira, termos uma limitação ao mandato de ministros do Supremo”, disse o senador durante uma coletiva de imprensa nesta segunda.

Nesta terça, Gilmar criticou a proposta nas redes sociais. “É comovente ver o esforço retórico feito para justificar a empreitada: sonham com as Cortes Constitucionais da Europa (contexto parlamentarista), entretanto o mais provável é que acordem com mais uma agência reguladora desvirtuada. Talvez seja esse o objetivo”, afirmou o magistrado.

Ele também afirmou que o momento da discussão é inoportuno. “Após vivenciarmos uma tentativa de golpe de Estado, por que os pensamentos supostamente reformistas se dirigem apenas ao Supremo?”, questionou Gilmar.

Hoje, o mandato dos ministros do Supremo é vitalício, porque eles usufruem das mesmas prerrogativas da carreira da magistratura, estabelecidas em lei. A aposentadoria compulsória aos 75 anos não retira, por exemplo, o título de ministro.

Discussões no STF incomodam Legislativo

A discussão sobre o mandato para ministros do Supremo é antiga e já foi endossada por Lula neste ano. Há diversos projetos de lei na Câmara e no Senado sobre o tema. Um deles é de autoria do atual ministro da Justiça, Flávio Dino, cotado para vaga no STF, e foi proposto quando ele era deputado federal.

O fato de o Supremo Tribunal Federal ter encampado discussões, como o marco temporal, tem provocado incômodo nos parlamentares.

O julgamento do STF sobre o marco temporal das terras indígenas é um dos episódios que tem alimentado a reação do Legislativo Foto: CARLOS ALVES MOURA© Fornecido por Estadão

Aprovado na Câmara por ampla maioria, impondo um revés ao governo Lula, o projeto foi para o Senado com a promessa de Pacheco de que seria votado sem regime de urgência, passando por comissões e com audiências públicas.

Antes de o trâmite ser concluído, o STF declarou a inconstitucionalidade do marco temporal. Pacheco pautou o projeto de lei, que foi aprovado pela Casa. Como mostrou a Coluna do Estadãoquando o texto chegar a Lula, ele deve ser vetado, mas já existem articulações no Congresso para derrubar um possível veto do presidente.

Outros casos que alimentam esse ruído entre Legislativo e Judiciário são a descriminalização do porte de drogas para consumo pessoal e a descriminalização do aborto até 12 semanas de gestação. Os dois temas estão sob análise do STF.

No final de setembro, a Câmara dos Deputados voltou a discutir a Proposta de Emenda à Constituição nº 50/2023, que prevê a possibilidade de o Congresso derrubar decisões do Supremo. Especialistas ouvidos pelo Estadão afirmam que há clima para que a PEC seja aprovada, mas o texto pode ser derrubado pelo próprio STF.

PEC APROVADA MANTÉM A CIDADANIA BRASILEIRA DE QUE OBTÉM OUTRA NACIONALIDADE

 

História por Redação Itatiaia •14h

O Congresso Nacional promulgou nesta terça-feira (3) a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que mantém a cidadania brasileira de quem obtém outra nacionalidade.

Atualmente, a Constituição estabelece a perda automática da nacionalidade brasileira quando um cidadão adquire outra nacionalidade.

Pela legislação, a perda só não é automática quando o reconhecimento da nova nacionalidade é feito por lei estrangeira ou quando há imposição de naturalização ao brasileiro residente em outro país.

Pela PEC, a nacionalidade deverá ser mantida, com exceção de dois casos:

  • quando houver pedido expresso do cidadão, ressalvadas situações que acarretem apatridia, ou seja, quando a pessoa não tem sua nacionalidade reconhecida por nenhum país;
  • e quando houver sentença judicial que peça a perda de nacionalidade, em caso de fraude relacionada ao processo de naturalização ou atentado contra a ordem constitucional e o Estado Democrático.

O texto não fala sobre a reaquisição de nacionalidade, que precisará ser definida posteriormente.

Hoje, os termos para readquirir a nacionalidade brasileira exigem renúncia à nacionalidade estrangeira adquirida ou a comprovação de enquadramento nas duas exceções que a Constituição estabelece.

Permuta entre juízes estaduais

Durante a sessão solene desta terça, o Congresso também promulgou a PEC que cria a possibilidade de troca mútua, também chamada de permuta, entre juízes estaduais de diferentes tribunais.

O texto determina que a troca será permitida entre juízes “de comarca de igual entrância, dentro do mesmo segmento de Justiça, inclusive entre os juízes de 2º grau, vinculados a diferentes tribunais, na esfera da Justiça Estadual, Federal ou do Trabalho”.

Atualmente, apenas juízes federais e do trabalho podem pedir permuta. Juízes estaduais podem mudar de comarca dentro de um mesmo tribunal desde que sejam aprovados em novo concurso público se quiserem atuar em outro estado.

Para que a mudança ocorra, é necessário que a troca tenha o aval de todos os magistrados envolvidos.

A expectativa é que a promulgação das duas PECs seja publicada no Diário Oficial da União (DOU) ainda nesta semana.

Para ir à promulgação pelo Congresso, uma PEC precisa ser aprovada em dois turnos, na Câmara dos Deputados e no Senado, com apoio de, no mínimo, 308 deputados e 49 senadores.

GOVERNO AMERICANO TEM SE ESFORÇADO PARA ACENAR COM RECURSOS PARA ENGANJAR COMM O BRASIL

 

História por Mariana Sanches – Da BBC News Brasil em Washington 

Se os US$ 500 milhões prometidos pelo presidente americano Joe Biden ao Fundo Amazônia, em abril, parecem cada vez mais distantes da realidade, o governo americano tem se esforçado para acenar com outras possibilidades de recursos para mostrar engajamento com o Brasil em um momento em que a China reforça sua presença tanto no país quanto na América Latina.

O envio de meio bilhão de dólares à floresta amazônica dependeria da aprovação do Congresso dos Estados Unidos. Mas, há meses, os partidos Democrata e Republicano não conseguem construir um consenso em torno do orçamento do país.

No último sábado (30/9), o Congresso evitou que o governo americano fosse paralisado por falta de verbas menos de quatro horas antes do prazo limite – e com a aprovação de uma solução tampão de 45 dias. Ficaram de fora, por exemplo, as verbas previstas para apoiar os ucranianos em seu esforço de guerra.

O terreno legislativo do país virou um ambiente conflagrado — o que ficou demonstrado na terça-feira (03) com a destituição do líder da Câmara, o republicano Kevin McCarthy, após decisão dos parlamentares da Casa, que aprovaram por 216 votos a 210 sua saída em uma moção para retirá-lo do cargo.

Nesse contexto da política doméstica do país, tanto diplomatas brasileiros como americanos consideram praticamente descartada a aprovação da verba anunciada por Biden ao Fundo Amazônia ainda este ano.

Os dois governos, no entanto, se empenharam para evitar que o não cumprimento da promessa simbolizasse um novo constrangimento na relação entre os países, que tanto Biden quanto Lula afirmaram ter chegado a um novo patamar.

E outras opções passaram a ser avaliadas.

Por um lado, durante o encontro bilateral entre os presidentes Lula e Biden (e alguns de seus ministros) em Nova York, há duas semanas, o Brasil propôs a inclusão do país no chamado Inflation Reduction Act (IRA, na sigla em inglês), um pacote climático proposto pela atual gestão, já chancelado pelo legislativo, e que destina US$ 369 bilhões para apoiar a transição energética e o desenvolvimento de tecnologias verdes ao país.

Até agora, o Brasil pouco se beneficiou do plano bilionário porque, de acordo com o texto aprovado pelo Congresso, somente países com acordos de livre-comércio com os EUA poderiam reclamar tais investimentos em suas indústrias.

O Brasil jamais firmou tal acordo com os americanos. Para tentar estudar formas de driblar essa limitação, brasileiros e americanos acertaram, durante o encontro bilateral, a criação de um grupo de trabalho — que do lado brasileiro será levado a cabo pela Fazenda — para propor saídas que permitam que ao menos parte desse recurso desembarque no Brasil.

Do lado de Biden, a estratégia para demonstrar que a relação com o Brasil é prioritária é aliar investimentos públicos pontuais e estímulo ao intercâmbio empresarial.

Em entrevista exclusiva à BBC News Brasil depois do encontro bilateral entre os dois presidentes, o subsecretário de Estado para Crescimento Econômico, Energia e Meio Ambiente dos EUA, José Fernandez, afirmou que o país pretende aportar recursos diretamente no Brasil em setores como a extração dos chamados “minerais críticos” — cobalto, lítio e níquel, entre outros — fundamentais para a fabricação de baterias de veículos elétricos, por exemplo.

Hoje, 80% desses minerais estão sob controle de países que os EUA consideram como autocracias e expandir as fontes dos materiais se tornou uma meta para a gestão Biden.

Uma das novas fontes que os americanos encontraram fica no interior do Piauí. Lá, a agência governamental americana, Development Finance Corporation (DFC), aportou algumas dezenas de milhões de dólares para a exploração de cobalto e níquel pela empresa TechMet.

“A China construiu uma posição de domínio esmagador da cadeia de abastecimento (de minerais críticos). A dependência contínua dos Estados Unidos das importações para o fornecimento de metais críticos representa uma ameaça significativa à competitividade a longo prazo da indústria americana. A TechMet, alinhada aos interesses dos EUA, está empenhada em desenvolver um fornecimento independente destes metais críticos”, diz a empresa em um comunicado em 2020 no qual anuncia o aporte de US$25 milhões da DFC.

A China já se estabeleceu no Brasil com duas fabricantes de automóveis elétricos – a BYD e a Great Wall Motors.

“Em minerais críticos, o Brasil tem grandes reservas, o que quer é capital, empresas que estejam preparadas para fazer a coisa certa ao trabalhar com as comunidades, que garantam respeito aos direitos trabalhistas, ao meio ambiente. E nós estamos preparados para incentivar esse tipo de empresa”, afirmou Fernandez.

O secretário qualificou o setor minerador do Brasil como “vibrante” e disse que o que os EUA oferecem é “trabalharmos em conjunto no financiamento de projetos minerais críticos, com um investimento feito de forma responsável, seguindo o mais alto princípio ambiental, social e de governança para que os países não precisem escolher entre custos ambientais e crescimento econômico”.

Segundo ele, porém, as parcerias com o Brasil não estariam limitadas à mineração.

Há ainda interesses em apoiar o desenvolvimento de hidrogênio verde, energia eólica e solar brasileiras, além do desenvolvimento de sementes pela Embrapa que gerem plantas capazes de suportar as mudanças climáticas.

Na semana passada, o Departamento de Estado dos EUA remeteu ao Brasil cerca de 40 empresários, numa visita organizada pela equipe do enviado especial dos EUA para o clima, John Kerry, e batizada de GreenTech Mission.

Entre as empresas americanas representadas na visita estavam 3M, Bayer, Boeing, Cargill, GE, Merck e Kellogg. Havia ainda funcionários da EximBank, agência de crédito à exportação dos EUA; dos departamentos de Agricultura, de Energia, dentre outros.

Ao anunciar, em Nova York e ao lado de Kerry, a expedição dos americanos ao Brasil, o ministro da Fazenda Fernando Haddad qualificou o novo momento da parceria com os EUA como um “ganha-ganha”. “Não podemos deixar uma potência como os EUA de costas para o Brasil. O Brasil e os EUA têm interesses em comum. Queremos abrir possibilidades novas para que Brasil e EUA se aproximem com ganhos mútuos”, afirmou Haddad.

O tom de Fernandez é ainda mais contundente: “O Brasil está ansioso e queremos mais investimentos dos EUA no Brasil. Quando você tem um país com o potencial que o Brasil tem na região (América Latina), ele tem que estar na frente e no centro dos seus planos”.

Leia a seguir os principais trechos da entrevista da BBC News Brasil com Fernandez, feita por videochamada e editada por concisão e clareza.

Hoje, 80% dos minerais críticos estão sob controle de países que os EUA consideram como autocracias e expandir as fontes dos materiais se tornou uma meta para a gestão Biden© Getty Images

BBC News Brasil – Brasil e EUA parecem estar em um novo momento em sua relação bilateral, é o que os dois presidentes disseram no mês passado, em encontro bilateral, em Nova York. O que isso significa em termos de comércio e oportunidades de negócios?

José Fernandez – Nossa relação com o Brasil é muito forte, temos excelentes relações comerciais, mas também compartilhamos muitos dos mesmos valores e algo em que tanto o presidente Biden quanto o presidente Lula acreditam é em ter as mudanças climáticas no topo da agenda. Eles discutiram o que o presidente Lula quer fazer na Amazônia e nós compartilhamos os mesmos objetivos.

Especificamente nas áreas com as quais eu trato, como minerais críticos, os EUA acabaram de fazer um investimento numa empresa no Nordeste. Temos um diálogo energético muito ativo. Estamos engajados em toda a questão da sustentabilidade, das mudanças climáticas. Vamos nos envolver com o Brasil no acordo de plásticos que estamos começando a negociar. Eu me encontrei com a nova embaixadora do Brasil nos EUA (Maria Luiza Viotti) e estamos comprometidos em cooperar em muitas áreas. É um relacionamento muito forte.

BBC News Brasil – Você poderia detalhar um pouco mais esse investimento em minerais no Nordeste?

Fernandez – O nome da empresa é Techmet. Eles receberam um investimento de muitos países, mas um dos investimentos foi da nossa Development Finance Corporation para construir uma mina no nordeste. Eles estão no mercado de minerais críticos. E continuaremos a fazer mais.

O Brasil tem um setor de mineração muito vibrante e de grande interesse e o que oferecemos é a oportunidade para trabalharmos em conjunto no financiamento de projetos minerais críticos, com um investimento feito de forma responsável, seguindo o mais alto princípio ambiental, social e de governança para que os países não precisem escolher entre os custos ambientais e o crescimento econômico.

O Brasil compartilha esse anseio e eu tenho tanto no governo Lula quanto durante o período Bolsonaro conversado com a indústria de mineração brasileira e continuarei a promover esse tipo de oportunidade que acreditamos ser uma oportunidade única em uma geração e uma oportunidade que o Brasil quer aproveitar.

Em minerais críticos, o Brasil tem grandes reservas, o que quer é capital, empresas que estejam preparadas para fazer a coisa certa ao trabalhar com as comunidades, para garantir que elas respeitem os direitos trabalhistas e o meio ambiente. E, por isso, estamos preparados para incentivar esse tipo de empresa.

O desafio é focar em projetos específicos daqui para frente e continuaremos a fazer isso.

Mas não se limita à mineração. Um dos projetos que coordeno é para desenvolver plantações no sul da África que resistirão às mudanças climáticas. Se o clima continuar a aquecer, muitas das culturas agrícolas que, neste momento, são alimentos básicos na África, não sobreviverão às alterações climáticas nos próximos 20 anos. Estamos trabalhando com a Embrapa nisso no sul da África.

BBC News Brasil – Na semana passada, a equipe do enviado climático John Kerry esteve no Brasil com algumas dezenas de empresários justamente com esta agenda. Pode me falar mais sobre isso?

Fernandez – Apoiamos o secretário Kerry na empreitada. Ele tem sido incansável em trabalhar na busca de uma cooperação com o Brasil.

Quando você olha para a crise das mudanças climáticas que enfrentamos, o Brasil está no centro da solução, como líder na preservação amazônica de um dos maiores pulmões do mundo. Precisamos do Brasil como parceiro. O Brasil já é um líder climático, grande parte da sua energia agora é renovável, é energia hidrelétrica, então acho que todos podemos aprender com os esforços que o Brasil tem tomado na Amazônia e em outros aspectos sobre mudanças climáticas e nós queremos tê-los como parceiros na América Latina, dada a sua proeminência na região.

E é por isso que tenho certeza de que o secretário Kerry deseja promover esse objetivo, mas também percebendo que o setor privado será fundamental para a necessidade de investimento. Logo, ele está trazendo empresas ao país.

Do lado de Biden, a estratégia para demonstrar que a relação com o Brasil é prioritária é aliar investimentos públicos pontuais e estímulo ao intercâmbio empresarial© Reuters

BBC News Brasil – E em relação a fundos governamentais dos EUA, subsecretário? O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, citou recentemente a possibilidade de que recursos do Inflation Reduction Act pudessem financiar iniciativas no Brasil. Isso é uma conversa ainda muito inicial ou já uma realidade?

Fernandez – Acho que estamos começando a conversa e isso é um pouco fora da minha especialidade. Grande parte da discussão sobre o Inflation Reduction Act centra-se nas baterias de veículos elétricos e subsídios (para produzi-las). Em relação ao Brasil, já estamos vendo os benefícios desse investimento que mencionei na Techmet.

Mas não é só isso. No hidrogênio verde, o Brasil poderá ser um líder, há uma série de áreas onde vemos condições de trabalhar em conjunto com o Brasil. Sinceramente, não sei se a discussão já está em andamento, mas certamente tenha em mente que o Inflation Reduction Act é o maior investimento feito por qualquer país na História em energia limpa, são US$ 369 bilhões, e vai além das baterias de veículos, inclui a captura de carbono, hidrogênio verde, energia eólica, solar e muito desse investimento irá para tecnologia. E essa tecnologia ajudará a todos nós.

Então, quer o Brasil se torne ou não um dos países do FTA (Free Trade Agreements, livre comércio, condição necessária para receber aportes diretos do IRA) para fins de veículos elétricos, o Brasil vai se beneficiar porque a tecnologia vai baratear turbinas eólicas e painéis solares. E, em última análise, o que estamos tentando fazer é lidar com as alterações climáticas, que são a crise existencial do nosso tempo.

BBC News Brasil – O presidente Lula, na viagem a Nova York, tinha por objetivo atrair investidores americanos para obras do Programa de Aceleração do Crescimento em energia eólica e solar, especialmente no nordeste do país. O senhor vê esse interesse no setor privado americano?

Fernandez – Com certeza. Sei que existe um grande interesse também por parte de muitas empresas europeias. O Brasil é um excelente candidato para energia eólica e solar e já é líder em energias renováveis. Há uma série de empresas que estão muito otimistas em trabalhar com o Brasil e sentem que o país já está pronto agora para mais energia renovável.

O Brasil tem uma ótima rede hidrelétrica, mas vimos o que acontece em tempos de seca, e é por isso que o presidente Lula quer diversificar para outras fontes de energia renovável e é por isso que as empresas estão interessadas.

BBC News Brasil – Há uma certa frustração no governo brasileiro que diz ouvir muitos questionamentos sobre os investimentos chineses no país, mas ao mesmo tempo afirma que os investidores americanos não aparecem nas concorrências quando elas são abertas.

Fernandez – O Brasil está ansioso e queremos mais investimentos dos EUA no Brasil. Lembre-se que os EUA continuam sendo, de longe, o maior investidor na América Latina e também o maior parceiro comercial da América Latina e do Caribe, por isso queremos fazer parte da solução e trabalharemos com o Brasil para tentar incentivar empresas a investirem nisso.

Assim como estamos incentivando as empresas brasileiras a virem para os EUA, nossos números comerciais cresceram tremendamente nos últimos dois anos. Nossas relações são bastante saudáveis.

Mas nós não podemos dormir sobre o nosso sucesso. Precisamos continuar atentos porque quando você tem um país com o potencial que o Brasil tem na região, ele tem que estar na frente e no centro dos seus planos.

EMPRESÁRIO COLABOROU COM O OBJETIVO DA MANIFESTAÇÃO SER PACÍFICA

História por Natália Santos e Gabriel de Sousa • Jornal Estadão

BRASÍLIA – O empresário Argino Bedin, 73 anos, suspeito de ter financiado os ataques aos prédios dos Três Poderes, optou por ficar em silêncio durante depoimento nesta terça-feira, 3, na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro. Ele abriu mão do pronunciamento inicial, chorou no decorrer da oitiva e respondeu apenas “sim” ou “não” a poucas perguntas.

O direito de ficar calado em questionamentos potencialmente incriminato´rios foi concedido ao “pai da soja”, como é conhecido, pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli nesta segunda-feira, 2.

Bedin ficou em silêncio durante a sua oitiva na CPMI e chegou a chorar durante fala de bolsonarista Foto: Wilton Junior/Estadão© Fornecido por Estadão

Bedin foi convocado pelo colegiado como testemunha. Ao iniciar a sessão pelas perguntas da relatora, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), o empresário informou que não falaria. “Eu vou exercer o meu direito de permanecer calado”, disse. O “pai da soja” foi o primeiro suspeito de financiar os atos convocado pela CPMI.

Durante a oitiva, o empresário começou a chorar durante a fala do deputado federal Filipe Barros (PL-PR). Segundo o bolsonarista, o empresário não deveria ser investigado por ter colaborado com uma manifestação que tinha como objetivo ser pacífica. “As nossas manifestações (da direita) sempre foram pacíficas. Um empresário exemplar pro nosso País, como o senhor Argino Bedin, eventualmente ajuda mais uma dessas manifestações, só que nessa manifestação deu o que deu no dia 8. Ele pode ser responsabilizado por isso? É óbvio que não”, disse Barros.

Bedin foi consolado pela senadora Damares Alves (Republicanos-DF). “Este senhor tem 72 anos de idade. Em novembro de 2022, teve seus bens bloqueados. Como poderia ter financiado qualquer coisa? Estou esperando o Excelentíssimo ministro dos Direitos Humanos vir acompanhar uma sessão desta CPMI e ver o que fizeram e continuam fazendo com crianças, mulheres e idosos”, disse a senadora.

Durante o segundo momento da CPMI, após o almoço, o empresário não usou o direito ao silêncio ao responder a senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS). Mas foi sucinto nas respostas. Questionado se ele se considera inocente, disse “com certeza”. E afirmou que “não” se sentiu intimidado com o colegiado. “Nem um pouco”, disse.

Argino teve as suas contas bancárias bloqueadas por determinação do ministro do Supremo Alexandre de Moraes, em novembro do ano passado. Ele faz parte de um grupo de empresários suspeitos de financiar atos antidemocráticos como bloqueios e obstruções de estradas após a derrota do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nas eleições presidenciais.

Depoimento foi o último da CPMI

Pela falta de acordo entre a base governista e a oposição para pautar novas convocações ao colegiado, a CPMI foi encerrada, de forma extraoficial, nesta terça-feira. Não haverá mais depoimentos até o relatório final de Eliziane Gama, que será apresentado no próximo dia 17. O fim dos trabalhos do colegiado ocorre sem as oitivas do ex-ministro e vice na chapa de Bolsonaro nas eleições do ano passado, Walter Braga Netto, e do ex-comandante da Marinha, Almir Garnier dos Santos, que eram de interesse da base governista. Também não haverá depoimentos de membros da Força Nacional, solicitados pela oposição.

Estava previsto para esta quinta-feira, 5, o depoimento do soldado da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) Beroaldo José de Freitas Júnior, que participou da defesa do Congresso Nacional durante os ataques às sedes dos Três Poderes. Porém, a oitiva não será realizada.

Empresário é acusado de financiar atos antidemocráticos

Um levantamento do Estadão com base em documentos da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostrou que a família de Argino, que é tradicional no agronegócio de soja em Sorriso, em Mato Grosso, doou R$ 160 mil em repasses feitos para a campanha à reeleição de Bolsonaro. Além disso, foi constatado que 15 caminhões que se deslocaram até o Quartel-General do Exército após a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pertenciam aos Bedin.

Bedin esteve ao lado de Bolsonaro em evento onde o presidente criticou isolamento social na pandemia de covid-19 Foto: Alan Santos/PR© Fornecido por Estadão

Em setembro de 2020, o empresário recebeu, em Sorriso, Bolsonaro e uma comitiva presidencial composta do então ministro da Infraestrutura e hoje governador de São PauloTarcísio de Freitas (Republicanos), e do ex-chefe do Gabinete de Segurança institucional (GSI) general Augusto Heleno, que depôs na CPMI na semana passada. Naquela visita a Mato Grosso, ocorrida durante os primeiros meses da pandemia de covid-19, o ex-presidente disse que o Estado “não se acovardou” e criticou as políticas de isolamento social que eram adotadas naquela época.

 

DEMOCRACIA RELATIVA DE LULA E MADURO CADA UM AO SEU MODO

  Brasil e Mundo ...