sexta-feira, 4 de agosto de 2023

O MERCADO DE TRABALHO PASSA PELA AUTOMAÇÃO E PELO USO DE APLICATIVOS E TERCEIRIZAÇÃO

 

A revolução em vigor no mercado de trabalho é um problemão para a condução da política econômica e social e precisa urgentemente de soluções

Por Celso Ming – Jornal Estadão

queda do desemprego no segundo trimestre, de 8,8% para 8,0%, traz certos recados para quem acompanha os rumos da economia e do mercado de trabalho no Brasil.

Este é o nível de desemprego mais baixo para o período desde 2014, que aparece numa conjuntura de atividade econômica relativamente frouxa, da qual se esperaria fraca demanda por mão de obra e não esse resultado poderoso. Além disso, a automação, a digitalização e o comércio eletrônico são grandes desempregadores de pessoal, como pode ser avaliado no setor bancário e no comércio varejista.

É preciso entender as explicações para esse fato, surpreendente apenas nas aparências. O agronegócio vem avançando como gerador de empregos. No primeiro trimestre de 2023, a população ocupada no setor somou 28,1 milhões de pessoas, 27% do total de ocupações. É o melhor resultado para um primeiro trimestre desde o início da série histórica, iniciada em 2012, segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/USP), em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).Certos analistas de pensamento voltado para o passado continuam propalando que a agricultura e pecuária têm baixa propensão a contratar pessoal. Não conseguem enxergar que as áreas de apoio à agropecuária, como armazenamento, transporte, assistência técnica e serviços pessoais, criam enorme quantidade de postos de trabalho. A demanda não é apenas de tratoristas e de operadores de drones, mas também por trabalhadores do setor de serviços (manicures, encanadores e profissionais da saúde).

Mas é preciso compreender que o mercado de trabalho passa por revolução, pela automação, pelo uso de aplicativos e pela terceirização. É fenômeno que se acentuou com a pandemia; não começou com ela.

Apesar do recuo do desemprego, a atividade informal continua superior a um terço da força de trabalho.
Apesar do recuo do desemprego, a atividade informal continua superior a um terço da força de trabalho.  Foto: Adriana Toffetti/A7 Press

Muitos argumentam que essa revolução precariza as relações de trabalho. É verdade. A atividade informal continua superior a um terço da força de trabalho; muitos trabalhadores de aplicativos ganham a vida sob baixas condições e o subemprego é cada vez maior.

No entanto, mais precário do que o chamado trabalho precarizado é o desemprego. E este está caindo. Deste ponto de vista – e apenas dele –, a precarização está diminuindo e não o contrário.

A revolução do trabalho que muitos sindicalistas se recusam a ver é um problemão para a condução da política econômica e social. Cada vez mais trabalhadores não recolhem ou recolhem parcialmente a contribuição para a Previdência Social. Como não dispõem de plano de saúde, sobrecarregam o Sistema Único de Saúde (SUS).

São problemas que necessitam de urgente tratamento. O que não se pode fazer é o que têm pretendido tantos sindicalistas e o ministro do Trabalho, Luiz Marinho: tentar enquadrar essas novidades na CLT, como se dos anos 40 até agora nada de substancial no mundo e nas relações empregatícias tivesse mudado.

ELON MUSK PREOCUPA GOVERNOS PELO SEU DOMÍNIO DAS COMUNICAÇÕES COM O SUCESSO DA STARLINK

Bilionário se tornou o poder dominante na tecnologia de internet por satélite

Por Adam Satariano, Scott Reinhard, Cade Metz, Sheera Frenkel e Malika Khurana

Jornal Estadão

THE NEW YORK TIMES – Em 17 de março, o general americano Mark A. Milley e o general Valeri Zaluzhni, líder das Forças Armadas da Ucrânia, entraram em uma chamada para discutir a invasão da Rússia à Ucrânia. Na linha segura, os dois líderes militares conversaram sobre sistemas de defesa aérea, avaliações de campo de batalha em tempo real e compartilharam informações de inteligência sobre as perdas militares da Rússia.

Eles também falaram sobre Elon Musk.

O general Zaluzhni falou sobre a Starlink, a tecnologia de internet via satélite feita pela empresa de foguetes de Musk, a SpaceX. O comandante ucraniano afirmou que as decisões de campo de batalha da Ucrânia dependiam do uso contínuo da Starlink para comunicações – ele queria garantir o acesso e discutir como cobrir o custo do serviço.

O general Zaluzhni também perguntou se os Estados Unidos tinham uma avaliação de Musk, que tem interesses comerciais diversificados e posição política obscura – os oficiais americanos não deram resposta.

Elon Musk vem se destacando na área dos satélites
Elon Musk vem se destacando na área dos satélites Foto: Mike Blake / REUTERS

Musk, que lidera SpaceX, Tesla e Twitter, tornou-se o nome mais dominante no setor aeroespacial ao acumular poder sobre o campo a internet por satélite. No entanto, diante de pouca regulamentação e supervisão, além do estilo errático, tem preocupado cada vez mais militares e líderes políticos em todo o mundo – uma das coisas que assusta é que o bilionário às vezes exerce sua autoridade de maneiras imprevisíveis.

Desde 2019, Musk tem enviado foguetes SpaceX ao espaço quase todas as semanas, que transportam dezenas de satélites do tamanho de um sofá. Os satélites se comunicam com terminais na Terra, para que possam transmitir internet de alta velocidade para quase todos os cantos do planeta. Hoje, mais de 4,5 mil satélites Starlink estão nos céus, representando mais de 50% de todos os satélites ativos no mundo – e eles já começaram a mudar a aparência do céu noturno, mesmo antes da conclusão dos planos de Musk de colocar em órbita até 42 mil satélites.

O poder do sistema de internet, que ajudou a aumentar o valor da SpaceX para quase US$ 140 bilhões, está apenas começando a causar impacto.

A Starlink é muitas vezes a única maneira de obter acesso à internet em zonas de guerra, áreas remotas e lugares atingidos por desastres naturais. É usado na Ucrânia para coordenar ataques de drones e coleta de informações de inteligência. Ativistas no Irã e na Turquia procuraram usar o serviço como uma defesa contra controles governamentais. O Departamento de Defesa dos EUA é um grande cliente da Starlink, enquanto outros militares, como no Japão, estão testando a tecnologia.

Mas o controle quase total de Musk sobre a internet por satélite gerou alarmes.

Personalidade inflamável

Enquanto Musk, 52, é aclamado como um inovador genial, ele tem poder para decidir desligar o acesso à internet Starlink para um cliente ou país inteiro – e ele tem a capacidade de alavancar informações sensíveis que o serviço coleta. Tais preocupações têm sido intensificadas porque nenhuma empresa ou governo se aproximou do que ele construiu.

Na Ucrânia, alguns medos se tornaram realidade. Musk restringiu o acesso à Starlink várias vezes durante a guerra. Em certo momento, ele negou o pedido do exército ucraniano para ligar a Starlink perto da Crimeia, o território controlado pela Rússia, afetando a estratégia do campo de batalha. No ano passado, ele sugeriu publicamente um “plano de paz” para a guerra que parecia alinhado com os interesses russos.

Em certos momentos, Musk ostentou abertamente as capacidades da Starlink. “Entre Tesla, Starlink e Twitter, eu posso ter mais dados econômicos globais em tempo real do que qualquer um”, ele tuitou em abril.

Musk não respondeu aos pedidos de comentários. A SpaceX se recusou a comentar.

Preocupados com a excessiva dependência da tecnologia de Musk, os oficiais ucranianos têm conversado com outros provedores de internet via satélite, embora tenham reconhecido que nenhum rivaliza com o alcance da Starlink.

“Starlink é de fato o sangue de toda a nossa infraestrutura de comunicação agora”, disse Mykhailo Fedorov, ministro digital da Ucrânia, em uma entrevista.

Pelo menos nove países – incluindo na Europa e no Oriente Médio – também falaram sobre a Starlink com funcionários americanos nos últimos 18 meses, com alguns questionando o poder de Musk sobre a tecnologia. Poucos países falarão publicamente sobre suas preocupações, por medo de alienar Musk, disseram oficiais de inteligência e cibersegurança informados sobre as conversas.

As autoridades americanas têm falado pouco publicamente sobre a Starlink, pois equilibram as prioridades domésticas e geopolíticas relacionadas a Musk, que criticou o presidente Biden, mas cuja tecnologia é inevitável.

O governo federal é um dos maiores clientes da SpaceX, usando seus foguetes para missões da NASA e lançando satélites de vigilância militar. Oficiais de alto escalão do Pentágono tentaram mediar questões envolvendo a Starlink, particularmente na Ucrânia. O Departamento de Defesa confirmou que possui contratos com a Starlink, mas se recusou a elaborar, citando “a natureza crítica desses sistemas”.

Outros governos estão cautelosos. Taiwan, que tem uma infraestrutura de internet que pode ser vulnerável em caso de uma invasão chinesa, reluta em usar o serviço em parte por causa dos laços comerciais de Musk com a China, disseram funcionários taiwaneses e americanos.

A China tem suas próprias preocupações. Musk disse no ano passado que Pequim buscava garantias de que ele não ligaria a Starlink dentro do país, onde a internet é controlada e censurada pelo estado. Em 2020, a China se registrou em um órgão internacional para lançar 13 mil satélites de internet próprios.

A União Europeia, em parte motivada por desconfianças sobre a Starlink e Musk, também destinou US$ 2,6 bilhões, no ano passado para construir uma constelação de satélites para uso civil e militar.

“Não se trata apenas de uma empresa, mas de uma pessoa”, disse Dmitri Alperovitch, um especialista em cibersegurança que cofundou a think tank Silverado Policy Accelerator e aconselhou governos sobre internet via satélite. “Você está completamente à mercê de seus caprichos e desejos.”

Alcançando os céus

Martin Sweeting, engenheiro britânico que fundou a empresa de design e fabricação de satélites Surrey Satellite Technology, foi incentivado por um associado de negócios em 2001 a se encontrar com um “cavalheiro que queria colocar uma estufa em Marte”. Era Musk.

 

SETOR ELÉTRICO QUER RESTABELECER A BOA GOVERNANÇA

Governo prometeu restabelecer governança, mas todo cuidado é pouco com a relação desorganizada entre Executivo e Legislativo

Por Elena Landau – Jornal Estadão

ministro de Minas e Energia prometeu apresentar uma nova modelagem para o setor elétrico em 90 dias. Todo cuidado é pouco.

A prioridade é restabelecer a boa governança no setor. Sem ela, o risco de as distorções aumentarem é grande. A desorganização não é só dentro do Executivo, é também do governo com o Congresso. O Legislativo vem avançando em áreas fora de sua competência, buscando, inclusive, anular ou substituir decisões técnicas tomadas pela Aneel.

Os jabutis incluídos na privatização da Eletrobras mostraram a força dos lobbies. Até usinas termoelétricas sem sequer combustível disponível foram incluídas, atropelando o planejamento setorial. A pressão pelos gasodutos é de tal ordem que vem provocando atritos entre o MME e a Petrobras em torno da política de reinjeção do gás da empresa, com base na duvidosa tese da necessidade de internalização do gás pelo País.

O governo deveria priorizar mudanças pela via normativa, escapando da intervenção legislativa. Não há razão para apresentar um projeto de lei inteiramente novo, abrindo espaço para os grupos de interesse ampliarem seus poderes. Já há consenso em torno do PL 414 para modernização do setor, tema em discussão desde 2016.

A melhoria na precificação dos preços de energia também é urgente para refletir o real custo dos benefícios concedidos à geração distribuída. Por mais louvável que seja a inclusão de renováveis na matriz, já passou da hora de elas remunerarem o setor pelo serviço que recebem dos demais segmentos.

Como eólica e solar são fontes intermitentes, a segurança do sistema depende do uso de fontes firmes, em uma espécie de seguro, que hoje não é remunerado. Incentivos de qualquer tipo para geração distribuída não fazem mais qualquer sentido.

Usina hidrelétrica de Furnas; governo deve evitar interferir no mercado para reduzir contas de luz
Usina hidrelétrica de Furnas; governo deve evitar interferir no mercado para reduzir contas de luz Foto: JF DIORIO / ESTADÃO

Para a redução das contas de luz, intervenções em preços e manobras regulatórias devem ser evitadas. Uma revisão dos subsídios, encargos e tributos que incidem sobre energia é o caminho.

E ainda temos uma consulta pública para a renovação das concessões de distribuidoras de energia. Novamente, é preciso atenção. O MME sugere o aporte do excedente econômico das distribuidoras como condicionante para a prorrogação dos contratos. Só que, pela regra tarifária, não existe excedente porque os ganhos de eficiência já são incorporados a cada revisão tarifária. Lembrando que é da Aneel, e não do ministério, a competência para regular o tema.

A esperança é a de que, nessa rodada, incentivos e riscos sejam mais bem alocados e definidos tecnicamente. Muita calma nessa hora.

 

HERANÇAS VÃO SER MAIS TRIBUTADAS APÓS A REFORMA TRIBUTÁRIA

 

Mariana Domingues S. Herold – Advogada

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Reforma tributária: aumento da tributação deve levar à corrida para doações em vida e sucessão nas empresas familiares

Novo regime propõe a elevação de 4% para 8% imposto sobre doações e heranças, impactando imóveis, quotas societárias, valores em conta corrente e em espécie, entre outros bens

Novo regime propõe a elevação de 4% para 8% imposto sobre doações e heranças, impactando imóveis, quotas societárias, valores em conta corrente e em espécie, entre outros bens. Crédito: Divulgação/Unsplash

As negociações em torno da reforma tributária no Brasil acenderam o sinal amarelo para empresas familiares, que somam cerca de 90% dos CNPJs do país, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE.) As mudanças em discussão no Congresso Nacional prevêem a progressividade da tributação sobre heranças e doações. Ou seja, quanto maior o valor recebido, maior será a alíquota aplicada, chegando ao limite de 8%. O impacto alcançará não apenas os bens imóveis, mas também quotas societárias e valores disponíveis em contas bancárias ou em espécie, entre outros tipos de patrimônio.

Menos de um quarto das empresas brasileiras têm um plano de sucessão estruturado, o que significa que a maioria das famílias não está preparada para lidar com a transição de geração e a sucessão patrimonial, alerta a advogada Mariana Domingues, especialista em direito empresarial e societário.

“É fundamental que as famílias empresárias comecem a se planejar e a estruturar o processo de sucessão para evitar surpresas desagradáveis no futuro”, diz. Dentre os setores mais impactados por essa mudança estão a indústria e o agronegócio, que juntos representam quase metade do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro – 23,9% e 24,8% respectivamente.

O mesmo alerta vale para pessoas físicas que têm bens a serem doados ou herdados. “A proposta de reforma tributária, já aprovada na Câmara Federal, traz importantes mudanças na taxação de heranças e doações, com o objetivo de torná-la mais progressiva, pesando mais no bolso de quem recebe valores maiores. O planejamento sucessório, a assessoria jurídica e a antecipação de doações são estratégias importantes para minimizar os impactos. Já percebemos um aumento na antecipação das doações em vida, aproveitando as atuais alíquotas mais baixas.”

Como fica a tributação de heranças em cada estado após a reforma

A proposta de reforma permite cobrança maior sobre heranças provenientes do exterior, buscando combater possíveis evasões fiscais, além de prever a cobrança do imposto no domicílio onde a pessoa faleceu, o que pode gerar diferenças na tributação entre estados

Uma das questões que surge é como ficarão as alíquotas em cada estado brasileiro, já que atualmente a alíquota máxima do Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD) já é de 8%. Nem todos os estados utilizam esse percentual como padrão, e a proposta de reforma busca unificar as regras para tornar a tributação mais justa e progressiva.

A especialista observa que a variação nas alíquotas entre os estados pode levar a diferenças significativas no valor a ser pago em caso de heranças e doações. Alguns estados podem adotar uma alíquota mais próxima dos 8%, enquanto outros podem optar por um valor menor, mantendo-se abaixo desse limite.

“Ainda que a reforma seja aprovada no âmbito federal, é importante ressaltar que a decisão final sobre as alíquotas do ITCMD caberá a cada estado, o que torna essencial acompanhar os desdobramentos e as decisões tomadas em cada região do país.”

Isenção nas doações para instituições sem fins lucrativos

Uma das novidades em estudo é a isenção do ITCMD sobre doações para instituições sem fins lucrativos. A proposta visa incentivar o apoio a projetos sociais, beneficiando tanto doadores quanto as instituições contempladas.

Caso aprovada, essa isenção permitirá que pessoas físicas e jurídicas realizem doações a organizações de cunho social, cultural, educacional ou de saúde, sem a incidência do imposto.

“A medida pode impulsionar o terceiro setor, permitindo que instituições sem fins lucrativos recebam recursos adicionais para desenvolverem seus projetos e programas em prol de comunidades e causas beneficentes.”

EDUCAÇÃO INTEGRAL E SEUS RESULTADOS

Jornal Estadão


Imagem: arquivo pessoal.
Imagem: arquivo pessoal.  

Aline Zero Soares, PhD em educação pela University of California, Los Angeles – UCLA e mestre em gestão e políticas públicas pela Fundação Getulio Vargas – FGV. Integra a carreira de Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental e a equipe do Programa Escola em Tempo Integral do Ministério da Educação

A agenda da educação integral tem estado sob holofotes no debate público recente, aparecendo como uma das políticas educacionais prioritárias do governo federal. Nesta semana, a sanção presidencial da lei que institui o Programa Escola em Tempo Integral foi comemorada por atores diversos da área, tendo em vista que pode significar a retomada do papel federal em fomentar e apoiar a expansão da jornada escolar e a formação integral dos estudantes. Educadores, especialistas e gestores públicos têm considerado esta uma das principais apostas para que o país avance na melhoria da qualidade da educação básica, visando ao aprimoramento dos resultados acadêmicos e sociais da educação.

Todavia, nem sempre o sentido de educação integral é tratado de forma consensual, seja no debate ou na forma de implementação das políticas públicas. Além disso, enquanto é comum se ter mais clareza sobre os resultados de performance acadêmica – histórica e mundialmente medidos por índices de desempenho em disciplinas como línguas, matemática e ciências da natureza -, as águas ficam mais turvas quando se tenta aferir os resultados sociais da educação, sejam eles relacionados ao indivíduo, à escola e à comunidade, ou à sociedade. E quando se consideram os dois temas juntos, a questão fica ainda mais curiosa: afinal, o que se quer dizer com educação integral e quais seriam os resultados sociais associados a esta perspectiva educacional?

O tema da educação integral na educação básica remonta a um debate de mais de um século na agenda educacional. Introduzido pelo Manifesto dos Pioneiros da Educação e mais diretamente pelo educador Anísio Teixeira, que defendia a importância da educação para a formação dos estudantes em suas diversas dimensões (tais como a cognitiva, a física, a social, a cultural e a artística) e ressaltava que a construção de uma sociedade democrática não seria possível sem que a educação exercesse o seu papel de fomentar valores e práticas democráticas.

É uma agenda que foi implementada de forma mais pontual do que massiva ao longo do século XX e que foi influenciada e beneficiada por educadores brasileiros reconhecidos como Paulo Freire, Maria Nilda Mascelani e Darcy Ribeiro. Em décadas recentes, a agenda foi resgatada por políticas públicas voltadas a este propósito, dentre as quais se destaca o programa federal Mais Educação, que, entre 2007 e 2016, construiu importante legado de expansão do tempo na perspectiva da educação integral no Brasil. Estados e municípios também fizeram esforços recentes buscando manter ou expandir a implementação da agenda, e a pesquisa acadêmica cresceu de maneira exponencial sobre o tema nas últimas duas décadas.

Com base nesse percurso histórico, construído a tantas mãos e brevemente descrito acima, a compreensão de educação integral aqui considerada com potencial para efetivamente melhorar a qualidade da educação básica pública brasileira refere-se à expansão da jornada escolar não apenas para que se continue a trabalhar os mesmos conteúdos nas mesmas abordagens pedagógicas, mas, sim, que vislumbre os sujeitos em todas as suas dimensões e garanta a sua preparação para a vida e para a cidadania. Trata-se de expandir as oportunidades de aprendizagens de estudantes para que também se desenvolvam socialmente, emocionalmente, fisicamente, culturalmente e politicamente enquanto indivíduos e cidadãos pertencentes a contextos locais e globais.

A educação verdadeiramente integral preocupa-se com relações mais humanizadas entre estudantes e educadores, procura conectar os conteúdos e as experiências educacionais na escola com a vida da pessoa, pressupõe que haja exercício da democracia na prática na escola – e não apenas ouçam falar dela -, fomenta a sua autonomia e o seu protagonismo em seus processos de aprendizagem, e valoriza os potenciais educativos do território e as características culturais e participação da comunidade local. Ademais, ao não ignorar o estudante em suas múltiplas dimensões, a escola certamente precisa contar com políticas e ações intersetoriais que deem suporte a seu atendimento global, tais como saúde, cultura e assistência social. Apesar dos desafios envolvidos na implementação de tal perspectiva, experiências concretas brasileiras vêm mostrando que os resultados acadêmicos e sociais valem o investimento necessário.

Os resultados acadêmicos e sociais da educação integral são também palpáveis. Em pesquisa recente que desenvolvi por meio do estudo qualitativo aprofundado de casos de escolas brasileiras internacionalmente reconhecidas como inovadoras, democráticas e voltadas à formação plena dos sujeitos, foi possível identificar que a melhoria dos resultados de aprendizagem acadêmica nas experiências analisadas estava diretamente relacionada com a abordagem de educação integral adotada pelas escolas investigadas.

De fato, isso está em sintonia com a literatura nacional e internacional que vem desenvolvendo um consenso quanto à relação positiva entre a performance acadêmica e fatores como a saúde mental, o desenvolvimento socioemocional, o bem-estar, e a importância de o estudante relacionar-se com o conteúdo de modo que faça sentido para sua vida, sua cultura e seus interesses.

Pesquisas em áreas diversas, como a neurociência, a psicologia e a pedagogia indicam que o processo de aprendizagem se beneficia e necessariamente precisa dessas condições para ocorrer. Considerando-se as inúmeras e multidimensionais barreiras (sociais, econômicas, baseadas em discriminações raciais e outras) que as crianças e jovens brasileiros da escola pública enfrentam em suas rotinas, faz-se ainda mais urgente que a escola não ignore essas outras dimensões se, de fato, quisermos melhorar os indicadores de aprendizagem. Em outros termos, sem este olhar integral, dificilmente alcançaremos as taxas de IDEB que gostaríamos ou reduziremos a evasão como almejamos.

Mas, os ganhos da educação integral vão para muito além dos acadêmicos, pois envolvem uma série de resultados sociais associados à implementação dessa perspectiva. Tais resultados sociais podem ser compreendidos como ganhos em termos de saúde, bem-estar, redução da violência, formação para a autonomia e o alcance de direitos de cidadania, engajamento político, social e redução das desigualdades de oportunidades educacionais e sociais.

Nas experiências analisadas no estudo citado, por exemplo, os índices de violência dentro e fora da escola caíram significativamente, alcançando inclusive uma comunidade inteira ao redor de uma das escolas, dada a potencialidade da ampliação de coesão social relacionada à disseminação de valores construídos de forma muito próxima entre a escola, as famílias e os principais representantes da comunidade local. Outro exemplo de resultado social se refere à criação de uma cultura escolar empática e antidiscriminatória que formou estudantes carregados de tais características a ponto de desenvolverem projetos relacionados a esses valores dentro e fora da escola ou de recuperarem o vínculo com a educação e o gosto pelo conhecimento depois de sofrerem discriminação em suas escolas anteriores.

A implementação da expansão da jornada escolar na perspectiva da educação integral não se trata de tarefa simples ou sem custos financeiros, mas trata-se de caminho necessário para que consigamos efetivamente melhorar a qualidade da escola básica pública brasileira, bem como seus resultados acadêmicos e sociais. Que políticas públicas como o Programa Escola em Tempo Integral possam ser retomadas e contribuir com esse desafio junto a estados, municípios, Distrito Federal e toda a sociedade brasileira.

*Esse texto é fruto de parceria entre o Diálogos Públicos, a ANESP e o Gestão, Política & Sociedade.

 

A CULTURA ÁGIL É UMA ABORDAGEM EMPRESARIAL ALINHADA À TRANSFORMAÇÃO DIGITAL

Hermínio Gonçalves – CEO da SoftExpert Brasil

Dentre elas, a de maior impacto para as empresas é a rápida adaptabilidade em relação às mudanças do mercado

Alinhada à transformação digital, a cultura ágil é uma abordagem empresarial que visa a aprimorar agilidade, flexibilidade e eficiência nos processos de negócio, tornando os colaboradores e as organizações mais adaptáveis às mudanças do mercado. Por sua vez, para que a transformação digital aconteça efetivamente, precisa haver uma mudança no funcionamento das organizações e na maneira como pensam e planejam suas ações.

“Antes da cultura ágil, é preciso ter transformação digital. Ambas não são possíveis sem que haja interação entre os indivíduos e os respectivos processos e ferramentas utilizadas. Também é essencial ter soluções tecnológicas, que permitam a colaboração entre clientes, parceiros e stakeholders, além de um planejamento concreto de ações, o qual será periodicamente visitado para checagem de resposta às mudanças.”, explica Hermínio Gonçalves, CEO da SoftExpert Brasil, empresa que fornece soluções de transformação digital e gestão a nível global.

Feito isso, a cultura ágil possibilita diversas vantagens para as organizações ao longo de toda a cadeia:

Interações rápidas com base no feedback do cliente;

Experiências digitais para clientes e mercado;

Adaptação rápida às mudanças do mercado;

Transparência e responsabilidade;

Melhoria contínua e flexibilidade;

Redução de riscos e controle de custos;

Melhoria na comunicação e colaboração;

Aumento da confiança dos membros da equipe.

“Outro ponto de atenção é que a inovação precisa ser levada a sério pelas empresas e gestores que querem ter uma jornada efetiva de transformação digital, uma vez que mudar a cultura requer adaptabilidade de todos os envolvidos, sendo necessário empregar os processos e dar lugar para a inteligência colaborativa”, ressalta o CEO. A cultura ágil, por sua vez, revoluciona os processos e prepara as empresas para as mudanças do mercado. Consequentemente, uma abordagem ágil melhora o tempo de reação da empresa a mudanças e minimiza os possíveis impactos negativos.

O executivo da SoftExpert ainda sinaliza que algumas empresas não conseguem lidar com a transformação digital de forma eficiente. Isso porque não considera etapas e pilares desta jornada. Sendo essencial que as novas práticas sejam compatíveis com a dinâmica da empresa e que as equipes estejam devidamente preparadas. O engajamento de colaboradores e gestores é um dos pilares de sustentação da jornada de transformação digital nas organizações, assim como a adoção de indicadores de eficiência e eficácia, gestão das tarefas, assim como adoção de práticas de melhoria contínua.

CARACTERÍSTICAS DA VALEON

Perseverança

Ser perseverante envolve não desistir dos objetivos estipulados em razão das atividades, e assim manter consistência em suas ações. Requer determinação e coerência com valores pessoais, e está relacionado com a resiliência, pois em cada momento de dificuldade ao longo da vida é necessário conseguir retornar a estados emocionais saudáveis que permitem seguir perseverante.

Comunicação

Comunicação é a transferência de informação e significado de uma pessoa para outra pessoa. É o processo de passar informação e compreensão entre as pessoas. É a maneira de se relacionar com os outros por meio de ideias, fatos, pensamentos e valores. A comunicação é o ponto que liga os seres humanos para que eles possam compartilhar conhecimentos e sentimentos. Ela envolve transação entre pessoas. Aquela através da qual uma instituição comunica suas práticas, objetivos e políticas gerenciais, visando à formação ou manutenção de imagem positiva junto a seus públicos.

Autocuidado

Como o próprio nome diz, o autocuidado se refere ao conjunto de ações que cada indivíduo exerce para cuidar de si e promover melhor qualidade de vida para si mesmo. A forma de fazer isso deve estar em consonância com os objetivos, desejos, prazeres e interesses de cada um e cada pessoa deve buscar maneiras próprias de se cuidar.

Autonomia

Autonomia é um conceito que determina a liberdade de indivíduo em gerir livremente a sua vida, efetuando racionalmente as suas próprias escolhas. Neste caso, a autonomia indica uma realidade que é dirigida por uma lei própria, que apesar de ser diferente das outras, não é incompatível com elas.

A autonomia no trabalho é um dos fatores que impulsionam resultados dentro das empresas. Segundo uma pesquisa da Page Talent, divulgada em um portal especializado, 58% dos profissionais no Brasil têm mais facilidade para desenvolver suas tarefas quando agem de maneira independente. Contudo, nem todas as empresas oferecem esse atributo aos colaboradores, o que acaba afastando profissionais de gerações mais jovens e impede a inovação dentro da companhia.

Inovação

Inovar profissionalmente envolve explorar novas oportunidades, exercer a criatividade, buscar novas soluções. É importante que a inovação ocorra dentro da área de atuação de um profissional, evitando que soluções se tornem defasadas. Mas também é saudável conectar a curiosidade com outras áreas, pois mesmo que não represente uma nova competência usada no dia a dia, descobrir novos assuntos é uma forma importante de ter um repertório de soluções diversificadas e atuais.

Busca por Conhecimento Tecnológico

A tecnologia tornou-se um conhecimento transversal. Compreender aspectos tecnológicos é uma necessidade crescente para profissionais de todas as áreas. Ressaltamos repetidamente a importância da tecnologia, uma ideia apoiada por diversos especialistas em carreira.

Capacidade de Análise

Analisar significa observar, investigar, discernir. É uma competência que diferencia pessoas e profissionais, muito importante para contextos de liderança, mas também em contextos gerais. Na atualidade, em um mundo com abundância de informações no qual o discernimento, seletividade e foco também se tornam grandes diferenciais, a capacidade de analisar ganha importância ainda maior.

Resiliência

É lidar com adversidades, críticas, situações de crise, pressões (inclusive de si mesmo), e ter capacidade de retornar ao estado emocional saudável, ou seja, retornar às condições naturais após momentos de dificuldade. Essa é uma das qualidades mais visíveis em líderes. O líder, mesmo colocando a sua vida em perigo, deve ter a capacidade de manter-se fiel e com serenidade em seus objetivos.

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quinta-feira, 3 de agosto de 2023

TAXA CELIC FOI BAIXADA PELO COPOM ONTEM

 

Veja o que isso significa, segundo economistas

História por Edda Ribeiro • IstoÉ Dinheiro

O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu baixar a Selic, taxa básica de juros da economia brasileira, a 13,25% ao ano. A decisão, dada nesta quarta-feira, 2, vem maior do que a projeção do mercado financeiro e desejo de longa data do governo Lula (PT), crítico do alto patamar de juros no país. Mas o que isso representa?

Embora parte dos analistas do mercado financeiro parabenizem a política de Roberto Campos Neto, diretor do Banco Central, vale alertar que o cenário de queda da inflação, com redução do ritmo de aumento dos preços, não é necessariamente fruto da matemática mais conservadora da instituição monetária.

“No balanço geral, a Selic elevada foi mais importante para desacelerar a economia via restrição de crédito do que para atacar as causas da inflação”, avalia André Roncaglia, economista e professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Marco Rocha, economista e professor do Instituto de Economia da Unicamp, entende que a política monetária foi bastante errática até então. Um levantamento do MoneYou mostra que o Brasil ainda lidera em taxa de juros de altas no mundo, ficando atrás da Argentina. 

“Passamos por um afrouxamento demasiado da política monetária em 2020, que teve efeito sob a volatilidade da taxa de câmbio, e isso foi seguido de um dos maiores apertos monetários na história econômica do Brasil, o que gerou uma taxa de juros para conter essa volatilidade cambial extremamente elevada, e que se prolongou por muito tempo numa espécie de cabo de guerra para provar sua independência em relação ao governo”, explica o professor. 

O que esperar dos juros até o fim do ano?

A expectativa para a taxa Selic no fim deste ano ficou estável no Boletim Focus. A mediana para os juros básicos no fim de 2023 continuou em 12%, e em 9,50% para o ano de 2024. Há um mês, as estimativas eram de 12,50% e 10,00%, nessa ordem.

“O que a gente vai ter até o final do ano é uma redução moderada, que ainda deve manter a taxa de juros brasileira como uma das mais altas do mundo. O efeito disso vai ser muito pequeno na economia: vai facilitar para o consumidor em geral, vai facilitar a reciclagem das dívidas, para as empresas também, e isso é bem salutar, dado que tivemos aumento de endividamento com uma taxa de juros elevada, então poder reciclar essas dívidas, rolar essas dívidas a um custo menor vai ser importante tanto para as famílias quanto para as empresas”, defende Rocha.

Ainda em 2022, quando a taxa de juros foi elevada pela primeira vez aos 13,75% a.a., a Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) alertou que a medida encareceria o acesso a crédito e as prestações aos consumidores: o juro médio para as pessoas físicas passaria de 117,23% para 118,21% ao ano. Uma elevação também era esperada para pessoas jurídicas.

Roncaglia acrescenta também o impacto nas expectativas empresariais. “Uma vez que o titânico spread bancário [diferença entre juros em empréstimos e em investimentos] no Brasil torna irrelevante o efeito desta queda sobre o crédito ao consumo de curto prazo”, afirma.

Todavia, finaliza o professor, os contratos mais longos que financiam os investimentos e mesmo o mercado de crédito corporativo tende a se beneficiar deste alívio, conquanto pequeno.

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HACKER DA LAVA JATO FOI PRESO E DENUNCIA DEPUTADA E O BOLSONARO

 

História por admin3 • IstoÉ Dinheiro

A Polícia Federal (PF) prendeu na manhã desta quarta-feira, 2, Walter Delgatti Neto, hacker do ex-juiz Sérgio Moro e de ex-integrantes da Operação Lava Jato, entre eles o ex-deputado Deltan Dallagnol. A corporação ainda faz buscas em quatro endereços ligados à deputada federal Carla Zambelli.

Os dois são os principais alvos da Operação 3FA, que investiga a suposta invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e inserção de documentos e alvarás de soltura falsos no Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP).

Segundo a PF, a ofensiva investiga delitos que ocorreram entre 4 e 6 de janeiro, quando teriam sido inseridos no sistema do CNJ 11 alvarás de soltura de presos por motivos diversos e um mandado de prisão falso contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.

Em depoimento, o hacker implicou Zambelli diretamente pela invasão do sistema do CNJ e inserção da ordem de prisão fraudulenta contra Moraes. Segundo a PF, Walter Delgatti disse que recebeu pagamentos como “contraprestação para ficar à disposição da parlamentar”. Ele ainda citou o ex-presidente Jair Bolsonaro. Disse ter encontrado o ex-chefe do Executivo no Palácio do Alvorada, “tendo o mesmo lhe perguntado se o declarante, munido do código fonte, conseguiria invadir a urna eletrônica”. Segundo o hacker, “isso não foi adiante, pois o acesso que foi dado pelo TSE foi apenas na sede do Tribunal”.

A ofensiva foi aberta por ordem do próprio Alexandre de Moraes, que mandou a PF apreender dinheiro e bens (joias, veículos, obras de arte e outros objetos) em valores superiores a R$ 10 mil, além de passaportes, computadores, celulares e armas dos investigados. O despacho dá aval para os investigadores vasculharem inclusive “cômodos secretos” que eventualmente encontrassem nos endereços vasculhados.

O ministro ainda determinou a quebra do sigilo bancário dos investigados. Outro alvo da operação é Thiago Eliezer Martins Santos, que também foi investigado na Operação Spoofing, junto de Walter Delgatti, o “Vermelho”.

Ao todo, os investigadores cumprem cinco ordens de busca e apreensão – duas em São Paulo e três no Distrito Federal. São apurados supostos crimes de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica.

A PF indica que as inserções se deram após a invasão criminosa aos sistemas do CNJ, com o uso de credenciais falsas obtidas ilicitamente.

O inquérito em questão foi aberto perante a Justiça Federal para apurar a invasão ao sistema do CNJ, mas acabou remetido ao STF após “indícios de possível envolvimento de pessoa com prerrogativa de foro” – no caso, a deputada Carla Zambelli.

O nome da Operação, “3FA”, faz referência à autenticação de dois fatores, a exigência de duas formas de identificação para acessar recursos e dados.

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STF VAI AUTORIZAR E LEGALIZAR O USO E O COMÉRCIO DA MACONHA

 

História por Mariana Schreiber – Da BBC News Brasil em Brasília • 

O crime de porte para consumo já não é punido com pena de prisão no país desde 2006© Getty Images

Após oito anos, o Supremo Tribunal Federal (STF) marcou para esta quarta-feira (2/8) a retomada de um julgamento que discute a descriminalização do porte de drogas para consumo.

A ação não trata da venda de drogas, que continuará ilegal qualquer que seja o resultado.

O crime de porte para consumo já não é punido com pena de prisão no país desde 2006, com a sanção da atual Lei de Drogas.

Caso a descriminalização seja aprovada no STF, a pessoa que portar entorpecentes para consumo próprio não poderá mais ser submetida a outras punições atualmente em vigor, como prestação de serviços à comunidade ou comparecimento a programa ou curso educativo, nem terá um registro na sua ficha criminal.

Apesar disso, estudiosos do tema afirmam que esse julgamento pode ter o impacto de reduzir o número de pessoas presas no país, caso a decisão do STF permita libertar pessoas que estariam, ao seu ver, erroneamente encarceradas por tráfico de drogas.

Para que isso ocorra, dizem, seria necessário que a Corte estabelecesse parâmetros objetivos para diferenciar qual a quantidade de drogas deve ser considerada voltada para consumo e qual deve ser enquadrada como tráfico.

Defensores da medida, como a associação que representa os peritos da Polícia Federal (APCF) e integrantes da Procuradoria-Geral da República, afirmam que a falta de parâmetros objetivos para que policiais, promotores e juízes diferenciem o consumo da venda faz com que muitas pessoas detidas no país com pequenas quantidades de maconha ou cocaína, por exemplo, acabem presas pelo crime de tráfico.

No entanto, há organizações que estão participando do processo que duvidam deste efeito porque discordam da avaliação de que pessoas estejam sendo presas por tráfico equivocadamente.

Quando o julgamento foi iniciado, em 2015, três ministros decidiram a favor da descriminalização do porte para consumo, mas apenas Gilmar Mendes votou pela liberação para qualquer tipo de droga, enquanto Luís Roberto Barroso e Edson Fachin votaram para restringir a medida à maconha, por considerarem uma droga mais leve.

Barroso foi o único que, até o momento, defendeu a fixação de parâmetros de quantidade. Na sua visão, pode ser considerado usuário quem estiver com até 25 gramas de maconha ou que cultivar até seis plantas cannabis fêmeas para consumo próprio.

O ministro ressaltou, porém, que essas quantidades são uma referência básica, podendo o juiz considerar o indivíduo como usuário, mesmo que esteja com quantidade maior, ou ainda enquadrá-lo como traficante, mesmo que tenha quantidade menor, desde que outros elementos corroborem o crime de tráfico, como apreensão de armas ou balança para pesar drogas, por exemplo.

‘Não haverá soltura automática de presos’

Há mais de 180 mil pessoas presas hoje no país por tráfico de drogas. A quantidade de presos que seria eventualmente beneficiada por uma decisão neste julgamento dependerá de a maioria do STF concordar com a fixação de parâmetros que diferenciem consumo e tráfico e de quais seriam os parâmetros adotados.

No entanto, nenhuma decisão do Supremo levaria a uma liberação automática de presos, explica a subprocuradora-geral da República Luiza Frischeisen à BBC News Brasil.

Cada pessoa detida pelo crime de tráfico de drogas e potencialmente impactada pelo julgamento, ressalta, teria que apresentar um recurso à Justiça solicitando a revisão de sua pena.

Em 2015, apenas Gilmar Mendes votou pela liberação para qualquer tipo de droga© Getty Images

“Se o Supremo decidir que até determinada quantidade não é tráfico de drogas, o que vai acontecer é que, nos casos em que houver pequena quantidade (de droga apreendida), as defesas vão arguir que aquilo não seria crime. E isso vai ser analisado caso a caso. Então, será um impacto de médio prazo”, afirma.

“O efeito mais imediato é que pessoas com pequenas quantidades não seriam mais presas e processadas, se não estiverem presentes outros elementos que denotem tráfico, como por exemplo, anotações de contabilidade (da venda de drogas), a balança (usada para pesar a droga vendida), o dinheiro, a arma, a munição”, acrescenta.

Uma fixação de parâmetros nas condições propostas por Barroso é apoiada também pela associação que representa os peritos da Polícia Federal (APCF).

A instituição não se posiciona a favor ou contra a descriminalização do porte para consumo, mas defende que, independentemente do que for decidido nesse ponto, o Supremo estabeleça parâmetros para diferenciar o usuário do traficante.

Segundo Davi Ory, advogado que representa a associação, a APCF avalia que “o principal fator para o aumento do encarceramento foi a adoção de critérios subjetivos demasiadamente amplos e que transferiram à estrutura do Poder Judiciário o ônus de definição de quem seria usuário e traficante tendo por base ‘as circunstâncias sociais e pessoais’, bem como o ‘local e condições em que se desenvolveu a ação’”.

Isso, ressalta, estaria gerando prisões indevidas, principalmente, de pessoas negras e pobres.

Já o advogado Cid Vieira, que representa a Federação Amor Exigente no julgamento do STF, questiona o impacto do julgamento na redução dos presos.

A organização, que atua como apoio e orientação aos familiares de dependentes químicos, foi uma das instituições aceitas pelo Supremo para atuar no julgamento como amicus curiae (colaborador da Justiça que detém algum interesse social no caso mas não está vinculado diretamente ao resultado).

“Eu não tenho notícia que dependente químico esteja preso. O artigo 28 da atual legislação de drogas não prevê a prisão daqueles que sejam surpreendidos com posse de droga para consumo pessoal. É uma colocação que não existe. Não é sob esse aspecto que as prisões vão estar mais lotadas ou não”, afirmou Vieira, que conversou em maio com a BBC News Brasil.

Presos por tráfico são mais de 25% da população carcerária

Estudos indicam, no entanto, que a atual Lei de Drogas, sancionada em 2006 por Lula, contribuiu para o aumento do número de pessoas presas por crimes relacionados ao tráfico de drogas.

Essa lei acabou com a pena de prisão para usuários e aumentou a punição para traficantes. A expectativa era que isso reduziria o número de prisões, mas o efeito foi o oposto, afirma o advogado Pierpaolo Bottini, que era secretário de Reforma do Judiciário do Ministério da Justiça naquela época.

“A impressão que se tinha é que isso ia desencarcerar, porque as pessoas que estavam presas por uso iam sair (da prisão). Mas acabou aumentando o encarceramento porque justamente as autoridades policiais acabaram jogando tudo para o tráfico, então acabou tendo efeito absolutamente inverso”, disse em entrevista à BBC News Brasil em maio.

Segundo dados da Secretaria Nacional de Políticas Penais, órgão do Ministério da Justiça e Segurança Pública, quase 28% da população carcerária no país está presa por crimes previstos na Lei de Drogas.

No caso das prisões estaduais, por exemplo, onde havia um total de 659.351 pessoas detidas provisoriamente ou condenadas no primeiro semestres de 2022 (dado mais recente), 182.958 estavam presas por esse tipo de delito, 27,75% do total.

Um estudo recente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que analisou uma amostra dos processos julgados na primeira instância judicial de todo o país no primeiro semestre de 2019, estimou que 58,7% dos réus que respondiam por tráfico de maconha portavam até 150 gramas. E apenas 11,1% levavam mais de dois quilos da droga.

Uma análise semelhante dos réus em processos por tráfico de cocaína identificou que 62,3% dos processos se referem a 100 gramas ou menos, enquanto 6,8% dos casos tratavam de apreensões de mais de um quilo.

Quase 28% da população carcerária no Brasil está presa por crimes previstos na Lei de Drogas© Getty Images

Limite de 25 gramas poderia impactar 27% dos condenados por tráfico de maconha, estima Ipea

Esse mesmo estudo estimou quantas pessoas condenadas por tráfico de maconha ou cocaína poderiam ter sua pena revista caso fossem fixadas quantidades máximas de porte para consumo dessas drogas.

Foram analisados processos de 5.121 réus por tráfico de drogas julgados na primeira instância judicial no primeiro semestre de 2019, uma amostra representativa do total de pessoas presas por esse crime no país.

A conclusão do estudo do Ipea foi que se o parâmetro proposto por Barroso (25 gramas de maconha) fosse adotado, por exemplo, 27% dos condenados por tráfico de maconha poderiam ter sua pena revista.

Se fosse adotada uma quantidade de 40 gramas de limite para consumo, 33% dos condenados poderiam ser impactados.

Por outro lado, se o parâmetro fosse fixado em 100 gramas, quase metade (48% dos condenados) poderia ter a revisão de pena.

Os cenários testados pelo Ipea levaram em conta três opções de parâmetros propostos em uma nota técnica do Instituto Igarapé, de 2015, que analisou pesquisas sobre uso de drogas no Brasil e experiências internacionais de fixação de quantidades para diferenciar tráfico e consumo.

No caso da cocaína, 31% dos condenados por tráficos poderiam ter sua pena revista caso o STF fixasse um parâmetro de 10 gramas para consumo. Se a quantidade limite fosse de 15 gramas, o percentual subiria para 37%.

“Os cenários acima constituem um exercício interpretativo para projetar o alcance de referidos parâmetros exclusivamente aplicados à quantidade de drogas, mas somente a análise dos casos concretos permitiria a reclassificação da conduta como consumo pessoal”, ressalta o estudo.

As conclusões desse estudo, no entanto, não permitem calcular o potencial de presos que poderiam ser soltos caso o STF adote parâmetros para diferenciar tráfico e consumo, pois nem todos os réus processados por tráfico de drogas são condenados a regime fechado ou semiaberto, explicou a BBC News Brasil a coordenadora da pesquisa, Milena Karla Soares.

“Estamos fazendo um novo estudo para analisar especificamente qual seria o impacto no sistema prisional”, disse.

Soares ressalta que um elemento que dificulta essas análises é a falta de padronização do registro das quantidades apreendidas nos processos criminais.

Para identificar as quantidades apreendida com cada réu, a equipe do Ipea pesquisou diversos documentos processuais, como laudos periciais, denúncias do Ministério Pública e as sentenças dos juízes. Foi selecionada, então, “a melhor informação disponível” nesses vários documentos, em cada caso, para realizar o estudo.

Por isso, uma das recomendações da pesquisa é “o estabelecimento de um protocolo nacional para padronização das informações de natureza e de quantidade de drogas nos processos criminais”.

Entenda melhor a ação em julgamento

O STF está analisando um Recurso Extraordinário com repercussão geral (cuja decisão valerá para todos os casos semelhantes) que questiona se o artigo 28 da Lei de Drogas é inconstitucional.

Esse artigo prevê que é crime adquirir, guardar ou transportar droga para consumo pessoal, assim como cultivar plantas com essa finalidade.

Não há previsão de prisão para esse crime. As penas previstas nesse caso são “advertência sobre os efeitos das drogas”, “prestação de serviços à comunidade” e/ou “medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo”.

O recurso foi movido pela Defensoria Pública de São Paulo em favor de um réu pego com 3 gramas de maconha na prisão. Pela posse da droga, ele foi condenado a prestar serviços comunitários. A Defensoria argumenta que a lei fere o direito à liberdade, à privacidade, e à autolesão (direito do indivíduo de tomar atitudes que prejudiquem apenas a si mesmo), garantidos na Constituição Federal.

“Por ser praticamente inerente à natureza humana, não nos parece o mais sensato buscar a solução ou o gerenciamento de danos do consumo de drogas através do direito penal, por meio de proibição e repressão. Experiências proibitivas trágicas já aconteceram no passado, como o caso da Lei Seca norte-americana e mesmo a atual política de guerra às drogas, que criou mais mazelas e desigualdades do que efetivamente protegeu o mundo de substâncias entorpecentes”, argumentou o defensor Rafael Muneratt, ao sustentar no início do julgamento.

Já o então chefe do Ministério Público em São Paulo, o procurador-geral Márcio Fernando Elias Rosa, se manifestou contra a descriminalização.

“O tráfico no Brasil apresenta índices crescentes. O Estado não se mostra capaz nem sequer do controle efetivo da circulação das chamadas drogas lícitas. Não há estruturada rede de atenção à saúde ou programa efetivo de reinserção social”, sustentou.

GUERRA DOS MICROCHIPS FAZ OS EUA PROCURAREM O GÁLIO NA SUCATA DE INFORMÁTICA

História por Equipe IGN Brasil • IGN Brasil

Guerra dos Microchips: China embarga acesso dos EUA a metal e país recorre ao lixo© Fornecido por IGN Brasil

guerra comercial entre Estados Unidos e China continua sua escalada. À medida que as sanções entre os dois países se intensificam, os efeitos colaterais começam a aparecer em cena. Depois de meses sofrendo com as medidas promovidas por Washington, Pequim começou a perder a paciência e assumiu uma posição mais firme no conflito: vetou produtos da Micron para certas áreas sensíveis e anunciou restrições à exportação de germânio e gálio.

Assim como a China se voltou para mercados paralelos para comprar placas gráficas NVIDIA que não estão mais disponíveis em seu território devido a sanções, os Estados Unidos se preparam para se defender e obter gálio por rotas alternativas. É que esse elemento da tabela periódica, embora não seja tão famoso quanto os outros, é fundamental para a fabricação de semicondutores e células fotovoltaicas que incluem não apenas produtos comerciais, mas também de defesa.

Se você não pode comprar da China, procure no lixo

O Departamento de Defesa dos EUA tem acesso às reservas de germânio, então o grande desafio que enfrenta é encontrar gálio. Para isso, apura a Bloomberg, vai recorrer à Lei de Proteção da Defesa para garantir o abastecimento deste metal por vias não convencionais e assim poder cobrir as suas necessidades de “segurança nacional”.

A estratégia do Pentágono é recuperar o gálio de certos fluxos de resíduos existentes. Isso significa que os Estados Unidos não recorrerão diretamente à mineração para acessar o metal precioso, mas modificarão o esquema de trabalho que as mineradoras têm para obtê-lo indiretamente. O gálio geralmente é extraído durante a mineração de outros metais, mas devido aos altos custos e complexidade para processá-lo, não é aproveitado e acaba como resíduo.

A China tem vasta experiência no setor de mineração. O gigante asiático conseguiu otimizar o processamento do gálio, um marco que lhe valeu o papel de líder do setor. Além disso, tem usado sua experiência para dominar outros metais importantes fora de seu território. O exemplo mais claro é o do níquel, recurso valioso para baterias de carros elétricos cuja produção é dominada por empresas estabelecidas na Indonésia que utilizam suas técnicas e tecnologias.

O desafio dos Estados Unidos neste momento é recuperar o gálio dos lixos de outras atividades de mineração. Deve-se notar que este tipo de movimento exigirá o estabelecimento de contratos milionários com diferentes empresas, embora neste momento não se saiba o valor exato do investimento e as empresas envolvidas. Também está previsto iniciar a reciclagem de sucata eletrônica para extrair o gálio e posteriormente submetê-lo ao refino.

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AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

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