terça-feira, 5 de setembro de 2023

O SISTEMA FOI CRIADO PREVENDO QUE A GERAÇÃO PRESENTE DEVE SUSTENTAR PRETÉRITA E A GERAÃO FUTURA DEVE SUSTENTAR A GERAÇÃO PRESENTE

 

História por Wagner Balera* • Jornal Estadão

Wagner Balera Foto: Divulgação© Fornecido por Estadão

A Constituição está sujeita a reformas.

Em 1988, quando a Constituição foi promulgada, o mundo já tinha iniciado a temporada das reformas previdenciárias. Então, praticamente, nossa Constituição ingressa em época na qual a concepção sobre previdência, sobre seguridade social, se encontrava em plena transformação.

É um contexto reformador do Estado Social, ou do Estado do Bem-Estar, cuja crise fora apontada por Pierre Rosanvallon (historiador francês, economista e cientista político).

Aliás, vamos contextualizar o tema.

A Organização Internacional do Trabalho, prudentemente editou as chamadas Normas Mínimas de Seguridade Social. É a Convenção nº 102, de 1952, que o Brasil adotou. A Convenção nº 102 cria um critério, uma padronização, das prestações dentro de certa razoabilidade. É o que hoje se poderia chamar de o mínimo existencial. É o que a Previdência Social básica deve suportar do ponto de vista financeiro.

O modelo idealizado pela Assembleia Nacional Constituinte está sendo, com as reformas, ajustado para padrões de sustentabilidade. Portanto, o que se constata, na etapa de reformas iniciada em 1998, é a progressiva restrição de direitos sociais.

A Emenda Constitucional nº 20, de 1998, é restritiva de direitos. Mas essa Emenda não cumpriu o seu principal escopo: a redução das assimetrias entre o regime geral e os regimes próprios.

Ocorre que há um abismo entre o regime geral e os regimes próprios, que consomem quantidade quase equivalente de recursos. A própria Emenda nº 20 criou, nas regras de transição, o prolongamento indefinido das assimetrias. E foi seguida, nesse particular, pelas reformas subsequentes. Ocorre que a Reforma se depara com dados objetivos. O primeiro é o da redução da taxa de natalidade.

Hoje a média de reposição da força de trabalho é de 1,5 de trabalhadores para garantir o sustento dos aposentados e pensionistas. Ocorre que, com essa taxa de reposição, o Sistema não se sustenta. Não haverá força de trabalho suficiente para a manutenção da intergerenacionalidade.

O sistema foi pensado com a seguinte modelagem: a geração presente deve sustentar a geração pretérita, a geração futura sustentará a geração presente. Outro dado objetivo é o do aumento da expectativa de vida. Salta de sessenta e dois anos, apurado em 1960, quando foi promulgada a Lei Orgânica da Previdência Social, para setenta e quatro anos nos dias de hoje. Uma sobrevida de doze anos a mais.

Quanto custarão esses doze anos a mais?

E a discussão de hoje, 2023, é a da desoneração da folha. Vale dizer, redução da arrecadação.

E o cálculo atuarial, que conta com aquela remuneração, que conta com aquela contribuição sobre a folha? Será que está sendo devidamente considerado na Reforma Tributária que acaba de ser encaminhada ao Senado Federal?

Insisto na proposta da Norma Mínima. O Estado garante as necessidades básicas. Quanto ao mais, cada qual deve cuidar, seja individualmente, seja em parceria com o empregador, de complementar o básico, conforme o respectivo projeto de vida.

Como proposta de reforma, entendo que se deva pensar, seriamente, nessa integração da sociedade com o Estado, para a definição do denominador comum da proteção social. Que se proponha uma consulta nacional sobre a futura reforma. Que se decida quem se dispõe a ceder, em benefício de todos. E que cada qual decida como acha justa a divisão da conta Previdenciária.

Na primeira divisão da conta, estabelecida pela Constituição de 1934, ficou definida a divisão em três partes iguais: trabalhador, empregador e União. Depois, a divisão deixou de ser igual, a partir de 1946. Em 1988, o constituinte chamou toda a comunidade a contribuir: Estado e sociedade. Mas não se falou na divisão da conta.

É minha proposta: decisão da comunidade a respeito do ajuste dos benefícios, para todos os regimes previdenciários, e decisão a respeito do rateio das contribuições.

Pode ser que, então, a nova Reforma alcance mais ampliado consenso.

*Wagner Balera, professor titular na Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Livre-docente e doutor em Direito Previdenciário pela mesma Universidade

DICAS PARA QUEM VAI APOSENTAR NO INSS

 

História por Redação • Catraca Livre

INSS: As melhores dicas para quem vai pedir aposentadoria© Gov.br

Um dos principais motivos de indeferimento dos pedidos de aposentadoria pelo INSS se deve ao fato de o segurado não ter implementado os critérios para o benefício, Segundo dados do Portal Transparência Previdenciária. Ou seja, não ter tempo ou idade suficientes para ter direito à aposentadoria, de acordo com os requisitos após a reforma da Previdência, em vigor desde novembro de 2019.

Créditos: Gov.br

No entanto, uma situação que acaba sendo recorrente, no momento de fazer o requerimento pelo aplicativo ou site Meu INSS, pode evitar erros e indeferimentos. Existem casos em que o segurado possui vínculos e tempos de contribuição que não constam do Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS). Ao preencher o pedido, no Meu INSS, é importante que o segurado insira essas informações pendentes e, se possível, os respectivos documentos que comprovam períodos trabalhados e/ou outras contribuições pagas.

INSS: As melhores dicas para quem vai pedir aposentadoria© Fornecido por Catraca Livre

Como comprovar

O próprio sistema abre opções de inclusão de documentos, como Carteira de Trabalho, comprovantes de contribuição de carnê ou Guia de Previdência Social (GPS), por exemplo. Ou seja, ao fazer o requerimento de aposentadoria, o segurado deve conferir atentamente os vínculos listados na tela. Se identificar que estão faltando outros tempos de contribuição, inclusive em outro Regime de Previdência (Certidão de Tempo de Contribuição do Regime Próprio de Previdência – RPPS), deve inserir esses vínculos, nessa tela do requerimento, no momento em que está solicitando a aposentadoria.

Segundo Alba Valéria de Assis, servidora que integra a equipe da gerência do INSS em Belo Horizonte, é importante que, também no aplicativo, o requerente informe que deseja incluir vínculos. “Inclusive, ele tem a opção de editar as informações previdenciárias que são listadas no Meu INSS”, explica. Segundo a servidora, quando o requerente não informa que existem outros vínculos, o sistema irá verificar, automaticamente, apenas os vínculos e contribuições já cadastrados.

Isso significa que se, na análise automática, não for contabilizado o tempo de contribuição mínima exigida, o pedido será indeferido também automaticamente, não passando pela análise de um servidor do INSS. “Por isso, a importância de se conferir os vínculos existentes e, caso necessário, informar que existem outros vínculos a serem acrescentados. Nesse caso, o requerimento será analisado por um servidor”, explicou Alba Valéria.

Usando a Central 135 do INSS

Nos casos em que o segurado não dispõe de meios para fazer o requerimento pelo Meu INSS, ele pode ligar para a central 135. O mesmo fluxo de informações do aplicativo é seguido pela central. Ou seja, o requerente também irá responder ao atendente se deseja acrescentar novas informações de vínculos e contribuições que não estejam no CNIS.

Para isso, após a conclusão do requerimento, o segurado tem a opção de apresentar o documento, inserindo no próprio Meu INSS, que já terá esse pedido de aposentadoria registrado ou, ainda, agendar Cumprimento de Exigência, para entregar a documentação complementar na Agência da Previdência Social mais perto de sua casa.

A central 135 funciona de segunda a sábado, de 7h às 22h.

Com informações do portal Gov.br.

DESPESAS DO GOVERNO AUMENTANDO E NINGUÉM FALA EM CORTE DE GASTOS

 

Reforma administrativa não interessa ao governo nem ao Centrão, o que deixa todo o ajuste para ser feito via arrecadação

Por Raquel Landim – Jornal Estadão

Nas vésperas da entrega do Orçamento de 2024 no Congresso Nacional, o ministro da FazendaFernando Haddad, foi bombardeado com “fogo amigo” para desistir da meta de déficit fiscal zero.

Capitaneada pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa, a ala política do governo solicitava mais espaço para gastar com obras. E partia de um argumento cínico: já que o mercado não acredita mesmo nessa meta, por que cumpri-la?

O Orçamento de 2024 é pouco crível e faz lembrar os tempos em que as leis de diretrizes orçamentárias eram comumente chamadas de peças de ficção. Para a conta fechar, o governo precisa de uma arrecadação extra de R$ 168 bilhões.

Só com a nova lei do Carf, que mudou o voto de Minerva do conselho de disputas tributárias a favor da Receita Federal, o governo projeta R$ 97,8 bilhões a mais – uma estimativa nove vezes mais otimista que a de alguns bancos.

Haddad mantém esperança de conseguir zerar o déficit em 2024
Haddad mantém esperança de conseguir zerar o déficit em 2024 Foto: Wilton Junior / Estadão

O lobby a favor do abandono da meta chegou até o presidente Lula da Silva. Haddad venceu mais uma e sua equipe diz que confia nas medidas e que o debate de mudança de meta está interditado. Parece mais estratégia de sobrevivência contra o fogo amigo.

O que está interditado mesmo no Brasil é o debate sobre redução de gastos. Não vemos nenhuma medida efetiva para isso nos Ministérios da Fazenda ou do Planejamento.

O presidente da Câmara, Arthur Lira, é que, de vez em quando, levanta a bandeira da reforma administrativa. Ganhou algum apoio de bancadas representativas, mas, por enquanto, não passa de estratégia diversionista para quando Haddad faz apelos pela tributação dos mais ricos. A reforma administrativa se tornou o escudo perfeito para Lira dizer não ao titular da Fazenda.

Haddad quer taxar os fundos exclusivos e as offshores e espera arrecadar R$ 13,3 bilhões e R$ 7 bilhões a mais, respectivamente. Só que isso não agrada aos mais ricos e aos congressistas. No salão verde, alguns chegam a comparar as medidas à taxação de grandes fortunas e seus efeitos deletérios de fuga de capitais – o que, obviamente, é um exagero.

O fato é que a reforma administrativa não interessa nem ao governo petista, que é apoiado pelos servidores, e nem ao Centrão, que quer fazer mais e mais indicações para a máquina pública.

Os dois interesses alinhados fulminam o debate sobre corte de gastos, o que deixa todo o ajuste para ser feito via arrecadação. Enquanto isso, o Brasil caminha na torcida para que o agronegócio ou as forças divinas impulsionem mais o PIB e salvem as previsões irrealistas de meta fiscal. Se Deus não ajudar, paciência.

CENTRÃO ENTRA NO GOVERNO LULA ABOCANHANDO MINISTÉRIOS

PP de Lira comandará pasta ampliada por dinheiro da taxação de apostas esportivas, enquanto Republicanos, ligado à Igreja Universal, ficará com Portos e Aeroportos

Por Vera Rosa

BRASÍLIA – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fechou o desenho da reforma ministerial, na tentativa de obter maioria de votos no Congresso, e selou acordo com o Centrão. Lula decidiu entregar o Ministério do Esporte para o deputado André Fufuca (PP-MA), aliado do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o de Portos e Aeroportos para Silvio Costa Filho (PE), vice-presidente do Republicanos, partido ligado à Igreja Universal do Reino de Deus. Nesta segunda-feira, 4, o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta, afirmou que a reforma era “questão de horas”.

A entrada do Centrão no governo vai desalojar a atual ministra do Esporte, Ana Moser, que era da cota pessoal de Lula e não estava filiada a nenhum partido. Como mostrou a Coluna do Estadãoesse ministério será turbinado com o dinheiro da taxação das apostas esportivas. A Medida Provisória que prevê essa cobrança ainda precisa passar pelo crivo do Congresso e deve ser aprovada nos próximos dias.

André Fufuca já havia sido anunciado como futuro ministro pelo titular das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, mas ainda faltava a definição de qual Pasta ele iria ocupar na Esplanada dos Ministérios.
André Fufuca já havia sido anunciado como futuro ministro pelo titular das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, mas ainda faltava a definição de qual Pasta ele iria ocupar na Esplanada dos Ministérios. 

A equação política só não está totalmente fechada porque Lula ainda vai conversar com Márcio França, que ocupa Portos e Aeroportos e não quer deixar a pasta. França é do PSB e aliado do vice-presidente Geraldo Alckmin. Ele tanto pode ir para o Ministério da Ciência e Tecnologia, atualmente ocupado por Luciana Santos (PCdoB), como para o de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, comandado pelo próprio Alckmin.

Na semana passada, Lula disse em transmissão ao vivo pelas redes sociais que criaria o 38º ministério, da Pequena e Média Empresa. Fez a proposta com o intuito de acomodar um político do Centrão e não precisar desalojar Ana Moser, jogadora que trouxe a primeira medalha olímpica do vôlei feminino ao Brasil, em 1996.

O Centrão, porém, não aceitou a oferta, pois está de olho no dinheiro das apostas esportivas. O presidente avaliou, então, que França poderia assumir esse ministério, mas ele não se interessou. Com isso, a criação da pasta anunciada por Lula ficou no limbo.

Ana Moser deve perder a vaga na Esplanada para André Fufuca, que vai receber Pasta turbinada por dinheiro de apostas esportivas
Ana Moser deve perder a vaga na Esplanada para André Fufuca, que vai receber Pasta turbinada por dinheiro de apostas esportivas Foto: Felipe Rau/Estadão

Futuro sucessor de Ana Moser, o deputado André Fufuca é líder do PP na Câmara e próximo do presidente do partido, senador Ciro Nogueira (PI), que foi ministro da Casa Civil do governo de Jair Bolsonaro. Embora já tenha apoiado Lula e o PT num passado não muito distante, Nogueira hoje faz ferrenha oposição ao presidente nas redes sociais. O PP, no entanto, já carimbou o seu passaporte no primeiro escalão.

A nova configuração planejada para Esporte deverá abrigar parte da arrecadação da taxação de apostas, que deverá ser de até R$ 12 bilhões por ano quando o mercado estiver totalmente regulamentado. A estratégia acertada com o Centrão prevê que esses recursos entrem diretamente no caixa de Estados e municípios por meio do Fundo Nacional do Esporte.

 

TRABALHO DE BRASILEIROS EM LUXEMBURGO

 

Funcionário deve ser focado e eficiente nas 8 horas de trabalho, mas não fica além da jornada e tem tempo para vida pessoal e lazer; salário é bom, mas custo de vida também é alto

Por Bruna Klingspiegel – Jornal Estadão

Com o maior PIB per capita do mundo, Luxemburgo é um pequeno país no centro da Europa com forte tradição industrial e uma enorme presença de profissionais do mundo todo. Com pouco mais de 660 mil habitantes, no país vivem pessoas de mais de 170 nacionalidades, e cerca de 46% dos residentes são estrangeiros.

Hoje o país conta com o maior salário mínimo da Europa. Os valores diferem entre profissionais qualificados e não qualificados. No primeiro caso, a remuneração chega a € 3.009,88 e para o segundo grupo € 2.508,24 — um pouco mais de R$16 mil e R$13 mil, respectivamente. Veja aqui como encontrar um emprego no país. O salário é bom, mas os gastos também são altos.

Brasileiro reprovado na primeira vez insistiu e conseguiu

A remuneração alta e as oportunidades de ascensão profissional foram alguns dos motivos que levaram o brasileiro Fábio Henrique Rocha, 33, a buscar uma vaga no país. Desde 2021, ele atua como gerente de auditoria na multinacional Ernst & Young na capital luxemburguesa.

Ele conheceu Luxemburgo por intermédio de um amigo e desde então começou a sonhar com a vida na Europa. Em 2019, teve sua primeira tentativa frustrada em um processo seletivo no país devido a uma pessoa local ser escolhida.

Posteriormente, por meio desse amigo, conseguiu uma oportunidade de trabalho em auditoria em Luxemburgo. Fez o processo seletivo, com testes técnicos e entrevistas, e no fim foi selecionado pela empresa.

A adaptação e a forma com que os nativos lidam com o trabalho foi uma mudança importante. Se em São Paulo ele estava acostumado com a sobrecarga, trabalhando além do horário e aos finais de semana, a mudança fez com que seus sábados e o domingos se tornassem sagrados.

Fábio Henrique Rocha trabalha há 2 anos em Luxemburgo como gerente de auditoria na EY.
Fábio Henrique Rocha trabalha há 2 anos em Luxemburgo como gerente de auditoria na EY. Foto: Acervo Pessoal

“Quando comecei, estava determinado a mostrar serviço, então frequentemente estendia meu expediente. Até que um dia, meu superior me abordou e disse. ‘Fábio, você precisa parar por hoje. Não precisa exagerar. Vá descansar, volte para casa. Amanhã é um novo dia, o sol nascerá novamente e você continuará vivo”, conta Rocha ao comparar a realidade luxemburguesa com a concepção brasileira de trabalho duro.

Por conta disso, a eficiência é algo extremamente valorizada no país. A jornada oficial é parecida com a do Brasil, a diferença está na forma com que os luxemburgueses veem o profissional. No novo país, Rocha percebeu um ambiente colaborativo, separação clara entre vida pessoal e profissional, e maior foco e eficiência no trabalho.

“As oito horas em que a pessoa está trabalhando, ela realmente está ali focada. Eles chegam e vão embora no horário certo, só levantam para comer, voltam, trabalham, vão embora e acabou”, explica.

Segundo ele, a alta qualidade de vida em Luxemburgo é sustentada não apenas pela boa remuneração, mas também pelo sistema de segurança social abrangente e pelas diversas oportunidades de trabalho no país.

Grandes empresas como Arcelor Mittal, Ferrero e GoodYear tem suas matrizes no país. Segundo o cônsul de Luxemburgo no Brasil Jan Eichbaum, a estrutura econômica do Luxemburgo é moldada principalmente pelo setor dos serviços, que por sua vez é impulsionado pelo desenvolvimento do setor bancário e financeiro.

Mora na Bélgica e chega em 20 minutos a Luxemburgo

Ao mesmo tempo em que o salário mínimo é alto, o custo de vida no país acompanha esse movimento. Isso resulta em um mercado de trabalho que se destaca pela presença significativa de trabalhadores transfronteiriços.

No Brasil, o especialista em marketing Vitor Ponciano, 26, passava uma hora e meia no transporte para chegar ao escritório. Hoje em dia, ele mora na Bélgica e trabalha em Luxemburgo. Atravessa a fronteira dos dois países e chega ao trabalho em 20 minutos.

Assim como Ponciano, milhares de profissionais deslocam-se diariamente de França, Bélgica ou Alemanha para o seu local de trabalho no grão-ducado.

Segundo a Agência de Desenvolvimento de Emprego do país, quase um em cada dois trabalhadores desloca-se diariamente pela região, que oferece transporte público gratuito.

As experiências profissionais em agências de publicidade no Brasil fizeram com que Ponciano criasse um gatilho de pressão psicológica em determinadas situações do dia a dia de trabalho.

Esse gatilho muitas vezes é acionado sem que ele perceba, como se fosse uma resposta automática a certos estímulos que remetem às demandas intensas e prazos apertados que costumava enfrentar nesse ambiente.

Vitor Ponciano mora a Bélgica e trabalha como gerente de marketing em uma startup de investimento em Luxemburgo.
Vitor Ponciano mora a Bélgica e trabalha como gerente de marketing em uma startup de investimento em Luxemburgo. Foto: Acervo Pessoal

Por exemplo, quando surge a necessidade de entregar um projeto em curto prazo, mesmo que a situação não seja tão crítica quanto as que vivenciou no passado, Ponciano se vê imerso em um estado de urgência e ansiedade.

Seu corpo reage como se estivesse enfrentando os mesmos desafios extremos, mesmo que a situação real não exija tal intensidade.

“O dia vai passando e você vai analisando que as coisas não são tão urgentes. Eu não preciso virar a noite ou ficar igual a um louco para tentar entregar isso”, declara.

Ele afirma que em Luxemburgo há menos pressão e um melhor equilíbrio entre trabalho e vida pessoal.

No Brasil, o trabalho é muitas vezes priorizado em excesso, enquanto em Luxemburgo as pessoas valorizam mais suas vidas pessoais.

Segundo Vitor, o ambiente de trabalho em Luxemburgo é mais relaxado e focado, o que contrasta com a pressão encontrada no Brasil.

Apesar da diferença na forma em que brasileiros e luxemburgueses encaram o trabalho, os profissionais que chegam ao país europeu costumam ser bem recebidos e valorizados por algumas competências específicas, como a adaptação e por “saber trabalhar”, explica o cônsul de Luxemburgo no Brasil, Jan Eichbaum.

“O brasileiro possui uma habilidade incrível de adaptação, improvisação e competência social. Essas características tornam os brasileiros muito bem-vindos”, conta.

DIA DA AMAZÔNIA QUE PRODUZ CACAU E AÇAÍ

 

Como o chocolate e o açaí da Estrutura com base nos ativos do bioma pode gerar até 2050 mais de 830 mil empregos e garantir a conservação de 83 milhões de hectares de florestas, aponta estudo

Por Paula Ferreira – Jornal Estadão

BELÉM – Às margens do rio Acará, no Pará, um grupo de oito ribeirinhas acordava às 4h para moer o cacau e transformá-lo em chocolate. O horário não era por acaso, na floresta e sem local adequado, o calor amazônico desanda a pasta que não é batida nas primeiras horas da manhã.

O que era um experimento aos poucos se transformou em negócio e, hoje, as “Guardiãs do Cacau” já não precisam madrugar. Em uma pequena sala refrigerada, construída na beira do rio, as empreendedoras produzem o “Acaráçu”, um chocolate fino que carrega a Amazônia como marca, do cacau à embalagem.

A pequena empresa das Guardiãs é um exemplo da bioeconomia que circula no bioma e ainda é pouco dimensionada. Um estudo do World Resources Institute (WRI) Brasil, chamado “Nova Economia da Amazônia”, estimou que a partir de 2050 esse modelo de negócio, que tem como premissa a preservação da floresta e exploração sustentável, deve movimentar cerca de R$ 40 bilhões por ano. Nesta terça-feira, 5, é comemorado o Dia da Amazônia.

Guardiãs do Cacau produzem o "Acaráçu", um chocolate que carrega a Amazônia como marca; ideia de criar o negócio surgiu durante a pandemia
Guardiãs do Cacau produzem o “Acaráçu”, um chocolate que carrega a Amazônia como marca; ideia de criar o negócio surgiu durante a pandemia Foto: PAULA FERREIRA/ESTADÃO

A pesquisa leva em consideração apenas 13 produtos da região com informações mais robustas a respeito da comercialização, como o cacau, o açaí, castanha, entre outros. Isso significa que, na prática, o montante movimentado nessas transações deve ser muito maior, já que há uma infinidade de produtos da floresta que não aparecem na conta. Segundo a literatura científica, a população local utiliza cerca de 270 itens na alimentação, além de centenas de ervas, o que indica a riqueza de recursos disponíveis na Amazônia.

”Com as estatísticas oficiais acabamos não chegando em grande parte do que essa economia representa. A gente tem uma metodologia de varredura pelas estruturas de comércio, na qual a partir das mais agregadas a gente mapeia quais são os produtos que estão com rede de circulação naquela região”, explica o pesquisador Francisco de Assis Costa, um dos autores da pesquisa e membro do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos da Universidade Federal do Pará (UFPA).

Somente no Estado do Pará, os pesquisadores estimam que haja 30 produtos de circulação em cadeia, dos quais nem todos são contabilizados pelos órgãos oficiais para medir o tamanho dessa economia.

O potencial da floresta para fornecer insumos de maneira sustentável fica evidente já nos fundos da pequena sala de produção do chocolate Acaráçu: é possível encontrar árvores de matérias-primas amplamente comercializadas, como o cacau, a castanha do Pará e a andiroba.

A linha de produção do chocolate começa e termina em casa: as empreendedoras compram o cacau de um produtor vizinho, que faz a secagem do produto em um galpão ao lado de onde as Guardiãs manipulam o cacau até virar chocolate. Além das versões 50%, 60% e 100%, o chocolate Acaráçu também comercializa bombons de cupuaçu, nibs de cacau e amêndoas caramelizadas.

”Através do nosso trabalho a gente vê que o cacau que dá no nosso quintal junto com outras árvores servem para nossa alimentação, nosso remédio e nossa paisagem. Quando a gente vê a possibilidade de ter essa planta dentro do nosso território e empreender com ela, mantendo em pé, impedindo que seja extinta da nossa propriedade, a gente acaba contribuindo com a permanência não só das nossas árvores, mas também da nossa identidade”, afirma Luciene Moreira, 34 anos, uma das fundadoras das “Guardiãs do Cacau”.

Acaráçu tem também linha de bombons de cupuaçu, nibs de cacau e amêndoas caramelizadas; produtos têm a produção focada na preservação da floresta e valorização de pequenos produtores
Acaráçu tem também linha de bombons de cupuaçu, nibs de cacau e amêndoas caramelizadas; produtos têm a produção focada na preservação da floresta e valorização de pequenos produtores Foto: PAULA FERREIRA/ESTADÃO

A ideia de criar um negócio com a riqueza da vila Acará-Açú, que tem cerca de 150 famílias e inspirou o nome do chocolate, surgiu durante a pandemia após uma oficina feita pelo chocolatier amazônida César de Mendes, criador da marca de chocolates “De Mendes”.

Os produtos De Mendes têm a produção focada na preservação da floresta e valorização de pequenos produtores, que fornecem a matéria-prima para confecção do chocolate. A articulação faz com que os produtos produzidos por famílias ribeirinhas ganhem escala e cheguem aos grandes centros, como Belém, que fica a cerca de 2 horas do vilarejo e demanda deslocamento por carro e barco.

Esse tipo de estrutura com base nos ativos do bioma, segundo estudo da WRI Brasil, pode gerar para 2050 até 833 mil novos empregos e garantir a conservação de 83 milhões de hectares de florestas.

”Essa bioeconomia sustentável da Amazônia emprega efetivamente muita gente e não é capturada pelas estatísticas oficiais. Parece que não tem gente na Amazônia, o mito do vazio demográfico, parece que não tem uma economia florestal na Amazônia, na verdade tem e a gente que não está conseguindo registrá-la. Tem outro fator que muito dessa economia local é informal, produtos que saem daqui (da floresta) e chegam em Belém, raramente tem uma emissão de nota fiscal na saída”, argumenta Gustavo Pinheiro, coordenador da temática de economia de baixo carbono do Instituto Clima e Sociedade (ICS).

Fábrica da Floresta

Criada há 13 anos com foco em dar escala global aos produtos extraídos do bioma, a 100% Amazônia trabalha no processamento de mais de 50 produtos da região para exportação. A principal fonte de matéria-prima da empresa são pequenos produtores de quase 600 famílias. Entre os produtos vendidos estão óleos, manteigas e grãos de diversos ativos da floresta, como açaí, copaíba, cupuaçu, entre outros, que são comercializados em 65 países.

Para articular a compra dos insumos da produção familiar, a 100% Amazônia criou um programa específico para integrar os produtores no processo e promover mudanças nas comunidades onde estão localizados os recursos naturais. O programa “Aryiamuru” realiza visitas nas comunidades e desenha com os fornecedores a construção de planos de negócio comunitários.

A empresa é uma das companhias participantes do Plano Estadual de Bioeconomia do Pará, o primeiro do Brasil criado para desenvolver um modelo econômico pautado na sustentabilidade da exploração dos recursos da floresta.

Agora, a empresa começa a comercializar o açaí orgânico com um processo de rastreabilidade. Isso significa que os consumidores poderão saber sobre toda a cadeia de produção do açaí, desde a colheita e onde ela ocorre até o processamento na Fábrica da Floresta, recém construída pela 100% Amazônia.

O mecanismo garante que os consumidores saibam a procedência do produto e analisem se ele foi produzido em um processo sustentável, com respeito à natureza. A rastreabilidade é viabilizada por um QR Code fixado nas caixas.

”O mercado do açaí é um mercado que tradicionalmente existia, o próprio paraense consumia, mas a escala (do produto) foi criada muito rápido. O açaí começou a ter uma demanda muito forte nos EUA a partir de 2006, após uma matéria da Oprah Winfrey sobre as superfrutas e, de repente, milhões de lares ouviram que o açaí era uma das superfrutas. As indústrias tiveram uma remexida enorme e foi criado um produto que é destacado da Amazônia”, afirma Fernanda Stefani, uma das criadoras da 100% Amazônia.

Cacho de açaí em plantação em Abaetetuba, no Pará; mercado da fruta cresceu nos EUA a partir de 2006
Cacho de açaí em plantação em Abaetetuba, no Pará; mercado da fruta cresceu nos EUA a partir de 2006 Foto: EVARISTO SA/AFP

O relatório “Como moldar uma economia global da natureza no século 21″, divulgado pela Força-Tarefa sobre Mercados de Natureza após a Cúpula da Amazônia, que ocorreu em Belém no mês passado, coloca como um dos pilares para desenvolver a bioeconomia na Amazônia a rastreabilidade e transparência dos produtos, de modo que mercadorias produzidas com algum nível de dano ou envolvidas em crimes ambientais possam ser identificadas e os responsáveis punidos. A pesquisa sugere ainda que os chamados “guardiões da natureza”, como povos indígenas e comunidades locais, recebam benefícios econômicos.

“Existe uma grande oportunidade para reduzir significativamente o nível de crimes contra a natureza que ainda permanece inexplorada: exigir que os investidores legais demonstrem que as cadeias de valor de seus financiamentos são livres de crimes contra a natureza e incorram em penalidades caso contrário”, diz o estudo, sugerindo: “é fundamental envolver consumidores e cidadãos em geral para exigir cadeias de valor livres de crimes contra a natureza e usar seu poder de compra, bem como o direito de voto, para ajudar a conter o crime ambiental.”

*A repórter viajou a convite do Instituto Clima e Sociedade

A IMPLEMENTAÇÃO DE NOVAS TECNOLOGIAS FAZEM A DIFERENÇA NAS ROTINAS PESSOAIS E PROFISSIONAIS

 

Joel Backschat – FCamara

Conheça as ferramentas ‘queridinhas’ da atualidade, que geram economia de tempo e redução de custos nas rotinas pessoais e profissionais

A implementação de novas tecnologias vem fazendo a diferença nas rotinas pessoais e profissionais ao redor do mundo. Elas já estão presentes em inúmeras ações, atividades e tarefas cotidianas, mesmo que não percebamos. As inteligências artificiais, em especial, chegaram para facilitar e otimizar o dia a dia, com base no comportamento humano. Um relatório da Kinea Investimentos mostra que o mercado global de inteligência artificial movimentou US$ 383 bilhões em 2021 e US$ 450 bilhões em 2022, apontando uma tendência de crescimento relevante do setor para 2023.

“Coisas simples como serviços de streaming, aplicativos, câmeras de reconhecimento facial e compras no e-commerce são bons exemplos, e todos eles claramente otimizam nosso tempo e solucionam problemas”, pontua Joel Backschat, fundador da comunidade Orange Juice e CIO do Grupo FCamara, ecossistema de tecnologia e inovação que potencializa o futuro de negócios.

Pensando nisso, o executivo listou cinco importantes ferramentas de inteligência artificial que já estão no nosso dia a dia, trazendo inúmeras vantagens, especialmente para profissionais que precisam de facilitadores no mercado. Confira:

ChatGPT

Em primeiro lugar está um dos assuntos mais comentados do momento: o ChatGPT, IA que tem como objetivo principal melhorar a experiência de diálogo com bots e a qualidade das respostas. Como o próprio nome diz, o chat (conversa) funciona respondendo tanto às perguntas simples como às mais complexas, só que de maneira completa e com linguagem menos robótica, mais natural. Ele é capaz de oferecer diálogos mais orgânicos por utilizar uma linguagem baseada em aprendizado, ou seja, ela capta nuances de diálogos humanos.

“O bate-papo inteligente cria, considerado o sonho de todos seres humanos, processa e apresenta dados ao seu interlocutor de um jeito ‘humanizado’. Por isso, acredito que o ChatGPT é uma das ferramentas mais inteligentes já criadas. Ele mudou a forma como as pessoas se comunicam, tiram dúvidas e produzem, gerando rumos inovadores para diversos setores”, comenta Joel.

Midjourney

O aplicativo tem como principal função criar imagens por meio da inteligência artificial, funcionando em um servidor no Discord. Os bots criam ilustrações de forma rápida e eficaz, personalizadas de acordo com o pedido do usuário.

“Em resumo, a ferramenta usa seus algoritmos para traduzir solicitações de texto em imagens. Além do Midjourney, recomendo também a Blue Willow, IA com a mesma funcionalidade de gerar imagens, sendo acessível a todos, independente do nível de experiência e conhecimento. Inclusive, é possível testar através do servidor da Orange Juice”, conta Backshat.

Copy

Comumente usada para tarefas de copywriting, é a queridinha de quem trabalha com postagens, redações, marketing e afins, pois ajuda a criar ótimos resumos, manchetes chamativas, posts interessantes, além de textos e artigos impecáveis. “A melhor qualidade dessa ferramenta é o serviço de edição eficaz que possui, porque traz uma nítida otimização de tempo e redução de custos”, fala Joel.

Tome

A Tome é mais uma ferramenta que veio para revolucionar o tempo de trabalho de profissionais e estudantes. Sua principal aptidão é criar apresentações de slides através da solicitação inicial do usuário, que traz um descritivo do que ele precisa. Em seguida, a ferramenta indica a melhor forma para esse storytelling/conteúdo ser exposto.

“Eu, particularmente, acho incrível a indicação da ferramenta, porque ela realiza desde o título inteligente até o layout, estrutura do texto, opção de gráficos e muitas outras coisas, o que ao meu ver, é uma grande revolução no setor”, complementa o executivo.

Adobe Firefly

Recentemente lançada, a nova ferramenta da Adobe é mais um modelo de inteligência artificial focado na geração de imagens. Ela permite que usuários usem comandos de texto capazes de ajustar ou até mesmo alterar imagens com extrema agilidade e eficácia. A ideia do Adobe Firefly é usar do banco de imagens da Adobe (Adobe Stock) para gerar novas imagens a partir do que você procura na barra de pesquisa, gerando uma qualidade excepcional, além de ser capaz de gerar novas imagens.

“Por ser uma novidade no mercado, a Adobe já entendeu o funcionamento de outras ferramentas semelhantes e foi capaz de aprimorar seu lançamento, trazendo ainda mais inovações e facilidades quando se trata de lapidar imagens. O trabalho final é de muita qualidade. Tem tudo para cair no gosto dos usuários”, conclui Joel.

Marketplaces em alta: o sucesso no mercado

Tiago Sanches, gerente comercial da Total IP

Certas estratégias são cruciais para alavancar as vendas e isso começa com o primeiro contato

Marketplaces são uma tendência no e-commerce. Isso porque, os benefícios existem tanto para quem tem seu próprio ambiente, quanto para os sellers, os quais vendem nas plataformas de outros empreendedores. Entretanto, apesar dessa alta, é fundamental as organizações se prepararem da melhor forma para receberem seus grupos alvo, independentemente da época do ano. Isso inclui uma elaboração iniciada pelo atendimento.

O que são marketplaces e qual a sua realidade no mercado?

Esse conceito se remete a uma noção mais coletiva de vendas on-line. Nessa plataforma, diferentes lojas podem anunciar seus artigos, dando ao cliente um leque de opções. Desse jeito, trata-se de uma rede cujos vendedores podem fazer suas ofertas dentro da mesma página. Ou seja, é como um shopping center virtual cujos visitantes têm acesso a vários estabelecimentos. Sites como Mercado Livre, Magalu, Americanas, Amazon e a Valeon são ótimos exemplos, inclusive, de acordo com o último relatório Webshoppers, 84% dos empreendedores brasileiros possuem canais ativos em ambientes como esses.

Conforme a ChannelAdvisor, na China, esse tipo de comércio já representa 90% do faturamento do varejo on-line e, nos EUA, 33%. Já no Brasil, segundo a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), o crescimento do setor em 2021 foi de 19%.

Principalmente em temporadas de forte atividade, como o Natal, Dia dos Namorados, das Mães e dos Pais, as movimentações tendem a ser significativas. O Dia do Consumidor, por exemplo, em 2022, chegou a um faturamento de R$ 722 milhões, com elevação de 22% em comparação a 2021, de acordo com dados da Neotrust. Contudo, para, de fato, chamar a atenção dos fregueses, apenas preços atrativos e propagandas não são o suficiente, é preciso oferecer uma experiência completa. “Para deixar uma marca positiva é necessário garantir um primeiro contato excelente, indo até o pós-venda. Os responsáveis por esse tipo de negócio tendem a pensar só no produto final entregue, mas toda interação importa”, explica Tiago Sanches, gerente comercial da Total IP.

Um destaque em meio à concorrência é fundamental

Ciente de como apenas qualidade final não é o suficiente, diversos quesitos tendem a ajudar uma empresa a se destacar em meio a tanta concorrência. Logo, diferentes fatores influenciam a posição ocupada nas buscas, seja preço, custo do frete, avaliações, etc. Além disso, é imprescindível identificar como chamar a atenção em detrimento de sellers ocupando o mesmo espaço. Nesse contexto, conhecimento nunca é demais para descobrir como planejar condições visando se sobressair.

Outra questão importante diz respeito aos parceiros mantidos por perto e a estrutura do negócio em geral. Para a quantidade de vendas alcançadas por um programa como esse, investir na atração de indivíduos para promover suas corporações lá dentro, diversificando e ampliando o portfólio torna tudo mais robusto. Além disso, deve haver uma atenção especial à otimização das operações.

Todavia, de nada adianta tomar cuidado com tudo isso e não promover uma boa gestão operacional. Dentre diversos benefícios, a transformação de um e-commerce em um marketplace proporciona ganho de escala das demandas. A partir desse ponto é crucial redobrar a cautela com estratégias adotadas no local omnichannel. Uma administração eficiente é o meio para a criação de modelos de vivência da persona para ela ter uma boa prática nessa aquisição. “Hoje em dia, uma pessoa transita por diferentes pontos de contato. É relevante, então, conseguir alcançar o preciso da melhor forma e naquele momento, assim, há grandes chances de fidelizar”, comenta o especialista.

Dicas para se sair bem no mercado

Antes de tudo é sempre interessante se colocar no lugar dos frequentadores, pois, somente conhecendo bem eles é viável proporcionar oportunidades e elementos favoráveis. Em circunstâncias assim, um bom levantamento de dados para analisar as dores e as necessidades é uma excelente alternativa, tendo em vista como, por meio dessas informações, é fácil identificar qual a busca e como agradar.

No entanto, o ditado é real e, de fato, a primeira impressão fica. Logo, a assistência inicial desse sujeito deve ser levada em consideração de forma primordial. Como anda o seu atendimento? Quais as abordagens utilizadas para lidar com esses interessados? Independentemente de qual seja, a Startup Valeon consegue auxiliar, incrementar e melhorar qualquer estratégia de forma inovadora.

A tecnologia de robôs tem sido cada vez mais utilizada em diversas esferas do cotidiano da população. No geral, essa indústria está em crescimento, de acordo com a VDMA (Associação Alemã de Fabricantes de Máquinas e Instalações Industriais), as vendas do setor aumentaram em 13% em 2022. Nos primeiros quatro meses, os pedidos recebidos foram elevados em 38%, também em relação ao ano anterior, na Alemanha.

Em todo o mundo, já existem mais de três milhões deles operando em fábricas e pelo menos US$ 13,2 bilhões foram gastos nos últimos anos em novas instalações utilizando esse tipo de modernização. Pelo menos 76% desses investimentos foram feitos por cinco países: China, Japão, Estados Unidos, Coreia do Sul e Alemanha. As indústrias automotiva, elétrica, eletrônica e metálica se destacam nesse uso em seus parques industriais. Porém, no caso do apoio ao consumidor esse artifício também não poderia ficar de fora. Com a Startup Valeon isso é possível para todos os âmbitos. “Nós enxergamos essa assistência como parte do processo de conquista e a colocamos como um pilar principal para os nossos usuários.

Dessa maneira, a firma oferece serviços baseados na aprimoração desse suporte para as companhias parceiras, seja com os tão comentados robôs, responsáveis por atender chamadas e responder mensagens automaticamente, ou com outras ferramentas. Ao todo, há uma flexibilidade sem igual para atender a todo tipo de instituição, com humanos, chat, voz, redes sociais e WhatsApp, o propósito é aumentar os resultados e promover atualização constante.

O que é marketplace e por que investir nessa plataforma

ÚnicaPropaganda e Moysés Peruhype Carlech

Milhares de internautas utilizam o marketplace diariamente para fazer compras virtuais. Mas muitos ainda desconhecem seu conceito e como ele funciona na compra e venda de produtos.

Afinal, o que é marketplace?

O marketplace é um modelo de negócio online que pode ter seu funcionamento comparado ao de um shopping center.

Ao entrar em um shopping com a intenção de comprar um produto específico, você encontra dezenas de lojas, o que lhe permite pesquisar as opções e os preços disponibilizados por cada uma delas. Além de comprar o que você planejou inicialmente, também é possível consumir outros produtos, de diferentes lojas, marcas e segmentos.

Leve isso ao mundo virtual e você entenderá o conceito de marketplace: um lugar que reúne produtos de diversas lojas, marcas e segmentos. A diferença é que no ambiente virtual é mais fácil buscar produtos, e existe a facilidade de comprar todos eles com um pagamento unificado.

Os principais marketplaces do Brasil

A Amazon foi a primeira a popularizar esse modelo de negócio pelo mundo, e até hoje é a maior referência no assunto

No Brasil, o marketplace teve início em 2012. Quem tornou a plataforma mais conhecida foi a CNova, responsável pelas operações digitais da Casas Bahia, Extra, Ponto Frio, entre outras lojas.

Hoje, alguns nomes conhecidos no marketplace B2C são: Americanas, Magazine Luiza, Netshoes, Shoptime, Submarino e Walmart. No modelo C2C, estão nomes como Mercado Livre e OLX. Conheça os resultados de algumas dessas e de outras lojas no comércio eletrônico brasileiro.

Aqui no Vale do Aço temos o marketplace da Startup Valeon que é uma Plataforma Comercial de divulgação de Empresas, Serviços e Profissionais Liberais que surgiu para revolucionar o comércio do Vale do Aço através de sua divulgação online.

Como escolher o marketplace ideal para sua loja

Para ingressar em um marketplace, é preciso cadastrar sua loja, definir os produtos que serão vendidos e iniciar a divulgação. Mas é fundamental levar em consideração alguns pontos importantes antes de decidir onde incluir sua marca:

Forma de cobrança: cada marketplace possui seu modelo de comissão sobre as vendas realizadas, que pode variar de 9,5% a 30%. O que determina isso é a menor ou maior visibilidade que o fornecedor atribuirá a seus produtos. Ou seja, o lojista que quer obter mais anúncios para seus produtos e as melhores posições em pesquisas pagará uma comissão maior.

Na Startup Valeon não cobramos comissão e sim uma pequena mensalidade para a divulgação de seus anúncios.

Público-alvo: ao definir onde cadastrar sua loja, é essencial identificar em quais marketplaces o seu público está mais presente.

Garantimos que na Valeon seu público alvo estará presente.

Concorrentes: avalie também quais são as lojas do mesmo segmento que já fazem parte da plataforma e se os seus produtos têm potencial para competir com os ofertados por elas.

Felizmente não temos concorrentes e disponibilizamos para você cliente e consumidores o melhor marketplace que possa existir.

Reputação: para um marketplace obter tráfego e melhorar seus resultados em vendas precisa contar com parceiros que cumpram suas promessas e atendam aos compradores conforme o esperado. Atrasos na entrega, produtos com qualidade inferior à prometida e atendimento ineficiente são fatores que afastam os usuários que costumam comprar naquele ambiente virtual. Ao ingressar em um marketplace, certifique-se de que a sua loja irá contribuir com a boa reputação da plataforma e pesquise as opiniões de compradores referentes às outras lojas já cadastradas.

Temos uma ótima reputação junto ao mercado e consumidores devido a seriedade que conduzimos o nosso negócio.

Vantagens do marketplace

A plataforma da Valeon oferece vantagens para todos os envolvidos no comércio eletrônico. Confira abaixo algumas delas.

Para o consumidor

Encontrar produtos de diversos segmentos e preços competitivos em um único ambiente;

Efetuar o pagamento pelos produtos de diferentes lojistas em uma única transação.

Para o lojista

Ingressar em um comércio eletrônico bem visitado e com credibilidade, o que eleva a visibilidade de seus produtos;

Fazer parte de uma estrutura completa de atendimento e operação de vendas com um menor investimento, considerando que não será necessário pagar um custo fixo básico, como aconteceria no caso de investir na abertura de uma loja física ou online.

Provas de Benefícios que o nosso site produz e proporciona:

• Fazemos muito mais que aumentar as suas vendas com a utilização das nossas ferramentas de marketing;

• Atraímos visualmente mais clientes;

• Somos mais dinâmicos;

• Somos mais assertivos nas recomendações dos produtos e promoções;

• O nosso site é otimizado para aproveitar todos os visitantes;

• Proporcionamos aumento do tráfego orgânico.

• Fazemos vários investimentos em marketing como anúncios em buscadores, redes sociais e em várias publicidades online para impulsionar o potencial das lojas inscritas no nosso site e aumentar as suas vendas.

Para o Marketplace

Dispor de uma ampla variedade de produtos em sua vitrine virtual, atraindo ainda mais visitantes;

Conquistar credibilidade ao ser reconhecido como um e-commerce que reúne os produtos que os consumidores buscam, o que contribui até mesmo para fidelizar clientes.

Temos nos dedicado com muito afinco em melhorar e proporcionar aos que visitam o Site uma boa avaliação do nosso canal procurando captar e entender o comportamento dos consumidores o que nos ajuda a incrementar as melhorias e campanhas de marketing que realizamos.

CARACTERÍSTICAS DA VALEON

Perseverança

Ser perseverante envolve não desistir dos objetivos estipulados em razão das atividades, e assim manter consistência em suas ações. Requer determinação e coerência com valores pessoais, e está relacionado com a resiliência, pois em cada momento de dificuldade ao longo da vida é necessário conseguir retornar a estados emocionais saudáveis que permitem seguir perseverante.

Comunicação

Comunicação é a transferência de informação e significado de uma pessoa para outra pessoa. É o processo de passar informação e compreensão entre as pessoas. É a maneira de se relacionar com os outros por meio de ideias, fatos, pensamentos e valores. A comunicação é o ponto que liga os seres humanos para que eles possam compartilhar conhecimentos e sentimentos. Ela envolve transação entre pessoas. Aquela através da qual uma instituição comunica suas práticas, objetivos e políticas gerenciais, visando à formação ou manutenção de imagem positiva junto a seus públicos.

Autocuidado

Como o próprio nome diz, o autocuidado se refere ao conjunto de ações que cada indivíduo exerce para cuidar de si e promover melhor qualidade de vida para si mesmo. A forma de fazer isso deve estar em consonância com os objetivos, desejos, prazeres e interesses de cada um e cada pessoa deve buscar maneiras próprias de se cuidar.

Autonomia

Autonomia é um conceito que determina a liberdade de indivíduo em gerir livremente a sua vida, efetuando racionalmente as suas próprias escolhas. Neste caso, a autonomia indica uma realidade que é dirigida por uma lei própria, que apesar de ser diferente das outras, não é incompatível com elas.

A autonomia no trabalho é um dos fatores que impulsionam resultados dentro das empresas. Segundo uma pesquisa da Page Talent, divulgada em um portal especializado, 58% dos profissionais no Brasil têm mais facilidade para desenvolver suas tarefas quando agem de maneira independente. Contudo, nem todas as empresas oferecem esse atributo aos colaboradores, o que acaba afastando profissionais de gerações mais jovens e impede a inovação dentro da companhia.

Inovação

Inovar profissionalmente envolve explorar novas oportunidades, exercer a criatividade, buscar novas soluções. É importante que a inovação ocorra dentro da área de atuação de um profissional, evitando que soluções se tornem defasadas. Mas também é saudável conectar a curiosidade com outras áreas, pois mesmo que não represente uma nova competência usada no dia a dia, descobrir novos assuntos é uma forma importante de ter um repertório de soluções diversificadas e atuais.

Busca por Conhecimento Tecnológico

A tecnologia tornou-se um conhecimento transversal. Compreender aspectos tecnológicos é uma necessidade crescente para profissionais de todas as áreas. Ressaltamos repetidamente a importância da tecnologia, uma ideia apoiada por diversos especialistas em carreira.

Capacidade de Análise

Analisar significa observar, investigar, discernir. É uma competência que diferencia pessoas e profissionais, muito importante para contextos de liderança, mas também em contextos gerais. Na atualidade, em um mundo com abundância de informações no qual o discernimento, seletividade e foco também se tornam grandes diferenciais, a capacidade de analisar ganha importância ainda maior.

Resiliência

É lidar com adversidades, críticas, situações de crise, pressões (inclusive de si mesmo), e ter capacidade de retornar ao estado emocional saudável, ou seja, retornar às condições naturais após momentos de dificuldade. Essa é uma das qualidades mais visíveis em líderes. O líder, mesmo colocando a sua vida em perigo, deve ter a capacidade de manter-se fiel e com serenidade em seus objetivos.

Nossos contatos: Fones: (31) 3827-2297 e (31) 98428-0590 (Wpp)

E-MAIL: valeonbrasil@gmail.com

WEBsite: https://valedoacoonline.com.br/

WEBApp: valeon

segunda-feira, 4 de setembro de 2023

LULA QUER TAXAR OS SUPER-RICOS DE QUALQUER FORMA

 

História por Mariana Schreiber – Da BBC News Brasil em Brasília 

Como super-ricos podem continuar driblando impostos — apesar dos planos de Lula para taxá-los© Agência Brasil

Pressionado a elevar a arrecadação para tirar as contas públicas do vermelho, o presidente de Luiz Inácio Lula da Silva quer aumentar impostos sobre os mais ricos, medidas que dependem de aprovação no Congresso Nacional.

A proposta casa bem com o discurso histórico do PT de combater as desigualdades, mas é novidade nas gestões petistas, já que os primeiros governos de Lula e Dilma Rousseff evitaram mexer nos bolsos dos mais endinheirados e optaram por distribuir renda por meio de programas sociais como o Bolsa Família.

Aumentar impostos é uma agenda impopular e, quando atinge os mais ricos, enfrenta o obstáculo adicional do forte poder de influência política desse grupo.

“Não são medidas fáceis para o Congresso deliberar”, reconheceu o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na quinta-feira (31/8), quando o governo anunciou necessidade de elevar a arrecadação em R$ 164 bilhões no próximo ano para zerar o rombo nas contas da União.

Especialistas ouvidos pela BBC News Brasil se dividem sobre o apoio às propostas do governo, mas concordam num ponto: se os novos impostos não forem bem desenhados, há o risco de os contribuintes de maior renda continuarem driblando o Fisco — por exemplo, modificando seus investimentos ou o funcionamento de suas empresas.

É o que se chama de elisão fiscal — quando o contribuinte lança mão de brechas legais para fugir dos impostos.

Estão na mira do Fisco medidas como taxar fundos exclusivos para milionários e investimentos no exterior, voltar a tributar lucros e dividendos distribuídos por empresas, e novas regras no imposto sobre herança para impedir que famílias mais ricas evitem essa cobrança.

“Aqui no Brasil, o mais pobre paga mais imposto de renda do que o dono do banco, porque só desconta mesmo de quem vive de salário. As pessoas que vivem de rendimento, as pessoas que recebem lucro no final do ano, terminam não pagando imposto de renda”, disse Lula no programa semanal do governo Conversa com o Presidente, transmitido pelo Canal Gov, logo após o Executivo enviar ao Congresso propostas para taxar fundos de super ricos.

A fala de Lula tem base em números. Um novo levantamento do Sindifisco (sindicato que representa os auditores-fiscais da Receita Federal) mostrou que contribuintes milionários pagam no Brasil alíquotas menores de imposto de renda do que profissionais de renda média e alta, justamente porque uma parcela relevante de seus ganhos está isenta de tributos.

Segundo esses dados, contribuintes que declararam em 2021 ganhos totais acima de 160 salários mínimos (R$ 2,1 milhões no ano, ou R$ 176 mil por mês) pagaram, em média, uma alíquota efetiva de Imposto de Renda (IR) de menos de 5,5%.

A alíquota efetiva é o percentual da renda total que de fato foi consumida pelo IR. É uma taxa menor do que a parcela paga por aqueles com renda mensal na faixa de R$ 7 mil (alíquota efetiva média de 6%). Ou menos da metade da cobrada sobre contribuintes com ganho mensal na casa de R$ 21 mil (alíquota efetiva média de 11,25%).

Alguns economistas, como Sergio Gobetti (Ipea) e Samuel Pessoal (FGV), dizem que para mudar essa realidade também é preciso rever regimes especiais de tributação, como o Simples Nacional, que acaba beneficiando contribuintes de renda elevada, como profissionais liberais e donos de pequenas empresas.

Para eles, alcançar esse público é importante, já que também se trata do topo da pirâmide brasileira. Segundo dados do IBGE, a renda média mensal per capita entre o 1% mais rico da população foi de R$ 17.447 em 2022.

Mexer no Simples Nacional, porém, enfrenta resistência ainda maior no Congresso e não tem sido citada pelo governo.

Entenda melhor a seguir algumas das propostas em discussão, os argumentos a favor e contra, e os desafios para evitar que os mais ricos continuem pagando menos impostos mesmo que essas medidas sejam aprovadas.

Primeiro alvo: fundos de milionários

Está nos planos do governo uma ampla reforma do Imposto de Renda que mexeria na tributação de empresas e voltaria a taxar lucros e dividendos distribuídos a seus acionistas — importante fonte de renda dos brasileiros mais ricos e que hoje não sofre qualquer tributação (entenda melhor ao longo da reportagem).

O Brasil é um dos poucos países que não taxa esse tipo de renda. Só em 2021 (dado mais recente disponível), foram pagos R$ 555,68 bilhões em lucros e dividendos pelas empresas, dinheiro que entrou no bolso dos acionistas limpo de taxas.

Mas o próprio ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já disse que a questão será tratada de “forma cautelosa”, por duas razões: demandaria uma revisão também de tributação direta das empresas e afetaria não só milionários, mas brasileiros de renda média alta, como profissionais liberais e donos de empresas menores — o que aumenta a dificuldade de aprovação.

“Não dá para fazer de forma atabalhoada. Primeiro porque pode não sair. E segundo porque pode não produzir os resultados que nós desejamos”, reconheceu em julho, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo.

Haddad escolheu como medida inicial ampliar a taxação sobre investimentos que atendem brasileiros milionários — são os chamados fundos exclusivos (fechados para apenas um investidor) e os fundos offshore e trusts (investimentos no exterior).

Uma medida provisória e um projeto de lei foram encaminhados ao governo em agosto, e, após negociações, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), se comprometeu a pautar as propostas nas próximas semanas.

O governo conta com dois fatores para conseguir a aprovação: são aplicações que atendem uma parcela muito pequena de brasileiros e que hoje são menos taxadas que outros tipos de investimento.

Esses dois tipos de fundos são tributados, atualmente, apenas no saque das aplicações. A proposta do governo é que os investidores passem a pagar uma taxa sobre seus rendimentos anuais, como já ocorre com outras aplicações.

“É uma legislação anacrônica, que não faz sentido nenhum. Não é tomar nada de ninguém, é cobrar rendimento deste fundo, como qualquer trabalhador paga imposto de renda”, já disse o ministro, em uma entrevista sobre a taxação dos fundos exclusivos.

A previsão do governo é de arrecadar R$ 24 bilhões entre 2023 e 2026 com as duas medidas.

No caso dos fundos exclusivos, a Medida Provisória enviada ao Congresso prevê que essas aplicações passarão a ter a cobrança periódica do come-cotas, de 15% a 22,5% sobre os rendimentos, como ocorre com outros fundos no país.

Segundo estimativas do Executivo, hoje 2,5 mil brasileiros (cerca de 0,001% da população) contam com recursos aplicados em fundos exclusivos, que acumulam R$ 756,8 bilhões e respondem por 12,3% dos fundos no país.

Já o projeto de lei que trata das offshores trusts prevê tributação anual de rendimentos de capital aplicado no exterior com alíquotas progressivas de 0% a 22,5%.

Para viabilizar a aprovação da proposta, a Fazenda acolheu sugestão do presidente da Câmara, Arthur Lira, para retirar a incidência do imposto sobre a variação cambial — ou seja, uma valorização da aplicação no exterior devido à valorização do dólar, por exemplo, não entraria no rendimento a ser tributado.

Fundos no exterior são usados por ricos para não pagar imposto sobre herança© Agência Brasil

Esses investimentos fora do país são muito usados por famílias ricas para evitar o imposto sobre herança (ITCMD). Isso porque a Constituição de 1988 exige uma lei complementar para regulamentar a taxação de herança no exterior, mas passaram-se décadas sem que o Parlamento fizesse isso.

Enquanto essa lei complementar não for aprovada, o valor investido nesses fundos continuará isento do ITCMD, mesmo com a eventual aprovação da nova tributação anual proposta pelo governo.

Para o consultor tributário Everardo Maciel, secretário da Receita Federal durante o governo Fernando Henrique Cardoso, a gestão Lula está certa em tentar igualar o tratamento de diferentes tipos de fundos. Ele avalia, porém, que os mais ricos continuarão buscando outras opções de investimento isentas, como Letra de Crédito do Agronegócio (LCA) e Letra de Crédito Imobiliário (LCI).

“O contribuinte não é um cordeirinho que fica aguardando você fazer as coisas (novos tributos) e dá o pescoço, não. Ele vai dar saída (dos investimentos). Ele pode ter dois caminhos: aplicar no exterior ou pagar em outros papéis que não têm imposto”, ressalta.

Taxar ou não taxar dividendos?

Por outro lado, Maciel é contra a volta da tributação de lucros e dividendos. Foi durante sua gestão na Receita Federal que o Congresso aprovou o fim dessa taxação.

O Brasil é um dos poucos países do mundo que não taxa esse tipo de renda. Isso não quer dizer, no entanto, que o dinheiro que entra no bolso do acionista nunca foi tributado.

Sobre o lucro das empresas incide, via de regra, dois tributos: o Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), cujas alíquotas somam 34%. É uma tributação alta na comparação internacional, mas estudos indicam que, na prática, empresas brasileiras pagam alíquotas menores, devido a incentivos fiscais e regimes especiais para companhias menores.

Maciel argumenta que isentar dividendos e taxar diretamente o lucro das empresas é uma maneira mais eficaz de arrecadação. Segundo ele, a mudança foi implementada em 1996 porque os empresários adotavam medidas para driblar a cobrança sobre dividendos, fazendo uma distribuição disfarçada de lucros, ao pagar contas pessoais com recursos das empresas, por exemplo.

“O fato é que a força de trabalho da receita era concentrada estritamente para ver distribuição disfarçada de lucro”, afirma.

Depois da mudança, ele ressalta, houve um forte aumento de arrecadação sobre o lucro das empresas.

“Temos três maneiras de tributar (o lucro): uma só na empresa, outra só na distribuição de dividendos, e a terceira nos dois. A escolha deve ser feita pela forma que for mais eficiente. Do ponto de vista da sonegação, é muito mais fácil fazer planejamento tributário fazendo a tributação nessas duas formas (nas empresas e na distribuição de dividendos), do que fazer só na empresa”, reforça.

Para ex-secretário da Receita Everardo Maciel, taxar dividendos é ineficiente© Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

Como evitar que ricos driblem impostos?

Economista do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) especializado em tributação e finanças públicas, Sérgio Gobetti considera fundamental a tributação de lucros e dividendos como instrumento de distribuição de renda, ainda mais num país tão desigual como o Brasil.

Ele reconhece que há risco de a volta de tributação de dividendos ser acompanhada de novas estratégias dos ricos para driblar o imposto e, por isso, defende que a medida venha acompanhada de uma ampla reforma da tributação dos lucros de empresas no país, para fechar essas brechas.

Hoje, empresas podem ter seus ganhos tributados em diferentes modalidades, a depender do seu porte e de suas características: no lucro real, no lucro presumido ou por meio do Simples.

Com isso, cada uma paga diferentes alíquotas. No caso do lucro real, o lucro pode ser taxado em até 34% (IRPJ e CSLL), mas benefícios e isenções costumam reduzir esse patamar.

Já empresas com faturamento anual de até R$ 4,8 milhões podem entrar no Simples Nacional, com alíquotas progressivas que variam de 4% a 33% e englobam oito impostos, entre eles o IRPJ.

Para Gobetti, há dois problemas aí: o limite de faturamento para entrar no regime simplificado brasileiro ser alto na comparação internacional; e o fato do Simples incluir não só impostos que incidem sobre a produção das empresas, mas também sobre os lucros.

Na sua avaliação, a volta da tributação dos dividendos deveria vir acompanhada de uma reforma ampla da taxação das empresas, que elimine as exceções que permitem a empresas pagar pouco sobre seus ganhos. Isso, recorda, não foi feito numa proposta enviada pelo governo Jair Bolsonaro que chegou a ser aprovada na Câmara dos Deputados em 2021 e depois empacou no Senado.

O texto aprovado reduziu as alíquotas e IRPJ e CSLL sobre as empresas, ao mesmo tempo que instituiu uma alíquota de 15% sobre lucros e dividendos.

Por outro lado, a Câmara mudou a proposta do governo Bolsonaro para manter isento dessa nova cobrança o dinheiro distribuído a acionistas por empresas do Simples Nacional e companhias do lucro presumido com faturamento até o limite de R$ 4,8 milhões, desde que não se enquadrassem em restrições societárias da tributação simplificada.

Para Gobetti, as exceções aprovadas com amplo apoio na Câmara, com votos de partidos da esquerda à centro-direita, beneficiavam, na prática, pequenos empresários e profissionais liberais com renda elevada na comparação com a média da população, como advogados, médicos, economistas.

“Tem que fazer uma coisa bem feita, tem que funcionar. E ela (a taxação de dividendos) não funciona se tiver a isenção das empresas do Simples. É muita receita que se perde, além de gerar um enorme incentivo para todo mundo ficar dividindo as empresas, para ficar abaixo dos R$ 4,8 milhões (de lucro da empresa). É um escândalo isso”, criticou.

Já defensores da inclusão das exceções, como o então relator da proposta na Câmara e hoje ministro do Turismo, Celso Sabino, alegaram que o foco da volta da taxação de dividendos seria atingir apenas os super ricos.

“As empresas do Simples Nacional são um dos pilares da nossa economia e da geração de empregos. Sensível a essa importância e após receber inúmeras demandas da sociedade, sugeri ao relator @depcelsosabino para que essas empresas permanecessem isentas na taxação de dividendos”, defendeu também na ocasião o presidente da Câmara, Arthur Lira, em uma mensagem no antigo Twitter.

Herança e jatinhos também estão na mira

Outros benefícios que aliviam o bolso dos mais ricos estão em debate no Congresso.

A reforma tributária — uma proposta de emenda constitucional (PEC) —aprovada no primeiro semestre na Câmara, que agora tramita no Senado, aprovou a cobrança de IPVA sobre jatinhos e embarcações de luxo, itens que hoje são isentos desse tributo, amplamente cobrado sobre veículos terrestres, como motos e carros.

Um estudo de 2020 do Sindifisco estimou que essa nova tributação poderia arrecadar R$ 4,7 bilhões por ano, aumento de quase 10% na arrecadação do IPVA.

No entanto, segundo outra entidade, a Unafisco (Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal), o texto aprovado na Câmara deixa espaço para contribuintes ricos sonegarem esse imposto.

Como a proposta enviada ao Senado isenta alguns veículos do novo imposto, como aviões de transporte e barcos voltados à pesca artesanal e de subsistência, a Unafisco vê a possibilidade de proprietários de jatinhos ou embarcações de lazer enquadrarem indevidamente seus veículos nas exceções para fugir do IPVA.

Embora a reforma tributária que tramita no Congresso foque principalmente em tributos sobre produção e consumo, o texto aprovado na Câmara incluiu também algumas mudanças na taxação de herança que podem dificultar estratégias hoje usadas pelos mais ricos para não pagar o imposto ou pagar alíquotas menores.

O que pode mudar na taxação de heranças?

O imposto sobre herança (ITCMD) é estadual e hoje tem alíquota máxima de 8%, um patamar considerado baixo na comparação internacional. Cada estado pode estabelecer a forma de cobrança — se cobra uma taxa fixa ou progressiva (mais alta quanto maior o valor herdado).

Segundo um levantamento do Ipea, as alíquotas máximas variam de 2% (AM), 4% (RO, AC, RR, AP, AL, ES, SP e PR), 5% (MG), 6% (PA, PI, RN, RS, MS e DF), 7% (MA e SC), e 8% nos demais estados.

Hoje, porém, famílias podem abrir o inventário — processo para a transmissão da herança — em um estado diferente do local da morte, buscando assim onde há alíquotas menores. Isso beneficia, sobretudo, quando a herança envolve bens móveis (recursos financeiros ou quotas de empresas, por exemplo), já que no caso de imóveis a cobrança é sempre feita no estado onde ele está localizado.

O texto da reforma tributária aprovado na Câmara, ainda em análise no Senado, fecha essa brecha ao estabelecer que o ITCMD sobre bens móveis seja cobrado no estado em que o transmissor da herança faleceu.

Além disso, o texto da reforma também prevê regras provisórias para possibilitar a taxação de heranças no exterior enquanto o Congresso não aprova uma lei complementar específica sobre esse tema.

Caso o texto seja aprovado também no Senado, bens do falecido no exterior passariam a ser tributados pelo ITCMD do estado em que ele residia. Já na hipótese do morto morar fora do Brasil, a herança seria taxada pela alíquota estadual do local de residência dos herdeiros.

O aumento da alíquota máxima de 8%, porém, não vem sendo discutida no Congresso.

Para o pesquisador do Ipea Pedro de Carvalho Junior, que estuda a tributação de heranças, há espaço para elevar o limite do imposto para 20%, implementando uma tributação mais progressiva (taxação maior sobre heranças de maior valor).

Ele defende, porém, que essa medida venha acompanhada de outras regras que dificultem o planejamento sucessório, como as doações feitas em vida de forma fracionada, para enquadrar esses repasses dentro dos limites de isenção, evitando a tributação.

“Acho que há espaço para aumento, que a nossa alíquota máxima está abaixo da média internacional, mas também tem que atingir esses outros problemas, porque se não vai ser inefetivo. Vai acabar (com) os mais ricos conseguindo evadir, como fazem, e a classe média acaba não tendo esses meios”, ressaltou.

NOVA VIAGEM DE LULA À ÍNDIA PARA ASSUMIR A PRESIDÊNCIA DO G20

História por admin3 • IstoÉ Dinheiro

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva embarca, na próxima quinta-feira (7), para Nova Déli, capital da Índia, onde participará da Cúpula do G20, grupo que reúne as 19 nações de maior economia do mundo e a União Europeia. A comitiva brasileira embarcará logo após o desfile do Dia da Independência, na Esplanada dos Ministérios. A reunião de líderes ocorre nos dias 9 e 10.

A cúpula é ponto alto das atividades do grupo e marcará também a reta final da presidência rotativa do bloco, atualmente com a Índia, e que será assumida pelo governo brasileiro a partir do dia 1º de dezembro. Uma série de reuniões e trabalhos prévios e de grupos de trabalho está ocorrendo, inclusive em escala ministerial entre os países.

A programação oficial prevê pelo menos três sessões temáticas, que abordarão tópicos como desenvolvimento verde sustentável; meio ambiente e clima; transições energéticas; e global net zero, que é a ideia de emissão zero líquida de carbono. Outros assuntos como crescimento inclusivo; cumprimento de metas dos objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS); saúde, educação, infraestrutura, transformações tecnológicas, reformas multilaterais e futuro do trabalho e emprego também estarão em pauta. O evento também terá reuniões bilaterais entre diferentes líderes.

Presidência

Como em toda cúpula do G20, haverá uma cerimônia simbólica de transferência da presidência rotativa do grupo, que envolve mais diretamente o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, e o presidente Lula. Há previsão de pronunciamentos do presidente brasileiro nas duas primeiras sessões e no encerramento do encontro, quando Lula apresentará as prioridades e os desafios da futura presidência brasileira a partir de 1º de dezembro de 2023.

Ao participar de um evento no Rio Grande do Norte, nesta sexta-feira (1º), Lula afirmou que o combate às diversas desigualdades sociais deve nortear sua participação na cúpula.

“Eu vou lá para discutir com eles uma coisa que me incomoda, eu quero discutir a desigualdade. A desigualdade de gênero, a desigualdade racial, a desigualdade no tratamento da saúde, no salário, a desigualdade de uma pessoa que come 20 vezes por dia e a outra que fica 20 dias sem comer”, afirmou.

A presidência rotativa do Brasil no G20 vai até o fim de 2024, quando uma nova cúpula será realizada no Brasil, na cidade do Rio de Janeiro. O encontro está previsto para ocorrer nos dias 18 e 19 de novembro do ano que vem.

O post Lula vai à Índia para assumir presidência do G20 apareceu primeiro em ISTOÉ DINHEIRO.

 

VÁRIOS ESTADOS ESTÃO ISENTANDO DE IPVA CARROS A PARTIR DE 10 ANIOS

  Brasil e Mundo ...